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Manuseio e Descarte de Lâmpadas Fluorescentes Handling and disposal of fluorescent lamps Katia Naiara Santana dos Santos Departamento de Engenharia Elétrica Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil [email protected] José Antônio Prates de Olveira Departamento de Engenharia Elétrica Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil [email protected] Geraldo Leão Lana Departamento de Engenharia Elétrica Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil [email protected] Abstract — The objective of this work is to investigate the correct disposal of fluorescent lamps. Assuming that the fluorescent lamp has mercury inside it, a heavy metal, highly toxic, and that when improperly handled causes irreversible damage to human health and the environment. Recycling of fluorescent lamps plays an important role in environmental protection and the achievement of sustainable development. Currently there is a deficiency in the dissemination of specific services for the recycling of such lamps, as well as the lack of environmental awareness. It is of great importance the implementation of a project encompassing an environmental awareness program for the proper disposal. A study is presented for the assembly of a Recycling Plant with all the necessary resources. As an alternative, it is proposed a portable system, easy to handle and implement, which solves the presented problem. Keywords— Fluorescent lamps; Environmental awareness; Recycling Plants. I. INTRODUCÃO As lâmpadas fluorescentes depois de utilizadas são resíduos sólidos que contém substâncias tóxicas, entre elas o mercúrio, que é um metal pesado com alto poder poluidor. A desinformação e a falta de fiscalização sobre o descarte das referidas lâmpadas resulta na destinação destas em aterros, lixões e até mesmo em terrenos abandonados, ocorrendo à contaminação do meio ambiente e colocando em risco a saúde da população. O procedimento adequado irá mostrar a forma do descarte bem como o processo do descarte e seus resultados. A legislação ambiental brasileira da Constituição Federal, (Art. 225) estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Devido não haver uma legislação nacional especifica do descarte final de resíduos que contém mercúrio, a responsabilidade por qualquer dano a saúde ou ao meio ambiente será sobre a pessoa física ou jurídica que o adquirir, utilizou ou a produziu. O primeiro recurso para suprir a falta de luz natural, foi o fogo, que produz calor e luz, adquiridos pela queima da madeira. Em 1851, Irineu Evangelista de Souza, conhecido como o Barão de Mauá, realizou a iluminação das ruas por meio do lampião a gás. Como afirma Creder (p.177, 2002) “as lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes é inerente com auxilio das luminárias, que são os seus sustentáculos, através dos quais se obtêm melhor rendimento luminoso, melhor proteção contra as intempéries, ligação a rede, além do aspecto visual e agradável e estético”. Atualmente existem vários tipos de lâmpadas, diferenciando pela sua eficiência energética, intensidade luminosa, reprodução de cores, preços etc. Apesar da variedade de tipos de lâmpadas existem algumas que se destacam mais como: as incandescentes e as fluorescentes. II. LÂMPADAS INCANDESCENTES A primeira lâmpada de luz incandescente de exito comercial foi inventada pelo norte americano Thomas Alva Edison juntamente com seus 60 pesquisadores em 1879. As lâmpadas incandescentes convencionais possuem bulbo de vidro e dentro deste existe um filamento de tungstênio que é levado a incandescência pela passagem da corrente. A oxidação é evitada devido à presença de gás inerte (Níquel e Argônio) ou vácuo dentro do bulbo que contém o filamento. Sendo que para conseguir uma maior eficiência luminosa é necessário elevar a temperatura de seu filamento, resultando em menor vida util. Quanto maior a temperatura que o filamento for submetido, mais intensa e mais branca será a luz. Uma lâmpada de 100 W ilumina mais que uma de 60 W, porém mais energia será consumida. De toda a energia que a lâmpada consome apenas 5% vira a luz e o restante transforma-se em calor. Devido ao alto consumo de energia, o Brasil está fazendo o que outros países já fizeram: suspendendo a fabricação e comercialização desse tipo de lâmpada. © 2017 SHEWC XVII Safety, Health and Environment World Congress 167 July 09-12, 2017, Vila Real, PORTUGAL DOI 10.14684/SHEWC.17.2017.167-172

