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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO MARKETING KARLA SUELI DE SOUZA MAPEAMENTO DE PROCESSOS COMO FERRAMENTA DE REESTRUTURAÇÃO Um estudo de caso da empresa Gráfica São José Ltda. São José 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO MARKETING

KARLA SUELI DE SOUZA

MAPEAMENTO DE PROCESSOS COMO FERRAMENTA DE

REESTRUTURAÇÃO

Um estudo de caso da empresa Gráfica São José Ltda.

São José 2006

i

KARLA SUELI DE SOUZA

MAPEAMENTO DE PROCESSOS COMO FERRAMENTA DE

REESTRUTURAÇÃO

Um estudo de caso da empresa Gráfica São José Ltda.

Trabalho de Conclusão de Curso – projeto de aplicação –

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração da Universidade do Vale do

Itajaí.

Professora Orientadora: Gisela Regina Muller

São José

2006

KARLA SUELI DE SOUZA

MAPEAMENTO DE PROCESSOS COMO FERRAMENTA DE

REESTRUTURAÇÃO

Um estudo de caso da empresa Gráfica São José Ltda.

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Marketing da Universidade do

Vale do Itajaí, em 07/07/2006.

Prof. (a) MSc. Luciana Merlin Bervian Univali – CE São José

Coordenadora do Curso de Administração

Banca Examinadora:

Prof. (a) Dra. Gisela Regina Muller

Univali – CE São José Professora Orientadora

Prof. (a) M. Eng. Simone Santos Guimarães

Univali – CE São José Membro

Prof. (a) Msc. Daniel Augusto de Souza

Univali – CE São José Membro

iii

Este trabalho é dedicado à toda minha família,

minha razão de viver.

iv

AGRADECIMENTOS

Sou muito grata primeiramente a Deus, por ter me acompanhado e me ajudado a encontrar o

meu caminho colocando pessoas maravilhosas em minha vida.

São tantas pessoas que quero agradecer neste momento...

Minha família são imensos os agradecimentos, meu pai Manoel pela força, incentivo nos

estudos e por acreditar em meu potencial, Angélica, pelas conversas prolongadas, meus

irmãos, Júnior e Cristina, pelo constante carinho...Sandro, Leandro, queridos irmãos, agradeço

os conselhos, incentivo, carinho, auxílio...minha mãe Sueli, apesar da pouca convivência com

você na minha vida acadêmica, agradeço pelas suas orações e preocupações comigo.

Agradeço ao meu amor Rafael, pela ausência e paciência nos momentos mais difíceis, muito

obrigada.

Professora Gisela que orientou o trabalho, e mais do que isso, se esforçou pela minha

formação. Serei sempre grata pela sua orientação, pelos caminhos que indicou, pela palavra

de apoio e preocupação com o meu desenvolvimento e principalmente comigo. Você

conseguiu me cativar com sua voz meiga e carinhosa, obrigada pela sua paciência.

Aos membros da banca, Professor Daniel e Professora Simone, que auxiliaram no meu

desenvolvimento e na conclusão deste trabalho.

Também quero agradecer a minha grande amiga Kátia, companheira de estudos, de carona, de

conselhos e também pelas suas orações.

Agradeço a todos os que contribuíram de forma direta ou indiretamente, para a realização

deste trabalho.

Meu muito obrigada.

v

A mente que se abre a uma nova idéia, jamais

voltará ao seu tamanho original.

(Albert Einstein)

6

RESUMO

As constantes alterações que ocorrem no ambiente empresarial demandam em um processo de

gestão flexível que englobe possíveis mudanças. Diante deste cenário caracterizado por

muitas mudanças, uma das principais funções do administrador é a busca por soluções que

permitam o aperfeiçoamento constante dos processos produtivos e a oferta de

produtos/serviços diferenciados. Para a empresa estudada, estas mudanças se enquadram na

aquisição de um novo equipamento que resultou no aumento da escala produtiva. Atualmente

na empresa, está ocorrendo erros na execução do material desejado pelo cliente e estas falhas

necessitavam ser diagnosticada para que não ocorra a perda de materiais e até mesmo de

clientes. Para isso, é necessária uma reestruturação dos processos para que a empresa não

tenha perdas em sua produção. Portanto, o objetivo deste trabalho está em projetar uma

reestruturação dos processos internos da empresa Gráfica São José Ltda. A metodologia

utilizada para a captação das informações necessárias da empresa foi através de um

formulário aplicado com os funcionários e ainda como método de pesquisa a observação

participativa da pesquisadora. Após a aquisição destas informações foi possível mapear todo o

processo interno da empresa, em seguida, diagnosticar as possíveis causas dos problemas.

Logo, analisou-se o motivo pela qual os problemas aconteciam e com estes dados, foi possível

verificar quais os principais problemas dentro da empresa que se destacam a falta de

comunicação entre os setores e entre os responsáveis, a inexistência no controle de estoque e,

o preenchimento incorreto da ordem de produção. Para que os processos da empresa possam

fluir sem nenhuma interrupção é necessário realizar treinamentos com os representantes, para

uma melhor adaptação com o novo software adquirido para a realização dos orçamentos; as

funções necessitam ser subdividas entre os proprietários da empresa; é preciso haver um

controle rigoroso do estoque dos insumos utilizados para a confecção do material e; verificou-

se a falta de reuniões entre os proprietários e seus colaboradores, pois problemas como estes,

podem ser evitados e já resolvidos em conjunto.

Palavras-chave: Processos, Fluxograma e Mapeamento.

7

ABSTRACT

The constant alterations, which take place in the business environment, demand in a process

of flexible management that includes possible changes. Before this scenery, characterized by

many changes, one of the most important functions of the administrator is to look for

solutions, which will allow a constant upgrade of the productive process, and the

differentiated offer of products and a services. For a developed company, these changes are

fitted in the acquisition of new equipment, which resulted in the increase of production. At the

present time in the company, mistakes are happening in the execution of the wanted material

by the client, and these faults need to be diagnosed, so that does not occur material's and

clients loss. For that to happen, it is necessary a process of restructure, so that the company do

ot lose any production. Therefore, the objectivity of this duty is to project a restructure of the

intern processes at the Graphic San Joseph Ltd. The methodology used to receive the

company's necessary information, was the application of a form used with the employees as a

research method to observe the participation of the researcher. After receiving this

nformation, was possible to map the entire intern process of the company, and than, diagnose

the possible causes of the problems. After the reasons in which the problems happened was

analyzed, and with these data, it was possivel to check the main problems at the company,

standing out the lack of comunicacao between the sectors and the people in charge, the lack of

the stock control, and the incorrect filling of the production order. In order for the company's

process to flow without any interruption, it is necessary to provide training to their employees

and offer a better software adaptation to realize the budget; the function need to be sub-

divided between the company's owners; it is necessary to have a rigorous control of the

inputs'stock, used to material's production, and was also noticed a lack of meetings between

the owners and their collaborators because problems like that can be avoided and resolved in a

group.

Key-words: Processes, Flowchart and Mapping.

8

Lista de ilustrações

Figura 1 – Processos e seus componentes.................................................................................16

Figura 2 – Modelo de transformação........................................................................................18

Figura 3 – A inter-relação dos processos da empresa...............................................................21

Figura 4 – Hierarquia dos processos.........................................................................................22

Figura 5 – Processo e suas divisões..........................................................................................22

Figura 6 – Símbolos básicos do fluxograma.............................................................................25

Figura 7 – Método PDCA de gerenciamento de processos......................................................29

Figura 8 – Organograma da empresa........................................................................................40

Figura 9 – Fluxograma antigo da empresa................................................................................41

Figura 10 – Fluxograma de melhoria da empresa.....................................................................42

Figura 11 – Ordem de produção...............................................................................................44

Figura 12 – Método de gerenciamento dos processos – PDCA................................................56

Quadro 1 – Tipos de fluxogramas............................................................................................25

Quadro 2 – Método de padronização........................................................................................32

Quadro 3 – Síntese dos resultados............................................................................................56

9

SUMÁRIO

Resumo .................................................................................................................................................................vii

Abstract ...............................................................................................................................................................viii

Lista de ilustrações ............................................................................................................................................... ix

Listas de tabelas..................................................................................................................................................... x

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ........................................................................ 12

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 13

1.2.1 Objetivo geral.......................................................................................................... 13

1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................ 13

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................... 16

2.1 PROCESSOS ........................................................................................................... 16

2.1.1 Conceitos de processos............................................................................................. 18

2.1.2 Tipos e características dos processos ........................................................................ 19

2.1.3 Hierarquia dos processos .......................................................................................... 21

2.1.4 Fluxograma .............................................................................................................. 23

2.1.4.1 Tipos de fluxograma................................................................................................. 25

2.1.5 Funcionograma......................................................................................................... 26

2.1.6 Gerenciamento dos processos ................................................................................... 27

2.1.7 Mapeamento de processos ........................................................................................ 29

2.1.8 Padronização............................................................................................................ 31

2.1.9 Organograma............................................................................................................ 32

2.1.9.1 Tipos de Organogramas............................................................................................ 33

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO.................................................................... 36

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA .......................................................................... 36

3.2 MÉTODO DE APLICAÇÃO ................................................................................... 37

4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO.............................................................................. 39

4.1 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS....................................................................... 40

4.2 DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS........................................................................ 45

10

4.3 ANÁLISE DOS PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS ............................................. 50

4.4 PROPOSTA DE REESTRUTURAÇÃO DOS PROCESSOS.................................... 52

4.5 QUADRO SÍNTESE DOS RESULTADOS.............................................................. 56

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 60

6 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 62

7 APÊNDICE .................................................................................................................. 65

8 ANEXOS ...................................................................................................................... 67

11

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos observa-se que a acirrada concorrência tem sido a tonica do mercado

para as empresas dos mais diversos setores. A velocidade das mudanças provocadas pela

necessidade de competir de forma global tem feito com que as empresas busquem a melhoria

da capacidade competitiva. Frente a crescente flutuação do mercado e ao aumento das

incertezas do cenário econômico, muitas empresas têm investido na diferenciação de produtos

e serviços. Diante de um cenário caracterizado por mudanças uma das principais funções do

administrador é a busca por soluções que permitam o aperfeiçoamento constante dos

processos produtivos e a oferta de produtos/serviços diferenciados.

O mapeamento dos processos de uma organização pode contribuir para uma melhor

compreensão do funcionamento interno e dos relacionamentos entre os processos

empresariais. (HARRINGTON, 1993 apud VIEIRA, 2004, p. 27). O levantamento das

informações no fluxo de trabalho se dá durante o mapeamento dos processos que auxilia na

coordenação das atividades da empresa. Obtendo o resultado, a empresa irá buscar a melhoria

nas atividades pois todo trabalho importante realizado na empresa faz parte de um processo.

O setor de gráficas também tem enfrentado o acirramento da concorrência no mercado,

principalmente aquele resultante das novas tecnologias e da Internet. A Internet e as suas

novas ferramentas de divulgação podem ameaçar os serviços prestados por empresas gráficas.

O uso da mídia interativa para a divulgação de produtos/serviços ou mesmo da empresa por

meio eletrônico através de spans pode fazer com que a mídia impressa fique em segundo

plano, como por exemplo, o tradicional cartão de natal e da mala direta (panfletos). O

mercado mais competitivo tem exigido dos empresários do ramo gráfico a atenção às

tendências na aquisição de equipamentos e a constante avaliação dos processos para

acompanhar a dinâmica imposta por tais mudanças.

No ramo gráfico, os processos ocorrem conforme o pedido do cliente. Após realizado,

a empresa busca informações sobre o produto/serviço desejado. Durante esse processo existe

sub-tarefas a serem realizadas, são atividades que precisam ocorrer de forma coordenada para

que não haja erros evitando o retrabalho.

A empresa Gráfica São José está sendo o foco do presente estudo, é uma empresa

familiar, atuante no mercado gráfico há dezessete anos. Fundado por um profissional sem

estudos mas com a experiência de 42 anos no ramo.

12

Dentro deste ambiente de mudanças em um cenário competitivo em que a capacidade

de resposta deve ser rápida e eficaz, cabe ao empresário acompanhar as tendências e o ciclo

dos negócios que influenciam sua empresa. Para a Gráfica São José se adaptar a essas

mudanças, é necessário avaliar a maneira como o produto/serviço é executado através dos

processos da organização.

Para Holman (et. al, 2004) “o processo pode ser substancialmente aperfeiçoado se for

garantido um fluxo contínuo de trabalho. Para mudar efetivamente seu desempenho, as

empresas precisam aumentar a eficiência do processo como um todo [...] a adoção de técnicas

otimizadas ajuda as organizações a aumentar a eficiência produtiva em 30% ou mais”. Filho e

Drumond (1994, p. 14), definem fluxo de produção como sendo a seqüência de processos, que

permite a empresa entregar ao cliente o produto que ele deseja.

