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1 MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR: ANÁLISE DO MODELO ATUAL DE DISTRIBUIÇÃO COM FOCO NO NÍVEL DE ESTOQUE Guerino Carlin Tomaggi Júnior * RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar o modelo atual de distribuição com foco no nível de estoque de uma fábrica de requeijões localizada no Noroeste do Rio Grande do Sul. A partir disso, encontrar respostas de como aumentar a eficiência da Cadeia de Suprimentos e ao mesmo tempo manter um nível de serviço por ciclo satisfatório. O método utilizado nesta pesquisa foi o de estudo de caso e quantitativa quanto aos critérios a serem utilizados para análise de dados. O mapeamento do fluxo de valor foi aplicado no estudo para analisar a cadeia dos requeijões da Empresa Alfa, produzidos no Rio Grande do Sul e enviados para centros de distribuição espalhados pelo Brasil e de lá para os clientes. Com a pesquisa verificou-se ser possível reduzir a cobertura de estoque de 12 para 9 dias, aumentando a eficiência da operação e mantendo um alto nível de serviço. Além disso, percebeu-se também oportunidades de melhorar os resultados da empresa através da otimização de processos e o incentivo ao uso de alternativas de entregas ao cliente como o embarque do produto direto da fábrica para o cliente sem passar pelo centro de distribuição. Espera-se que futuramente mais estudos deste tipo ocorram e que modelos de processos flexíveis sejam mais utilizados. Palavras-chave: Distribuição. Estoque. Cadeia de suprimentos. Mapeamento de fluxo de valor. Eficiência. 1 INTRODUÇÃO O principal motivo da existência de uma cadeia de suprimentos é o de satisfazer as necessidades dos clientes e isso envolve dentro de uma empresa diversas funções como desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, distribuição, finanças, entre outras (CHOPRA; MEINDL 2008). * Discente do Curso MBA em Logística Aplicada & Supply Chain Management da Universidade La Salle- Unilasalle, matriculado na disciplina de projeto (TCC). E-mail: [email protected] , sob a orientação do Prof. Me. Silvio Alvim. E-mail: [email protected] Data de entrega: Ago. 2017.

MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR: ANÁLISE DO MODELO … · ao cliente como o embarque do produto direto da fábrica para o ... Estoque. Cadeia de suprimentos. Mapeamento de ... 3.1 Cadeia

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MAPEAMENTO DE FLUXO DE VALOR: ANÁLISE DO MODELO ATUAL DE

DISTRIBUIÇÃO COM FOCO NO NÍVEL DE ESTOQUE

Guerino Carlin Tomaggi Júnior*

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar o modelo atual de distribuição com foco no nível de

estoque de uma fábrica de requeijões localizada no Noroeste do Rio Grande do Sul. A partir

disso, encontrar respostas de como aumentar a eficiência da Cadeia de Suprimentos e ao mesmo

tempo manter um nível de serviço por ciclo satisfatório. O método utilizado nesta pesquisa foi

o de estudo de caso e quantitativa quanto aos critérios a serem utilizados para análise de dados.

O mapeamento do fluxo de valor foi aplicado no estudo para analisar a cadeia dos requeijões

da Empresa Alfa, produzidos no Rio Grande do Sul e enviados para centros de distribuição

espalhados pelo Brasil e de lá para os clientes. Com a pesquisa verificou-se ser possível reduzir

a cobertura de estoque de 12 para 9 dias, aumentando a eficiência da operação e mantendo um

alto nível de serviço. Além disso, percebeu-se também oportunidades de melhorar os resultados

da empresa através da otimização de processos e o incentivo ao uso de alternativas de entregas

ao cliente como o embarque do produto direto da fábrica para o cliente sem passar pelo centro

de distribuição. Espera-se que futuramente mais estudos deste tipo ocorram e que modelos de

processos flexíveis sejam mais utilizados.

Palavras-chave: Distribuição. Estoque. Cadeia de suprimentos. Mapeamento de fluxo de valor.

Eficiência.

1 INTRODUÇÃO

O principal motivo da existência de uma cadeia de suprimentos é o de satisfazer as

necessidades dos clientes e isso envolve dentro de uma empresa diversas funções como

desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, distribuição, finanças, entre outras

(CHOPRA; MEINDL 2008).

* Discente do Curso MBA em Logística Aplicada & Supply Chain Management da Universidade La Salle-

Unilasalle, matriculado na disciplina de projeto (TCC). E-mail: [email protected] , sob a orientação do

Prof. Me. Silvio Alvim. E-mail: [email protected] Data de entrega: Ago. 2017.