Manuseio e Descarte de Lâmpadas Fluorescentescopec.eu/shewc2017/proc/works/38.pdfIII. LÂMPADAS FLUORESCENTES A lâmpada fluorescente foi inventada por Nikola Tesla e introduzida

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  • Manuseio e Descarte de Lâmpadas Fluorescentes Handling and disposal of fluorescent lamps

    Katia Naiara Santana dos Santos Departamento de Engenharia Elétrica

    Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil

    [email protected]

    José Antônio Prates de Olveira Departamento de Engenharia Elétrica

    Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil

    [email protected]

    Geraldo Leão Lana Departamento de Engenharia Elétrica

    Centro de Ensino Superior de Conselheiro Lafaiete – CES CL Conselheiro Lafaiete, Brasil

    [email protected]

    Abstract — The objective of this work is to investigate the correct disposal of fluorescent lamps. Assuming that the fluorescent lamp has mercury inside it, a heavy metal, highly toxic, and that when improperly handled causes irreversible damage to human health and the environment. Recycling of fluorescent lamps plays an important role in environmental protection and the achievement of sustainable development. Currently there is a deficiency in the dissemination of specific services for the recycling of such lamps, as well as the lack of environmental awareness. It is of great importance the implementation of a project encompassing an environmental awareness program for the proper disposal. A study is presented for the assembly of a Recycling Plant with all the necessary resources. As an alternative, it is proposed a portable system, easy to handle and implement, which solves the presented problem.

    Keywords— Fluorescent lamps; Environmental awareness; Recycling Plants.

    I. INTRODUCÃOAs lâmpadas fluorescentes depois de utilizadas são resíduos sólidos que contém substâncias tóxicas, entre elas o mercúrio, que é um metal pesado com alto poder poluidor. A desinformação e a falta de fiscalização sobre o descarte das referidas lâmpadas resulta na destinação destas em aterros, lixões e até mesmo em terrenos abandonados, ocorrendo à contaminação do meio ambiente e colocando em risco a saúde da população. O procedimento adequado irá mostrar a forma do descarte bem como o processo do descarte e seus resultados. A legislação ambiental brasileira da Constituição Federal, (Art. 225) estabelece que “todos têm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo eessencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao PoderPúblico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lopara as presentes e futuras gerações”. Devido não haver umalegislação nacional especifica do descarte final de resíduos quecontém mercúrio, a responsabilidade por qualquer dano a saúdeou ao meio ambiente será sobre a pessoa física ou jurídica queo adquirir, utilizou ou a produziu.

    O primeiro recurso para suprir a falta de luz natural, foi o fogo, que produz calor e luz, adquiridos pela queima da madeira. Em 1851, Irineu Evangelista de Souza, conhecido como o Barão de Mauá, realizou a iluminação das ruas por meio do lampião a gás. Como afirma Creder (p.177, 2002) “as lâmpadas fornecem a energia luminosa que lhes é inerente com auxilio das luminárias, que são os seus sustentáculos, através dos quais se obtêm melhor rendimento luminoso, melhor proteção contra as intempéries, ligação a rede, além do aspecto visual e agradável e estético”.

    Atualmente existem vários tipos de lâmpadas, diferenciando pela sua eficiência energética, intensidade luminosa, reprodução de cores, preços etc. Apesar da variedade de tipos de lâmpadas existem algumas que se destacam mais como: as incandescentes e as fluorescentes.