1.1 Descrição da situação problema

A cada ano, a empresa Gráfica São José busca melhorar sua estrutura principalmente

com relação a maquinários e equipamentos. A modernização da estrutura foi estabelecida

como objetivo da empresa no início de 2002 e tal decisão resultou na satisfação dos

proprietários e dos clientes que puderam constatar os reflexos de tais investimentos na

melhoria da qualidade dos produtos e na agilidade da entrega.

Para acompanhar as tendências de mercado a Gráfica São José permanentemente

busca empreender ações, dentre as quais no ano de 2005 destaca-se a aquisição de

equipamentos modernos para a melhoria da capacidade de produção. Tal opção pela

aquisição de um equipamento faz com que a empresa reestruture seus processos internos e

a configuração de um novo perfil de ação, que possa fazer frente ao aumento da

capacidade produtiva.

Após observações feitas durante o período de 02/2000 – 02/2006, pode-se perceber

que a empresa está passando por alguns problemas como: o produto é devolvido pelo

cliente havendo a necessidade de ser refeito ou renegociado quando necessário; a falta de

matéria-prima no setor de produção; a interrupção de trabalhos por erros ocorridos durante

os processos e; conflitos entre os colaboradores. Com a aquisição de maquinários, veio o

aumento da demanda que, conseqüentemente, resultou no aumento na capacidade

produtiva da empresa e, com isso é possível observar que os processos atuais

caracterizam-se por certa ‘desordem’.

13

A elaboração de um diagnóstico dos processos produtivos e de uma proposta para

melhoria dos processos contribuirá para que a empresa reveja suas práticas e para que possa

fazer frente aos desafios impostos pelo aumento da capacidade produtiva.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Projetar a reestruturação dos processos internos da empresa Gráfica São

José Comércio e Indústria de Artes Gráficas Ltda.

1.2.2 Objetivos específicos

• Mapear os processos organizacionais;

• Diagnosticar os problemas nos processos organizacionais;

• Analisar os problemas diagnosticados;

• Elaborar proposta para a reestruturação dos processos da organização.

1.3 Justificativa

A Gráfica São José é uma empresa familiar, que atua no ramo gráfico há dezessete

anos. Seu fundador Manoel Olávio de Souza foi responsável por sua gestão e, sem curso

superior e com uma experiência de 42 anos, desenvolveu a empresa buscando as melhores

práticas, ainda que de forma empírica. No entanto, o crescimento da empresa tem exigido

algumas mudanças tais como a renovação da logomarca (que se manteve a mesma desde que

a empresa iniciou suas atividades), o aumento do número de representantes para o

atendimento de demandas ainda não exploradas e a melhoria do fluxo da produção para que

possa suportar futuras projeções planejadas pela empresa. Cabe destacar que a aquisição de

novos equipamentos para a área de produção exigiu também um processo de revisão do

posicionamento do “negócio” da empresa.

De fato, a aquisição de um novo equipamento resultou no aumento da escala

produtiva. Atualmente na empresa, está ocorrendo erros na execução do material desejado

pelo cliente e estas falhas necessitam ser diagnosticada para que não ocorra a perda de

14

materiais e até mesmo de clientes. Para isso, é necessário uma reestruturação dos processos

para que a empresa não tenha perdas em sua produção.

Para Davenport (1994), os processos são as estruturas pelas quais uma organização faz

o necessário para produzir valor para os clientes. Tais processos podem ser medidos em

termos do tempo e do custo de sua execução. Para a empresa manter seus clientes é

necessário ter uma nova visão do seu processo produtivo, no qual as atividades desenvolvidas

agreguem valor ao produto/serviço oferecido ao cliente tendo o menor custo e a redução dos

desperdícios de matéria-prima, para que conseqüentemente possa se manter no mercado.

Para a Gráfica São José, observa-se como um dos maiores desafios a mudança da

cultura organizacional, marcada por características de uma empresa de pequeno porte com

gestão familiar. Segundo Lacombe (2003, p. 419), “... as empresas que chegaram a uma crise

que requeria uma mudança são vítimas do seu êxito, isto é, chegaram à crise por causa das

mesmas características que no passado eram uma qualidade e que passaram a ser defeito em

função de mudanças no ambiente, ou no tamanho ou diversidade da empresa”. As empresas

que conseguem se manter fortes e competitivas são aquelas que têm capacidade para

acompanhar as mudanças constantes do ambiente. Para o autor, a sucessão familiar em que a

gerência passa de pais para filhos, onde o valor desta troca de comando está justamente na

possibilidade de unir a experiência dos pais à atividade de renovação trazido pelos filhos, será

um trabalho conjunto que permitirá constante atualização da empresa.

Para entender a cultura organizacional, Longenecker et al (1997, p. 150), afirma “a

medida que um negócio de família cresce, requer uma medida maior da experiência

profissional. Assim que a organização é pressionada para romper habilidades profissionais.

Do mesmo modo, a idade mais avançada do fundador e a maturidade dos seus filhos tendem a

enfraquecer a cultura da família patriarcal com sua fonte dominante de autoridade – um pai

que “sempre sabe mais”. Uma cultura durável e eficiente pode significar um risco, caso torne

a organização incapaz de reagir ao seu ambiente.

Com a realização deste trabalho pretende-se alcançar o aprendizado e a integração

entre teoria e prática, por meio da aplicação dos conhecimentos resultantes de uma

formação em administração com habilitação em marketing e contribuir para o

desenvolvimento de uma organização familiar.

15

Segundo o SIGRAF (Sindicato das Indústrias Gráficas da Grande Florianópolis,

2006), existem aproximadamente 200 Gráficas registradas na região da Grande Florianópolis.

Com estes dados, é possível verificar o quanto a competição pode influenciar no mercado

gráfico. Assim, a busca pela permanência no setor faz com que a empresa crie estratégias que

possam ser competitivas. Caso contrário, o cliente irá procurar a concorrência perante o mau

desempenho da empresa que, para evitar este acontecimento é preciso fazer algumas

mudanças que possam resolver alguns problemas como: produto ou serviço oferecido de

forma inadequada, o retrabalho e os erros e falhas durante o processo produtivo.

Assim, ao manter e conquistar a confiança dos clientes através destas mudanças, a

empresa terá benefícios apropriados como, a permanência no mercado, clientes satisfeitos

que realizam o marketing boca-a-boca, retorno de pedidos, o feedback aos funcionários

que ficarão honrados com o reconhecimento de um trabalho bem realizado e, a satisfação

dos proprietários.

16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para dar sustentação ao trabalho de conclusão de curso apresentam-se alguns tópicos

referentes ao tema da pesquisa realizada, ou seja, os processos, fluxograma e organograma.

2.1 PROCESSOS

A excelência na gestão dos processos agrega valor a empresa podendo contribuir para

a melhoria de sua competitividade e de sua lucratividade. A administração da produção

explica a maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços direcionados a clientes

que buscam a satisfação através da aquisição de produtos e serviços.

Adair e Murray (1996) afirmam que os processos variam significativamente ao longo

do tempo, em termos de desenho e modo de operação de função para função, de empresa para

empresa e, até de gerente para gerente de uma mesma empresa.

O processo representa um grupo lógico de atividades necessárias ao funcionamento da

empresa, independentemente dos seus executores. Uma vez conhecidos os processos de uma

organização, será através da identificação das necessidades de informações de cada processo

que deverão ser definidos e desenvolvidos os processos. (CURY, 2000).

Para Cruz (1998), mesmo que o processo não esteja claro, visível, organizado,

simplificado, racionalizado e documentado ele existe, e como tal pode-se afirmar que é

igualmente verdadeiro que de forma organizada ou não todo processo está dividido em

atividades, como mostra na figura 1.

Figura 1 – Processos e seus componentes Fonte: Cruz (1998, p. 30).

17

Segundo Cruz (1998, p. 83), “é grande o número de empresas sem qualquer

organização ou documentação dos processos. Isto tem causado um grande estrago a essas

empresas, principalmente às pequenas e médias, por serem construídas e desenvolvidas

pelos próprios donos, raramente tiveram a oportunidade de serem erguidas de forma

organizada, com todos os processos documentados”. Para o autor, essa desorganização se

torna uma barreira que pode dificultar a identificação dos gargalos e dos pontos de

desequilíbrio durante os processos.

A função da produção na organização, segundo Slack (et. al 2002), representa a

reunião de seus bens e serviços. Para o autor, qualquer organização possui uma função da

produção porque produz algum tipo de bem e/ou serviço. Porém, não é a única, pois

existem as funções de Marketing e de Desenvolvimento. Para Slack (et. al 2002, p. 32),

estas funções se definem como:

• A função de marketing (inclui vendas) – é responsável por comunicar os produtos ou serviços de uma empresa para seu mercado de modo a gerar pedidos de serviços e produtos por consumidores;

• A função desenvolvimento de produto/serviço – que é responsável por criar novos produtos e serviços ou modificá-los, de modo a gerar solicitações futuras de consumidores por produtos e serviços;

• A função produção – é a responsável por satisfazer às solicitações de consumidores por meio da produção e entrega de produtos e serviços.

Os autores completam as definições, destacando duas outras funções:

• A função contábil-financeira – que fornece a informação para ajudar os processos decisórios econômicos e administra os recursos financeiros da organização;

• A função recursos humanos – que tanto recruta e desenvolve os funcionários da organização, como também encarrega-se de seu bem-estar.

Gaither e Frazier (2002) afirmam que os negócios não podem obter sucesso sem

produção, marketing ou finanças. Sem produção, nenhum produto poderia ser produzido; sem

marketing, nenhum produto poderia ser vendido; e sem finanças o resultado certamente seria

um fracasso financeiro. Embora os gerentes destas funções tenham muito em comum, suas

decisões podem ser diferentes. De fato, muitos problemas ocorrem nestas diferentes formas de

gerenciar baseadas nas barreiras existentes entre as funções.

18

2.1.1 Conceitos de processos

Para Davenport (1994), processo é simplesmente um conjunto de atividades

estruturadas e medidas destinado a resultar num produto específico para um determinado

cliente ou mercado.

Seguindo a mesma opinião, Hammer e Champy (1994, apud Gonçalves), adotam a

definição de processos como um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica

com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor para um grupo

específico de clientes.

Processo é uma combinação de elementos como equipamentos, insumos, métodos ou

procedimentos, condições ambientais, pessoas e informações do processo, que tem por

objetivo a fabricação de um bem ou o fornecimento de um serviço. (WERKEMA, 1995).

Campos (1992a), simplifica o conceito de processo caracterizando-o como um

conjunto de causas que provoca um ou mais efeitos.

Para Gaither e Frazier (2002), um sistema de produção transforma insumos (matérias-

primas, pessoal, máquinas, dinheiro, informação e outros recursos) em saídas (produtos e

serviços), esta atividade é predominante de um sistema de produção em que os gerentes de

operações administram, tendo como principal preocupação a atenção às atividades do

processo de transformação ou produção.

Qualquer operação produz bens ou serviços e esta ação passa por um processo de

transformação. Para Slack (et. al 2002), um modelo de transformação usado para descrever a

natureza da produção, pode ser resumido na figura 2.

Figura 2 – Modelo de transformação Fonte: Slack (et. al, 2002, p. 36).

19

Esse processo, segundo Davenport (1994) é simplesmente um conjunto de atividades

logicamente relacionadas e executadas com a finalidade de resultar em um produto específico

para um determinado cliente ou mercado.

Outra definição apresenta o processo como um conjunto de atividades ligadas que

tomam um insumo (input) e o transformam para criar um resultado (output). Teoricamente, a

transformação que nele ocorre deve adicionar valor e criar um resultado que seja útil e eficaz

ao recebedor acima ou abaixo da cadeia produtiva. (JOHANSSON, 1995).

2.1.2 Tipos e características dos processos

Para melhor entender como aperfeiçoar os processos de uma organização, Harrington

(1993, p. 135) descreve as seguintes características:

• Fluxo: os métodos de transformar entradas em saídas;

• Eficácia: o grau com que o processo atende às expectativas e às necessidades do

cliente final;

• Eficiência: o grau de aproveitamento dos recursos para produzir uma saída;

• Tempo de ciclo: o tempo necessário para transformar uma entrada numa saída;

• Custo: o dispêndio de todo o processo.

Segundo o autor, estas características são essenciais para identificar as áreas com

problemas-chave, fornecer o conjunto de dados necessários para a tomada de decisão,

construir a base estabelecendo metas de aperfeiçoamento e, para avaliar resultados.

Os processos podem ser classificados, segundo Harrington (1993, apud Vieira) em

processos produtivos e processos empresariais. Definindo-os da seguinte maneira: processo

produtivo – “é aquele que entra em contato físico com o produto até a embalagem”, processo

empresarial – “são processos que geram serviços e que dão apoio aos processos produtivos,

utilizando recursos da organização para gerar resultados”.