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A distribuição representa atualmente uma importante etapa da cadeia de suprimentos,

sendo de suma importância para atender o cliente final. Segundo Bowersox e Closs (2010), a

área da distribuição física trata da movimentação de produtos acabados para entrega aos

clientes. Os autores completam ainda que o principal objetivo da área é ajudar na geração de

receitas, prestando níveis desejados de serviço ao cliente, ao menor custo total.

Para que os produtos cheguem até os clientes e para as indústrias garantirem os níveis de

fabricação planejados, a Logística tem papel importante na cadeia. Para Novaes (2007), desde

a Segunda Guerra Mundial, a logística apresentou uma evolução continuada, sendo hoje

considerada elemento-chave na estratégia competitiva das empresas, procurando atuar de

acordo com o moderno conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimento.

Christopher (2016) destaca, porém, que hoje o mercado é caracterizado pela turbulência

e pela incerteza. A demanda em praticamente todos os setores tem se mostrado mais volátil do

que era no passado. Os ciclos de vida do produto e da tecnologia reduziram significativamente,

somado ao fato da introdução de produtos da concorrência deixam a demanda difícil de prever.

Ao mesmo tempo, para o autor, a vulnerabilidade das cadeias de suprimentos em relação a

adversidades ou à interrupção aumentou.

Um dos riscos que Christopher (2016) cita é o de demanda. E ele pode representar

rupturas de vendas ou excesso de estoques. O estoque existe na cadeia devido a uma

inadequação entre suprimento e demanda (CHOPRA; MEINDL 2008). Em alguns negócios

pode representar uma economia financeira fabricando grandes lotes, em outros pode ser para

antecipar uma futura demanda e aumentar o seu atendimento ou também para reduzir custos

através de economias de escalas ao longo da cadeia. Porém altos estoques também podem

representar custos excessivos, obsolescência, redução de eficiência.

A partir da existência da cadeia de suprimentos e de suas características e desafios, surge

o mapeamento do fluxo de valor. Conforme Jones e Womack (2011), fluxo de valor estendido

é toda ação, agregando valor ou não, que leva um produto desde a matéria-prima até os

consumidores. Segundo os autores, o mapeamento é o processo de observação direta dos fluxos

de informação e de materiais da forma como elas ocorrem, resumindo-os visualmente e

vislumbrando um estado futuro com melhor desempenho.

Todos os riscos de desabastecimento que existem na cadeia de suprimentos se justificam

para a decisão de formar estoques, porém o que pode ser repensado é se o nível de estoque

mantido é realmente necessário. Tendo em vista este cenário, este estudo pretende contribuir

com a seguinte questão: Como aumentar a eficiência da Cadeia de Suprimentos e ao mesmo

tempo manter um nível de serviço por ciclo satisfatório?

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O objetivo geral é analisar o modelo atual de distribuição com foco no nível de estoque,

buscando um entendimento do processo e identificando oportunidade de melhorias no nível de

estoque sem impactar na qualidade de atendimento em termos de prazo. E o objetivo especifico

é comparar o modelo atual da distribuição através do mapeamento do fluxo de valor,

identificando as operações que agregam valor e projetando uma proposta que possibilite uma

redução do nível de inventário medindo o nível de cobertura, o giro de estoque e projeção

financeira da redução de estoque.

A empresa Alfa surgiu na Europa e atua no ramo de laticínios, com fábricas e centros de

distribuição espalhados por todo o Brasil. Sua atuação é ampla, tendo produtos em diversas

categorias como queijos, leite UHT, manteiga e requeijão, que será objeto deste estudo.

2 PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA

O fundamento desta pesquisa foi analisar o modelo de distribuição aplicando a

metodologia de análise de valor, do conceito Lean e identificar oportunidades de melhorias nos

níveis de estoque e assim contribuir para a aplicação prática do conceito estudado. Com isso

pretende-se também aumentar a eficiência da toda a operação. O estudo utilizou dados recentes

da empresa referente a vendas, produção, estoque para servir de base para o trabalho.

3 REVISÃO LITERÁRIA

3.1 Cadeia de suprimentos

Logística e cadeia de suprimentos não são conceitos novos. Segundo Christopher (2016),

a derrota dos britânicos na Guerra da Independência norte-americana pode ser largamente

atribuída à falha de logística. Na invasão da Europa por tropas aliadas durante a Segunda Guerra

Mundial, a logística também teve um papel fundamental. Esses conceitos, porém, completa o

autor, demoraram muito tempo até serem compreendidos pelas organizações empresariais como

uma vantagem competitiva. Foram necessários quase cem anos até os princípios básicos da

gestão da logística serem amplamente aceitos.

