138
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS DO SETOR OESTE DO FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR, BA: CINTURÃO SALVADOR-ESPLANADA, CRÁTON DO SÃO FRANCISCO EDUARDO LUIZ VIEIRA CARRILHO Salvador-BA 2013

MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

  • Upload
    dangque

  • View
    222

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS DO

SETOR OESTE DO FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR, BA: CINTU RÃO

SALVADOR-ESPLANADA, CRÁTON DO SÃO FRANCISCO

EDUARDO LUIZ VIEIRA CARRILHO

Salvador-BA

2013

Page 2: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

EDUARDO LUIZ VIEIRA CARRILHO

MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS DO

SETOR OESTE DO FAROL DE ITAPUÃ, SALVADOR, BA: CINTU RÃO

SALVADOR-ESPLANADA, CRÁTON DO SÃO FRANCISCO

Trabalho Final de Graduação elaborado

como pré-requisito parcial para a obtenção

do grau de Bacharel em Geologia pelo

Instituto de Geociências da Universidade

Federal da Bahia.

Orientadora:

Profª. Drª. Simone Cerqueira Pereira Cruz

Co-orientadora:

Profa. Dra. Jailma Santos de Souza

Salvador - BA

2013

Page 3: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

3

“...É bom!

Passar uma tarde em Itapuã Ao sol que arde em Itapuã Ouvindo o mar de Itapuã

Falar de amor em Itapuã...”

(Vinicius de Moraes/Toquinho)

Page 4: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

4

AGRADECIMENTOS

Obrigado meu Deus! Por ter me concedido mais essa vitória.

À minha família, pelo apoio e estruturação. Darlane, que me ajudou com o abstract.

À minha professora e orientadora Simone, pela paciência e pela ciência.

À geóloga Rita de Oliveira, por ter aceitado participar da banca.

Aos professores Osmário, Vilton, Ernande, Jerônimo, Amalvina, Ângela, Iracema, Olívia,

Jailma, Flávio, Geraldo, Félix, Michael, César, Johildo, Telésforo, Glória, Sérgio, Haroldo Sá

e Pedro, pelos ensinamentos teóricos e práticos de campo e de vida.

A todos os meus amigos geológicos, em especial, Lila, que me mostrou a Geologia, Ramon,

Zé, Gabriel e Anderson Coelho. Aos meus amigos não geológicos Tito, Inácio e Os Cara.

Gostaria de ter citado todos, acabei deixando essa parte por último, por isso tive que ser breve.

Aos funcionários Carlos Bossal, André, Edgar e Mércia, sem vocês não haveria Instituto de

Geociências.

À equipe da Cabral Mineração, da CBPM, da CPRM, do NEA e do NGB.

À Sarah, “meu coração, não sei por que, bate feliz, quando te vê...”.

“Shine on you crazy diamond…”

(Waters/Wright/Gilmour)

...on the rock!

Page 5: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

5

RESUMO

A área de estudo está inserida no Cinturão Salvador-Esplanada, segmento oriental do Orógeno

Itabuna-Salvador-Curaçá pertencente à porção setentrional do Cráton do São Francisco. A

exiguidade de estudos científicos efetuados nesse cinturão incentivou a busca pelo seu

conhecimento geológico. Com isso, foram executados trabalhos de mapeamento geológico e

análise estrutural no setor oeste do Farol de Itapuã onde afloram rochas de alto grau

metamórfico com objetivo geral de contribuir com o entendimento da geologia do Cinturão

Salvador-Esplanada. Como objetivos específicos, tem-se: (i) identificar e classificar os

litotipos que ocorrem no lado leste do Farol de Itapuã; (ii) inventariar o arcabouço estrutural

da área e as relações estruturais entre as unidades aflorantes; e (iii) propor um modelo

geológico evolutivo para a área de trabalho. A partir dos estudos efetivados em campo foram

cartografados os seguintes litotipos: (i) paragnaisses migmatíticos metatexíticos e diatexíticos;

(ii) ortognaisse (augen milonito); (iii) granodiorito; (iv) granitoides diversos; (v) encraves

microgranulares máficos; (vi) diques máficos; e (vii) rochas carbonáticas, terrígenas e

sedimentos recentes. Duas fases deformacionais compressivas foram identificadas e

denominadas Dn e Dn+1. A fase Dn foi subdividida nos estágios Dn’, Dn” e Dn”’,

progressivos. As relações de campo sugerem que a migmatização ocorreu no estágio Dn”’.

Essas fases estão relacionadas com a orogênese riaciana-orosiriana que estruturou o Cinturão

Salvador-Esplanada, Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, Cráton do São Francisco.

Palavras-chave: Cinturão Salvador-Esplanada; migmatito; zonas de cisalhamento.

Page 6: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

6

ABSTRACT

The area of this study is located at the Salvador-Esplanada Belt, oriental section of the

Itabuna-Salvador-Curaçá Orogen that belongs to the northern portion of São Francisco

Craton. As the scientific study done in this belt motivated the seek for geologic knowledge.

With that, geological mapping and structural analyses were executed in the west sector of the

Itapuã Lighthouse where outcrops high grade metamorphic rocks. The main objective was to

contribute with the geological understanding of the Salvador-Esplanada Belt, with the

following specific objectives: (i) to indentify and classify the litotypes that occur in the west

side of the Itapuã Lighthouse; (ii) to map the structural framework of the area and the

structural relationships between the emerging unities; and (iii) to suggest an evolutive

geological model to this studied area. Based on the studies done in the field, the following

litotypes were mapped: (i) metatexitics and diatexitics migmatitics paragneisses; (ii)

ortogneiss (augen mylonite); (iii) granodiorite; (iv) a diversity of granitoids; (v) microgranular

mafic encraves; (vi) mafic dykes; and (vii) carbonatics and terrigens rocks and recent

sediments. Two deformational and compressive phases were identified and named as: Dn e

Dn+1. The Dn phase was subdivided into the progressivelly stages: Dn’, Dn” e Dn”’. The

relation in the field suggests that the migmatization occured in the stage Dn”’. These phases

are related to the Rhyacian-Orosirian Orogenesis that had structured the Salvador-Esplanada

Belt, Itabuna-Salvador-Curaçá Orogen, São Francisco Craton.

Keywords: Salvador-Esplanada Belt; migmatites; shear zones.

Page 7: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

7

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA FOTOGRAFIAS

LISTA DE ANEXOS

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................22

1.1. Introdução.........................................................................................................................22

1.2. Localização e acesso.........................................................................................................22

1.3. Contextualização e apresentação do problema.............................................................24

1.4. Objetivos...........................................................................................................................24

1.5. Justificativa.......................................................................................................................24

1.6. Método de trabalho..........................................................................................................25

CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL..........................................................................26

2.1. O Cráton do São Francisco.............................................................................................26

2.2. Unidades do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.........................................................27

2.3. Colisão paleoproterozóica e desenvolvimento do Orógeno Itabuna-Salvador-

Curaçá......................................................................................................................................39

2.4. Geologia da cidade de Salvador......................................................................................42

CAPÍTULO 3 - MIGMATITO E METAMORFISMO DE ALTO GRAU. ......................49

3.1. Migmatito: Definição, gênese e classificação.................................................................49

3.2. Metamorfismo de Alto Grau...........................................................................................57

CAPÍTULO 4 - GEOLOGIA LOCAL E ANÁLISE ESTRUTURAL... ............................62

4.1. Características macroscópicas das rochas e sedimentos aflorantes............................62

4.1.1. Ortognaisse......................................................................................................................63

4.1.2. Paragnaisses migmatíticos..............................................................................................65

a) Metatexitos............................................................................................................................65

Page 8: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

8

b) Diatexitos..............................................................................................................................73

b.1) Diatexitos com granada.........................................................................................73

b.2) Diatexitos sem granada.........................................................................................76

4.1.3. Granodioritos..................................................................................................................82

4.1.4. Encraves Máficos............................................................................................................89

4.1.5. Granitoides......................................................................................................................90

4.1.6. Diques Máficos...............................................................................................................95

4.1.7. Rochas carbonáticas, terrígenas e Sedimentos..............................................................100

a) Rochas Carbonáticas...........................................................................................................100

b) Rochas Terrígenas..............................................................................................................100

c) Sedimentos..........................................................................................................................101

4.2. Geologia Estrutural........................................................................................................102

4.2.1. Unidades geológicas principais e estruturas associadas...............................................102

a) Ortognaisses........................................................................................................................102

b) Paragnaisses Migmatíticos..................................................................................................104

c) Granodioritos......................................................................................................................110

d) Diques máficos e félsicos...................................................................................................111

4.2.2. Fases deformacionais compressionais..........................................................................112

4.3. Discussões........................................................................................................................117

4.3.1. Discussões sobre aspectos relacionados com os litotipos.............................................117

4.3.2. Discussões sobre a Geologia Estrutural........................................................................119

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...............................................122

CAPÍTULO 6 – REFERÊNCIAS........................................................................................124

Page 9: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: a) Mapa com os limites do Estado da Bahia; b) Mapa de situação da área de

trabalho......................................................................................................................................23

Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo...................................................................23

Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco e suas coberturas

paleo/meso e noeproterozóicas representadas pelas sequências Espinhaço/Macaúbas/Bambuí,

além das faixas marginais brasilianas e coberturas fanerozóicas. Destaca-se a nova

delimitação com a Faixa Araçuaí. A área de estudo encontra-se na região Salvador ressaltada

em vermelho..............................................................................................................................27

Figura 2.2: Bloco Gavião, parte norte.......................................................................................29

Figura 2.3: Bloco Gavião, partes oeste, central e sul................................................................30

Figura 2.4: Compartimentação geológica do Bloco

Serrinha....................................................................31

Figura 2.5: Compartimentação geológica do Bloco Uauá........................................................33

Figura 2.6: Compartimentação geológica do Bloco Jequié......................................................34

Figura 2.7: Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, parte norte..........................................................35

Figura 2.8: Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, parte sul..............................................................36

Figura 2.9: Compartimentos geológicos do Cinturão Salvador-Esplanada..............................38

Figura 2.10: Posições postuladas para as placas paleoproterozóicas durante a colisão riaciana-

orosiriana...................................................................................................................................40

Page 10: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

10

Figura 2.11: Mapa do zoneamento metamórfico do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.........42

Figura 2.12: Modelo digital de terreno onde se encontra a área de estudo. Notar contraste

topográfico e controle estrutural. BR–Bacia do Recôncavo, HS–Horst de Salvador e MCA–

Margem Costeira Atlântica.......................................................................................................43

Figura 2.13: Mapa geológico simplificado da cidade de Salvador com indicação da área de

estudo........................................................................................................................................45

Figura 2.14: Configuração em três dimensões das diferentes fases de deformação dúcteis e

dúctil-rúptil das rochas metamórficas do Alto de Salvador......................................................46

Figura 3.1: Partes de um migmatito..........................................................................................50

Figura 3.2: Diferentes tipos de leucossoma. 1) In situ. 2) Na fonte (in source). 3) Em veio ou

diques........................................................................................................................................51

Figura 3.3: (a) Inclusões de magma (melt inclusions) com arranjo zonal em granada. (b)

Imagem de elétrons retroespalhados de um "nanogranito" (6 µm) trapeado num cristal de

granada......................................................................................................................................52

Figura 3.4: Classificação morfológica dos migmatitos segundo Mehnert (1968). (a) Agmatito.

(b) Dictionito ou Dictionítico. (c) Migmatito-Schöllen. (d) Flebítico. (e) Estromático. (f)

Migmatito surreítico. (g) Migmatito com dobras. (h) Veios ptigmáticos. (i) Estrutura

oftálmica ou augen. (j) Estrutura estictolítica. (k) Estrutura schlieren. (l) Estrutura

nebulítica...................................................................................................................................53

Figura 3.5: Classificação dos migmatitos.................................................................................54

Figura 3.6: (a) O magma reveste os grãos de plagioclásio e preenche os espaços em formato

de cunha (wedge-shaped pockets) entre os grãos de K-feldspato. (b) Os produtos da fusão são

precipitados ao longo das bordas dos grãos e fraturas intergranulares nos grãos de K-feldspato

em um alto ângulo em relação ao estiramento (stretching lineations). (c) A infiltração do

Page 11: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

11

magma e o fluxo reativo (reactive porous flow) resultam numa desintegração progressiva da

trama original da rocha.............................................................................................................57

Figura 3.7: Diagrama de fácies metamórfica. A condições de alto grau metamórfico está

hachurada em amarelo, e em verde, está demonstrada as condições do metamorfismo de ultra-

alta temperatura (UHT).............................................................................................................58

Figura 3.8: Ambientes tectônicos variados produzindo rochas metamórficas de alto grau

(segundo Newton, 1987). (a) Hot-spot. (b) Subducção-A (intracontinental). (c) Subducção

continental global (Underthrusting). (d) Colisão continental ..................................................59

Figura 4.1: Foto aérea da área de estudo...................................................................................62

Figura 4.2: Diagrama de isodensidade polar da foliação Sn” e guirlanda. N = número de

medidas. Hemisfério inferior..................................................................................................113

Figura 4.3: Diagrama de isodensidade polar para a lineação de estiramento Lxn”. N = número

de medidas. Hemisfério inferior..............................................................................................114

Figura 4.4: Diagrama de planos de zonas de cisalhamento dextrais encontradas nos

afloramentos da área de estudo. Hemisfério inferior; N = número de medidas......................115

Figura 4.5: Síntese da evolução estrutural da área de trabalho...............................................116

Figura 4.6: Diferentes tipos de hibridização obtidos por injeção de magma máfico num

sistema granítico em diferentes estágios de cristalização do magma félsico. O aumento da

cristalinidade e, subsequentemente, da viscosidade do magma félsico reduz progressivamente

as interações/trocas entre os magmas coexistentes.................................................................118

Figura 4.7: Principais formas dos diques máficos da orla de Salvador. 1) Tabular. 2)

Lenticular e zigue zague/segmentado. 3) Bifurcado com ramos estreitos. 4) Bifurcado com

ramos largos. As setas indicam o sentido do fluxo magmático.............................................121

Page 12: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

12

Figura 4.8: Orientação das juntas de resfriamento nos diques. 1) Paralela e ortogonal às

margens do conduto. 2) Paralelas e ortogonais nas margens e diagonais no centro. 3)

Progressivamente curva para dentro. 4) Diagonal. As setas indicam a posição do tensor

principal..................................................................................................................................121

Page 13: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

13

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 4.1: Contato entre o ortognaisse e o migmatito diatexítico sem granada. Visada em

planta. O martelo indica o norte................................................................................................63

Foto 4.2: Aspecto geral do ortognaisse. Notar a presença de mineral do grupo do epidoto

(seta) e a foliação da rocha. Visada em planta. A ponta da bússola indica o norte..................64

Foto 4.3: Encraves máficos em ortognaisse, além da presença de diques graníticos que

truncam essas rochas. Visada em seção para NE......................................................................65

Foto 4.4: Contato do metatexito estromático com o granodiorito. Visada em seção para E....66

Foto 4.5: Migmatito metatexítico com estrutura de dilatação. Visada em perfil para

NNE.................................................................................................................................66

Foto 4.6: Aspecto macroscópico do metatexito estromático. Notar melanossoma segregado na

borda do leucossoma. Visada em planta. A bússola indica o norte..........................................67

Foto 4.7: Metatexito estromático exibindo neossomas dobrados. Visada em planta. O martelo

indica o norte.............................................................................................................................67

Foto 4.8: Metatexito estromático com leucossomas paralelos à foliação principal. Visada em

planta. Ponta da caneta indica o sul..........................................................................................68

Foto 4.9: Leucogranito com granada associado ao migmatito estromático. Visada em planta.

A bússola indica o norte............................................................................................................68

Foto 4.10: Detalhe do leucossoma granítico com granada, que pode ser classificado como do

tipo “na fonte (in source)”. Observar bolsão de biotita. Visada em planta..............................69

Page 14: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

14

Foto 4.11: Detalhe do leucossoma no migmatito metatexítico estromático com bordas ricas

em melanossoma constituído por biotita, granada e minerais félsicos subordinadamente.

Visada em planta.......................................................................................................................69

Foto 4.12: Migmatito metatexítico patch com contatos difusos no migmatito estromático,

indicado pela seta. Observar leucossoma na forma de estroma na parte superior da foto.

Visada em planta. O martelo indica o norte..............................................................................70

Foto 4.13: Dique leucocrático de leucossoma truncando o paleossoma do metatexito com

contatos bruscos. Visada em planta. A bússola indica o norte.................................................70

Foto 4.14: Leucossoma em diques leucocráticos truncando o metatexito. Visada em perfil

para E........................................................................................................................................71

Foto 4.15: Metatexito estruturado em diques de acordo com a terceira ordem de classificação

de Sawyer & Brown (2008). Notar dobras no paleossoma. Visada em planta. A bússola indica

o norte.......................................................................................................................................71

Foto 4.16: Domínio quartzítico (limites em amarelo) com biotita encravado no paragnaisse

migmatítico próximo ao granodiorito. Visada em perfil para E...............................................72

Foto 4.17: Neossoma com pórfiros de feldspatos em diatexitos. Notar melanossoma. Visada

em planta. O martelo indica o norte..........................................................................................73

Foto 4.18: Neossoma com granada em diatexito. Visada em perfil para E..............................74

Foto 4.19: Domínio rico em biotita (melanossoma) no diatexito com granada. Visada em

planta para W............................................................................................................................74

Foto 4.20: Melanossoma representado por corpo máfico alongado segundo a foliação

principal (Seta amarela) em diatexito com granada. O martelo indica o norte.........................75

Page 15: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

15

Foto 4.21: Concentrações de minerais máficos (biotita, anfibólio?) formando estrutura

schlieren em migmatito diatexítico. Visada em planta para ESE............................................75

Foto 4.22: Diatexito com granada estruturado em dique. Notar paleossoma do metatexito

estromático (apontado pela seta). Visada em planta. O martelo indica o norte........................76

Foto 4.23: Matacão do diatexito sem granada com neossoma composto por leucossoma com

mesoestrutura pegmatoidal e por schlieres de biotita marcando o paleossoma. Visada em

perfil para NE............................................................................................................................77

Foto 4.24: Neossoma do diatexito sem granada exibindo um leucossoma com pórfiros

euédricos a subédricos de feldspato potássico. Notar orientação de fluxo magmático. Observar

no canto esquerdo da rocha o aspecto de schlieres de minerais máficos. Visada em perfil para

W...............................................................................................................................................77

Foto 4.25: Schlieres de biotita, acima do martelo, em migmatito diatexítico sem granada.

Notar presença de porções pegmatoidais, além da orientação dos constituintes em matacão do

migmatito. Visada em perfil para SE........................................................................................78

Foto 4.26: Estrutura schöllen em migmatito diatexítico sem granada. Observar no canto

direito contato brusco com o augen gnaisse. Visada em planta. O martelo indica o W...........78

Foto 4.27: Migmatito diatexítico sem granada com estrutura schöllen. Visada em planta para

SSW..........................................................................................................................................79

Foto 4.28: Estrutura nebulítica, acima da ponta do martelo, no migmatito diatexítico sem

granada evidenciando uma alta intensidade de fusão. Observar, no canto inferior direito,

margem difusa entre o neossoma granítico porfirítico e o paleossoma, o que sugere fusão

parcial in situ de acordo com Sawyer (2008). Encraves máficos ocorrem com frequência.

Visada em perfil para SW.........................................................................................................79

Page 16: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

16

Foto 4.29: Migmatito diatexítico sem granada com neossoma estruturado em diques. Visada

em planta...................................................................................................................................80

Foto 4.30: Agregado de magnetita em leucossoma granítico porfirítico no diatexito sem

granada. Visada em planta........................................................................................................80

Foto 4.31: Dique leucocrático com magnetita em diatexito sem granada. Observar

zoneamento concentrando o metálico no centro da intrusão. Visada em planta. A ponta da

bússola indica o norte................................................................................................................81

Foto 4.32: Aspecto do paleossoma do diatexito sem granada. Biotita gnaisse. Visada em

planta. A bússola indica o norte................................................................................................82

Foto 4.33: Diatexito sem granada com estrutura nebulítica. O neossoma ocorre bem

distribuído por toda a rocha. Visada em planta. O martelo indica o norte................................82

Foto 4.34: Aspecto macroscópico do granodiorito. Notar isotropia e faturamento circular

devido ao intemperismo físico com formação de esfoliação esferoidal. Visada em

planta.........................................................................................................................................83

Foto 4.35: Encrave microgranular máfico com forma elipsoidal e alongado segundo a foliação

de fluxo magmático em granodiorito. Visada em perfil para SSW..........................................84

Foto 4.36: Dique granítico com anfibólio (pontos pretos) em granodiorito. Observar que o

dique está dobrado. Visada em perfil........................................................................................84

Foto 4.37: Encrave de rocha gnáissica em granodiorito. Notar semelhança desse encrave com

os migmatitos paraderivados metatexíticos. Visada em planta. O lápis indica o norte............85

Foto 4.38: Encrave félsico em granodiorito. Visada em planta. O martelo indica o norte.......85

Foto 4.39: Associação entre granitoide e granodiorito truncada por zona de cisalhamento.

Visada em planta. O martelo indica o norte..............................................................................86

Page 17: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

17

Foto 4.40: Dique granítico dobrado em granodiorito. Visada em perfil para NNW. O martelo

indica o norte.............................................................................................................................86

Foto 4.41: Dique granítico dobrado truncando o granodiorito. Visada em perfil para E. O

martelo indica o norte...............................................................................................................87

Foto 4.42: Diques graníticos segmentados. Visada em planta. O martelo indica o norte.........87

Foto 4.43: Mistura química (mixing) entre um granitoide intrusivo e o granodiorito

encaixante. Visada em perfil.....................................................................................................88

Foto 4.44: Mineral do grupo do epidoto no granodiorito. Visada em planta............................88

Foto 4.45: Encraves máficos associados ao granitoide. Visada em planta. O martelo indica o

norte..........................................................................................................................................89

Foto 4.46: Encrave máfico associado ao migmatito metatexítico estromático e ao ortognaisse.

Notar diques félsicos truncando as rochas. Visada em perfil para SSW..................................90

Foto 4.47: Encraves máficos no ortognaisse. Observar que alguns deles são truncados pelo

encaixante, o que sugere que, além da mistura física, houve mistura química. Visada em

planta. A bússola indica o norte................................................................................................90

Foto 4.48: Dique félsico granítico pegmatítico truncando o ortognaisse. Visada em planta. A

bússola indica o norte................................................................................................................91

Foto 4.49: Dique granítico truncando dique máfico. Observar bifurcação, o que indica que se

propagou de ESE para WNW. Notar o crescimento dos grãos de feldspato ortogonal às

paredes da encaixante máfica. Visada em planta. A caneta indica o norte...............................91

Foto 4.50: Afloramento do granitoide. Visada em seção para W.............................................92

Page 18: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

18

Foto 4.51: Encraves máficos associados ao granitoide. Visada em perfil para E. O martelo

indica o norte.............................................................................................................................92

Foto 4.52: Dique granítico com pórfiros de feldspatos alcalinos orientados segundo a foliação

magmática (S0). Visada em planta. A bússola indica o norte...................................................93

Foto 4.53: Dique félsico em contato brusco bem marcado com a encaixante ortognáissica.

