Manual Para Atividades Ambient a Is Rodoviarias

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DNITPublicao IPR - 730

MANUAL PARA ATIVIDADES AMBIENTAIS RODOVIRIAS

2006

MINISTRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E PESQUISA COORDENAO GERAL DE ESTUDOS E PESQUISA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

MANUAL PARA ATIVIDADES AMBIENTAIS RODOVIRIAS

REVISO Engesur Consultoria e Estudos Tcnicos Ltda EQUIPE TCNICA:Eng Albino Pereira Martins (Responsvel Tcnico) Eng Francisco Jos Robalinho de Barros (Responsvel Tcnico) Eng Jos Luis Mattos de Britto Pereira (Coordenador) Eng Zomar Antonio Trinta (Supervisor) Eng Alayr Malta Falco (Consultor) Eng Alvimar Mattos de Paiva (Consultor) Tc Karen Fernandes de Carvalho (Tcnico em Informtica) Tc Alexandre Martins Ramos (Tcnico em Informtica) Tc Clia de Lima Moraes Rosa (Tcnica em Informtica)

COMISSO DE SUPERVISO:Eng Gabriel de Lucena Stuckert (DNIT / DPP / IPR) Eng Mirandir Dias da Silva (DNIT / DPP / IPR) Eng Jos Carlos Martins Barbosa (DNIT / DPP / IPR) Eng Elias Salomo Nigri (DNIT / DPP / IPR)

COLABORADOR TCNICO:Eng Pedro Mansour (DNIT / DPP / IPR)

Brasil. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenao Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodovirias. Manual para atividades ambientais rodovirias. - Rio de Janeiro, 2006. 437 p. (IPR. Publ. 730).

1. Rodovias Aspectos ambientais - Manuais. I. Srie. II. Ttulo.

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

MINISTRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E PESQUISA COORDENAO GERAL DE ESTUDOS E PESQUISA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS

MANUAL PARA ATIVIDADES AMBIENTAIS RODOVIRIAS

Rio de Janeiro 2006

MINISTRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES DIRETORIA DE PLANEJAMENTO E PESQUISA COORDENAO GERAL DE ESTUDOS E PESQUISA INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIRIAS Rodovia Presidente Dutra, Km 163, Vigrio Geral Rio de Janeiro, 21240-000, RJ Tel./ Fax: (21) 3371-5888 E-mail.: [email protected]

TTULO:

MANUAL PARA ATIVIDADES AMBIENTAIS RODOVIRIAS

Reviso: DNIT / Engesur Contrato: DNIT / Engesur PG 157/2001-00 Aprovado pela Diretoria Colegiada do DNIT em 06/03/2007.

APRESENTAO O Instituto de Pesquisas Rodovirias (IPR) do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), em continuidade ao Programa de Reviso e Atualizao de Normas e Manuais Tcnicos no qual se insere a elaborao de novos instrumentos, vem apresentar comunidade rodoviria e pesquisadores em geral o Manual para Atividades Ambientais Rodovirias. Trata-se, portanto, da primeira verso de um documento, que, para efeitos histricos, pode estar inserido no chamado segundo estgio de um Programa de Elaborao e Aprimoramento do Instrumental de Meio Ambiente do DNIT, iniciado na dcada de 90. O seu objetivo orientar os profissionais do ramo na escolha e na adoo de mtodos e padres para gerenciar as questes ambientais de empreendimentos rodovirios, respeitando a extensa legislao do setor, incorporando as novas tecnologias disponveis e atendendo s limitaes econmicas, sempre presentes. Deve ficar claro que no se trata de um instrumento normativo; seu objetivo principal dar uma viso de conjunto questo ambiental no meio rodovirio, mostrando os problemas existentes, os recursos disponveis e as solues que podem ser empregadas. Este Manual supre uma lacuna que o DNIT vinha sentindo j h algum tempo e, portanto, pode ser considerado um marco importante das interaes do rgo com a problemtica ambiental, por si s bastante evidente no transporte rodovirio. Sendo um documento indito e passvel de aperfeioamento, est aberto a crticas, comentrios, sugestes e contribuies de usurios e leitores que podero, a seu critrio, entrar em contato com o IPR para os fins.

Eng Chequer Jabour Chequer Coordenador do Instituto de Pesquisas Rodovirias

Endereo para correspondncia: Instituto de Pesquisas Rodovirias A/C Diviso de Capacitao Tecnolgica Rodovia Presidente Dutra, Km 163, Centro Rodovirio, Vigrio Geral, Rio de Janeiro CEP.: 21240-000, RJ Tel./ Fax: (21) 3371-5888 e-mail: [email protected]

LISTA DE ILUSTRAESFigura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Figura 17 Figura 18 Figura 19 Matriz de Transportes ............................................................................... 102 VMD Volume Mdio Dirio de Trfego Rede Federal.......................... 103 Fluxograma dos Estudos Ambientais ........................................................ 108 Avaliao do Sistema de Transporte Rodovirio ....................................... 122 Procedimentos Metodolgicos para os Estudos Ambientais na Fase de Planejamento............................................................................................. 125 Procedimentos Metodolgicos para a Integrao das Aes Ambientais na Fase de Projeto ......................................................................................... 127 Matriz de Leopold ...................................................................................... 159 Ilustraes sobre Passivos Ambientais ..................................................... 207 ndice de Prioridade................................................................................... 219 Fluxograma de Elaborao de Programas Ambientais.............................. 233 Diagrama Sntese ...................................................................................... 272 Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Rodovirios Federais Fluxograma Geral do Processo ................................................................. 358 Fluxograma do Processo de Licenciamento Simplificado Fase de Obteno da LP ......................................................................................................... 359 Monitoramento Ambiental Fluxograma das Atividades Bsicas ............. 367 Processo de Captura e Recaptura da Fauna para o Monitoramento......... 390 Ilustraes da Tcnica de Captura do Grupo de Mamferos Terrcolas..... 391 Detalhe do Arranjo das Placas para Obteno de Pegadas...................... 393 Arranjo Geral do Mecanismo para Obteno de Fotos de Animais nos Passa-bichos ............................................................................................. 393 Processo Genrico de Auditoria Ambiental ............................................... 422

Planilha 1 Planilha 2 Planilha 3

Planilha 4 Planilha 5 Planilha 6 Planilha 7 Planilha 8 Planilha 9

Correspondncia da Elaborao dos Estudos Ambientais com o Projeto de Engenharia ................................................................................................ 113 Programas Ambientais x Projeto de Engenharia ....................................... 117 Listagem Representativa, a Ttulo de Exemplo, de Transformaes/Afetaes (Impactos) ao Meio Ambiente, como Decorrncia do Desenvolvimento de Atividades Rodovirias ........................................ 129 Caracterizao do Segmento Rodovirio .................................................. 213 Cadastro do Passivo Ambiental Grupo I................................................. 215 Cadastro do Passivo Ambiental Grupo II................................................ 216 Cadastro do Passivo Ambiental Grupo III............................................... 217 Cadastro do Passivo Ambiental Grupo IV .............................................. 218 Alternativas de Solues Tipo ................................................................ 224

Planilha 10 Correlao Impactos/Programas ............................................................... 249 Planilha 11 Modelo para Avaliao Scio-econmica.................................................. 385

Planilha 12 Planilha 13 Planilha 14 Planilha 15

Moradores ................................................................................................. 387 Famlias ..................................................................................................... 387 Domiclios .................................................................................................. 387 Plano de Auditoria Ambiental Interna para a rea de Emisses Atmosfricas .............................................................................................. 425 Planilha 16 Relatrio de Auditoria Ambiental Interna ................................................... 427 Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8 Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13 Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16 Tabela 17 Tabela 18 Estgios de Gesto Ambiental .................................................................. 25 Matriz de Transportes................................................................................ 102 Principais Atividades e Aspectos Ambientais ............................................ 128 Parmetro de Avaliao ............................................................................ 158 Valorao dos Parmetros de Qualificao dos Impactos ........................ 163 Classificao da Significncia dos Impactos ............................................. 163 Distncias de Isolamento e Evacuao Inicial (em metros)....................... 188 Classificao dos Problemas..................................................................... 211 Qualificao Geolgica.............................................................................. 212 Gravidade da Situao .............................................................................. 212 Classificao do Nvel de Interveno....................................................... 220 Correlao com o PBA e os Programas Ambientais com as Diretrizes..... 231 Correlao entre Impactos Medidas Propostas e Programas Ambientais. 244 Planejamento de Novos Segmentos Rodovirios Matriz de Diagnstico e Identificao de Solues para os Impactos Potenciais ......................... 266 Projeto de Engenharia de Novos Segmentos Rodovirios Matriz de Diagnstico e Identificao de Solues para os Impactos....................... 275 Projeto de Empreendimento de Adequao de Capacidade Matriz de Diagnstico e Identificao de Solues para os Impactos Potenciais ..... 284 Fase de Planejamento de Empreendimentos de Restaurao Matriz de Diagnstico e Identificao de Solues a Adotar..................................... 290 Fase de Projeto de Empreendimentos de Restaurao Matriz de Diagnstico e Identificao de Solues a Adotar..................................... 291 Principais Atividades e Aspectos Ambientais/Sub-Atividades ................... 297 Providncias Iniciais Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras......................................................................................................... 298 Servios Preliminares Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras......................................................................................................... 299 Terraplenagem Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras 302 Explorao de Materiais de Construo Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras .................................................................. 305 Pavimentao Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras .. 306 Drenagem e Obras-de-Arte Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras.................................................................................................... 308 Providncias Finais Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Obras......................................................................................................... 310

Tabela 19 Tabela 20 Tabela 21 Tabela 22 Tabela 23 Tabela 24 Tabela 25 Tabela 26

Tabela 27 Tabela 28 Tabela 29 Tabela 30 Tabela 31 Tabela 32 Tabela 33 Tabela 34 Tabela 35 Tabela 36 Tabela 37 Tabela 38 Tabela 39 Tabela 40 Tabela 41

Fatores e Efeitos Ambientais na Fase Operacional................................... 318 Meio Antrpico Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Operao................................................................................................... 319 Meio Bitico Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Operao 322 Meio Fsico Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Operao 323 Conservao de Rotina Procedimentos e Aes Ambientais na Fase de Operao................................................................................................... 324 Sumrio da Norma 070/2006-PRO Condicionantes Ambientais das reas de Usos de Obras...................................................................................... 364 Sntese do Plano de Autocontrole nas Usinas de Asfalto.......................... 382 Monitoramento dos Recursos Hdricos...................................................... 403 Fatores e Efeitos Ambientais na Fase Operacional................................... 406 Grupos de Rudos...................................................................................... 407 Monitoramento na Fase de Operao Meio Antrpico ........................... 411 Monitoramento na Fase de Operao Meio Bitico................................ 413 Monitoramento na Fase de Operao Meio Fsico ................................. 414 Monitoramento na Fase de Operao Conservao de Rotina .............. 415 Audincia Pblica ...................................................................................... 429

SUMRIOAPRESENTAO .......................................................................................................... LISTA DE ILUSTRAES.............................................................................................. 1. 2. 3 5

INTRODUO ....................................................................................................... 11 HISTRICOS DA QUESTO AMBIENTAL ........................................................... 19 2.1. 2.2. Evoluo da Questo Ambiental no Mundo e no Brasil .............................. 21 Evoluo da Gesto Ambiental do Setor Rodovirio Federal...................... 31

3.