O termo cadeia de suprimento representa produtos ou suprimentos que se deslocam pela

seguinte cadeia: fornecedores, fabricantes, distribuidores, lojistas e clientes, sendo o objetivo

de toda cadeia maximizar o valor global gerado, ou seja, alcançar a lucratividade (CHOPRA;

MEINDL 2008). Os autores completam que uma empresa pode receber materiais de diversos

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fornecedores, assim como podem abastecer diversos distribuidores. Portanto a maioria das

cadeias são compostas por redes, podendo se usar o termo Rede de Suprimento para descrever

a estrutura da maioria das cadeias.

Uma das áreas menos compreendidas no mundo empresarial, mas ao mesmo tempo uma

das mais importantes, é o canal de distribuição ou canal de marketing. Bowersox e Closs (2010)

define o canal como o meio através do qual um sistema de livre comércio realiza a transferência

de propriedade de produtos e serviços. Os autores ainda citam que, tecnicamente, um canal é

um grupo de entidades que assumem a propriedade de produtos ou viabiliza sua troca desde o

fornecedor inicial até o comprador final, durante o processo de comercialização.

3.2 Logística

Nos tempos de guerra, por se tratar de um serviço de apoio, sem ter o glamour da

estratégia bélica e o prestígio das batalhas vencidas, os grupos logísticos militares ficavam em

segundo plano, trabalhando em silencio (NOVAES, 2007). E isso foi o que aconteceu nas

empresas durante um bom período de tempo.

A logística empresarial, porém, evoluiu muito desde os seus primórdios. Novaes (2007)

cita que ela agrega valor de lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva.

Ele completa citando que além de agregar os quatro tipos de valores, a Logística também

procura eliminar tudo que não tenha valor para o cliente, ou seja, tudo aquilo que acarreta

somente custos e perda de tempo.

Christopher (2016) define a logística como um processo de gestão estratégica de

aquisição, movimentação e armazenagem de materiais (além do fluxo de informações

relacionados) por meio da organização e seus canais de comercialização, de tal forma que as

rentabilidades sejam sempre maximizadas através da execução de pedidos. Para Bowersox e

Closs (2010), a logística em uma empresa é o esforço integrado com o objetivo de criar valor

para o cliente ao menor custo total possível. E completa que ela existe para satisfazer às

necessidades dos clientes, sendo o grande desafio equilibrar as expectativas de serviços e os

gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio.

3.3 Fluxo de valor e conceito Lean

Jones e Womack (2011) explicam que em um fluxo de valor estendido as ações relevantes

a serem mapeadas consistem em dois fluxos: pedidos fluxo acima, onde se parte do cliente em

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direção ao fornecedor e produtos fluxo abaixo, aqui se vai da matéria-prima em direção ao

cliente. E assim, juntos, esses dois fluxos constituem um circuito fechado de demanda e

resposta.

Os mapas de fluxo de valor estendido podem ser feitos para os produtos atuais ou para

produtos futuros que estejam sendo planejados. A diferença do mapa de estado atual para um

item que existe comparado a um item novo é que no primeiro são mostradas as condições

existentes no presente enquanto que para um item novo é adotado a abordagem “negócios como

de costume” (JONES; WOMACK 2011).

Conforme os autores, a vantagem do mapeamento do fluxo de valor é poder ir no detalhe,

desagregando problemas operacionais no nível dos produtos específicos e assim podem ser

resolvidos com mais facilidade pelos gerentes. Inicialmente então se deverá começar do ponto

mais distante no sentido do cliente e definir as famílias de produtos nesse ponto. Essas famílias

de produtos podem ter um grupo de vários itens que passam pelas mesmas etapas de

processamento e utilizam os mesmos equipamentos antes de ir para o cliente final.

Segundo Jones e Womack (2011), em torno de 50 anos atrás, Taiichi Ohno, na Toyota,

enumerou sete tipos de desperdícios em fluxos de valor, que são uteis até hoje: excesso de

produção, que é fabricar os produtos antes que alguém deseje ou precise deles; defeitos, que

são falhas em produtos, registros ou entrega; estoque desnecessário, que seriam os excessos de

produtos em relação à quantidade necessária para resguardar os clientes; processamento

desnecessário, são as atividades que não agregam valor e que poderiam ser eliminadas;

transporte desnecessário entre plantas, movimentação de produtos entre plantas; espera, que são

os funcionários/etapas da produção esperando pela finalização do ciclo das máquinas e a

movimentação desnecessária no posto de trabalho, sendo a saída dos funcionários de seu

ambiente de trabalho para encontrar ferramentas, materiais, ajuda.

