Manual terceirizaçao fornecedores

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO - PPGEP

    REA DE CONCENTRAO DO DOUTORADO: GESTO DE NEGCIO

    O PROCESSO DE TERCEIRIZAO E DE QUALIFICAO DE

    FORNECEDORES

    NORBERTO FERNANDO KUCHENBECKER

    Florianpolis, julho de 2006

  • NORBERTO FERNANDO KUCHENBECKER

    O PROCESSO DE TERCEIRIZAO E DE QUALIFICAO DE

    FORNECEDORES

    Tese apresentada como requisito parcial obteno do Ttulo de Doutor em Engenharia de Produo. Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Bruno Hartmut Kopittke

    Florianpolis

    2006

  • II

    NORBERTO FERNANDO KUCHENBECKER

    O PROCESSO DE TERCEIRIZAO E DE QUALIFICAO DE FORNECEDORES

    Esta tese foi julgada adequada para a obteno do ttulo de doutor em

    engenharia de produo e aprovada em sua forma final pelo Programa de ps-

    graduao em Engenharia de Produo e Sistemas da Universidade Federal de

    Santa Catarina - UFSC.

    _______________________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.

    Coordenador do Programa

    BANCA EXAMINADORA:

    _______________________________________

    Prof. Bruno Hartmut Kopittke, Dr. Orientador

    _______________________________________

    Prof. Edelvino Razzolini Filho, Dr. Examinador Externo

    _______________________________________

    Prof. Arnaldo Jos de Lima, Dr. Examinador Externo

    _______________________________________

    Profa. Elisete Dahner Pfitscher, Dra Examinadora da UFSC

    _______________________________________

    Prof. Harrysson Luiz da Silva, Dr. Moderador

  • III

    Dedicatria

    Dedico este trabalho a voc

    Rosilene e aos nossos filhos

    Fernando Henrique e Helosa

    Fernanda que sero sempre

    nossas melhores obras.

    Dedico tambm a meus pais

    Alcides (in memorian) e Olinda.

  • IV

    AGRADECIMENTOS

    Universidade Federal de Santa Catarina UFSC pela possibilidade de

    fazer parte deste programa de doutorado.

    Ao professor Bruno Hartmut Kopittke, pela orientao e estmulo

    fundamentais para o delineamento e desenvolvimento deste trabalho.

    professora Elisete Dahmer Pfitscher pela co-orientao e por todas as

    contribuies, sugestes e mensagens que em muito ajudaram a finalizar este

    trabalho e possibilitaram o alcance da consistncia necessria para uma tese de

    doutorado.

    Ao professor Harrysson Luiz da Silva, pela amizade, pelo apoio e pelas

    importantes sugestes e recomendaes.

    Aos professores Edelvino Razzolini Filho e Arnaldo Jos de Lima pelas

    contribuies importantes para a finalizao da tese.

    Ao professor Carlos Ricardo Rossetto, pelas importantes contribuies que

    fez no perodo em que acompanhou o trabalho.

    Aos professores do Departamento de Ps-Graduao em Engenharia de

    Produo, pelos ensinamentos e convvio durante o cumprimento dos crditos do

    doutorado.

    Ao Juliano Zaffalon Gerber, pela colaborao e apoio no programa do

    departamento de engenharia.

    Aos meus pais, pela confiana, carinho e incentivo que sempre transmitiram,

    pelas oraes e por acreditarem que a educao era a maior contribuio que

    poderiam oferecer.

    Aos amigos, familiares e principalmente Rosilene, Henrique e Helosa pelo

    apoio, carinho e compreenso nos momentos de ausncia.

    Aos meus irmos, Alexandre e Srgio, que sempre acreditaram que venceria

    este grande desafio.

    famlia Tonolli que faz parte da minha vida h mais de 20 anos.

  • V

    Daniela e Andrei, que provaram mais uma vez que verdadeiros amigos so

    bens valiosos para as nossas vidas.

    Aos senhores Ricardo Domicent, Luiz Henrique Ristow e todos os

    funcionrios da EMBRACO que em muito contriburam para que este trabalho fosse

    realizado.

    Ao professor Flix Jos Negherbon e todos os colegas e amigos do Colgio

    Elias Moreira e da Faculdade Cenecista de Joinville FCJ.

    Fae e UnicenP, que colaboraram para a realizao deste trabalho.

    Aos colegas acadmicos, pelo convvio, colaborao e aprendizado

    conquistado durante os crditos do doutorado.

  • VI

    Os ideais so como as estrelas: nunca as alcanaremos.

    Porm, assim como os marinheiros, em alto mar,

    traaremos nossos caminhos seguindo-as

    Jean Paul Sartre

  • VII

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS E QUADROS ............................................................. XII

    LISTA DE GRFICOS, ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E TABELAS XIII

    LISTA DE SIGLAS......................................................................................XIV

    RESUMO .....................................................................................................XV

    ABSTRACT ................................................................................................XVI

    I - INTRODUO............................................................................................1

    1.1. APRESENTAO DO PROBLEMA ...........................................................1

    1.2. JUSTIFICATIVA.....................................................................................2

    1.3. OBJETIVOS .........................................................................................3

    1.4. CONTRIBUIO E RELEVNCIA DO ESTUDO ...........................................4

    1.5. LIMITAES DO ESTUDO......................................................................5

    1.6. ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................6

    II - METODOLOGIA ........................................................................................8

    2.1. CARACTERSTICA DA PESQUISA E OPERACIONALIZAO ........................8

    2.2. DELIMITAO DA PESQUISA .................................................................9

    2.3. LIMITAO DA PESQUISA .....................................................................9

    2.4. POPULAO E AMOSTRAGEM.............................................................12

    2.5. COLETA E ANLISE DE DADOS ...........................................................13

    2.5.1. Tipos de dados utilizados .................................................................. 14

  • VIII

    2.6. TRAJETRIA METODOLGICA.............................................................15

    III - REVISO TERICA ...............................................................................19

    3.1. COMPETITIVIDADE E FLEXIBILIDADE ....................................................19

    3.1.1. Flexibilidade....................................................................................... 22

    3.1.2. Tipologia da Flexibilidade Microeconmica........................................ 24

    3.2. FUSES, AQUISIES E JOINT VENTURES ..........................................25

    3.3. LOGSTICA ........................................................................................32

    3.4. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT - ESTRUTURA .......................................34

    3.5. SUPPLY CHAIN MANAGEMENT - EVOLUO.........................................38

    3.6. TERCEIRIZAO ................................................................................42

    3.6.1. Terceirizao Definies................................................................. 42

    3.6.2. Terceirizao Deciso Estratgica.................................................. 47

    3.6.3. Terceirizao Relacionamento .......................................................... 50

    3.6.4. Terceirizao Evoluo ..................................................................... 56

    3.6.5. Terceirizao Processo..................................................................... 57

    3.6.6. Terceirizao Vantagens e Desvantagens........................................ 60

    3.6.7. Terceirizao - Mudanas .................................................................... 62

    3.7. QUALIFICAO DE FORNECEDORES....................................................66

    3.7.1. Qualificao de Fornecedores Processo ........................................ 67

    3.7.2. Qualificao de Fornecedores Evoluo ........................................ 68

    3.7.3. Qualificao de Fornecedores Competitividade e Qualidade ......... 70

    3.7.4. Qualificao de Fornecedores Reestruturao............................... 72

    3.7.5. Qualificao de fornecedores - Qualidade......................................... 73

    3.7.6. Qualificao de Fornecedores - Parceria........................................... 76

    3.7.7. Qualificao de Fornecedores Desenvolvimento............................ 78

  • IX

    IV ESTUDO DE CASO - EMBRACO .........................................................81

    4.1. BREVE HISTRICO DA EMPRESA ESTUDADA.............................................81

    4.1.1. Princpios, misso e valores................................................................. 82

    4.1.2. Estrutura e Funcionamento Modelo de Gesto................................. 84

    4.2. RESULTADO DA PESQUISA .....................................................................86

    4.2.1. Relao da EMBRACO com seus Fornecedores................................ 90

    4.2.2. Terceirizao........................................................................................ 90

    Evento 1: Mudou o comando da organizao (1989) ..............................................93

    Evento 2: Incio do processo de terceirizao na rea de servios (1990) ..............93

    Evento 3: Incio do processo de terceirizao de processos produtivos (1990) .......94

    Evento 4: Terceirizados os servios de fotocpias (1991) ......................................95

    Evento 5: A atividade de produo de terminal hermtico foi terceirizada (1993) ...95

    Evento 6: Terceirizada a montagem de rels (1994) ..............................................96

    Evento 7: O restaurante industrial foi terceirizado (1995) .......................................96

    Evento 8: A rea de estamparia terceirizada (1996) ............................................97

    Evento 9: Os servios de recrutamento foram terceirizados (1997) ........................98

    Evento 10: O berrio foi terceirizado (1997) .........................................................99

    Evento 11: Desenhado um novo modelo de organizao (1998) ............................99

    Evento 12: Terceirizada a movimentao e armazenagem de materiais (1998) ...100

    Evento 13: Os servios da recreativa so terceirizados (1999).............................100

    Evento 14: A segurana patrimonial e residencial foi terceirizada (1999) .............101

    Evento 15: O transporte foi terceirizado (2000) ....................................................102

    Evento 16: Servios de suporte so terceirizados (2002)......................................102

    Evento 17: A terceirizao da rea de estamparia leve foi desfeita (2005) ...........104

    Evento 18: Eixos, blocos e equipamentos de usinagem esto parcialmente

    terceirizados (2005) ......................................................................................................... 106

    4.2.3. Qualificao de Fornecedores ........................................................... 108

    Evento 1: Mudou o comando da organizao (1989) ............................................110

    Evento 2: Qualificados os primeiros fornecedores (1990) .....................................110

  • X

    Evento 3: Identificado e qualificado fornecedores de cabos e conexes de

    compressores (1990) ........................................................................................................110

    Evento 4: Qualificados funcionrios para serem os fornecedores dos servios de

    fotocpias (1991)..............................................................................................................111

    Evento 5: Identificado e qualificado um fornecedor de classe mundial para produzir o

    terminal hermtico (1993).................................................................................................112

    Evento 6: Qualificado fornecedor para a montagem de rels (1994) ....................112

    Alm de Itaipolis ficar distante de Joinville, tem tambm o problema de subir e

    descer a serra da Dona Francisca. Alm disso, a realidade cultural da regio difere em muito

    da realidade de Joinville que uma cidade eminentemente e vocacionada para a indstria.