LEGISLAO E DIRETRIZES AMBIENTAIS ........................................................ 41 3.1. 3.2. 3.3. Escopo e Aplicao da Legislao.............................................................. 43 Legislao Ambiental .................................................................................. 45 Normas e Diretrizes Ambientais .................................................................. 93

4.

COMPONENTE AMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS RODOVIRIOS........... 99 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.6. 4.7. 4.8. 4.9. Consideraes Gerais sobre o Transporte Rodovirio................................ 101 Aspectos Gerais Ambientais dos Empreendimentos Rodovirios............... 105 Aspectos da Interface do Projeto de Engenharia com os Estudos Ambientais................................................................................................... 112 Tipos de Empreendimentos Rodovirios..................................................... 118 Fases do Empreendimento Rodovirio ....................................................... 121 Diagnstico Ambiental de Empreendimentos Rodovirios .......................... 133 Avaliao de Impactos Ambientais AIA .................................................... 147 Prognstico Ambiental ................................................................................ 201 Recuperao de Passivos Ambientais Rodovirios .................................... 205

4.10. Programas Ambientais ................................................................................ 226 5. GESTO AMBIENTAL RODOVIRIA.................................................................... 251 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. 5.5. Detalhamento das Atividades de Gerenciamento Ambiental de Empreendimentos Rodovirios ................................................................... 261 Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Rodovirios...................... 326 Monitoramento Ambiental............................................................................ 360 Auditorias Ambientais.................................................................................. 416 Audincia Pblica........................................................................................ 428

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 433

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias

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1 - INTRODUO

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 1 INTRODUO

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A questo ambiental est contemplada na Constituio Federal promulgada em 1988, na qual enfocada em nove artigos, dos quais o artigo 225 estabelece o seguinte: Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. De outra parte, releva observar que o tratamento ambiental passou a se revestir da maior nfase a partir da Lei Federal n. 6.938/81, promulgada, portanto, em poca bem anterior ao advento da Constituio Federal. Referida Lei Federal n. 6.938/81, instituiu a Poltica Nacional de Meio Ambiente e criou a estrutura institucional/legal para sua implementao, definindo as responsabilidades das diversas entidades encarregadas de sua aplicao, e instituindo a obrigatoriedade do licenciamento ambiental de todas as atividades potencialmente causadoras de impacto, condicionada apresentao de Estudo de Impacto Ambiental - EIA e de sua verso sinttica, destinada ao pblico, denominada Relatrio de Impacto Ambiental - RIMA. A partir desta Lei, em processo que se estende at a presente data, a Legislao Ambiental vem sendo consideravelmente ampliada (sempre com mutaes significativas e ampliaes considerveis no quadro de demandas ambientais) e, presentemente, j se constitui em um vasto e amplamente diversificado elenco de instrumentos de cunho legal/regulamentador/normativo (compreendendo Leis, Decretos, Normas, Portarias e Resolues) e que em seu conjunto buscam fornecer/alcanar de forma consolidada o embasamento tcnico/jurdico de todos os fundamentos que definem/atendem proteo do meio ambiente. Nota-se que alguns destes instrumentos normativos relacionados a determinados temas dizem respeito a diretrizes e modelos institudos como produtos finais de trabalhos desenvolvidos por grupos de tcnicos internacionais (representantes de vrias naes) constitudos atravs de Protocolos e Convenes com a finalidade de deliberar sobre temas ambientais especficos. Referidas diretrizes e modelos refletem, assim, consensualmente, posies e tendncias universais as quais o Brasil, na qualidade de signatrio de tais Acordos e Convenes, deve considerar e assumir. Referidos dispositivos legais particularmente a Lei n. 6.938/81, conduziram obrigatoriedade da incorporao, ao Projeto de Engenharia Rodoviria, da varivel ambiental traduzida, em termos prticos, pela definio de um tratamento ambiental a ser implementado/implantado, com a finalidade de promover, principalmente, a eliminao/mitigao/compensao de impactos ambientais negativos, suscetveis de ocorrer, em toda a sua abrangncia, como decorrncia de processo construtivo ou da operao da via. Nota-se, outrossim, que para a definio precisa do tratamento ambiental, h que se lidar com um universo extremamente vasto e diversificado de demandas/condicionamentos, correlacionados com a previsibilidade dos impactos ambientais situao esta cuja etapa da identificao/avaliao envolve, com freqncia, alta subjetividade e sendo certo ainda

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que, no conjunto de demandas, em geral legtimas e transparentes, relacionadas com o meio fsico e o meio bitico se infiltram, a titulo de atendimento demanda antrpica, pleitos da legitimidade bastante discutvel, patrocinados e/ou defendidos por grupos oportunistas. Considerando o exposto e buscando disciplinar e sistematizar o processo, tendo sempre em mente que as premissas ditadas pelo desenvolvimento sustentvel devem se harmonizar de forma equilibrada com os preceitos de otimizao tcnico-econmica que presidem a concepo do empreendimento pblico em geral, o DNIT vem desenvolvendo desde a 2 metade da dcada de 80, intenso Programa de Confeco/Ampliao/Aprimoramento de seu instrumental tcnico/normativo de cunho ambiental Programa este que face s particularidades e complexidade do tema ambiental e s circunstncias expostas, somente alcanar plenitude desejvel a mdio/longo prazo comportando, portanto, o atendimento a metas parciais e em estgios sucessivos. Assim que, em um 1 estgio, compreendendo o desenvolvimento de uma gama considervel de estudos ambientais especficos, adequao de normas, realizao de cursos e atividades de cunho ambiental e afins, veio a se consubstanciar no ano de 1996, em termos efetivos, o marco inicial do elenco normativo ambiental do DNIT, com a edio, de forma consentnea com o estado da arte ento vigente para o tema, da seguinte documentao: Corpo Normativo Ambiental para Empreendimentos Rodovirios; Manual Rodovirio de Conservao, Monitorao e Controle Ambientais; Manual para Ordenamento do Uso do Solo nas Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais; Instrues de Proteo Ambiental das Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais. Em seqncia, dando continuidade aos trabalhos o DNIT, para prover o gerenciamento e controle, de forma abrangente, das questes ambientais rodovirias, veio a desenvolver um sistema de informaes, operado via internet, denominado SAGARF Sistema de Apoio Gesto Ambiental Rodoviria Federal, disponibilizando, inclusive, instrumentos necessrios s atividades de fiscalizao e de auditoria do Sistema de Gesto Ambiental SGA e um banco de dados com toda legislao pertinente e recursos para sua atualizao sistemtica. O respectivo manual de operao do sistema teve sua 1 verso lanada em junho de 2001. Aps este 1 estgio, ante os fluxos constantes (na forma das circunstncias mencionadas) de novos dispositivos legal-institucionais emanados dos rgos Ambientais, veio a ser cumprido pelo DNIT, no perodo 2005/2006, o 2 estgio da Programao, com a edio de um elenco de documentos, conforme listagem constante ao final deste Captulo e no qual se inclui o Manual para Atividades Ambientais Rodovirias. Objetiva o Manual para Atividades Ambientais Rodovirias, enfocado neste documento, instruir de forma prtica os tcnicos rodovirios no manuseio das questes ambientais

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pertinentes ao setor que militam, de modo a administrar ou gerenciar os aspectos ambientais do empreendimento rodovirio, conformando-os observncia rigorosa da legislao ambiental em harmonia com a dinmica tcnica da engenharia moderna e os preceitos de otimizao econmica. Nesta 1 verso o Manual, para atender s suas finalidades, ante um tema extremamente diversificado e de reconhecidamente alta complexidade, apresenta estrutura temtica suficientemente abrangente, estando desenvolvido de forma compatvel e equilibrada em termos de conciso e de grau de detalhamento. Aps discorrer sobre os tpicos de natureza histrica, legal e institucional, o Manual se detm na abordagem dos aspectos metodolgicos, cobrindo toda a gama das atividades inerentes ao tratamento ambiental propriamente dito e privilegiando os critrios e as prticas que, de uma forma geral, vm sendo ordinariamente aplicados pelo DNIT no trato da questo ambiental. No tocante a determinados tpicos j contemplados, em detalhes, em documentos outros integrantes do acervo tcnico do DNIT o Manual, aps breves consideraes sobre o tpico, se reporta ao documento especfico correspondente (conforme listagem constante na Nota ao final desta Introduo). Cabe ainda aqui meno a dois outros tpicos, a seguir listados, os quais, muito embora digam respeito a prticas ainda no devidamente disseminadas no DNIT, mereceram enfoque especial no mbito do Manual, na medida em que se evidenciam a necessidade e a convenincia das respectivas adoes a curto prazo: O processo de Licenciamento Ambiental Simplificado que ante particularidades do empreendimento e, de conformidade com a posio do IBAMA, dever ser acionado, objetivando a agilizao do processo. A implementao sistemtica de forma regular de Auditorias Ambientais Internas, de modo a assegurar a eficcia continuada do SGA Sistema de Gesto Ambiental. Vrios temas relevantes foram abordados no Manual, por exemplo, a demonstrao da competncia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis IBAMA para proceder ao licenciamento ambiental dos empreendimentos rodovirios federais, configurada com fulcro em dispositivos legais vigentes e na abrangncia regional e/ou internacional dos impactos da fase de operao. Acrescente-se ainda que o Manual, a par de estar apto a exercer suas funes orientadoras para o desenvolvimento ordinrio das atividades inerentes ao tema, se constitui ainda, face aos atributos focalizados, na ferramenta adequada para municiar processos de Treinamento do Pessoal cuja respectiva 1 clientela ser a Equipe Tcnica do DNIT. Cumpre, por fim, enfatizar que este Manual, estando inserido na dinmica da engenharia rodoviria e ambiental, h que se submeter s alteraes e atualizaes peridicas, necessrias para acompanhamento das evolues tecnolgicas e os novos conceitos ambientais, que surgiro, bem como, para atender e/ou se adequar aos eventos supervenientes, que certamente ocorrero ao longo do tempo.