Visada em planta. A bússola indica o norte..............................................................................94

Foto 4.54: Detalhe do nível pegmatoide do ortognaisse com feições sugerindo o

“entelhamento” dos grãos durante o fluxo magmático. Visada em planta. A bússola indica o

norte..........................................................................................................................................94

Foto 4.55: Concentração de magnetita em dique félsico no migmatito sem granada. Visada em

planta e perfil para NW. A bússola indica o norte....................................................................95

Foto 4.56: Dique máfico com geometria tabular e contatos bruscos e retos com o ortognaisse.

Observar espessura de aproximadamente 1,2 m. Notar segmentação para a esquerda. Visada

em perfil para NW. O martelo indica o norte...........................................................................96

Foto 4.57: Dique máfico tabular de menor espessura. Visa em perfil. O martelo indica o

norte..........................................................................................................................................96

Foto 4.58: No primeiro plano observam-se diques de granitos truncando ortognaisse bem

como o encrave máfico deformado. No segundo plano tem-se um dique máfico cortando as

rochas. Visada panorâmica e o martelo indica o norte.............................................................97

Foto 4.59: Diques félsicos truncando o dique máfico. Observar contato irregular com

encaixante gnaissificada. Visada em planta. O martelo indica o norte.....................................97

Foto 4.60: Dique granítico truncando dique máfico. Visada em planta. O martelo indica o

norte........................................................................................................................................98

Page 19: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

19

Foto 4.61: Xenólito do ortognaisse no dique máfico. Visada em planta. A bússola aponta para

o norte.....................................................................................................................................98

Foto 4.62: Bifurcação apresentada por dique máfico mais novo. Visada em seção para SE..99

Foto 4.63: Esfoliação esferoidal visível próximo ao cabo do martelo no dique máfico

indeformado. Visada em planta. O martelo indica o norte.....................................................99

Foto 4.64: Aspecto macroscópico das rochas carbonáticas. Visada em planta......................100

Foto 4.65: Vista panorâmica dos ortoconglomerados. Visada em perfil para NE..................101

Foto 4.66: Vista panorâmica com fragmentos de rocha rolados e areias de praia. Visada em

perfil para NW........................................................................................................................101

Foto 4.67: Estrutura do tipo augen contornada pela xistosidade, que é marcada,

principalmente, por grãos de biotita. Visada em planta..........................................................103

Foto 4.68: Dobras desenvolvidas no ortognaisse (augen-milonito). Visada em planta. A caneta

indica o norte...........................................................................................................................104

Foto 4.69: Lineação de estiramento mineral de baixo rake associada ao paragnaisse

migmatítico. Visada em planta................................................................................................105

Foto 4.70: Lineação de estiramento mineral de alto rake em paragnaisse migmatítico

metatexítico estromático. Visada em perfil para NW.............................................................105

Foto 4.71: Dobras intrafoliais, isoclinais, sem raiz, associadas ao leucossoma do migmatito

estromático. Foliação Sn’, em verde, que está paralelizada à foliação Sn”, em vermelho,

formando a superfície Sn’//Sn”. Visada em planta. A bússola indica o norte........................106

Foto 4.72: Bandamento e xistosidade dobrados no metatexito estromático. Visada em planta.

A bússola indica o norte..........................................................................................................107

Page 20: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

20

Foto 4.73: Dobra fechada, harmônica, com chaneira arredondada em metatexito estromático.

Visada em planta. O martelo indica o norte...........................................................................107

Foto 4.74: Leucossoma do migmatito estromático dobrado. Visada em planta. A bússola

indica o norte...........................................................................................................................108

Foto 4.75: Dobras parasíticas, assimétricas, em “Z” no paragnaisse migmatítico. Visada em

planta. A bússola indica o norte..............................................................................................108

Foto 4.76: Figura de interferência em laço, do tipo 3 de Ramsay (1967), em paragnaisse

migmatítico. Visada em planta. A bússola indica o norte.......................................................109

Foto 4.77: Zona de cisalhamento dúctil-rúptil com movimento aparente dextral em

paragnaisse migmatítico sem granada. Observar que o dique granítico também é afetado pelo

deslocamento. Visada em planta. A bússola indica o norte....................................................110

Foto 4.78: Zona de cisalhamento truncando granodiorito. Visada em planta. O martelo indica

o norte.....................................................................................................................................111

Foto 4.79: Juntas de resfriamento tranversais próximas ao contato entre o dique máfico e o

paragnaisse migmatítico. Visada em planta. O martelo indica o norte...................................111

Foto 4.80: Falha com deslocamento aparente dextral em dique félsico que trunca o dique

máfico mais velho. Visada em planta.....................................................................................112

Foto 4.81: Dobras de arrasto em dique máfico. Visada em planta. A bússola indica o

norte........................................................................................................................................112

Page 21: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

21

LISTA DE ANEXOS

Apêndice 1....................................................................................................................................

Page 22: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

22

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. Introdução

Na Praia do Farol de Itapuã, região metropolitana de Salvador, afloram rochas de alto

grau metamórfico, polideformadas e metamorfisadas que, por vezes, estão migmatizadas.

Esses litotipos estão inseridos na porção setentrional do Cráton do São Francisco

(ALMEIDA, 1977) onde ocorre o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (BARBOSA &

SABATÉ, 2003). Esse orógeno compreende dois principais segmentos: um mais a oeste,

denominado Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, e outro mais a leste, denominado Cinturão

Salvador-Esplanada. Essa monografia teve como foco o estudo petrográfico e estrutural de um

conjunto de afloramentos que ocorrem nessa praia com vistas a colaborar com o modelo de

evolução deformacional e tectônica regional dessa porção do Cráton do São Francisco.

1.2. Localização e acesso

A área de estudo localiza-se nas proximidades do Farol de Itapuã, na cidade de

Salvador, Estado da Bahia (Figura 1.1). Partindo do Instituto de Geociências da Universidade

Federal da Bahia (IGEO-UFBA), o acesso à área pode ser feito por meio de veículos de duas

(bicicleta ou moto) ou quatro rodas (carro ou ônibus) através de via asfaltada (Figura 1.2).

Page 23: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

23

Figura 1.1: a) Mapa com os limites do Estado da Bahia; b) Mapa de situação da área de trabalho.

Fonte: Mapa de Divisão Político-Administrativa do estado da Bahia, SEI-BA (2000).

Figura 1.2: Mapa de localização da área de estudo.

Fonte: Google Earth (2013).

Page 24: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

24

1.3. Contextualização e apresentação do problema

Rochas metamórficas de alto grau se formam em condições de alta pressão e

temperatura associadas ao metamorfismo regional. Em especial, as rochas paraderivadas

apresentam uma mineralogia particular que muitas vezes é indicativa das condições de

pressão e temperatura às quais foram submetidas. A cidade de Salvador, integrante do

Cinturão Salvador-Esplanada, possui um rico acervo de rochas granulíticas e estruturas

deformacionais que podem servir como um laboratório natural no estudo da evolução

geológica da porção setentrional do Cráton do São Francisco e do Cinturão Salvador-

Esplanada.

Nos afloramentos do Farol de Itapuã ocorrem boas exposições de rochas orto e

paraderivadas as quais foram submetidas a fases de deformação progressivas e ao

metamorfismo regional, bem como rochas de ígneas indeformadas. Nesse sentido, surgem as

seguintes questões: qual a constituição litológica das rochas dos afloramentos do Farol de

Itapuã? Qual a relação geológica entre as rochas ígneas e as metamórficas, orto e

paraderivadas desses afloramentos? Qual a história evolutiva, deformacional e metamórfica,

das rochas cartografadas?

Responder a essas perguntas representa dar um passo significativo no entendimento da

evolução do Cinturão Salvador-Esplanada.

1.4. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo principal, contribuir com o entendimento da geologia

do Cinturão Salvador-Esplanada.

Como objetivos específicos, tem-se:

a) identificar e classificar os litotipos que ocorrem no lado leste do Farol de Itapuã;

b) inventariar o arcabouço estrutural da área e as relações estruturais entre as unidades

aflorantes;

c) propor um modelo geológico evolutivo para a área de trabalho.

1.5. Justificativa

Apesar de estar inserido no Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, poucos estudos foram

realizados contemplando o Cinturão Salvador-Esplanada. Em sua porção sul, alguns trabalhos

científicos já foram realizados com ênfase nas rochas de alto grau da cidade de Salvador,

podendo ser citados os trabalhos de Fujimori & Allard (1966), Jesus (1978), Fujimori (1988),

Page 25: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

25

Barbosa et al. (2005), Cruz et al. (2005), Souza (2008, 2009), Abrahão Filho (2009), Oliveira

(2010), Souza-Souza (2010) e Souza (2013), dentre outros. Esses trabalhos foram de

fundamental importância à busca pelo conhecimento dessa porção do Cinturão Salvador-

Esplanada.

Embora o afloramento do Farol de Itapuã já tenha sido alvo de estudo por Jesus

(1978), incertezas ainda persistem sobre a relação e assinatura estrutural entre as unidades

cartografadas e sobre as paragêneses minerais associadas com o metamorfismo. Além disso,

embora hajam rochas migmatíticas, ainda pouco se sabe sobre esses tipos morfológicos a luz

dos novos conceitos publicados por Sawyer (2008) e Sawyer & Brown (2008). Visando

contribuir com o entendimento da evolução geológica desse cinturão, foi realizada a análise

petrográfica e análise estrutural em rochas paraderivadas, as quais possuem paragêneses

índices que podem permitir estimar condições de temperatura e pressão do metamorfismo

ocorrente, e ortoderivadas e, dessa forma, proceder a uma pesquisa científica para a área de

trabalho.

1.6. Método de trabalho

Para efetuar os objetivos propostos, foram realizadas as seguintes atividades:

a) Revisão bibliográfica através do levantamento de artigos científicos, monografias

de Graduação, Dissertações de Mestrado, Teses de Doutorado e livros didáticos

que abordem temas relacionados à área de estudo.

b) Trabalhos de campo visando o mapeamento geológico na escala 1:1000 e coleta de

amostras. Esses trabalhos totalizaram 20 dias efetivos.

c) Levantamento do arcabouço estrutural através da metodologia clássica da análise

estrutural com posicionamento espacial das estruturas identificadas. Os dados

obtidos foram organizados em tabelas do Excell e tratados através do programa

Stereonet (DUYSTER, 2000).

d) Estudos petrográficos em 31 seções delgadas visando a identificação dos litotipos

existentes na área de estudo e a determinação das paragêneses minerais associadas

com o metamorfismo.

e) Organização dos dados e elaboração da versão final da Monografia.

Page 26: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

26

CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL

2.1. O Cráton do São Francisco

A área de trabalho integra a porção setentrional do Cráton do São Francisco, definido

por Almeida (1977), cujo substrato mais velho que 1,8 Ga foi consolidado no período

Orosiriano (2050-1800 Ma). Essa unidade tectônica aflora em quase todo o Estado da Bahia e

se prolonga até os estados de Minas Gerais, Sergipe, Pernambuco e Goiás. Seus limites são

marcados pelas faixas de dobramentos e cavalgamentos Sergipana, a nordeste, Riacho do

Pontal, a norte, Rio Preto, a noroeste, Brasília, a oeste, e Araçuaí, a sudeste (ALMEIDA,

1977). Como unidades de cobertura têm-se as rochas metassedimentares paleo/meso e

neoproterozóicas dos supergrupos Espinhaço e São Francisco, respectivamente (ALKMIM et

al., 1993). Além disso, ocorrem rochas sedimentares e sedimentos do Fanerozóico (Figura

2.1).

Recentemente, Cruz & Alkmim (2006) sugeriram que a região a sul da latitude 13°S,

e que compreende parte do Bloco Gavião, na zona de interferência entre o Aulacógeno do

Paramirim (sensu PEDROSA-SOARES, 2001) e a Faixa Araçuaí, seja descratonizada, tendo

em vista a existência de deformações endodérmicas envolvendo o substrato desse aulacógeno.

Na sua porção setentrional, o Cráton do São Francisco foi dividido nos blocos Gavião,

Serrinha, Jequié, Itabuna-Salvador-Curaçá por Barbosa & Sabaté (2002, 2003, 2004), que na

realidade correspondem a placas tectônicas. Recentemente, baseado nas pesquisas de Oliveira

et al. (2002, 2004a, b, 2010) foi proposta a existência do Bloco Uauá, cuja área de exposição

anteriormente estava inserida no contexto do Bloco Serrinha por Barbosa & Sabaté op. cit..

Durante o Paleoproterozóico, a colisão desses blocos estruturou o Orógeno Itabuna-Salvador-

Curaçá compartimentado nos cinturões granulíticos Itabuna-Salvador-Curaçá e Salvador-

Esplanada.

Page 27: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

27

Figura 2.1: Mapa geológico simplificado do Cráton do São Francisco e suas coberturas paleo/meso e

noeproterozóicas representadas pelas sequências Espinhaço/Macaúbas/Bambuí, além das faixas marginais

brasilianas e coberturas fanerozóicas. Destaca-se a nova delimitação com a Faixa Araçuaí. A área de estudo

encontra-se na região Salvador ressaltada em vermelho.

Fonte: Modificado de Alkmim (2004).

2.2. Unidades do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá

O Bloco Gavião é representado por litotipos arqueanos do tipo

tonalito/trondhjemito/granodiorito-TTG que estão intercalados com anfibolitos e apresentam

estrutura gnáissica bem marcante (Figuras 2.2 e 2.3). Sequências metavulcano-sedimentares e

do tipo Greenstone Belts ocorrem distribuídas nesse bloco.

De acordo com Bastos Leal (1998), Barbosa & Sabaté (2003) e Barbosa et al. (2012),

três grupos geocronológicos de TTG’s foram individualizados pelo método U-Pb. Essas

rochas encontram-se gnaissificadas e migmatizadas e, nesse contexto, feições do tipo

Page 28: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

28

nebulítica, schlieren, estromática, dentre outras, são presentes (Bastos Leal 1998). O primeiro

grupo foi datado de 3,4 a 3,2 Ga, sendo interpretado por Martin et al. (1991), através de

modelagens geoquímicas, como produto de fusão de basaltos toleiíticos deixando anfibolitos

ricos em granada ou eclogitos como resíduos. Com base em análises isotópicas U-Pb

(SHRIMP, Laser Ablation e evaporação), e idades modelo Sm-Nd, em zircão, os litotipos

deste bloco foram qualificados como os mais antigos da América do Sul, com idades de até

3,4 e 3,6 Ga (SANTOS PINTO et al., 1998; BARBOSA et al. 2012). O segundo grupo, de

origem similar ao grupo anterior, mas com contaminação crustal, apresentou idades entre 3,2

a 3,1 Ga. O terceiro grupo, de composição granítica-granodiorítica, foi datado de 2,8-2,7 Ga e

interpretado como produto da fusão parcial de crosta continental mais antiga, TTG, por

Santos-Pinto (1996).

Além dos TTG’s, no Bloco Gavião ainda podem ser identificadas sequências do tipo

Greenstone Belts e similares, tais como Contendas-Mirante, Umburanas, Guajeru, Mundo

Novo, Lagoa do Alegre, Salitre-Sobradinho, Barreiro-Colomi, Tiquara, Brumado, Ibitira-

Ubiraçaba, Riacho de Santana, Boquira, Caetité-Licínio de Almeida, Urandi e Ibiajara que, de

acordo com Mascarenhas & Silva (1994), Marinho (1991), Cunha et al. (1996) e Bastos Leal

(1998), se formaram em bacias intracratônicas com produção inicial de rochas vulcânicas

continentais com idades em torno de 3,3 Ga.

Ainda integram esse conjunto granitoides arqueanos a neoproterozóicos que foram

individualizados por Barbosa et al. (2012) a partir de uma integração de dados. Aqui,

enfatizar-se-ão os de idade riaciana a orosiriana. Esses se encontram principalmente no

Lineamento Contendas-Mirante/Jacobina e são representados pelos granitoides Campo

Formoso, Carnaíba, Cachoeira Grande, Flamengo, Jaguarari, Serra do Meio, todos da parte

norte do Bloco Gavião. Nas porções central, sul e oeste, estão localizados os granitoides

Aracatu, Mariana, Serra da Franga, Umburanas, Rio do Paulo, Caculé, Iguatemi, Espírito

Santo, Gameleira, Anagé-Pau de Colher, Riacho das Pedras, Caetano e Aliança, Lagoa

Grande e Lagoinha, Guanambi-Urandi, Cara Suja, Ceraíma, Estreito, Jussiape, Ibitiara,

Boquira, Veredinha e Lagoa Real.

O Bloco Serrinha (Figura 2.4) foi dividido por Oliveira et al. (2010) no Complexo

Santa Luz e no Cinturão Caldeirão, além de corpos de granitoides riacianos e orosirianos. No

Complexo Santa Luz, substrato do Greenstone Belt Serrinha/Rio Itapicuru

(MASCARENHAS, 1976; KISHIDA, 1979), afloram orto/paragnaisses e migmatitos com

anfibolitos subordinados, no geral na fácies anfibolito. Na porção sul do Complexo Santa Luz

Page 29: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

29

ocorre o Peridotito Cromitífero de Santa Luz, onde são feitas atividades explotatórias de

cromo (BARBOSA et al. 2012). De acordo com Oliveira et al. (2010), análises geoquímicas

dos elementos maiores e do grupo da platina (EGP) para os cromititos maciços sugeriram

assinatura ofiolítica para essas rochas. Por sua vez, no Cinturão Caldeirão (OLIVEIRA et al.,

2010) afloram rochas paraderivadas, quartzíticas e anfibolíticas que foram gnaissificadas.

Zircões encontrados nos quartzitos foram datados pelo método U-Pb (SHRIMP) por Oliveira

et al. (2002) e Mello et al. (2006) e apresentaram idades de cristalização entre 3.204 e 3.051

Ma e de metamorfismo em 2.076±10 Ma.

Figura 2.2: Bloco Gavião, parte norte.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

Page 30: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

30

Figura 2.3: Bloco Gavião, partes oeste, central e sul.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

Page 31: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

31

Figura 2.4: Compartimentação geológica do Bloco Serrinha.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

De acordo com Oliveira et al. (2002, 2004a, b, 2010), o Bloco Uauá (Figura 2.5)

representa um corpo alóctone que foi deslocado de sul para norte e aglutinado à parte oriental

do Bloco Serrinha durante a tectônica riaciana-orosiriana que estruturou o Orógeno Itabuna-

Salvador-Curaçá. Esse bloco foi subdividido nos complexos Uauá e Lagoa da Vaca e no

Greenstone Belt do Rio Capim. Além disso, ocorrem corpos de granitoides, ademais uma

malha de diques máficos responsável pela discriminação do referido bloco, de acordo com

Barbosa et al. (2012). Segundo estes autores, o Complexo Uauá é composto por ortognaisses,

migmatitos e granitoides, além de rochas básicas e ultrabásicas subordinadas, que são muito

semelhantes ao Complexo Santa Luz do Bloco Serrinha. Idades entre 3,2 e 2,9 Ga foram

Page 32: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

32

obtidas em zircões através dos métodos U-Pb e Pb-Pb (SHRIMP e ID-TIMS) para rochas

desse complexo (PAIXÃO & OLIVEIRA, 1998; OLIVEIRA et al. 2002a, b; MELLO et al.,

2006; RIOS et al., 2009). Cordani et al. (1999) obtiveram idade modelo (TDM) de 3,4 Ga para

alguns gnaisses na porção central desse complexo (BARBOSA et al. op cit.). Paixão &

Oliveira (1998) consideraram o Complexo Lagoa da Vaca como o corpo ígneo intrusivo

anortosítico mais velho do Cráton do São Francisco, com idade isocrônica (Pb-Pb) em rocha

total de 3.161±65 Ma.

O Bloco Jequié (Figura 2.6), por sua vez, compreende rochas arqueanas, granulíticas e

migmatizadas, com encraves de rochas supracrustais com idade modelo Sm-Nd (TDM) em

torno de 3,0 e 2,9 Ga (WILSON 1987, MARINHO 1991, MARINHO et al. 1994). Essas

litologias são intrudidas por rochas graníticas a granodioríticas de alto e baixo Ti, que foram

datadas de 2,8 a 2,7 Ga pelos métodos Rb-Sr e Pb-Pb (em rocha total) e U-Pb SHRIMP

(zircão) e que foram metamorfisadas e transformadas em granulitos charnockíticos,

charnoenderbíticos e enderbíticos (WILSON, 1987; ALIBERT & BARBOSA, 1992;

FORNARI & BARBOSA, 1994; SILVA et al., 2002; MACEDO, 2006; TEIXEIRA-SOUZA,

2012). A característica intrusiva desses granitoides é evidenciada pela ocorrência de mega-

encraves de migmatitos/granulitos em alguns domínios segundo Teixeira-Souza (2012).

Ainda de acordo com esse autor, essas intrusões fundiram parcialmente rochas supracrustais

preexistentes originando granitos do tipo “S”, além de servirem de força motriz para a

formação de estruturas dômicas. Tanto o componente mais antigo como o mais novo deste

bloco constituíram o embasamento de bacias (BARBOSA et al., 2003), onde basaltos e

andesitos basálticos, cherts, formações ferríferas bandadas, grafititos e kinzigitos se

acumularam (BARBOSA, 1990). Durante a colisão paleoproterozóica, riaciana-orosiriana,

essas rochas também foram intensamente deformadas e re-equilibradas na fácies granulito

(BARBOSA et al., 2012).

Page 33: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

33

Figura 2.5: Compartimentação geológica do Bloco Uauá.

Fonte: Modificado de Barbosa et al., 2012.

O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (Figuras 2.7 e 2.8) consiste de tonalitos e

trondhjemitos de idade mesoarqueana a paleoproterozóica, que foram interpretados como

resultado da fusão de crosta oceânica toleiítica, e monzonitos shoshoníticos de 2,4 Ga, além

de monzodioritos (BARBOSA & SABATÉ, 2003). Este segmento do cráton também inclui

corpos charnockíticos de 2,6 Ga e faixas de rochas supracrustais (quartzitos com granada,

gnaisses alumino-magnesianos com safirina, grafititos e formações manganesíferas), além de

gabros/basaltos de fundo oceânico e/ou bacias back-arc (TEIXEIRA, 1997). Todos esses

litotipos foram re-equilibrados na fácies granulito durante a colisão riaciana-orosiriana

Page 34: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

34

(BARBOSA et al., 2012). Baseado em diversos autores, Barbosa & Sabaté (2003)

propuseram que zonas de subducção, arcos de ilhas e bacias back-arc de idade neoarqueana

foram os ambientes predominantes durante a construção do Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá.

Especificamente para as rochas granulíticas, Barbosa & Sabaté (2002) identificaram dois

cinturões principais, que denominaram de Cinturão Salvador-Esplanada, a leste, e Cinturão

Itabuna-Salvador-Curaçá, a oeste. A área de estudo situa-se no primeiro.

Figura 2.6: Compartimentação geológica do Bloco Jequié.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

Page 35: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

35

Figura 2.7: Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, parte norte.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

Page 36: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

36

Figura 2.8: Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá, parte sul.

Fonte: Barbosa et al. (2012).