Segundo Adair e Murray (1996, apud Vieira), os processos possuem múltiplas etapas,

tarefas, operações ou funções que são executadas em seqüência, ou às vezes em conjuntos de

tarefas, operações ou funções executadas simultânea ou seqüencialmente. Para os autores, a

característica comum aos processos é a geração de um resultado ou produto identificável,

podendo ser produto físico, um relatório ou ainda um serviço. Esse resultado deve ser

20

destinado a “um receptor identificável”, que define sua finalidade, suas características e seu

valor, seja um cliente externo ou interno.

Para Cerqueira Neto (1994, apud Villela), existem processos fundamentais e processos de

apoio. No entanto, o autor acredita que, a partir da perspectiva do foco no cliente, existe um

terceiro tipo de processo e estabelece a classificação da seguinte forma:

• Processos primários: são aqueles que tocam o cliente. Qualquer falha, o cliente logo identifica;

• Processos de apoio: são os que colaboram com os processos primários na obtenção do sucesso junto aos clientes;

• Processos gerenciais: são aqueles que existem para coordenar as atividades de apoio e dos processos primários.

Em uma visão mais ampla, Garvin (1998 apud Gonçalves, 2000), classifica três

categorias básicas de processos empresariais, são:

• Processos de negócio ou de cliente: são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando no produto ou serviço que é recebido por um cliente externo;

• Processos organizacionais ou de integração organizacional: são centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização em busca de seu desempenho geral. Garantindo suporte aos processos de negócios;

• Processos gerenciais: são focalizados nos gerentes e nas suas relações e incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização.

Para Gonçalves (2000) os tipos de processos são:

� Internos – quando têm início e fim dentro da mesma empresa;

� Externos – quando o processo atravessa as fronteiras das áreas funcionais;

� Inter ou Intra-organizacionais – quando envolve diversas empresas diferentes para a

sua realização;

� Horizontal – se desenvolve ortogonalmente à estrutura da empresa;

� Vertical – é típica de empresas que possuem estruturas funcionais.

De acordo com Adair e Murray (1996), praticamente todas as empresas se organizam

em torno de quatro processos centrais fundamentais, dos quais depende, em última análise, a

sua capacidade de proporcionar significativo valor do cliente, fator de sobrevivência e

crescimento (ver Figura 3). Para os autores, o aspecto exterior desses quatro processos pode

variar de uma indústria para outra e entre as diversas empresas de uma única empresa.

21

Figura 3 – A inter-relação dos processos da empresa Fonte: Adair e Murray (1996, p. 28).

2.1.3 Hierarquia dos processos

Após identificar quais são as características comuns dos processos é possível

compreender que eles fazem parte da estrutura organizacional através de uma hierarquia.

Harrington (1993 apud Vieira, 2004, p. 24) afirma: “existem processos altamente complexos,

envolvendo milhares de pessoas [...] e processos muito simples, que requerem apenas alguns

segundos de tempo”.

Segundo os autores, Harrington (1993) e Cruz (1998) estas atividades são detalhadas

da seguinte maneira:

• Macroprocesso – é um processo que geralmente envolve mais de uma função na estrutura organizacional, e a sua operação tem um impacto significativo no modo como a organização funciona;

• Processo – é um conjunto de atividades seqüenciais (conectadas), relacionadas e lógicas que tomam um input com um fornecedor, acrescentam valor a este e produzem um output para um consumidor;

• Subprocesso – é a parte que, inter-relacionada de forma lógica com outro subprocesso, realiza um objetivo específico em apoio ao macroprocesso e contribui para a missão deste;

• Atividades – são as coisas que ocorrem dentro do processo ou subprocesso. São geralmente desempenhadas por uma unidade (pessoa ou departamento) para produzir um resultado particular;

• Tarefa – é uma parte específica do trabalho, o menor micro-enfoque do processo. Geralmente, está relacionada a um item e desempenha uma incumbência específica.

A representação gráfica destes conceitos se resume na figura 4.

22

Figura 4 – Hierarquia dos processos Fonte: Harrington (1993, p. 34).

Seguindo a mesma linha para explicar a hierarquia dos processos, Cruz (1998)

também destaca que os processos são sempre macros conjuntos de atividades e na grande

maioria das empresas, pequena ou média, existe apenas um processo. Entretanto, dependendo

do porte da empresa, o processo pode ser subdivido em subprocessos, com a finalidade de

melhorar o entendimento e o controle sobre um grande processo, como mostra a figura 5.

Figura 5 – Processo e suas divisões Fonte: Cruz (1998, p. 37).

23

Cada uma das etapas e tarefas da seqüência de um processo, via de regra, é separada

das outras por tempos de espera, envolve a movimentação do resultado/produto de um local

para outro e exige a transferência de uma pessoa responsável para outra, ao longo de toda a

seqüência. (ADAIR E MURRAY, 1996).

O modelo de input – transformação – output de Slack (et. al, 2002, p. 43), “sugere

uma hierarquização para os processos. Segundo estes autores a maioria das áreas de produção

é constituída de várias unidades ou departamentos que, por sua vez, funcionam como versões

reduzidas da operação global de que fazem parte”. Para os autores, a operação global pode ser

denominada como macro-operação, enquanto seus departamentos podem ser denominadas

micro-operações (ver figura 4).

2.1.4 Fluxograma

Harrington (1993, p. 104) define fluxograma como um “método para descrever

graficamente um processo existente, ou um novo processo proposto, usando símbolos

simples, linhas e palavras de forma a apresentar graficamente as atividades e a seqüência no

processo”. Para os autores Oliveira (2000), Cury (2000) e Cruz (1998), esta técnica é

amplamente universal.

A técnica do fluxograma representa para Oliveira (2000) a racionalidade, lógica,

clareza ou procedimentos em que estão envolvidos documentos, informações recebidas,

processadas e emitidas, bem como seus respectivos responsáveis e/ou unidades

organizacionais. Da mesma maneira, Cury (2000) afirma que o fluxograma representa o fluxo

ou a seqüência normal de qualquer trabalho, produto ou documento de maneira eficiente para

a organização.

Entretanto, Cruz (1998) afirma que os fluxogramas ajudam a compreensão do trabalho

de análise de processos, mas não devem ser superestimados, levando em consideração a sua

afirmação:

[...] se o trabalho de levantamento de dados não for bem feito e por conseguinte a análise da situação ficar comprometida em decorrência disto, o fluxograma, qualquer que seja a técnica empregada, não servirá de nada, a não ser para enfeitar as páginas de um projeto. (CRUZ, 1998, p. 121).

Por meio de uma completa, ordenada, detalhada e a autêntica disposição de fatores

pertinentes ao funcionamento de uma empresa, os fluxogramas auxiliam a descobrir os pontos

que, representando falhas de natureza diversas, podem responder pelas deficiências

24

constatadas na execução das tarefas. Um fluxograma pronto abrange grande número de

operações, em um espaço relativamente pequeno. (OLIVEIRA, 2000, p. 245).

Com a mesma idéia, Harrington (1993) afirma que bons fluxogramas destacam

aquelas áreas em que procedimentos confusos afetam a qualidade e a produtividade. Além

disso, o fluxograma facilita a comunicação entre as áreas problemáticas, em função de sua

capacidade de esclarecer processos complexos.

A função do fluxograma, de acordo com Oliveira (2000), é apresentar a circulação de

papéis e formulários entre as diversas unidades organizacionais da empresa ou entre pessoas,

ele é usado para a pesquisa de falhas na distribuição de cargos e funções nas relações

funcionais, na delegação de autoridade, na atribuição de responsabilidade e em outros

aspectos do funcionamento do processo administrativo.

O autor apresenta as principais funções do fluxograma:

• Padronizar a representação dos métodos e os procedimentos administrativos;

• Descrever os métodos administrativos com maior rapidez;

• Facilitar a localização e a identificação dos aspectos mais importantes;

• Oferecer maior flexibilidade e;

• Permitir melhor grau de análise.

Uma vantagem, citada por Harrington (1993, p. 104), está no fato de a elaboração de

um fluxograma criar uma disciplina mental. O autor descreve esta ação como:

Comparar um fluxograma com as atividades do processo real irá destacar aquelas áreas em que as regras ou políticas não são claras, ou estão sendo até desobedecidas. Começam a aparecer as diferenças entre a forma como uma atividade deve ser executada e como ela é executada na realidade. Depois, com apenas alguns passos, é possível determinar como melhora a atividade.

A maioria dos fluxogramas de processos, segundo Kock (1995) pode ser gerada com o

subconjunto básico de símbolos ilustrados na figura 6.

25

Figura 6 – Símbolos básicos do fluxograma Fonte: Kock (1995, p.150).

Para Cury (1998), estes símbolos têm por finalidade colocar em evidência a origem,

processamento e destino da informação.

2.1.4.1 Tipos de fluxograma

Para Cury (2000), “ao elaborar um fluxograma, é preciso efetuar uma pesquisa

minuciosa junto às unidades organizacionais, ou seja, fazer um levantamento dos passos que

envolvem o trabalho, desde o operador inicial até o final, passando inclusive, pelos

formulários envolvidos no processo”.

Cruz (1998) afirma que a variedade de técnicas e tipos de fluxogramas dá ao analista

de processos grande possibilidade de uso, porém, embora existam muitas observações sobre

inúmeros detalhes, é necessário ter cuidado ao montar um fluxograma, a prática é simples e

por isso, na maioria das vezes construímos fluxogramas simples.

Existem diversos tipos de fluxogramas, cada fluxograma se enquadra em uma

necessidade específica da organização.

AUTOR TIPOS DE FLUXOGRAMAS CRUZ (1998) Sintético Bloco Vertical

OLIVEIRA (2000) Vertical Parcial /

Descritivo Global / Coluna

BALLESTERO-ALVAREZ (1997)

Horizontal Vertical

CURY (2000) Vertical Global /

Coluna

Administração / Rotinas de trabalho

HARRIGTON (1993) Bloco Padrão ANSI Funcional Geográfico

Quadro 1: Tipos de Fluxogramas

26

Para Cruz (1998), o fluxograma de blocos mostra de forma resumida o processo de

análise, apresenta fluxos alternativos e demonstra se é negativa ou positiva. Já para

Harrington (1993), este tipo de fluxograma é mais simples e comum, fornece visão rápida e

simples do processo. Sua utilização auxilia na simplificação dos processos grandes e

complexos, facilita a documentação das tarefas individuais e possui uma visualização rápida

dos processos.

O fluxograma vertical, para Oliveira (2000) é destinado à representação de rotina

simples em seu processamento analítico em uma unidade organizacional. O autor descreve

como sendo vantagens deste fluxograma, “maior clareza nas informações; ser impresso; a

rapidez no preenchimento e; grande facilidade de leitura”. Cruz (1998) descreve esta

ferramenta como sendo poderosa para o levantamento e análise de rotinas facilitando a

padronização.

Ballestero-Alvarez (1997) afirma que normalmente são usados formulários

padronizados e o trabalho do analista é preencher as linhas com as descrições dos passos um a

um. Concordando com as idéias do autor, Cury (2000) completa afirmando que este

formulário simplifica o trabalho do analista, pois evita distorções, divergências e incoerências

que ocorrem quando as anotações são efetuadas em rascunho comum.

Oliveira (2000) e Cury (2000) afirmam que o fluxograma global/coluna é o mais

utilizado nas empresas, com o objetivo de levantar ou descrever novas rotinas e

procedimentos, demonstrar com maior clareza o fluxo de informações e documentos e

apresenta maior versatilidade transmitindo o fluxo de trabalho para toda a organização.

2.1.5 Funcionograma

O funcionograma tem como objetivo representar as funções de uma área específica

dentro da empresa. Consiste em gráficos de colunas que descrevem as atividades

desenvolvidas por uma área e as respectivas responsabilidades. (BALLESTERO-ALVAREZ,

1997). O autor descreve como vantagens do funcionograma: “auxiliar na análise da

distribuição de tarefas e; ajudar a identificar funções. E como desvantagens: não fornecer

detalhes do trabalho executado e; não fornecer a lógica completa das atividades”.

Cury (2000, p. 220) afirma que “o funcionograma pode ter múltiplas utilidades,

inclusive para processos de racionalização, análise da distribuição do trabalho, padronização

de atividades e fluxos, estudos de layout, entre outros”.

27

Segundo Cury (2000) e Ballestero-Alvarez (1997), a principal função desta ferramenta

está em um melhor entendimento do trabalho total, favorecendo igualmente a distribuição de

sua carga entre os diversos subordinados, evitando também uma dispersão com um mesmo

empregado que possa estar envolvido em diversas atividades.

