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| maº TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ | ªº lºmº Departamento Judiciário +“ " "+ Sistema de Controle Processual Emitido em 1.3—03-201 7 ãTãDCJDD'F RANÁ PUDER Junte: mê” Câmara Criminal em Composição Integral e 2" Câmara Criminal Sessão realizada em 16 de março de 2017 às 13:30 horas . 1014406-2 - Denúncia Crime (C.]nt-Cr) - Cascavel - Vªra Criminal(156“) EXMO x R . DE EMBAR ADORE Des, José Maurício Pinto de Almeida (Presidentelzz com o relator. Des. Robcno De Vicente : com o relator. Des. José Carlos Dalacqua : (Relator) recebe a denúncia. Des. Laertes Ferreira Gomes : com o relator. Des. Luis Carlos Xavier com o relator. DECISÃO : A Câmara, por unanimidade de votos, recebe a denúncia. Sustentações orais realizadas pelos advogados Sérgio Batista Henrichs— OAB/PR 18.459, Andre Eduardo de Queiroz -— OAB/PR 36.818 (: Facundo Eduardo Mendoza OAB/PR 53.670. Documento assinado digitalmente, conforme MP n.” 2,200—2/200 1, Lei n.“ 11.479/2006e Resolução 09/2008, do TJPR/OE Página 156 de 272

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| maºTRIBUNALDE JUSTIÇA DO PARANÁ | iª ªº lºmºDepartamento Judiciário +“ " "+Sistema de Controle Processual Emitido em 1.3—03-201 7

ãTãDCJDD'F RANÁ

PUDER Junte: mê” Câmara Criminal em Composição Integral e 2" CâmaraCriminal

Sessão realizada em 16 de março de 2017 às 13:30 horas .

1014406-2 - Denúncia Crime (C.]nt-Cr) - Cascavel - 2ªVªra Criminal(156“)

EXMO x R . DE EMBAR ADORE

Des, José Maurício Pinto de Almeida (Presidentelzz com o relator.

Des. RobcnoDe Vicente : com o relator.

Des. José Carlos Dalacqua : (Relator) recebe a denúncia.

Des. Laertes Ferreira Gomes : com o relator.

Des. Luis Carlos Xavier com o relator.

DECISÃO : A Câmara, por unanimidade de votos, recebe a denúncia.Sustentações orais realizadas pelos advogados Sérgio Batista Henrichs— OAB/PR 18.459,Andre Eduardo de Queiroz -— OAB/PR 36.818 (: Facundo EduardoMendoza— OAB/PR53.670.

Documentoassinado digitalmente, conforme MP n.” 2,200—2/2001, Lei n.“ 11.479/2006e Resolução nº 09/2008, do TJPR/OE

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Certificado dIgIlaiwIenis pºlJOSE CARLOS DALACQUA

PODER JUDICIÁRI' 'e

de pªxa“

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUS _[ lK/ADENÚNCIA CRIME Nº 1.014.406-2, DE CASCAVEL — 2ª VARA CRIMINAL

NÚMERO UNIFICADO: 0005176-85.2013.8.16.0000DENUNCIANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

DENUNCIADOS: CLAUDIO DIRCEU EBERHARD E OUTROS

RELATOR: DES. JOSÉ CARLOS DALACQUA;

DENÚNCIA CRIME. PREFEITO MUNICIPAL DE SANTA TEREZINHA DE

lTAlPU. CRIME TIPIFICADO No ARTIGO 121, 529, INCISOS ! E N DO

CÓDIGO PENAL (HOMICIDIO QUALlFlCADO). PEÇA INICIAL

ACUSATÓREA QUE PREENCHE os REQUISITOS DO ARTIGO 41 DO

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DESNECESSIDADE DA EXISTÉNCIA

DE PROVA CABAL DA AUTORIA DO DELITO DESCRITO NA INICIAL,

MAS APENAS PROVA INDICIARIA, IN DUBIO PRO SOCIETATE QUE

PREVALECE NA ATUAL FASE. AUSENCIA DE MOTIVOS

DETERMINANTES PARA O AFASTAMENTO oo DENUNCIADO

CLAUDIO DIRCEU EBERHARD DE SEU CARGO DE PREFEITO.