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No tocante ao desenvolvimento temtico do Manual, para atender aos seus objetivos, alm deste Captulo 1 Introduo, o documento est estruturado em 4 captulos, na forma que se segue: Os Captulos 2 e 3 contm os aparatos de cunho histrico e institucional, destinados a eventual consulta e observado o seguinte: O Captulo 2 Histricos da Questo Ambiental efetiva o registro da evoluo da questo ambiental a nvel mundial e se detm, no caso do Brasil, na legislao ambiental federal e na evoluo da questo ambiental do setor rodovirio federal. O Captulo 3 Legislao e Diretrizes Ambientais enfoca o escopo e aplicao da legislao ambiental em seus aspectos relevantes e as Normas e Diretrizes Ambientais em seus tpicos de maior significncia para o tema.

Os Captulos 4 e 5 compem o contedo tcnico propriamente dito do Manual, observada a seguinte configurao: O Captulo 4 Componente Ambiental de Empreendimentos Rodovirios trata inicialmente os seguintes tpicos: Consideraes Gerais sobre o Transporte Rodovirio, Aspectos Gerais Ambientais dos Empreendimentos Rodovirios, Aspectos da Interface do Projeto de Engenharia com os Estudos Ambientais, Tipos de Empreendimentos Rodovirios, Fases do Empreendimento Rodovirio e Diagnstico Ambiental de Empreendimentos Rodovirios e, em seqncia aborda os temas: Avaliao dos Impactos Ambientais AIA, Prognstico Ambiental, Recuperao de Passivos Ambientais Rodovirios e Programas Ambientais. O Captulo 5 Gesto Ambiental Rodoviria, aps efetivar Consideraes Gerais sobre a gesto ambiental, discorre sobre os seguintes ttulos: Detalhamento das Atividades de Gerenciamento Ambiental de Empreendimentos Rodovirios, Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Rodovirios, Monitoramento Ambiental, Auditorias Ambientais e Audincia Pblica. Neste 2 estgio da confeco do Instrumental Tcnico Normativo Ambiental foi editada a documentao a seguir listada, cuja consulta entendida como indispensvel no manuseio ordinrio do Manual.

NOTA:

Documentao em 1 Edio: Manual para Atividades Ambientais Rodovirias Edio 2006. Diretrizes Bsicas para Elaborao de Estudos e Programas Ambientais Rodovirios DNIT 070/2006-PRO Procedimento. Condicionantes ambientais das reas de uso de obras

DNIT 071/2006-ES Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas consideradas planas ou de pouca declividade por vegetao herbcea - Especificao de Servio. DNIT 072/2006-ES Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas ngremes ou de difcil acesso pelo processo de revegetao herbcea - Especificao de Servio.

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DNIT 073/2006-ES Tratamento ambiental de reas de uso de obras e do passivo ambiental de reas consideradas planas ou de pouca declividade por revegetao arbrea e arbustiva - Especificao de Servio. DNIT 074/2006-ES Tratamento ambiental de taludes e encostas por intermdio de dispositivos de controle de processos erosivos Especificao de Servio. DNIT 075/2006-ES Tratamento ambiental de taludes com solos inconsistentes Especificao de Servio. DNIT 076/2006-ES Tratamento ambiental acstico das reas lindeiras da faixa de domnio Especificao de Servio. DNIT 077/2006-ES Cerca viva ou de tela para proteo da fauna Especificao de Servio. DNIT 078/2006-PRO Condicionantes ambientais pertinentes segurana rodoviria na fase de obras Procedimento. Glossrio de Termos Tcnicos Ambientais Rodovirios Edio 2006. Documentao em 2 Edio (Atualizao da documentao editada em 1996): Manual Rodovirio de Conservao, Monitoramento e Controle Ambientais Edio 2005. Manual para Ordenamento do Uso do Solo nas Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais Edio 2005. Instrues de Proteo Ambiental das Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais Edio 2005. * Conforme se verifica, o documento Corpo Normativo Ambiental para Empreendimentos Rodovirios (editado tambm em 1996), no foi objeto de atualizao formal, tendo sido seu contedo, devidamente revisado, incorporado ao Manual para Atividades Ambientais Rodovirias e s Diretrizes Bsicas para Elaborao de Estudos e Programas Ambientais Rodovirios.

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2 HISTRICOS DA QUESTO AMBIENTAL

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 2 2.1 HISTRICOS DA QUESTO AMBIENTAL EVOLUO DA QUESTO AMBIENTAL NO MUNDO E NO BRASIL Evoluo da conscincia ambiental no mundo

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O sculo XX foi marcado por duas grandes guerras, que exigiram das sociedades conflitantes e de seus aliados grandes esforos no sentido tecnolgico de produo industrial blica, de produo de alimentos, bens e servios, etc. Todo este esforo continuou no perodo aps guerra, aproveitando-se a capacidade industrial instalada e buscando-se a melhoria de qualidade de vida, atravs da gerao de bens de consumo nos diversos setores produtivos. Este ambiente conturbado se processa dentro de um ciclo ascensional da populao humana, que vem se duplicando em perodos de tempos cada vez menores, atualmente da ordem de seis bilhes de habitantes, e cuja satisfao exigente de bens e servios cada vez maiores, tendo como origem e sustentao os recursos naturais e o ecossistema que os suporta, entretanto, conhecidos como escassos e finitos. A humanidade experimentou, praticamente nestes dois ltimos sculos, trs ondas evolutivas: a agrria, a industrial e a da informao, as quais se processaram com grandes velocidades. O atual ciclo de desenvolvimento, gerado pela superposio das ondas evolutivas e mantidas as taxas de crescimento global (econmico e social), determinaro forte presso sobre os meios de produo, em especial para energia, alimentao, bem estar fsico e social, etc. Sendo a fonte de energia e bens materiais de limitada capacidade de suporte, houve a necessidade de se analisar os processos produtivos, criando-se a conscincia ambiental, atravs do conceito de auto-sustentao ambiental para os mesmos. Esta anlise e avaliao dos processos produtivos em funo dos recursos naturais que os sustentam, se procedeu atravs do controle das atividades, produtos e servios e das transformaes ambientais resultantes do fornecimento da matria prima necessria e do manuseio dos produtos e descartes gerados no processo produtivo. Estes descartes so constitudos por resduos slidos dispostos na superfcie do solo, resduos lquidos desaguados no sistema de drenagem natural e os gasosos na atmosfera, gerando a degradao e a poluio nestes trs componentes ambientais. A conscincia ambiental da humanidade surge como autodefesa para o desequilbrio que se antev, devido s curvas exponenciais do aumento populacional e a capacidade da produo de bens e servios, exaurindo com rapidez os recursos naturais, reconhecidamente finitos. Este desequilbrio se fez sentir nos acidentes ambientais de grandes propores ocorridos, tais como, em Bohpal (ndia) onde um vazamento de gs txico (Union Carbide) resultou na morte de 5.000 pessoas; no Mar do Norte (costa do Alaska), o vazamento de leo do navio Exxon Valdez da ESSO resultou em danos ambientais

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significativos na natureza; em Chernobyl, na Ucrnia, o acidente em usina nuclear causou a morte de uma populao razovel e conseqncias desastrosas para a sade dos que se salvaram. No Japo, a Baa de Minamata foi contaminada com mercrio proveniente de uma indstria qumica; no Brasil, aconteceu o acidente com a cpsula do Csio em Goinia; nos Estados Unidos, em Virgnia (Hopewell), a empresa Allied Chemical Corporation, em sua unidade Life Science Products Kefone, ocorreu uma intoxicao de seus funcionrios com mortes, devido produo de pesticidas. Em conseqncia do risco ambiental iminente, um grupo de cientistas, chamado Clube de Roma, alertou comunidade cientfica dos riscos de um crescimento econmico contnuo, com base nos recursos materiais esgotveis, elaborando um relatrio denominado LIMITES DO CRESCIMENTO (publicado em 1972), atravs de modelos matemticos. Este documento foi o sinal de alerta, para conscientizar a sociedade para os limites dos recursos materiais do planeta. Uma srie de acidentes nas indstrias qumicas provocou no Canad a elaborao pela Canadian Chemical Producer Association (CCPA), em 1984, de um programa de Atuao Responsvel de seus associados, concernente a procedimentos com a segurana ambiental. Nos Estados Unidos os agentes do desequilbrio dos ecossistemas comearam a atingir ndices alarmantes, provocando a mobilizao da opinio pblica e levando o governo americano a promulgar, em 1969, o "National Environmental Policy Act - NEPA" (Lei n 91/190), que estabelece uma nova filosofia, de mbito federal, no sentido de regulamentar todas as atividades que possam afetar os recursos naturais, impondo exigncias gerais e especficas para todos os departamentos federais. O NEPA corresponde, no Brasil, Poltica Nacional do Meio Ambiente, Lei n 6938/1981. Em setembro de 1968, realizou-se na UNESCO, em Paris, importante conferncia intergovernamental de especialistas, que em bases cientficas promulgou a utilizao racional e a conservao dos recursos da biosfera, tendo a participao de 238 delegados de 63 naes, 88 representantes de 6 organizaes do sistema da ONU, alm de representantes de rgos oficiais e privados. Esta conferncia preparou um relatrio apresentado Conferncia Geral da UNESCO, em outubro de 1970, tendo motivado a criao de um "Conselho Internacional de Coordenao" com a participao de cientistas de 25 naes, que fundamentou a realizao em junho de 1972, em Estocolmo, da "Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente". Esta Conferncia Mundial sobre Meio Ambiente Humano e Desenvolvimento, estabeleceu o primeiro dilogo entre pases ricos e pobres sobre as questes ambientais, retratadas pela poluio hdrica e atmosfrica, as quais j atingiam nveis no aceitveis para a sade humana. Nesta Conferncia, uma das comisses chefiada pela primeira Ministra Norueguesa Harlem Brundtland elaborou um documento relativo ao desenvolvimento sustentvel, no qual se conceitua a harmonizao entre desenvolvimento industrial e qualidade de vida das geraes presentes, constituindo-se um processo de transformao no qual a