    .........................................................................................................................................113

    Evento 7: Identificada e qualificada uma empresa prestadora de servios de

    restaurante industrial (1995) .............................................................................................113

    Evento 8: Identificado e qualificado fornecedor para estamparia leve (1996) .......113

    Evento 9: Identificado e qualificado fornecedor de servios de recrutamento (1997)

    .........................................................................................................................................114

    Evento 10: Qualificao e desenvolvimento de fornecedor dos servios de berrio

    (1997)...............................................................................................................................115

    Evento 11: Desenhado um novo modelo de organizao (1998) ..........................115

    Evento 12: Identificado e qualificado um operador logstico (1998) ......................115

    Evento 13: Identificados e qualificados alguns funcionrios empreendedores para

    serem os fornecedores dos servios da recreativa da EMBRACO (1999) .........................116

    Evento 14: Qualificao e desenvolvimento de fornecedor do servio de segurana

    patrimonial e residencial (1999) ........................................................................................117

    Evento 15: Identificado e qualificado fornecedor para o transporte (2000)............117

    Evento 16: Identificado e qualificado fornecedor para servios de suporte funcional

    de tecnologia de informao (TI) (2002) ...........................................................................118

    Evento 17: Eixos, blocos e equipamentos de usinagem esto na fase de

    desenvolvimento e qualificao de fornecedores (2005).................................................. 118

    4.2.4. Anlise Geral...................................................................................... 119

  • XI

    V - CONCLUSES E SUGESTES...........................................................120

    5.1. QUANTO PROBLEMTICA...................................................................122

    5.2. QUANTO AO ALCANCE DO OBJETIVO GERAL E DOS ESPECFICOS .............124

    5.3. SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS..............................................126

    REFERNCIAS...........................................................................................127

    APNDICES ...............................................................................................141

    APNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA .............................................142

    APNDICE B PERFIL DA COMPANHIA.................................................144

    ANEXOS .....................................................................................................146

    ANEXO A ORGANIZAO DOS TIMES DE MATERIAIS ......................147

    ANEXO B - MANUAL DE QUALIFICAO DE FORNECEDORES ..........149

    ANEXO C - AUDITORIA DO PROCESSO DA QUALIDADE EM

    FORNECEDORES.................................................................................................167

  • XII

    LISTA DE FIGURAS E QUADROS

    Figura 1 Modelo de Pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    Figura 2: Contexto em que a estratgia competitiva formulada . . . . . . . . . . . . 18

    Figura 3: A cadeia de valor na empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    Figura 4: Atividades de apoio e atividades primrias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    Quadro 1: Conceito da funo produo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

    Quadro 2: A evoluo da terceirizao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Quadro 3: Vantagens e desvantagens da terceirizao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    Quadro 4: Foras sociais e econmicas gerando as principais mudanas nas

    organizaes. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    60

    Quadro 5: Modelos do processo de mudana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

    Quadro 6: Fornecedor versus comprador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

    Quadro 7: Qualificao x desenvolvimento de fornecedores . . . . . . . . . . . . . . . 71

    Quadro 8: Principais eventos da histria da EMBRACO . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 82

    Quadro 9: Principais eventos da terceirizao da EMBRACO . . . . . . . . . . . . . 87

    Quadro 10: Principais eventos da qualificao de fornecedores da EMBRACO . 103

    Quadro 11: Sntese dos objetivos propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

  • XIII

    LISTA DE GRFICOS, ORGANOGRAMA, FLUXOGRAMA E TABELAS

    Grfico 1: Market Share do ano de 2005 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

    Organograma 1: Gesto de materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

    Fluxograma 1: Itens de Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

    Tabela 1: No conformidades de material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

    Tabela 2: No conformidades de entrega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

    Tabela 3: Comprometimento com a entrega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155

    Tabela 4: Fornecedores categorizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

  • XIV

    LISTA DE SIGLAS

    ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    BPO Business Process Outsourcing

    CCQ Crculos de Controle de Qualidade

    CIM Computer Integrad Manufacturing

    CSCMP - Council of Supply Chain Management Professionals

    EDI Eletronic Data Interchange

    EMBRACO Empresa Brasileira de Compressores S.A.

    FMS Flexible Manufacturing Systems

    ISO - International Organization for Standardization

    JIT Just in Time

    MGE Modelo de Gesto EMBRACO

    OHSAS Occupatinal Health Safety Assessment Series

    OTD Order to Delivery

    PNQ Programa Nacional de Qualidade

    PVE Projeto Viso EMBRACO

    QFD Quality Function Deployment

    SCM Supply Chain Mangement

    TQC Total Quality Control

    UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

  • XV

    RESUMO

    KUCHENBECKER, Norberto Fernando. O Processo de Terceirizao e Qualificao de Fornecedores. 2006. 195 pp. Tese de Doutorado Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, SC.

    Este trabalho apresenta uma anlise sobre a terceirizao e a qualificao de fornecedores no mbito da administrao da cadeia logstica. Foi desenvolvido, no perodo entre 2002 e 2005 compreendendo a anlise do perodo de 1990 a 2005, numa organizao do ramo metal-mecnico, lder mundial na fabricao de compressores hermticos para refrigerao. Apresentam-se as mudanas estratgicas ocorridas neste perodo em que a organizao passou por uma fase de transio de fabricante para montadora de compressores. O resultado e a contribuio para o avano cientfico esto na comparao entre teoria e prtica, ou seja, o que a literatura prev sobre prticas de terceirizao e qualificao de fornecedores e o que uma organizao de classe mundial pratica. A metodologia utilizada de um estudo de caso singular, dentro das caractersticas das abordagens qualitativa e contextualista, que se utilizam do modo de anlise longitudinal e histrico. Isto permitiu que trouxesse contribuies para o entendimento da teoria da terceirizao e da qualificao de fornecedores ao estudar a dinmica deste processo. As inferncias tericas constatadas, comparadas com outras realizadas, trazem tambm contribuies sobre este tema. A anlise sobre uma perspectiva humanista, histrica, contextual e processual foi de extrema relevncia para a compreenso da passagem da organizao de produo tradicional para montadora. Palavras-chave: terceirizao, qualificao de fornecedores e administrao da

    cadeia de suprimentos.

  • XVI

    ABSTRACT

    KUCHENBECKER, Norberto Fernando. The Process of Outsourcing and Qualification of Suppliers. 2006. 195 pp. Thesis of Doctorate Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, SC.

    This work presents an analysis on outsourcing and on the qualification of suppliers in the scope of the administration of the logistic chain. It was developed, in the period between 2002 and 2005 analysing the period from 1990 the 2005. An organization in the field of metal-mechanics, world-wide leader in the manufacture of hermetic compressors for refrigeration was taken. The strategical changes which took place in this period are presented while the organization forgoes through a phase of transistion from manufacturer to assembly plant of compressors. The result and the contribution for the scientific advance are in the comparison between practice and theory, or in other words, between what literature foresees on the practice of outsourcing and qualification of suppliers and what an world-wide organization of brings to real practice. The methodology applied is the study of a particular case, from the qualitative and contextualistic approaches inside the longitudinal and historical analysis. This way, it brought contributions for broader understanding of the outsourcing the theory and on the qualification of suppliers when studying the dynamics of this process. The evidenced theoretical inferences, compared to others carried out, also bring contributions on the subject. The analysis on a humanist, historical, contextual and procedural perspective was of extreme relevance for the understanding of the shifting of the organization from traditional production to assembly plant.

    Key-word: outsourcing, qualification of suppliers and administration of the supply chain.

  • I - INTRODUO

    Este captulo tem como objetivo apresentar o problema, a justificativa, os

    objetivos gerais e especficos, bem como as contribuies, limitaes e, por fim, a

    estrutura geral do trabalho.

    1.1. Apresentao do Problema

    Uma das poucas certezas que se tem que tudo muda, e numa velocidade

    surpreendente. Por isso, o entendimento das mudanas permite a elaborao de

    cenrios e a preparao para lidar com as imprevisibilidades.

    O rpido desenvolvimento da tecnologia no final do sculo XX, o remanejamento das estruturas econmicas da poca da Guerra Fria e o extraordinrio crescimento da disponibilidade de informao prenunciaram grandes mudanas na estrutura das empresas para o sculo XXI. (MARTINS e ALT, 2005, p.57).

    As ltimas dcadas puderam testemunhar o comeo do fim da organizao

    tradicional. Num perodo dominado por um nico tipo de organizao, a burocracia

    mecnica cedeu lugar, lentamente, a uma nova era. Impulsionadas por foras

    tecnolgicas, acirrada competio, excesso de ofertas, globalismo, novas

    expectativas dos clientes, participao governamental e a dinmica da fora do

    trabalho, as organizaes esto sendo foradas a se reformularem para sobreviver

    e para prosperar.(NADLER e LIMPERT, 1994).

    nesta reformulao que as organizaes buscam responder rapidamente

    s mudanas, pois no basta sobreviver, necessrio prosperar, crescer com

    solidez e de forma consistente e constante.

    Considerando este cenrio de mudanas estruturais, este trabalho pretende

    descrever os processos de terceirizao e qualificao de fornecedores. A

    incerteza e a turbulncia ambiental constituem um dos principais desafios

  • 2

    enfrentados pelas organizaes contemporneas. (MACHADO-DA-SILVA e

    ALPERSTEDT, 1995, p.310).

    Os problemas encontrados na terceirizao e qualificao de fornecedores

    afetam diretamente e negativamente nas respostas necessrias para lidar com as

    mudanas que ocorrem no cotidiano das organizaes.

    Portanto, a problemtica pode ser resumida da seguinte forma:

    ?? Quais os principais problemas da terceirizao e qualificao de

    fornecedores?

    ?? possvel reverter um caso de terceirizao e qualificao de

    fornecedores?