DENUNCIA RECEBIDA.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Denúncia Crime nº

1.014.406-2, de Cascavel - 2ª Vara Criminal, em que é denunciante MlNlSTÉRlO PÚBLICO

DO ESTADO DO PARANÁ e denunciadosCLAUDIO DIRCEU EBERHARD e outros.

| - RELATÓRIO

O Ministério Público do Estado do Paraná, por meio de sua

Subprocuradora—Gerai de Justiça, ofereceu denúncia em face de CLAUDIO DIRCEU

EBERHARD, brasileiro, filho de Reinaldo Engelbert Eberhard e Veniida Eberhard, natural de

Cunha Porã-SC, nascido em 21.10.1963, portador da cédula de identidade RG nª

4.700.117-0/PR, residente e domiciliado na Rua Renato Montemezzo, Santa Terezinha de

itaipu, atualmente exercendo o cargo de Prefeito Municipal de Santa Terezinha de itaipu,

Paraná; ADEMiR VALVASSORI, brasileiro, casado, filho de Paulo Valvassori e Lydia Dagostin

Valvassori, natural de Foz do iguaçu—PR, nascido em 02.08.1958, auxiliar de escritório e

Documento assinado dígiialmente. conforme MP n.º 2.200-2/2001,Lei n.“ 11.419/2006e Resolução n. ª 09/2008, do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIOvªo A.»

%

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇAsecretário municipal quando dos fatos, portador cia cédula de identidade RG nº 1898706—

6/PR, CPF 390.02896372, residente e domiciliado Rua Padre Bernardo, 882, Bairro

Montreal, Santa Terezinha do itaipu, Paraná. com endereço profissional na Av. Adolfo

Lolato, 1586, Centro, Santa Terezinha de itaipu-PR; VALDEMIR DA SlLVA MOTTA, vulgo“BlCUDO”, brasileiro, divorciado, construtor civil, filho de Ercílio joão da Mota e Pedrinhada Silva Motta, natural de São Miguel do iguaçu—PR, nascido em 02/08/1971, portador dacédula de identidade RG nº 5748110/PR, CPF 911.85017968, residente e domiciliado naRua Badejo, Qd.82, Lt.17,Jardim Atlântico, Goiânia-GO; SERGIO APARECiDO RIBEIRO, vulgo“SERGlNHO”, brasileiro, natural de Santa Terezinha do Itaipu—PR, amasiado, publicitárioautônomo, filho de Audivina Gouveia Ribeiro e Manoel Matos Ribeiro Sobrinho, nascido em12/11/1973, portador da cédula de identidade RG nº 6.818.646—3/PR, residente edomiciliado Rua Renato Montemezzo, 476, Centro, Santa Terezinha de itaipu— PR, em razãodos seguintes fatos, a seguir expostos:

”No final do mês de março de 2005, os denunciados CLÁUDIO

D/RC'EL/ EBER/MRO, na qual/dade de Prefeito Mum'cipa/ de SantaTerezinha de itaipu, e ADEMIR VAL i/ASSORI, enquanto SecretárioMun/Cipa] de Administração, desentenderam-se com o jornalista evitima Leonir Francisco Souto, pois este —— em reação ao fato de quenão estava obtendo recursos junto à Prefeitura de Santa Terezinhade itaipu para publicação de materias institucionais —— fizerapublicar na edição de 19 a 30 de março de 2005 do jornal Voz daFronteira, sob sua direção, reportagens contendo críticas aodenunciado DIRCEU, conforme vé—se à capa dos exemplares de f.