Page 37: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

37

O Cinturão Salvador-Esplanada (BARBOSA & DOMINGUEZ, 1996) (Figura 2.9) ou

Faixa Salvador-Esplanada, se estende desde a cidade Salvador (BA) até Boquim (SE) e

apresenta orientação geral N045°. Em Sergipe o embasamento comporta os Complexos

Gnáissico-Migmatítico e Granulítico onde ocorrem biotita gnaisses migmatíticos deformados

com encraves de anfibolitos, granitoides aluminosos e alcalinos, ortognaisses migmatíticos

granodioríticos metatexíticos bandados a diatexíticos nebulíticos, biotita ortognaisses

tonalíticos a granodioríticos, além de augen gnaisses graníticos, bem como corpos gábricos e

diques máficos (OLIVEIRA JÚNIOR, 1990; DALTON DE SOUZA et al., 2001). Na porção

baiana, Oliveira-Júnior (1990) subdividiu esse cinturão em dois domínios estruturais. No

ocidental, individualizou o que ele denominou de Zona de Aporá-Itamira e Suíte Granitoide

Teotônio-Pela Porco, e no oriental, a Zona Salvador-Conde. A primeira compreende,

majoritariamente, milonitos retrógrados. Nos locais onde houve pouca ou nenhuma

milonitização pode-se reconhecer migmatitos do tipo dobrado, schlieren e estromático,

granulitos, além de ortognaisses com termos félsicos, tonalítico-granodioríticos, e máficos,

gabróicos (BARBOSA et al., 2012). Segundo Oliveira Júnior (1990), esta Zona tem

aproximadamente 75 km de extensão e cerca de 10 km de largura, possui direção NE-SW, e

as estruturas de cisalhamento possuem movimentação geral sinistral. A foliação milonítica

com mergulhos de 75 a 85° para noroeste seria resultante da transposição de uma foliação ou

bandamento anterior e os processos de deformação foram acompanhados de

retrometamorfismo (BARBOSA et al., 2012). Nas partes menos cisalhadas as paragêneses são

da fácies anfibolito, enquanto nas mais cisalhadas predominam as paragêneses da fácies xisto

verde (OLIVEIRA JÚNIOR, 1990). Na Suíte Granitoide Teotônio-Pela Porco encontram-se

granitos e quartzo-monzogranitos cálcio-alcalinos e metaluminosos (OLIVEIRA JÚNIOR,

1990). Silva et al. (2002) realizou estudos geocronológicos U-Pb (SHRIMP, em zircão) no

Granodiorito Gnáissico Aporá, tendo obtido a idade 2.924±25 Ma, que foi interpretada como

sendo a de cristalização dessas rochas.

Page 38: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

38

Figura 2.9: Compartimentos geológicos do Cinturão Salvador-Esplanada.

Fonte: Modificado de Barbosa et al., (2012).

Page 39: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

39

Na Zona Salvador-Conde, onde se encontra a área de estudo, poucos foram os

trabalhos acadêmicos realizados, sendo concentrados na região de Salvador, podendo ser

citados Fujimori & Allard (1966), Jesus (1978), Corrêa Gomes et al. (1996), Barbosa et al.

(2005), Cruz et al. (2005), Souza (2008, 2009); Abrahão Filho (2009); Souza et al., (2010),

Oliveira (2010), Souza-Souza (2010) Souza & Barbosa (2011), Cruz (2013), Alves (2013) e

Alem Marinho (2013), dentre outros. No geral, predominam rochas granulíticas, orto e

paraderivadas, que serão descritas no item 3.4 desse capítulo.

2.3. A Colisão paleoproterozóica e desenvolvimento do Orógeno Itabuna-Salvador-

Curaçá

Durante o Riaciano e o Orosiriano (2.3 a 1.8 Ga) as placas continentais Gavião,

Jequié, Itabuna-Salvador-Curaçá e Serrinha colidiram originando o Orógeno Itabuna-

Salvador-Curaçá (BARBOSA & SABATÉ, 2002). Segundo esses autores, essa colisão

ocorreu de forma oblíqua e com aproximação das placas segundo a orientação NW-SE

(FIGURA 2.10). Nesse contexto houve a formação de zonas de cisalhamento reversas dúctil-

rúpteis e dobras recumbentes geradas durante a fase tangencial de deformação. Essas

estruturas foram sucedidas por um segundo conjunto de dobras normal-horizontais e por

zonas de cisalhamentos transcorrentes tardias com orientação geral N-S (ALVES DA SILVA

& BARBOSA, 1997).

Segundo Barbosa et al. (2012), lineações de estiramento mineral, no geral, de baixa

obliquidade, marcadas por quartzo, plagioclásio, clino e ortopiroxênio, hospedam-se em

foliações e apresentaram um paralelismo com os eixos de dobras intrafoliais. Indicadores

cinemáticos do tipo S/C sugeriram movimento real predominante sinistral a sinistral reverso

para zonas de cisalhamento (BARBOSA et al., 2007). Essas deformações tardias foram

responsáveis pela formação de zonas de cisalhamento retrógradas. Corpos sieníticos tardi-

orogênicos (Itiúba, São Félix), com idades de 1.9 a 2.1 Ga se alojaram nessas zonas e

intrudiram os granulitos (CONCEIÇÃO et al., 1993; ROSA et al., 2001; OLIVEIRA et al.,

2002). De acordo com Sabaté (1991), o Lineamento Contendas-Jacobina foi uma das

estruturas resultante dessa convergência, sendo marcada pela intrusão de numerosos plútons

de granitoides sin a tarditectônicos. A geometria final relacionada com as transcorrências está

associada com uma estrutura em flor positiva de caráter regional que superpôs rochas de alto

grau metamórfico sobre litotipos de médio e estes sobre os de baixo grau.

Page 40: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

40

Figura 2.10: Posições postuladas para as placas paleoproterozóicas durante a colisão riaciana-orosiriana

Fonte: Barbosa & Sabaté (2003).

No metamorfismo de alto grau, associado com a evolução do Orógeno Itabuna-

Salvador-Curaçá, de idade riaciana-orosiriana, no setor sul desse orógeno predominaram

condições de pressões em torno de 7 kbar e temperaturas de cerca de 850°C (BARBOSA,

1990, 1997), com idade de pico metamórfico em, aproximadamente, 2,05 Ga (PEUCAT et al.,

2011). A geração desses granulitos estaria associada com processos tectônicos colisionais que

levaram a um espessamento crustal.

Em granulitos alumino-magnesianos que afloram nesse setor do orógeno, Silva (1991

apud BARBOSA et al., 2012) identificou a paragênese safirina + quartzo indicando pressões

acima de 9 kbar. Barbosa et al. em preparação, para os mesmos granulitos alumino-

magnesianos e tonalíticos com granada, indicaram pressões de 10 kbar e temperaturas em

torno de 1000°C (BARBOSA et al. op cit.).

Page 41: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

41

Nos gnaisses de alto grau do setor norte do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, reações

de destruição das paragêneses granada + quartzo ou granada + cordierita e produção de

simplectitos de ortopiroxênio + plagioclásio têm sido interpretadas como indicação de alívio

de pressão associada com a formação de grandes thrusts, estes responsáveis por trazerem

blocos de rochas de grandes profundidades para as partes mais rasas da crosta (BARBOSA &

SABATÉ, 2003).

Em granulitos básicos com granada desse mesmo setor, Barbosa (1986) identificou a

reação granada + quartzo = ortopiroxênio + plagioclásio como relacionada ao metamorfismo

progressivo, além de determinar temperaturas de equilíbrio metamórfico de 820 a 830°C e

pressões de 4 a 5 kbar. Por sua vez, Barbosa (1986) e Barbosa & Fonteilles (1989)

propuseram a seguinte reação: hornblenda + quartzo = ortopiroxênio + plagioclásio ±

clinopiroxênio + H2O para explicar a textura coronítica de piroxênio em hornblenda. Além

disso, identificaram a presença de titânio no anfibólio e com isso justificaram a preservação

deste mineral em condições granulíticas (>800°C). Estudando pares de clinopiroxênio +

ortopiroxênio e granada + clinopiroxênio, Barbosa (1994) definiu temperaturas de 830 a

850°C e pressões de 5 a 7 kbar para o background do metamorfismo. Paragêneses portadoras

de safirina e subsaturadas em sílica presentes em encraves de granulitos alumino-magnesianos

posicionados na parte norte do orógeno, indicam temperaturas em torno de 1000°C e pressões

de 8 a 10 kbar e permitem interpretar um metamorfismo como de ultra alta temperatura, onde

houve a fusão parcial desses granulitos com produção de granitos do tipo S (LEITE et al.,

2009). Peucat et al. (2011) obteve a idade média de 2083±5 Ma, riaciana, para o

metamorfismo paleoproterozóico na porção sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.

Barbosa et al. (2004) sugeriu temperaturas acima de 900°C para a paragênese hercinita

+ quartzo nas encaixantes do Domo de Brejões no Bloco Jequié. De acordo com esses

autores, essas temperaturas podem ser explicadas pelo calor da intrusão charnockítica que

ocorreu no pico do metamorfismo responsável também pela produção de granitos do tipo S a

partir da fusão parcial de granulitos alumino-magnesianos.

Para o metamorfismo regressivo, nos granulitos básicos granatíferos, Barbosa (1986)

sugeriu a seguinte reação: ortopiroxênio + plagioclásio = granada + quartzo para explicar a

diminuição de temperatura e pressão. Nos granulitos charnockíticos, charnoenderbíticos e

enderbíticos, simplectitos de hornblenda + quartzo e biotita + quartzo ao redor de piroxênio e

opacos evidenciam queda de pressão e temperatura do metamorfismo durante a ascensão das

rochas à superfície devido a uma estrutura em flor positiva (BARBOSA, 1986).

Page 42: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

42

A figura 2.11 mostra o zoneamento metamórfico do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá

e áreas contíguas.

Figura 2.11: Mapa do zoneamento metamórfico do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.

Fonte: Barbosa et al., (2012).

2.4. Geologia da cidade de Salvador

Os granulitos da cidade de Salvador representam o embasamento da Bacia do

Recôncavo. Baseado na tectônica extensional mesozóica, jurássica superior a cretácia inferior,

Barbosa et al. (2005) subdividiram a cidade de Salvador em três domínios geológicos

principais (Figura 2.12):

I. Alto de Salvador: representa um horst limitado a oeste pela Falha de Salvador e a

leste pela Falha do Jardim de Alah e secionado em duas partes pela Falha do

Iguatemi. Na porção ocidental, de altitudes maiores que 60m, ocorrem rochas

granulíticas. Na oriental, predominam rochas da fácies anfibolito, e altitudes

menores que 30m;

Page 43: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

43

II. Bacia do Recôncavo: preenchida por sedimentos predominantemente terrígenos,

siliciclásticos, mesozóicos a cenozoicos. Na cidade de Salvador afloram as

unidades da Formação Salvador e do Grupo Ilhas;

III. Margem Costeira Atlântica: compreende rochas miocênicas do Grupo Barreiras,

sedimentos neógenos e quaternários, inconsolidados, areno-argilosos e

conglomeráticos, além de beach rocks.

Figura 2.12: Modelo digital de terreno onde se encontra a área de estudo. Notar contraste topográfico e controle

estrutural. BR–Bacia do Recôncavo, HS–Horst de Salvador e MCA–Margem Costeira Atlântica.

Fonte: Adaptado de Oliveira (2010).

As rochas granulíticas do Alto de Salvador foram estudadas em detalhe. De acordo

com Jesus (1978), Corrêa Gomes et al. (1996), Barbosa et al. (2005), Souza (2008, 2009),

Abrahão Filho (2009), Souza et al., (2010), Oliveira (2010), Souza-Souza (2010) Souza &

Barbosa (2011), Cruz (2013), Alves (2013) e Alem Marinho (2013), na cidade de Salvador

ocorrem migmatitos, granulitos paraderivados, alumino-magnesianos que, por vezes, estão

associados a quartzitos com granada e ortopiroxênio, bem como granitos granadíferos. Rochas

granulíticas básicas a ultrabásicas apresentam-se como encraves usualmente em forma de

boudins. Granulitos ortoderivados tonalíticos a monzocharnockíticos e quartzo

monzodioríticos também ocorrem.

Page 44: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

44

Recentemente, Souza (2013) publicou o Mapa Geológico da cidade de Salvador, tendo

sido discriminados granulitos ortoderivados charnoenderbíticos, tonalíticos, quartzo-

monzodioritos e monzocharnockíticos, granulitos praderivados alumino-magnesianos,

granulitos básicos, quartzitos, diques máficos e sieno-monzograníticos (Figura 2.13).

Esses litotipos frequentemente apresentam estrutura gnáissica. De acordo com Barbosa

et al., (2005), os granulitos alumino-magnesianos são restitos da fusão parcial de pelitos

Segundo esses autores, associados a estes granulitos ocorrem leucogranitos anatéticos a

granada e, por vezes, cordierita, considerados como os “líquidos” dessa fusão. Os quartzitos

com granada, também associados aos granulitos alumino-magnesianos, são produtos do

metamorfismo de cherts impuros (BARBOSA & FONTEILLES, 1989). Por outro lado,

Fujimori & Fyfe (1984) propuseram para as rochas ricas em granada e minerais alumino-

magnesianos do Farol da Barra protólitos paleossolos aluminosos. De acordo com Barbosa et

al. (2005), os granulitos básicos representam basaltos que foram metamorfisados. Desta

forma, segundo estes autores, os encraves ultramáficos são produtos da cristalização de

magmas toleiíticos magnesianos e os gabróicos de magmas toleiíticos com alto Ti e Fe ou

toleiíticos a cálcio-alcalinos ricos em SiO2 e Al2O3 que posteriormente foram metamorfisados.

Além disso, as rochas tonalíticas e charnoenderbíticas representam um magmatismo

intermediário de baixo K e de alto K, respectivamente, com química cálcio-alcalina.

Truncando os granulitos ocorrem diques composição monzo-sienogranítica e

diabásica. Os diques máficos de Salvador foram estudados por Mestrinho et al. (1988),

Moraes-Brito et al. (1989), Moraes Brito (1992) apud BARBOSA et al. op cit.; Corrêa

Gomes et al. (1996); Cruz, (2013), dentre outros. Essas rochas foram agrupadas em dois

conjuntos por Moraes-Brito et al. (1989): uma mais antigo e outro mais jovem. O conjunto

mais antigo encontra-se deformado e apresenta química cálcio-alcalina. Os mais jovens estão

indeformados e apresentam assinatura toleiítica. Esses diques não metamórficos são típicos de

ambiente intraplaca e provenientes de fonte enriquecida (BRITO et al., 1991; MORAES-

BRITO et al., 1993; CRUZ, 2013).

Segundo Barbosa et al. (2005), os diques graníticos mostram tendência subalcalina e

peraluminosa. Um granitoide da Praia da Paciência foi datado por Souza et al. (em

elaboração), pelo método U-Pb Laser Ablation, em zircão, tendo obtido a idade de 2.064±6

Ma (BARBOSA et al., 2012).

Page 45: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

45

Figura 2.13: Mapa geológico simplificado da cidade de Salvador com indicação da área de estudo.

Fonte: Adaptado de Souza-Souza (2010).

Page 46: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

46

A partir de estudos na parte oeste do Horst de Salvador, Barbosa et al. (2005) e Cruz

et al. (2005) identificaram pelo menos duas fases dúcteis, uma dúctil-rúptil e uma rúptil.

Inicialmente, se formaram dobras fechadas a isoclinas, recumbentes, com planos axiais pouco

inclinados e eixos sub-horizontais, bem como lineações de estiramento mineral dip-slip.

Houve sequente redobramento, estruturando dobras abertas a fechadas com planos axiais sub-

verticais com charneiras de baixo caimento. Posteriormente, zonas de cisalhamento

transcorrentes foram nucleadas aproveitando as superfícies axiais sub-verticais anteriores com

formação de lineação de estiramento mineral strike-slip (Figura 2.14).

Figura 2.14: Configuração em três dimensões das diferentes fases de deformação dúcteis e dúctil-rúptil das

rochas metamórficas do Alto de Salvador.

Fonte: Barbosa et al., (2005).

Em relação às estruturas rúpteis, de acordo com Barbosa et al. (2005), essas estruturas

foram organizadas em ordem de idade decrescente a seguir com relação à sua orientação da

seguinte forma:

1) N60-90°: diques máficos metamórficos e metamonzo-sienograníticos, deformados;

2) N40-70°: diques monzo-sienograníticos, indeformados;

3) N120-160°: diques máficos, indeformados;

4) N30-40°: falhas de Salvador e Iguatemi;

5) N130-140°: falhas transferentes da Bacia do Recôncavo;

Page 47: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

47

De acordo com Barbosa et al. (2005), durante a ativação e propagação das fraturas

N60-90°, diques máficos metamórficos e metamonzo-sienograníticos penetraram na crosta

continental Salvador-Esplanada. Neste conjunto de fraturas ocorrem estruturas do tipo co-

mingling sugestivas de colocação de grandes volumes de magma basáltico de altas

temperaturas na crosta. Ainda segundo estes mesmos autores, os magmas contrastantes

máfico e félsico, com composição próxima da dos “líquidos”, puderam ser injetados mais ou

menos simultaneamente nessas fraturas. Para elas, como foram de dimensões reduzidas, o

resfriamento das injeções foi relativamente rápido o que resultou em misturas de co-mingling

heterogêneas.

Quanto ao metamorfismo, de acordo com Fujimori (1988), rochas com paragênese

hiperstênio + safirina e plagioclásio + K-feldspato em equilíbrio foram estudadas na região do

Rio Vermelho por Stormer (1973) e Stormer & Whitney (1977), respectivamente. Esses

autores sugeriram temperaturas de aproximadamente 1000°C para as primeiras. Para as

últimas 750 a 800°C e pressões de 4-8 kbar, para as últimas.

Ao estudar as paragêneses minerais e o metamorfismo dos granulitos do Farol da

Barra, Fujimori op. cit. interpretou que essas rochas foram submetidas a três condições de

pressão e temperatura: (i) a primeira, em torno de 7,5 – 9 kbar e 840 – 900ºC, representa o

pico metamórfico sob condições de fácies granulito de pressão intermediária; (ii) a segunda,

com pressões entre 3 kbar e temperaturas de 750ºC, corresponde a um retrometamorfismo

com abaixamento de pressão; (iii) a terceira, com pressões entre 6 – 7 kbar e temperaturas

entre 525 – 550ºC, sugere um sequente episódio metamórfico.

Silva et al. (1997) datou um granulito tonalítico do Farol da Barra pelo método U-Pb

(SHRIMP) tendo obtido uma idade de cristalização de 2.561±7Ma nos centros dos zircões. O

metamorfismo foi datado nas bordas dos zircões pelo mesmo método tendo sido obtido a

idade de 2.089± 11Ma. Mascarenhas et al. (1986), pelo método K-Ar, sugeriram que os

diques máficos metamórficos da cidade são mais velhos que 1,5 Ga.

Para os diques máficos indeformados da porção oeste do Alto de Salvador, foram

obtidas idades de 0,92 a 1,1 Ga (D’AGRELLA FILHO et al., 1989 e RENNE et al., 1990

pelo método Ar40-Ar39; HEAMAN, 1991 pelo método Pb207-Pb206). Essas idades foram

interpretadas como estando associadas com a cristalização dessas rochas. Através de

observações de campo, Corrêa Gomes et al. (1989, 1991) sugeriram que a propagação dos

diques de 1,0 Ga ocorreu de SE para NW.

Page 48: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

48

A partir de estudos petrológicos, deformacionais e geocronológicos, Souza (2013)

estimou condições de P-T-t para as fases de deformação paleoproterozoica para rochas da

cidade de Salvador. Essa autora propôs que esses litotipos passaram por, pelo menos, duas

fases de natureza dúctil denominadas de Dn, onde foi formada a foliação principal Sn paralela

ao bandamento gnáissico, e Dn+1, marcada pela nucleação de zonas de cisalhamento

subverticais, predominantemente dextrais. Para a primeira, os estudos termobarométricos

mostraram condições de pressão em torno de 8.6 kbar e temperatura por volta de 830°C.

Zircões metamórficos encontrados nas rochas granulíticas foram datados pelo método U-Pb e

apresentaram idades de aproximadamente 2,09 Ga, apontado que essa fase é contemporânea

ao metamorfismo de alto grau que afetou essas rochas. Para a segunda, forma estimadas

condições de pressão de 7.5 kbar e temperatura de 780°C. Em granulitos com granada do

afloramento do Farol da Barra, idades U-Th, em monazitas, apontaram valores de 2.06 Ga

para a colocação dos corpos e veios monzo-sienograníticos tardi-tectônicos da cidade de

Salvador. Esses litotipos foram classificados geoquimicamente como subalcalinos e

peraluminosos, enriquecidos em ETRL, e com forte anomalia negativa de Eu. Ademais

exibiram valores negativos de ΣNd(t) (-6,08) sendo qualificados como granitos derivados de

material crustal. Além disso, exibiram idade-modelo (TDM) em torno de 2,9 Ga para a idade

do protólito que deu origem a esses corpos.

Page 49: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

49

CAPÍTULO 3 – MIGMATITO E METAMORFISMO DE ALTO GRAU

3.1. Migmatito: definição, gênese e classificação

O termo migmatito é usado para denominar uma rocha metamórfica, heterogênea em

escala de afloramento, que apresenta duas, ou mais, partes petrologicamente relacionadas e

petrograficamente diferentes resultantes dos processos de fusão parcial (anatexia), segregação

e migração (SAWYER, 2008; SAWYER & BROWN, 2008; SAWYER et al., 2011;

BROWN, 2012).

Os migmatitos são discutidos na literatura desde o início do século XX, onde se

destacou estudo pioneiro feito por Sederhlom em 1907 (MEDEIROS, 2013). Atualmente,

Sawyer (2008) e Sawyer & Brown (2008) sintetizaram as informações relevantes sobre esses

litotipos (Figura 3.1) com intuito de simplificar os critérios classificatórios, tendo em vista as

dificuldades decorrentes das inúmeras classificações existentes. Essas rochas podem ocorrer

nas partes internas das auréolas metamórficas contato, nos sítios de alto grau dos cinturões

metamórficos de baixa pressão e alta temperatura, nos metamorphic core complexes que

expõem grandes áreas da crosta continental média e inferior (PASSCHIER et al., 1993;

WINGE, 1995; MEDEIROS JR, 2009, BROWN, 2012).

De acordo com Winkler (1977), os migmatitos são representantes das condições

metamórficas de alto grau e se encontram associados aos terrenos de mais alta temperatura do

metamorfismo regional. Essas rochas se formam quando a pressão de fluido for maior que a

pressão litostática, caso contrário formar-se-ão os granulitos (WINKLER op cit.; WINGE,

1995). Caso não haja relativa quantidade de fluido no sistema a ocorrência da “fusão a seco”,

também conhecida como Fluid-Absent (Dehydration) -Melting (THOMPSON &

CONNOLLY, 1995) e Water-Undersatured Partial Melting Reactions (BOM, 2011) ou

Vapor-Absent Melting Reactions (GRANT, 1985 apud BOM, 2011), se efetiva. A fonte de

água nessas condições pode ser oriunda de minerais como os filossilicatos (moscovita e

biotita) e os anfibólios (BROWN, 2012).