3.4 Distribuição

Nos últimos anos a distribuição tem recebido atenção especial e vem sendo reconhecida

como um processo de grande importância por parte das empresas, devido aos altos custos

envolvidos nela e as oportunidades existentes para reduzi-los (BERTAGLIA, 2009).

O processo de deslocar os produtos acabados desde a manufatura até o consumidor final

é denominado distribuição ou Outbound Logistics (NOVAES, 2007). Segundo Rolnicki (1998,

apud NOVAES, 2007, p. 124), já um canal de distribuição representa a sequência de empresas

que vão transferindo a posse de um produto desde o fabricante até o consumidor final. O autor

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completa que o canal de distribuição de um determinado produto pode envolver os seguintes

setores: fabricante, atacadista, varejo e serviços pós-venda. Bertaglia (2009) divide a

distribuição física em três elementos: recebimento, armazenagem e expedição.

Conforme Novaes (2007), há um certo paralelismo entre as atividades que constituem a

distribuição física de produtos e os canais de distribuição. Porém primeiramente são definidos

os canais de distribuição, após isso são definidas as atividades logísticas relacionadas à

distribuição física.

Distribuir não é considerado uma tarefa simples e é considerada dinâmica e diversificada,

pois varia de produto para produto ou de empresa para empresa. Necessita, então, ser bastante

flexível para enfrentar as diferentes demandas e restrições que são impostas, sejam elas físicas

ou legais (BERTAGLIA, 2009). Porém, Bertaglia (2009) cita que pode estar aqui uma grande

vantagem competitiva de uma empresa, podendo ser na forma como ela distribui, na maneira

que faz o produto chegar rapidamente à gôndola, na qualidade do transporte e na eficiência de

entrega de um material.

3.5 Estoque

Segundo Chopra e Meindl (2008), o fato de existir estoque em função da inadequação

entre suprimento e demanda pode ser intencional em algumas áreas. Na siderurgia, onde é mais

econômico produzir grandes lotes para vendas futuras, assim como no varejo, em que as lojas

preferem manter estoque como antecipação à futura demanda. Um papel importante do estoque

que os autores destacam é o de aumentar a quantidade de demanda que pode ser atendida, por

permitir que o produto esteja disponível no momento que o cliente quiser. Outro papel de

destaque do estoque é o de reduzir custos explorando economias de escala que possam existir

durante a produção e a distribuição.

O estoque é o principal fator gerador de custos em uma cadeia de suprimentos e exerce

também um forte impacto na responsividade. Sob o aspecto da responsividade, temos o

exemplo de uma loja de roupas com altos níveis de estoque, em que o cliente pode entrar na

loja e encontrar a camisa que procurava, sendo esse um caso de alto nível de responsividade.

Por outro lado, uma loja com baixos níveis de estoque não seria responsiva, pois o cliente teria

de fazer o pedido e aguardar semanas ou meses até o produto ser fabricado e entregue

(CHOPRA; MEINDL 2008).

Com isso, o estoque tem participação decisiva na capacidade da cadeia de suprimentos

de apoiar a estratégia competitiva da empresa. Se ela prefere ter um alto nível de serviço,

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automaticamente será mais responsiva e consequentemente terá grandes quantidades de

estoque. Contrariamente, segundo Chopra e Meindl (2008), a empresa pode usar o estoque para

se tornar mais eficiente, reduzindo a utilização de armazenagem centralizada e adotando uma

estratégia de custos baixos.

Segundo Christopher (2016), há muitos custos incorridos em toda cadeia. E um dos

maiores e também um dos menos explicados é o de estoque. E provavelmente muitos gerentes

não tenham conhecimento do verdadeiro custo de manutenção de estoques. O autor cita ainda

que, se todos os custos relacionados com a manutenção de estoques estiverem realmente

contabilizados, o custo real de manutenção de estoques será de cerca de 25% do valor contábil

do estoque ao ano.

Esse número é elevado assim porque há uma série de custos a serem incluídos no custo

de manutenção de estoque. Os principais são: custo de capital, armazenamento e manuseio,

obsolescência, danos e deterioração, roubo/redução, seguro e custos de gestão

(CHRISTOPHER, 2016).