336 e 939 (”TSE votará cassação de CLÁUDIO EBER/MRO“ e "TREM0.4 ALEGRIA, Prefeito cria cargos, aumenta seu salário e o desecretários? e, internamente, na página 05 do periódico, Futuraedição do jornal - que não chegou a circular, por força da morte daVitima — intensificar/'a as criticas. Consta, ainda, que o denunciadoADEMIR VALVAS'SOR/ameaçou de morte em público a vítima Leonir,poucos dias antes do fato, na lanchonete Stock Lanches, em SantaTerezinha de itaipu.Pretende-ndo vingar—se das reportagens publicadas e impedir futurostextos jornal/Éticos de mesmo teor, causadores de aba/o da imagempolítica da administraçãomunicipal — motivados, portanto, de modo

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x-Wça fm

Estado do Paraná

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇAfls. 3

torpe e ignóbil, por tais interesses pessoais - CLÁUDIO EBERHARD eADEMIR VAL VASSORI determinaram a execução da morte de LeonirFrancisco Souto ao funcionário da Secretaria Municipal de Esportese ora denunciado VALDEMIR DA SILVA MOTTA, ”leãovde-cha'cara” ehomem de confiança de CIA UDIO, responsável por ”abafa/'movimentos de oposição " a este na eleição de 2004.Determinada a morte de Leonir, o denunciado VALDEMIR DA 5/1. VA

MOTTA tratou de pô-la em execução. Para tanto, na manhã de 31 demarço de 2005, tomou emprestado o veiculo GM Kadett, placas EM]

5268, branco, de Santa Terezinha de itaipu, junto ao respectivoproprietário (auto de apreensão, f. 36, auto de devolução efotografias de f. 43 e 55.) e também funcionário da PrefeituraMunicipal de Santa Terezinha de Itaipu Claudecy Costa Ferreira,alegandomotivos pessoais.Após, dirigiu-se a cidade de Cascavel, acompanhado de CLEBERSOM

SANTOSROCHA (já falecido), de quem era conhecido de bairro, bemcomo de Eliº/MAR APARECIDO GOMES FAGUNDES, vulgo MANDÁ ouMAMDÁ (já falecido), a quem incumbiria a execução do homicidio.Tanto CLEBERSON como SID/MAR agiram mediante promessa derecompensa de CLÁUDIO, ADEMIR e VALDEMIR, no vaiar de R$

10. 000,00 (dezmil reais) e uma arma de fogo.Nos dias H de março de 2005 e 01 de abril de 2005, juntamentecom SID/MAR, VALDEMlR DA SiL VA MOTTA passou a rondar aresidência de Leonir, situado na casa dos fundos da Rua TheofanloMaltezo, 555, Bairro Claudete, Cascave/VPR, local para o qual semudara há poucas semanas, em virtude das ameaças. Consta dos

autos que VALDEM/R DA SILVA MO7TA e SID/Mim APARECIDO

GOMES MGUMDES ficaram horas do dia 31 de março de 2005 e 01

de abril de 2005 (data do homicídio) na Lancheria GigaBar,

pertencente a Denarci Alves e janete Barreto da Silva, que ficava

próxima à morada da vitima. O denunciando VALDEMIR, bem comoSlD/MíuR, foram reconhecidaspelos proprietários da Lancheria e porum cliente habitual, Valcir Antonio Souto, mediante fotografias (cf,

autos de reconhecimentode f. 76-78, relativo a VALDEMIR DA S/L VA

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PODER JUDICIÁRIO

Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇAfls. 4

MOTTA, vu/go BICUDO, &- f. 4714—419, relativo a SiDIMAR APARECIDO

GOMES FAGUNDES, vulgo NAN/DÁ). Do mesmo modo, as citadaspessoas reconheceram o veiculo GM Kadett oti'i/Zado pelosdenunciados (autos de reconhecimentode f. 73-75).[evan/fados os hábitos da vitima, a partir do comando de CLÁUDIO