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explorao dos recursos naturais, a direo dos investimentos, a orientao do desenvolvimento tecnolgico e as mudanas institucionais de harmonizar e reforar o potencial presente e futuros destes recursos, a fim de atender s necessidades e aspiraes humanas futuras. Vinte anos aps, em 1992, realizada a II Conferncia das Naes Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, no Rio de Janeiro (Brasil), na qual participaram 150 naes e o tema ambiental passou a ser assunto de discusses tcnicas e econmicas. Os produtos finais apresentados: - A Agenda 21, a Declarao do Rio Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e as Convenes do Clima e Biodiversidade, que constituram pactos universais sobre a qualidade de vida futura no planeta. Os resultados prticos desta Conferncia foram poucos, pois exigem uma forte mudana nas prticas e costumes de todos os povos, em especial, daqueles em que a luta pela sobrevivncia no digna, o que faz da questo ambiental uma discusso estril e estranha, em face da misria reinante. Em contrapartida, os pases ricos (G7) ressentiram-se neste perodo de suas prprias instabilidades econmicas, no abrindo mo de suas metas de desenvolvimento, e para no entrar em recesso, continuaram a agravar o quadro crtico e catico do desequilbrio ambiental. Neste perodo, diversos pases procuraram adaptar e/ou conformar as suas legislaes institucionais s novas perspectivas, em especial, os pases emergentes e/ou em desenvolvimento, nos quais o Brasil, o Mxico, a Coria do Sul, a ndia e a China se situam. Na realidade, a sociedade contempornea vive um paradoxo, pois exige um nvel de conforto e de satisfaes pessoais (no tempo e no espao) incompatveis com a capacidade de suporte dos recursos naturais existentes no planeta e com o comprometimento da qualidade de vida humana, atual e futura. A sociedade buscou uma forma de equilbrio entre os meios necessrios e os fins almejados, que se configurou no controle ambiental dos processos produtivos e de consumo e, posteriormente, na gesto da qualidade ambiental dos mesmos, na qual se buscou o controle dos servios, produtos, e atividades em funo da preveno dos danos ambientais gerados. Inicialmente, surgiram na rea de qualificao tcnica das atividades, as normas internacionais da qualidade de servios e produtos pela BS 5750 do Reino Unido acompanhada pela ISO 9000, de mbito internacional e, posteriormente, na rea ambiental a BS 7750 (Reino Unido) e a ISO 14000 (internacional). Ao mesmo tempo em que foram desenvolvidas as normas internacionais ambientais, cada nao procurou atravs do legislativo, desenvolver a proteo ao componente ambiental dos seus empreendimentos e programas, atravs de leis gradativamente mais severas, impondo s no-conformidades ambientais, penalidades elevadas e condies rigorosas para o licenciamento ambiental de seus programas. O mercado globalizado, altamente competitivo, exigiu das empresas e organizaes posturas pr-ativas, quanto legislao ambiental vigente (nacional) e quanto ao

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mercado internacional. Os consumidores (primeiro mundo) passaram a rejeitar os produtos e servios ambientalmente nocivos e preferindo os processos produtivos menos agressivos ao Meio Ambiente, cujos custos adicionais foram aceitos, sem comprometer a competitividade. Expressando esta exigncia do mercado, surgiram os chamados selos verdes, retratando um diploma de bom comportamento ambiental dos produtos, protegendo alguns mercados, sem critrios capazes de comparar uma perspectiva ambiental sadia e valorizada. Em funo da competitividade dos mercados, alguns setores da economia descobriram que as questes ambientais podiam servir como agentes de reduo de diferenas, difundindo-se no mercado situaes que levam ao estabelecimento de condicionantes, ou mesmo penalidades para os produtos concorrentes. Verificou-se uma aproximao ntima irreversvel entre a ecologia e a economia. A criao da Organizao Mundial do Comrcio OMC, sucessora da GATT, foi uma resposta urgente necessidade de supervisionar as relaes consensuais globais, que a partir da rodada do Uruguai, fixou condies para a criao destas barreiras comerciais, somente plausveis com justificativas circunstanciadas prpria OMC, da qualidade ambiental exigida como restrio de mercado. Estes selos verdes (restries corporativas de mercado) passaram a ter diversas denominaes em cada pas de origem, tais como: - Anjo Azul na Alemanha (1977), Cisne Nrdico nos pases escandinavos (1989), Green Seal nos EUA (1989), rtulo ecolgico na ndia, Cingapura e Coria (1990). Para disciplinar estas restries comerciais internacionais, a Cmara de Comrcio Internacional publicou a Carta de Princpios para o Desenvolvimento Sustentvel (1992), exigindo o comprometimento dos signatrios a agregar a um movimento universal do meio empresarial, para a harmonizao dos procedimentos. Outros marcos importantes no campo internacional foram a fundao, em 1990, do GEMI Global Environmental Management Iniciative, cujo objetivo disseminar os conceitos e prticas que integram o gerenciamento ambiental Qualidade Total dos produtos e servios e, na Unio Europia, o EMAS Eco-Management and Audit Scheme, esquema de gerenciamento e auditoria ambiental. Atualmente, existe um pacto internacional entre as grandes empresas, visando aplicao dos Princpios de Gesto Ambiental aos seus produtos e servios, respeitados os mercados globalizados que garantem a sobrevivncia das mesmas, retratando uma aliana verde na troca de informaes e experincias, de forma aberta, o que nunca havia acontecido no mercado dos negcios. A busca pela eficincia motivou as empresas a desenvolverem melhores processos de gerenciamento. Qualidade Total, Reengenharia, ISO 14000, dentre outras, passaram a ser expresses comuns no meio empresarial, criando novos paradigmas para a expresso Qualidade. Ao mesmo tempo, os consumidores ficaram mais organizados, apoiando-se em leis cada vez mais rigorosas, que lhes conferem o devido status.

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Na rea do gerenciamento ambiental vem ocorrendo o mesmo, sendo possvel distinguirse trs estgios diferentes, no que tange ao modo com que as empresas encaram as questes ambientais, de conformidade com a tabela a seguir. Tabela 1 Estagio PosturaPassiva Considera as questes ambientais coisa de ecologista e que s servem para reduzir lucro. No realiza investimentos para reduzir e controlar impactos Reativa Busca cumprir a lei quando exigida pelos fiscais. Tenta postergar ao mximo os investimentos em controle ambiental Pr-ativa Sabe que melhor e mais barato fazer direito desde o incio para no ter que consertar depois. Gerencia riscos, identifica inadimplncias legais e as corrige (auditoria ambiental interna). Possui um SGA integrado s suas demais funes corporativas.

Estgios de gesto ambientalSituaes Potenciais ConseqnciaPassivos legais. Alvo permanente dos fiscais (intolerncia). Reduo de mercado. No atrai investidores e financiadores Potenciais passivos legais. Riscos financeiros. Risco de perda de mercado. Precisa justificar-se com grande freqncia Relacionamento amistoso com os rgos fiscalizadores. Poucas chances para multas e penalidades. Maior satisfao dos empregados. Atrai investidores e acionistas. Acesso a financiamentos favorecidos. Ampliao da participao no mercado.

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Conflitos com as partes interessadas. Multas e penalidades legais. Os concorrentes iro explorar o mau comportamento. Acusaes de dumping ambiental. Rejeio dos produtos e servios. Exposio legal. Risco de acidentes, com graves conseqncias econmicas e financeiras. Exposies aos concorrentes.

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Gerenciamento dos riscos ambientais. Racionalizao dos investimentos ambientais. Melhores resultados operacionais (conservao de matria e energia). Maior aceitao pelo mercado (credibilidade).

As empresas modernas, notadamente as que operam sistemas complexos e com forte potencial de impactos ambientais, vm procurando alcanar e manter um Sistema de Gesto Ambiental SGA adequado aos seus propsitos econmicos, visando, assim, uma salvaguarda em relao aos problemas comerciais, financeiros e jurdicos que podem determinar enormes dificuldades para a consolidao ou a manuteno de suas posies no mercado, comprometendo seu crescimento e, at mesmo, sua sobrevivncia. Gesto Ambiental a forma com que uma organizao administra as relaes entre suas atividades e o Meio Ambiente que a abriga, atentando para as expectativas das partes interessadas (clientes, empregados, acionistas, comunidades lindeiras, etc). um processo que objetiva, dentre suas vrias atribuies, identificar as posturas e aes mais adequadas ao atendimento das imposies legais aplicveis aos aspectos e impactos ambientais dos processos produtivos, produtos e servios, bem como das expectativas das partes interessadas, aplicando procedimentos que permitam o aprimoramento contnuo do prprio SGA. No basta parecer ou declarar-se comprometido, necessrio demonstrar que se est agindo de forma ambientalmente responsvel e que esto sendo buscados aprimoramentos consistentes e diretamente relacionados com as atividades da organizao.

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As questes ambientais esto intimamente relacionadas Qualidade Total, qualidade intrnseca, atendimento aos anseios de clientes, acionistas, empregados e do Meio Ambiente, os quais so elementos fundamentais para a sobrevivncia da empresa. Os compromissos assumidos pelos pases signatrios da Agenda 21 A Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e as Convenes do Clima e da Biodiversidade (ECO-92), associados ao sucesso da ISO 9000 na rea da qualidade tcnica e satisfao do mercado consumidor e a objetividade da British Standard 7750, motivaram a Organizao Internacional de Normalizao (ISO), com sede em Genebra (Sua), a assumir o encargo de formular um conjunto de normas universais de Gesto Ambiental, criando em maro de 1993, o Comit Tcnico TC 207, subdividido em seis sub-comits e um Grupo Especial de Trabalho, bem como, um Grupo de Integrao com o TC176, responsvel pela formulao da ISO 9000. Estes seis sub-comits e grupos de trabalho (WG) objetivaram as seguintes normas que compem a Gesto Ambiental: SC. 01 Sistemas de Gerenciamento Ambiental (Secretaria Inglaterra) SC. 02 Auditoria Ambiental e Investigaes Correlatas (Secretaria Holanda) SC. 03 Rotulagem Ambiental (Secretaria Austrlia) SC. 04 Avaliao de Desempenho Ambiental (Secretaria EUA) SC. 05 Anlise de Ciclo de Vida (Secretaria Frana) SC. 06 Termos e Definies (Secretaria Noruega) WG-01 Aspectos Ambientais em Normas para Produtos (Secretaria Alemanha)

O Brasil, desde 1994 vem participando dos sub-comits mencionados, atravs do grupo denominado GANA GRUPO DE APOIO NORMALIZAO AMBIENTAL, vinculado ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas e constitudo por um grupo de empresas e entidades interessadas no acompanhamento da evoluo dos trabalhos planejados pelo TC-207, de importncia capital para a adequada avaliao do impacto, que trar s atividades econmicas brasileiras, normas ambientais internacionais em elaborao. Em 1997, foi realizada em Quioto, no Japo, uma conferncia sobre a poluio atmosfrica e, conseqentemente, o aquecimento global da terra, com riscos para a sobrevivncia humana no planeta, a qual reuniu 140 paises que se comprometeram, atravs de Protocolo, na reduo gradativa da emisso de gases na atmosfera, responsveis pelo chamado efeito estufa (vapor dgua, CO2, CH4, CFCS e NOX), que tm a capacidade de reter calor e formar uma camada isolante em torno do planeta. O Protocolo de Quioto representa importante passo na busca da harmonia entre os pases pobres e ricos, pois os ricos, alm da reduo dos gases poluentes, devero investir em florestas correspondentes aos nveis da produo industrial planejada, favorecendo oportunidades de investimentos nos pases mais pobres que possuem imensas reas disponveis.