2.1.6 Gerenciamento dos processos

O gerenciamento de processos envolve planejamento, fixação de metas,

monitoramento, tomada de decisões e comunicação com relação aos processos e ativos

operacionais-chave de uma empresa (DAVENPORT, 1994, p. 321). O autor cita exemplos de

processos de gerenciamento em empresas que incluem as seguintes ações:

• Formulação de estratégia;

• Planejamento e orçamento;

• Avaliação de desempenho e relatórios;

• Alocação de recursos;

• Gerenciamento de recursos humanos;

• Construção de infra-estrutura e;

• Comunicação com os interessados.

Para finalizar sua definição Davenport (1994), afirma que essas não são as únicas

atividades dos gerentes, mas são as mais estruturadas e provavelmente desempenhadas num

ambiente de processo.

Segundo Tachizawa e Scaico (1997, p. 172), “o gerenciamento coordena todas as

tarefas e atividades inerentes ao(s) processo(s) sob gestão da área de domínio delimitada

como hierarquicamente vinculada a cada gerência de serviços/processos definida”. Para os

autores, o gerenciamento destas tarefas significa manter todos os processos ajustados e

funcionando harmonicamente e com o mesmo grau de importância dedicado a cada um deles.

O grande objetivo de gerenciamento, de acordo com Filho e Drumond (1994), é a

delegação, isto é, a rotina diária da empresa deve ser desenvolvida pelos operários e

supervisores. Cabe aos demais níveis hierárquicos cuidar das melhorias desta rotina.

Trabalhando a visão em conjunto, Adair e Murrray (1996) afirmam que a liderança da

empresa cria visão mais ampla, mais abrangente e, sobretudo, entendida e sustentada por

todas as áreas. Assim, torna-se possível transformar as visões, num conjunto significativo,

com o foco no cliente e na maximização do valor do cliente no futuro.

28

Os controles e metas orientados para as exigências dos clientes, ou seja, os processos

bem gerenciados são os que preconizam a satisfação dos clientes. (HARRINGTON, 1993

apud VIEIRA, 2004).

Para Harrington (1993, p. 18), os três objetivos do gerenciamento de processos são:

• Tornar os processos eficazes;

• Tornar os processos eficientes;

• Tornar os processos adaptáveis.

O autor afirma que todos os processos bem-definidos e bem-gerenciados possuem

características em comum, tais como:

• Alguém responsável pelo desempenho do processo (o dono do processo); • Fronteiras bem-definidas (o escopo do processo); • Interações internas e responsabilidades bem-definidas; • Procedimentos, tarefas e especificações de treinamento documentados; • Sistemas de controle e feedback próximo ao ponto em que a atividade é executada; • Controles e metas orientados para as exigências do cliente; • Prazos de execução conhecidos; • Disposição de procedimentos para mudança formalizados; • Certeza de o quanto podem ser bons.

Produtos de qualidade são produzidos quando os processos em andamento estão aptos

a satisfazer as necessidades dos clientes e quando tais produtos se traduzem em características

de qualidade do produto. Para Filho e Drumond (1994), quando os processos falham nas

tarefas altos custos são incorporados ao produto devido às perdas, à necessidade de inspeção

total, ao refugo ou ao retrabalho.

Para Tachizawa e Scaico (1997, p. 137), “as medições precisam ser uma decorrência

da estratégia da organização, abrangendo os principais processos, bem como seus resultados

[...], sua análise envolve a criação e utilização de indicadores de qualidade e de desempenho

para avaliar produtos, serviços de apoio, processos, tarefas e atividades”.

O uso da informação no acompanhamento de processos é ainda mais importante

quando a tecnologia da informação é usada para automação de alguns aspectos do processo.

Os computadores são capazes de recolher e distribuir informações como os recursos

consumidos, a duração, as características de produção e até mesmo o custo cumulativo dos

processos. (DAVENPORT, 1994).

29

O Método freqüentemente utilizado para a melhoria de processos é o ciclo PDCA,

ilustrado na figura 7, que é composto por quatro etapas básicas seqüenciais que formam um

ciclo fechado, são elas: planejar (Plan), executar (Do), verificar (Check) e, agir corretamente

(Action). (TUBINO apud Melo, 2003, p. 25).

Figura 7 – Método PDCA de gerenciamento de processos Fonte: FIESC/SESI – Manual de Implantação do Gerenciamento da Rotina, 1994 apud Melo, 2003.

2.1.7 Mapeamento de processos

O mapeamento de processos tem como origem diferentes áreas que, a princípio, em

sua maioria é técnica e pode ser atribuída ao americano F. W. Taylor, que começou os seus

estudos buscando a melhoria e a facilidade durante a realização dos trabalhos na Midvale

Steel Works em meados de 1880. (JOHANSSON et.al, 1995).

A documentação e a relação entre input–output são representados em um mapa de

processos. Para Johansson (et. al, 1995), a realização deste mapa possibilita a identificação

das interfaces críticas, a definição de oportunidades para simulações de processos, a

implantação de métodos de contabilidade baseados em atividades e a identificação de pontos

isolados ou incoerentes nos processos. Desta forma, Hunt (1996 apud Villela, 2000) afirma

que o mapeamento desempenha um papel essencial de desafiar os processos existentes.

O mapa de processos, segundo o autor, deve ser apresentado em uma linguagem

gráfica que permita:

• Expor os detalhes do processo de modo gradual e controlado; • Encorajar concisão e precisão na descrição do processo; • Focar a atenção nas interfaces do mapa; • Fornecer uma análise de processos poderosa e consistente com o vocabulário do design.

30

Para realizar um mapeamento, segundo Johansson (et. al, 1995), é necessário um

profundo conhecimento das atividades que constituem os processos essenciais de negócios e

os processos que os apóiam, em termos de sua finalidade, pontos de início, entradas, saídas e

influências limitadoras. De acordo com Adair e Murray (1996), o mapa de processo também

proporciona uma oportunidade para começar a colher alguns dados como o tempo de ciclo – o

tempo necessário para uma unidade percorrer uma etapa ou, um processo – que é uma medida

particularmente útil que pode começar a ser acrescentada ao mapa.

Sua análise estruturada permite, ainda, a redução de custos no desenvolvimento de

produtos e serviços, a redução nas falhas de integração e a melhoria no desempenho da

organização, além de ser uma ferramenta indispensável para um bom entendimento dos

processos atuais e para ajuste dos que precisam ser mudados. (HUNT, 1996 apud

VILLELA, 2000).

O mapeamento de processos, para Johansson (et. al, 1995, p. 205), pode ser

suplementado por uma técnica chamada modelagem de dados, a qual evolui do

reconhecimento crescente da necessidade de administrar os dados como um ativo. Segundo os

autores, “essas técnicas não devem ser confundidas pois, a modelagem de dados, a meta é

entender as relações entre os dados elementares e as ligações entre os conjuntos de dados nos

quais os dados elementares podem estar presentes.” Assim, são localizadas as eficiências na

obtenção, domínio e disseminação dos dados, para evitar duplicação e sobreposição

desnecessária e manter o valor dado como um ativo.

Elaborar o mapa detalhado do processo é como manter o foco da atenção em uma

unidade de trabalho, desde o início do processo acompanhando-o durante todo o percurso.

O mapa documenta o que realmente acontece ao trabalho durante o processo, não o que o

desenho, as instruções ou as planilhas dizem que deve acontecer. Depois de concluído, o

mapa detalhado do processo diz tudo o que acontece com uma unidade de trabalho.

(ADAIR e MURRAY, 1996).

Davenport (1994, p. 161) ao descrever a importância de melhorar os processos

internos, diz que há quatro razões para documentá-los, e as define da seguinte forma: primeira

razão é “o entendimento dos processos existentes facilita a comunicação entre os

participantes”; a segunda é que “na maioria das organizações não há como passar para um

novo processo sem compreender o processo existente”; a terceira é “o reconhecimento dos

problemas de um processo existente pode ajudar a evitar a sua repetição no novo

31

processo”; finalmente, “o entendimento dos processos existentes proporciona uma medida

de valor da reengenharia proposta”.

2.1.8 Padronização

Campos (1992a) descreve a importância da padronização dentro das empresas como

algo que resulta na melhoria da qualidade, na redução de custo, no cumprimento de prazo e na

segurança dos produtos e serviços produzidos pela organização. Para o autor, a padronização

se define como uma atividade sistemática de estabelecer e utilizar padrões.

A padronização dos procedimentos de trabalho é importante para assegurar que todos

os funcionários, atuais e futuros, façam uso dos melhores meios de realizar as atividades

relacionadas ao processo. Segundo Harrington (1993, p. 187), um processo de produção

incluirá diversos documentos, como:

a) Um conjunto de desenhos especificando todas as dimensões e detalhes de montagem do produto; b) Especificações detalhadas cobrindo todos os processos químicos ou de outra natureza, aplicados ao produto; c) Instrução passo a passo, detalhando exatamente em que seqüência cada operação deve ser executada, em que máquina e em que departamento; d) Um conjunto de inspeções e/ou instruções de testes, a serem executados em pontos específicos da produção do produto; e) Um plano de treinamento, definindo a qualificação básica e o treinamento relativo à tarefa que será designado ao funcionário.

Campos (1992b) descreve o método de padronização conforme o Quadro 1.

Método de Padronização Seq. Método Descrição

1 Especialização Escolher o sistema a ser padronizado determinando a sua repetibilidade.

2 Simplificação

Uma vez delimitada a repetibilidade e definido o processo, o próximo passo é a simplificação, que se traduz na redução do número de produtos, componentes, materiais, procedimentos e na simplificação do projeto dos produtos, visando reduzir custos.

3 Redação Redigir uma linguagem que as pessoas entendam, inclusive gíria e linguagem coloquial local.

4 Comunicação Comunicar e consumar com todas as outras pessoas ou departamentos afetados pelo padrão.

5 Educação e Treinamento

Conseguir com que as pessoas façam exatamente o que tem que ser feito.

6 Verificação da Conformidade dos Padrões

Principal papel de todas as chefias. O gerente supervisiona o processo e o aperfeiçoa. As metas da qualidade, custo, atendimento, moral e segurança devem ser alcançados.

Quadro 2 – Método de padronização Fonte: Campos (1992b, p. 26).

32

2.1.9 Organograma

Organograma é uma representação gráfica simplificada da estrutura organizacional de

uma empresa, especificando os órgãos, seus níveis hierárquicos e as principais relações

formais entre eles. É o instrumento mais utilizado para representar a formalização da

estrutura. (LACOMBE, 2003).

Em concordância a Lacombe (2003), Ballestero-Alvarez (1997) define organograma

como um instrumento usado para configurar e estabelecer a estrutura formal de uma empresa

ou de uma de suas partes em um determinado momento, é uma forma tática de configurar a

empresa ou uma de suas partes.

Seu objetivo, segundo Rocha (1987) é representar a organização formal,

configurada na estrutura oriunda do regulamento da empresa demonstrando os diversos

órgãos, seus posicionamentos, vias hierárquicas existentes e as linhas de autoridade,

subordinação e vinculação.

Sua finalidade representa para os autores Cury (2000) e Ballestero-Alvarez (1997) da

seguinte forma:

• Os órgãos componentes da empresa;

• Tanto quanto possível, de forma genérica, as funções desenvolvidas pelos órgãos;

• As vinculações e/ou relações de interdependência entre os órgãos;

• Os níveis administrativos que compõem a organização;

• O nível hierárquico.

De acordo com as finalidades descritas, Cury (2000) e Lacombe (2003) completam a

descrição, afirmando que não é o objetivo do organograma mostrar de maneira completa,

precisa e abrangente toda a estrutura organizacional, outrossim, refletir a organização real da

empresa de maneira que possa ser compreendida por parte dos que acreditam na sua

qualidade.

Observa-se que para Gonçalves (2000) os organogramas não servem para a análise dos

processos de negócio, pois não mostram como eles funcionam na prática nem como ocorrem

na empresa. Os processos de negócio estão relacionados com o funcionamento da organização

e geralmente não respeitam os limites estabelecidos pelos organogramas.

Os princípios básicos do organograma segundo Lacombe (2003) se descrevem como:

33

• Simplicidade – apresentar apenas os elementos essenciais à compreensão da estrutura

organizacional;

• Padronização – uniformidade e coerência;

• Atualização – retratar a realidade da organização em determinado momento.

Na construção de um organograma, a empresa terá as seguintes vantagens propostas

por Rocha (1987, p. 74):

• Permite rapidamente visualizar quem é quem na estrutura, ou seja, quais os órgãos de linha, quais os de assessoramento, quem está subordinado a quem, quais os órgãos que mantêm ligações funcionais, etc;

• Possibilita melhor compreensão dos fluxos de autoridade, dos relacionamentos formais, de caráter hierárquico ou funcional;

• Demonstra a importância dos órgãos em termos hierárquicos, assim como das atividades exercidas através da especialização dos mesmos.

Do mesmo modo, Lacombe (2003, p. 115) apresenta a principal desvantagem do

organograma:

Formaliza situações que, com o tempo, podem tornar-se inadequadas, os sentimentos e percepções das pessoas podem complicar sua alteração. A divulgação da estrutura organizacional por meio de organogramas pode, portanto, favorecer a inflexibilidade, dificultando a alteração da estrutura organizacional.

