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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 MAPEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COMO AUXÍLIO PARA ESTUDO DE RENATURALIZAÇÃO AMBIENTAL DO ARROIO BARNABÉ – GRAVATAÍ/RS Tassia Fraga Belloli Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM 1 [email protected] Cecilia Bálsamo Etchelar Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM [email protected] Renata Pacheco Quevedo Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM [email protected] INTRODUÇÃO Historicamente, algumas populações estabeleceram-se às margens de rios, nas planícies e terraços fluviais. Com o intenso processo de urbanização que ocorreu a partir da revolução industrial a ocupação do território passa a ser mais intensa e desorganizada aumentando as populações que se instalam nas planícies de inundação de rios e arroios intensificando o desmatamento da mata ciliar, a impermeabilização dos terraços fluviais e o despejo de efluentes domésticos e industriais não tratados diretamente nos cursos d’água. Assim, os corpos hídricos e ecossistemas aquáticos tendem a sofrer pressão dos processos de urbanização, que esgotam seus atributos naturais e deixam ambientes completa ou parcialmente descaracterizados, incapazes de cumprir suas funções ambientais. O arroio Barnabé, objeto de estudo do presente trabalho se encontra dentro desta realidade. Localizado no município de Gravataí, a leste do estado do Rio grande do Sul, 1 Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Caixa Postal 15044, 91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil 1610

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MAPEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLOEM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

COMO AUXÍLIO PARA ESTUDO DERENATURALIZAÇÃO AMBIENTAL DO ARROIO

BARNABÉ – GRAVATAÍ/RS

Tassia Fraga Belloli

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM1

[email protected]

Cecilia Bálsamo Etchelar

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM

[email protected]

Renata Pacheco Quevedo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – CEPSRM

[email protected]

INTRODUÇÃO

Historicamente, algumas populações estabeleceram-se às margens de rios, nas

planícies e terraços fluviais. Com o intenso processo de urbanização que ocorreu a partir da

revolução industrial a ocupação do território passa a ser mais intensa e desorganizada

aumentando as populações que se instalam nas planícies de inundação de rios e arroios

intensificando o desmatamento da mata ciliar, a impermeabilização dos terraços fluviais e o

despejo de efluentes domésticos e industriais não tratados diretamente nos cursos d’água.

Assim, os corpos hídricos e ecossistemas aquáticos tendem a sofrer pressão dos processos

de urbanização, que esgotam seus atributos naturais e deixam ambientes completa ou

parcialmente descaracterizados, incapazes de cumprir suas funções ambientais.

O arroio Barnabé, objeto de estudo do presente trabalho se encontra dentro

desta realidade. Localizado no município de Gravataí, a leste do estado do Rio grande do Sul,

1 Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto e Meteorologia. Universidade Federal do Rio Grande doSul. Caixa Postal 15044, 91501-970 Porto Alegre, RS, Brasil

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é um afluente do rio Gravataí pertencente à unidade hidrográfica do baixo Gravataí.

Ocupando cerca de 70 quilômetros quadrados, grande parte do processo de

desenvolvimento urbano da cidade esta inserido na área da bacia, que reúne, também, as

microbacias dos Arroios Ipiranguinha e Barnabezinho. Segundo a Fundação do Meio

Ambiente de Gravataí (FMMA), cerca de 70% da população do município ocupam a área do

Arroio Barnabé, caracterizando-a como uma bacia urbana. Nos últimos 40 anos, a

população de Gravataí apresentou acréscimo de mais de 150%, passando de 100 mil para

260 mil habitantes, conforme dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). Isso ocasionou uma pressão pela ocupação das Áreas de Preservação

Permanentes (APPs), do Arroio Barnabé e seus afluentes, porém a infraestrutura disponível

de saneamento não acompanhou a demanda, comprometendo a qualidade ambiental da

região como um todo.

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Figura 1: Mapa de localização da Sub-bacia do arroio Barnabé – Gravataí.