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Embora com a concordncia representativa e expressiva de 140 Pases, o Protocolo de Quioto carece das assinaturas de vrios pases altamente industrializados. Sob o Protocolo de Quioto, os pases desenvolvidos se comprometem a diminuir as emisses de gases causadores do efeito estufa, para 5,2% abaixo dos seus nveis de 1990, at o ano de 2012. A Unio Europia aceitou uma reduo Total de 8%, porm este percentual varia entre os pases signatrios, sendo que a meta do Reino Unido de 12,5% de reduo. A reduo do uso de veculos e motores que produzem CO2, Co e NOX, deve ser considerada no planejamento de sistemas de transportes, objetivando, tambm, o cumprimento do Protocolo de Quioto. Outra preocupao internacional relacionada questo das emisses atmosfricas o desgaste da camada de oznio, causado principalmente pelos clorofluorocarbonos (usados em refrigerao, aerosol e espuma), halnios (usados em extintores de incndio), brometo de metila e o tetracloreto de carbono. A camada de oznio, situada entre 20 e 50 km acima do nvel do mar, filtra os raios solares ultravioletas, que contribuem para o cncer de pele. O Protocolo de Montreal, de 1987, e a Emenda de Copenhague ao Protocolo de Montreal, de 1992, reduzem gradualmente, at 2030, a utilizao dos CFCS, halnios e outras substncias que desgastam a camada de oznio. Evoluo da Legislao Ambiental Federal.

Apesar de vrias Cartas Magnas do Brasil terem assegurado direitos e garantias aos cidados, relativamente qualidade de vida e sade, proteo s florestas, s guas interiores, aos monumentos histricos e reas de interesse paisagstico, dentre outros, a concepo at ento vigente sobre o direito de propriedade constitua forte barreira plena atuao do poder pblico na proteo ao Meio Ambiente e sobre as atividades que o degradavam. Somente com a promulgao da Constituio Federal de 1988, foram institudos os dispositivos necessrios devida proteo ao meio ambiente pelo poder pblico. As Constituies Federais anteriores, embora assegurassem direitos e garantias vida e sade, e proteo de monumentos, foram insuficientes para a proteo dos ecossistemas. Para demonstrar a evoluo da questo ambiental no Brasil, apresentada uma sucinta evoluo da legislao ambiental federal, em ordem cronolgica, com suas ementas e/ou objetivos, ficando para o Captulo seguinte o detalhamento das Principais Normas Jurdicas pertinentes ao Setor Rodovirio. 1923 - Decreto n 16.300, que previu a possibilidade de impedir que indstrias viessem a prejudicar a sade da populao de comunidades instaladas em reas vizinhas (Impacto de Vizinhana); 1934 - Decreto-lei n 24.643 - Cdigo de guas; Decreto-lei n 23.793 - Cdigo Florestal e a Lei n 24.645 - Lei de Proteo Fauna;

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1937 - Decreto-Lei n 25, que organiza a proteo ao Patrimnio Histrico e Artstico Nacional; 1954 - Lei n 2.312, que estabeleceu normas gerais sobre a defesa e proteo da sade pblica (Cdigo Nacional de Sade); 1961 - Decreto n 50.877, que dispe sobre o lanamento de resduos txicos e oleosos nas guas interiores e litorneas do Pas e a Lei n 3.924, que dispe sobre os monumentos arqueolgicos e pr-histricos; 1964 - Lei n 4.466(12/11/64) - determina a arborizao das margens das Rodovias do Nordeste, bem como a construo de aterro-barragem para represamento de guas; 1965 - Lei n 4.771 (15/09/65) - institui o Novo Cdigo Florestal Brasileiro; 1967 - Decreto-lei n 227/67 - Cdigo de Minerao; o Decreto-lei n 303, que cria o Conselho Nacional de Controle da Poluio Ambiental; o Decreto-lei n 221, que dispe sobre proteo e estmulos pesca; a Lei n 5.197, nova Lei de Proteo Fauna; o Decreto Lei n 248, que instituiu a Poltica Nacional de Saneamento Bsico; 1973 - Decreto n. 73.030 (30/10/73) cria, no mbito do Ministrio do Interior, a Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMA, e d outras providncias; e a divulgao do II Plano Nacional de Desenvolvimento, contendo diretrizes e prioridades para a preservao e o planejamento ambiental; 1975 - O Decreto-Lei n. 1.413, que dispe sobre o controle da poluio do meio ambiente provocada pela atividade industrial; e a Lei n 6.225, que dispe sobre a execuo obrigatria de planos de proteo ao solo e de combate eroso; 1977 - Lei n 6.513, complementada pelo Decreto n 86.176/81, que dispem sobre a criao de reas Especiais e de Locais de Interesse Turstico; 1979 - Lei n 6.766(19/12/79) - dispe sobre o Parcelamento do Uso do Solo Urbano e d outras providncias; 1980 - Lei n 6.803, que dispe sobre as diretrizes bsicas para o zoneamento industrial nas reas crticas de poluio; 1981 - Lei n 6.938 (31/08/81) - dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outras providncias; 1983 - Decreto n 88.351/ 83, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, como seu rgo superior; 1983 - Decreto n 88.351 (01/06/83) - regulamenta a Lei n 6.938, de 31 agosto de 1981, e a Lei n 6.902, de 27 de abril de 1981, que dispem, respectivamente, sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente e sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental, e d outras providncias; 1984 - Decreto n 89.531 (08/03/84) - dispe sobre o Plano Bsico de Zoneamento de Rudo e Planos Especficos de Zoneamento de Rudo a que se refere o Cdigo Brasileiro do Ar;

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1984 - Decreto n 89.532 (06/04/84) - acrescenta incisos ao Art. 37 do Decreto n 88.351, de 01/06/83, que regulamenta a Poltica Nacional do Meio Ambiente; 1984 - Decreto n 89.336/84, que dispe sobre Reservas Ecolgicas e reas de Relevante interesse Ecolgico; 1985 - Lei n 7.347(24/07/85) disciplinando a ao civil pblica de responsabilidade por danos causados ao Meio Ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico e d outras providncias; 1986 - Resoluo CONAMA n 001 (23/01/86) - estabelece a obrigatoriedade de elaborao de Estudo de Impacto Ambiental - ElA e Relatrio de Impacto Ambiental RIMA para diversos empreendimentos, bem como, estabelece as definies, as responsabilidades, os critrios bsicos e as diretrizes gerais para o Uso e Implementao da Avaliao de Impacto Ambiental, como um dos Instrumentos da Poltica Nacional do Meio Ambiente. O artigo 2 desta Resoluo discrimina as atividades transformadoras do Meio Ambiente, inclusive as rodovias, e s sujeitam ao processo de licenciamento ambiental; 1986 - Resoluo CONAMA n 006 (24/01/86) - aprova os modelos de publicao de pedidos de licenciamento em quaisquer de suas modalidades, sua renovao e a respectiva concesso e aprova os novos modelos para publicao de licenas; 1986 - Decreto n 92.752 (05/06/86) - aprova o Programa de Aes Bsicas para a Defesa do Meio Ambiente e d outras providncias; 1987 - Resoluo CONAMA n 009 - regulamenta, nvel federal, a obrigatoriedade de realizao da audincia pblica referida no 2 pargrafo do Artigo II da Resoluo CONAMA 001/ 86; 1988 - Constituio da Repblica Federativa do Brasil Dispositivos pertinentes nos artigos 5, 20, 23, 24, 129, 170, 174, 216 e 225; 1988 - Resoluo CONAMA n01/88 (14/12/88) - trata das exigncias impostas no interior de reas de Proteo Ambiental APA, sua criao, fiscalizao e proteo. 1989 - Decreto n 97.632 (10/04/89) - regulamenta a Lei n 6.938/81, no que se refere recuperao de reas degradadas pela minerao. 1989 - Resoluo CONAMA n. 010/89 (14/09/89) - estabelece padres de emisso de poluentes por veculos automotores a diesel. 1990 - Decreto Federal n 99.274 (06/06/90) - regulamenta a Poltica Nacional do Meio Ambiente; 1990 - Resoluo CONAMA n 002/90 (08/03/90) - instituiu o Programa Nacional de Educao e Controle da Poluio Sonora; 1990 - Resoluo CONAMA n 003/90 (28/06/90) - estabeleceu os padres de qualidade do ar e as concentraes de poluentes atmosfricos; 1993 - Lei n 8.666/93, que regulamenta as licitaes pblicas, determina expressamente em seu Artigo 6, inciso IX, que o projeto bsico de qualquer obra ou servio seja elaborado com base nas indicaes dos estudos tcnicos preliminares (concepo,

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estudos de viabilidade tcnico-econmica, etc.), que assegurem viabilidade tcnica e um adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, que possibilite a avaliao do custo da obra e definio dos mtodos e prazo de execuo; 1997 - Resoluo CONAMA n 237 (19/12/97) - regulamenta a reviso dos procedimentos e critrios utilizados no licenciamento ambiental, considerando a necessidade de se incorporar ao sistema de licenciamento ambiental os instrumentos de gesto ambiental, visando o desenvolvimento sustentvel e a melhoria contnua do desempenho ambiental dos empreendimentos planejados; 1997 - Lei n. 9.433/97 - dispe sobre a Poltica Nacional dos Recursos Hdricos; 1998 - Lei n 9.605 (12/02/98), denominada Lei da Natureza ou Lei dos Crimes Ambientais - dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e d outras providncias, entre as quais os crimes contra o meio ambiente (fauna, flora, da poluio e outros crimes, ordenamento urbano e administrao ambiental); 2002 - O Governo Federal editou o Decreto n 4.297, de 10/07/02, que instituiu o Zoneamento Ecolgico Econmico do Brasil (ZEE) como instrumento da Poltica Nacional do Meio Ambiente. Observa-se na legislao citada, que a partir dos anos 80, com as aprovaes da Lei n 6.803/80 Lei das Diretrizes Bsicas para o Zoneamento Industrial nas reas Crticas de Poluio, Lei n 6.938/81 Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 7.347/85 Lei da Ao Civil Pblica e a Constituio Federal de 1988, dentre outras, a evoluo da conscincia ambiental brasileira torna-se positiva em termos de legislao, face sua significativa e contnua melhoria, no que diz respeito aos objetivos de preservao dos recursos naturais e recuperao da qualidade ambiental. As presses exercidas sobre as autoridades brasileiras, para que fossem adotadas efetivas providncias para coibir os abusos e restringir os privilgios fiscais para os empreendimentos que agrediam o meio ambiente, muito contriburam para o citado salto positivo na evoluo da conscincia ambiental brasileira. Um exemplo marcante, que contou com o reconhecimento da comunidade internacional, ocorreu com a poluio do ar da cidade de Cubato, em So Paulo, que no incio da dcada de 90, passou a conviver com uma atmosfera com nveis aceitveis de emisses, graas instalao de filtros nas indstrias locais.