2.1.9.1 Tipos de Organogramas

Para os autores Oliveira (2000), Cruz (1998) e Ballestero-Alvarez (2000), existem três

tipos básicos de organogramas, são:

Organograma Linear

Na organização linear, Cruz (1998) afirma que a autoridade passa pelos níveis de

gerenciamento e de supervisão para chegar até o trabalhador, que é quem operacionaliza a

atividade. Cada unidade é responsável pela aplicação de suas próprias técnicas e métodos.

A responsabilidade destes níveis, segundo Oliveira (2000, p. 131), revela:

• A atividade ou decisão relacionada com uma posição ou cargo organizacional, mostrando quem participa e em que grau, quando uma atividade ou decisão deve ocorrer na empresa;

• As relações e os tipos de autoridades que devem existir quando mais de um responsável contribui para a execução de um trabalho comum. (OLIVEIRA, 2000, p. 131).

34

Contudo, cada unidade é, também, responsável por seus procedimentos

administrativos. Uma das características mais marcantes deste tipo de organização é que,

dentro de cada unidade a responsabilidade por todo seu funcionamento é do supervisor que

assume o cargo de administrador e técnico ao mesmo tempo. (CRUZ, 1998, p. 42).

Para os autores Cruz (1998) e Oliveira (2000), as vantagens deste tipo de organograma

está na facilidade de visualização das funções e na clara definição das autoridades e das

tarefas. As desvantagens, para Ballestero-Alvarez (2000) e Cruz (1998), está na freqüente

sobrecarga de trabalho; a comunicação e a tomada de decisão lenta e; na falta de

especialização por parte do supervisor.

Organograma Funcional

O organograma funcional retrata a organização como um conjunto de funções que

podem, ou não, estar inter-relacionadas através das atividades que acompanham um processo.

Nesta estrutura, a autoridade passa pelos níveis de gerenciamento para ser compartilhada entre

as funções técnicas e administrativas, as quais se baseiam num conjunto de tarefas comum a

todas as funções. (CRUZ, 1998).

Para Ballestero-Alvarez (2000) e Cruz (1998), as vantagens da organização ao

estruturar suas funções está na facilidade da aquisição de experiências em determinadas áreas;

decisões setorizadas e especializadas e; na facilidade de recrutamento e de substituição. E

como desvantagens, têm-se o salário de especialistas serem altos; cadeia de comando mal

definida; multiplicidade de ordens sobre cada um dos diversos funcionários e; a comunicação

difícil e lenta entre as funções.

Organograma de Linha e Assessoria

Ballestero-Alvarez (2000) descreve o organograma de linha através do assessoramento

à grupos especiais de profissionais com a missão de auxiliar a linha em algumas análises ou

trabalhos específicos sobre um determinado problema de sua área de atuação.

Oliveira (2000) afirma que existem duas maneiras de diferenciar as atividades de linha

e assessoria, são elas:

1º - Considera-se que as unidades organizacionais de linha têm ação de comando, enquanto as unidades organizacionais de assessoria não têm ação de comando, pois apenas aconselham as unidades de linha no desempenho de suas atividades;

2º - Considerar as unidades organizacionais de linha como ligadas às atividades-fins da empresa, enquanto as unidades organizacionais de

35

assessoria como ligadas às atividades-meio da empresa. (OLIVEIRA, 2000, p. 148).

Resumindo, Cury (2000) e Oliveira (2000) consideram as atividades de linha como as

diretamente ligadas à de operacionalização da empresa, enquanto as atividades de assessoria

estão mais ligadas ao aconselhamento, análise e estudos das atividades exercidas pelos

executores.

36

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

3.1 METODOLOGIA DA PESQUISA

Este trabalho se desenvolveu na empresa Gráfica São José Comércio e Indústria de

Artes Gráficas Ltda., localizada na Avenida Professora Regina M. S. W. Ramos, 388 – Bairro

Areias – Cidade de São José. Sendo realizado no período de agosto de 2005 à junho de 2006.

Considerando os objetivos a serem abordados, optou-se por uma metodologia de

abordagem qualitativa que para Richardson (1999, p. 90) “a pesquisa qualitativa pode ser

caracterizada como tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características

situacionais apresentados pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas

de característica ou comportamento”.

O trabalho se caracteriza em uma pesquisa descritiva que para Mattar (2001) em sua

elaboração pressupõe profundo conhecimento do problema estudado. Segundo o autor, os

métodos da pesquisa descritiva compreendem: entrevistas pessoais, entrevistas por telefone,

questionários pelo correio, questionários pessoais e observação.

Quanto ao método de coleta de dados, utilizou-se um formulário para levantamento

das informações sobre os processos desenvolvidos na empresa. São caracterizados como

primários que, Mattar (2001, p.48) descreve como sendo “aqueles que não foram coletados,

estando em posse dos pesquisadores, e que são coletados com o propósito de atender às

necessidades específicas da pesquisa em andamento”.

Outro método usado como coleta de dados foi a observação participativa, visto que a

acadêmica trabalha na empresa. Para Gil (1999) a observação participativa consiste na

participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação

determinada. Neste caso, o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um

membro do grupo.

O formulário foi entregue a onze funcionários da empresa, durante o processo de

trabalho, sendo que, quatro preencheram fora do horário de expediente, três no momento da

entrega e, quatro foram coletados através de conversa pessoal. Ao entregar o formulário, foi

dada a explicação do objetivo principal da pesquisa.

37

Verificando os processos da empresa e as características que se encaixam com os

métodos utilizados, está o fluxograma de blocos que, Harrington (1993) o descreve como

sendo o processo que possibilita uma visão rápida e simples do fluxo de trabalho. O autor

explica que, os retângulos e as linhas com as setas são os principais símbolos utilizados num

fluxograma de blocos.

O mapeamento foi utilizado neste trabalho como uma ferramenta para entender melhor

os processos existentes na empresa, com o objetivo de melhorar o seu desempenho. Como já

evidenciado por Johansson (et. al, 1995), a realização deste mapa possibilita a identificação

das interfaces críticas, a definição de oportunidades para simulações de processos, a

implantação de métodos de contabilidade baseados em atividades e a identificação de pontos

isolados ou incoerentes nos processos.

3.2 MÉTODO DE APLICAÇÃO

Com as definições apresentadas no item 3.1 e fundamentações no item 2, a estrutura

das etapas utilizadas para a aplicação, apresentam-se da seguinte forma:

Etapa 1: Conhecimento da empresa

Para a realização da pesquisa, utilizou-se a observação participativa da acadêmica que

possui conhecimento sobre a empresa e os problemas ocorridos. A experiência do fundador

que está sendo repassada para seus filhos. Assim, as informações foram fornecidas pelos

proprietários e colaboradores que executam determinadas tarefas afim de identificar as

principais características do processo em determinado setor de trabalho.

Etapa 2: Análise dos problemas

Com base em informações fornecidas pelos proprietários da empresa, os problemas

ocorridos em seus processos estavam trazendo sérios danos. Por este motivo, houve a

necessidade de pesquisar cada área separadamente, analisando como ocorre cada processo.

38

Etapa 3: Método de coleta de dados

O método de coleta de dados, deu-se através de um formulário (ver apêndice A)

aplicada em cada processo, sendo preenchido pelos seus gerenciadores, ou seja, os

colaboradores individualmente descrevendo da seguinte maneira: “Como ocorre o processo”;

“Possíveis problemas durante o processo” e; “Sugestões de melhoria”. O primeiro passo foi

esclarecer o objetivo principal da pesquisa, segundo esclarecer o procedimento correto de

preenchimento e a entrega do formulário. Porém, mesmo com as explicações, houve falta de

entendimento de alguns, sendo assim, houve uma nova explicação e logo a resposta correta do

que se esperava. A aplicação ocorreu entre os dias 25 de abril ao dia 15 de maio de 2006.

Etapa 4: Análise de conteúdo

Após a aquisição do formulário devidamente preenchido, foi realizado a análise de

conteúdo através da comparação entre a descrição de cada funcionário sobre as atividades que

exercem, verificando onde ocorrem os problemas, quais as atividades envolvidas e as

sugestões impostas por eles em busca da melhoria dos processos. Assim, analisando os fatos

ocorridos, é possível identificar onde ocorrem os gargalos e verificar quais são as

possibilidades de melhoria que necessitam ser aplicadas.

Limitação do trabalho

Este trabalho limita-se ao mapeamento de processos na qual foi utilizada como uma

ferramenta para a elaboração do mesmo. Toda a sua estrutura relaciona-se ao processo interno

da Gráfica, descrevendo como ocorrem cada processo e os problemas que ocorriam em cada

atividade. Logo mapeado, o resultado foi analisado alcançando todos os objetivos específicos

do trabalho.

39

4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO

A Gráfica São José é administrada por quatro de seus sócios, sendo que cada um deles

exercem uma função, com muita flexibilidade, pois diversas outras atividades são

desenvolvidas. A empresa tem hoje doze colaboradores, incluídos os sócios. A empresa está

no mercado há dezessete anos e possui uma carteira de cliente significativa, composta

atualmente por 250 clientes dentre os quais alguns cujo atendimento acontece de forma

contínua e outros cujas demandas se apresentam de forma sazonal. Dentre os clientes, pode-se

destacar alguns importantes tais como empresas multinacionais, entidades de classe, colégios,

empresas de engenharia, responsáveis pela maior parte do faturamento da gráfica.

A empresa oferece serviços gráficos em geral tais como folder, blocos, cartão de visita,

envelopes, informativos, sacolas, rótulos, dentre outros. Mas a empresa trabalha de forma

flexível buscando prestar um atendimento diferenciado que possa fazer frente às necessidades

específicas dos clientes, produzindo produtos personalizados. A Gráfica São José apresenta

uma estrutura organizacional peculiar dada a natureza familiar da empresa, isto é, definida

informalmente. O organograma criado para a identificação das tarefas da empresa se resume

na figura 8.

Figura 8 – Organograma da Gráfica São José Fonte: Dados Primários (2006)

Para acompanhar o mercado, as organizações precisam, cada vez mais, aprimorar seus

produtos e serviços de acordo com os quesitos valorizados por seus clientes, tais como a

40

agilidade na entrega, a redução dos custos, a qualidade e o atendimento, que exige o constante

aprimoramento dos processos internos. A empresa estudada, não possui um controle dos

processos internos, ou seja, o acompanhamento das possibilidades e das deficiências de cada

um dos processos não é realizado de forma sistemática. Neste sentido, o trabalho de

mapeamento e análise dos processos contribuirá para a adoção de uma nova forma de gestão

que permitirá a avaliação constante dos processos, dos produtos e dos serviços oferecidos,

contribuirá para a manutenção e/ou ampliação da participação da empresa no mercado.

4.1 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS

Ao iniciar a análise das atividades desenvolvidas na empresa observou-se que não

havia um controle sistemático dos processos. Desta forma, as atividades desenvolvidas

seguiam procedimentos informalmente estabelecidos e um dos exemplos que se pode citar é a

atividade de elaboração do pedido. A partir do pedido recebido, os vendedores preenchiam de

forma manuscrita uma ordem de produção (ver anexo A) que era diretamente encaminhada

para o setor de produção sem a prévia avaliação do estoque de materiais disponíveis.

O início do processo na Gráfica se dava pela elaboração do orçamento, momento em

que os representantes calculavam o preço do pedido utilizando um bloco chamado pela

empresa de pré-cálculo (ver anexo B). O representante tinha a responsabilidade de preencher

o referido documento que, depois de pronto, era digitado e enviado por fax ou pelo correio

eletrônico para o cliente. Após a autorização de fornecimento expedida pelo cliente, o

representante, responsável pelo atendimento iniciava a abertura da ordem de produção

manualmente. O pedido era enviado para o setor de criação, responsável pelo design, que

elaborava o layout solicitado e, conforme as exigências do cliente, encaminhava ou não uma

prova para a revisão da arte, e depois da aprovação, o design enviava a ordem para o setor da

produção inicial. Caso o cliente não solicitasse a revisão da arte o layout era diretamente

encaminhado para o setor de produção inicial.

No setor de produção inicial era feita uma revisão da ordem de produção para verificar

as especificações do formato do material, do tipo de papel necessário e, do equipamento

adequado para a impressão. A ordem de produção era então encaminhada para o setor de corte

que, juntamente com o responsável pela produção inicial, verificava disponibilidade de

estoque da matéria-prima principal: o papel. Desde modo, só após a constatação da falta da

41

matéria-prima, os procedimentos de compra eram iniciados e, desta forma, a ordem de

produção permanecia em espera como mostra a figura 9.