EBERHARD e ADEMIR VALVASEORI, o denunciado VALUE/WR DA

5/1. VÁ MOTTA, juntamente com SiO/MAR APARECIDO GOMES

FAGUNDES e CLEBERSON SANTOS ROCHA armaram-lhe uma .emboscada. Assim, por volta oªe 20:30 de 01 de abril de 2005,contando com a cobertura de CLÉBERSON e VALDEMIR, queestavam no GM Kadett branco, após sair detrás de uma árvore onde .se Dou/tara, na calçada frontal à residência da Vitima, SiO/MAR

APARECiOO GOMES FAGUNDES efetuou disparos de arma de fogocalibre 38 (v. iaudo de exame de munição, f. 198-201) contra o

jorna/ista Leonir Francisco Souto, matando-o dolosamente,conforme laudo de exame cadavérico de f. 82; surpreendendo-oenquanto abria, descuidadamente, o portão da residência paraingressar com seu veiculo, identificado com o nome do jornal. Em

seguida, SiO/MAR correu em direção ao veículo GM Kadett, branco,acima descrito e saiu do loca/, conduzido por VALDEMIR, queesperava em esquina próxima para a fuga. Ato contínuo, às 20:47.n., VALDEMIR DA Sli. VÁ MOTTA efetuou ligação te/efónica para odenunciado CLÁUDIO EBERHÁRO, que ordenara o evento, conforme .verifica—se da quebra de sigilo teiefónico de f. 778.

Por fim, o endereço da vitima, bem como seus hábitos, foramobtidos pelos denunciados CLÁUDIO EBERHARD e ÁOEM/R

VALVASSORI — para posterior repasse a IA4LOEN/R - junto ao tambémdenunciado SÉRGiOARáRECI'DO RIBEIRO, vulgo SERGIA/HO. Este eraamigo da vítima, com ele trabalhava e esta va morando, Consta queambos desentenderam—se naqueles dias, eis que a vitima expulsaraSÉRGiO da casa porque este fazia uso de entorpecentes.Enraivecido e ciente dos pianos o'e CLÁUDIO e ADEMIR de mataremLeonir, portanto & eies vinculado subjetivamente, SÉRGIOAPARECIDO RIBEIRO participou do crime fornecendo/bes o

Documentoassinado digita/meme. conforme MP n. “ 2,200—2/2007, Lei n, “ 11.419/2006e Resolução n. “ 09/2008, do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIO, Wo M

R

Estªd.,dopmná TRIBUNAL DE JUSTIÇA115.5

endereço para o qual a vítima semanas antes se mudara. A

propósito, assinale-se a ligação efetuada por SÉRG/O APARECIDO

RIBEIRO a CLÁUD/O EBERHARD em 30 de março de 2005, 16:28h, acobrar, e a imediata ligação de CLÁUDIO a VALDEMIR às 15:34h.

(quebra de sigilo te/efôn/co, f. 775 verso, revelando - ainda - queCLÁUDIO fez contato com VALDECI no dia 30 de março de 2005ainda às 20:22 e às 21:00 e, em 31 de março de 2005, às 17:38 e21 :47/1, cf. f. 777)".

Assim, os denunciados CLAUDIO DIRCEU EBERHARD, ADEMIR

VALVASSORI e VALDENIR DA SILVA MOTTA foram denunciados como incursos nas

sanções do art. 121, 529, I' (motivo torpe e mediante paga) e IV (emboscada), do CP, na

qualidade de autores, com domínio dos fatos; e SÉRGIO APARECIDO RIBEIRO como

incurso nas sanções do art. 121, 529, | (motivo torpe e mediante paga) e IV (emboscada),

c.c art, 29 (participação), ambos do CP.

Recebidos os autos nesta instância (fIs. 1120/1122), os

denunciados foram notificados para apresentar suas defesas preliminares,O denunciado Ademir Valvassori, em resposta a acusação de fls.