    II. LÂMPADAS INCANDESCENTESA primeira lâmpada de luz incandescente de exito comercial foi inventada pelo norte americano Thomas Alva Edison juntamente com seus 60 pesquisadores em 1879. As lâmpadas incandescentes convencionais possuem bulbo de vidro e dentro deste existe um filamento de tungstênio que é levado a incandescência pela passagem da corrente. A oxidação é evitada devido à presença de gás inerte (Níquel e Argônio) ou vácuo dentro do bulbo que contém o filamento. Sendo que para conseguir uma maior eficiência luminosa é necessário elevar a temperatura de seu filamento, resultando em menor vida util. Quanto maior a temperatura que o filamento for submetido, mais intensa e mais branca será a luz. Uma lâmpada de 100 W ilumina mais que uma de 60 W, porém mais energia será consumida. De toda a energia que a lâmpada consome apenas 5% vira a luz e o restante transforma-se em calor. Devido ao alto consumo de energia, o Brasil está fazendo o que outros países já fizeram: suspendendo a fabricação e comercialização desse tipo de lâmpada.

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  • III. LÂMPADAS FLUORESCENTESA lâmpada fluorescente foi inventada por Nikola Tesla e introduzida no mercado em 1938. É um tipo de lâmpada que utiliza a descarga elétrica através de um gás para produzir luz. Este tipo de lâmpada é composta por bulbo cilíndrico de vidro, revestidos por materiais fluorescentes, conhecidos por cristais de fósforo. No interior da lâmpada existe vapor de mercúrio a baixa pressão. “Os elétrons, ao colidirem com os átomos de vapor de mercúrio, liberam energia não visível, a qual, em contato com a pintura fluorescente do tubo, torna-se visível.” (CREDER, p.91,1996). Para funcionamento da lâmpada é necessária a existência do reator e do “starter” (dispositivo de partida). Desde a época do apagão em 2011, as lâmpadas fluorescentes estão presentes na maioria das residências brasileiras, onde todos foram incentivados a usá-las devido ao seu menor consumo de energia e por possuir até 20.000 horas de vida útil. Do ponto de vista técnico as lâmpadas fluorescentes são a melhor alternativa social, porém do ponto de vista ambiental essas lâmpadas tornam-se um problema social. Esse tipo de lâmpada contém elementos químicos como o mercúrio, metal pesado com alto poder poluidor e muitoprejudicial à saúde. De acordo com a Associação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT) NBR 10.004, “o valor máximo demercúrio que pode estar concentrado em uma unidade é de 100miligramas de mercúrio por quilo do resíduo. O contato com asubstância em níveis mais altos pode gerar sérios problemas desaúde”.

    IV. LÂMPADAS DE LEDLED, diodo emissor de luz ou com sua nomenclatura em inglês Light Emitting Diode. A inovação foi descoberta pelo pesquisador britânico Henry Joseph Round em 1907, e uso comercial somente em 1986. Este tipo de lâmpada possui em sua composição diodos semicondutor que realizam a conversão de energia elétrica em luz visível. As lâmpadas LED possuem uma durabilidade de aproximadamente 25 vezes mais que as lâmpadas incandescentes e três vezes mais do que as lâmpadas fluorescentes compactas. Além da economia e da potência, lâmpadas LED não possuem mercúrio, podendo ainda ser recicladas.

    V. MERCÚRIOO mercúrio é um elemento químico de numero atômico 80 (80 prótons e 80 elétrons) e de massa atômica de 200,59. É um metal liquido inodoro e de fácil volatização. Comparado a outros metais não é um bom condutor de calor, por outro lado é um excelente condutor de eletricidade. Muito utilizado em fabricação de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes, como também em fabricação de aparelhos de medição de uso domestico, clinico e industrial. Considerado um metal tóxico e poluente de alto risco, muito perigoso considerando o contato com o organismo do homem, seja pela via área, cutânea ou ingestão. Quando houver intoxicação por inalação a pessoa pode apresentar sintomas como diarreia, dor no estomago e febre. A alta intoxicação pode levar a doenças graves, quando atinge o sistema nervoso.

    AEIMM, 2010 revela: “Mercurialismo Metálico Ocupacional é uma intoxicação determinada pela exposição aos vapores de

    mercúrio presentes em ambientes de trabalho no qual é usado o Hg metálico, registrada com o código CID T56. 1”. Por menor que seja a quantidade de mercúrio já e o suficiente para contaminar um ser humano.