Segundo Filho et al (2009), projetos de engenharia como retificação de rios e

arroios para amenizar os efeitos de cheias e obter novas terras para urbanização, de modo

geral, até o final do século XIX não consideravam estudos de impactos ambientais e no meio

antrópico surgindo mais recentemente a conscientização sobre os danos causados à

natureza, frutos das interações entre as atividades antrópicas e o meio ambiente. Esta

conscientização permitiu que fossem consideradas novas estratégias dirigidas à

renaturalização de rios e córregos, ou seja, o retorno da qualidade ambiental das águas.

De acordo com Bilder (1998), a primeira etapa de um projeto de renaturalização

é fazer um diagnóstico da situação atual dos rios e/ou arroios de interesse. As comparações

entre a situação atual e a ideal apontam os problemas existentes e permitem uma avaliação

da situação do rio. Com base neste diagnóstico e na avaliação das suas necessidades,

consideram se os usos existentes, definindo se o planejamento das medidas necessárias‐ ‐

para a implantação do projeto de revitalização do rio.

Assim, o objetivo deste trabalho é realizar um mapeamento atual das APPs

marginais em meio urbano dos Arroios Barnabé, Ipiranguinha e Barnabézinho que integram

a sub-bacia do Arroio Barnabé e identificar os diferentes usos e ocupação nestas áreas com

a finalidade de obter um primeiro diagnóstico da situação atual e avaliar o potencial de

renaturalização ambiental da sub-bacia.

MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

Neste trabalho foram usados os seguintes materiais:

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i. base vetorial da rede de drenagem da sub-bacia hidrográfica do arroio Barnabé,

na escala 1:50.000, referente à cartografia da Divisão de Serviços Geográficos do

Exército (DSG);

ii. mosaicos de imagens de alta resolução do satélite QuickBird (Digital Globe)

adquiridas em Setembro e Outubro de 2013, através do aplicativo Google Earth;

iii. mapas de uso e ocupação do solo em áreas de APPs gerado através de análise

visual dos mosaicos de imagens;

iv. softwares CorelDraw X6, ArcGIS10.1 e Microsoft Office Excel 2007.

Métodos

Para alcançar o objetivo da pesquisa realizou-se um levantamento bibliográfico

através de consulta a livros, artigos e leis ambientas que serviram de base para elaboração

do referencial teórico em que foram utilizados os conceitos de renaturalizaçao e Áreas de

Preservação Permanentes. A unidade de gestão ideal para um projeto de renaturalização ou

diagnóstico ambiental é a microbacia hidrográfica, considerada por Christofolleti (1979 e

1999, apud: Mendonça 1993) como sendo um sistema aberto e que pode ser tratado de

maneira eficaz no tocante a analise quantitativa e qualitativa do fluxo de matéria e energia

que nele se processa caracterizando uma abordagem geográfica. No entanto, para uma

primeira avaliação optou-se por mapear as Áreas de Preservação Permanentes dos arroios

devido à importância de sua função ambiental para os recursos hídricos definidos no Artigo

3º do Código Florestal, Lei Federal nº. 12.651 (Brasil, 2012).

Áreas de Preservação Permanentes (APPs)

Segundo o Código Florestal Brasileiro de 2012, APPs são áreas protegidas,

coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos

hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. O Código

Florestal delimita as APPs para topos de morros, áreas de nascentes e as faixas marginais de

qualquer curso d’água natural perene e intermitente excluído os efêmeros, desde a borda

da calha do leito regular. Para os corpos d’água em zonas urbanas, que consiste no foco

deste trabalho, a legislação decreta uma área de 30 metros de preservação para suas faixas

marginais.

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A Resolução CONAMA nº 369 de 2006 trata dos “casos excepcionais, de utilidade

pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou

supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP”. Esta resolução define,

entre outros, sobre a implantação de área verde de domínio público em área urbana,

pesquisa e extração de substâncias minerais, regularização fundiária sustentável de área

urbana e intervenção ou supressão eventual e de baixo impacto ambiental de vegetação em

APP.