1130/1131, aduziu não concordar com a imputação que lhe é efetuada nos autos.

negando desde já a autoria delitiva.Pleiteia o não recebimento da peça inicial acusatóría, uma vez que

lhe falta justa causa para o início da ação penal, já que a acusação foi baseada somente

em meros indícios.Por sua vez, o denunciado Cláudio Dirceu Eberhard, em resposta à

denúncia de fls. 1153/1156, sustenta que não teve nenhuma participação no delito,

carecendo a versão acusatória de sustentação em fatos irrefutáveis. Afirma ainda que a

conclusão da morte atribuída ao denunciado é presunção irreal, sendo incompatível a

conduta imputada ao modo como () denunciado eIegia para resolver dos mesmos

problemas, qual seja, pela via legal,Ao final, pleiteia a rejeição da denúncia e, não sendo o caso, pela

produção de provas onde restará comprovada a inocência do denunciado.Em fls. 1316/1321, o acusado Valdenir da Silva Motta apresentou

resposta defensiva prefacial, aduzindo a inexistência de indícios de autoria passíveis de

justificar o prosseguimentoda ação penal.

&

Documento assmado digitalmente. conformeMP nº 2.200-2/2001,Lei n. “ 11.419/2006e Resolução n. ª 09/2008. do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIOswf; M

?Estado do Paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

"5,6Sustenta ainda que as investigações foram vagas e não

produziram indícios fortes a justificar a demanda, restando ausentes elementosindiciários a alicerçar qualquer interesse do Estado no prosseguimento da ação penal,

padecendo o feito de justa causa para o seu deslinde.Ao final foi apresentada resposta a acusação ofertada por Sérgio

Aparecido Ribeiro, em fls. 1325/1330, onde afirma que o único indício de sua participaçãonos fatos descritos na peça inicial acusatória se reflete na menção superficial de seunome por uma das testemunhas, restando ausente indícios de autoria.

Alega que, sem autoria intelectual, obviamente também não existe

execução alguma a ser imputada aos demais denunciados, muito menos a superficialparticipação atribuída ao investigado, paio que se pleiteia a rejeição da denúncia ante aausência de justa causa.

Encaminhados os autos a Procuradoria Geral de Justiça, foi

demandado () recebimento da denúncia em face dos acusados, entendendo o Parque!estarem presentes as condições da ação penal. notadamente por existir substratoprobatório apto a ensejar o início do processo criminal.

Após, vieram conclusos.É o sucinto relatório.

ii « VOTO E SEUS FUNDAMENTOS

É de se receber a denúncia,A peça inicial acusatória de fls, 02/09, como visto, imputa aos

denunciados o cometimento do delito tipificado no art. 121, êZº, incisos i e EV do CódigoPenal, c.c art. 29 (participação) em relação ao denunciado Sérgio, disposição legal estaque conta com a seguinte redação:

Art. 121. Matar alguém:Pena — reclusão, de seis a Vinte anos.(...)Homicídio qualificado35 2ª Se o hom/a'd/o e comet/bªo:/ - med/ante paga ou promessa de recompensa, ou por outromotivo torpe,“

(...)

Documentoassinado digitalmente. conforme MP n. ” 2.200-2/2001,Lei n, “ 11.419/2006e Resolução n. ª 09/2008, do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIOiwp A».