Para a execução dessa monografia, adotou-se a nomenclatura proposta por Sawyer

(2008), Sawyer & Brown (2008), Sawyer et al. (2011) e Brown (2012).

Page 50: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

50

Figura 3.1: Partes de um migmatito.

Fonte: Sawyer (2008).

(i) anatexia: fusão parcial de componentes crustais, independente do grau de fusão;

(ii) protólito ou rocha parental (rocha fértil): rocha a partir da qual o neossoma foi

derivado e que tem composição que lhe permita iniciar a fusão parcial;

(iii) paleossoma (rocha infértil): porção do migmatito que não foi afetada pela fusão

parcial devido à sua composição, ou seja, resistiu às condições metamórficas de

migmatização;

(iv) neossoma: parte do migmatito formada por fusão parcial e consiste nas frações

magma-derivada (melt-derived) e residual. O neossoma pode ou não sofrer segregação

magmática. O neossoma é subdividido em leucossoma e melanossoma (resíduo). O

leucossoma, em geral, apresenta granulação mais grossa que o paleossoma, pois a presença de

magma facilita o crescimento dos grãos;

(v) resíduo: fração sólida deixada no migmatito após a fusão parcial e extração de

parte ou de todo o magma;

Page 51: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

51

(vi) leucossoma: parte do migmatito derivada do magma segregado parcialmente e que

apresenta cor clara. Essa rocha não necessariamente apresentará a composição original do

magma anatético, uma vez que os processos de cristalização fracionada e contaminação

podem modificá-la;

(vii) melanossoma: tipo de resíduo composto predominantemente por minerais ferro-

magnesianos, como biotita, granada, cordierita, anfibólio ou piroxênio, dentre outros.

De acordo com Sawyer & Brown (2008), três tipos de leucossoma podem ser

distinguidos (Figura 3.2), quais sejam:

Figura 3.2: Diferentes tipos de leucossoma. 1) In situ. 2) Na fonte (in source). 3) Em veio ou diques.

Fonte: Sawyer & Brown (2008).

1) leucossoma in situ: encontrado em contato, geralmente difuso, com o resíduo ou

rodeado pelo melanossoma. Sua composição corresponde ao “líquido” anatético inicial ou a

uma composição cumulática derivada do magma inicial.

2) leucossoma na fonte (in source): derivado do magma que migrou do local de

formação, mas continua no sítio de migmatização. Por esse motivo, pode ser discordante e ter

contatos bruscos com a encaixante. Apesar disso, muitos desses leucossomas podem estar

orientados paralelos ao acamadamento/bandamento composicional herdado do protólito e

possuir contatos ora difuso ora bem marcados. Em termos de composição, pode apresentar as

mesmas características do leucossoma in situ ou de um magma anatético fracionado;

3) leucossoma em veios leucocráticos ou diques: derivado do magma anatético que se

afastou do resíduo e se cristalizou em outro lugar do migmatito, como por exemplo, no

Page 52: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

52

paleossoma, em camadas resistentes (resister layer) ou no domínio de outro neossoma. Os

contatos com a encaixante são bruscos. Auréolas (selvedges) podem se desenvolver

contornando o limite veio/dique versus rocha hospedeira. Quanto à composição, apontam

derivação do magma anatético fracionado, contudo alguns apresentam procedência do magma

inicial outros do cumulático;

Recentemente, Cesare et al. (2011) e Sawyer et al. (2011) sugeriram o estudo de

inclusões de magma (ex: “nanogranitos”) que ocorrem em minerais cristalizados a partir de

um magma anatético a fim de entender a evolução desse magma na crosta, pois acreditam que

essas micropartículas sejam o material com a composição mais próxima do “líquido

primitivo” gerado pela migmatização e seu produto (Figura 3.3).

Figura 3.3: (a) Inclusões de magma (melt inclusions) com arranjo zonal em granada. (b) Imagem de elétrons

retroespalhados de um "nanogranito" (6 µm) trapeado num cristal de granada.

Fonte: Cesare et al. (2011).

A primeira classificação morfológica de migmatitos foi proposta por Mehnert (1968) e

está apresentada na figura 3.4. Essa classificação foi utilizada por diversos autores, mas

recentemente Sawyer (2008) propôs uma simplificação dos doze tipos morfológicos de

Mehnert (1968) para apenas oito (Figura 3.5). Nessa nova proposta de Sawyer (2008), os

termos estromático, schöllen, nebulito, schlieren foram mantidos, os demais foram

abandonados. Alguns novos termos foram propostos por Sawyer (2008). Entretanto, de

acordo com Sawyer & Brown (2008), antes da aplicação dos termos morfológicos, além dos

aspectos resultantes do processo de fusão parcial, devem ser levados em conta os fatores que

contribuem com a aparência final do migmatito, tais como, a natureza das rochas antes da

Page 53: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

53

fusão parcial (grau de fertilidade), a extensão dessa fusão (volume de magma gerado), a taxa

de resfriamento (texturas e estruturas) e se ou não as rochas foram deformadas quando

continham magma (morfologia). A partir disso, Sawyer (2008) propôs a retomada dos termos

metatexitos e diatexitos para esses litotipos baseados na fração de magma e na intensidade de

deformação (Figura 3.5). A classificação morfológica de Mehnert (1968) foi simplificada por

esse autor tal como sumarizada nessa figura.

Figura 3.4: Classificação morfológica dos migmatitos segundo Mehnert (1968). (a) Agmatito. (b) Dictionito ou

Dictionítico. (c) Migmatito-Schöllen. (d) Flebítico. (e) Estromático. (f) Migmatito surreítico. (g) Migmatito com

dobras. (h) Veios ptigmáticos. (i) Estrutura oftálmica ou augen. (j) Estrutura estictolítica. (k) Estrutura schlieren.

(l) Estrutura nebulítica.

Fonte: Medeiros (2013).

Page 54: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

54

Figura 3.5: Classificação dos migmatitos.

Fonte: Sawyer (2008).

O metatexito é um tipo de migmatito no qual as estruturas pré-fusão parcial

(bandamento, foliações e dobras) foram preservadas. Podem ser divididos em:

(i) patch: a fusão parcial ocorre em pequenos locais discretos. São preservados nos

locais de baixa deformação. O efeito da transposição pode transformá-lo em estromático;

(ii) dilatante: a distribuição e geometria dos leucossomas são controladas

principalmente pelas estruturas dilatantes, locais de mais baixa pressão (porções inter-

boudins, sombras de pressão, locais de ruptura por cisalhamento, zonas de charneira, fraturas

de extensão ou tension gashes) e influenciadas pela deformação e pela distribuição dos

litotipos mais competentes. Assemelha-se ao migmatito surreítico de Mehnert (1968);

(iii) net estruturado ou em rede: é o resultado da interseção de veios do neossoma

paralelos e ortogonais ao bandamento, sendo os últimos localizados em estreitas zonas de

cisalhamento. Formam uma estrutura em rede que trunca o paleossoma. Pode ser comparado

ao dictionito ou, quando não há sinal cisalhamento, ao agmatito de Mehnert (1968);

(iv) estromático: o leucossoma ocorre disposto em camadas paralelas, contínuas, ao

bandamento composicional ou à foliação. O melanossoma e/ou o neossoma não segregado

podem estar associados. Além disso, pode ser relacionado ao migmatito estromático de

Mehnert (1968). Quatro principais mecanismos foram propostos para explicar a origem deste

tipo morfológico.

Page 55: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

55

1. fusão lit-par-lit e múltiplas injeções de magma anatético ao longo de planos

paralelos à foliação ou qualquer outra zona de fraqueza adjacente. Nesse caso, o

leucossoma não é in situ;

2. segregação curta (short-range segregation) do magma a partir do resíduo.

Segundo Brown et al. (1995), nesse caso há associação entre o leucossoma e o

material residual complementar e o leucossoma é in situ ou na fonte (in source);

3. fusão parcial de uma sequência de finas camadas férteis de diferentes

composições, de acordo com Johannes et al. (1995). O neossoma é segregado no

leucossoma e no melanossoma rico em biotita nas margens sendo ambos gerados in

situ;

4. transposição do migmatito enquanto este contém magma (PARK, 1983 apud

SAWYER & BROWN, 2008). Geralmente estão associados a zonas de cisalhamento

(SOLAR & BROWN, 2001);

Por sua vez, diatexito é um migmatito no qual o neossoma (parte fundida) domina e as

estruturas pré-fusão parcial foram obliteradas e substituídas por estruturas de fluxo sin-

anatéticas e representadas por minerais placóides ou tabulares, mais comumente plagioclásio

e biotita, orientados por foliação de fluxo magmático ou sub-magmático. Podem ser

subdivididos em:

(i) nebulítico: quando não há deformação durante a fusão parcial, consequentemente

não há separação da fração do magma e do resíduo. O resultado consiste num paleossoma

com aspecto de fantasma (ghost-like), de granulação grossa, disperso no neossoma

mesocrático, difuso. Por outro lado, pode ser encontrado em áreas restritas de deformação de

fluxo sin-anatético. Equivale ao nebulito de Mehnert (1968);

(ii) schöllen: caracterizado pela presença de encraves ou fragmentos isolados do

paleossoma ou do resíduo no neossoma. Podem apresentar sinas de rotação ou cisalhamento.

Equivalem ao migmatito-schöllen de Mehnert (1968);

(iii) schlieren: tipificado pela presença de finas camadas, em geral menores que 10 cm,

compostas por minerais orientados, placóides ou elongados, mais comumente biotita,

podendo ocorrer plagioclásio, sillimanita, ortopiroxênio ou anfibólio. Evidenciam grande

mobilidade dos constituintes. É análogo ao migmatito com estrutura schlieren de Mehnert

(1968);

Page 56: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

56

Há também uma terceira ordem de classificação para os migmatitos face às estruturas

presentes encontradas nos metatexitos e diatexitos. As morfologias representantes dessa

ordem são em veio e em dobra e serão descritas a seguir.

a. migmatito estruturado em veio/dique: há a presença de um ou mais conjuntos de veios

ou diques leucocráticos que são superimpostos ao migmatito já consolidado,

independente da ordem de classificação. Este tipo de migmatito pode evoluir para o

estruturado em dobras. Os veios são tipicamente colocados após o pico da anatexia,

mas antes da solidificação do migmatito. É similar ao flebítico de Mehnert (1968);

b. migmatito estruturado em dobra: metatexito ou diatexito que foi dobrado enquanto

continha magma. Comparável com o migmatito com dobras de Mehnert (1968).

Em condições de elevada temperatura, e ao longo do tempo geológico, a anatexia é um

importante processo que propicia o retrabalhamento e diferenciação geoquímica da crosta

continental, além de ser principal processo de formação dos migmatitos (WERNICK, 2004;

SAWYER, 2008; SOLA, 2009; BROWN, 2012).

Os locais de acumulação de magma/fuidos são controlados pelas propriedades

mecânicas/físicas da crosta e pelo campo de tensão atuante, bem como pelas estruturas

tectônicas (RUMBLE, 1989 apud CARNEIRO et al., 1996; BROWN et al., 2011; SAWYER

et al., 2011).

Com o aumento da temperatura as rochas fundem e a ductilidade do sistema aumenta,

favorecendo a deformação. Na microescala as deformações sin-migmatização são controladas

pela presença de um magma que favorece a diminuição da tensão necesária para deformar a

rocha. A figura 3.6 exemplifica a contribuição dos processos mecânicos e químicos no

aumento da ductilidade (melt-weakening processes) das rochas afetadas por fusão durante a

deformação para rochas quartzo-feldspáticas milonitizadas em um modelo postulado por

Schulmann et al. (2008b apud JAMIESON et al., 2011). De acordo com essa figura, a

presença de um magma gerado por anatexia favorece a deformação por deslizamento do

magma ao longo das bordas dos grãos (melt-enhanced sliding) e redistribuição do magma em

cavidades geradas durante a fusão (3.6a). A presença desse magma favorece o aumento da

ductilidade do sistema e de fases minerais como os feldspatos, o que resulta na formação de

minerais e agregados alongados segundo a foliação da rocha (3.6b). As reações que

acompanham a deformação e a fusão causam a resorção dos cristais do protólito e

Page 57: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

57

precipitação de novos minerais, produtos das reações metamórficas, o que leva a uma

desintegração da trama (fabric) original (3.6c).

Figura 3.6: (a) O magma reveste os grãos de plagioclásio e preenche os espaços em formato de cunha (wedge-

shaped pockets) entre os grãos de K-feldspato. (b) Os produtos da fusão são precipitados ao longo das bordas dos

grãos e fraturas intergranulares nos grãos de K-feldspato em um alto ângulo em relação ao estiramento

(stretching lineations). (c) A infiltração do magma e o fluxo reativo (reactive porous flow) resultam numa

desintegração progressiva da trama original da rocha.

Fonte: Jamieson et al. (2011).

3.2. Metamorfismo de Alto Grau

As condições metamórficas de alto grau ou grau forte (T > 650°C e 3 < p < 15 kbar)

coincidem com aquelas das fácies anfibolito superior e granulito (WINKLER, 1977;

PASSCHIER et al., 1993; MORAES et al. 2004; SAWYER & BROWN, 2008) (Figura 3.7).

Nessas condições as rochas podem sofrer modificações texturais e estruturais em busca do

equilíbrio físico-químico. Além disso, nessas condições processos anatéticos são esperados.

A temperatura máxima à qual as rochas foram submetidas é entendida por Passchier et

al. (1993) como sendo as condições do pico metamórfico que, segundo Clark et al. (2011),

são tipicamente seguidas por descompressão.

Page 58: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

58

A figura 3.8 mostra um apanhado geral dos ambientes onde ocorre o metamorfismo de

alto grau, de acordo com Newton (1987 apud PASSCHIER et al., 1993). Winge (1995) faz

uma súmula sobre a diversidade de ambientes que essas rochas podem ocorrer.

Figura 3.7: Diagrama de fácies metamórfica. A condições de alto grau metamórfico está hachurada em amarelo,

e em verde, está demonstrada as condições do metamorfismo de ultra-alta temperatura (UHT).

Fonte: Winter (2001).

Page 59: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

59

Figura 3.8: Ambientes tectônicos variados produzindo rochas metamórficas de alto grau (segundo Newton,

1987). (a) Hot-spot. (b) Subducção-A (intracontinental). (c) Subducção continental global (Underthrusting). (d)

Colisão continental.

Fonte: Passchier et al. (1993).

No mecanismo de hot spot (Figura 3.8a), uma anomalia térmica mantélica se desloca,

por contraste de densidade e viscosidade, até atingir a base da litosfera continental ou

oceânica onde permanece constituindo um underplate. Bohlen & Mezger (1989 apud

PASSCHIER et al., 1993) sugerem que os magmas produzidos e armazenados nessas

condições podem fornecer o calor necessário para o metamorfismo de alto grau, além de

poder gerar a desidratação da crosta inferior (PASSCHIER op. cit.).

Na subducção do tipo A (Figura 3.8b), ocorre o desplacamento/delaminação e

afundamento de porções da litosfera por instabilidades térmica e gravitacional do sistema

crosta-manto. Com isso, são iniciados mecanismos de convergência e espessamento crustal

com ascensão da astenosfera mantélica quente, formação de uma tectônica de nappes e

empurrões com intensa reativação do embasamento e transporte de rochas supracrustais para

grandes profundidades e geração de condições para o metamorfismo de alto grau (KRÖNER,

1983 apud PASSCHIER op. cit.; BRITO NEVES, 1985; PASSCHIER op. cit.).

Para o underthrusting em escala continental global (Figura 3.8c) há uma duplicação

crustal, devido a uma subducção de crosta oceânica e colisão do tipo continente versus

Page 60: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

60

continente (PASSCHIER op. cit.). De acordo com este mesmo autor, rochas supracrustais

podem ser afundadas a grandes profundidades e em condições de alta pressão e temperatura.

Por fim, no modelo de colisão continental (Figura 3.8d). Segundo Mattauer (1986

apud PASSCHIER et al., 1993), underthrusting continental, associado ao empilhamento de

nappes e aos cavalgamentos resultará numa crosta superespessada. O metamorfismo de alto

grau ocorrerá nas porções mais profundas dessa colisão. Segundo Zen (1988 apud

PASSCHIER op. cit.), o intervalo de tempo para o metamorfismo de alto grau e anatexia após

o empilhamento tectônico é de várias dezenas de milhões de anos. Os magmas ascendentes da

zona de subducção e gerados por anatexia do manto ou da crosta oceânica podem ser fonte de

calor para o metamorfismo de alto grau (PASSCHIER op. cit.).

Nos ambientes de altas temperatura e pressão a presença e a circulação de fluidos

(H2O, CO2, CH4, HCl, H2S, por exemplo) se torna bastante restrita e limitada aos espaços

inter e intragranulares dos minerais e às zonas de cisalhamento em escalas micro e

macroscópica. Quando a pressão de fluidos se iguala à pressão total da rocha ocorre a

devolatilização dos minerais hidratados durante o metamorfismo progressivo (WALTHER &

ORVILLE, 1982). Com isso, o fluido se torna supercrítico e adquire características

intermediárias entre um gás e um líquido contribuindo principalmente com a dinâmica das

reações metamórficas (YARDLEY, 1989).

No Farol de Itapuã ocorrem rochas de alto grau metamórfico, cujos protólitos são,

provavelmente, rochas pelíticas, semi-pelíticas que são rochas com alta proporção em silte e

pouca argila (BUCHER & GRAPES, 2011), grauvacas e arcóseos. Nas condições de alto grau

metamórfico, algumas reações são esperadas envolvendo sistemas composicionais com Si, Al,

Fe, Mg, Ca, Na, Ti e H2O podendo ser assim sumarizadas:

(i) estaurolita + quartzo = almandina + cianita + H2O (~ 690 °C) (BUCHER &

GRAPES, 2011);

(ii) moscovita + quartzo = K-feldspato + Al2SiO5 + H2O (~ 700 °C) (BUCHER &

GRAPES, 2011);

(iii) paragonita + quartzo = albita + Al2SiO5 + H2O (~ 700 °C) (BUCHER &

GRAPES, 2011);

(iv) moscovita + annita + quartzo = almandina + K-feldspato + H2O (~ 700 °C)

(BUCHER & GRAPES, 2011);

(v) estaurolita + biotita = granada + cianita (710 °C) (BUCHER & GRAPES, 2011);

(vi) Fe-biotita = granada + K-feldspato (720 °C) (BUCHER & GRAPES, 2011);

Page 61: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

61

(vii) biotita + sillimanita + quartzo = almandina + K-feldspato + H2O (DE WAARD,

1965 apud WINKLER, 1977);

(viii) biotita + quartzo = hiperstênio + almandina + K-feldspato + H2O (DE WAARD,

1965 apud WINKLER, 1977);

(ix) estaurolita + moscovita + quartzo = Al2SiO5 + biotita + H2O (WINKLER, 1977);

(x) estaurolita + moscovita + quartzo = Al2SiO5 + almandina + biotita + H2O

(THOMPSON & NORTON, 1968 apud WINKLER, 1977);

(xi) estaurolita + moscovita sódica + quartzo = Al2SiO5 + biotita + moscovita mais

rica em K + albita + almandina + H2O (GUIDOTTI, 1970 apud WINKLER, 1977);

(xii) estaurolita + quartzo = Al2SiO5 + almandina + cordierita + H2O (WINKLER,

1977);

(xiii) estaurolita + quartzo = Al2SiO5 + almandina + H2O (~700 °C) (RICHARDSON,

1968 apud WINKLER, 1977);

(xiv) estaurolita + moscovita + quartzo = Al2SiO5 + biotita + H2O (HOSCHECK, 1969

apud WINKLER, 1977);

(xv) cordierita = almandina + sillimanita + quartzo (HENSEN & GREEN, 1970; 1971;

1972 apud WINKLER, 1977);

(xvi) cordierita + biotita = almandina + K-feldspato + H2O (HENSEN & GREEN,

1970; 1971; 1972 apud WINKLER, 1977);

Page 62: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

62

CAPÍTULO 4 - GEOLOGIA LOCAL E ANÁLISE ESTRUTURAL

4.1. Características macroscópicas das rochas e sedimentos aflorantes

A área de estudo compreende um polígono com, aproximadamente, 111.375 m²

(Figura 4.1). As observações de campo levaram à compartimentação do substrato em

paragnaisses migmatíticos, ortognaisse com estrutura augen, granodioritos, além de rochas

máficas e graníticas de diferentes gerações. Além disso, foram reconhecidos litotipos

conglomeráticos e carbonáticos, bem como sedimentos do período recente. A presença de

macrobentos e sedimentos recentes retrabalhados pelas marés amiúde dificulta o

reconhecimento dos aspectos macroscópicos das rochas e suas relações de contato.

Os migmatitos foram classificados de acordo com Sawyer (2008), Sawyer & Brown

(2008) como metatexitos e diatexitos. Como mencionado no Capítulo 3, segundo esses

autores, metatexitos são migmatitos nos quais as estruturas pré-fusão parcial (bandamento,

foliações e dobras) foram preservadas. Diatexitos são migmatitos nos quais a parte fundida

(neossoma) domina em relação à parte que não fundiu (paleossoma), as estruturas pré-fusão

parcial foram destruídas e substituídas por estruturas de fluxo sin-anatéticas.

Figura 4.1: Foto aérea da área de estudo.

Fonte: Luis Pereira (2007).

Page 63: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

63

4.1.1. Ortognaisse

O ortognaisse ocorre na porção central ocupando 10% da área mapeada (Apêndice 1).

O contato dessa unidade é brusco com o paragnaisse migmatítico diatexítico sem granada

(Foto 4.1), a oeste, e com diques máficos, na porção central, sendo difuso com o metatexito

estromático, a leste.

Foto 4.1: Contato entre o ortognaisse e o migmatito diatexítico sem granada. Visada em planta. O martelo indica

o norte.

Essa unidade apresenta coloração rosa acinzentado e se encontra pouco alterada pelo

intemperismo. A rocha é fanerítica média a grossa e composta por feldspato potássico,

plagioclásio, quartzo e biotita. Em uma lâmina analisada pôde-se verificar a presença de

quartzo, microclina, biotita, plagioclásio, minerais opacos e zircão. Localmente, observa-se

um mineral do grupo do epidoto em fraturas. Esse mineral geralmente está associado com as

porções mais ricas em feldspatos (Foto 4.2). Dessa forma, é provável que o epidoto seja um

dos produtos da alteração hidrotermal do plagioclásio. Em campo também observou-se grãos

de limonita, que representam o produto da alteração intempérica de minerais ferro-

magnesianos dessa rocha.

Page 64: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

64

Foto 4.2: Aspecto geral do ortognaisse. Notar a presença de mineral do grupo do epidoto (seta) e a foliação da

rocha. Visada em planta. A ponta da bússola indica o norte.

Nos domínios de menor deformação algumas estruturas ígneas ainda podem ser

observadas, como a presença de pórfiros de feldspato potássico imersos em uma matriz mais

fina, que com a deformação foram transformados em porfiroclastos.

A rocha apresenta estruturas deformacionais, tais como foliação e dobras. O

bandamento composicional é pouco desenvolvido, descontínuo, mas ocorre em locais de

maior deformação. Além disso, zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis a rúptil-dúcteis truncam

esse litotipo.