    Fig. 1. Mapa Mapa dos principais acidentes envolvendo contaminação por mercúrio. Japão, Iraque, Paquistão, Camboja, Gana e Guatemala são alguns dos locais que vivenciaram tragédias silenciosas. (imagem: Henrique Kugler)

    O mercúrio hoje é uma dos principais componentes para a fabricação de muitas lâmpadas, por ser através dele que se consegue aumentar a eficiência luminosa e sua vida útil, provocando economia de energia elétrica.

    TABELA II. Tipos de lâmpadas e suas quantidades de mercúrio

    TIPO DE LÂMPADA POTÊNCIA QUANTIDADE MÉDIA

    DE MERCÚRIO

    VARIAÇÃO DAS MÉDIAS DE

    MERCÚRIO POR POTÊNCIA

    FLUORESCENTES TUBULARES

    15 W A 110 W 0,015 G 0,008 G A 0,025 G

    FLUORESCENTES COMPACTAS

    5 W A 42 W 0,004 G 0,003 A 0,010 G

    LUZ MISTA 160 W A 500 W 0,017 G 0,011 G A 0,045 G

    VAPOR DE MERCÚRIO

    80 W A 400 W 0,032 G 0,013 G A 0,080 G

    VAPOR DE SÓDIO 70 W A 1000 W 0,019 G 0,015 A 0,030 G

    VAPOR METÁLICO 35 W A 2000 W 0,045 G 0,010 G A 0,170 G

    Segundo dados do CENSO 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), 2013, Conselheiro Lafaiete possui uma população estimada de 123.275 com cerca de 35.179 domicílios particulares ocupados. Se cada um possuir somente uma lâmpada fluorescente compacta, temos 140g de mercúrio na iluminação residencial. Sendo que Minas Gerais possui uma população estimada em 2013 de 20.593,356 com cerca de 2.934,362 domicílios particulares ocupados, conforme Censo Demográfico 2010 do IBGE, realizando o mesmo

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  • cálculo, estima cerca de 11.738 kg de mercúrio em todo estado mineiro. Realizando o mesmo cálculo para o país brasileiro, tendo uma população de 190.755.799 com 67.557.424 domicílios ocupados, temos 270,230 kg de mercúrio.

    VI. NORMAS E LEIS REFERENTES AO DESCARTE DELÂMPADAS

    O lixo com alto risco de contaminação é uma grande preocupação hoje devido seu descarte indevido. A lâmpada que contém mercúrio é considerada como resíduo perigoso (resíduo classe I), que possui o código F044, na NBR 10004:2004 (Resíduos Sólidos) da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas que a classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. (ABNT, 2004). Esta norma regulamenta o uso e o pós uso do produto, para que tenha o destino correto, passando pelo processo de reciclagem, a fim de reaproveitar os materiais de sua composição, define a periculosidades de diversos elementos e substancias químicas. A NR 15 (Norma Regulamentadora), do Ministério do Trabalho trata das atividades e operações em locais insalubres, e também cita o mercúrio como um dos principais agentes nocivos que afetam a saúde do trabalhador. (Anexo 13 da NR 15). Cada estado Brasileiro é responsável pela criação das próprias leis referentes à reciclagem de lâmpadas, podendo assim repassar aos seus respectivos municípios. Em Minas Gerais a lei estadual Lei nº 18.031, de 12 de janeiro de 2009. No Art. 28 informa que o órgão ambiental competente manterá banco de dados atualizado com informações relativas a resíduos sólidos gerados, especialmente os industriais e perigosos, indústrias de reciclagem, transporte e destinação final devidamente licenciado. Nesta lei especifica conforme o Art. 47, que fabricantes, importadores, distribuidores e usuários finais são responsáveis pela destinação adequada dos resíduos. Ficando sujeita a multa de R$50,00 (cinqüenta reais) a R$50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais), será corrigida periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente.