As APPs marginais dos cursos d’água abrangem as planícies de inundação dos

rios e arroios, que são áreas naturalmente suscetíveis a inundação devido à dinâmica fluvial.

Naime (2012), define planície de inundação como áreas de baixios de bacias hidrográficas

que atuam na manutenção do equilíbrio hidrológico da bacia. Quando ocorrem cheias ou

enchentes a bacia hidrográfica usa suas áreas de baixios, também conhecida por áreas de

várzeas ou áreas úmidas, para extravasamento do excesso de água. De acordo com Rolon e

Maltchik (2006), áreas úmidas são ecossistemas que permanecem inundados durante um

tempo suficiente para ocorrer o estabelecimento de solos encharcados e de plantas

aquáticas. A definição mais aceita, proposta pelo acordo internacional em 1971, a

Convenção de Ramsar, diz que áreas úmidas são “extensões de brejos, pântanos e turfeiras,

ou superfícies cobertas de água, em regime natural ou artificial, permanentes ou

temporárias, estancadas ou correntes, doces, salobras ou salgadas, incluídas as extensões

de água marinha cuja profundidade na maré baixa não exceda os seis metros. Segundo

Silingovschi (2008), a importância da preservação das áreas úmidas junto à planície de

inundação dos rios é imprescindível para o seu equilíbrio ecológico e hidrodinâmico. Estas

áreas sofrem constantemente a influência dos impactos de atividades de origem antrópica.

O desenvolvimento econômico da cidade deve sempre ser incentivado para garantir o bem

estar da população, porém, não deve excluir a preservação do meio ambiente. Cabe ao

poder público uma ação preventiva e ativa, assegurando respeito ao bem estar da

população e ao meio ambiente, para isso, instrumentos como as leis ambientais devem ser

utilizadas.

A presença de vegetação se torna imprescindível para a proteção da superfície

do solo nestas áreas para reduzir o efeito erosivo do fluxo das águas e para manter as

condições satisfatórias de infiltração das águas das chuvas nas encostas possibilitando um

maior abastecimento dos lençóis subterrâneos. O tipo de solo associado às planícies de

inundação são os planossolos. Segundo IPH (2010), estes solos apresentam mudança

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textural abrupta o que os torna imperfeitamente drenados e suscetíveis à erosão. São solos

típicos de áreas baixas, onde o relevo permite excesso de água permanente ou temporário.

Por ser imperfeitamente drenado, este solo permite rápida passagem de fluídos de

qualquer natureza.

Importância da ferramenta SIG

A utilização das ferramentas de SIG foi fundamental nesta pesquisa para mitigar

os resultados. Para Ribeiro et al. (2005), os sistemas de informações geográficas (SIG)

apresentam novos recursos para uma modelagem numérica precisa e detalhada dessas

APPs. Os produtos gerados a partir dessas novas técnicas têm suplantado com bastante

eficiência os métodos manuais tradicionalmente utilizados.

Para mapear as APPs capturou-se cenas da imagem orbital de alta resolução

espacial do satélite QuickBird (Digital Globe), adquiridas em (data), através do aplicativo

Google Earth, originando três mosaicos de imagens de alta resolução. Em virtude das

capturas de cena terem sido realizadas na mesma escala, definida por uma única altura de

voo, tal procedimento pode ser realizado no aplicativo CorelDraw, originando um mosaico

sem deslocamentos entre as cenas extraídas. As APPs ao longo dos cursos d'água foram

demarcadas conforme o artigo 4° do Código Florestal Brasileiro e gerada através de análise

de proximidade (buffer) com faixas de 30 metros a partir do eixo dos cursos d’água. O

georreferenciamento e o geoprocessamento das imagens foi realizado no software ArcGIS

10.1.