Figura 9 – Fluxograma antigo da Gráfica São José Fonte: Dados Primários (2004)

Esta forma de trabalho resultou em muitos desgastes entre os colaboradores que

precisavam aguardar a compra da matéria-prima para dar continuidade à produção. Por

muitos anos a empresa atuou desta maneira e em 2004 houve a decisão de comprar um

software para a informatização das atividades de orçamento, da elaboração das propostas e

de abertura das ordens de produção. Tal investimento em um suporte tecnológico teve como

objetivo principal auxiliar os responsáveis a dar agilidade à elaboração dos pedidos de

orçamentos, formalizar a ordem de produção, facilitar a circulação das informações entre o

setor de venda e o setor financeiro e também acompanhar a tendência do setor gráfico que

tem investido na informatização com a aplicação de ferramentas customizadas para a

realidade das gráficas.

Para implantação do software foi contratada por uma empresa que apresentou seus

produtos e serviços em uma visita agendada na Gráfica. A empresa ofereceu uma

ferramenta que facilitaria a elaboração dos orçamentos e após utilizar o sistema de forma

experimental por alguns meses, a empresa resolveu adquirir o produto.

Atualmente os processos internos da Gráfica ocorrem conforme demonstra o

fluxograma ilustrado na figura 10, sendo possível observar as melhorias implantadas pela

empresa. Após analisarmos como a empresa trabalhava na execução de suas atividades, é

42

possível verificar a partir de agora, como a empresa trabalha atualmente após estas mudanças,

realizando um mapeamento dos processos atual da empresa.

Figura 10 – Fluxograma atual da Gráfica São José Fonte: Dados Primários (2006)

43

A compra do software resultou em algumas mudanças no fluxo de trabalho da empresa

e possibilitou a reestruturação de algumas atividades. Atualmente o representante ao receber o

pedido de orçamento de seu cliente, encaminha para o setor de vendas todos os dados

necessários tais como: o nome do cliente, os dados cadastrais, as especificações completas do

material, o prazo de entrega e os possíveis concorrentes que estarão participando desta

cotação, em seguida é finalizado o orçamento.

A implantação do software trouxe a possibilidade de algumas mudanças tais como a

facilidade de encaminhar um e-mail para o cliente diretamente do programa com a proposta já

elaborada ou, se o cliente preferir, tal proposta é impressa para envio via fax ou entrega

pessoal. O uso da ferramenta também permitiu que a empresa tenha uma visão analítica de

todos os orçamentos efetuados e trouxe agilidade para a elaboração das propostas bem como

para a análise das comissões dos vendedores pelos orçamentos aprovados no mês.

Depois de um acompanhamento do orçamento já expedido, o vendedor busca

informações sobre a sua proposta. Quando o orçamento é aprovado, após receber a

autorização de fornecimento do cliente, o representante repassa para a secretária as

especificações necessárias para a abertura da ordem de produção, como demonstra a figura

10. Para a realização desta abertura, o sistema exige que seja feito o cadastro completo do

cliente, do contrário o programa não dá continuidade ao processamento das informações. Em

seguida, a secretária faz anotações em um bloco – pedido de compra (ver anexo C) – sobre o

papel necessário para a produção e tal demanda é enviada para o setor de compras.

Figura 11 – Ordem de Produção Fonte: Gráfica São José (2006)

44

Na seqüência a ordem de produção é enviada para o setor de design que tem a

responsabilidade de criar o material solicitado pelo cliente, sendo que, todas as informações

que o responsável precisa para realização desta atividade constam na ordem de produção.

Logo feito o layout, o responsável encaminha para o cliente, quando assim é solicitado, uma

prova para a revisão e depois de aprovado, o responsável pelo design encaminha a arte,

impressa em um papel especial, para a produção inicial, que é responsável pela revisão do tipo

de papel necessário, do formato do material e da máquina de destino e assim, realiza a

preparação do material para a produção.

O responsável pela produção inicial, após a revisão, grava o papel impresso pelo

design em uma lâmina de alumínio utilizando uma máquina específica. Após o processo

de gravação na lâmina de alumínio ocorre a finalização deste processo, em seguida é

preparada para ser encaminhada para a impressão. Ao encaminhar a ordem de produção,

juntamente com as lâminas de alumínio em que estão gravadas as imagens a serem

impressas e o papel já cortado no formato exato para a tiragem, o responsável pela

produção inicial repassa para o impressor todas as informações possíveis para que o

impressor possa dar início ao trabalho de impressão.

Ao iniciar a impressão, a máquina é preparada, o numerador automático é zerado para

a contagem da quantidade de folhas que passarão por ela. As tintas são colocadas no

reservatório e, logo feito o acerto das cores primárias, o impressor começa a rodagem do

material. Este funcionário observa na saída da máquina, a qualidade do material que está

sendo impresso e quando ocorrer alguma mancha – a máquina é parada e revisada – sendo

identificado o local da mancha a máquina é novamente iniciada dando seqüência à impressão.

O material já impresso é encaminhado para o setor de corte. Neste setor, o

responsável busca na ordem de produção as informações que foram especificadas quanto

ao acabamento do material, podendo obter as seguintes descrições: se o material é colado,

picotado, dobrado, vincado, plastificado, numerado, com verniz, entre outras

especificações solicitadas pelo cliente. Após a verificação, é analisado o tipo de serviço

requerido e, se necessário, o material é encaminhado para outras empresas que prestam

serviços terceirizados para a gráfica, como mostra a figura 10. Para estes serviços, existem

duas ou três pessoas que controlam as saídas e entradas dos materiais encaminhados para

estas empresas. Caso não seja necessário o serviço de terceiros, o material é apenas

cortado, dando o formato final e segue para o setor de acabamento.

45

Quando o produto que foi trabalhado por serviço terceirizado volta para a empresa

ele é encaminhado para o setor de corte que dá o formato final no produto e, em seguida o

material é selecionado, contado, empacotado e etiquetado para ser entregue ao cliente.

Antes de ir para a expedição, a ordem de produção volta para a secretária que faz a

emissão da nota fiscal, conforme os dados contidos na ordem de produção e verifica se a

empresa possui cadastro do cliente.

Na atividade de emissão de notas, a secretária utiliza os dados disponíveis no software,

que foram cadastrados no momento da abertura da ordem de produção. No caso da utilização

do cadastro fictício, ocorre o atraso na emissão da nota, na qual é feita uma ligação para a

empresa cliente, anotado todo o cadastro da empresa e em seguida é feito o cadastramento no

programa financeiro e o software. Na possibilidade de não conseguir os dados, o material fica

em espera até o momento da nota ser emitida e dar continuidade na entrega.

O responsável pela logística, que é um dos sócios da empresa, prepara a entrega

programando os materiais a serem entregues no dia. Esta entrega é também efetuada por

outros sócios que, devido a experiências anteriores, constataram insatisfação de clientes com a

terceirização do serviço de entrega. Por este motivo, a empresa voltou a trabalhar com a

entrega personalizada, momento em que o responsável pela entrega presta um atendimento

diferenciado ao cliente. Observou-se que o momento da entrega é um espaço para que o

contato com o cliente resulte em novos pedidos de compra ou de orçamento.

4.2 DIAGNÓSTICO DOS PROCESSOS

Para melhor entender cada atividade e suas funções, o diagnóstico dos processos

propicia um melhor entendimento dos seus respectivos problemas e permite ser realizado de

forma consistente, com base nas informações atuais, garantindo o resultado na melhoria dos

processos de produção.

• Setor de Vendas

Pode-se constatar que muitos dos problemas que ocorrem ao longo do processo de

produção têm origem no momento da abertura das ordens de produção. Neste momento, o

representante ao repassar as informações necessárias à secretária, muitas vezes, não faz tal

atividade de forma completa e, conseqüentemente, faltam vários dados importantes tais como:

o nome da pessoa responsável pelo pedido, o nome da pessoa para quem será entregue o

material, as cores para a impressão, os dados para a emissão da nota fiscal, o formato final, a

46

descrição correta do papel, a quantidade exata que será entregue, as informações quanto a

necessidade dos serviços terceirizados e a descrição do acabamento.

Outro problema decorrente da falta de atenção no preenchimento da ordem de

produção é a impossibilidade de realizar o cadastro do cliente cujas informações não estão

completas. Quando é feita a abertura da ordem de produção, o sistema exige o cadastro e para

“viabilizar” a abertura em situações em que as informações do cliente não estão disponíveis, a

secretária utiliza um cadastro fictício, que dificulta o procedimento final antes da entrega para

o cliente que é a emissão da nota fiscal. Após o preenchimento dos dados a secretária

encaminha a ordem de produção para o setor de design, mas antes é feito anotações sobre o

papel necessário e repassado para o setor de compras.

Verifica-se que a empresa ainda está se adaptando ao uso do novo sistema. Tal fato é

evidenciado no comportamento dos representantes, que não alteraram a sistemática de

trabalho, mantendo o mesmo padrão da época em que realizavam o preenchimento dos

pedidos de forma manuscrita. A resistência dos vendedores dificulta a execução das

atividades por meio deste sistema informatizado.

Outro aspecto relevante quanto à ordem de produção é que se observa a necessidade de

uma revisão no programa utilizado. O programa de orçamento possui inúmeros problemas que

precisam ser ajustados para acompanhar o desenvolvimento da empresa. Os problemas

apresentados são, a não aceitação de formatos diferentes, necessita ser um formato padrão, os

papéis com gramaturas diversificadas, a quantidade de folha para a impressão, a aceitação de

dados não confiáveis para a realização dos materiais e ainda as cores que serão impressas,

impossibilitando a inclusão de cores específicas. São informações que o sistema mesmo cria e

não aceita nada além disto.

• Setor de Compras

Pode-se observar que o responsável pela compra de papel desempenha um conjunto de

outras atividades, tais como: representação da empresa, controle de qualidade, atendimento

aos representantes, orçamentista, logística e atendimento ao cliente. Com o acúmulo de

atividades, o problema é a falta de papel no momento em que o material está indo para a

máquina tendo que ficar em espera para dar continuidade no processo de produção.

Em uma situação de falta de material e pela ausência de controle de estoque, a empresa

é obrigada a comprar produtos de má qualidade que possam suprir a necessidade de consumo,

47

mas esses produtos fazem com a qualidade da empresa fique inferior, prejudicando o seu

desempenho e sua imagem perante os clientes.

O funcionário da produção é quem faz a constatação da necessidade e solicita a compra

quando o produto já está no fim. Tal procedimento torna impossível a negociação, a cotação

de preços, dada a urgência para a aquisição. Estes produtos, na maioria, são importados e a

entrega geralmente não é imediata, levando a empresa a adquirir produtos que venham suprir

a necessidade dos que estão em falta, com menos qualidade e com o preço mais elevado.

Na compra de outros produtos como a tinta, os produtos químicos, o material de

limpeza, o material de higiene, as peças e os equipamentos, o responsável também possui

outras funções como: setor de design, financeiro, recursos humanos, logística e atividades

administrativas, desta forma a sobrecarga de funções faz com que ocorra a falta de controle do

estoque e a compra imediata.

• Setor de Design

Uma das grandes dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento do design é a falta

de informações sobre o layout desejado pelo cliente. Faltam informações indispensáveis tais

como: as cores, o formato, o logotipo, os dados que devem ser colocados, muitas vezes o

cliente solicita alterações na arte original, e tal demanda não é informada para o responsável

que encaminha para a produção. Outro problema é a falta de informação sobre a necessidade

de apresentar ao cliente uma prova do material desenhado e a arte é encaminhada para a

produção sem a revisão do cliente. Ocorrendo assim, o retrabalho que poderia ser evitado se a

comunicação fosse fluente entre os setores.

Verifica-se que no setor de design, a pessoa responsável também é um dos sócios da

empresa e assim, a exemplo do que também ocorre no setor de compras, há um acúmulo de

muitas atividades. Tal situação tem resultado em um sobrecarga no volume de atividades que

resulta no atraso do desenvolvimento do design, dificultando a continuidade dos processos de

produção.