    VII. METODOLOGIAA metodologia adotada neste trabalho foi realizada por pesquisas bibliográficas, levantamento de dados estatísticos, gráficos comparativos e consultas a empresas especializadas nos processos de descartes de lâmpadas, sendo o contato com essas empresas foram por trocas de emails. Foram realizadas entrevistas com empresas de comercialização destes produtos e de pessoas ligadas ao meio ambiente do município de Conselheiro Lafaiete, para que pudesse verificar se há alguma intervenção referente a estes tipos de lixos tóxicos. Devido hoje uma das preocupações mundiais é garantir uma sustentabilidade ambiental, que consiste conseguir o desenvolvimento em todos os campos, sem que seja necessário agredir o meio ambiente. Outra contribuição para este trabalho foi às entrevistas coletas da população de Conselheiro Lafaiete, onde foi abordado o nível de conhecimento e contado com estes produtos de risco ambiental e prejudicial à saúde. Essas entrevistas de comunicação natural, sobre o contato com estes produtos no cotidiano, forneceram informações relevantes conforme o objetivo da pesquisa. Vale ressaltar que a

    confiabilidade e a legitimidade dessa pesquisa dependeram da capacidade do pesquisador de unir a teoria e o conhecimento em torno deste levantamento de caso.

    Finalizando este trabalho foi realizado um levantamento de custos para uma possível efetivação de uma Montagem de uma Unidade Recicladora (UR), a MRT Compact Crush and Separation Plant – CCS, usina compacta de separação, trituração e descontaminação de lâmpadas fluorescentes. Sugerindo também uma segunda opção que é a aquisição do Bulb Eater, mais conhecido como Papa Lâmpadas.

    VIII. RESULTADOSDiante dos dados coletados em pesquisa realizada, é indiscutível a falta de conhecimento da população Lafaietense. Em entrevistas realizadas no mês de setembro de 2014 com pessoas físicas e alguns comércio do município, a maioria dos entrevistados não sabiam que as lâmpadas fluorescentes continha mercúrio e em seu pior caso não sabiam nem o que era o mercúrio e o que ele ocasionava com seu contato direto. Houve relatos de várias formas de descarte irregular.

    Descartedelâmpadasquecontémmercúrio

    6%

    94%

    Realizamdescartecorreto

    Realizamdescarteincorreto

    Formas de reciclagem no município de Conselherio Lafaiete – Minas Gerais – Brasil

    As lâmpadas são recicláveis e recuperáveis, podendo ter mais durabilidade e atingir sua vida útil que é em média sete mil horas e até mesmo ultrapassar esse número de horas. Descartá-las ao meio ambiente contribuiria para o aumento do lixo eletrônico.

    ColetaSeletiva

    46%

    27%

    27%

    Comércioquevendemlâmpadas

    Comerciantesdelâmpadasquenãopossuemcoletaseletiva,assimcomonãopossuemsistemaderecolhadasComércio de médioportequenãopossuemnenhumtipodecoleta

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  • Uma forma de reciclagem que merece ser citada é o reaproveitamento da parte eletrônica das lâmpadas, onde passará a funcionar normalmente. É o que realiza o senhor Jorge Roberto Esperidião (Fubá), residente no município de Conselheiro Lafaiete. Possui um trabalho interessante, porém pouco conhecido pela população.

    Esse processo se inicia pelo recolhimento de lâmpadas fluorescentes compactas, por conhecidos e amigos onde são realizados testes e análises para a possível recuperação ou seu descarte junto à empresa HG descontaminação que é localizada no município.

    Pesquisa Experimental Uma pesquisa experimental foi realizada nos comércios de materiais elétricos e grandes redes de supermercados do município de Conselheiro Lafaiete, com o objetivo de analisar o processo de devolução de lâmpadas fluorescentes pelo consumidor final para o perfeito descarte das mesmas. As empresas de comercialização destes materiais informaram que não fazem a coleta seletiva, pois no município não existe local adequado para o seu confinamento e reciclagem. O custo do envio direto ao fabricante ficaria a cargo somente da empresa, ficando assim inviável ao comerciante realizar esta coleta seletiva. Foi sugerido pelos comerciantes que se houvesse a participação do município deste processo, poderia ser realizado uma coleta seletiva melhorando o assim o meio ambiente.