Com um cenário de competição cada vez mais intensa, a área de gestão de custos

logísticos recebe ainda mais destaque, tendo como objetivo principal estabelecer políticas que

possibilitem às empresas, de modo simultâneo, uma redução nos custos e a melhoria do nível

de serviço oferecido ao cliente (FARIA; COSTA 2010). Conforme as autoras, estes custos

logísticos são aqueles que a empresa incorre ao longo do fluxo de materiais e bens, dos

fornecedores à fabricação, nos processos de produção e na entrega ao cliente, incluindo o

serviço pós-venda, buscando a minimização dos custos envolvidos e garantindo a melhoria dos

níveis de serviço aos clientes.

4 METODOLOGIA

Segundo Fonseca (2002), metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem

percorridos para realizar uma pesquisa, um estudo ou para se fazer ciência. Ainda conforme o

autor, methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação.

Quanto aos critérios a serem utilizados para a análise de dados, a pesquisa será do tipo

Quantitativa. Buscando uma melhor compreensão e atingir os objetivos deste estudo, a técnica

a ser utilizado será a de Estudo de Caso. Segundo Yin (2001), o estudo de caso contribui para

a compreensão que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais e políticos. Além

do estudo de caso, a pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo também

contribuirão com os procedimentos de pesquisa deste artigo.

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A unidade de análise para o presente estudo de caso foi o modelo atual de distribuição

com foco no nível de estoque de uma empresa de laticínios, com fábricas e centros de

distribuição espalhados pelo Brasil.

A coleta de dados realiza-se através de análise de documentos e dados históricos

relacionados. Além deles, as entrevistas com pessoas envolvidas diretamente com o processo e

as observações também irão contribuir com este estudo.

Através das ferramentas de coleta de dados, foram obtidos os dados de venda de uma

determinada família de produtos referente ao mês de Maio de 2017, os volumes de estoques

disponíveis na cadeia naquele período e o lead time dos processos. A amostra coletada foi

padronizada para valores diários e posteriormente os dados foram aplicados nos modelos de

cálculos de estoque de segurança. Os resultados obtidos foram analisados e confrontados com

os números atuais de cobertura de estoque da empresa.

5 APLICAÇÃO

A empresa deste estudo foi fundada na Europa nos anos 30, sendo hoje um dos maiores

grupos de laticínios do mundo. No Brasil a empresa fortaleceu sua atuação a partir dos últimos

4 anos. O grupo tem forte atuação nos mercados de queijos, leites UHT, iogurtes, requeijões,

entre outros.

O grupo possui fábricas em todo o Brasil, com a planta que produz requeijões ficando

localizada no noroeste do Rio Grande do Sul e que é responsável por atender as estratégias de

venda dessa categoria de produto da empresa em todo o país.

O modelo atual de distribuição da empresa, que será o foco deste estudo, é de

responsabilidade do setor chamado DRP (Distribution Requirements Planning). Este setor é

responsável por abastecer os centros de distribuição, a partir das fábricas. Além disso, a

definição das políticas de estoque, de malhas de transporte para atender as demandas, a análise

de vendas e estoques nos centros de distribuição também são atribuições do DRP.

A estratégia adotada pela empresa hoje é a make- to- stock, em que os produtos são

fabricados com base em previsões de demanda. Além da previsão de demanda, são

considerados na política de estoque o lead time, estudos de variação de demanda, entre outros.

Essa política de estoque é definida em dias de cobertura com base nos fatores citados

anteriormente.

A política de estoque garante um alto nível de responsividade, com atendimento de grande

parte dos pedidos que são enviados para a logística. Porém seus altos níveis de estoques

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reduzem a eficiência da cadeia de suprimentos e este estudo irá analisar oportunidades de

reduzir os níveis de estoques, mantendo níveis satisfatórios de atendimento da demanda.

O estudo foi dividido em duas fases: na primeira foram levantados os dados e processos

do estado atual da empresa; já na segunda fase foi proposto um novo fluxo de valor.

O mapeamento do fluxo de valor é a realização em progressão de todas as tarefas ao longo

da cadeia de valor, sendo na melhor das hipóteses um fluxo continuo, sem interrupções ou

refugos. Dentro das empresas podem existir dois tipos de fluxo: fluxo de projeto de produto,

que abrange desde a concepção até o lançamento do produto; fluxo de produção, que abrange

o fluxo de materiais e informações desde a matéria-prima até o consumidor. Com o mapa em

mãos é possível identificar mais facilmente os pontos onde há desperdícios. Este segundo fluxo

é o objeto deste estudo.