Uso e ocupação do solo

A identificação da ocupação do solo (elementos naturais) e uso do solo

(elementos derivados das atividades humanas) se deu a partir da interpretação visual das

imagens de alta resolução, que permitiram uma identificação confiável da área atual. Estes

elementos são constituídos de grande relevância para estudos ligados a temática ambiental,

pois, segundo Mendonça, (1993) um mapeamento atualizado sobre determinada localidade

auxilia na identificação e localização dos agentes responsáveis pelas condições ambientais

da área.

Os elementos presentes e que subsidiaram a classificação de Uso e Ocupação do

Solo nas APPs foram: vegetação, corpos d'água, edificação, solo pavimentado, solo não

pavimentado, depósitos de resíduos e áreas úmidas. Podemos destacar a presença das

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edificações e solos pavimentados como fatores importantes pelas suas interações com as

áreas de preservação, pois influenciam diretamente na capacidade de infiltração da água no

solo e na manutenção da água por mais tempo dentro das bacias e microbacias

hidrográficas.

Renaturalização Ambiental

As primeiras propostas de renaturalização ambiental surgiram na Europa, com o

objetivo de recuperar os rios e córregos de modo a chegar o mais próximo possível da biota

natural, através de manejo regular ou de programas de renaturalização preservando as

áreas naturais de inundação e impedindo quaisquer usos que inviabilizem tal função. Entre

os métodos de renaturalização, encontram-se as propostas de revitalização da mata ciliar,

recuperação da qualidade das águas através da eliminação adequada de despejos

contaminados, considerações sobre a segurança e habitabilidade das populações nas

encostas, criação de parques municipais nas áreas de várzea, criação de áreas verdes e de

lazer como forma de integração da comunidade com o meio ambiente e de controle da

ocupação.

Diante da intensificação da urbanização das cidades nas últimas décadas, o

desafio atual é a renaturalização de corpos hídricos que já tiveram suas planícies de

inundação, bem como áreas de preservação permanentes ocupadas. Para Bilder (1998), “As

áreas da planície de inundação devem ser desocupadas para chegar a situação ideal que se

procura, porém para rios urbanos que frequentemente têm intensos trechos retificados

com leitos e margens fortemente protegidos, havendo grande comprometimento das

relações biológicas, nestes casos, as possibilidades de uma revalorização ecológica são

limitadas, pois, o controle de enchentes e a necessidade de manter os níveis da água

subterrânea são restrições inquestionáveis. Mesmo assim, há possibilidades de melhorias

ambientais que, muitas vezes, também favorecem as condições de vida da população

ribeirinha. Através da cooperação de planejadores urbanos, engenheiros, biólogos e

paisagistas, muitas vezes chega-se a soluções integrantes, incorporando a valorização

ecológica”.

RESULTADOS

As Figuras e os Gráficos abaixo espacializam e quantificam, respectivamente, as

classes de Uso e Ocupação nas APPs dos trechos urbanos dos arroios analisados.

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Figura 2. Carta de Uso e Ocupação em APPs urbanas – Arroio Barnabé

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Gráfico 1. Porcentagem das áreas mapeadas por classe – Arroio Barnabé.

A área total mapeada no trecho urbano do Arroio Barnabé é de 476726,6 m² dos

quais apenas 43% corresponde à mata ciliar preservada. Dos outros 57% das APPs

mapeadas neste trecho cerca de 22% correspondem a edificações totalizando 106.439,5 m²;

20% correspondem a solos não pavimentados totalizando 93.287,13 m² e 4% correspondem

a solos pavimentados totalizando 19.083,2 m². Quanto aos depósitos de resíduos

encontramos cerca de 1% correspondendo a 3.602,12 m². Para lamina d’água aparente e

áreas úmidas obtivemos respectivamente 9% e 1%, sendo estes 6.086,27m² de áreas

úmidas. Verificamos que as APPs no trecho a montante do Arroio Barnabé se encontram

mais conservadas e menos degradadas, com uma porcentagem maior de mata ciliar do que

as do trecho a jusante, que se encontram com um maior número de áreas edificadas.

Para o Arroio Barnabézinho, localizado a leste na Bacia do Arroio Barnabé

obtivemos a seguinte carta de Uso e ocupação em APP.