    IX. SOLUÇÃO PROPOSTA Diante dos problemas apresentados, será proposto sugestões para a coleta e reciclagem das lâmpadas fluorescentes do município de Conselheiro Lafaiete.

    1) Sugere campanha de conscientização junto à população e comércio afins para a importância da coleta seletiva. Sugere ainda que seja timbrada na embalagem das lâmpadas a informação sobre o descarte correto, onde a mesma não contem informação sobre o devido descarte. Programas de divulgação voltados para a conscientização ambiental deveriam ser realizados por partes dos fabricantes assim como também por órgãos públicos de cada município. Cartilhas e panfletos deveriam ser confeccionados, informando a diferença de um lixo e de um resíduo, com as suas devidas classificações, de acordo com seu tipo, com a sua composição química, com a periculosidade. Incentivando a redução, a reutilização, e a reciclagem de tais lixos e assim identificando as cores das lixeiras para o devido descarte de cada tipo de lixo. Poderia existir mais tipo de lixeiras distribuídas nas ruas do município com suas coletas seletivas como a lixeira da coleta seletiva para resíduos perigosos que é no caso a cor laranja.

    2) A sugestão ideal para implementação no município de Conselheiro Lafaiete seria a MRT Compact Crush and Separation Plant – CCS (Usina compacta de trituração, separação e descontaminação de lâmpadas fluorescente). O processo em si é muito parecido com uma usina de reciclagem tradicional e se trata de um maquinário agrupado, podendo assim agrupar outras maquinas nela mesma. A vantagem

    principal da CCS é que todo o processo está enclausurado dentro do container. Não só os operadores quanto os órgãos ambientais se sentem mais seguros com isso. Todo material com exceção do pó contendo fósforo e mercúrio sai descontaminado da máquina. Esse pó deve seguir para destilação do mercúrio (destiladora MRT), e ser enviado a aterros sanitários especializados em classe I, ou empresas que recuperam o mercúrio. Emissão máxima do mercúrio na área = 0,025 mg/m³. (Media 0,001 – 0,010 mg/m³ muito abaixo do permitido.) Os componentes de metal são prensados e separados do material ferroso e não ferroso. A máquina tritura o vidro duas vezes e o filtra, para que o subproduto fica com alto grau de pureza. Os níveis de mercúrio ficam abaixo das exigências = Max. 0.1 mg/1. Possui um peso de aproximadamente de 5 toneladas sendo necessária uma área de 60m², com capacidade de:

    • Lâmpadas inteiras: Média de 2000 tubos/hr;

    • Material triturado: 300-350 kg/h.

    A usina completa CCS-CS – Container fechado com capacidade em media para 300kg e 2000 lâmpadas/h composta por:

    • CCS+Cs: Maquina compacta de separação trituração e filtração com pré tratamento de compactas 300 kg/h;

    • HIDP: Processador de lâmpadas HID (vapor de sódio e de mercúrio E40 e E27). Vendido separadamente;

    • BPD-200: Destilador de mercúrio (Batelada de 200L). Vendido separadamente.