    ?? O trabalho executado pelo terceirizado apresenta um padro de

    qualidade superior ao executado pela prpria empresa?

    ?? Como garantir a continuidade do trabalho em um nvel de qualidade

    aceitvel?

    ?? Como administrar, de forma paralela, os interesses do terceirizado e

    os interesses da empresa contratante?

    ?? possvel uma fabricante mudar a concepo para tornar-se uma

    montadora?

    ?? Como funciona a interdependncia entre as organizaes contratante

    e terceirizada?

    Portanto, estudar como ocorreu a administrao da base de fornecedores,

    significa estudar, dentro da cadeia de suprimentos, o processo de terceirizao e de

    qualificao de fornecedores. Diante disso, apresenta-se a problemtica da

    seguinte forma: A terceirizao e a qualificao de fornecedores apresentam-se

    como sadas encontradas pelas empresas para o desenvolvimento de seus

    objetivos corporativos e de atendimento ao mercado?

    1.2. Justificativa

    Macbeth (1987), Houliham (1988), Dilworth (1992) e Slack (1993) concordam

    que empresas lderes se valem de diferentes mtodos para melhorar sua

    competitividade. Neste sentido, uma caracterstica importante o fato da empresa

  • 3

    reconhecer que ela est inserida em uma rede de suprimentos da qual fazem parte

    seus clientes, os clientes de seus clientes, seus fornecedores, os fornecedores de

    seus fornecedores (e assim por diante) e estar consciente da interdependncia das

    operaes de todos eles.

    Nas palavras de Shapiro (1985, apud MACBETH, 1987, p.127), reportando

    sobre uma pesquisa realizada entre empresas lderes:

    As firmas [pesquisadas] que foram mais efetivas o foram por causa de sua habilidade para ganhar vantagem competitiva baseadas no estabelecimento estratgico de importantes relaes com fornecedores [...] relaes que possibilitam suas empresas, de uma forma fundamental, a competir efetivamente.

    Devido ao processo de mudana, as organizaes esto sendo

    impulsionadas a redimensionar todas as etapas do ciclo de vida dos seus processos

    produtivos, garantindo preos baixos e qualidade assegurada para manterem o

    mercado e serem ainda mais competitivas. Quando querem melhorar suas

    operaes e aumentar a produtividade, muitas empresas se concentram na reduo

    de custos em todos os departamentos. Mas essa tende a no ser a soluo mais

    inteligente, porque h outros fatores que interessam aos clientes, como rapidez,

    confiabilidade, servio e possibilidade de escolha. (BOVET e JOAS, 2002).

    Esse processo vem acontecendo desde a dcada de 90, a partir da

    intensificao articulada da liberalizao comercial, especialmente dos mercados

    emergentes, e da globalizao produtiva e financeira em escala mundial.

    1.3. Objetivos

    O objetivo geral deste trabalho foi compreender, descrever e analisar o

    processo de terceirizao e de qualificao dos fornecedores na administrao da

    cadeia de suprimentos.

    Neste contexto e partindo do pressuposto de que as mudanas

    organizacionais so constantes e que as organizaes procuram responder

    eficazmente a estas mudanas, o primeiro objetivo especfico deste trabalho foi

    apresentar uma base conceitual sobre competitividade e flexibilidade; fuses,

  • 4

    aquisies e Joint Ventures; administrao da cadeia de suprimentos estrutura e

    evoluo; terceirizao e qualificao de fornecedores.

    O segundo objetivo foi Identificar como ocorreu o processo de terceirizao e

    de qualificao de fornecedores na empresa pesquisada.

    O terceiro objetivo foi verificar as condies em que a terceirizao e a

    qualificao de fornecedores ocorreram.

    Neste estudo, a terceirizao e a qualificao de fornecedores so

    analisadas como adaptaes estratgicas das organizaes para continuarem

    competitivas num ambiente de constantes mudanas. Nesta anlise, a proposta

    examinar esta adaptao estratgica em sua trajetria no tempo, como um processo

    dinmico. Desta forma, este estudo analisou, longitudinalmente (nos ltimos 15

    anos), o processo de terceirizao e de qualificao de fornecedores.

    Deste estudo surgiu o quarto objetivo que foi examinar os principais

    problemas e fragilidades encontradas na passagem da organizao do processo de

    produo tradicional para o processo de terceirizao.

    O quinto objetivo foi identificar o contexto da passagem de uma organizao

    que fabricava integralmente o seu produto e mudou a concepo para tornar-se

    uma montadora.

    1.4. Contribuio e Relevncia do Estudo

    Reagir s mudanas, continuar competitivo, crescer de forma constante e

    ainda lidar com a globalizao o grande desafio das organizaes.

    Embora proliferem na literatura consideraes gerais sobre as necessidades

    de aumento de competitividade, por meio de uma produo mais enxuta, com

    qualidade em ascenso, as experincias prticas de grandes empresas brasileiras

    ainda no foram relatadas suficientemente na literatura acadmica. Isto

    necessrio devido lacuna entre as recomendaes gerais e as implementaes

    que exigem um grau de detalhamento e consideraes contingenciais que muitas

    vezes podem inviabilizar os objetivos de competitividade.

    As organizaes buscam constantemente a reduo de custos e a melhoria

    da qualidade. Bertaglia (2005), afirma que a estratgia de terceirizao tem por

  • 5

    objetivo descartar a atividade que no essencial para se obter uma vantagem

    competitiva e reduzir os riscos relacionados s mudanas de tecnologia ou seleo

    de outros fornecedores.

    A qualificao de fornecedores e a terceirizao so prticas adotadas por

    muitas organizaes, sendo, em muitos casos, questo de sobrevivncia. Diante

    disto, entendendo este processo, por meio da anlise longitudinal, buscou-se

    fornecer respostas necessrias s questes relativas reao s mudanas,

    competitividade, crescimento e globalizao.

    Alm disso, os resultados deste estudo auxiliam os tomadores de deciso

    organizacional e tambm os pesquisadores. Para os tomadores de deciso, o

    trabalho fornece uma perspectiva histrica para avaliar a deciso e os caminhos da

    terceirizao e qualificao de fornecedores. Compreender, verificar, analisar e

    estudar a forma como o processo ocorreu e como a empresa foi lidando com as

    dificuldades, so subsdios para estar melhor preparado para enfrentar os desafios

    da acirrada competitividade internacional. Para os pesquisadores, a possibilidade

    de entender esta dinmica em um segmento da indstria e despertar o interesse de

    novos estudos com novos cortes e em outros segmentos.

    Em sntese, pode-se afirmar que um estudo sobre a forma que uma

    determinada organizao responde s mudanas organizacionais, buscando

    sempre o alto ndice de competitividade internacional, trabalhando eficazmente no

    gerenciamento da cadeia logstica com a terceirizao e qualificao de

    fornecedores, extremamente importante.

    1.5. Limitaes do Estudo

    O estudo partiu do pressuposto de que as mudanas organizacionais so

    inevitveis e que, com a globalizao, este pressuposto fica ainda mais acentuado,

    sendo que as organizaes apresentam resposta para lidar com este fenmeno. Isto

    significa que a reviso da literatura e todas as referncias bibliogrficas esto

    restritas a este limite.

  • 6

    As demais variveis buscam delimitar o tema em questes cruciais para as

    organizaes. Portanto, a reviso da literatura e as referncias bibliogrficas

    apresentam um limite de abrangncia.

    O autor, na condio de principal pesquisador, est sujeito a interpretaes e

    preconceitos. Mesmo que todos os cuidados tenham sido verificados para diminuir a

    interferncia, este fator deve ser considerado.

    1.6. Estrutura do trabalho

    Esta pesquisa est estruturada em 5 captulos, incluindo a introduo.

    No captulo I Introduo, descreveu-se o problema de pesquisa, com a

    questo central: a demarcao do nvel de investigao, relevncia, limitaes e

    objetivos.

    No captulo II Metodologia, foram detalhadas as caractersticas da

    pesquisa, a delimitao, a limitao, a amostragem, a coleta de dados e a trajetria

    metodolgica.

    No captulo III Reviso Terica, desenvolveu-se a reviso bibliogrfica,

    contextualizando a terceirizao e a qualificao de fornecedores como alternativas

    estratgicas para lidar com mudanas referentes ao benchmarking, fuses,

    aquisies e competitividade. Isto, delimitado no campo de estudo da administrao

    da cadeia de suprimentos.

    No captulo IV Estudo de caso EMBRACO, apresentou-se um breve

    histrico da empresa estudada, bem como os princpios, a misso, os valores, a

    estrutura e funcionamento, ou seja, o modelo de gesto. Em seguida, apresentou-se

    o resultado da pesquisa e relao da EMBRACO com seus fornecedores. Finaliza-

    se com a anlise geral do estudo.

    No captulo V Concluses e sugestes, foram destacadas as

    contribuies especficas sobre a terceirizao e a qualificao de fornecedores;

    relatando-se as constataes relevantes sobre o processo de implementao da

    terceirizao e qualificao de fornecedores; apresentando contribuies

    metodologia de pesquisa sobre este tema; formulando-se sugestes para estudos

    posteriores, com base nas hipteses geradas ao longo das entrevistas e da

  • 7

    compilao e anlise dos resultados. Foram tambm analisadas as implicaes

    para a prtica de implementao da terceirizao e qualificao de fornecedores,

    como forma de contribuio especfica para as organizaes que esto envolvidas

    no complexo processo de terceirizar e qualificar fornecedores. Finalizando, foram

    inclusos os apndices, anexos e as referncias.

  • II - METODOLOGIA

    Este captulo descreve a metodologia que foi utilizada para analisar o

    processo de terceirizao e qualificao de fornecedores na administrao da

    cadeia de suprimentos.

    Este estudo descreveu as mudanas organizacionais que ocorreram no

    perodo compreendido entre 1990 e 2005, sendo, desta forma, uma abordagem

    qualitativa, segundo Trivinos (1992), com respaldo em dados quantitativos,

    conforme Ldke e Andr (1986). O perodo dos ltimos 15 anos foi escolhido em

    virtude de apresentar um histrico consistente de mudanas estratgicas e a

    evoluo da logstica para o supply chain management.