?Esmdºdºpmná TRIBUNAL DE JUSTIÇA

fls. 7IV — à traição, de emboscada, ou mediante disa'mu/açâo ou outro

recurso que difícu/te ou torne impossível a defesa do ofendido;Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Inicialmente, importante destacar que para o recebimento da

denúncia não é necessário e nem mesmo recomendável que se faça um exameaprofundado das questões que envolvem todo o material probatório, pois, caso contrário,

haveria uma antecipação do julgamento de mérito, com evidente prejuízo ao devido

processo legal.Neste sentido, confiram—se os seguintes precedentes desta Corte,

bem como do Superior Tribunal de justiça:HABEAS CORPUS - ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO iLEGAL EMFACE DE DECISÃO QUE RECEBEU A DENÚNCIA E DETERMINOU OPROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL - ALEGAÇÃO DE AUSÉNCIA DE

IUSTA CAUSA PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA -DESCABIMENTO - A DENÚNCIA APRESENTADA PREENCHE OSREQUISITOS DO ARTIGO 41 DO CPP E, PARA O SEU RECEBIMENTQNAO É NECESSÁRIA "A EXISTÉNCIA DE PROVA CABAL E SEGURAACERCA DA AUTORIA DO DELITO DESCRITO NA iNICIAL, MASAPENAS PROVA INDICIÁRIA, NOS LIMITES DA RAZOABILIDADE” -

ORDEM DENEGADA "(,..I il — Para o recebimento da ação penal nãose faz necessária a existência de prova cabal e segura acerca daautoria do delito descrito na inicial, mas apenas prova indiciária,nos limites da razoabilidade. Ill - A análise da suficiência ou não deprovas para a propositura da ação penal. por depender de exameminucioso do contexto fático, não pode, como regra, ser levada aefeito pela via do habeas corpus. lV — Ordem denegada. (...),(grifei). (STF, HC95156/AM, Rel. MiNRICARDO LEWANDOWSKI,Primeira Turma, ]. 06/10/2009).(TJPR — 2ª C. Criminal - HCC — 1440507-5 — Guarapuava — Rel.:Roberto De Vicente - Unânime - —J. 17.12.2015)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO PENAL ORiGiNARlA. QUEIXA»CRIME. RECEBIMENTO. DELIBERAÇÃO. OMISSÃO. NÃO EXiSTÉNCIA.(...) 2 - Na fase do recebimento da acusação pelo Tribunal (art. 69,da Lei nº 8.038/90) não se promoverá aprofundada apreciação dasprovas collqidas, sob pena de decisão antecipativa de mérito, comsupressão de etapas processuais. 3. A jurisprudência, nestes casos,destaca reclamar o recebimento da denúncia ou queixa apenas oiuizo de probabilidade. não transiqindo, por outro lado, a sentencacom o 'uízo de certeza.(STJ — EDcI na APn 128—DF, Corte Especial. Rel. Min. FernandoGonçalves).

As peças defensivas apresentadas se limitam a negar a autoria dos

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PODER JUDICIÁRIO&!“(o M

?Estadodopmná TRIBUNALDE JUSTIÇA

“115.8

denunciados no cometimento do delito de homicídio e afirmar que a acusação foi baseadaem meros indícios. restando ausente justa causa para o inicio da ação penal.

De acordo com o artigo 41 do Código de Processo Penal, ”A

denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suascircunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pe/os quais se possaidentifica—la, a classificação do cn'me e, quando necessário, o rol das testemunhas”

Vê-se que a peça inicial acusatória de fls. 02/12 traz todos os

elementos necessários ao seu recebimento, uma vez que expõe o fato criminoso, trazendoas circunstâncias pelas quais foi o mesmo cometido; qualifica todos os denunciados.identificando—os, além de classificar o delito como aquele contido no art. 121 do Código

Penal, findando com o rol de testemunhas a serem ouvidas no momento oportuno.Observa-se haver indícios de autoria e prova da materialidade do

fato, existindo um lastro probatório minimo a configurar, diferentemente do sustentadopelos denunciados, ajusta causa para o inicio da ação penal.

Isto se depreende pelo incontestável resultado morte da vítimaLeonir Francisco Souto, manifestando sobremaneira a materialidade do delito em tela.

Quanto a autoria, ainda que rechaçada por todos os denunciados,tem-se dos autos indícios suficientes a justificar o prosseguimento da ação penal.