• Setor de Produção

Observou-se que na produção, muitas das dificuldades enfrentadas têm origem na

ordem de produção destacando-se:

� Definição da quantidade exata de folhas para corte e formato da impressão: Muitas

vezes esta informação quando passada para o setor de corte, é toda recalculada, pois o número

48

de folhas contidas não é a correta. Isso faz com que o processo antigo feito manualmente,

volte a funcionar, ou seja, na abertura da ordem de produção o cálculo não aparecia em

números, era necessário recalcular, isto resulta no retrabalho porque as informações contidas

não são confiáveis;

� Cores para a impressão: Na ordem de produção, as cores primárias (azul, amarelo,

vermelho e preto), são as que prevalecem no software. Mas existem serviços que exigem o

uso de cores diferenciadas ou especificas para cada cliente, mas tais cores não são

especificadas no momento da abertura da ordem de produção. Seguindo para produção, o

impressor ao verificar o original encaminhado pelo cliente, a cor não iguala ao que está

escrito na ordem de produção, desta forma, se depara com a diferença e busca informações

com os representantes sobre a cor correta para ser impressa, a que está na ordem como

modelo de impressão ou o que está escrito para ser impresso;

� Entrega prometida para o cliente: Na ordem de produção existe no canto superior

direito do programa o espaço para a especificação de uma data que deverá ser seguida para a

programação da entrega do pedido. No entanto, observa-se que o responsável pela

programação dos serviços não considera este detalhe muito importante na organização do

cronograma de execução das ordens de produção. Ou seja, a não observância do prazo de

entrega prometido ao cliente faz com que a produção não seja feita de acordo com um

cronograma de entregas e outros materiais são impressos, resultando no descumprimento da

data especificada para entrega;

� Falta de uma prova digital (prova na cor original): O impressor verifica qual a cor a

ser impressa e se depara com a falta de uma cópia do que será impresso, desta forma, o

impressor solicita ao setor de design uma cópia impressa, enquanto isso, a máquina fica

ociosa;

� Espaço para observações: Na ordem de produção existe um espaço para a anotação de

outras observações e, muitas vezes, tal campo não é utilizado no momento da abertura. Tal

espaço poderia conter informações necessárias para que o processo de design, produção,

acabamento, logística ocorram normalmente;

• Serviços Terceirizados

Pode-se observar que a contratação de serviços terceirizados é de responsabilidade de

várias pessoas e, assim, tem ocorrido a falta de controle na entrada do material, na saída do

material e na negociação com os prestadores de serviços.

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Outro problema que ocorre no momento da contratação de prestadores de serviços é a

falta de informação na ordem de produção pois, muitas vezes, a descrição do acabamento

necessário não é feita, ocorrendo erros graves como: material já cortado no formato final não

sendo possível agregar outros serviços, produto empacotado pronto para ser entregue e

principalmente o atraso da entrega, pois ocorre o retrabalho.

• Setor de Corte

Neste setor, os problemas diagnosticados também são resultantes de falhas na

elaboração da ordem de produção. A falta de informação sobre as especificações dos

acabamentos solicitados pelos clientes e a falta de planejamento de entrega. As informações

circulam neste setor verbalmente, e a falta de atenção do responsável faz com que não seja

dada a importância devida para o que lhe foi informado, desta forma, muitas vezes, o trabalho

é cortado de maneira errada, procedimento que causa o retrabalho e o desperdício de matéria

prima, pois materiais são impressos novamente para corrigir o erro cometido pelo setor de

corte.

• Controle de Estoque

A Gráfica não possui um controle de estoque, tanto de papel como de outros produtos

utilizados como: tinta, químico, limpador de chapa, limpador de máquina, pano, estopa, entre

outros produtos. A empresa adota uma política de estoque mínimo, pois sua produção atende

a necessidades específicas do cliente, no papel, por exemplo, há uma diversidade de papéis

que são usados, se um cliente faz um pedido, solicitando um papel diferente, a empresa

adquire, mas este cliente solicita apenas uma vez, a empresa irá manter em estoque o que

sobrou deste pedido, caso a compra seja feita em grande volume, o estoque seria maior.

Com os insumos a política adotada é a mesma utilizada na compra de papel e, também

fato dos produtos químicos serem importados a compra é realizada pela cotação do dólar no

dia da compra, o que faz ter uma variação regular diariamente, ou seja, se a empresa fizer uma

compra em grande volume de tinta para manter em estoque em um determinado dia, pela

variação do dólar, no dia seguinte o valor poderá estar mais alto ou até mesmo mais baixo.

• Manutenção de Equipamentos

Neste setor, a dificuldade está relacionada com o responsável pela manutenção que é

feita pelo proprietário da empresa, que possui experiência em mecânica. Seus serviços são

solicitados até pelos próprios concorrentes, que sabem a capacidade do profissional. Mas esta

50

experiência, resulta em um desgaste físico e mental do proprietário, o que ocasiona na

manutenção desnecessária.

• Setor de Logística

Percebe-se que neste setor, a dificuldade encontrada tem como origem principal a falta

de informações sobre a pessoal responsável pelo material solicitado, o local para a entrega.

Outro problema enfrentado pela logística é a demora na emissão da nota fiscal, muitas vezes

explicada pelo fato do cliente não possuir um cadastro na empresa, e tal cadastro é feito no

momento em que o material está pronto para ser entregue.

4.3 ANÁLISE DOS PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS

Após os problemas diagnosticados é possível analisar a ocorrência dos problemas nos

processos internos da empresa.

• Setor de Vendas

Pode-se observar que a falta de preenchimento completo da ordem de produção resulta

em diversos problemas. Uma das possíveis explicações para a não observância da necessidade

de fornecer todas as informações em tal documento é o tempo durante o qual todos os

vendedores trabalharam com a ordem de produção manuscrita. Desta forma, os dados

necessários para o cadastramento do cliente e para abertura da ordem de produção, não são

repassados para a secretária, que utiliza o cadastro fictício para que o sistema aceite a abertura

da ordem de produção. Esses erros são distribuídos por todo o processo da empresa e essa

falta de informação e comunicação gera conflitos entre os setores, ocasionando os principais

problemas na produção.

• Setor de Compras

Verificando-se a ocorrência de problemas neste setor, existe um responsável por cada

compra, de papel e de produtos químicos. Ambos não possuem um controle do estoque da

empresa, pelo fato de estarem sobrecarregados em outras funções.

• Setor de Design

Também neste setor, outras funções sobrecarregam o responsável, por isto, suas

tarefas ficam acumuladas, não conseguindo finalizar suas atividades diárias, desfavorecendo

outros processos que, obviamente, dependem da conclusão dos seus serviços. No setor de

51

design, os erros acontecem pela falta de comunicação entre o representante e a secretária ao

ser repassado as informações que necessitam estar na ordem de produção.

• Setor de Produção

Percebe-se que os problemas ocorridos neste setor resultam, da falta de comunicação

entre os responsáveis por outros setores, por utilizarem a comunicação informal, as falhas no

preenchimento da ordem de produção que são dados não informados pelos representantes e na

falta da matéria-prima, pela sobrecarga dos responsáveis pela compra, fazendo com que o

responsável pela produção fique aguardando o material.

• Serviços Terceirizados

Pode-se perceber que a ocorrência do problema está na interferência de outras pessoas

no momento da execução da atividade; a falta de informação contida na ordem de produção;

impossibilidade de controle do material; na falta de negociação com a empresa contratada

para efetuar o serviço, pois estes dados estão em posse do representante que manteve contato

direto com o cliente e, não sendo repassados para a ordem de produção.

• Setor de Corte

Neste setor, os problemas também são resultantes na falta de comunicação entre os

responsáveis por outros setores e, entre os representantes e a secretária no momento da

abertura da ordem de produção, pois são informações que os clientes repassam e que

deveriam ser informadas na ordem de produção antes de ir para outro setor. As informações

transmitidas verbalmente não são eficazes, pois pode ocorrer a falta de atenção no momento

da comunicação, sendo que esta informação deveria estar escrita, conseqüentemente

resultando na falta de preenchimento na ordem de produção.

• Controle de Estoque

Observa-se que a empresa nunca trabalhou com um controle de estoque, por este

motivo, a falta de experiência com tal procedimento resulta em atividades mal planejadas. Os

responsáveis pelo controle de estoque dos produtos são os colaboradores que por possuírem

outras funções, não conseguem obter o controle de entrada e saída, fazendo com que a

solicitação somente seja realizada quando não há mais produto. Com esta ausência de

controle, é possível ocorrer a compra imediata, o que resulta em preços altos e produtos não

qualificados.

52

• Manutenção de Equipamentos

O responsável pela mecânica é o proprietário da empresa. Muitos anos trabalhando no

ramo, o desgaste e a falta de paciência faz com que não ocorra o controle na manutenção ou a

procura por outros profissionais, desta forma acontecem os problemas. A execução desta

atividade carece de um planejamento, que analise o fluxo da produção. Sua auto confiança e

conhecimento prevalecem perante os outros sócios que possuem menos experiência.

• Setor de Logística

Observa-se que o erro ocorrido está na falta de dados na ordem de produção, que

poderia constar o nome da pessoa de destino, local para entrega ou outras exigências

solicitadas pelo cliente, informações que necessitam ser adquiridas no momento da abertura

da ordem de produção e, a falta do cadastro do cliente, utilizando o cadastro “fictício” da

empresa fazendo com que ocorra a espera pela emissão da nota fiscal.

4.4 PROPOSTA DE REESTRUTURAÇÃO DOS PROCESSOS

Após o mapeamento dos processos, o diagnóstico e a avaliação, é possível elaborar a

proposta de reestruturação dos processos, para que a empresa possa exercer suas funções sem

ocorrer o retrabalho

• Setor de Vendas

Para a melhoria na abertura da ordem de produção, a empresa precisa fazer um

treinamento entre seus representantes, a responsável pela abertura da ordem de produção e a

empresa que forneceu o software de orçamentos, pois muitos erros são conseqüências de um

sistema mal programado.

Após este treinamento e com o programa funcionando conforme o andamento dos

processos da Gráfica, é necessário exigir do representante todos os dados cadastrais que

facilitarão a comunicação entre os outros setores como: design, produção, corte, acabamento,

logística e administrativo. Além destas informações, a ordem de produção não poderá seguir

para outro setor sem ser analisado todas as informações contidas como: cores, formato, papel,

quantidade, acabamento, prazo de entrega e para quem será entregue o material.

53

• Setor de Compras

Pelo fluxo de trabalho do responsável, é necessário redefinir as suas atribuições

transferindo o setor de compras para outra pessoa que possui menos fluxo de trabalho, como o

responsável pela terceirização. Diminuindo este fluxo, o setor de compras poderá acompanhar

em todo o momento o estoque e as negociações poderão ser feitas com mais cautela.

Com o treinamento para os representantes, estes irão fazer seus próprios orçamentos,

atender livremente os clientes sem precisar esperar por outra pessoa. Desta forma, o

responsável pela compra terá mais tempo para acompanhar a qualidade do material, pois este

possui experiência em analisar a qualidade do produto, não sendo possível no momento, ser

transferido o cargo. E, mais tempo para atender seus clientes, que em sua carteira, estão os

maiores clientes da Gráfica, não podendo deixar de ser atendidos.

• Setor de Design

Neste setor, existe a necessidade da contratação de um outro profissional, pois irá

trazer bons resultados para a empresa, por possuir apenas uma função, este poderá

acompanhar todos os processos de sua responsabilidade como: a prova digital impressa na cor

original para o setor de produção, a necessidade de aprovação do cliente e o acompanhamento

na geral do material durante o processo. Assim, não haverá o acúmulo de materiais a serem

confeccionados por este setor.

Com esta contratação, o atual responsável por este, possui outras funções muito

importantes para a empresa, que poderão ser realizadas juntamente como, o setor financeiro

com maior acompanhamento, recursos humanos, para realizar freqüentes reunião entre os

colaboradores e, atividades administrativas que não podem deixar de ser sempre analisadas e

para um maior controle do estoque de materiais utilizados, tirando esta função dos

colaboradores e, a função de logística precisa ser repassada para os outros responsáveis da

empresa.

• Setor de Produção

Com todas as informações necessárias na ordem de produção, o fluxo de trabalho

neste setor irá obter uma melhora constante como: o tempo de trabalho reduzido, pois não

será necessário recalcular a quantidade de folhas necessárias para a impressão; as cores

solicitadas pelos clientes já estarão sendo expostas corretamente, não havendo a reimpressão

pelo fato da cor impressa estar errada; é necessário realizar um planejamento no setor da

produção inicial, para que os impressores saibam qual o tempo necessário para o trabalho,

54

podendo haver um quadro ilustrativo com o planejamento diário da empresa; o setor de design

já envia junto a ordem de produção uma impressão na cor original, não havendo a necessidade

de o impressor pedir e aguardar a impressão, manter um gerente de produção, para haver um

maior controle neste setor e; outras informações que serão supostamente detalhadas no espaço

reservado para observações na ordem de produção.

• Serviços Terceirizados

Para que este setor tenha um maior controle é necessário ter apenas um responsável

direcionado a trabalhar com o serviço terceirizado, isso irá facilitar a negociação com as

empresas que prestam serviços e, ter uma única pessoa como gerenciadora o controle é maior,

evita os desgastes perante os proprietários e a agilidade na realização deste serviço. Assim, o

material não terá a necessidade de ficar esperando o responsável decidir qual empresa será

negociada e, com todas as informações contidas na ordem de produção, sobre o tipo de

serviço solicitado pelo cliente faz com que ocorra a agilidade no processo, evitando o

retrabalho.

• Setor de Corte

Para melhorar este setor, é necessário existir comunicação entre o setor de impressão,

que irá passar todos os cuidados com os materiais impressos, os representantes que descreverá

as informações solicitadas pelo cliente no momento da abertura da ordem de produção e, o

setor de terceirização, que solicitará ao responsável o que será preciso encaminhar para as

empresas de terceirização. E principalmente evitar a comunicação das informações

verbalmente, e sim descrevê-las na ordem de produção.