    Lakatos e Marconi (2001) definem a pesquisa como estudo que tem como

    objetivo a formulao de um problema com a finalidade de aumentar a familiaridade

    do pesquisador em um ambiente, fato ou fenmeno, para a realizao de pesquisas

    futuras mais precisas ou modificar ou clarificar conceitos. Na pesquisa so

    geralmente empregados procedimentos sistemticos para a obteno e anlise dos

    dados, obtendo-se freqentemente descries tanto quantitativas quanto

    qualitativas do objeto do estudo, devendo o pesquisador analisar todas as inter-

    relaes entre as propriedades do fenmeno, fato ou ambiente estudado.

    Neste sentido, esta pesquisa utiliza-se do estudo de caso para melhor

    explicar o problema, as dificuldades encontradas, os erros cometidos, a

    administrao dos conflitos, as alternativas encontradas e finalmente as solues e

    inovaes implementadas.

    2.1. Caracterstica da Pesquisa e Operacionalizao

    A pesquisa foi conduzida da seguinte forma:

    a) Pesquisa bibliogrfica, contextualizando a terceirizao e qualificao de

    fornecedores na administrao da cadeia de suprimentos como uma

    resposta das organizaes para lidar com mudanas em busca da

    competitividade e flexibilidade;

  • 9

    b) Pesquisa de campo numa organizao de referncia mundial servindo de

    benchmarking para outras organizaes e estudos futuros;

    c) Pesquisa qualitativa, objetivando verificar com profundidade as

    oportunidades e ameaas das mudanas significativas possibilitadas pela

    estratgia de terceirizao e qualificao de fornecedores.

    2.2. Delimitao da Pesquisa

    O estudo de caso, em sua particularidade, s pode aspirar cientificidade

    integrada num processo de pesquisa global, em que o papel da teoria no

    deformado, em que a crtica epistemolgica dos problemas e dos conceitos no

    negligenciada.(BRUYNE et al., 1991).

    A idia da delimitao nas abordagens qualitativas pertinente, at mesmo

    sob o ponto de vista da no generalizao discriminada dos dados e resultados,

    como tambm quanto objetivao dos rumos do estudo.(ROSSETTO, 1998).

    Este estudo delimita-se a uma organizao de classe mundial, partindo do

    pressuposto que a pesquisa realizada em empresas de grande porte possibilita a

    percepo da magnitude e complexidade da estratgia utilizada para lidar com as

    profundas e rpidas mudanas que ocorrem e as alternativas encontradas para as

    respostas rpidas e eficazes.

    2.3. Limitao da Pesquisa

    Partindo do pressuposto de que estudo de caso investigao emprica que

    examina um fenmeno contemporneo em seu contexto real, quando os limites

    entre o fenmeno e o contexto no so claramente evidentes e no qual vrias fontes

    de evidncia so usadas (YIN, 2001), esta pesquisa um estudo de caso.

  • 10

    A reviso da literatura feita por Pettigrew (1985), aponta que, salvo algumas

    excees, de acordo com Berg; Kervasdoue e Kimberly (apud PETTIGREW, 1985),

    a maioria dos estudos sobre mudana so histricas, processuais e contextuais.

    A maioria dos estudos de mudanas estratgicas analisa a organizao em

    um perodo curto de tempo, utilizando mtodos quantitativos, desprezando a histria

    da organizao e buscando determinar somente o que mudou.

    Esse enfoque acarreta deficincias analticas nos estudos de mudana que

    tm a tendncia de descrev-las sem relacionar as condies antecedentes que

    devem ter influenciado suas implantaes; e mais significativamente, a limitada

    tentativa para colocar os esforos da definio das mudanas no contexto das

    foras culturais e polticas dentro da organizao, e as amplas foras econmicas e

    competitivas com as quais a organizao deve operar.(ROSSETTO, 1998).

    Em virtude disto, este estudo de caso situa-se no perodo de 15 anos (1990

    2005), coincidindo com o perodo de abertura do mercado brasileiro para o mercado

    internacional e conseqentemente o aumento significativo da concorrncia e das

    mudanas organizacionais.

    A sugesto apresentada por Pettigrew (1985), para resolver as deficincias

    da literatura a respeito do estudo da mudana, encorajar estudos que sejam

    contextualistas e processuais.

    Existem, porm, poucos estudos sobre o processo de mudana que revelam

    algum tipo de preocupao com o carter temporal e contextual. O que ocorre

    este processo ser tratado como um episdio simples, desligado de antecedentes ou

    eventos que lhe do forma, significado e substncia (PETTIGREW, 1989). A

    mudana tratada como se tivesse um incio e fim, quando o que ocorre que a

    mudana contnua e permanente. Portanto, o presente estudo contemplou a

    abordagem contextualista, mas diferenciou-se dela em dois aspectos. So eles: o

    conceito de nvel de anlise e os prprios nveis de anlise defendidos por

    Pettigrew (1987).

    Este estudo apresenta como perodo final da pesquisa o ano de 2005. Isso

    deve-se ao fato da necessidade de apresentar um horizonte definido de tempo, no

    entanto, pesquisa futuras podem e devem continuar na linha de pensamento de

    Pettigrew, ou seja, continuar estudando as mudanas contnuas e permanentes.

  • 11

    Segundo Cunha (1996), o conceito de nvel de anlise proposto por

    Pettigrew (1987) concebe primeiro uma viso individualizada, sendo que o

    pesquisador que separa claramente o que pertence a cada um dos nveis:

    economia, setor e empresa. Segundo, que a influncia do nvel economia, no nvel

    empresa, seguem sempre pelo nvel setor, no sendo admitido que o primeiro possa

    influenciar diretamente o ltimo.

    O primeiro argumento rebatido citando Miles e Snow (1978); Miles (1980) e

    Scott (1981), que afirmam ser muito difcil definir os limites entre a empresa e seu

    ambiente. O segundo argumento, de que h uma hierarquia entre os nveis muito

    questionvel. Estudos mostram que, especialmente em pases do terceiro mundo, o

    governo, normalmente, tem influncia direta nas organizaes.(AUSTIN, 1990).

    Outro aspecto a considerar, resultado de trabalhos realizados por Orssatto e

    Cunha (1995); Orssatto (1995); Mello (1997) e Martignago (1998) no NEST - Ncleo

    de Estudos Estratgicos do Programa de Ps-Graduao em Engenharia de

    Produo da Universidade Federal de Santa Catarina, que muitos eventos

    (polticos e sociais), que influenciam as mudanas organizacionais, no podem ser

    explicados pelo modelo de Pettigrew (1987), dado que no so classificados em

    nenhum nvel desta abordagem.

    Estas influncias podem, muitas vezes, estar relacionadas ao ambiente

    institucional. Por esta razo, prope-se estudar as mudanas estratgicas,

    utilizando-se, em vez do conceito de nveis, o conceito de campo organizacional.

    (DIMAGGIO e POWELL, 1991).

    Campo organizacional inclui atores e suas aes, conforme enfatizam

    DiMaggio e Powell (1983). Os atores so organizaes ou agentes que interagem

    diretamente por meio da troca ou indiretamente pela competio.

    Cunha (1996) define campo organizacional como sendo o espao de poder -

    formado por atores e fatos - no qual os atores, importantes para a organizao e a

    prpria organizao, agem buscando atingir seus objetivos.

    Aqui subscrito o argumento de Meyer e Scott (1983), que o contexto do

    campo interorganizacional o nvel apropriado de anlise para entender a relao

    entre uma evoluo estrutural do campo e as mudanas em suas prticas

    institucionais. Incorporando as redes, cultura e elementos histricos, o campo

  • 12

    interorganizacional fornece um proveitoso contexto para traar e interpretar a

    natureza e o processo da mudana.

    Na operacionalizao do estudo do campo organizacional, considerou-se

    que ele constitudo de dimenses: institucional e tcnico-econmica. O conceito

    de dimenso apresenta algumas caractersticas que esto ligadas convico da

    necessidade de se estudar a adaptao organizacional a partir de uma perspectiva

    mais dinmica e mais prxima da realidade. (CUNHA, 1996).

    Portanto, a proposta deste estudo desenvolver uma pesquisa de carter

    contextualista, segundo Pettigrew (1987), utilizando o conceito de campo

    organizacional de Meyer e Scott (1983) composto de duas dimenses: tcnica-

    econmica e institucional, de maneira histrica, de acordo com Kimberly (1976) e

    com a estratgia de estudo multi-caso de Yin (2001).

    2.4. Populao e Amostragem

    Ao contrrio do que ocorre com os estudos quantitativos, nos estudos

    qualitativos no possvel indicar, inicialmente, quantos e quais so os sujeitos

    envolvidos, embora sempre seja possvel indicar alguns, bem como a forma pela

    qual se pretende selecionar os demais. (ALVES, 1991).

    Lincoln e Guba (apud ALVES, 1991) sugerem que o processo de seleo dos

    participantes tenha as seguintes etapas: identificao dos participantes iniciais;

    emergncia ordenada da amostra; focalizao contnua da amostra e encerramento

    da coleta.

    Miles e Huberman (1984) argumentam que o fato de se delimitar os

    participantes do estudo somente por aqueles ditos principais, pode resultar na

    perda de informaes importantes. Eles recomendam que sejam estudados outros

    sujeitos, que denominam coadjuvantes e excludos.

    A sugesto de Miles e Huberman (1984) corrobora a de Patton (1986), ambos

    concluem que a amostra que proporciona a maior variao de participantes ,

    geralmente, a de maior utilidade em estudos qualitativos.

    Este estudo foi realizado em uma organizao multinacional do ramo metal-

    mecnico. A representatividade da organizao se deve utilizao da tcnica de

  • 13

    definio da amostra, a amostragem intencional, de acordo com Selltiz (1987). A

    escolha intencional apresenta a amostra qualitativa dos sujeitos sociais que

    detinham os atributos que o investigador pretendeu conhecer.

    A investigao desenvolveu-se por meio de entrevistas com os integrantes da

    direo da organizao, direo esta denominada de coalizo dominante, segundo

    definio de Child (1972) e Child e Smith (1987).