Além de uma das testemunhas ouvidas perante a DEPOL afirmar

que havia escutado que a vitima seria morta, de relevante importância destacar o

empréstimo do veículo que foi utilizado para dar cabo a ação, na cidade de Cascavel,veiculo este que a princípio se tratava de um Kadet branco com placas da cidade de SantaTerezinha de itaipu, urbe onde o denunciado Cláudio e prefeito municipal.

Outras testemunhas também confirmaram a utilização do veículoacima mencionado para que fosse possibilitada a execução do delito, automóvel que seriade propriedade de Claudecy Costa Ferreira, funcionário municipal vinculado a Prefeitura do

municipio de Santa Terezinha, que emprestou o mesmo para que Valdenir e outros doisagentes (já falecidos) pudessem efetuar os disparos de arma de fogo que vitimaramLeonir.

Ainda, testemunhas como Paulo Cézar Sterchille e Adão Fernandesdos Santos afirmaram em depoimentos perante a Promotoria de Justiça e Delegacia dePolicia que o mandante do delito teria sido o Prefeito de Santa Terezinha de Itaipu, o oradenunciado Cláudio,

.

No mais, houve durante a investigação algumas informações de que

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PODER JUDICIÁRIOMíaM

%

Estªdº do paraná TRIBUNAL DE JUSTIÇA(15.9

Cláudio não simpatizava com as manchetes que eram publicadas no jornal de propriedadeda vítima, em especial quando estas se mostravam contra sua atuação como alcaide,sendo que inclusive Ademir, também denunciado e amigo próximo de Cláudio, havia

ameaçado Leonir dias antes de sua morte em uma lanchonete.Havendo prova da materialidade e indícios suficientes de autoria,

entendo que o prosseguimento do feito é medida imperativa.Ressalte—se que, nessa fase processual, prevalece a máxima in

dub/'o pro soc/etate, sendo que, preenchidos os requisitos do artigo 41 do Código de

Processo Penal e ausentes as hipóteses do artigo 395 do mesmo diploma processual,mister o recebimento da denúncia.

Eis o entendimento jurisprudencial:DENÚNCIA CRIME. PREFEITO MUNICIPAL. ART. 90, DA LEI 8.666/93.DESMEMBRAMENTO DO FEITO EM RELAÇÃO A UM RÉU NÃO

ENCONTRADO. REMESSA AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. ART. 80 DO

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA EM

RELAÇÃO AOS DEMAIS ACUSADOSFRUSTRAÇÃO DO CARATER

COMPETITIVO DE LICITAÇÃO. DENÚNCIA FORMALMENTE PERFEITA.

OBSERVÃNCIA DA REGRA DO ARTIGO 41, DO CÓDIGO DE PROCESSO

PENAL. ALEGADA NEGATIVA DE AUTORIA, E AUSÉNCIA DE PREIUÍZO

AO ERÁRIO. QUESTÓES NÃO DEMONSTRADAS DE PLANO, QUE

IMPORTAM NA ANÁLISE DO MÉRITO DA AÇÃO. NECESSIDADE DE

iNSTRUÇÃO PROBATÓRIA. APLICAÇÃO DO PRINCIPIO IN DUBIO PRO

SOCIETATE, DENÚNCIA PARCIALMENTE RECEBIDA, SEM

AFASTAMENTO DO CARGO! A Não é Inepta a denúncia queapresenta os elementos para a tipificação dos crimes em tesenarrados nos Fatos imputados, demonstrando o envolvimento do

acusado com os fatos delituosos, permitindalhes, sem qualquerdificuldade, ter ciência das condutas ilícitas que lhes foram

imputadas, restando—lhes assegurado o livre exercício docontraditório e da ampla defesa. II - As questões atinentes aomérito, que demandam instrução probatória, devemnecessariamente ser decididas após o regular processamento da

ação penal, vez que esta fase procedimental destina-se a aferir tãosomente se a denúncia preenche os requisitos necessários e se não

Documento assinado digitalmente. conformeMP n, ” 2,200-2/2001,Lei n. “ 11.419/2006e Resolução n, " 09/2008, do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIO%

- .