O mapeamento se divide basicamente em quatro etapas: (1) escolher uma família de

produtos, pois mapear todos de uma vez pode ser demorado e cansativo. Deve-se adotar um

critério na escolha como mais vendidos, maior valor agregado, etc.; (2) desenhar o estado atual,

que seria mostrar como a empresa se encontra no momento; (3) desenhar o estado futuro, que

seria uma idealização de como a empresa pode ser com a eliminação de todos os desperdícios

encontrados; (4) escrever o plano de trabalho, com divisão por etapas, as quais devem ter

objetivos, metas e datas necessárias para se atingir ao máximo possível o estado determinado

na etapa anterior.

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5.1 Mapa da situação atual

Figura 1 - Mapa da situação atual

Fonte: Adaptado de WOMACK.2011, pelo autor.

No estágio atual da empresa, após receber as demandas comerciais, o setor de

Planejamento de Produção analisa as necessidades de produção e as transmite para o PCP, que

fica localizado na fábrica, e na sequência para o departamento de almoxarifado, que é

responsável pela compra dos insumos junto aos fornecedores.

A programação de embalagens é mensal, porém com pedidos firmes e recebimentos

semanais. Após produzir uma média de 33 toneladas por dia, ocorre a análise de qualidade do

produto e no dia seguinte o embarque para o destino programado pelo DRP. Em função da

restrição de espaço na estrutura da fábrica, são embarcados em média 32, 6 toneladas por dia

de requeijão para poder otimizar o processo e garantir a continuidade na produção.

Os principais centros de distribuição da empresa localizam-se no Rio Grande do Sul, no

Paraná e outro em São Paulo. Eles são responsáveis por atender os pedidos de venda enviados

diariamente para a Logística. As regiões Sul e Sudeste respondem por em torno de 80% das

vendas, o que torna a logística destas regiões importantes para o faturamento da empresa.

Conforme o analista responsável pelos processos relacionados a distribuição, para cobrir

as variações que ocorrem na demanda e o lead time de produção e transporte, a produção é

empurrada e a cobertura de vendas que o estoque deve proporcionar é de 12 dias. Esse estoque,

0000

CLIENTE

651 TON DEMANDA/MÊS

29,6 TON

DEMANDA/DIA

SEMANAL

DIÁRIO

FORNECEDOR

PROGRAMAÇÃO MENSAL ENVIADA AOS FORNECEDORES, COM

PEDIDOS FIRMES SEMANAIS

PCP

DMS

FORNECEDOR

FORNECEDOR

Copos/Tampas Etiquetas

Massa Coalhada

FÁBRICA

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

E

380 TON

PROGRAMAÇÃO SEMANAL ENCAMINHADA PARA A

PRODUÇÃO

PP

DP

DRP

COMERCIAL

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DE EMBARQUE FÁBRICA X CD

LOGÍSTICA LOGÍSTICA

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DE PEDIDOS PARA ENTREGAR

NOS CLIENTES

VOLUME EM PRODUÇÃO: 33

TON

DEMANDA ENVIADA ATRAVÉS DE CICLOS DE 90 DIAS

E

32, 6 TONE

29,6 TON

TRANSITO 1 DIAGIRO DO ESTOQUES:

1,6 GIROS MÊS

COBERTURA DE ESTOQUE: 14,7 DIAS

ANÁLISE DE QUALIDADE 1 DIA TRANSITO 4 DIAS

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quase que na totalidade, estará concentrado nos centros de distribuição, pois na fábrica e em

transito somados terão o equivalente a dois dias de produção.

5.2 Mapa do estado proposto

Figura 2 - Mapa do estado proposto

Fonte: Adaptado de WOMACK.2011, pelo autor.

Neste novo modelo proposto, a principal mudança está na cobertura do estoque, com uma

redução sugerida de 12 para 9 dias de cobertura. Para agilizar o fluxo e facilitar a comunicação

na cadeia, foi proposto agrupar as funções de almoxarifado dentro do setor de PCP. E para

reduzir o custo de movimentação na cadeia, sugeriu-se também o aumento de expedição de

pedidos direto da fábrica para o cliente, considerando lead time e custo de transporte, e assim

reduzindo movimentações desnecessárias entre a fábrica e o centro de distribuição.

Usando os conceitos de Chopra e Meindl (2008), verificou-se a oportunidade de reduzir

a cobertura de estoque para 9 dias, considerando-se nela lead time de transporte e a variação de

demanda. Os principais dados utilizados para análise foram: a demanda média por dia do mês

de maio de 2017; o desvio padrão (ou variação) desta demanda; o lead time de transporte e o

ROP (Ponto de reposição).