    Esses integrantes sugeriram os demais profissionais que deveriam ser

    entrevistados e s reas da organizao que deveriam ser visitadas. A investigao

    realizada primeiramente com membros da direo, ou seja, da coalizo dominante,

    permite ao investigador a formulao de questionrio mais consistente e eficaz na

    busca das informaes realmente importantes para o trabalho proposto.

    Partindo das sugestes da direo, foram entrevistados integrantes que

    ocupavam cargos em nvel hierrquico inferior, mas que participaram de algum dos

    acontecimentos que tivessem sido relevantes, com o objetivo de dar maior

    consistncia e fornecer mais subsdios ao estudo. A escolha desses integrantes

    deu-se pela representatividade de diversas reas da empresa e participantes

    diretos e indiretos do processo de qualificao e desenvolvimento de fornecedores.

    2.5. Coleta e Anlise de Dados

    O estudo de caso provm de algumas fontes de coleta de dados

    mencionadas por Yin (2001): documentos, registro de arquivos, entrevistas,

    observao direta (ou no-participante), observao participante e artefatos fsicos

    e culturais. aconselhvel o uso de fontes mltiplas de evidncia para se obter

    uma investigao mais completa e eficaz.

    No estudo qualitativo, as atividades de coleta e anlise dos dados se

    desenvolveram em interao dinmica, retroalimentando-se, reformulando-se

    constantemente, de maneira que, por exemplo, a coleta de dados num instante

    deixou de ser tal e foi anlise de dados, e esta, em seguida, transformou-se em

    veculo para nova busca de informaes, conforme recomenda Trivios (1992).

    Eisenhardt (1989) recomenda que mltiplos mtodos de coleta de

    informaes devem ser utilizados, de forma a permitir a triangulao de evidncias.

  • 14

    Nesta pesquisa, especificamente, alm de um questionrio previamente

    desenvolvido, utilizou de um gravador e anotaes, seguindo sempre a mesma

    lgica de conduo da entrevista. O pesquisador j tinha hipteses concebidas e

    buscou nas entrevistas a concordncia ou no com o previamente definido. Todas

    as anotaes e gravaes foram revisadas diversas vezes e na constatao de

    dvidas, os entrevistados eram novamente argidos.

    2.5.1. Tipos de dados utilizados

    Realizou-se um estudo de normas, procedimentos, manuais e informativos

    para estabelecer um roteiro de pesquisa e entrevistas. Diante dessas informaes,

    foi possvel verificar a relao do ambiente objetivo com o subjetivo.

    Portanto, os dados utilizados originaram-se de vrias fontes e de maneira

    sistemtica, pode-se descrev-los da seguinte forma:

    a) Dados primrios: obtidos em estudo de campo, por meio de entrevistas

    semi-estruturadas, descritas por Minayo (1993), que possibilitaram ao

    entrevistado discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condies

    prefixadas pelo pesquisador (apndice A). Entrevistas semi-estruturadas

    (alguns questionamentos bsicos, que permitem a abertura e conduo da

    entrevista, conforme o perfil do entrevistado) e observao no participante

    (que permite informaes no previstas, porm significativas para o estudo),

    captando novos elementos da realidade que podem ser contemplados com

    dimenses mais amplas. (RICHARDSON, 1989).

    b) Dados secundrios: foram obtidos, por meio da anlise de comunicaes

    internas, guias departamentais, procedimentos, instrues de trabalhos,

    registros, documentos, relatrios, organogramas, atas de reunies,

    memorandos, bem como outras fontes de evidncia que confirmem e/ou

    complementem os dados obtidos pelas fontes primrias.

    Quanto ao tratamento dos dados, a anlise dos mesmos foi

    predominantemente de forma descritivo-qualitativa. Para a anlise dos dados

    primrios utilizam-se tcnicas de contedo. A anlise de contedo um conjunto de

  • 15

    tcnicas de anlise das comunicaes, para conseguir, a partir de procedimentos

    sistemticos e objetivos de descrio do contedo de mensagens, os indicadores de

    quantidade ou no, que permitam inferir conhecimentos relativos s condies de

    produo/recepo dessas mensagens. (RICHARDSON, 1989).

    Para a anlise dos dados secundrios foram utilizadas tcnicas de anlise

    documental, definida como operao ou conjunto de operaes, que visam

    representar o contedo de um documento sob a forma diferente da original, a fim de

    facilitar, num estado ulterior, a sua consulta e referenciao. (BARDIN, 1988).

    2.6. Trajetria Metodolgica

    O primeiro contato especfico com a organizao pesquisada aconteceu em

    2002. A estratgia utilizada foi de realizar uma conversa preliminar com o gestor da

    rea de materiais. Atravs do gestor foram agendadas e realizadas reunies com

    demais profissionais da equipe deste departamento.

    Naquela oportunidade foi feito um resgate histrico da organizao. Nas

    reunies foi discutido e contextualizado os motivos e necessidades que fizeram com

    que trs organizaes idealizassem a criao de uma empresa fornecedora de um

    produto que na poca era importado.

    Desta forma, outras reunies aconteceram com o objetivo de entender o motivo

    de o ano de 1990 ser o mais recomendvel para determinar o incio dos

    apontamentos dos eventos ligados terceirizao e qualificao de fornecedores. A

    concluso foi que a mudana em 1989 no comando da organizao foi o fator

    preponderante para as mudanas que viriam desta data em diante.

    A relao da EMBRACO com os seus fornecedores intensificou-se em 1990 nas

    reas de servios e desta forma, a dcada de 90 ficou marcada pelas terceirizaes

    e criao de uma diretoria de logstica. Aliado a tudo isso, foi tambm nessa poca

    a internacionalizao da organizao com a abertura de filiais em outros

    continentes.

    Resumindo, este trabalho inicia-se pela pesquisa bibliogrfica, formando a

    fundamentao terica da pesquisa. So ento descritos os objetivos da pesquisa

    (figura 01). Verifica-se aps a Logstica e Supply Chain Management que induziram

  • 16

    ao estudo do processo de terceirizao e qualificao de fornecedores. A opo

    metodolgica foi por um estudo de caso, possibilitando dessa forma um estudo

    profundo de uma organizao que nasceu como fornecedora, cresceu a ponto de

    ser maior que as idealizadoras, tornou-se autosuficiente e depois de dcadas

    transforma-se de fabricante para montadora. Ento, foi feito a coleta de dados

    mediante entrevistas com participantes direto do processo de terceirizao e

    qualificao de fornecedores. Todas entrevistas foram gravadas e depois transcritas

    no trabalho. Do estudo da relao EMBRACO com seus fornecedores foi idenficado

    vrios eventos de terceirizao e qualificao de fornecedores no perodo de 15

    anos (1990 2005). Foi tambm identificado vrios conceitos e teorias e por fim

    feito a anlise e concluses.

  • 17

    Figura 01:Modelo de Pesquisa Fonte: O prprio autor

    Neste estudo de caso foram realizadas mais de 30 entrevistas e reunies.

    Percebeu-se que o trabalho ficou realmente consistente na medida que os diretores

    Terceirizao e Qualificao de Fornecedores

    Coleta de dados (Entrevistas)

    Identificao conceitos/teorias

    Relao EMBRACO com seus fornecedores

    Anlises

    Concluses

    Estudo de Caso Pesquisa Qualitativa

    Terceirizao

    Pesquisa Bibliogrfica

    Objetivos da Pesquisa

    Logstica

    Supply Chain Management

    Qualificao de Fornecedores

  • 18

    sugeriram os entrevistados. Algumas entrevistas realizadas previamente, pouco

    acrescentaram ao contedo do trabalho.

  • III - REVISO TERICA

    Este captulo tem como objetivo desenvolver uma base conceitual,

    apresentando uma reviso da literatura, que no esgota o referencial terico, mas

    pretende sustentar o desenvolvimento do trabalho. Desta forma, pretende-se, a

    partir da fundamentao adotada, analisar os elementos estruturais que compe o

    processo de terceirizao e de qualificao de fornecedores.

    Esta reviso est assim estruturada: primeiro trata-se da competitividade,

    flexibilidade e estratgias de crescimento; depois sobre logstica, benchmarking,

    fuses e aquisies como alternativas para lidar com a competitividade; na

    seqncia discute sobre o supply chain management SCM como a evoluo da

    logstica e por fim delimita o estudo na terceirizao e qualificao de fornecedores

    dentro do SCM.

    3.1. Competitividade e Flexibilidade

    Numa era de mudanas constantes e muito rpidas, a competitividade

    determina o rearranjo organizacional. Desta forma, busca-se constantemente as

    respostas e aes para sobreviver e crescer. Neste item, apresenta-se e discute-se

    este fenmeno.

    A origem do termo competitividade est em competir (do latim, com-petere)

    que conota disputar, rivalizar, pertencer por direito, ser de competncia de.

    Curiosamente, a palavra possui a mesma raiz de competncia, que a capacidade,

    habilidade e aptido. Assim, competitividade e competncia esto semanticamente

    relacionadas.

    A competitividade est ligada ao sucesso e ao fracasso de uma organizao

    que, para Kotler (1988), afetado tanto pelo pblico quanto pela concorrncia. O

    pblico so indivduos que podem desenvolver atitudes em relao organizao,

    incluindo instituies financeiras, imprensa, governo, rgo de defesa do

  • 20

    consumidor, comunidade local, entre outros. J a concorrncia contribui

    particularmente para a maneira como as atividades so desempenhadas,

    incentivando inovaes e aperfeioamentos.

    A razo pela qual as empresas obtm xito ou falham instiga vrios autores

    pesquisa, dentre os quais pode-se mencionar Porter (1985), Hamel e Prahalad

    (1989) e Hamel e Prahalad, (1993). Porter (1985) se aprofundou na busca da

    resposta questo, apontando a necessidade de uma teoria que unisse as

    circunstncias do ambiente ao comportamento da empresa para transacionar

    resultados. Para este autor, o sucesso funo da atratividade da indstria

    (ameaa de entrada, de substituio, da rivalidade entre os concorrentes e do poder

    de negociao dos compradores e fornecedores), dos seus recursos e de sua

    posio relativa, que o resultado de uma estratgia (Figura 02).