• Controle de Estoque

Observa-se a necessidade de um controle maior dos papéis que entram e que saem da

empresa. Pode-se fazer uma planilha, analisando diariamente todo material que entra e o

material utilizado, juntamente com o responsável pelo setor de corte e o setor de compras.

Para o controle de materiais de limpeza, produtos químicos, higiene, entre outros, é necessário

obter informações juntamente com o setor responsável, criando uma planilha para

acompanhamento dos gastos diários. Assim, tendo mais tempo para negociações e compras

com um intervalo de tempo maior.

55

• Manutenção de Equipamentos

Pelo fato de que o responsável por esta atividade é o proprietário fundador da empresa,

sua experiência e sua cultura, demonstra resistência nas suas atitudes e pensamentos, é

necessário realizar uma reunião com o proprietário, demonstrando-o que a contratação de um

profissional para executar essa tarefa, evitaria o desgaste entre todos os colaboradores e

funcionários, já que este custo, consta no orçamento.

• Setor de Logística

Para evitar os atrasos ocorridos é necessário efetuar o cadastro completo do cliente,

com nome do responsável pelo pedido, endereço, local para entrega, entre outras informações,

deste modo facilitando o momento da emissão da nota fiscal e auxiliando a saída do material

da empresa, evitando atrasos. Outra atividade que a empresa não pode deixar de executar é a

entrega personalizada, pois é um grande diferencial da empresa. No momento da distribuição

dos produtos, existe a oportunidade para os clientes expressarem suas percepções quanto ao

serviço oferecido, materiais já adquiridos e elaboração de novos pedidos.

Para o gerenciamento e controle das mudanças nos processos internos da Gráfica, será

futuramente aplicado na empresa o método PDCA, como uma ferramenta que abordará de

maneira sistemática, para que a empresa possa trabalhar com maior perfeição, pois será

realizado um maior controle do material solicitado pelo cliente, verificando a existência de

serviços de terceiros, ou seja, planejar toda a abertura da ordem de produção antes de enviá-la

para o setor de design, onde será executado o início do layout desejado pelo cliente que

seguirá conforme o planejamento feito na ordem de produção. Em seguida, com as

informações contidas na ordem de produção, será avaliada a execução das atividades, o

controle da qualidade, acompanhar a impressão junto com os impressores, ou seja, ter um

responsável pelo gerenciamento da produção que possa verificar quais os possíveis problemas

que estejam acontecendo e se necessário corrigi-los imediatamente, sem que esses erros

repassem nos próximos processos, como mostra a figura 12.

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Figura 12 – Método de gerenciamento dos processos - PDCA Fonte: Gráfica São José (2006)

Cabe salientar que a proposta de reestruturação deste trabalho será aplicada juntamente

com os proprietários da empresa em uma data futura com a solicitação e apoio de toda a

organização.

4.5 QUADRO SÍNTESE DOS RESULTADOS

Neste quadro contém informações sistemáticas sobre o resultado da proposta de

reestruturação dos processos da Gráfica, mapeando cada atividade exercida, verificando os

problemas e por fim, o projeto de aplicação.

ATIVIDADE MAPEAMENTO DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO PROJETO

Setor de Vendas

• Elaborar a proposta • Receber a autorização de fornecimento • Abrir a ordem de produção

• Falta de correto e/ou completo preenchimento da ordem de produção • Uso de cadastro fictício para clientes sem dados disponíveis • Centralização da elaboração do orçamento • Demora no envio de orçamentos

• Preenchimento incorreto da ordem de produção • Falta de cadastro completo do cliente • Longo tempo de trabalho manualmente

• Treinar os representantes do software adquirido • Contratar ou formar mais um orçamentista • Trabalhar a conscientização quanto a importância do preenchimento da ordem de produção

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ATIVIDADE MAPEAMENTO DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO PROJETO

Setor de Compras

• Comprar materiais

• Empresa trabalha com estoque mínimo • Compras são realizadas conforme a demanda • A falha na compra tem deixado, em algumas situações, os equipamentos em espera (ociosidade) • Não há planejamento para compra de materiais

• Existem perdas resultantes no tempo de espera • Ocorre ociosidade de equipamento que fica em espera por falta de matéria prima • Há atraso na entrega do material para o cliente por falta de matéria prima • Não existe comunicação entre o setor e os usuários de produtos quanto ao aspecto da qualidade do material comprado • As compras realizadas com ‘urgência’ não permitem a escolha de fornecedor por melhor preço e qualidade do material • Os responsáveis pelas compras têm acúmulo de funções

• Redefinir a função do comprador • Reorganizar o fluxo de informações entre o setor de compras e os demais setores • Estabelecer uma sistemática de planejamento de compras

Setor de Design

• Confeccionar o layout solicitado pelo cliente • Encaminhar para o cliente, quando solicitado, uma prova do material que será impresso • Encaminhar o material para a produção inicial

• Falta de informações na ordem de produção • Acúmulo de tarefas realizadas pelo responsável

• Falta de consciência dos representantes ao repassar as informações • Sobrecarga nas tarefas

• Contratar um profissional de design • Garantir que todas as informações fornecidas pelo cliente constem na ordem de produção

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ATIVIDADE MAPEAMENTO DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO PROJETO

Setor de Produção

• Analisar as informações sobre o material • Contar estoque • Preparar o material para a impressão

• Falta da prova do material a ser impresso (em cor original) • Falta de informações ou dados incorretos na ordem de produção • Quantidade de folhas são recalculadas • Falta de matéria-prima • Falha no controle da qualidade do material impresso

• Ordem de produção mal preenchida • Falta de comunicação entre os setores • Falta de controle de estoque

• Utilizar uma planilha com controle de estoque • Manter um gerente de produção • Maior controle da qualidade

Serviços Terceirizados

• Verificar o tipo de serviço terceirizado necessário • Negociar com a empresa prestadora de serviço • Possuir mais de um responsável

• Inexistência de controle dos materiais • Falta de controle na negociação da empresa • Falta de informações na ordem de produção

• A interferência de outras pessoas no momento da negociação e do controle do material • Falta de informações repassadas pelos representantes

• A necessidade de apenas um responsável • Um preenchimento mais detalhado dos serviços

Setor de Corte

• Verificar a ordem de produção • Verificar se há exigência de serviços de terceiros • Dar o formato final no material • Comunicação realizada verbalmente

• Falta de informação detalhada do material • Produto enviado para outro setor sem controle • Comunicação verbal mal entendida

• Falta de informações escritas na ordem de produção • Controlar os dados que descrevem o tipo do material

• Exigir atenção do responsável sobre as informações contidas na ordem de produção • Informar todos os dados possíveis para a confecção do material

Controle de Estoque

• Analisar o estoque de papel durante a abertura da ordem de produção • Controlar o estoque da matéria-prima

• Os responsáveis possuem outras funções • Acúmulo de tarefas • Constatação da falta dos produtos pelos colaboradores

• A empresa nunca trabalhou com um controle de estoque • Ausência de experiência dos responsáveis • Pedido de compra feito com o estoque vazio

• Controle dos papéis em uma planilha • Comunicação entre os setores de consumo • Controle dos produtos também em uma planilha • Revisão diária do estoque

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ATIVIDADE MAPEAMENTO DIAGNÓSTICO AVALIAÇÃO PROJETO

Manutenção de Equipamentos

• Ação realizada pelo proprietário • Fazer a manutenção durante o processo de impressão

• Desgaste do proprietário por muitos anos de serviço • Falta de planejamento • Manutenção desnecessária

• Necessidade de planejamento • Análise do fluxo da produção • Manutenção feita sem necessidade

• Necessário realizar uma reunião com o proprietário • Procurar outros profissionais do ramo

Setor de Logística

• Programar a entrega diária • Entregar os materiais através da personalização

• Falta de informações sobre a pessoa que será direcionada o material • Atraso na emissão da nota fiscal • Falta de cadastro do cliente • Falta de informações sobre as entregas prometidas para o dia

• Falta de informações na ordem de produção • Falta do cadastro do cliente • Uso do cadastro fictício • Falta de planejamento na entrega • Falta de comunicação entre os representantes e o setor de logística

• Preenchimento correto do cadastro do cliente • Planejar a entrega destinada para o dia • Manter a entrega personalizada

Quadro 3 – Síntese dos resultados. Fonte: Dados Primários.

O quadro acima elaborado sistematicamente, facilita o entendimento de todo o

resultado do estudo, desde o mapeamento, o diagnóstico realizado, a avaliação dos problemas

encontrados e por fim, o resultado do objetivo geral, o projeto de reestruturação dos processos

internos da Gráfica São José, elaborado por cada setor separadamente.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por objetivo o mapeamento dos processos como ferramenta

de reestruturação da empresa Gráfica São José Ltda. Ao concluir as atividades do

mapeamento dos processos, foi possível verificar a importância dada pelos sócios no

momento da abordagem sobre a gestão nos processos, mesmo sabendo da inexistência de um

controle maior na empresa. Acreditando na aplicação do trabalho, os proprietários mostraram

grande interesse em mudar sua maneira de gerenciar, e como afirma Cruz (1998) a falta de

documentação nos processos tem causado um grande estrago a essas empresas,

principalmente às pequenas e médias, por serem construídas e desenvolvidas pelos próprios

donos, raramente tiveram a oportunidade de serem erguidas de forma organizada, com todos

os processos documentados.

Para a empresa alterar seus processos será uma tarefa difícil, mas há consenso entre os

responsáveis pela gestão da empresa sobre a urgência de revisão dos processos internos. O

presente trabalho trouxe para a empresa informações nunca expostas por seus colaboradores,

com dados importantes que servirão como ferramentas para a implantação da proposta de

reestruturação. Com a utilização desta ferramenta de mapeamento, possibilitou viabilizar o

desempenho dos processos e descobrir oportunidades ainda não identificadas pelos

proprietários.

Um dos grandes desafios no processo de reestruturação será a cultura instalada na

empresa. Tal como destaca Johansson (et. al, 1995) sobre a cultura da pequena empresa, “a

realização deste mapa possibilita a identificação das interfaces críticas, a definição de

oportunidades para simulações de processos, a implantação de métodos de contabilidade

baseados em atividades e a identificação de pontos isolados ou incoerentes nos processos.”

Observou-se que todos os problemas ocorridos dentro da empresa podem ser

controlados e evitados é necessário apenas obter um controle do desempenho das funções, um

melhor acompanhamento das atividades, informações documentadas, conforme Davenport

(1994) que descreve o envolvimento do planejamento no gerenciamento do processo, como

fixação de metas, monitoramento, tomada de decisões e comunicação com relação aos

processos e ativos operacionais-chave de uma empresa.

61

Apesar das dificuldades, foi possível desenvolver um trabalho considerando os fatores

problemáticos da empresa, relacionando características fornecidas através da concepção dos

membros da organização. Uma estrutura simples, com funções básicas automatizadas, que

com as mudanças propostas necessita ser acompanhada constantemente para assegurar o

trabalho realizado pelos colaboradores. Para este controle, Campos (1992a) descreve a

importância da padronização dentro das empresas como algo que resulta na melhoria da

qualidade, na redução de custo, no cumprimento de prazo e na segurança dos produtos e

serviços produzidos pela organização.

A gestão dos processos permite a organização uma melhor visibilidade das atividades,

o que favorece ações que promovem melhor desempenho no fornecimento dos produtos e

serviços oferecidos aos seus clientes, com maior capacidade, agilidade, satisfação e, acima de

tudo a capacidade de adaptação a mudanças dando a possibilidade de aprendizado para os

participantes. Com esse processo de mudanças, é possível a empresa refletir sobre as suas

estratégias corporativas com a pretensão de ajustar-se ao ambiente mercadológico.

Sugere-se ainda que a empresa intensifique este trabalho, o mais rápido possível, pois

seus processos necessitam ser bem acompanhados e avaliados pelos proprietários. Além disso,

irá auxiliar este acompanhamento a realização de um fluxograma específico para cada setor da

empresa, podendo desta forma, ser melhor avaliado cada setor e cada responsável, para ter a

certeza que todo o projeto esteja ocorrendo de maneira correta, evitando erros e retrabalho.

62

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65

7 APÊNDICE

APÊNDICE A – Formulário

66

APÊNDICE A – Formulário

SETOR

COMO OCORRE O

PROCESSO

POSSÍVEIS PROBLEMAS

DURANTE O PROCESSO

SUGESTÕES DE

MELHORIA

67

8 ANEXOS

ANEXO A – Ordem de Produção ANEXO B – Pré-Cálculo ANEXO C – Pedido de Compra

68

ANEXO A – Ordem de Produção

69

ANEXO B – Pré-Cálculo

70

ANEXO C – Pedido de Compra