0000 CLIENTE

651 TON

DEMANDA/MÊS

29,6 TON

DEMANDA/DIA

SEMANAL

DIÁRIO

FORNECEDOR

PROGRAMAÇÃO MENSAL ENVIADA AOS FORNECEDORES, COM PEDIDOS FIRMES SEMANAIS

PCP

FORNECEDOR

FORNECEDOR

Copos/Tampas Etiquetas

Massa Coalhada

FÁBRICA

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO

E

244,1 TON

PROGRAMAÇÃO SEMANAL ENCAMINHADA PARA A

PRODUÇÃO

PP

DP

DRP

COMERCIAL

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DE EMBARQUE FÁBRICA X CD

LOGÍSTICALOGÍSTICA

Proposta de melhoria: Explorar mais o embarque direto Fábrica

X Cliente

VOLUME EM PRODUÇÃO:

32,6 TON

DEMANDA ENVIADA ATRAVÉS DE CICLOS DE 90

DIAS

E

32, 6 TON

E

29,6 TON

TRANSITO 3 DIAS TRANSITO 1 DIAGIRO DO ESTOQUES:

2,4 GIROS MÊS

COBERTURA DE ESTOQUE: 9,3 DIAS

ANÁLISE DE QUALIDADE 1 DIA

PCP ficaria responsável pela gestão das embalagens

CARGA: 0,5 DIA DESCARGA: 0,5 DIA

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DE PEDIDOS PARA

ENTREGAR NOS CLIENTES

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6 RESULTADOS

Como Chopra e Meindl (2008) consideram ROP sendo o ponto de reposição e levando

em conta que por questões de restrições estruturais todo dia são embarcadas as produções da

fábrica, se for conservado o estoque médio de 276 toneladas estará sendo cumprido o nível de

estoque adequado e ainda gerando uma cobertura de vendas através do estoque de 9 dias.

Tabela 1 - Dados do produto

Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Analisando o nível de serviço por ciclo, que seria segundo Chopra e Meindl (2008) a

probabilidade de não esgotar o estoque em um ciclo de ressuprimento, a empresa em 99,28%

dos ciclos de ressuprimento consegue suprir toda a demanda a partir do estoque disponível.

6.1 Mapa do estado futuro

Figura 3 - Mapa de estado futuro

Fonte: Adaptado de WOMACK.2011, pelo autor.

Descrição VolumeDemanda média/dia 31.553,93

Desvio Padrão 14.576,46

Lead Time 6,00

ROP 276.782,39

CLIENTE

651 TON

DEMANDA/MÊS

29,6 TON

DEMANDA/DIA

SEMANAL

DIÁRIO

FORNECEDOR

PROGRAMAÇÃO MENSAL

ENVIADA AOS FORNECEDORES,

COM PEDIDOS FIRMES SEMANAIS

PCP

FORNECEDOR

Copos/Tampas/ Etiquetas

Massa Coalhada

FÁBRICA PR

CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO E

120 TON

PROGRAMAÇÃO SEMANAL

ENCAMINHADA PARA A

PRODUÇÃO

PP

DP

DRP

COMERCIAL

PROGRAMAÇÃO

EMBARQUE FÁBRICA X

CLIENTE / CD

LOGÍSTICA LOGÍSTICA

VOLUME EM PRODUÇÃO:

32,6 TON

DEMANDA ENVIADA ATRAVÉS

DE CICLOS DE 90 DIAS

E

15 TON

E

29,6 TON

TRANSITO 2 DIASTRANSITO 1 DIA

ANÁLISE DE QUALIDADE 1 DIA

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA DE PEDIDOS

PARA ENTREGAR NOS CLIENTES

ENVOLVENDO O CUSTOMER /LOGÍSTICA

PARA VERIFICAR A VIABILIDADE DE

EMBARCAR DIRETO DE FÁBRICA.

SEGUNDA ALTERNATIVA VIA CD

E

50 TON

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Em um cenário ideal, desconsiderando algumas restrições impostas pela cadeia

atualmente, este trabalho apresenta algumas propostas como redução do número de

fornecedores (o fornecedor de copos ficaria mais próximo à fábrica e já enviaria o copo rotulado

conforme demanda); a fábrica ficaria no estado do Paraná, região mais central e próxima aos

grandes centros consumidores e que com isso geraria uma diminuição no lead time e nos níveis

de estoque; estrutura fabril mais ampla para poder possibilitar atendimento de pedidos direto

de fábrica e reduzindo a dependência de centros de distribuição.