    Sendo que no momento da instalação a empresa disponibiliza um técnico da Suécia para montagem e treinamento do colaborador que irá manusear, sendo necessário somente um operador, é o ideal para entender as instruções básicas e segui-las, não será necessário de curso superior. O armazenamento das lâmpadas antes do processo pode ser empilhado fora da caixa em uma prateleira ou até mesmo dentro de caixas de papelão. Os resíduos já passada pelos processos podem ser direcionados a containeres diretamente da máquina, por já estarem descontaminado, com exceção do mercúrio e o pó fósforo. O material que sai descontaminado pode ser vendido a fabricas especializadas como:

    • Vidro: lâmpadas fluorescentes, pisos de cerâmicas vitrificados, isolantes térmicos, substituição para areia (limpeza com jato de areia), espuma de vidro, tijolo de vidro e de concreto;

    • Pó de fósforo descontaminado: Fertilizantes, pigmentos para tintas, componente (filler) de concreto;

    • Mercúrio: O mercúrio sai da CCS misturado com pó fósforo. Para ser separado e vendido, precisa ser destilado. A MRT System vendem as maquinas de destiladoras de mercúrio. Prováveis compradores de mercúrio líquido seriam fabricantes de lâmpadas, termômetros, mistura de amalgama.

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  • Necessita de um investimento inicial de 3,208.580.00, para obter uma estimativa (grosseira) do custo com frete, imposto e instalação pode-se acrescentar 70% ao custo, totalizando em um valor de 5,454.586.00, no momento do pedido é necessário efetuar o pagamento de 40%, 50% no dia do envio e 10% pagamento mediante a aprovação e instalação e teste.

    Através de convênio firmado entre os municípios de Conselheiro Lafaiete, Ouro Branco e Congonhas em 02 de maio de 2011 foram concedidos a licença ambiental que passaram a utilizar ECOTRES (Consórcio Intermunicipal de Tratamento de Resíduos Sólidos) para a disposição final de seus resíduos. Localizado no Alto da Varginha, próximo à MG 129 o Aterro Sanitário foi construído com recursos do PAC 1 (Programa de Aceleração do Crescimento), por meio da CODEVASF com contrapartida dos três municípios. A empresa Ecovia é a responsável pela operação no local que tem capacidade para processamento do lixo de até 150 toneladas por dia. O aterro sanitário é composto por:

    • Unidade de apoio

    • Sistema de pesagem

    • Via de Acessos;

    • Sistema de Impermeabilização

    • Piezômetros

    • Área de armazenamento para material de cobertura

    • Unidade de triagem

    • Unidade de Compostagem

    • Sistema de tratamento de líquidos percolados

    • Ecoponto

    O aterro sanitário regional possui uma excelente estrutura como visto acima, podendo assim ser implantado a UR no próprio local, aproveitando sua unidade de triagem, e todos os seus procedimentos para a coleta seletiva.

    Como sugestão para implantação da usina de reciclagem, foi projetado um galpão de aproximadamente 140 m² em estrutura metálica com cobertura e tapamento lateral em telha galvanizada. No telhado sugere-se que sejam intercaladas telhas translúcidas para melhor aproveitamento da iluminação natural evitando-se ao máximo a iluminação artificial. O portão de entrada em duas bandeiras apresenta uma largura e altura de cinco metros para que seja possível o fluxo de caminhões dentro do galpão.

    Na área de confinamento foi sugerida a instalação de paletes para o armazenamento correto das lâmpadas fluorescentes tubulares, e, para o armazenamento das lâmpadas fluorescentes compactas podem ser em caixas de papelão ou outro compartimento.

    Deverá ser analisada junto à concessionária de energia a entrega de alimentação com nível de tensão adequado para alimentação do equipamento. A especificação do equipamento é 440V/25KW, mas deverá ser acrescida uma potência para futuras ampliações que possa ocorrer em função de aquisição de outros equipamentos.

    É importante observar que a área hachurada no projeto deverá ser revestida com piso epóxi para a impermeabilização da superfície, impedindo a infiltração de produtos químicos e a contaminação do solo. Outra vantagem do piso epóxi é em relação à limpeza, por não apresentarem juntas, não acumulam bactérias. A principal característica do piso epóxi é sua excelente resistência ao impacto e desgaste, evitando o surgimento de fissuras ou trincas.