    Isto significa que a organizao que melhor conhecer a sua cadeia e a de

    seus concorrentes ter maior probabilidade de estabelecer estratgias que

    possibilitem obter melhor desempenho. A estratgia representa as escolhas que a

    organizao faz e descreve a sua relao com o ambiente ou ecossistema.

    Fatores Fatores

    Internos Externos

    Pontos

    Fortes e

    Fracos

    ? ?

    Ameaas

    e

    oportunidades

    ?

    ?

    Estratgia

    Competitiva

    ?

    ? Valores Pessoais

    dos

    Principais

    Implementadores

    ? ?

    Expectativas

    mais

    Amplas da

    Sociedade

    Figura 2:Contexto em que a estratgia competitiva formulada Fonte: Porter (1991)

  • 21

    A competitividade pressupe a existncia de organizaes concorrentes que

    buscam atender a um determinado mercado. Ela representa a capacidade de

    competio de uma organizao e o grau com que disputa a preferncia dos

    consumidores.

    Chopra e Meindl (2003) afirmam que a estratgia competitiva de uma

    empresa define o conjunto de necessidades do consumidor que ela pretende

    satisfazer por meio de seus produtos e servios. Na seqncia, a apresentao da

    Figura 3, que representa a cadeia de valor vlida para qualquer organizao e

    contribui para a compreenso da relao entre estratgia competitiva e estratgia

    de cadeia de suprimentos.

    Finanas, Contabilidade, Tecnologia da Informao, Recursos Humanos

    Desenvolvimento Marketing

    de e Operaes Distribuio Servio

    novos produtos Vendas

    Figura 3 - A cadeia de valor na empresa Fonte: Chopra e Mendl (2003).

    A cadeia de valor comea com o desenvolvimento de novos produtos, que

    cria especificaes para os mesmos. Marketing e vendas geram demanda,

    divulgando as prioridades do cliente a quem os produtos e os servios devero

    satisfazer. Alm disso, o marketing leva o input do consumidor de volta ao

    desenvolvimento de novos produtos. Utilizando as especificaes do novo produto,

    as operaes transformam os inputs em outputs para a produo da mercadoria. A

    distribuio tanto pode levar o produto ao cliente quanto trazer o cliente ao produto.

    O servio responde s solicitaes do cliente durante ou aps a venda. Essas so

    funes essenciais que devem ser realizadas para que se obtenha xito na venda.

    Finanas, contabilidade, tecnologia da informao e recursos humanos apiam e

    facilitam o funcionamento da cadeia de valor.

    Lee-Young e Barnett (2001) comentam que as operaes globais e as

    cadeias de suprimentos globais esto transformando-se numa realidade na

    economia atual. A teoria econmica clssica sugere que cada nao tem alguma

  • 22

    vantagem competitiva que permite que especialize e execute uma atividade

    relativamente mais eficientemente do que outras naes.

    Karsaklian e Rodrigues (1991, p. 5) citando Fisk (1969), conceituam a

    competio como a rivalidade organizada para atingir alguma meta ou ainda,

    referenciando-se a Alderson (1957), como uma guerra de movimentos na qual um

    dos participantes, a todo momento, est em busca de estratgias que melhorem a

    sua posio relativa.

    No novo modelo de empresa, constata-se a tendncia diminuio do

    nmero de nveis hierrquicos envolvidos nos processos decisrios e maior

    delegao de poderes no interior das cadeias de comando, havendo tambm o

    aumento da densidade do fluxo de informaes horizontais. Os novos atributos da

    gesto empresarial modificam as suas fronteiras, alterando de maneira radical as

    normas que regulam sua relao com clientes e fornecedores. A competitividade

    legtima est fortemente vinculada incorporao de progresso tcnico, dinamismo

    industrial e elevao da produtividade. (FAJNZYLBER, 1988).

    Contudo, as medidas financeiras por si prprias traam um quadro

    incompleto das operaes das empresas. Isto pode ser complementado com um

    conjunto de medidas operacionais que permita melhorar a apreenso da forma

    como o sistema logstico analisado. Especificamente: custos, qualidade, servio e

    flexibilidade. (BUIAR e HATAKEYAMA, 1996).

    3.1.1. Flexibilidade

    A noo de flexibilidade, hoje considerada ponto-chave da reestruturao

    industrial, tem seu escopo ampliado. No basta associ-la superao dos

    aspectos rgidos do modelo fordista de produo.

    Para Carlsson (1989), a flexibilidade deve englobar a habilidade para lidar

    no apenas com flutuaes de demanda, mas com todas as formas de turbulncia

    no ambiente. Isto porque flutuaes na demanda representam apenas um aspecto

    do ambiente das empresas que exige flexibilidade. Mudanas no mercado dos

    produtos da empresa podem ocorrer devido mudana tecnolgica: novos produtos

  • 23

    podem surgir, assim como melhorias nos produtos j existentes, na forma de maior

    qualidade, novas variedades ou novas tecnologias. A mudana tecnolgica tambm

    pode afetar o sistema produtivo por meio de novos maquinrios, metodologias de

    produo, e novos sistemas de gerenciamento e controle.

    A flexibilidade pode ento ser definida num dado contexto, num espao

    produto-processo-mercado, em que intervm dimenses e critrios de avaliao

    (eficincia) intra e extra empresa, alm de sua prpria estratgia, sendo uma

    varivel de segunda ordem. Por sua vez, a flexibilidade pode ser orientada para

    uma perspectiva microeconmica interna e externa, conforme apresentado a

    seguir. (BUIAR e HATAKEYAMA, 1996).

    A Flexibilidade Microeconmica Interna refere-se possibilidade da empresa

    ajustar sua organizao interna s variaes cclicas. Diversos autores como

    Zarifian (1990), Salerno (1991), Araneda (1992) e Slack (1993), consideram de

    fundamental importncia a anlise dos recursos envolvidos nos processos

    produtivos, que contribuem para a flexibilidade do sistema de produo. Estes

    recursos representam o motor potencializador, tanto da capacidade de resposta (a

    rapidez em que uma operao pode ser mudada), bem como de faixa de mudana

    na operao (em que medida uma operao pode ser mudada).

    A flexibilidade microeconmica interna pode, ser subdividida em: flexibilidade

    da tecnologia e organizao da produo e flexibilidade da gesto dos recursos

    humanos.

    A Flexibilidade da Tecnologia e Organizao da Produo refere-se ao

    padro tcnico-organizacional da empresa. Incorpora uma anlise que vai desde as

    inovaes em produto e processo, novos equipamentos (mquinas flexveis ou

    sistemas de transmisso eletrnica de dados, como EDI e Internet), at algumas

    tcnicas de trabalho (CCQ - Crculos de Controle de Qualidade; TQC - Total Quality

    Control ou JIT - Just in Time).

    A Flexibilidade da Gesto dos Recursos Humanos, por sua vez, refere-se

    prtica de estratgias que resultem em mudanas que atinjam os processos de

    trabalho e as relaes com os trabalhadores. Trata-se ento de alteraes no

    controle do trabalho, na qualificao do trabalhador, na sua participao efetiva no

    processo de trabalho, modificaes na estrutura e nos nveis hierrquicos, novas

    formas de motivao (poltica salarial e de benefcios), modificaes na jornada de

  • 24

    trabalho, desenvolvimento do trabalho em equipe e programa de treinamento para

    maior qualificao do trabalhador.

    A Flexibilidade Microeconmica Externa diz respeito a todas as prticas

    desenvolvidas pela empresa no sentido de externalizar (flexibilidade de

    externalizaes) e terceirizar o efeito dos choques sofridos por ela, tais como a

    externalizao de servios, sendo que parcelas do processo produtivo so

    repassadas a terceiros por meio de venda, aluguel ou cesso de mquinas. Refere-

    se tambm ao desenvolvimento de relaes com fornecedores e compradores, no

    que tange s exigncias de confiana, qualidade e cooperao.

    3.1.2. Tipologia da Flexibilidade Microeconmica

    Existe, na literatura, um nmero muito grande de tipologias estruturadas a

    respeito da categorizao das dimenses de flexibilidade, mas para o escopo da

    presente anlise, a tipologia a ser avaliada, est embasada na proposta

    desenvolvida por Gervin e Kolodny (1992) e Slack (1993), sendo classificada em:

    - Flexibilidade de Produto - Habilidade de produzir novos produtos ou de

    modificar os existentes.

    - Flexibilidade de Mix de Produtos Habilidade em mudar a variedade dos

    produtos que esto sendo feitos pela operao dentro de um dado perodo de

    tempo.

    - Flexibilidade de Volume Habilidade da linha em lidar com flutuaes

    quantitativas em relao s mudanas na demanda.

    - Flexibilidade de Entrega - Habilidade em mudar datas de entrega

    planejadas ou assumidas.

    A anlise e avaliao destes quatro tipos de flexibilidade possibilitam o

    entendimento necessrio para detectar o grau de complexidade da gesto de

    produo da EMBRACO, permitindo assim a verificao do perfil da empresa

    terceirizada.

  • 25

    3.2. Fuses, Aquisies e Joint Ventures

    Para lidar com a competitividade, a estratgia de crescimento uma

    alternativa possvel, uma vez que possibilita que as organizaes adotem prticas

    de joint venture, fuses e aquisies.

    Conforme Certo e Peter (1993), na formulao de estratgia se inserem

    estratgias de crescimento, nas quais normalmente as organizaes procuram

    crescimento nas vendas, lucros, participao no mercado ou mesmo outras medidas

    como objetivo principal. Estas estratgias podem ser perseguidas por meio de

    recursos como a integrao vertical, integrao horizontal, diversificao e fuses e

    joint ventures.

    A integrao vertical uma estratgia que envolve o crescimento pela

    aquisio de outras organizaes num canal de distribuio. Quando uma

    organizao adquire outras companhias que a suprem, ela se compromete na

    integrao inversa.

    A organizao que adquire outras empresas que estejam mais prximas dos

    usurios finais do produto (tais como atacadistas e varejistas) est comprometida na

    integrao direta. A integrao vertical usada para obter maior controle sobre uma

    linha de negcios e aumentar os lucros mediante maior eficincia, ou melhor,

    esforo de vendas.