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Figura 3. Carta de Uso e Ocupação em APPs urbanas – Arroio Barnabézinho.

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Gráfico 2. Porcentagem das áreas mapeadas por classe – Arroio Barnabézinho.

A área total mapeada no Arroio Barnabézinho foi de 217.129,3 m². Destes,

apenas 21% correspondem à mata ciliar totalizando 44749,03 m²; cerca de 59% corresponde

a edificações totalizando 128.023,4 m²; 6% correspondem a solos pavimentados totalizando

13.860,36 m² e 13% são solos não pavimentados totalizando 27.796,67 m². 1%

correspondem a corpos d’água e 130,7 m² são de depósitos de resíduos correspondendo a

0,65% da área total. De todos os arroios, o Barnabézinho é o que possui maior área

edificada. As APPs deste arroio não possuem áreas úmidas.

Para o Arroio Ipiranguinha obtivemos os seguintes resultados:

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Gráfico 3. Porcentagem das áreas mapeadas por classe – Arroio Ipiranguinha.

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Figura 4. Carta de Uso e Ocupação em APPs urbanas – Arroio Ipiranguinha.

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A área total mapeada no Arroio Ipiranguinha foi de 352.593 m². Destas, apenas

31% correspondem à mata ciliar totalizando 107.991,1m²; 44% correspondem a áreas

edificadas totalizando 107.991,1 m²; 4% correspondem a solos pavimentados totalizando

16.108,35 m² e 17% correspondem a solos não pavimentados totalizando 59605,11 m².

Corpos d’água e áreas úmidas correspondem a 0,75% e 4%, totalizando respectivamente a

573,7 m² e 13466,34 m² e os depósitos de resíduos correspondem a 50m².

A partir dos resultados obtidos com as cartas de Uso e Ocupação do solo em

APPs do Arroio Barnabé e seus afluentes urbanos verificou-se que a situação atual destas

áreas é preocupante devido à quantidade de áreas urbanizadas que impedem a formação

da mata ciliar. O despejo de efluentes domésticos não tratados e os depósitos de resíduos

contribuem com a poluição das águas e dos solos. Evidenciamos também em um breve

trabalho de campo no Arroio Barnabé, que estas APPs se encontram muito degradadas,

ocupadas por moradias irregulares, depósitos de lixo, com supressão da vegetação e pontos

de erosão nas margens dos cursos d’água e lançamento de esgoto in natura, conforme

Figura 5.

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Figura 5. Arroio Barnabé – Gravataí – RS.

Foto: Tassia Belloli e Cecilia Balsamo.

As áreas de mata ciliar conservadas e a presença de áreas úmidas nas APPs dos

arroios analisados possibilitam a implantação de áreas verdes e de lazer e de parques

fluviais como medidas de controle da ocupação e manutenção do equilíbrio ecológico e

hidrodinâmico. As áreas de solos não pavimentados podem ter sua vegetação natural

restaurada a partir de transplantes de mudas e colocação de poleiros para pássaros que são

disseminadores naturais de sementes, como sugere Soares (2009), em seu estudo sobre

Técnicas de Restauração de Áreas Degradas. A disponibilidade de infraestrutura em

saneamento para a melhora da qualidade das águas e do tratamento e descarte correto de

efluentes e resíduos, é fundamental para efetivação de um projeto de renaturalização

ambiental nos arroios estudados.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos com as cartas de Uso e Ocupação do solo em

APPs, evidenciamos que estas áreas não estão sendo respeitadas conforme exigência da

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legislação vigente. As presenças de grandes áreas edificadas, de depósitos de resíduos e

solos com pavimentação comprovam a falta de fiscalização adequada dos órgãos

responsáveis e o crescente processo de ocupação irregular nestas áreas. Apesar de estas

APPs apresentarem um grande grau de degradação, medidas de conservação e revitalização

podem ser adotadas nas áreas de mata ciliar preservadas, nas áreas úmidas existentes e

nas áreas de solos não pavimentados dentro destas APPs. Para tanto, um planejamento

estratégico que envolva o poder do município como órgão atuante e fiscalizador e atuação

da comunidade devem ser gerados para criar soluções complementares entre a

revitalização, valorização ecológica, e conservação destas áreas.