    Fig. 2. Projeto para implantação de uma usina de reciclagem

    Outra sugestão seria a aquisição de no mínimo de 04 Bub Eater, para atender o município de Conselheiro Lafaiete. As vantagens desse equipamento são enormes, afinal ela é relativamente pequena, ótimos preços, não necessita de um espaço grande para manuseio, reduz os riscos de contaminação com o operador durante seu processo, e seu processo é móvel e podendo atender diretamente no local de descarte sem ter gastos com os transportes das lâmpadas. Sua grande desvantagem é que não consegue realizar a descontaminação do filtro do mercúrio como os maquinários MRT System, sendo assim, deverão ser encaminhados para a reciclagem ou realizar o descarte correto. Abaixo descreve as etapas da maquina:

    • A lâmpada é alimentada para dentro do tubo de entrada da máquina;

    • Em cerca de um segundo, a lâmpada, seja linear ou de u-tubo entra no aparelho e é esmagado em pedaços;

    • O sistema de filtração de comedor Bulbo puxa o ar contaminado fora do tambor de filtrar o pó, libertado assim o vapor de mercúrio;

    • O ar contaminado passa por um processo de filtragem de duas fases, no caso azul. O primeiro filtro de captura fase mais de 99% das partículas de pó de modelo. O segundo filtro HEPA fase atua como um filtro de polimento e captura mais de 99,99% das partículas restantes.

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  • • Nesse ponto, o ar é limpo, mas ainda contém vapor demercúrio.

    • O vapor de mercúrio é então soprado para fora da caixae azul através da terceira e última filtro;

    • O filtro de carbono não só captura o vapor demercúrio, mas também que neutraliza convertendo ovapor para uma substância não-perigosa;

    • O ar limpo sai do bulbo Eater abertura de exaustão.

    Segundo Márcia Calderaro do departamento comercial da Bulb Eater, o valor para aquisição de cada Bulbo Eater hoje é de 35.900,00 incluindo:

    ü Unidade processadora;

    ü Kit de filtros:• Filtro BAG: Realiza a troca 1 a cada 675 lâmpadas;• Filtro HEPA: funciona em conjunto com um filtro de

    carbono ativo localizado no recipiente de aço;• Filtro Carvão Ativo: Cerca de 15kg a cada 1.000.000

    de lâmpadas.• Unidade de vácuo/adaptadores T5, T8, T12;• Kit CFL;ü Suporte para adaptadores.

    Pode-se realizar uma programação semanal entre bairros para recolher as lâmpadas descartadas, disponibilizando lixeiras apropriadas para os devido descartes, hoje Conselheiro Lafaiete tem em média 80 bairros, porém alguns bairros são pequenos ainda, estão em desenvolvimento, podendo então realizar pontos estratégicos em bairros mais populosos.

    X. RESULTADOSDepois de verificados os problemas existentes, discutindo e sugerindo melhorias, as lâmpadas fluorescentes por apresentarem um custo relativamente inferior às lâmpadas LED são largamente utilizadas em iluminação, possuindo uma vida útil em média de 7.000 horas e consequentemente reduzindo o consumo de energia. È atualmente a mais indicada, desde que haja uma conscientização ambiental em relação ao seu devido descarte, exigindo esforços do consumidor final, lojista e poder público. Vale destacar a deficiência na legislação brasileira em vários aspectos que vão desde a regulamentação das embalagens ao destino final para resíduos sólidos. E aos órgãos públicos responsáveis pela falta de iniciativa em promover projetos e educação ambiental para o conhecimento da população do município. Pois uma das melhores maneiras para contribuir a preservação ao meio ambiente é a conscientização da população.

    Este trabalho teve como objetivo de ressaltar a necessidade de um comprometimento real com o destino das lâmpadas fluorescente no município de Conselheiro Lafaiete, devido a não existência de uma legislação regulamentadora. O descarte responsável e adequado das lâmpadas contribui para a preservação do meio ambiente, promovendo economia de recursos naturais e evitando a contaminação. Seja responsável

    pelo descarte correto de seus resíduos e não encaminhe mercúrio para os aterros.

    REFERÊNCIAS [1] AEIMM. Disponível em .

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