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 2.2 EVOLUO DA GESTO AMBIENTAL DO SETOR RODOVIRIO FEDERAL

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Desde o ano de 1996, quando o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER internalizou as consideraes ambientais nas atividades do mesmo, abrangendo as cinco fases do empreendimento rodovirio planejamento, projeto, implantao, manuteno e operao, tem-se verificado um progresso contnuo, porm no otimizado, da conscientizao ambiental do setor. Naquela poca, foram elaborados quatro documentos bsicos, a seguir nomeados: Corpo Normativo Ambiental para Empreendimentos Rodovirios; - Manual Rodovirio de Conservao, Monitoramento e Controle Ambientais; - Instruo de Proteo Ambiental da Faixa de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais; - Manual para Ordenamento do Uso do Solo na Faixa de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais. Entretanto, este processo de edio e atualizao de documentao ambiental foi interrompido por certo perodo, para adaptao nova estrutura organizacional do setor de Transportes, atravs da criao do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DNIT, que substituiu o DNER, retomando-se o processo de atualizao da documentao ambiental rodoviria, em 2002. Tradicionalmente, as relaes consideradas isoladamente e de forma iterativa entre rodovias e meio ambiente, so analisadas sob os seguintes aspectos: Meio Scio-Econmico: - Conflito de uso e ocupao do solo; alterao nas atividades econmicas; condies de emprego e qualidade de vida para as populaes ou comunidades lindeiras rodovia; segurana viria; rudos; vibraes; emisses atmosfricas; desapropriao para reas de uso e faixas de domnio; riscos aos patrimnios cultural, histrico, arqueolgico e espeleolgico; e riscos de interferncias nas culturas indgenas e outras etnias. Meio Bitico: - Supresso no processo de intercmbio ecolgico, pela dicotomia; interferncias em reas protegidas por lei e a bitopos ecolgicos importantes; reduo da cobertura vegetal e perda do patrimnio bitico; presso sobre ecossistemas terrestres e aquticos. Meio Fsico: - Movimentao de solos (terraplenagem, emprstimos e bota-foras); induo ao processo erosivo; instabilidade de encostas e taludes; rompimento de fundaes; degradao em reas de uso do canteiro de obras, trilhas, caminhos de servios; rebaixamento de lenois freticos; risco na qualidade da gua superficial e subterrnea, por concentrao de poluentes; e qualidade do ar. A abordagem tcnica da engenharia rodoviria ambiental, para estes aspectos mencionados, objeto do Gerenciamento Ambiental, induziu a: uma avaliao econmica das medidas de proteo e controle ambientais das atividades rodovirias; a quantificao dos custos e controle ambientais de projetos, da implantao e da manuteno rodoviria; a difuso de manuais de instruo ambiental; a progressiva implantao de programas de recuperao do passivo ambiental; a rotina de incorporao da varivel ambiental nos diversos rgos rodovirios estaduais; e a avaliao ambiental dos processos de concesso e de delegao rodoviria.

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Para demonstrao da evoluo da gesto ambiental do setor rodovirio federal, so apresentados a seguir, em ordem cronolgica, inicialmente a principal documentao pertinente elaborada pelo extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNER, sendo estes documentos posteriormente homologados, retificados, substitudos ou incorporados em novo documento pelo DNIT e, posteriormente, relacionados os cursos de treinamento e demais instrumentos de gesto ambiental desenvolvidos pelo ento DNER e vigentes no DNIT, assim como a Poltica Ambiental do Ministrio dos Transportes. Documentao do Extinto DNER

1974 - NP-20 - Norma de Procedimento para Projeto e Paisagismo. 1977 - NP-20 (Reviso) - Integrao da Rodovia com o Meio Ambiente. 1977 - NP-46 - Elaborao de Anteprojeto de Paisagismo nos Estudos de Viabilidade Tcnico - Econmica (rea rural). 1977 - NP-47- Avaliao de Impacto Sobre o Meio Ambiente. 1978 - Diretoria de Transportes Rodovirios Cargas Perigosas. 1980 IPR; DENATRAN; COPPE. Manual de Estacionamento, Condies Urbanas. 1980 - Marco inicial do Sistema de Gesto Ambiental do DNER, fundamentado no Edital de Concorrncia para execuo dos servios de implantao, melhoramentos e pavimentao da rodovia BR-364/Cuiab (MT) - Porto Velho (RO), exigindo a observncia destas normas ambientais anteriormente citadas. 1986 - A partir da publicao da Resoluo CONAMA n 01/86, DOU de 17/02/1986, o DNER iniciou as contrataes de empresas de consultoria para elaborao de EIA/RIMA para os empreendimentos rodovirios, em conformidade com a citada Resoluo e/ou com os Termos de Referncia estabelecidos pelos rgos ambientais competentes. 1987 - O Instituto de Pesquisas Rodovirias desenvolveu o 1 Curso sobre Impacto Ambiental de Sistemas Rodovirios em Zona de Fronteira Agrcola. 1987 - Diagnstico Ambiental da BR-230 (Rodovia Transamaznica) e BR-364 no trecho Cuiab (MT)-Porto Velho (RO), e elaborados os estudos ambientais da rea de influncia direta do trecho da Rodovia BR-364 /Porto Velho (RO) - Rio Branco (AC). 1988 Elaborao do Diagnstico Ambiental da BR-116 /So Paulo (SP) - Curitiba (PR), para duplicao da plataforma, objetivando o Licenciamento Ambiental. 1988 - PRO-211 - Norma Rodoviria de Integrao de Rodovias com Meio Ambiente na Regio Amaznica. 1988 - Contratao de empresa de consultoria para elaborao, adequao, adaptao e complementao das Especificaes Gerais para Obras Rodovirias e das Normas de Procedimento para Estudos e Projetos, para atender legislao ambiental. Este trabalho resultou na elaborao das seguintes publicaes, inclusive com financiamento do Banco Mundial: Rodovias e Meio Ambiente. Rodovias, Recursos Naturais e Meio Ambiente.

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 1991 - Grupo Tcnico Transportes. Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos. 1992 - DNER; GEIPOT. Diretrizes Ambientais Prioritrias para o Setor de Transportes.

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1992 - Workshop sobre o Meio Ambiente no Plano Nacional de Capacitao Rodoviria, promovido pelo DNER e a Associao Brasileira dos Departamentos de Estradas de Rodagem ABDER. 1994 - Com a contratao efetuada atravs da Carta Convite n 694/93-00, evoluiu o DNER para a formalizao das adaptaes, acrscimos necessrios s suas Normas, Especificaes e Instrues de Servio, objetivando a incluso da varivel ambiental nos projetos de engenharia e apresentao de instrues detalhadas para execuo do EIA/RIMA e adequaes ambientais das Especificaes de Obras. Este projeto se desenvolveu em 03 etapas distintas: Programa I Constituindo-se da documentao bsica ambiental para obras e servios rodovirios e o licenciamento ambiental respectivo. Programa II Constituindo-se do gerenciamento ambiental dos empreendimentos rodovirios, em especial, o planejamento e implantao de banco de dados ambientais. Programa III Assessoria Tcnica Ambiental Diviso de Estudos e Projetos DEP/DNER, atravs do Servio de Estudos Rodovirios e Ambientais SVERA, na anlise de projetos, inspees ambientais das obras, elaborao de editais e termos de referncia, etc. Programa I Escopo e Produtos: - Internalizao das questes ambientais no projeto de engenharia rodoviria, atravs do inventrio, anlise e identificao das demandas, diretrizes e restries ambientais, compatibilizao das abordagens, estabelecimento do conjunto normativo, instrues para execuo do EIA/RIMA, metodologia de avaliao de Impacto Ambiental para o setor rodovirio, projeto normativo e relatrio final. Os produtos finais do Programa I foram constitudos pelos seguintes documentos: Tomo n 1 Corpo Normativo Ambiental para Projetos Rodovirios Tomo n 2 Adequao Ambiental das Especificaes Gerais para Obras Rodovirias Tomo n 3 Questes Ambientais do Setor Rodovirio (Conceito e Metodologia) Para melhor qualificao destes produtos, apresentam-se os assuntos abordados atravs de suas itemizaes: Tomo n1: - Corpo Normativo Ambiental para Projetos Rodovirios EB-15 Escopo Bsico para Execuo da Gesto Ambiental de Empreendimentos Rodovirios e as Instrues Ambientais a seguir relacionadas: ISA-01 Condicionantes Ambientais ISA-02 Pr-Viabilidade Ambiental ISA-03 Anlise de Qualidade Ambiental ISA-04 Caracterizao do Empreendimento Rodovirio

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias ISA-05 Determinao e Caracterizao da rea de Influncia ISA-06 Planos, Programas e Projetos Co-localizados ISA-07 Alternativas de Traado da Rodovia e Justificativa ISA-08 Conformidade Legal ISA-09 Diagnsticos Ambientais ISA-10 Prognsticos Ambientais ISA-11 Avaliao do Impacto Ambiental AIA ISA-12 Plano Ambiental ISA-13 Relatrio de Impacto Ambiental RIMA ISA-14 Instalao, Operao e Desmobilizao do Canteiro de Obras ISA-15 Abertura de Trilhas, Caminhos de Servios e Estradas de Acesso ISA-16 Desmatamento e Limpeza de Terrenos ISA-17 Instalao e Operao de Jazidas e Caixas de Emprstimo ISA-18 Servios de Terraplenagem ISA-19 rea de Bota-fora ISA-20 Operao de Mquinas e Equipamentos ISA-21 Implantao e Operao de Usinas de Asfalto de Concreto e de Solo ISA-22 Tratamento e Destinao de Efluentes e Resduos ISA-23 Programa Executivo Ambiental ISA-24 Superviso Ambiental de Obras Rodovirias

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Tomo n 2: - Adequao Ambiental das Especificaes Gerais para Obras Rodovirias. O tomo n 2 - Normas, Especificaes Gerais e Instrues de Servio, apresentou a proposta para substituio ou complementao de termos do texto das Especificaes denominados MANEJO AMBIENTAL que eram pertinentes ou feriam os conceitos e a metodologia apresentada no Corpo Normativo Ambiental. Servios Preliminares DNER-ES-T-01-70 Caminhos de Servio DNER-ES-T-02-70 Cortes DNER-ES-T-03-70 Emprstimos DNER-ES-T-04-70 Aterros DNER-ES-T-05-70 Regularizao do Subleito DNER-ES-P-08-71 Reforo de Subleito DNER-ES-P-07-71 Sub-base Estabilizada Granulometricamente DNER-ES-P-08-71

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias Base Estabilizada Granulometricamente DNER-ES-P-08-71 Base de Solo Melhorado com Cimento DNER-ES-P-11-71 Base de Solo Cimento DNER-ES-P-12-71 Imprimao DNER-ES-P-14-71 Tratamento Superficial Duplo DNER-ES-P-17-71 Tratamento Superficial Triplo DNER-ES-P-18-71 Pintura de Ligao DNER-ES-P-15-71 Concreto Betuminoso Usinado a Quente DNER-ES-P-22-71 Lama Asfltica DNER-ES-P-23-71 Sinalizao DNER-ES-OC-42-70 Proteo Vegetal DNER-ES-CE-43-71 Tomo N 3: - Questes Ambientais do Setor Rodovirio (Conceito e Metodologia)