Diques graníticos, pegmatoides a faneríticos finos, com ou sem biotita, ocorrem

truncando ou acompanhando a foliação e as zonas de cisalhamento nucleadas nessa unidade

litodêmica. Além disso, encraves máficos ocorrem imersos na foliação dessas rochas e se

encontram deformados (Foto 4.3). O contato desses encraves com a encaixante é brusco,

planar a irregular, e nesse último caso sugere um processo de assimilação crustal pela rocha

hospedeira durante a sua colocação.

Page 65: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

65

Foto 4.3: Encraves máficos em ortognaisse, além da presença de diques graníticos que truncam essas rochas.

Visada em seção para NE.

4.1.2. Paragnaisses Migmatíticos

Essa unidade ocupa 30% da área cartografada. Seguindo os critérios de Sawyer (2008)

e Sawyer & Brown (2008), os paragnaisses migmatíticos foram divididos em metatexitos e

diatexitos. Por sua vez, os diatexitos foram subdivididos em com granada e sem granada.

a) Metatexitos

Ocorrem distribuídos na porção centro-leste e oeste da área mapeada (Apêndice 1). O

corpo da região centro-leste faz contato gradacional, irregular, com o ortognaisse, a oeste, e

difuso, provavelmente por assimilação, com o granodiorito posicionado a leste (Foto 4.4). O

corpo da região oeste do mapa, por sua vez, encontra-se em contatos difusos ou bruscos por

zonas de cisalhamento com o diatexito com granada. Com base nas feições apresentadas por

esses litotipos, em campo, foram distinguidos três tipos de migmatitos metatexíticos: (i)

estromático; (ii) patch; (iii) net-estruturado; e (iv) com estrutura de dilatação. Essas rochas

encontram-se mediamente a pouco alteradas pelo intemperismo.

Page 66: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

66

Foto 4.4: Contato do metatexito estromático com o granodiorito. Visada em seção para E.

No migmatito com estrutura estromática, o neossoma é constituído por múltiplos

corpos de leucossoma (Fotos 4.5, 4.6 e 4.7) que ocorrem paralelamente a um bandamento

gnáissico. Em sua maioria, nos migmatitos estromáticos o contato entre o leucossoma e o

melanossoma é brusco, especialmente nas estruturas estromáticas (Foto 4.7).

Foto 4.5: Aspecto macroscópico do metatexito estromático. Notar melanossoma segregado na borda do

leucossoma. Visada em planta. A bússola indica o norte.

Page 67: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

67

Foto 4.6: Metatexito estromático exibindo neossomas dobrados. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Foto 4.7: Metatexito estromático com leucossomas paralelos à foliação principal. Visada em planta. Ponta da

caneta indica o sul.

Nessas rochas leucossomas de biotita leucogranitos, com ou sem granada, também são

encontrados associados com esses migmatitos (Foto 4.8), o que sugere uma associação

genética entre esses litotipos, possivelmente relacionada com a fusão parcial dos últimos e

geração dos primeiros. Nesses leucossomas, a granada ocorre de forma subordinada (Fotos

4.9 e 4.10).

Page 68: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

68

Foto 4.8: Leucogranito com granada associado ao migmatito estromático. Visada em planta. A bússola indica o

norte.

Foto 4.9: Detalhe do leucossoma granítico com granada, que pode ser classificado como do tipo “na fonte (in

source)”. Observar bolsão de biotita. Visada em planta.

Page 69: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

69

Foto 4.10: Detalhe do leucossoma no migmatito metatexítico estromático com bordas ricas em melanossoma

constituído por biotita, granada e minerais félsicos subordinadamente. Visada em planta.

Migmatitos metatexíticos patch são localmente observados, com leucossoma não

segregado, descontínuos e pontuais. Formam corpos com comprimento e espessura em torno

de 3 cm, em geral de composição quartzo-feldspática, podendo apresentar biotita (Foto 4.11).

Foto 4.11: Migmatito metatexítico patch com contatos difusos no migmatito estromático, indicado pela seta.

Observar leucossoma na forma de estroma na parte superior da foto. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Page 70: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

70

Nos migmatitos metatexíticos, o leucossoma pode ocorrer na forma de diques que

truncam o paleossoma, compondo o conjunto net-estruturado (Sensu SAWYER & BROWN,

2008). Nesse caso, o contato entre esses componentes do migmatito é brusco e bem marcado

(Foto 4.12 e 4.13). O contato bem marcado, como diques, sugere que durante a colocação

desses corpos a temperatura da encaixante estava próxima à do solidus (Sawyer, 2008). Nos

locais em que os diques truncam a foliação da encaixante, o migmatito também pode ser

classificado como estruturado em diques (Foto 4.14) segundo a terceira ordem de

classificação de Sawyer & Brown (2008).

Foto 4.12: Dique leucocrático de leucossoma truncando o paleossoma do metatexito com contatos bruscos.

Visada em planta. A bússola indica o norte.

Foto 4.13: Leucossoma em diques leucocráticos truncando o metatexito. Visada em perfil para E.

Page 71: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

71

Foto 4.14: Metatexito estruturado em diques de acordo com a terceira ordem de classificação de Sawyer &

Brown (2008). Notar dobras no paleossoma. Visada em planta. A bússola indica o norte.

Na porção oeste da área, também foi observada uma estrutura de dilatação (Foto 4.15)

nesses migmatitos onde a distribuição dos leucossomas é controlada pelas estruturas

dilatantes, locais de mais baixa pressão.

Foto 4.15: Migmatito metatexítico com estrutura de dilatação. Visada em perfil para NNE.

Page 72: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

72

O paleossoma dos migmatitos estromático, patch e net-estruturado apresenta coloração

cinza escuro, por vezes, azulado ao creme. São rochas de granulação média a fina, com

estrutura bandada. Os minerais observados nessas rochas são quartzo, granada, biotita,

plagioclásio, clinopiroxênio, cianita e minerais opacos. De acordo com o conteúdo de biotita e

granada, em campo, foram reconhecidos os seguintes litotipos: biotita-quartzo gnaisse,

biotita-quartzo gnaisse com granada, granada-biotita-quartzo gnaisse e biotita-granada-

quartzo gnaisse com cianita. A presença ou ausência de granada foi controlada,

principalmente, pela composição mineralógica/química do protólito e pelas condições de

pressão e temperatura que atuaram durante o metamorfismo. Baseado na mineralogia, essas

rochas foram consideradas de natureza paraderivada. Provavelmente seus protólitos foram de

rochas sedimentares como grauvacas podendo estar presentes pelitos impuros com quartzo

e/ou feldspatos e/ou arcóseos intercalados, semelhantes a pacotes turbidíticos.

Localmente ocorrem encraves máficos, faneríticos muito finos a afaníticos, compostos

por hornblenda, plagioclásio, clinopiroxênio, minerais opacos e quartzo. Além disso, rochas

quartzíticas, com ou sem biotita, podem ocorrer na forma de encraves (Foto 4.16).

Estruturalmente, o paleossoma desses migmatitos possui uma xistosidade marcada

pelo alinhamento preferencial de biotita, bem como um bandamento. O bandamento que

comporta essas estruturas está dobrado e truncado por zonas de cisalhamento com orientação

geral NE e movimento aparente dextral, além de diques máficos e félsicos. Veios de quartzo

em torno de 1cm, discordantes, em relação ao bandamento gnáissico dobrado do paleossoma,

ocorrem distribuídos nos afloramentos.

Foto 4.16: Domínio quartzítico (limites em amarelo) com biotita encravado no paragnaisse migmatítico próximo

ao granodiorito. Visada em perfil para E.

Page 73: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

73

b) Diatexitos

b.1) Diatexitos com granada

Ocorre predominantemente na porção centro-oeste da área cartografada (Apêndice 1).

Os contatos dessas rochas com os metatexitos são transicionais ou por zonas de cisalhamento.

Com as outras unidades, a visualização do contato é impossibilitada devido à presença das

coberturas recentes. Alguma dificuldade é encontrada na caracterização dessa unidade, pois a

alteração intempérica oblitera muitas vezes as estruturas.

Nesse migmatito o neossoma é representado por corpos de granitoides, por vezes

porfiríticos, com fenocristais de feldspatos que podem atingir em torno de 2 cm. Esses

fenocristais podem ocorrer orientados segundo uma foliação de fluxo magmático (Foto 4.17).

A análise de uma lâmina permitiu identificar granada, biotita, plagioclásio, microclina,

mesopertita, quartzo, clorita, epidoto e minerais opacos. A granada ocorre em concentrações

de até 20% na rocha (Foto 4.18), ao passo que o volume estimado de biotita varia entre 15 e

25% (Foto 4.19). O melanossona é representado por domínios de granulação fina, compostos

por biotita e anfibólio (?), que estão alongados segundo a direção principal da foliação

deformacional dessas rochas (Foto 4.20).

Foto 4.17: Neossoma com pórfiros de feldspatos em diatexitos. Notar melanossoma. Visada em planta. O

martelo indica o norte.

Page 74: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

74

Foto 4.18: Neossoma com granada em diatexito. Visada em perfil para E.

Foto 4.19: Domínio rico em biotita (melanossoma) no diatexito com granada. Visada em planta para W.

Page 75: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

75

Foto 4.20: Melanossoma representado por corpo máfico alongado segundo a foliação principal (Seta amarela)

em diatexito com granada. O martelo indica o norte.

Predominam migmatitos schlieren (Foto 4.21). Em alguns locais, diques leucocráticos

ocorrem truncando esse litotipo, o que pode caracterizá-los como migmatito estruturado em

diques, de acordo com a terceira ordem de classificação proposta por Sawyer & Brown (2008)

(Foto 4.22). Nessas rochas, quando presentes, o paleossoma é representado por fragmentos do

metatexito estromático (Foto 4.22).

Foto 4.21: Concentrações de minerais máficos (biotita, anfibólio?) formando estrutura schlieren em migmatito

diatexítico. Visada em planta para ESE.

Page 76: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

76

Foto 4.22: Diatexito com granada estruturado em dique. Notar paleossoma do metatexito estromático (apontado

pela seta). Visada em planta. O martelo indica o norte.

b.2) Diatexitos sem granada

Essas rochas localizam-se na porção central da área de trabalho e fazem

contato brusco com o ortognaisse, a leste, e gradacional ou por zonas de cisalhamento com o

diatexito com granada, a oeste (Apêndice 1). Elas foram divididas em diatexitos do tipo

schlieren (Fotos 4.23, 4.24, 4.25), schöllen (Fotos 4.26 e 4.27) e nebulítico (Foto 4.28), além

de estruturado em diques (Foto 4.29). A estrutura schlieren é marcada pela presença de níveis

orientados de biotita imersos no neossoma. Os aglomerados de encraves máficos e/ou

ultramáficos imersos no neossoma constituem uma estrutura schöllen.

Nessas rochas o neossoma é constituído por: (i) leucossoma, que representa a porção

granítica, fanerítica média a fina, com biotita, por vezes, porfirítica, compostas por grãos

euédricos a subédricos de feldspato potássico (microclina), bem como por plagioclásio,

quartzo, mesopertita e minerais opacos. Os pórfiros do feldspato potássico podem atingir

tamanhos maiores que 2cm. Alguns deles apresentam inclusões de biotita e orientação de

fluxo magmático marcada principalmente pela orientação preferencial do feldspato alcalino

(Foto 4.24). Em alguns corpos desse leucossoma é possível observar agregados de magnetita

(Foto 4.30), que ocorre também em diques leucocráticos (Foto 4.31); e (ii) melanossoma, de

coloração preta, composto por concentrados de biotita (Foto 4.23).

Page 77: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

77

Foto 4.23: Matacão do diatexito sem granada com neossoma composto por leucossoma com mesoestrutura

pegmatoidal e por schlieres de biotita marcando o paleossoma. Visada em perfil para NE.

Foto 4.24: Neossoma do diatexito sem granada exibindo um leucossoma com pórfiros euédricos a subédricos de

feldspato potássico. Notar orientação de fluxo magmático. Observar no canto esquerdo da rocha o aspecto de

schlieres de minerais máficos. Visada em perfil para W.

Page 78: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

78

Foto 4.25: Schlieres de biotita, acima do martelo, em migmatito diatexítico sem granada. Notar presença de

porções pegmatoidais, além da orientação dos constituintes em matacão do migmatito. Visada em perfil para SE.

Foto 4.26: Estrutura schöllen em migmatito diatexítico sem granada. Observar no canto direito contato brusco

com o augen gnaisse. Visada em planta. O martelo indica o W.

Page 79: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

79

Foto 4.27: Migmatito diatexítico sem granada com estrutura schöllen. Visada em planta para SSW.

Foto 4.28: Estrutura nebulítica, acima da ponta do martelo, no migmatito diatexítico sem granada evidenciando

uma alta intensidade de fusão. Observar, no canto inferior direito, margem difusa entre o neossoma granítico

porfirítico e o paleossoma, o que sugere fusão parcial in situ de acordo com Sawyer (2008). Encraves máficos

ocorrem com frequência. Visada em perfil para SW.

Page 80: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

80

Foto 4.29: Migmatito diatexítico sem granada com neossoma estruturado em diques. Visada em planta.

Foto 4.30: Agregado de magnetita em leucossoma granítico porfirítico no diatexito sem granada. Visada em

planta.

Page 81: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

81

Foto 4.31: Dique leucocrático com magnetita em diatexito sem granada. Observar zoneamento concentrando o

metálico no centro da intrusão. Visada em planta. A ponta da bússola indica o norte.

Em alguns locais, apesar do elevado grau de anatexia, que dá um aspecto nebulítico à

rocha, o paleossoma ainda é visível (Fotos 4.28 e 4.33). Esse componente é um gnaisse

paraderivado (Foto 4.32) e é encontrado distribuído em meio ao neossoma. O bandamento,

nesse caso, é marcado pela alternância de níveis milimétricos a centimétricos, claros e

escuros. Os claros são compostos por feldspatos, quartzo e, de forma subordinada, biotita. Por

sua vez, os escuros apresentam a biotita como o mineral mais representativo seguido pelos

félsicos. Encraves máficos também são encontrados dispersos e rotacionados de forma

assimétrica em meio ao neossoma, o que sugere que os mesmos passaram por estágios de

tensão e deformação (Foto 4.26).

Nessa rocha pode ser observada uma foliação deformacional, que é marcada pela

orientação dos encraves máficos ou pela presença de finas faixas de biotita (Foto 4.23). Além

disso, zonas de cisalhamento com movimento cisalhante aparente dextral e diques félsicos

aplíticos e pegmatoidais truncam essa unidade.

Page 82: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

82

Foto 4.32: Aspecto do paleossoma do diatexito sem granada. Biotita gnaisse. Visada em planta. A bússola indica

o norte.

Foto 4.33: Diatexito sem granada com estrutura nebulítica. O neossoma ocorre bem distribuído por toda a rocha.

Visada em planta. O martelo indica o norte.

4.1.3. Granodioritos

Ocorrem nas porções leste e sudoeste da área de trabalho e ocupam cerca de 45% da

área total (Apêndice 1). A rocha é cinza escura e, no geral, encontram-se fracamente alterada

pelo intemperismo apresentando-se isotrópica (Foto 4.34). Esse granodiorito faz contato

difuso com o migmatito estromático, a oeste, na porção leste da área de estudo. Na porção

Page 83: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

83

leste do Farol de Itapuã, pode-se observar a presença de uma incipiente foliação de fluxo

magmático (Foto 4.35).

A macroestrutura da rocha é fanerítica média, sendo composta por biotita,

plagioclásio, microclima, quartzo, hornblenda, clinopiroxênio, minerais opacos e apatita. Na

maior parte da exposição, a rocha é equigranular. Pórfiros de plagioclásio e quartzo podem ser

encontrados. Encraves máficos também são observados nessas rochas (Foto 4.35). A presença

local de hidróxidos de ferro (limonita) sugere que houve a alteração intempérica de minerais

máficos e/ou opacos.

Associado com essa unidade é comum a presença de uma esfoliação esferoidal ou

boulder exfoliation (OLLIER, 1969 apud JESUS, 1978) (Foto 4.34). Essa estrutura é formada

quando o aquecimento provocado pelos raios solares gera uma diferença de temperatura entre

a superfície e a porção interna da rocha. Como a rocha é má condutora de calor, formar-se-á

uma superfície aquecida que, por dilatância, se fraturará em “escamas”. No afloramento

estudado, é possível verificar a forte influência das fraturas no controle da formação da

esfoliação.

Foto 4.34: Aspecto macroscópico do granodiorito. Notar isotropia e faturamento circular devido ao

intemperismo físico com formação de esfoliação esferoidal. Visada em planta.

Page 84: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

84

Foto 4.35: Encrave microgranular máfico com forma elipsoidal e alongado segundo a foliação de fluxo

magmático em granodiorito. Visada em perfil para SSW.

Truncando essas rochas é comum a presença de diques graníticos, de espessura entre 2

e 25 cm, por vezes com biotita e/ou anfibólio (?) (Foto 4.36). Além disso, foram encontrados

também xenólitos de rochas gnáissicas (Foto 4.37), evidenciando caráter intrusivo desse

litotipo.

Foto 4.36: Dique granítico com anfibólio (pontos pretos) em granodiorito. Observar que o dique está dobrado.

Visada em perfil.

Page 85: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

85

Foto 4.37: Encrave de rocha gnáissica em granodiorito. Notar semelhança desse encrave com os migmatitos

paraderivados metatexíticos. Visada em planta. O lápis indica o norte.

Em direção ao Farol de Itapuã algumas estruturas interessantes são observadas nessas

rochas: (i) uma forte associação entre o granodiorito e uma rocha félsica, fanerítica média a

fina em vários locais do afloramento (Fotos 4.38 e 4.39). Diques de aplitos semelhantes a

essas rochas são encontrados truncando migmatitos e encraves máficos; (ii) a presença de

dobras envolvendo os diques graníticos dobrados com foliação de fluxo magmático sendo

plano axial a essas dobras (Foto 4.40). Em alguns casos formam dobras pitigmáticas (Foto

4.41); (iii) fraturas en èchelon que truncam o granodiorito e hospedam granitoides (4.42).

Foto 4.38: Encrave félsico em granodiorito. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Page 86: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

86

Foto 4.39: Associação entre granitoide e granodiorito truncada por zona de cisalhamento. Visada em planta. O

martelo indica o norte.

Foto 4.40: Dique granítico dobrado em granodiorito. Visada em perfil para NNW. O martelo indica o norte.

Page 87: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

87

Foto 4.41: Dique granítico dobrado truncando o granodiorito. Visada em perfil para E. O martelo indica o norte.

Foto 4.42: Diques graníticos segmentados. Visada em planta. O martelo indica o norte.

No afloramento foi possível verificar contatos reentrantes entre o granodiorito e uma

rocha félsica sugerindo a presença de processos de magma mingling. Em alguns locais é

possível observar que houve mistura química entre os magmas, processos envolvendo magma

mixing (Foto 4.43).

Page 88: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

88

Foto 4.43: Mistura química (mixing) entre um granitoide intrusivo e o granodiorito encaixante. Visada em perfil.

Truncando os granodioritos podem ocorrer zonas de cisalhamentos rúpteis, cujos

elementos estruturais e campos cinemáticos não puderam ser determinados.

Nas cercanias do Farol de Itapuã, fraturas preenchidas por um mineral do grupo do

epidoto podem ser observadas (Foto 4.44). A origem desse mineral pode estar relacionada

com a circulação de fluidos hidrotermais tardios ao magmatismo que alteraram a rocha

hospedeira.

Foto 4.44: Mineral do grupo do epidoto no granodiorito. Visada em planta.

0 1 cm

Page 89: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

89

4.1.4. Encraves Máficos

Os encraves máficos ocorrem em toda área mapeada e encontram-se associados aos

granitoides (Foto 4.45) (rochas ainda não descritas), aos migmatitos (Foto 4.46), aos

ortognaisses (Foto 4.47) e aos granodioritos. Não são rochas cartografáveis na escala de

trabalho, pois as dimensões desses corpos variam entre 5 e 200 cm. Os contatos dessas rochas

com as encaixantes são bruscos. Esses corpos apresentam geometria alongada, por vezes,

elípticas, nesse caso, em geral, encontram-se posicionados segundo a foliação da rocha

encaixante, e angulares constituindo a mesoestrutura schöllen em migmatitos. Quando

preservados do intemperismo mostram-se cinza escuros a pretos e quando pouco alterados,

cinza a amarronzados. São rochas faneríticas muito finas a afaníticas. Foi analisada uma

lâmina dessa rocha e pôde-se verificar a presença de hornblenda, plagioclásio, minerais

opacos, clinopiroxênio e quartzo. Usualmente, esses encraves encontram-se truncados por

diques de granitoides com orientação diversa.

Foto 4.45: Encraves máficos associados ao granitoide. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Encrave máfico

Page 90: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

90

Foto 4.46: Encrave máfico associado ao migmatito metatexítico estromático e ao ortognaisse. Notar diques

félsicos truncando as rochas. Visada em perfil para SSW.

Foto 4.47: Encraves máficos no ortognaisse. Observar que alguns deles são truncados pelo encaixante, o que

sugere que, além da mistura física, houve mistura química. Visada em planta. A bússola indica o norte.

4.1.5. Granitoides

Os granitoides ocorrem distribuídos em toda área de estudo representado 3% do total

mapeado. Essa unidade se encontra como diques tabulares e descontínuos que truncam as

rochas migmatíticas (Foto 4.12), granodioríticas (Foto 4.39), encraves máficos (Foto 4.46),

ortognaisses (Foto 4.48) e diques máficos (Foto 4.49). As dimensões desses diques tabulares

são variadas, desde 1 a 100 cm de espessura com comprimentos, em geral, maiores que 3 m.

Page 91: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

91

Além disso, podem constituir corpos irregulares (Fotos 4.50 e 4.51). Em ambos os casos não

são corpos cartografáveis, mas alguns diques estão representados no apêndice 1.

As rochas encontram-se pouco alteradas pelo intemperismo. Apresentam coloração rosa claro

a escuro, são isotrópicas, em maioria. Contudo, em alguns diques, uma foliação de fluxo

magmático foi observada (Foto 4.52).

Foto 4.48: Dique félsico granítico pegmatítico truncando o ortognaisse. Visada em planta. A bússola indica o

norte.

Foto 4.49: Dique granítico truncando dique máfico. Observar bifurcação, o que indica que se propagou de ESE

para WNW. Notar o crescimento dos grãos de feldspato ortogonal às paredes da encaixante máfica. Visada em

planta. A caneta indica o norte.

Page 92: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

92

Foto 4.50: Afloramento do granitoide. Visada em seção para W.

Foto 4.51: Encraves máficos associados ao granitoide. Visada em perfil para E. O martelo indica o norte.

Page 93: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

93

Foto 4.52: Dique granítico com pórfiros de feldspatos alcalinos orientados segundo a foliação magmática (S0).

Visada em planta. A bússola indica o norte.

São rochas inequigranulares, faneríticas médias a grossas. Alguns diques formam

corpos pegmatoidais. São compostas por proporções variáveis de plagioclásio, K-feldspato,

quartzo e biotita. Os contatos são bem marcados com as encaixantes (Foto 4.53).