    A integrao horizontal envolve o crescimento pela aquisio de empresas

    concorrentes numa mesma linha de negcios. adotada num esforo para

    aumentar seu porte, vendas, lucros e participao potencial no mercado de uma

    organizao. Esta estratgia algumas vezes usada por empresas menores, numa

    indstria dominada por um ou por poucos grandes concorrentes, tais como

    refrigerantes e indstria de computadores.

    A diversificao envolve o crescimento com a aquisio de empresas em

    outras indstrias ou linhas de negcios. Quando a empresa adquirida tem produo,

    tecnologia, produtos, canais de distribuio e/ou mercados similares aos da

    empresa compradora, a estratgia chamada de diversificao relacionada ou

    concentrada, sendo utilizada quando a organizao pode adquirir maior eficincia

    ou impacto no mercado pelo uso de recursos compartilhados.

  • 26

    Quando a empresa adquirida de uma linha de negcios completamente

    diferente, a estratgia chamada de diversificao no-relacionada ou

    conglomerada, sendo usada por uma ou mais das seguintes razes:

    a. Organizaes em indstrias de crescimento lento podem adquirir

    empresas em indstrias de crescimento rpido, para aumentar sua taxa

    de crescimento global.

    b. Organizaes com excesso de caixa freqentemente descobrem que o

    investimento em outra indstria (especialmente uma em rpido

    crescimento) constitui uma estratgia lucrativa.

    c. As organizaes podem diversificar-se para diluir seus riscos em

    diversas indstrias.

    d. A organizao adquirente pode ter administrao talentosa, recursos

    financeiros e tcnicos ou conhecimento de mercado que podem ser

    aplicados em outra empresa fraca de outro ramo industrial na esperana

    de torn-la altamente lucrativa.

    Uma organizao tambm pode crescer com fuses e joint ventures. Na

    fuso, uma companhia se une a outra para formar nova organizao. Na joint

    venture, uma organizao trabalha com outra em projeto muito grande para ser

    controlado somente por ela, tal como alguns elementos do programa espacial. Joint

    ventures so alianas formalizadas, unindo duas ou mais organizaes

    independentes e resultando em: criao de uma nova entidade independente;

    alocao de propriedade, responsabilidade operacionais e riscos e compensaes

    financeiras para cada patrocinador, com a manuteno de sua identidade/

    autonomia prpria e equipe gerencial independente.

    Joint venture por aquisio verso hbrida, em que uma empresa adquire

    participao de 50% de uma diviso subsidiria de outra empresa, da qual , ento,

    desmembrada, tornando-se corporao independente de joint venture.

    Similarmente, organizaes de diferentes pases podem trabalhar juntas para

    contornar barreiras comerciais no mercado internacional ou compartilhar recursos

    mais eficientemente. (LYNCH, 1994).

    Quando ocorrem fuses e aquisies entre empresas da mesma indstria

    bsica, Certo e Peter (1993) denominam o fato como estratgia de mudana radical,

    pois envolve uma reorganizao maior dentro da empresa. Tais aquisies podem

  • 27

    ser particularmente complexas, quando so feitas tentativas de integrar

    completamente as duas empresas. A empresa adquirente no somente obtm novos

    produtos e mercados, como tambm enfrenta problemas legais, a complexidade de

    desenvolver nova estrutura organizacional e, muito freqentemente, a necessidade

    de reconciliar valores e crenas organizacionais conflitantes.

    Uma forma de redirecionamento organizacional envolve fuses e aquisies

    de empresas de indstrias diferentes. O grau de mudana estratgica depende de

    quo diferentes sejam as indstrias e de quo centralizada seja a administrao da

    nova empresa.

    Conforme Porter (1991), a entrada em um negcio mediante aquisio est

    sujeita a uma metodologia analtica inteiramente diferente da entrada mediante

    desenvolvimento interno, porque a aquisio no acrescenta uma nova empresa

    indstria no sentido direto.

    O ponto crtico o reconhecimento de que o preo de uma aquisio

    estabelecido no mercado de companhias, no qual os proprietrios de companhias

    (ou unidades empresariais) so os vendedores e as companhias adquirentes so os

    compradores.

    Na maior parte das naes industrializadas, particularmente nos Estados

    Unidos, este um mercado bastante ativo: muitas companhias so compradas e

    vendidas todos os anos. O mercado muito organizado: envolve descobridores,

    corretores e banqueiros de investimento, todos procurando aproximar os

    compradores e os vendedores. Freqentemente obtm grandes comisses para

    fazer isto. O mercado se tornou mais organizado nos ltimos anos; os intermedirios

    e os participantes se tornaram mais sofisticados; historicamente o mercado de

    companhias funcionava com muito menos formalidade, utilizando-se

    predominantemente de contatos pessoais. (KUCHENBECKER, 1998).

    Os intermedirios agora trabalham ativamente para gerar mltiplos licitantes

    para as empresas que esto venda, e lances mltiplos so comuns.

    O mercado de companhias tambm um mercado sobre o qual muito se tem

    escrito na imprensa e muitas estatsticas so agora coletadas. Tais fatores sugerem

    que o mercado ir funcionar de maneira relativamente eficiente.

    Um mercado de companhias eficiente trabalha para eliminar quaisquer lucros

    acima da mdia na realizao de aquisies. Se uma companhia dispuser de slida

  • 28

    administrao e de atraentes perspectivas para o futuro, o seu preo de cotao no

    mercado ser elevado.

    Se, por outro lado, o seu futuro for duvidoso, ou se ela necessitar de aportes

    macios de capital, o seu preo de venda ser baixo em relao ao seu valor

    contbil. Desde que o mercado de companhias esteja funcionando com eficincia, o

    preo de uma aquisio eliminar a maior parte dos retornos para o comprador.

    As fuses e aquisies empresariais so freqentemente destacadas por sua

    importncia em iniciativas de crescimento ou reestruturao estratgica das

    corporaes. No Brasil, essas operaes esto se configurando como um veculo

    importante utilizado pelas empresas para adaptar-se s foras de mudanas na

    economia e constituem uma frmula utilizada para a reorientao e renovao

    dessas empresas. Na ltima dcada, aumentou consideravelmente o nmero de

    companhias que buscam essa alternativa estratgica como forma de ganhar em

    tamanho e fora de alcanar um melhor equilbrio em suas operaes, de elevar o

    nvel tecnolgico de suas linhas de produo e lograr economias de escala assim

    como alcanar maior cobertura de mercado. Por sua vez, as informaes dos

    primeiros anos da dcada de 90 (BNDES, 1994), parecem indicar que as aquisies

    continuaro sendo tema que desperta muita ateno no Brasil (BARBOSA, 1996),

    pois se percebe o rpido processo de abertura das economias nacionais para uma

    economia mais global (internacional), funo de uma srie de fatores emergentes

    aps o final da Segunda Guerra mundial.

    A globalizao da economia est fortemente baseada no crescente

    desenvolvimento tecnolgico e social, com importantes avanos na ruptura das

    barreiras existentes individualmente em cada pas. (LOUREIRO e SANTOS, 1991).

    Por globalizao entende-se o conjunto de transformaes ocorridas na

    economia mundial desde o final da Segunda Guerra e, principalmente, a partir da

    dcada de 80, que tm levado integrao dos mercados de bens, de servios e de

    capital. Essas transformaes vm seguindo as mudanas nas bases tecnolgicas,

    produtivas, comerciais e financeiras do capitalismo internacional. (GOLDENSTEIN,

    1994).

    Mccann e Gilkey (1990) propem, em seu modelo, que os resultados da

    aquisio dependem do ajuste financeiro, estratgico e organizativo entre as

    empresas. Ainda que apresentem os trs ajustes como condies necessrias para

  • 29

    o xito da aquisio, os autores se centram em seu estudo sobre o ajuste

    organizativo.

    Jemison e Sitkin (1986) expem em seu modelo que alm da

    complementaridade organizativa e estratgica, o prprio processo de aquisio

    condio essencial para o xito da operao.

    O modelo de Hunt (1990) prope que o xito ou fracasso de uma aquisio

    um processo interpessoal, e que esse processo, em seu conjunto, o determinante

    mais importante dessa operao.

    O grande desenvolvimento das aquisies ocorreu, principalmente, nos

    Estados Unidos dos anos oitenta (BRUSCH, 1996; MOROSINI e SING, 1994; SALK,

    1994), sendo que toda a teoria das aquisies estava baseada nos fatores de

    compatibilidade estratgica entre a adquirente e a adquirida.

    Brush (1996) afirma que o grande avano das aquisies na dcada de

    oitenta foi superior ao da primeira onda de aquisies dos anos sessenta (primeiro

    boom) no tocante a performance. Este desempenho maior pode ser dependente do

    fato de que houve um crescimento de oportunidades para compartilhar recursos ou

    atividades entre a adquirida e adquirente.

    O controle do cenrio internacional continua sendo exercido pelos pases

    centrais, ainda que o antigo mundo polarizado entre capitalistas, liderado pelos

    Estados Unidos, e socialistas, sob o comando da ex-Unio Sovitica, tenha sido

    extinto. Na verdade, esta dicotomia deixou de ser predominantemente ideolgica

    para centrar-se nos aspectos polticos e econmicos. De fato, a diviso entre pases

    com a qual se convive hoje baseada na influncia sobre a poltica internacional e

    no poderio econmico de cada um deles. Porm, ao contrrio do passado, no h

    atores que consigam dominar o sistema poltico-econmico de maneira

    inquestionvel e sem depender do apoio dos demais membros do elenco, mesmo

    que estes no estejam em condies de impor totalmente seus desejos. possvel

    notar que, mesmo aps os Estados Unidos terem sido ungidos categoria de nica

    potncia mundial em virtude da desintegrao do Leste europeu e da Unio

    Sovitica, h poucos estudiosos que acreditam em uma virtual pax americana tal

    como desejada pelo ex-presidente George Bush. (LOPES, 1996).

    Noventa e cinco das cem maiores transaes de fuses e aquisies da

    histria americana, segundo Grimm (1987) ocorreram nos anos oitenta. Com essas

  • 30

    aquisies foram gastos U$ 892 bilhes que, conforme Drucker (1986),

    ocasionaram profunda alterao na economia americana.