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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014.ISBN: 978-85-7506-232-6

de curso apresentado ao Instituto deGeografia. Universidade Federal deUberlândia, Uberlândia, 2008.

SOARES, Maria Pereira. Técnicas de restauração deáreas degradadas. Texto apresentado aoPrograma de Pós Graduação em “Ecologia

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MAPEAMENTO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COMO AUXÍLIO PARA ESTUDO DE RENATURALIZAÇÃO AMBIENTAL DO ARROIO BARNABÉ – GRAVATAÍ/RSEIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais

RESUMO

Com o intenso processo de urbanização que ocorreu a partir da revolução industrial, a ocupação

do território passa a ser mais intensa e desorganizada, aumentando as populações que se

instalam nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) dos rios urbanos. As APPs tem importante

função ambiental para os recursos hídricos, definida no Artigo 3º do Código Florestal, Lei Federal

nº. 12.651 (Brasil, 2012), e seu estado de conservação serve de base para estudos relacionados à

qualidade ambiental de rios e arroios. A pressão pela ocupação das Áreas de Preservação

Permanente do Arroio Barnabé e seus dois principais afluentes urbanos, os arroios Ipiranguinha e

Barnabezinho, compromete a qualidade ambiental desta região como um todo. Localizado no

município de Gravataí, a leste do Estado do Rio grande do Sul, a sub-bacia do Arroio Barnabé

pertence à unidade hidrográfica do baixo Rio Gravataí. Ocupando cerca de 70 quilômetros

quadrados, grande parte do processo de desenvolvimento urbano da cidade está localizada

dentro da área da bacia. Segundo Filho et al. (2009), a conscientização sobre os danos causados

à natureza permitiu que fossem consideradas novas estratégias dirigidas à renaturalização de rios

e córregos, ou seja, o retorno da qualidade ambiental das águas. O objetivo deste trabalho é

realizar um mapeamento das APPs em meio urbano dos Arroios Barnabé, Ipiranguinha e

Barnabézinho que integram a sub-bacia do Arroio Barnabé e identificar os diferentes usos e

ocupação nestas áreas com a finalidade de obter um primeiro diagnóstico da situação atual e

avaliar o potencial de renaturalização ambiental da sub-bacia. Para tanto, gerou-se três mosaicos

de imagens de alta resolução espacial do satélite QuickBird (Digital Globe), adquiridas em

Setembro e Outubro de 2013, através do aplicativo Google Earth. As áreas de APPs foram

delimitadas através de análise de proximidade (buffer) com faixas de 30 m a partir do eixo dos

cursos d’água, conforme a legislação. O mapeamento de Uso e Ocupação do Solo dentro das

APPs é composto de sete classes distintas, obtidas a partir da interpretação visual das imagens. O

georreferenciamento e o geoprocessamento das imagens foi realizado no software ArcGIS 10.1.

Para alcançar o objetivo da pesquisa realizou-se também um levantamento bibliográfico através

de consulta a livros, artigos e leis ambientas, os quais serviram de base para elaboração do

referencial teórico. Os resultados obtidos a partir do mapeamento do Uso e Ocupação do Solo

nas APPs foram os seguintes: i) em apenas 34,15% do total das áreas mapeadas existe mata ciliar;

ii) 37,20% destas áreas são edificadas; iii) 4,68% são ruas com pavimentação e presença de

depósitos de resíduos; iv) 17,27% do solo não são pavimentados; v) a presença de áreas úmidas e

corpos d’água representam 1,87% e 4,47% do total, respectivamente. A partir destes resultados, foi

possível gerar um diagnóstico e buscar medidas de revitalização ambiental para a área de estudo.

Palavras-chave: APPs; Geoprocessamento; Renaturalização.

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