Como resumo dos três cenários, temos os principais resultados destacados na tabela

abaixo. Na ordem, é informado o tipo de mapa, depois o lead time, a cobertura de vendas através

do estoque em dias, o estoque estimado nos centros de distribuição, a valorização do estoque

posicionado na cadeia e quanto representa em percentuais o estoque valorizado em cada cenário

em relação ao mapa da situação atual.

Tabela 2 - Resumo dos mapeamentos

Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

7 CONCLUSÕES

Este trabalho buscou analisar alternativas para aumentar a eficiência em uma cadeia de

suprimentos e ao mesmo tempo que mantem um nível de serviço satisfatório. E utilizando

ferramentas como o mapeamento do fluxo de valor, analisou-se o modelo atual de distribuição,

níveis de inventário e buscou-se identificar operações que agreguem valor.

Foram utilizadas as ferramentas de coleta de dados para obter os dados principais para

este estudo de caso referente a uma empresa de laticínios que produz requeijão no noroeste do

Rio Grande do Sul. E o formato utilizado foi o quantitativo para análise dos dados.

O estudo mostrou que é possível ter uma operação mais eficiente através de uma redução

na cobertura de estoque de 12 para 9 dias e ao mesmo tempo manter um alto nível de serviço

por ciclo. Além da economia com os níveis de inventário, pode se obter outros ganhos em

processos relacionados à cadeia como transportes, armazenagem, etc.

Christopher (2016) cita a importância de observar tudo o que envolve estoque, pois se

trata de um dos maiores custos de toda a cadeia. E Chopra e Meindl (2008) destacam que o que

Modelo operação Lead Time (em dias) Cobertura de estoque (em dias) Estoque nos CD's (em ton) Inventário (em R$) % Redução x modelo

Atual 6 14,7 380 R$ 7.183.366 100%

Proposto 6 9,3 244 R$ 4.817.347 67%

Futuro 4 6,2 120 R$ 3.212.145 45%

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leva as empresas a aumentarem seus níveis de estoque são as variedades de itens, pressão por

disponibilidade e a incerteza de demanda.

Aumentar a eficiência e ao mesmo tempo conseguir garantir níveis de serviço satisfatórios

é o que deve ser perseguido pelas empresas em qualquer área. Mantendo o equilíbrio entre ser

responsivo e ser eficiente no momento e quantidade adequados tornará as operações da empresa

rentáveis e ao mesmo tempo trará satisfação aos clientes.

Como oportunidade para os próximos estudos fica a possibilidade de aprofundar ainda

mais este assunto, já que esta pesquisa usou um determinado período como referência e analisou

a cadeia de maneira mais ampla. Além disso, o estudo da otimização de processos e de setores

dentro da cadeia e a utilização de modo mais efetivo das entregas para os clientes a partir das

fábricas, sem a ligação com os centros de distribuição, também poderão ser explorados.

Como acadêmico, e com base no curso MBA em Logística Aplicada & Supply Chain

Management da Universidade La Salle, a pesquisa contribuiu para minha formação, pois tive a

oportunidade de conhecer o fluxo de valor, ter uma visão de como funciona os principais

processos da cadeia do requeijão e ao mesmo tempo entender as dificuldades encontradas hoje

e poder propor alternativas para melhorar os resultados da empresa e a satisfação dos clientes.

VALUE FLOW MAPPING: ANALYSIS OF THE CURRENT MODEL OF

DISTRIBUTION WITH FOCUS AT THE STOCK LEVEL

ABSTRACT

This article aims to analyze the current distribution model focusing on the stock level of a

cottage cheese factory located in the Northwest of Rio Grande do Sul. From this, find answers

on how to increase the efficiency of the Supply Chain and at the same time maintaining a level

of service per satisfactory cycle. The method used in this research was the case study and

quantitative as to the criteria to be used for data analysis. The value stream mapping was applied

in the study to analyze the chain of the Alfa Company's cheese, produced in Rio Grande do Sul

and sent to distribution centers spread throughout Brazil and from there to customers. With the

research it has been found possible to reduce inventory coverage from 12 to 9 days, increasing

the efficiency of the operation and maintaining a high level of service. In addition, it also saw

opportunities to improve the company's results through process optimization and the incentive

to use alternative customer deliveries such as shipment of the product from the factory to the

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customer without going through the distribution center. Further studies of this type are expected

to occur in the future and more flexible process models will be used.

Keywords: Distribution. Stock. Supply chain. Value stream mapping. Efficiency.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por iluminar minha caminhada e me guiar na condução deste trabalho e a

meus pais e meu irmão por sempre terem me incentivado a estudar, mostrando que este caminho

vale a pena.