    Nesse processo de aquisies de empresas, normalmente estudado o

    impacto financeiro e esquecido outro aspecto muito importante, que o que

    acontece com a empresa adquirida em relao s suas dimenses organizacionais.

    Desta forma, pode-se questionar o impacto das aquisies nas empresas e

    nos empregados. Trs abordagens so evidentes, de acordo com Schweiger e

    Walsh, (1990) e cada perspectiva varia conforme a questo pesquisada:

    administradores financeiros esto interessados no desempenho das empresas e no

    uso do capital; administradores organizacionais esto interessados no desempenho

    da empresa, mas com o enfoque no produto-mercado e contabilidade baseado na

    taxa tributria; finalmente, a escola da psicologia organizacional, a do

    comportamento organizacional e a da administrao estratgica, interessam-se no

    modo de combinar a administrao com o efeito individual da aquisio dentro de

    uma organizao.

    A teoria da aquisio uma teoria de escala e sinergia, na qual a

    combinao de duas empresas pode oferecer vantagens estratgicas significativas

    devido complementaridade dos pontos fortes, competncia, s posies de

    mercados ativos, aos produtos e tecnologia. (NADLER e LIMPERT, 1994).

    Os resultados da aquisio tm sido, porm, um pouco decepcionantes, na

    viso de Porter (1987). Segundo o autor, h vrias estimativas do sucesso das

    aquisies, mas o consenso que entre 65 e 85% destas no correspondem s

    expectativas da empresa que adquire, no momento em que toma essa deciso de

    adquirir. No entanto, 70% das entradas em novos negcios ocorreram mediante

    aquisies, 22% foi mediante empresas novas e 8% foi mediante joint ventures.

    Isto demonstra que, mesmo no correspondendo expectativa, a aquisio

    a preferncia das empresas que esto entrando em um novo ramo de negcio.

    Conforme Howell (1970), no existe condio ideal para adquirir uma

    empresa, pois o processo de aquisio sucessivo; ningum pode prever com

    certeza como ser o futuro da aquisio, relatando o presente ou passado.

    Contudo, planejando e controlando o processo, com base em uma estratgia

    segura, pode-se substancialmente incrementar a probabilidade de sucesso e obviar

    prejuzo iminente.

  • 31

    Enquanto muitos executivos ambiciosamente embarcam no programa de

    aquisio com alta expectativa, conforme Howell (1970), eles freqentemente

    fracassam em reconhecer a implicao organizacional intrnseca dos diferentes

    tipos de aquisies. O resultado que novas companhias so impropriamente

    fundidas numa organizao me, causando confuso e reverso desnecessria. O

    autor prope um sistema pelo qual a administrao tenha lugar pleno na perspectiva

    do processo de aquisio, planejando a estratgia de maneira consistente com os

    objetivos corporativos, e assegurando o sucesso da integrao e organizao da

    nova companhia.

    Surgiram nos ltimos anos duas perspectivas sobre a aquisio. A primeira

    o que pode ser chamado de perspectiva estratgica, a qual focaliza a deciso de

    adquirir e a escolha do que adquirir, e se concentra principalmente nas empresas

    financeiras, embora nos ltimos tempos se tenha dado ateno aos aspectos

    estratgicos, questionando a eficcia de muitas aquisies como medidas

    estratgicas vlidas. (PORTER, 1987).

    Um segundo ponto de vista pode ser chamado de perspectiva de recursos

    humanos. O enfoque desse trabalho recai sobre os problemas da integrao da

    ps-aquisio (MIRVIS, 1985). Grande parte da ateno volta-se para o impacto

    das aquisies sobre as pessoas, como estas podem enfrentar e reagir ao ato,

    potencialmente traumtico da aquisio, ou o que tem sido chamado de sndrome

    da fuso (MARKS e MIRVIS, 1985). Vrios pesquisadores foram alm do indivduo:

    examinaram toda a questo da cultura organizacional, e como culturas

    potencialmente incompatveis se fundem depois de uma aquisio.

    O temor e incerteza freqentemente atingem os empregados de uma

    empresa adquirida em virtude de dvidas, do novo sistema e muitas vezes dos

    novos chefes. (MARKS e MIRVIS, 1985). Se ignorada a sndrome da fuso pode

    tornar-se muito perigosa para a combinao do desenvolvimento do negcio.

    Normalmente, a primeira causa de desapontamento da aquisio. Basicamente, a

    sndrome da fuso o incio de reaes adversas e crises de orientao

    administrativa.

    O que causa a sndrome da fuso? De acordo com Marks e Mirvis (1985),

    para os executivos esta combinao de incerteza e probabilidade de mudana,

  • 32

    ambas favorveis e desfavorveis, produz tenso e, ultimamente, afeta percepes

    e julgamentos, relacionamento interpessoal e a dinmica da combinao.

    Na empresa, a sndrome manifestada por incremento da centralizao e

    diminuio da comunicao, que leva as pessoas a desconhecerem a combinao e

    acreditarem em rumores e insegurana. Isto freqentemente produz o pior exemplo

    do cenrio; podendo distrair empregados de uma situao regular, e causa

    interferncia no trabalho e produtividade da empresa, contribuindo para o turnover.

    Toda esta situao afeta a organizao, coloca em risco o sucesso da

    aquisio, influencia o futuro da empresa adquirida, e muitas vezes o da empresa

    adquirente.

    Nadler (1994) percebeu que aqueles que escrevem sobre questes

    estratgicas atentam pouco para os problemas da integrao; aqueles que

    focalizam as questes de recursos humanos, muitas vezes, o fazem num vazio

    estratgico. Torna-se necessrio, portanto, uma terceira perspectiva para preencher

    essa lacuna. a perspectiva da dinmica organizacional: ocupa-se da ligao entre

    as preocupaes estratgicas e o impacto nos recursos humanos. Focaliza o

    planejamento e anlise que ocorrem depois da transao, mas antes da integrao,

    para determinar o tipo de integrao necessrio e adequado, levando-se em conta o

    contexto estratgico da aquisio. E o que muito importante: v a aquisio como

    uma classe especial de mudana organizacional e, portanto, deixa implcito que o

    entendimento dos conceitos de administrao da mudana pode ser til na

    administrao do processo de aquisio.

    Todo esse desenvolvimento s ser possvel de melhoria contnua se uma

    auditoria de qualidade dos processos produtivos aplicada para avaliao dos

    fornecedores for implementada conforme descrito a seguir.

    3.3. Logstica

    Ainda para lidar com a competitividade, a logstica uma das alternativas

    mais exploradas e estudadas atualmente.

    Mccullenn e Towill (2000) afirmam que a globalizao apresenta problemas

    logsticos em trs dimenses: reabastecimento, tempo e distncia.

  • 33

    A logstica evoluiu consideravelmente nas ltimas dcadas. A importncia,

    competncia e interligaes sugerem at a percepo que a logstica

    estrategicamente fator fundamental para a sobrevivncia e sucesso das

    organizaes. Algumas definies:

    Organizao terica da disposio, do transporte e do abastecimento de

    tropas em operao militar. Administrao e organizao dos pormenores de

    qualquer operao. (HOUAISS e VILLAR, 2001).

    Parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realizao de:

    a Projeto e desenvolvimento, obteno, armazenamento, transporte,

    distribuio, manuteno, reparao e evacuao de material (para fins

    operativos ou administrativos);

    b recrutamento, incorporamento, instruo e adestramento, designao,

    transporte, bem-estar, evacuao, hospitalizao e desligamento de pessoal;

    c aquisio ou construo, reparao, manuteno e operao de

    instalaes e acessrios destinados a ajudar o desempenho de qualquer

    funo militar;

    d contrato ou prestao de servios. (HOLLANDA FERREIRA, 1986).

    A passagem de origem militar para a aplicao em administrao, de acordo

    com Bowersox et alli (2000), considera a logstica como a competncia que interliga

    a empresa a seus clientes e fornecedores.

    Kobayashi (2000) apresenta o conceito de logstica de Christopher (1999):

    o processo por meio do qual se dirige de maneira estratgica a transferncia e

    armazenagem de materiais, componentes e produtos acabados, comeando pelos

    fornecedores, passando pelas empresas, at chegar aos consumidores.

    Em 2003, o CSCMP: Council of Supply Chain Management Professionals

    (www.cscmp.org) redifiniu a logstica como parte do SCM que planeja os

    instrumentos e os controles do fluxo e o armazenamento para prever reversos

    eficientes e eficazes de informao relacionada entre o ponto da origem e o ponto

    do consumo a fim de satisfazer as exigncias dos clientes. As atividades da

    logstica incluem tipicamente a administrao do transporte, frota, armazenagem,

    manipulao de materiais, ordem, projeto de rede da logstica, inventrio, demanda,

    e administrao de fornecedores. A funo da logstica inclui tambm o

    fornecimento e a obteno, o planejamento e programao de produo.

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    envolvida em todos os nveis do planejamento e execuo estratgica, operacional,

    e ttico. A administrao da logstica uma funo integrada que coordena e

    otimiza todas as atividades da logstica, integra com outras funes, incluindo o

    marketing, vendas, manufatura, finanas e tecnologia de informao.

    Estes conceitos, mesmo com algumas pequenas diferenas, so bastante

    utilizados por Coyle, Bardi e Langley (1996), Dornier (2000), Lambert e Stock

    (1996), Novaes e Alvarenga (2000) e ABML Associao Brasileira de

    Movimentao e Logstica (1999).

    Ballou (1997) define a logstica, como sendo a forma como se pode prover o

    melhor nvel de satisfao aos consumidores com alto desempenho e rentabilidade

    nos servios de distribuio, por meio de planejamento, organizao e controle

    efetivos para as atividades de movimentao e armazenagem, que visam facilitar o

    fluxo e a disposio de produtos no local adequado, no momento certo e da forma

    desejada. Os custos logsticos em todo o mundo tornaram-se uma das ltimas

    fronteiras para a conseqente reduo de custos, sem reduo da qualidade dos

    produtos ofertados.