Em alguns diques foram observadas uma foliação primária magmática (Foto 4.52),

uma feição de entelhamento de grãos de feldspato potássico (Foto 4.54) e uma concentração

de magnetita no centro dessa estrutura (Foto 4.55). Em geral, essas rochas não apresentam

estruturas dúcteis. Entretanto, podem estar truncadas por zonas de cisalhamento rúptil-dúcteis

a rúpteis com orientação geral N095° e movimento aparente predominante dextral, bem como

por fraturas.

Alguns diques podem ser utilizados como indicadores de sentido de fluxo magmático

e outros como indicadores de paleotensão. No primeiro caso, é observada uma bifurcação

onde a abertura dessa estrutura indica o sentido de fluxo. Com relação aos indicadores de

paleotensão, isso pode ser obtido em diques em que há o crescimento de fenocristais de

feldspato potássico ortogonal à direção das paredes da encaixante (Foto 4.49).

Page 94: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

94

Foto 4.53: Dique félsico em contato brusco bem marcado com a encaixante ortognáissica. Visada em planta. A

bússola indica o norte.

Foto 4.54: Detalhe do nível pegmatoide do ortognaisse com feições sugerindo o “entelhamento” dos grãos

durante o fluxo magmático. Visada em planta. A bússola indica o norte.

Page 95: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

95

Foto 4.55: Concentração de magnetita em dique félsico no migmatito sem granada. Visada em planta e perfil

para NW. A bússola indica o norte.

4.1.6. Diques Máficos

Essa unidade aflora na porção central da área (Apêndice 1) e correspondem a,

aproximadamente, 2% da área cartografada. Baseado nas relações de corte e aspectos de

campo, nos afloramentos foram identificados três corpos principais, sendo dois de uma

geração mais nova e um de uma mais antiga. Quanto ao grau de intemperismo, encontram-se

pouco alterados. São corpos tabulares (Fotos 4.56 e 4.57) e possuem coloração cinza escuro a

preta quando preservadas do intemperismo e amarronzada quando fortemente alteradas. São

rochas maciças, isotrópicas e equigranulares na escala de mão, bem como afaníticas a

faneríticas muito finas. Além disso, são truncadas por zonas de cisalhamento rúpteis.

O dique mais velho possui direção aproximadamente N-S, possui espessura em torno

de 2 m e comprimento maior que 10 m. O contato dessa rocha é brusco e irregular com os

ortognaisses (Foto 4.58) e com granitoides porfiríticos. Diques félsicos são encontrados

truncando essas rochas, em contatos irregulares, difusos e/ou bruscos (Fotos 4.59 e 4.60).

Além disso, foi encontrado um xenólito de rocha gnássica engolfado pela encaixante (Foto

4.61). A rocha é fanerítica muito fina a afanítica composta por plagioclásio, clinopiroxênio,

clorita e minerais opacos.

Page 96: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

96

Foto 4.56: Dique máfico com geometria tabular e contatos bruscos e retos com o ortognaisse. Observar espessura

de aproximadamente 1,2 m. Notar segmentação para a esquerda. Visada em perfil para NW. O martelo indica o

norte.

Foto 4.57: Dique máfico tabular de menor espessura. Visa em perfil. O martelo indica o norte.

Page 97: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

97

Foto 4.58: No primeiro plano observam-se diques de granitos truncando ortognaisse bem como o encrave máfico

deformado. No segundo plano tem-se um dique máfico cortando as rochas. Visada panorâmica e o martelo

indica o norte.

Foto 4.59: Diques félsicos truncando o dique máfico. Observar contato irregular com encaixante gnaissificada.

Visada em planta. O martelo indica o norte.

Page 98: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

98

Foto 4.60: Dique granítico truncando dique máfico. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Foto 4.61: Xenólito do ortognaisse no dique máfico. Visada em planta. A bússola aponta para o norte.

Os dois diques mais novos apresentam direção em torno de N320° e N340°,

espessuras em torno de 1,5 e 0,4 m e comprimentos de até 100 e 15 m, respectivamente. Os

contatos dessas rochas são retos e bruscos com o granodiorito, ortognaisses e migmatitos, o

que sugere que as encaixantes estavam no estado sólido e em condição rúptil durante a

intrusão do magma máfico (BARBARIN & DIDIER, 1992; TOMBA, 2012). Em campo foi

observado que esse um desses diques apresenta uma bifurcação (Foto 4.62), esse marcador

pode ser utilizado como indicador do sentido de colocação do magma que deu origem a essas

rochas e propagação da fratura que hospedou essa rocha. A bifurcação apresentada sugere

Page 99: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

99

que, para esse exemplo, o sentido de preenchimento foi de SE para NW. Resultado igual a

esse também foi observado por Corrêa Gomes et al. (1991) no estudo de diques máficos

aflorantes na zona costeira de Salvador. Esses diques estão fraturados e exibem notável

esfoliação esferoidal (Foto 4.63). Essa feição é controlada principalmente por direções de

fraturas e pela estrutura maciça e granulação uniforme.

Foto 4.62: Bifurcação apresentada por dique máfico mais novo. Visada em seção para SE.

Foto 4.63: Esfoliação esferoidal visível próximo ao cabo do martelo no dique máfico indeformado. Visada em

planta. O martelo indica o norte.

Page 100: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

100

4.1.7. Rochas Carbonáticas, Terrígenas e Sedimentos

a) Rochas Carbonáticas

Ocorrem bem distribuídas em toda a área mapeada em forma de arrecifes. De acordo

com a nomenclatura proposta por Dunham (1962), baseado na textura deposicional, foram

classificadas como packstones e grainstones. Os componentes principais são fragmentos

esqueletais (tubos de vermes e conchas) e siliciclásticos. Na matriz ocorre lama e cimento

carbonático. Majoritariamente, grãos de quartzo dos tamanhos areia e grânulo ocupam o

arcabouço (Foto 4.64). Nota-se que esses litotipos envolvem matacões e blocos das rochas

contíguas.

Foto 4.64: Aspecto macroscópico das rochas carbonáticas. Visada em planta.

b) Rochas Terrígenas

Compreendem ortoconglomerados polimíticos (Foto 4.65). O arcabouço varia de

grânulo a matacão. Os clastos são subangulosos a subarrendondados, mal selecionados,

compostos por quartzo, rochas granodioríticas, graníticas e máficas, além de gnássicas e

migmatíticas. A proporção varia de acordo com a localização desses litotipos. A matriz é

composta essencialmente por grãos de quartzo do tamanho areia e carbonatos (fragmentos de

conchas e tubos de vermes). O cimento é carbonático e/ou silicoso.

Page 101: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

101

Foto 4.65: Vista panorâmica dos ortoconglomerados. Visada em perfil para NE.

c) Sedimentos

Correspondem a areias de praia retrabalhadas constantemente pela água do mar

constituídas por grãos de quartzo, minerais pesados e bioclastos (fragmentos de conchas,

espículas de equinodermas e gastrópodes). Ocorrem também rolados de seixos a matacões

representados pelos fragmentos das unidades aflorantes contíguas (Foto 4.66).

Foto 4.66: Vista panorâmica com fragmentos de rocha rolados e areias de praia. Visada em perfil para NW.

Page 102: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

102

4.2. Geologia Estrutural

O levantamento estrutural realizado permitiu o reconhecimento de estruturas rúpteis e

dúcteis. As estruturas dúcteis apresentam trend geral NE-SW, compatível com a orientação

geral do Cinturão Salvador-Esplanada. Com relação às estruturas rúptil-dúcteis, embora

alguns indicadores de movimento possam ter sido observados para as zonas de cisalhamento,

a lineação não foi observada nessas estruturas. Deste modo, os movimentos são considerados

como aparentes e somente relacionados com a componente direcional de cisalhamento.

As estruturas foram levantadas, hierarquizadas e organizadas seguindo a “Regra da

Mão Direita (Right Hand Rule)” e tratadas através do programa Stereonett. A classificação

das estruturas foi baseada em Twiss & Moores (2003), Passchier & Trouw (2007), Van Der

Pluijm & Marshak (2007).

4.2.1. Unidades geológicas principais e estruturas associadas

Como será demonstrado a seguir, o levantamento do arcabouço estrutural permitiu

identificar uma família de estruturas compressionais associadas com duas fases de

deformação progressiva, denominadas de Dn e Dn+1. Tendo em vista a superposição de

estruturas deformacionais, a fase Dn será subdividida em três estágios.

Nessa seção as estruturas deformacionais serão apresentadas separadamente por

unidades cartografadas. As estruturas planares e lineares serão descritas e hierarquizadas

visando facilitar o entendimento pelo leitor, para em seguida ser realizada a análise estrutural

clássica das fases deformacionais em um maior grau de detalhe.

Tendo em vista a presença de um plano de deformação marcado pela presença de

minerais orientados que foram gerados sob condições metamórficas, pode-se classificar essa

estrutura como uma xistosidade, de acordo com as definições da International Union of

Geological Sciences Subcomission in the Systematics of Metamorphic Rocks publicadas por

Feetes & Demons (2007).

a) Ortognaisses

Essas unidades apresentam, predominantemente, uma xistosidade (Sn) espaçada,

descontínua (rough), anastomótica (Sensu Passchier & Trouw, 2007), e marcada pelo

alinhamento preferencial de biotita, quartzo e feldspato potássico. Nessas rochas os grãos de

feldspato potássico ocorrem como porfiroclastos com geometria augen, podendo atingir 3 cm

de comprimento e estão contornados pela xistosidade (Foto 4.67). Nessas rochas é possível

Page 103: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

103

observar a presença de uma matriz de menor granulometria e também a presença de domínios

com proporções variáveis de intensidade de estiramento do K-feldspato. A partir dessa

observação, considera-se que provavelmente a foliação nessas rochas está associada com o

desenvolvimento de zonas de cisalhamentos dúcteis, que levou à redução da granulometria da

rocha. Desta forma, de acordo com Passchier & Trouw (2007), essa foliação pode ser

classificada como milonítica.

Nos domínios de menor deformação, mesomiloníticos, a foliação é anastomótica. Nos

domínios de maior deformação, menos frequentes, ultramiloníticos, um bandamento

milimétrico a centimétrico e uma foliação contínua podem ser observados. Nesses domínios

pode ser interpretado que a deformação estirou fortemente os grãos de feldspatos.

A lineação de estiramento mineral não foi observada nessas rochas, tendo em vista que

no afloramento não há exposição do plano XY do elipsoide de deformação finita.

Foto 4.67: Estrutura do tipo augen contornada pela xistosidade, que é marcada, principalmente, por grãos de

biotita. Visada em planta.

A foliação milonítica e o bandamento associado a essas rochas encontram-se

dobrados. As dobras são predominantemente do tipo chevron, desarmônicas, com charneiras

angulosas e flancos retos. De acordo com a classificação de Fleuty (1964), essas estruturas

podem ser classificadas como reclinadas. Com relação ao ângulo interflancos, as dobras são

fechadas a cerradas. Em algumas dobras é possível verificar um adelgaçamento dos flancos

com relação às charneiras (Foto 4.68).

Page 104: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

104

Foto 4.68: Dobras desenvolvidas no ortognaisse (augen-milonito). Visada em planta. A caneta indica o norte.

Um enxame de diques félsicos e máficos, além de falhas e zonas de cisalhamento com

orientação geral N090° e movimento predominante aparente dextral truncam as estruturas

anteriormente descritas. No geral, no interior das falhas podem ser observados fragmentos

angulosos. Nas zonas dúctil-rúpteis pode ser observada uma foliação espaçada e planar.

b) Paragnaisses Migmatíticos

Em conjunto, sejam os metatexíticos ou os diatexíticos, essas rochas exibem uma

xistosidade (Sn) marcada pelo alinhamento preferencial de grãos de biotita, quartzo e

feldspatos. De acordo com Passchier & Trouw (2007), essa estrutura pode ser classificada

como xistosidade espaçada, plana e paralela. Uma lineação de estiramento mineral

desenvolve-se sobre a estrutura e é marcada, principalmente, por grãos quartzo e feldspatos.

Nos planos de xistosidade, a lineação de estiramento mineral pode apresentar baixo (Foto

4.69), médio e alto rake (Foto 4.70), predominando a última. Internamente à foliação dos

migmatitos estromáticos, dobras isoclinais intrafoliais sem raiz podem ser observadas (Foto

4.71).

Page 105: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

105

Foto 4.69: Lineação de estiramento mineral de baixo rake associada ao paragnaisse migmatítico. Visada em

planta.

Foto 4.70: Lineação de estiramento mineral de alto rake em paragnaisse migmatítico metatexítico estromático.

Visada em perfil para NW.

Page 106: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

106

Foto 4.71: Dobras intrafoliais, isoclinais, sem raiz, associadas ao leucossoma do migmatito estromático. Foliação

Sn’, em verde, que está paralelizada à foliação Sn”, em vermelho, formando a superfície Sn’//Sn”. Visada em

planta. A bússola indica o norte.

Paralelamente à xistosidade pode ser observado um bandamento composicional

gnáissico que é marcado pela alternância de rochas com proporções variadas de granada,

quartzo, feldspatos e biotita, bem como pela presença de níveis ricos em quartzo e pela

presença de encraves máficos boudinados.

A foliação e a lineação de estiramento encontram-se dobradas. Desta forma, em

virtude da lineação estar dobrada juntamente com a foliação que a hospeda, o dado

relacionado com o rake, mencionado acima, não pode ser considerado para efeito de análise

estrutural.

Dobras são observadas em campo, bem como interpretadas a partir da distribuição da

foliação em mapa (Apêndice 1) e podem ser classificadas, em geral, como desarmônicas,

fechadas, apertadas ou isoclinais, abertas também ocorrem (Foto 4.72). A charneira é

arredondada (Foto 4.73). Dobras parasíticas assimétricas em “Z” e em “S” também foram

encontradas (Fotos 4.74 e 4.75), além de simétricas em “M” ou “W”. A foto 4.76 exibe a

presença de feições de interferência em laço (Sensu Ramsay, 1987) nessas rochas.

Page 107: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

107

Foto 4.72: Bandamento e xistosidade dobrados no metatexito estromático. Visada em planta. A bússola indica o

norte.

Foto 4.73: Dobra fechada, harmônica, com chaneira arredondada em metatexito estromático. Visada em planta.

O martelo indica o norte.

Page 108: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

108

Foto 4.74: Leucossoma do migmatito estromático dobrado. Visada em planta. A bússola indica o norte.

Foto 4.75: Dobras parasíticas, assimétricas, em “Z” no paragnaisse migmatítico. Visada em planta. A bússola

indica o norte.

Page 109: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

109

Foto 4.76: Figura de interferência em laço, do tipo 3 de Ramsay (1967), em paragnaisse migmatítico. Visada em

planta. A bússola indica o norte.

Nessas rochas, diversos diques de granitoides truncam as estruturas dúcteis. Zonas

cisalhamento dúctil-rúpteis com orientação N065° e movimento aparente dextral (Foto 4.77)

e, subordinadamente, zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis com orientação N090° truncam as

estruturas anteriormente descritas nessas rochas. Nas zonas de cisalhamento os indicadores de

movimento observados foram dobras de arrasto e off-sets de marcadores. Localmente, o efeito

do cisalhamento fez com que a foliação nessas rochas rotacionasse de NE-SW para N330° a

N350°. Em alguns casos, essas estruturas provocam a rotação rígida, levado à verticalização

do mergulho da foliação. Fraturas de tração preenchidas por quartzo leitoso foram observadas.

Essas estruturas ocorrem truncando a xistosidade, o bandamento e flancos de dobras

parasíticas. Entretanto, em virtude das condições de temperatura e pressão confinante que

atuaram durante a migmatização, não se pode interpretar a associação dessas estruturas com a

presença de processos relacionados com o deslizamento flexural na geração das dobras.

Page 110: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

110

Foto 4.77: Zona de cisalhamento dúctil-rúptil com movimento aparente dextral em paragnaisse migmatítico sem

granada. Observar que o dique granítico também é afetado pelo deslocamento. Visada em planta. A bússola

indica o norte.

c) Granodioritos

Em sua maior parte, a rocha encontra-se isotrópica. Entretanto, em alguns locais pôde

ser observada uma foliação de fluxo magmático (Foto 4.35). A direção dessa estrutura varia

de N325° a N355° e o mergulho entre 65° e 85° de NE a SE.

Essa unidade apresenta-se truncada por zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis e rúpteis

e fraturas (Foto 4.78). Diques graníticos são observados truncando essas rochas. Esses diques

encontram-se dobrados em meio a uma rocha sem deformação no estado sólido (Foto 4.36,

4.40, 4.41). Dessa forma, sugere-se que a colocação desses diques ocorreu em estágio ainda

plástico, mas com a rocha hospedeira já praticamente cristalizada, no estado sub-solidus.

Entretanto essa deformação estaria ainda relacionada com estágio magmático e tardiamente às

principais fases de deformação dúcteis identificadas para a área de estudo.

Page 111: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

111

Foto 4.78: Zona de cisalhamento truncando granodiorito. Visada em planta. O martelo indica o norte.

d) Diques máficos e félsicos

Os diques não apresentam estruturas dúcteis como foliações e dobras. As principais

estruturas deformacionais observadas nessas rochas foram: (i) juntas de resfriamento (cooling

joints) (Foto 4.79), possivelmente associadas com deformações durante o resfriamento da

rocha; (ii) zonas de cisalhamento rúptil-dúcteis e rúpteis, que foram nucleadas após a rocha

estar cristalizada (Foto 4.80); e (iii) dobras de arrasto (Foto 4.81), de acordo com Corrêa

Gomes (1992).

Foto 4.79: Juntas de resfriamento tranversais próximas ao contato entre o dique máfico e o paragnaisse

migmatítico. Visada em planta. O martelo indica o norte.

Page 112: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

112

Foto 4.80: Falha com deslocamento aparente dextral em dique félsico que trunca o dique máfico mais velho.

Visada em planta.

Foto 4.81: Dobras de arrasto em dique máfico. Visada em planta. A bússola indica o norte.

4.2.2. Fases deformacionais compressionais

O levantamento estrutural da área de estudo permitiu a identificação de duas fases

deformacionais compressionais distintas denominadas de Dn, dúctil, e Dn+1, dúctil-rúptil.

Além das estruturas dúcteis e dúctil-rúpteis, fraturas e falhas foram observadas.

A fase Dn foi a mais importante na área estudada e responsável pela estruturação dos

contatos atuais entre os ortognaisses e paragnaisses migmatíticos. A partir da análise

Page 113: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

113

estrutural, foi possível subdividir essa fase em três estágios de deformação progressivos,

denominados de Dn’, Dn” e Dn”’.

O estágio Dn’ é marcado pela presença da xistosidade e do bandamento (Sn’), que está

presente nas dobras intrafoliais, isoclinais (Foto 4.70). Essa estrutura foi transposta por uma

foliação do estágio Dn” denominada de Sn’//Sn”. Nesse estágio de deformação houve também

a formação da lineação de estiramento mineral (Lxn”) e de dobras intrafoliais, isoclinais, sem

raiz.

A figura 4.2 apresenta o diagrama de isodensidade polar para a foliação Sn”. Nessa

figura pode ser observado que a foliação apresenta um plano máximo posicionado em

N056°/67°SE. Nota-se nesse diagrama que há uma forte dispersão dos dados. O mergulho

dessa estrutura variou entre 60° e 80° e o azimute entre 340° e 80°. Por sua vez, a lineação de

estiramento mineral (Lxn”) orienta-se, preferencialmente, segundo 62° p/ 099° (Figura 4.3).

Nesse caso, a distribuição dos dados apresenta menor dispersão com relação aos dados de

foliação. A Lb calculada foi de 058° p/ 096°.

Figura 4.2: Diagrama de isodensidade polar da foliação Sn” e guirlanda. N = número de medidas. Hemisfério

inferior.

Page 114: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

114

Figura 4.3: Diagrama de isodensidade polar para a lineação de estiramento Lxn”. N = número de medidas.

Hemisfério inferior.

A presença de estruturas como foliação, lineação de estiramento e dobras isoclinais,

intrafoliais, sugerem que esse estágio de deformação está relacionado com a nucleação de

zonas de cisalhamentos.

No estágio Dn”’ foram geradas as dobras (Fn’”) que rotacionaram as estruturas das

fases anteriores. Essas dobras orientam-se, em geral, segundo NE-SW.

A interferência entre os estágios Dn’ e Dn” levou ao desenvolvimento da feição de

interferência do tipo Laço (Sensu Ramsay, 1987).

A fase Dn+1 de deformação foi responsável por nuclear zonas de cisalhamento dúctil-

rúpteis com orientação geral N040° e movimento aparente dextral que truncam das estruturas

da fase a Dn presentes nos ortognaisses e migmatitos, bem como os granodiorito, granitoides

e dique máfico mais antigo. A lineação de estiramento mineral não foi observada nessas

estruturas. As fraturas de tração preenchidas por quartzo também podem ter sido geradas

durante esse estágio.

O diagrama estereográfico apresentado na figura 4.4 mostra a orientação dessas

estruturas. A lineação de crescimento mineral da foto 4.49 sugere que esse dique foi gerado

durante essa fase de deformação.

Page 115: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

115

Figura 4.4: Diagrama de planos de zonas de cisalhamento dextrais encontradas nos afloramentos da área de

estudo. Hemisfério inferior; N = número de medidas.

As atitudes das zonas de cisalhamento e lineações de estiramento mineral sugerem que as

rochas estudadas durante as fases Dn e Dn+1 foram submetidas a um campo de encurtamento

com tensão principal segundo NW-SE. Para a fase Dn a tensão mínima posiciona-se

verticalmente e para a fase Dn+1 posiciona-se na horizontal segundo NE-SW. A figura 4.5

apresenta uma síntese da evolução estrutural proposta para a área de trabalho.

Page 116: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

116

Figura 4.5: Síntese da evolução estrutural da área de trabalho.

Page 117: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

117

4.3. Discussões

4.3.1. Discussões sobre aspectos relacionados com os litotipos

Na área de estudo ocorrem rochas com estrutura gnáissica para e ortoderivadas. As

relações de contato entre as unidades são muito difíceis de serem estabelecidas tendo em vista

a grande quantidade de sedimentos na área.

O ortognaisse cartografado ocorre associado às rochas paraderivadas. Esses gnaisses

apresentam a mesma foliação deformacional que os paragnaisses. Não se tem as idades dessas

rochas, mas possivelmente elas são intrusivas nos protólitos metassedimentares. As relações

originais não estão preservadas, mas pode-se supor que esses corpos formavam antigos sills

que intercalaram-se com sequências estratificadas.

No caso dos encraves associados com as rochas migmatíticas, sugere-se que sejam

rochas vulcânicas máficas associadas com a sequência sedimentar, supracrustal.

Alternativamente, podem ser uma soleira subvulcânica ou diques que foram deformados.

Durante as deformações que geraram o bandamento dos paragnaisses, essas rochas foram

boudinadas por possuírem alto contraste de competência com a matriz.

A partir das relações de corte, duas gerações de diques foram encontradas. Os diques

máficos mais velhos estão cortados por diques félsicos. Os diques máficos mais jovens não

estão cortados por essas estruturas e são considerados as rochas mais jovens do afloramento.