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Este ltimo produto final do Programa I congregou as matrizes de ordenao e de transformao ambiental das atividades de construo e operao rodovirias, objetivando a Gesto Ambiental do setor; relacionou-se a Legislao Ambiental de interesse e o glossrio de eventos de transformao ambiental na vida til de uma rodovia, bem como, apresentou a metodologia para a elaborao de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) para o setor rodovirio e os Termos de Referncia para o EIA/RIMA de Rodovias. Programa II: - Sistema de Gerenciamento Ambiental Escopo e Produto Final: - Neste programa foram previstos dois sistemas: o primeiro consistindo em um banco de dados, com o respectivo subsistema de atualizao e recuperao de informaes, contendo as normas do DNER pertinentes aos servios realizados no Programa I; o segundo, constituindo em Sistema de Gesto de Atividades/Projetos Relativos ao Meio Ambiente, sob a responsabilidade do DNER. Este sistema era composto de mdulos de entrada de dados (coleta e tratamento), sinalizao, consulta e englobava as definies pertinentes ao fluxo geral de informaes, com os canais nos dois sentidos. Estes mdulos foram integrados em um nico aplicativo denominado GASR Gesto Ambiental do Sistema Rodovirio. Foram realizadas as seguintes atividades: Levantamento, projeto, codificao, implementao do sistema. implementao computacional, testes,

O aplicativo foi instalado nas dependncias do Servio de Estudos Rodovirios e Ambientais do DNER. Programa III: - Assessoria Tcnica Ambiental. As atividades deste Programa III, a seguir relacionadas, se desenvolveram inicialmente em 12 meses, prorrogados por mais quatro meses, objetivando a elaborao de editais para realizao de EIA/RIMA, assessoria nos estudos ambientais a serem realizados pelo

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DNER, exame de relatrios de estudos e projetos, quanto aos aspectos referentes aos impactos ambientais e outras aes referentes ao meio ambiente, consolidao dos Estudos Ambientais da BR-050/MG (Uberlndia - Divisa MG/SP) e a compilao da Legislao Ambiental pertinente ao Setor Rodovirio. Foi procedida anlise dos seguintes Estudos de Impacto Ambiental para os trechos rodovirios abaixo e documentos citados: BR-040/MG - trecho Sete Lagoas Belo Horizonte (Km 497,8 ao Km 531,7); BR-135/MA - trecho Presidente Dutra Colinas; BR-050 /MG/SP - Ponte sobre o Rio Grande (Divisa MG/SP); Relatrio com Parecer Jurdico sobre questo ambiental na jurisdio do 6 DRF do extinto DNER; Compilao da Legislao Ambiental pertencente ao Setor Rodovirio; Neste Programa III, destacou-se como produto principal, a elaborao do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental (RIMA), para a Rodovia BR-050/MG, Trecho Uberlndia-Uberaba - Divisa MG/SP (Ponte sobre o Rio Grande), na extenso de 135,9 Km. 1995 - Roteiro para Monitoramento de Obras Rodovirias. 1996 - O DNER procedeu uma reviso na documentao tcnica ambiental bsica, produzida nos Programas retro citados, objetivando sintetiz-la e complet-la, no sentido do gerenciamento ambiental de seus empreendimentos. Os produtos finais desta reviso resultaram na publicao dos seguintes documentos: Corpo Normativo Ambiental para Empreendimentos Rodovirios. Manual Rodovirio de Conservao, Monitorao e Controle Ambientais. Manual para Ordenamento do Uso do Solo nas Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais. Instrues de Proteo Ambiental das Faixas de Domnio e Lindeiras das Rodovias Federais. O Corpo Normativo Ambiental foi considerado como o mais importante dentre os trabalhos relacionados, pois constava dos termos de referncia dos editais de licitao de projetos e obras, o que obrigava consultores, empreiteiros e o prprio corpo tcnico do DNER, a tomar conhecimento das diretrizes ambientais a serem cumpridas nas atividades rodovirias. O Manual Rodovirio de Conservao, Monitorao e Controle Ambientais diz respeito, principalmente, ao tratamento das reas degradadas no entorno das rodovias, desde o levantamento das reas, inclusive com critrios de priorizao de intervenes corretivas, e apresentao de solues-tipo para os principais problemas, em relao s reas degradadas. Os dois ltimos referem-se a uma primeira tentativa de enfocar questes relativas ao uso do solo, como arborizao, queimadas, travessias urbanas, aterros sanitrios, dentre

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outros, de grande utilidade para os engenheiros residentes, que atuam diretamente no campo, com esses tipos de problemas. 1997 - Manual de Resgate de Acidentados. 1998 - Instrues para o Trnsito de Veculos Transportadores de Produtos Perigosos. 1998 - Diretrizes e Procedimentos para Reassentamento de Populaes Afetadas em Obras Rodovirias. 1998 - Guia de Reduo de Acidentes com Base em Medidas de Engenharia de Baixo Custo. 1999 - D. D. Tecnolgico. Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas sobre Regulamentao de Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos, Mapeamento de Rotas, Especificao de reas de Estacionamento, Criao de Modelo de Sistema de Comunicao Integrado para Acionamento de Ao de Emergncia e Aspectos Jurisdicionais e Jurdicos. 1999 Diretrizes Bsicas para Elaborao de Estudos e Projetos Rodovirios. Com esta publicao do DNER foi inserida a varivel ambiental dos projetos, atravs da Instruo de Servio para Elaborao do Componente Ambiental dos Projetos de Engenharia Rodoviria IS 246, a qual define e especifica os servios referentes s medidas de proteo ambiental para as obras rodovirias planejadas e a recuperao do passivo ambiental. Foi introduzido, tambm, o Relatrio Ambiental - RA, que se constitui no documento bsico para o licenciamento ambiental de empreendimentos de reabilitao do pavimento de rodovia. 2000 - Instrues para Fiscalizao de Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos no mbito Nacional. 2001 DNER; GEIPOT. Minuta de Instrues Complementares ao Regulamento de Transporte Terrestre de Produtos Perigosos no mbito Nacional. Cursos Promovidos pelo Extinto DNER

1994 Impacto Ambiental. IPR/RJ. 1997 Elaborao de EIA/RIMA para obras rodovirias. IME/RJ, de 04/8 a 08/8. 1997 Gesto Ambiental para Empreendimentos Rodovirios. IME/RJ, de 13/10 a 17/10. 1999 Avaliao Ambiental de Projetos Rodovirios. 11 DRF/DNER. De 14/6 a 18/6. 1999 Direito Ambiental. IPR/RJ. De 05/7 a 09/7. 1999 Avaliao Ambiental de Projetos Rodovirios. 12 DRF/DNER. De 02/8 a 06/8. Outros Instrumentos de Gesto Ambiental Rodoviria Federal

1998 Levantamento e Estudo de Passivo Ambiental de Rodovias Federais. Atravs do edital de licitao n 0684/98-00, o DNER licitou a contratao de servios de consultoria para levantamento, estudos e elaborao dos projetos para recuperao do passivo ambiental dos segmentos da malha rodoviria federal que no seriam

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restaurados atravs do Programa de Restaurao e Descentralizao de Rodovias Federais, totalizando uma extenso aproximada de 33.000km de rodovias. Os servios de consultoria licitados e as obras de restaurao de rodovias do Programa integram o acordo de emprstimo n1046-OC/BR com o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID. 2000 Sistema de Gesto Ambiental SGA do DNER. Em 05 de setembro de 2000, o Conselho de Administrao do DNER aprovou o Sistema de Gesto Ambiental e a seguinte Poltica Ambiental do DNER: O DNER executar a Poltica Nacional de Transporte Rodovirio buscando obedincia aos preceitos do desenvolvimento sustentvel e comprometendo-se com os seguintes princpios: Planejar, realizar, administrar e fiscalizar as atividades necessrias execuo da Poltica Nacional de Transporte Rodovirio em conformidade com a legislao ambiental, buscando a segurana do transito e a qualidade de vida da comunidade lindeira; Capacitar os funcionrios e incentivar os parceiros e contratados para que atuem de forma ambientalmente correta; Buscar a melhoria contnua da Poltica Ambiental e divulg-la interna e externamente. Objetivos 1. Reviso e complementao das Normas, Manuais e Instrues Ambientais do DNER. 2. Exigir nas licitaes, nos contratos de concesso e convnios de delegao, que cumpram tambm a Poltica Ambiental do DNER. 3. Sistematizar e atualizar, continuamente, o inventrio da legislao ambiental federal, nos aspectos que tenham interface com as atividades do DNER. 4. Recuperar o passivo ambiental das rodovias federais. 5. Assegurar que os projetos e obras rodovirias federais contemplem o componente ambiental. 6. Implementar programa de gesto de qualidade do ar, rudos e vibraes na rea de influncia da obra, durante sua execuo. 7. Implementar programa de gesto de qualidade dos efluentes lquidos, durante a execuo da obra. 8. Implementar na fase de implantao da obra, monitorao peridica dos corpos hdricos na rea de influncia do empreendimento. 9. Implementar um plano de contingncia para preveno e combate a acidentes rodovirios com produtos perigosos. 10. Alocar recursos tcnicos e financeiros, visando a qualidade ambiental dos empreendimentos. 11. Investir, continuamente, em programas de treinamento e conscientizao dos funcionrios e terceirizados na rea ambiental.

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12. Divulgar a Poltica Ambiental e as aes do DNER entre seus funcionrios, parceiros e terceirizados. 13. Implantar um sistema de documentao, registro ou cadastro relativo ao meio ambiente, permanentemente atualizado. 14. Implementar um plano de ao emergencial para prevenir e minimizar os acidentes ambientais. 15. Implementar um Programa de Auditoria do Sistema de Gesto Ambiental. 16. Exigir dos contratados, concessionrios e permissionrios a implantao da NBR ISO 14001. 17. Celebrar convnios com entidades governamentais e no governamentais com excelncia na rea ambiental. 18. Introduzir nos programas de segurana de trnsito nas estradas a educao ambiental. 19. Reviso peridica das Metas e Objetivos da Poltica Ambiental. 2001 Sistema de Apoio Gesto Ambiental Rodoviria Federal SAGARF. Para prover o gerenciamento e controle das questes ambientais rodovirias, inclusive as institucionais, o DNER desenvolveu um sistema de informaes, operado via internet, denominado SAGARF Sistema de Apoio Gesto Ambiental Rodoviria Federal, disponibilizando, inclusive, instrumentos necessrios s atividades de fiscalizao e de auditoria do Sistema de Gesto Ambiental SGA e um banco de dados com toda a legislao pertinente. O manual de operao e navegao do sistema teve sua 1 verso lanada em junho de 2001. 2002 Poltica Ambiental do Ministrio dos Transportes. A Poltica Ambiental do Ministrio dos Transportes foi publicada em 2002, pelo Excelentssimo Ministro de Estado dos Transportes, a qual fundamentada nos princpios da viabilidade ambiental dos empreendimentos de transportes, do respeito s necessidades de preservao ambiental e da sustentabilidade ambiental dos transportes, os quais esto desdobrados em diretrizes ambientais, que servem de orientao para o programa de gesto ambiental do Ministrio dos Transportes.