Estadudºpmá TRIBUNAL DE JUSTIÇAestão presentes quaisquer das causas de rejeição.(TJPR - 2ª C. Criminal em Composição integral - DC - 10842710 -

Terra Rica — Rei.: Laertes Ferreira Gomes - Unânime - — J.

01.10.2015)

em

Ils, IO

Vigorando () princípio do in dub/0 pro soe/”eram, somente com a

dilação probatória poder-se—á perscrutar a real prática do fato descrito, a participação e o

elemento subjetivo da ação dos denunciados, bem como a eventual adequação ao tipo emcujas sanções restaram incursos. respeitada a ampla defesa e sob () crivo do contraditório.

Assim, os aspectos que orientam a ilicitude da conduta, somentepoderão ser meihor elucidados na fase de instrução processual, a ser realizada emcontraditório, a qual mostra—se imperiosa para o esclarecimento efetivo dos fatos, emobediência ao principio da verdade real.

Desta feita, RECEBO A. DENÚNCIA oferecida contra CLAUDIO DIRCEU

EBERHARD, ADEMIR VALVASSORI, VALDEMIR DA SILVA MOTTA e SÉRGEO APARECIDO

RIBEIRO.

As questões atinentes ao mérito, que demandem instruçãoprobatória, devem necessariamente ser decididas após o regular processamento da açãopenal, vez que esta fase procedimental se destina a aferir tão somente se a denúnciapreenche os requisitos necessários e se não estão presentes quaisquer das causas derejeição.

Considerando o lapso temporal de quase 11 (onze) anos entre adata dos fatos e o recebimento da peça inicial acusatória, () avançado desenrolar dasinvestigações pela polícia judiciária, bem como a proximidade de eleições municipais nofinal do corrente ano, o que poderia causar desordem politica e atingir diretamente apopulação de Santa Terezinha de itaipu, deixo de propor o afastamento de Cláudio DirceuEberhard do cargo de Prefeito Municipal, bem como sua prisão preventiva.

DELEGO PODERES ao Juiz de Direito da 29 Vara Criminal da Comarcade Cascavel, para promover a instrução processual e a citação e interrogatório dosacusados.

Após a realização das diligências, acaso requeridas pelas partes noprazo indicado em lei (artigo 10, da Lei 8.038/90), retornem os autos a este EgrégioTribunal de Justiça para que seja determinada por esta Relatoria a apresentação dasalegações escritas (art. 11, da Lei 8038/90).

Documentoassinado digitalmente. conforme MP n. º 2.200-2/2001,Lei n, “ 71.419/2006e Resolução n ª 09/2008, do TJPR/OE

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA115,11

DIANTE DO EXPOSTO, porque reúne todas as condições

necessárias, o recebimento da denúncia se impõe.

lll — DISPOSITIVO

ACORDAM os integrantes da Segunda Câmara Criminal do Egrégio

Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, em receber a denúncia contra

ADEMIR VALVASSORI, VALDEMIR DA SILVA MOTTA, SÉRGIO APARECIDO RIBEIRO e

CLAUDIO DIRCEU EBERHARD, sem afastamento do cargo deste último. delegando—se a Zº

Vara Criminal da comarca de Cascavel a realização da instrução processual.A Sessão foi presidida pelo DesembargadorLuís Carlos Xavier.

Participaram do julgamento e acompanharam o voto do Relator

Excelentíssimos Senhores Desembargadores Laertes Ferreira Gomes, Luís Carlos Xavier,

José Mauricio Pinto de Almeida e Roberto De Vicente.Curitiba, 16 de março de 2017

JOSÉ CARLOS DALACQUA

Relator

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