Por sua vez, as relações de contato entre granodiorito e granitoides são sugestivas de que pelo

menos uma parte dessas rochas félsicas intrudiram a crosta coetaneamente com os

granodioritos. Embora não sejam claras as relações de contato entre o granodiorito e o dique

mais velho, como esse dique não está deformado pelas fases de deformação Dn e está

truncado pelos granitoides, sugere-se que a idade de cristalização dessa rocha máfica é

próxima à idade de cristalização do granodiorito e granitoides associados. Ainda com relação

aos granitoides, pode-se também sugerir que os diques faneríticos e pegmatitos encontrados,

tanto no paragnaisse quanto no ortognaisse, podem ter sido originados pela migmatização dos

paragnaisses cartografados e/ou pela cristalização magmática residual de um magma

intrusivo. Um desses candidatos poderia ser o granodiorito cartografado.

Na área de ocorrência do granodirito foram observados corpos de granitoides em

contato irregular ou formando diques. O contato irregular entre essas rochas sugere a atuação

de processos relacionados com magma mingling. Diferenças de viscosidade, temperatura,

composição dos diferentes tipos de magmas envolvidos e regime tectônico são os principais

fatores que influenciam na imiscibilidade de “líquidos” (SIAL & MCREATH, 1984;

Page 118: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

118

FURMAN & SPERA, 1985; SPARKS & MARSHALL, 1986; WERNICK, 2004; FROST &

MAHOOD, 1987 apud JACOBS, 2012). Nesse contexto, segundo Barbarin & Didier (1992) e

Barbarin (2005), o grau de cristalinidade e a reologia de um magma félsico no momento da

injeção de um magma máfico são os elementos fundamentais para determinar se haverá

imiscibilidade ou mistura de magmas. Esses autores propuseram uma sequência de quatro

estágios para explicar processos envolvendo mistura e não mistura de magmas, quais sejam

(Figura 4.6).

Figura 4.6: Diferentes tipos de hibridização obtidos por injeção de magma máfico num sistema

granítico em diferentes estágios de cristalização do magma félsico. O aumento da cristalinidade e,

subsequentemente, da viscosidade do magma félsico reduz progressivamente as interações/trocas entre os

magmas coexistentes.

Fonte: Barbarin & Didier (1992).

Desta forma, os estágios podem ser assim explicados:

Estágio 1: Se o magma máfico for introduzido antes do começo da cristalização do

magma félsico, haverá um mixing completo envolvendo troca química, mecânica e térmica

entre o magma máfico e o magma félsico crustal, o que resultará na gênese de um magma

híbrido homogêneo.

CRISTALIZAÇÃO DO MAGMA FÉLSICO

Page 119: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

119

Estágio 2: Se magma máfico for injetado após um certo intervalo de tempo do começo

da cristalização do magma félsico, o contraste de viscosidade entre os magmas coexistentes

poderá ser amplo o suficiente para permitir que somente uma mistura mecânica (mingling). O

magma máfico se subdividirá e ocorrerá disperso no magma félsico na forma de encraves

microgranulares máficos. O mingling resultará em um aumento das superfícies de contato

entre os dois componentes e promoverá uma transferência química entre os encraves

microgranulares máficos e a rocha hospedeira;

Estágio 3: Se o magma máfico for introduzido quando o magma félsico estiver

parcialmente cristalizado ele será canalizado para fraturas precoces das rochas graníticas

quase sólidas e irá interagir com os “líquidos” félsicos tardios apenas localmente para formar

diques sin-plutônicos fragmentados ou compostos. Nesses diques a troca química é limitada

de tal modo que não há equilíbrio isotópico entre os encraves e a encaixante segundo Barbarin

et al. (1989), Barbarin (1989) apud Barbarin & Didier (1992);

Estágio 4: A injeção tardia de magma máfico numa rocha granítica solidificada

resultará na formação de diques máficos contínuos. O contraste de reologia entre os dois

componentes será tão alto que a maioria das trocas será inibida;

As características observadas em campo permitem sugerir que na área de estudo tem-

se mesoestruturas indicativas, principalmente, do estágio 2 de Barbarin & Didier (1992) e

Barbarin (2005) para os diferentes tipo de interação entre magmas máficos e félsicos. Com

relação aos encraves máficos do granodiorito, possivelmente trata-se de uma mesoestrutura

associada com a coexistência de dois magmas num processo de magma mingling semelhante

ao que foi interpretado anteriormente.

O mineral do grupo do epidoto encontrado em fraturas no ortognaisse e no

granodiorito pode ter sido resultante do processo hidrotermal que altera o plagioclásio

(saussuritização) das rochas encaixantes dessas estruturas. Esses fluidos migraram através de

fraturas e/ou zonas de cisalhamento.

4.3.2. Discussões sobre a Geologia Estrutural

No afloramento estudado, a variação do mergulho da foliação Sn ente 060° e 080°.

Apesar dessa variação não ser muito intensa, no afloramento pode-se observar inúmeras

exposições de dobras que rotacionaram a foliação Sn. Nesse sentido, na seção geológica e no

apêndice 1 foram interpretadas algumas dobras. Essas dobras são apertadas e o conjunto

sugere a existência de uma envoltória sinformal com vergência para NW. Essa dobra

Page 120: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

120

provavelmente representa uma parasítica de dobras de primeira ordem, tendo em vista os

resultados obtidos por Alem-Marinho (2013) no afloramento da porção leste da Praia da

Paciência em Salvador. Nesse afloramento, a vergência encontrada pelo autor foi para SE.

Dessa forma, sugere-se a existência de uma megadobra regional na zona costeira da cidade de

Salvador.

Nos afloramentos estudados existem zonas de cisalhamento com direção geral N095°

e movimento aparente dextral associadas com a fase Dn+1. A partir de comparações de dados

obtidos por Barbosa et al. (2005), Souza (2008), Abrahão Filho (2009), Souza-Souza (2010) e

Alem Marinho (2013) em outros afloramentos da zona costeira de Salvador pode-se sugerir

que essa fase de deformação gerou zonas de cisalhamento anastomóticas na escala adotada

nesse trabalho e na escala de mapeamento da cidade de Salvador. O campo de tensão obtido

pelos autores supracitados é semelhante ao que foi encontrado no afloramento do setor W do

Farol de Itapuã.

A distribuição das estruturas deformacionais compressionais observadas em campo

permitiu correlacioná-las com as encontradas por Barbosa & Sabaté (2002) e Souza (2013) e

relacionadas com a deformação riaciana-orosiriana do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá.

Desta forma, a fase Dn interpretada está vinculada à evolução deformacional de caráter

tangencial desse orógeno. Como o paleossoma dos migmatitos estão dobrados e truncados por

veios e diques leucocráticos, alvitra-se que a migmatização ocorreu sin a tardi-deformação

Dn. Com isso, propõe-se que o pico metamórfico e anatético teria ocorrido no estágio Dn’”. A

colocação do granodiorito e da rocha félsica a ele associada, bem como dos diques félsicos,

possivelmente se deu tardiamente ao estágio Dn”’, pois essas rochas apresentam xenólitos de

ortognaisse com foliação Sn’//Sn” e estão truncados por zonas de cisalhamento da fase Dn+1.

A fase Dn+1 está relacionada com a estruturação da mega-flor positiva regional

proposta por Barbosa & Sabaté (2002). Um aspecto importante é que tanto as rochas

paraderivadas quanto as ortoderivadas possuem o mesmo registro estrutural. As estruturas

rúpteis tais como falhas e fraturas possivelmente estão relacionadas com a fragmentação do

Rodínia e/ou a abertura do Oceano Atlântico.

Alguns diques félsicos e máficos encontrados na área de trabalho mostram

bifurcações. De acordo com Corrêa-Gomes et al. (1991, 1992 e 1996) e Tomba (2012), tais

bifurcações podem ser utilizadas como indicadores do sentido de propagação das fraturas e do

fluxo magmático (Figura 4.7). A partir dos dados levantados em campo, sugere-se que a

propagação dos diques máficos na área de estudo foi de SE para NW e dos félsicos de ESE

Page 121: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

121

para WNW. Resultado semelhante a esse foi obtido por Gomes et al., (1989 apud OLIVEIRA

& KNAUER, 1993) para os diques máficos de Salvador.

Figura 4.7: Principais formas dos diques máficos da orla de Salvador. 1) Tabular. 2) Lenticular e zigue

zague/segmentado. 3) Bifurcado com ramos estreitos. 4) Bifurcado com ramos largos. As setas indicam o

sentido do fluxo magmático.

Fonte: Corrêa-Gomes et al. (1991).

Ainda com relação aos magmas máficos, juntas de resfriamentos foram observadas

nos diques mais novos. A geometria do conduto que hospedará o magma e as posições dos

tensores regionais durante a solidificação do magma são os fatores que controlam a orientação

das juntas internas nos diques máficos (CORRÊA GOMES et al., 1991). A partir da análise

dessas estruturas, foi possível sugerir a direção do campo de tensão atuante durante a

cristalização desse dique como estando orientado segundo NNW-SSE de acordo com a figura

4.8. Esse campo é razoavelmente compatível com as tensões regionais associadas com a fase

Dn+1, ou seja, sigma 1 e sigma 3 horizontais.

Figura 4.8: Orientação das juntas de resfriamento nos diques. 1) Paralela e ortogonal às margens do

conduto. 2) Paralelas e ortogonais nas margens e diagonais no centro. 3) Progressivamente curva para dentro. 4)

Diagonal. As setas indicam a posição do tensor principal.

Modificado de Corrêa Gomes et al. (1991).

N

Page 122: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

122

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A partir do mapeamento geológico e estrutural de campo realizado nas cercanias da

Praia do Farol de Itapuã, pode-se declarar que:

1) A área de estudo apresenta paragnaisses migmatíticos, ortognaisses com estrutura

augen, granodioritos, granitoides diversos, diques máficos, rochas carbonáticas, terrígenas e

sedimentos recentes.

2) Os paragnaisses migmatíticos podem classificados como metatexitos e diatexitos.

Os primeiros apresentam as estruturas estromática, patch, net-estruturado ou estruturado em

rede e com estrutura de dilatação. Os diatexitos puderam ser cartografados baseado na

presença ou não de granada. Esses migmatitos exibem estruturas schlieren, nebulítica e

schöllen. Além disso, os diatexitos e os metatexitos também puderam ser classificados com

estruturados em diques. A migmatização foi influenciada, principalmente, pelo tipo de rocha e

pelo grau metamórfico.

3) A área de estudo foi submetida a duas fases de deformação compressionais distintas

denominadas de Dn, dúctil, e Dn+1, dúctil-rúptil. A fase Dn foi subdividida em três estágios

deformacionais progressivos designados de Dn’, Dn” e Dn’”. No primeiro, houve a formação

do bandamento Sn’ (So?), que se encontra associado com as dobras intrafoliais, isoclinais,

sem raiz do estágio seguinte Dn”. Com a evolução da deformação e transposição das

estruturas, a superfície Sn’ foi paralelizada à foliação mais nova Sn” estruturando a foliação

Sn’//Sn”. No estágio Dn” também foi formada a lineação de estiramento Lxn”. O terceiro

estágio Dn”’, foi responsável pela formação de dobras e de uma figura de interferência em

laço. Além disso, houve a colocação do corpo granodiorítico. As relações de campo sugerem

que a migmatização ocorrem no estágio Dn”’. A fase seguinte, Dn+1, foi caracterizada pela

nucleação das zonas de cisalhamento dúctil-rúpteis com orientação geral N040° movimento

predominante dextral. Para a fase Dn a tensão principal posicionou-se segundo NW-SE e a

tensão mínima foi vertical. Na fase Dn+1 as tensões máxima e mínima são horizontais e

posicionadas segundo NW-SE e NE-SW.

4) O levantamento do arcabouço estrutural permitiu sugerir que a área de estudo

representa uma dobra parasítica associada com o flanco de uma megadobra regional, cuja

posição espacial ainda não foi determinada.

5) A rochas da área de estudo passaram por uma evolução geológica polifásica

compressional associada com um evento deformacional, metamórfico e magmático.

Page 123: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

123

6) Visto que não foi possível uma análise das seções delgadas litotipos da área de

estudo, recomenda-se um estudo detalhado da petrologia, geoquímica e geocronologia das

unidades aflorantes, além de estabelecer relações entre elas e as de áreas vizinhas, a fim de

caracterizar a evolução crustal local dessa região cratônica.

7) Sugere-se, tembém, um estudo de inclusões de magma (melt inclusions) com intuito

de caracterizar a natureza do magma anatético primitivo.

Page 124: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

124

CAPÍTULO 6 - REFERÊNCIAS

ABRAHÃO FILHO, E.A. Mapeamento Multi-escalar de Estruturas da Área de

Influência da Porção Sul da Falha de Salvador, Bahia. Trabalho Final de Graduação.

IG/UFBA. Salvador. 2009. 87p.

ALEM-MARINHO, G.P.S. Mapeamento Geológico e Análise Estrutural do afloramento

da Praia da Paciência (Setor E), Salvador, Bahia. Trabalho Final de Graduação, IG-UFBA,

Salvador – Ba. 2013.

ALIBERT, C. & BARBOSA, J.S.F. Âges U-Pb déterminés à la “SHRIMP” sur des zircons

du Complex de Jequié, Craton du São Francisco, Bahia, Brésil. In: Réun. Sci. Terre,

Toulouse, France, 1992, 14:4.

ALKIMIM, F.F; O que faz de um Cráton um Cráton? O Cráton do São Francisco e as

Revelações Almeidianas ao delimitálo. In: MANTESSO-NETO, V., BARTORELLI, A.,

CARNEIRO, C.D.R., BRITO-NEVES, B.B. (orgs); Geologia do Continente Sul-Americano:

Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo, Beca. 2004. Cap.1,

p.16-35.

ALKMIM, F. F., BRITO NEVES, B. B., ALVES, J. A. C. Arcabouço tectônico do Cráton

do São Francisco – uma revisão. In: Dominguez, J.M. & Misi, A. (eds) O Cráton do São

Francisco. Reunião Preparatória do II Simpósio sobre o Cráton o Cráton do São Francisco.

Salvador, SBG/ Núcleo BA/SE/SGM/CNPq. P. 45-6. 1993.

ALMEIDA, F.F.M. O Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc. 7, pp. 349–364. 1977.

ALVES, D.N.O. Mapeamento Geológico de detalhe e Petrografia dos litotipos do Jardim

de Alah, Salvador-Bahia. Trabalho Final de Graduação, IG-UFBA, Salvador – Ba. 2013.

ALVES DA SILVA, F.C. & BARBOSA, J.S.F. Evolução estrutural do cinturão

granulítico do SE da Bahia: o exemplo da região de Ipiaú . In: Simpósio Nacional de

Estudos Tectônicos,6, SBG – Núcleo Brasília, Pirenopolis, Goiás, Anais, 1997, 1: 241-423.

Page 125: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

125

BARBARIN, B. Mafic magmatic enclaves and mafic rocks associated with some

granitoids of the central Sierra Nevada batholith, California: nature, origin, and

relations with the hosts. Lithos, Oslo, n. 80, 2005, p. 155-177.

BARBARIN, B., DIDIER, J. Genesis and evolution of mafic microgranular encraves

through various types of interaction between coexisting felsic and mafic magmas.

Transactions of the Royal Society of Edinburgh: Earth Sciences. 1992, n. 83, p.145–153.

BARBOSA, J.S.F., CORRÊA-GOMES, L.C., DOMINGUEZ, J.M.L., CRUZ, S.A.S.,

SOUZA, J.S. Petrografia e Litogeoquímica das Rochas da Parte Oeste do alto de

Salvador, Bahia. Rev. Bras. Geoc. Volume 35 (4 - Suplemento): 9-22. 2005.

BARBOSA, J.S.F. Constitution lithologique et metamorphique de la region granulitique

du sud de Bahia-Brésil. Tese Doutorado - Académie de Paris. Paris, Université Pierre et

Marie Curie, 1986. 401 p.

BARBOSA, J.S.F. The granulites of the Jequié Complex and Atlantic Mobile Belt,

Southern Bahia, Brazil - An expression of Archean Paleoproterozoic Plate Convergence.

Granulites and Crustal Evolution. In: D VIELZEUF AND PH VIDAL (Eds.), Springer-

Verlag, Clermont Ferrand, France, 1990. p. 195-221.

BARBOSA, J.S.F. Projeto Petrologia e implicações Metalogenéticas das Rochas

Granulíticas do Segmento Boa Nova – Itajibá, Sudeste da Bahia. Salvador: UFBA,

1991.il. Convênio CBPM/IGEO/curso de Pós-Graduação em Geologia, 1994, 84p.

BARBOSA, J.S.F. Síntese do conhecimento sobre a evolução geotectônica das rochas

metamórficas arqueanas e paleoproterozóicas do embasamento do Cráton do São

Francisco na Bahia. Revista Brasileira de Geociências. V. 27 (3 – suplemento), p. 241-256,

1997.

BARBOSA, J.S.F.; CRUZ, S.C.P.; SOUZA, J.S. de . Terrenos Metamórficos do

Embasamento. In: Johildo Salomão Figuieiredo Barbosa, Juracy de Freitas Mascarenhas,

Luiz cesar Corrêa-Gomes, José Maria Landim Domingues, Jailma Santos de Souza. (Org.).

Page 126: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

126

Geologia da Bahia. Pesquisa e Atualização. 1ed.Salvador: CBPM-Companhia Baiana de

Pesquisa mineral, 2013, v. 1, p. 101-201.

BARBOSA, J. S. F.; PINTO, M. S.; CRUZ, S.C.P.; SOUZA, J. S. Granitoides. In: Johildo

Salomão Figueirêdo Barbosa, Juracy de Freitas Mascarenhas, Luiz cesar Correa-Gomes, Jose

maria Landim Dominguez, Jailma Santos de Souza. (Org.). Geologia da Bahia. Pesquisa e

Atualização. 1ed.Salvador, Bahia: CBPM-Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, 2013, v. 1,

p. 327-396

BARBOSA, J.S.F. & DOMINGUEZ, J.M.L. Texto Explicativo para o Mapa Geológico ao

Milionésimo. SICM/ SGM, Salvador, (Edição Especial), 400 pp. (eds.), 1996.

BARBOSA, J.S.F. & SABATÉ, P. Geological features and the Paleoproterozoic collision

of four Archaean Crustal segments of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil. A

synthesis. Anais Acad. Bras. Ciências, 74 (2): 343-359. 2002.

BARBOSA, J.S.F.; SABATÉ, P. Colagem Paleoproderozóica de placas arquenas do

Cráton do São Francisco na Bahia. Revista Brasileira de Geociências. Volume 33. 7-14.

2003.

BARBOSA, J.S.F.; SABATÉ, P. Archean and Paleoproterozoic crust of the São Francisco

Cráton, Bahia, Brazil: geodynamic features. Prec. Res., 133:1-27. 2004.

BARBOSA J.S.F.; FONTEILLES, M. Caracterização dos Protólitos da Região

Granulítica do Sul da Bahia, Brasil. Rev. Bras. Geoc., 1989, 19:3-16.

BARBOSA, J.S.F; DOMINGUEZ, J.M.L; CORRÊA-GOMES, L.C; MARINHO, M.M. O

Conglomerado de Mont Serrat e suas Relações com o Alto e a Falha de Salvador, Bahia.

Revista Brasileira de Geociências, São Paulo, Sociedade Brasileira de Geologia. 2007. v.

37(2), p. 324 – 332.

BARBOSA, J.S.F., SABATÉ, P., MARINHO, M.M. O Cráton do São Francisco na Bahia:

Uma Síntese. Revista Brasileira de Geociências. 2003. v.33 (1), p.3-6.

Page 127: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

127

BARBOSA, J.S.F.; MARTIN H.; PEUCAT J.J. Archean/Paleoproterozoic Crustal Domic

Evolution of the Lage, Mutuípe, Brejões and Santa Inês Region. Jequié Block, Bahia,

Brazil . Precam. Res., 2004, 135: 105-131.

BASTOS LEAL, L.R. Geocronologia U/Pb (SHRIMP), 207Pb/206Pb, Rb-Sr, Sm-Nd e K-Ar

dos Terrenos Granito-Greenstone do Bloco do Gavião: Implicações para Evolução

arqueana e proterozóica do Cráton do São Francisco, Brasil. Tese de Doutoramento,

Instituto de Geociências, Universidade Estado de São Paulo, 1998, 178p.

BRITO NEVES, B.B. Teorias e modelos em geotectônica introdução ao problema. 1985.

Acessado em: <<www.revistas.usp.br/bigsd/article/download/45345/48957 >>.

BOM, F.M. Origem e evolução do Complexo Várzea do Capivarita, Encruzilhada do Sul,

RS. Trabalho de Conclusão de Curso, IGEO/UFRGS, Porto Alegre - RS. 2011, 73p.

BROWN, M. Introduction to a virtual special issue on crustal melting. Journal of

Metamorphic Geology, 2012, 30, 453–456.

BROWN, M., KORHONEN, F.J., SIDDOWAY, C.S. Organizing melt flow through the

crust. Elements 7: 261-266, 2011.

BUCHER, K.; GRAPES, R. 2011.Petrogenesis of Metamorphic Rocks. 8°Edição. Springer,

441p.

CARNEIRO, M.A.; JORDT-EVANGELISTA, H.; TEIXEIRA, W. Um magmatismo

bimodal arqueano no âmbito dos complexos metamórficos do quadrilátero ferrífero e

suas implicações tectônicas. Bol. IG-USP, Publ. espec. [online]. 1996, n.18, pp. 29-30. ISSN

0102-6275.

CESARE, B., ACOSTA-VIGIL, A., FERRERO, S., BARTOLI, O. Melt inclusions in

migmatites and granulites. Journal of the Virtual Explorer 40: paper 2, 2011.

Page 128: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

128

CLARK, C., FITZSIMONS, I.C.W., HEALY, D., HARLEY, S.L. How does the continental

crust get really hot? Elements 7: 235-240, 2011.

CONCEIÇÃO, R.V. ; LAFON, J. M. ; CONCEIÇÃO, H. Sienito de Santanápolis - Dados

Geocronológicos: Uma idade máxima para o metamorfismo da fácies anfibolito na

região entre Feira de Santana e Lamarão-Bahia (NE do Cráton do São Francisco). In: II

Simpósio sobre o Cráton do São Francisco, 1993, Salvdor. Anais do II-SCSF. Salvador, BA:

Sociedade Brasileira de Geologia, Núcleo Bahia-Sergipe, 1993. v. 1. p. 48-51.

CORRÊA-GOMES, L.C. Diques máficos: Uma reflexão teórica sobre o tema e o seu uso

na entendimento prático da geodinâmica fissural. Dissertação de Mestrado, IG/UFBA,

1992, 196 pp.

CORRÊA-GOMES, L. C.; TANNER DE OLIVEIRA, M.A.F.; BASTOS LEAL, L.R.

Structural Features Associated with Mafic Dykes. Example from the Atlantic Coastal

Belt of Bahia-Brazil. Boletim IG-USP. Série Científica, São Paulo - Brasil, v. 20, n.1, p. 21-

24, 1989.

CORRÊA-GOMES, L. C., SOUZA, M.N., CORRÊA, D.R., SILVA, I.R., FALCÃO, A.C.S.,

COBUCCI, M.L.P., LSHIOKA, K.T., ESPINEIRA, A.R., MORAES, J.W.O. Mafic Dykes:

Relationships among geometry, internal fractures and fissural tectonic patterns. BoI.IG-

USP, Publ.Esp., 10:1-8, 1991.