NOTA:

A documentao de orientao tcnico-ambiental, os cursos de treinamento, o sistema de gesto ambiental SGA, o sistema de apoio gesto ambiental rodoviria federal SAGARF e o gerenciamento do passivo ambiental rodovirio, se constituam em instrumentos integrantes do Projeto de Gesto Ambiental do DNER.

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3 LEGISLAO E DIRETRIZES AMBIENTAIS -

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 3 3.1 LEGISLAO E DIRETRIZES AMBIENTAIS ESCOPO E APLICAO DA LEGISLAO

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Assim como a legislao ambiental brasileira considerada uma das mais avanadas do mundo, devemos reconhecer, tambm, que seu volumoso ordenamento jurdico e a dinmica gerao de normas tm dificultado sua correta aplicao. Evidentemente, neste manual no abordada toda a legislao ambiental, porm so apresentadas breves consideraes sobre o escopo e aplicaes e, nos subitens seguintes, a principal legislao ambiental aplicvel aos empreendimentos rodovirios. Tendo em vista que o principal pblico alvo deste manual pertence ao quadro de pessoal do DNIT, imperioso inicialmente observar, que o agente pblico no pode agir na omisso da lei; no agindo em conformidade com a lei, o agente pblico incorre em abuso. Nesta introduo legislao ambiental, convm citar o conceito de profissionais da rea para o direito ambiental o conjunto de princpios, institutos e normas sistematizadas que disciplinam o comportamento humano, visando proteo do meio ambiente. Ento, a legislao ambiental pode ser entendida como o conjunto de normas jurdicas que reconhece o meio ambiente como o bem jurdico a ser protegido (como o Novo Cdigo Florestal e a Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente). importante ressaltar que no levantamento da legislao aplicvel a empreendimentos rodovirios, deve ser considerada toda a legislao que objetiva proteger o meio ambiente (legislao ambiental) e, tambm, a legislao com repercusso ambiental, na qual os bens que se objetiva proteger so especificamente outros, como exemplo, as Normas de Segurana e Medicina do Trabalho. A ltima verso da Norma ISO 14.001 (2004) exige o levantamento de toda a legislao aplicvel s atividades de uma organizao ou empreendimento. No levantamento da legislao aplicvel s atividades referentes aos empreendimentos rodovirios, tambm devem ser consideradas as normas jurdicas ambientais do Estado e Municpio, ou do Distrito Federal, em vista da Federao Brasileira reconhecer, tambm, como entes federativos autnomos, os Municpios e o Distrito Federal, e com suas competncias para legislar concorrentemente sobre a questo ambiental, estabelecidas na Constituio Federal, em seus Artigos 23, 24 e 30. No complexo sistema de repartio de competncia corrente estabelecido na Constituio Federal, compete Unio editar normas jurdicas gerais e aos Estados as normas jurdicas suplementares e, tambm, de acordo com o pargrafo primeiro do Artigo 25, as competncias que no lhes sejam vedadas pela Constituio. Aos Municpios conferida a competncia para legislar sobre assuntos de interesse local, bem como para suplementar a legislao federal e estadual. O DNIT dispe do Sistema de Apoio Gesto Ambiental Rodoviria Federal SAGARF, instrumento projetado com um banco de dados capaz de ser alimentado pelas suas

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Superintendncias Regionais, tambm com as normas jurdicas municipais e estaduais aplicveis ao empreendimento rodovirio. Outro aspecto relevante, que se pretende contribuir para sua disseminao, refere-se s normas tcnicas. A observncia de uma norma tcnica obrigatria quando adotada atravs de uma norma jurdica, como por exemplo, as Normas Tcnicas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT e do Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial INMETRO e as Resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA. Da mesma forma, tambm so de observncia obrigatria, as Normas Tcnicas do DNIT expedidas no exerccio de suas atribuies e esfera de atuao legais, amparadas pelos incisos I e II do Artigo 82, da Lei n 10.233, de 05/06/2001, transcritos a seguir: Art. 82 So atribuies do DNIT, em sua esfera de atuao: I estabelecer padres, normas e especificaes tcnicas para os programas de segurana operacional, sinalizao, manuteno ou conservao, restaurao ou reposio de vias, terminais e instalaes. II estabelecer padres, normas e especificaes tcnicas para a elaborao de projetos e execuo de obras virias. A relao a seguir, apresenta a hierarquia das Normas Jurdicas: Constituio (Poder Constituinte) Lei complementar (Poder Legislativo) Decreto-Lei (Poder Executivo) Medida Provisria (Poder Executivo) Decreto Legislativo Resoluo (Poder Legislativo) Decreto (Poder Executivo) Legislao Marginlia (Resolues, Portarias, Instrues, Circulares, Ordens de Servio). Ato Normativo A norma jurdica deve obedecer ao disposto na(s) norma (s) jurdica(s) de hierarquia mais alta, no podendo contrari-la (s) ou dispor de modo contrrio, sob pena de configurar-se uma inconstitucionalidade ou ilegalidade.

Manual Para Atividades Ambientais Rodovirias 3.2 3.2.1 LEGISLAO AMBIENTAL ATOS INTERNACIONAIS

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Em razo das extenses de seus textos (Prembulo Artigos, Anexos, Declaraes, Notas, etc), os Atos Internacionais pertinentes so apresentados a seguir com suas partes, aspectos e itens considerados de maior interesse. Um Ato Internacional aprovado pelo Poder Legislativo revoga tacitamente as disposies legais contrrias, em razo da natureza da norma jurdica atravs da qual, este aprovado. CONVENO PARA PROTEO DA FLORA, DA FAUNA E DAS BELEZAS CNICAS NATURAIS DOS PASES DA AMRICA 1940 (Aprovada pelo Decreto n 3, de 13/2/48 e promulgada pelo Decreto n 58.054, de 23/3/66).

Os Governos americanos convieram nos seguintes artigos dentre outros: Artigo I Definio dos termos e das expresses empregadas nesta Conveno: 1 Entender-se- por Parques Nacionais: As regies estabelecidas para a proteo e conservao das belezas cnicas naturais e da flora e fauna de importncia nacional, das quais o pblico pode aproveitar-se melhor ao serem postas sob a superintendncia oficial. 2 Entender-se- por Reservas Nacionais: As regies estabelecidas para a conservao e utilizao, sob a vigilncia oficial, das riquezas naturais, nas quais se proteger a flora e a fauna tanto quanto compatvel com os fins para os quais estas reservas so criadas. 3 Entender-se- por Monumentos Naturais: As regies, os objetos ou as espcies vivas de animais ou plantas, de interesse esttico ou valor histrico ou cientfico, aos quais dada proteo absoluta, com o fim de conservar um objeto especfico ou uma espcie determinada de flora ou fauna, declarando uma regio, um objeto ou uma espcie isolada de monumento natural inviolvel, exceto para a realizao de investigaes cientificas devidamente autorizadas, ou inspees oficiais. 4 Entender-se- por Reservas ou Regio Virgens: Uma regio administrada pelos poderes pblicos, onde existem condies primitivas naturais de flora, fauna, habitao e transporte, com ausncia de caminhos para o trfego de veculos e onde proibida toda explorao comercial. 5 Entender-se- por Aves Migratrias: As aves pertencentes a determinadas espcies, cujos indivduos, ou alguns deles, atravessam, em qualquer estao do ano, as fronteiras dos pases da Amrica.

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Algumas espcies das seguintes famlias podem ser citadas como exemplos de aves migratrias: Charadrdae, Scolopacidae, Caprimulgidae, Hirundinidae. .............................. Artigo III Os Governos Contratantes acordam em que os limites dos parques nacionais no sero alterados, nem alienado parte alguma deles a no ser pela ao de autoridade legislativa competente, e que as riquezas neles existentes no sero exploradas para fins comerciais. Os Governos Contratantes resolvem proibir a caa, a matana e a captura de espcimes da fauna e a destruio e coleo de exemplares da flora nos parques nacionais, a no ser pelas autoridades do parque, ou por ordem ou sob a vigilncia das mesmas, ou para investigaes cientficas devidamente autorizadas. Os Governos Contratantes concordam ainda em prover os parques nacionais das facilidades necessrias para o divertimento e a educao do pblico, de acordo com os fins visados por esta Conveno. Artigo IV Os Governos Contratantes resolvem manter inviolveis as reservas de regies virgens, at o ponto em que seja exeqvel, exceto para investigaes cientificas devidamente autorizadas, e para inspeo oficial, ou para outros fins que estejam de acordo com os propsitos para os quais a reserva foi criada. ACORDO PARA A CONSERVAO DA FLORA E FAUNA DOS TERRITRIOS AMAZNICOS DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DA REPBLICA DA COLMBIA 1973 (Aprovado pelo Decreto Legislativo n 72, de 03/12/1973, e promulgado pelo Decreto n 78017, de 12/7/76).

Artigo I A Repblica Federativa do Brasil e a Repblica da Colmbia estabelecero atravs dos rgos que sero para esse fim designados pelos dois Governos, um intercmbio regular de informao sobre as diretrizes dos programas e os textos legais relativos conservao e ao fomento da vida animal e vegetal dos seus respectivos territrios amaznicos. Artigo II Promovero, outrossim, pesquisas conjuntas ou no, com a finalidade natural de colher os dados bsicos para o manejo adequado dos recursos naturais renovveis daqueles territrios, inclusive mediante o estabelecimento de reservas biolgicas representativas dos diferentes ecossistemas e unidades biogeogrficas. CONVENO DE VIENA PARA A PROTEO DA CAMADA DE OZNIO 1985 (Aprovada pelo Decreto Legislativo n 91, de 15/12/89, e promulgada pelo Decreto n 99.280, de 06/6/90).

Artigo I Definies Para os propsitos desta Conveno: 1) A camada de oznio significa a camada de oznio atmosfrico acima da camada planetria limite.

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2) Efeitos adversos significa alteraes do meio ambiente fsico, na biota, inclusive modificaes no clima, que tenham efeitos deletrios significativos sobre a sade humana, sobre a composio, capacidade de recuperao e produtividade de ecossistemas naturais ou administraes, ou sobre materiais