CORRÊA GOMES, L.C.; TANNER DE OLIVEIRA, M.A.F.; MOTTA A.C.; CRUZ, M.J.M.

Província de Diques Máficos do Estado da Bahia. Mapa, estágio atual do conhecimento e

evolução temporal. SICM/SGM, Salvador (Edição Especial), 1996, 144p.

CRUZ, L.A. Aspectos de campo, petrografia e geoquímica preliminar dos diques máficos

das praias Jardim de Alah, Paciência e Ondina, Salvador – BA. Trabalho Final de

Graduação, IG-UFBA, Salvador – Ba. 2013.

Page 129: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

129

CRUZ, S.C.P.; ALKMIM, F.F. The tectonic interaction between the Paramirim

Aulacogen and the Araçuaí Belt, São Francisco Craton region, Eastern Brazil. Anais da

Academia Brasileira de Ciências, 2006, 1: 151-173.

CRUZ, S.A.S.; BARBOSA, J.S.F.; CORRÊA-GOMES, L.C. Caracterização petrográfica,

estrutural e petroquímica do embasamento cristalino da cidade de Salvador-

Bahia/Porção Oeste. Anais do III Simpósio sobre o Cráton do São Francisco, Salvador, p.

79-82, 14-18 de agosto, 2005.

CUNHA, J. C., BASTOS LEAL, L. R., FRÓES, R. J. B., TEIXEIRA, W., MACAMBIRA,

M. J. B. Idade dos greenstone belts e dos terrenos TTG’s associados da região de

Brumado, centro oeste do Cráton do São Francisco (Bahia-Brasil). In: SBG, Congresso

Brasileiro de Geologia, 39, Anais, 1996, p. 67-70.

DALTON DE SOUZA, J., SANTOS, R.A., MARTINS, A.AM., NEVES, J.P., LEAL, R.A.

Geologia e recursos minerais do Estado de Sergipe. Texto explicativo do Mapa geológico

do Estado de Sergipe. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil – PLGB-

CPRM. Escala 1:250.000. 2001. Cap. 2, p. 5-61.

D’ AGRELLA FILHO, M.S., PACCA, I.G., ONSTOT, T.C., RENNE, P. R., TEIXEIRA, W.

O estado atual da cooperação USP/Princeton University. Resultados paleomagnéticos e

geocronológicos em diques máficos das regiões de Salvador, Olivença e Uauá, Cráton do

São Francisco. In: Workshop Diques Máficos Precambrianos do Brasil, São Paulo, Bol. Esp.,

1989, pp. 22-28.

DUNHAM, R.J. Classification of carbonate rocks according to depositional texture.

1962. Acessado em:<< http://www.beg.utexas.edu/lmod/_IOL-CM01/cm01-step03.htm>>

DUYSTER, J. P. (2000). StereoNett Version 3.03.

FETTES, D.; DESMONS, J. Metamorphic Rocks: A Classification and Glossary of

Terms. Cambridge University Press, 2007, 256 p.

Page 130: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

130

FLEUTY M. J. 1964. The descriptions of folds. Proceedings of the Geologists’ Association,

75:461-492.

FORNARI, A., BARBOSA, J.S.F. Litogeoquímica do Batólito Enderbítico Charnockítica

da Região de Mutuípe-Bahia. Rev. Bras. Geoc. 24(1), 1994, 13-21.

FUJIMORI, S. Condições de P–T de formação dos granulitos do Farol da Barra,

Salvador, Bahia, Brasil. Rev. Bras. Geoc. 18:339–344, 1988.

FUJIMORI, S.; ALLARD, G.O. Ocorrência de safirina em Salvador, Bahia. Boletim da

Sociedade Brasileira de Geologia, v.2, n.15, p. 67-81, setembro, 1966.

FUJIMORI, S., FYFE, W.S. Almanditic garnet-rich metamorphic rocks as an original soil

developed during Precambrian. Rev. Bras. Geoc., 14:194-202,1984.

FURMAN, T., SPERA, T. Co-mingling of acid and basic magma with implications for the

origin of mafic I-type xenoliths, field and petrochemical relations of an usual dike

complex at Eagle Peak Lake, Sequoia National Park, California, U.S.A. Journal of

Volcanology and Geothermal Research. n. 24, 1985, 151– 178.

HEAMAN, L. U-Pb dating of Giant Radiating Dyke Swarms: Potencial for Global

Correlation of Mafic . In.: Intern. Symp. On Mafic Dykes, São Paulo, Brasil, 1991, Ext Abst.

p. 7-9.

JACOBS, M.G. Encraves microgranulares máficos e rochas híbridas associados com os

granitoides da Suíte Encruzilhada do Sul, RS. Trabalho de Conclusão do Curso de

Geologia, Instituto de Geociências, Porto Alegre – RS. 2012.

JAMIESON, R.A., UNSWORTH, M.J., HARRIS, N.B.W., ROSENBERG, C.L.,

SCHULMANN, K. Crustal melting and the flow of mountains. Elements 7: 253-260, 2011.

JESUS, V.F. DE. Origem dos granulitos e granoblastitos de Itapoan. Dissertação de

Mestrado. IG/UFBA. Salvador. 1978. 63p.

Page 131: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

131

KISHIDA, A. Caracterização Geológica e Geoquímica das Seqüências Vulcanos-

sedimentares no Médio Rio Itapicuru, Bahia. Salvador : UFBS, Dissertação (Mestrado)

Instituto de Geociências, UFBA, 1979.

LEITE, C. M. M.; BARBOSA, J.S.F.; GONCALVES, P.; NICOLLET, C.; SABATÉ, P.

Petrological evolution of silica-undersaturated sapphirine-bearing granulite in the

Paleoproterozoic Salvador Curaçá Belt, Bahia, Brazil. Gondwana Research, v. 15, p. 49-

70, 2009.

MACEDO, E.P. Petrografia, Litogeoquímica, Metamorfismo e Evolução Geotectônica

dos Granulitos das Regiões de Amargosa, Brejões, Santa Inês, Jaguaquara e Itamari,

Bahia, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade Federal da Bahia, 2006, 336p.

MARTIN, H., SABATÉ, P., PEUCAT, J.J. CUNHA, J.C. Un segment de croûte

continentale d'âge archéen ancien (3,4 milliards d'années): le massif de Sete Voltas

(Bahia, Brésil). Compte Rendus de l'Académie des Sciences, Paris, 1991, 313(II): 531-538.

MARINHO, M. M. La Séquence Volcano–Sedimentaire de Contendas–Mirante et la

Bordure Occidentale du Bloc Jequié (Cráton du São Francisco–Brésil): Un exemple de

Transition Archéean–Protérozoique. Ph.D. Thesis. Blaise Pascal University, Clermont

Ferrand, França, 1991, 388 p.

MARINHO, M.M., SABATÉ, P., BARBOSA J. S. F. The Contendas-Mirante Vulcano-

Sedimentary belt. In.; M.C.H. Figueiredo & A.J. Pedreira (Eds.) Petrological and

geochronologic evolution of the oldest segments of the São Francisco Cráton, Brazil. Bol. IC-

USP. 17:73-96,1994 (a).

MASCARENHAS, J.F. Estruturas do tipo greenstone belt no leste da Bahia. In: CONGR.

BRAS. GEOL., 29, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte. SBG, 4: 35-66, 1976.

MASCARENHAS, J.F.; SILVA, E.F.A. Greenstone Belt de Mundo Novo: caracterização

e implicações metalogenéticas e geotectônicas no Cráton do São Francisco. Salvador:

Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. Série Arquivos Abertos, vol. 5, 1994, 32p.

Page 132: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

132

MEDEIROS, E.L.M. Geologia e Geocronologia do Complexo Santa Izabel na região de

Urandi, Bahia. Dissertação de Mestrado, IG/UFBA, 2013.

MEDEIROS JR, E.B. de. Petrogênese do Complexo Acaiaca, MG. Dissertação de

Mestrado, Escola de Minas, UFOP. 2009.

MELLO, E.F.; XAVIER, R.P.; MCNAUGHTON, N.J.; HAGEMANN, S.G.; FLETCHER, I.;

SNEE, L. Age constraints of felsic intrusions, metamorphism, deformation and gold

mineralization in the paleoproterozoic Rio Itapicuru greenstone belt, NE Bahia State,

Brazil . Mineralium Deposita, Berlin, v. 40, n. 8, p. 849-866, 2006.

MEHNERT, K.R. 1968. Migmatites and the Origin of Granitic Rocks. Elsevier,

Amsterdam 393 pp.

MESTRINHO, S.S.P.; LINHARES, P.S.; CARVALHO, I.G. Geoquímica de elementos

principais e traços do dique de diabásio da Praia de Ondina, Salvador (BA). In: XXXV

Congr. Bras. Geol., Belém (PA). Anais SBG, V.2, pp. 452-464, 1988.

MORAES-BRITO, C.; BELLIENI, G.; COMIN-CHIARAMONTI, P.; MELFI, A.J.;

PICCIRILLO, E.M.; TANNER DE OLIVEIRA, M.A.F. Mafic dykes of Salvador (State of

Bahia, Brazil): geological and petrological characteristics. Bol. IG-USP, Sér. Cient. 1989,

vol.20, pp. 9-14. ISSN 0102-6283.

MORAES-BRITO, C.; BELLIENI, G.; COMIN-CHIARAMONTI, P.; MELFI, A.J.;

PICCIRILLO, E.M. Proterozoic dykes of Salvador and Ilhéus-Olivença areas: a

geological geoghemical comparison. Bol. IG-USP, Publ. espec., São Paulo, n. 10, dez.

1991 .

MORAES-BRITO, C.; BELLIENI, G.; COMIN-CHIARAMONTI, P.; FIGUEIREDO, A.M.;

MARQUES, L.S.; MELFI, A.J.; PETRINI, R.; PICIRILLO, E.M. Diques Máficos Não-

Metamórficos Proterozóicos da Região de Salvador-BA: Geoquímica, Petrologia e

Isótopos de Sr-Nd. Anais do II Simpósio sobre o Cráton do São Francisco, Salvador, p. 119-

123, 22-31 de agosto, 1993.

Page 133: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

133

MORAES, R., FUCK, R.A., DUARTE, B.P., BARBOSA, J.S.F., LEITE, C.M.M. Granulitos

do Brasil. In: MANTESSO-NETO, V., BARTORELLI, A., CARNEIRO, C.D.R., BRITO-

NEVES, B.B. (orgs); Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando

Flávio Marques de Almeida. São Paulo, Beca. 2004. Cap.19, p.321-345.

OLIVEIRA, E.P.; KNAUER, L.G. 1993. Corpos Máficos e Ultramáficos do Cráton do São

Francisco. In: DOMINGUEZ JML & MISI A (Ed.). O Cráton do São Francisco. Salvador,

SBG–NBA/SE, SGM, CNPq.: 45–62.

OLIVEIRA JÚNIOR, T. R. Geologia do extremo nordeste do Cráton do São Francisco,

Bahia. Dissertação de Mestrado, IG/UFBa, 1990. 126p.

OLIVEIRA, E.P. ; MELLO, E.F.; MCNAUGHTON, N. Reconnaissance U-Pb

geochronology of Precambrian quartzites from the Caldeirão belt and their basement,

NE São Francisco craton, Bahia, Brazil:implications for the early evolution of the

Paleoproterozoic Itabuna-Salvador-Curacá Orogen. Journal of South American Earth

Sciences, UK, v. 15, n.3, p. 349-362, 2002.

OLIVEIRA, E.P.; WINDLEY, B.F.; MCNAUGHTON, N.; PIMENTEL, M.; FLETCHER,

I. Contrasting copper and chromium metallogenic evolution of terranes in the

Paleoproterozoic Itabuna-Salvador-Curaçá Orogen, São Francisco Craton, Brazil: new

zircon (SHRIMP) and Sm-Nd (model) ages and their significance for orogen-parallel

escape tectonics. Precambriam Research, Amsterdam, v. 128, n. 1-2, p. 143-165, 2004.

OLIVEIRA, E. P.; CARVALHO, M.J.; MCNAUGHTON, N. Evolução do segmento norte

do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá: cronologia da acresção de arcos, colisão

continental e escape de terrenos. Geologia USP. Série Científica, São Paulo, v. 4, n. 1, p.

41-53, 2004.

OLIVEIRA, E.P.; MCNAUGHTON, N.J.; ARMSTRONG, R. Mesoarchaean to

Palaeoproterozoic growth of the northern segment of the Itabuna-Salvador-Curaca

orogen, Sao Francisco craton, Brazil. Geological Society Special Publication, v. 338, p.

263-286, 2010.

Page 134: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

134

OLIVEIRA, T.L. DE. Estudo Petrográfico e Mapeamento Geológico dos Litotipos do

Morro do Cristo, Salvador, Bahia, Brasil, Escala 1:500. Trabalho Final de Graduação, IG-

UFBA, Salvador – Ba. 2010.

PAIXÃO, M. A. P.; OLIVEIRA, E. P. The Lagoa da Vaca Complex: An Archaean layered

anorthosite body on the western edge of the Uauá Block, Bahia. Revista Brasileira de

Geociências, Brasilia, v. 28, p. 201-208, 1998.

PASSCHIER, C.W.; MYERS, J.S.; KRÖNER, A. Geologia de Campo de Terrenos

Gnáissicos de Alto Grau. 1°Edição. São Paulo: Edusp-Editora da Universidade de São

Paulo, 1993. 188p;

PASSCHIER, C. W. & TROUW, R. A. J. 2007. Microtectonics. Springer-Verlag, Germany.

89p.

PEUCAT, J.J.; BARBOSA, J.S.F.; PINHO, I.C.A.; PAQUETTE, J.J.; MARTIN, H.;

FANNING C.M.; MENEZES LEAL, A.B.; CRUZ, S.C.P. Geochronology of granulites

from the south of Itabuna-Salvador-Curaçá Block, São Francisco Craton (Brazil): Nd

isotopes and U-Pb zircon ages. Journal of South American Earth Sciences, Oxford, v. 31, p.

397-413, 2011.

RAMSAY, J.G., HUBER, M.I. The Techniques of Modern Structural Geology. Volume 2.

Folds and Fractures. Academic Press, London, 1987.

RENNE P.R., ONSTOTT T.C., D’AGRELLA FILHO M.S., PACCA I.G., TEIXEIRA W.,

Ar 40/Ar 39 dating of 1.0-1.1 Ga Magnetizations from the São Francisco and Kalahari

Cratons: Tectonic Implications for Pan-African and Brasilian Mobile Belts. Earth and

Plan. Scien. Letters, 1990, 101:349-366.

RIOS, D.C., DAVIS, D.W., CONCEIÇÃO, H., ROSA, M.L.S., DICKIN, A.P. Geologic

evolution of the Serrinha nucleus granite-greenstone terrane (NE Bahia, Brazil)

constrained by U-Pb single zircon geochronology. Precambrian Research vol. 170, 2009,

175-201.

Page 135: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

135

ROSA, M.L.S.; CONCEIÇÃO, H.; MACAMBIRA, M.J.B.; SCHELLER, T.; MARTIN,

H.; LEAL, L.R.B. Idade (Pb-Pb) e assinatura isotópica (Rb-Sr, Sm-Nd) do magmatismo

sienítico Paleoproterozóico no sul do Cinturão Móvel Salvador-Curaçá: Maciço

Sienítico de São Félix (Bahia). Revista Brasileira de Geociências, São Paulo-SP, v. 31, n.3,

p. 357-360, 2001.

SABATÉ, P. Evolution Transamazonienne et Structures de Collision dans le Cráton du

São Francisco (Bahia, Brésil). In: Evolution Crustale Au Proterozoique Inferior (Afrique de

L'Quest et Amerique du Sud). Réun. CNRS-Rennes, comunic, 1991.

SANTOS-PINTO, M. A. Le recyclage de la croúte continentale archéenne: Exemple du

bloc du Gavião – Bahia, Bresil. Doctor of Philosophy Thesis, Geociences Rennes, 1996,

193p.

SANTOS-PINTO, M.; PEUCAT, J.J.; MARTIN, H.; SABATÉ, P. Recycling of the Archean

continental crust: the case study of the Gavião, State of Bahia, NE Brazil. Journal of

South American Earth Sciences, Grã-Bretanha, v. 5, p. 487-498, 1998.

SAWYER, E.W. Atlas of Migmatites. The Canadian Mineralogist Special Publication 9,

NRC Research Press, Ottawa, Ontario, Canada, 2008 (a) 371 p.

SAWYER, E.W. Working with migmatites: Nomenclatura for the constituent parts. In:

Sawer, E.W. & Brown, M. (Edt.), Working with Migmatites, Mineralogical Association of

Canada Short Course 38, 2008 (b). pp. 1–28.

SAWYER, E.W., CESARE, B., BROWN, M. When the continental crust melts. Elements

7: 229-234, 2011.

SIAL, A.N.; MCREATH, I. Petrologia Ígnea – Volume 1: Os Fundamentos e as

Ferramentas de Estudo. Bureau Gráfica e Editora, Salvador, 1984. 181 p.

SILVA L.C., MCNAUGHTON, N.J., MELO, R.C., FLETCHER, I.R. U-Pb SHRIMP ages

in the Itabuna-Caraíba TTG hight-grade Complex: the first window beyond the

Page 136: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

136

Paleoproterozoic overprint of the eastern Jequié Craton, NE Brazil. In: ISGAM –

International Symposium on Granites and Associated Mineralization, Salvador, Abstracts,

SBG, v.1: 282-283,1997.

SILVA, L.C.; ARMSTRONG, R.; NOCE, C.M.; CARNEIRO, M.A.; PIMENTEL, M.;

PEDROSA SOARES, A.C.; LEITE, C.A.; VIEIRA, V.S.; SILVA, M.A.; PAES, V.J.C.;

CARDOSO FILHO, J.M. Reavaliação da Evolução Geológica em Terrenos Pré-

Cambrianos Brasileiros com Base em Novos Dados U-Pb Shrimp, Parte I: Limite

Centro-Oriental do Cráton São Francisco na Bahia. Revista Brasileira de Geociências,

São Paulo, 32, n. 4, 2002. p. 501-512.

SOLA, A.M. Petrogênese dos migmatitos e leucogranitos da serra de Molinos, Salta, NW

da Argentina: Considerações com base na geocronologia U-Pb in situ (ICP-MS) em

zircão, isótopos ND-SR e Modelagem Geoquímica. Dissertação de Mestrado, UNB,

Brasília, DF. 2009.

SOLAR, G.S., BROWN, M. Petrogenesis of migmatites in Maine, USA: Possible source of

peraluminous leucogranite in plutons. Journal of Petrology 42:789-823, 2001.

SOUZA-SOUZA, A.L.S. Mapeamento Geológico e Análise Estrutural do Afloramento da

Praia do Hospital Espanhol, Salvador, Bahia. Trabalho Final de Graduação, IG-UFBA,

Salvador – Ba. 2010.

SOUZA, J.S. DE. Mapeamento Geológico da Área do Farol da Barra, Salvador-Bahia,

Brasil. Trabalho Final de Graduação, IG-UFBA, Salvador – Ba. 2008.

SOUZA, J.S. DE. Petrografia e Litogeoquímica dos Litotipos Granulíticos Ortoderivados

da Cidade de Salvador, Bahia. Dissertação de Mestrado, IG-UFBA, Salvador – Ba. 2009.

SOUZA, J.S. DE. Geologia, modelagem termodinâmica do metamorfismo, geoquímica

isotópica e geocronologia de litotipos de Salvador-Bahia, Brasil. Instituto de Geociências,

Universidade Federal da Bahia, Salvador , Tese de Doutorado, 2013.

Page 137: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

137

SOUZA, J. S. DE; BARBOSA, J. S. F. Os Litotipos da Cidade de Salvador, Bahia:

Estágio Atual do Conhecimento. In: 13 Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos e VII

International Symposium on Tectonics, 2011, Campinas. Anais do 13 Simpósio Nacional de

Estudos Tectônicos e VII International Symposium on Tectonics., 2011.

SOUZA, J. S. DE; BARBOSA, J. S. F.; CORREA-GOMES, L. C. Litogeoquímica dos

granulitos ortoderivados da cidade de Salvador, Bahia. Revista Brasileira de Geociências,

v. 40, p. 339-354, 2010.

SPARKS, R.S.J.; MARSHALL, L.A. Thermal and mechanical constraints on mixing

between mafic and silic magmas. Journal of Volcanology and Geothermal Research. n. 29,

1986, p.99-124.

TEIXEIRA-SOUZA, L. Caracterização petrográfica e aspectos geofísicos dos

metamorfitos granulíticos da porção sudoeste da Folha Maracás, Bahia. Trabalho Final

de Graduação, IG-UFBA, Salvador – Ba. 2012.

TEIXEIRA L.R. O Complexo Caraíba e a Suíte São José do Jacuípe no Cinturão

Salvador – Curaçá (Bahia, Brasil): petrologia, geoquímica e potencial metalogenético.

Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, Tese de Doutorado, 1997,

202 p.

THOMPSON, A.B., CONNOLLY, J.A.D. Melting of continental crust: Some thermal and

petrological constraints on anatexis on continental collision zones and other tectonics

settings. Journal of Geophysical Research, 1995, 100(B8):15565-15579.

TOMBA, C.L.B. Análise estrutural dos enxames de diques máficos eocretáceos do sul-

sudeste do Brasil. 2012. 133 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2012.

TWISS, R. J. & MOORES, E. M. 2003. Structural Geology. W.h. Freeman and Company,

New York, 532 p.

Page 138: MAPEAMENTO E GEOLOGIA ESTRUTURAL DAS ROCHAS … · 2 universidade federal da bahia instituto de geociÊncias eduardo luiz vieira carrilho mapeamento e geologia estrutural das rochas

138

VAN DER PLUIJM, B. A. & MARSHAK, S. 2007. Earth Structure: An Introduction to

Structural Geology and Tectonics. 554 p.

WALTHER, J.V.; ORVILLE, P.M. Volatile Production and Transport in Regional

Metamorphism, Contribuitions to Mineralogy and Petrology, v. 79, p. 252-257, 1982;

WERNICK, E. Rochas Magmáticas: Conceitos Fundamentais e Classificação Modal,

Química, Termodinâmica E Tectônica. São Paulo-SP, Ed. Unesp. 2004. 655 p.

WILSON, N. Combined Sm-Nd, Pb/Pb and RbSr geochronology and isotope

geochemistry in polymetamorphic precambrian terrains: examples from Brazil and

Channel Island, U.K..Oxford University. U.K., Dissertação de Mestrado, 1987, s/p.

WINGE, M. Evolução dos terrenos granulíticos da Província Tocantins, Brasil Central. 1

v. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências, Universidade de Brasília - UnB, 1995.

WINKLER, H.G.F. Petrogênese das Rochas Metamórficas. 4°Edição. São Paulo: Editora

Edgar Blücher LTDA - SP, 1977. 257p;

WINTER, J.D. 2001. An Introduction to Igneous and Metamorphic Petrology. Prentice

Hall, 699p.

YARDLEY, B.W.D., 1989. Introdução a petrologia metamórfica; Traduzido por Reinhardt

A. Fuck. Brasília: Editora Universidade de Brasília-DF, 1994.

http://www.sei.ba.gov.br