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Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE)
PresidentaLucia Carvalho Pinto de Melo
Diretor Executivo
Marcio de Miranda Santos
DiretoresAntonio Carlos Filgueira GalvoFernando Cosme Rizzo Assuno
Edio e reviso / Tatiana de Carvalho Pires
Projeto grfico e diagramao / Andr Scofano e Paulo Henrique Gurjo
Grficos / Eduardo Oliveira e Paulo Henrique Gurjo
Capa / Eduardo Oliveira e Paulo Henrique Gurjo
Centro de Gesto e Estudos EstratgicosSCN Qd 2, Bl. A, Ed. Corporate Financial Center sala 110270712-900, Braslia, DF
Telefone: (61) 3424.9600http://www.cgee.org.br
Esta publicao parte integrante das atividades desenvolvidas no mbito do Contrato de Gesto CGEE/MCT/2007.
Todos os d ireitos reservados pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE). Os textos contidos nestapublicao podero ser reproduzidos, armazenados ou transmitidos, desde que citada a fonte.Impresso em 2008
C389mMar e Ambientes Costeiros - Braslia, DF : Centro de Gesto e
Estudos Estratgicos, 2007.
323 p.; Il.; 24 cmISBN - 978-85-60755-05-9
1. Recursos Marinhos. 2. Explorao Sustentvel. 3. MudanasClimticas. I. CGEE. II. Ttulo.
CDU 351.797
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Superviso:ntonio arlos ilgueira alvo
Consultores:elmiro endes de astro (coordenador)bio Hissa ieira HazinKaiser onalves de ouza
Equipe Tcnica CGEE:ntonio Jos eixeira (coordenador)
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rasil possui cerca de mil km de litoral e pode chegar a ter controle jurisdicional sobre uma rea
marinha de , milhes de km, ou mais da metade da rea do territrio brasileiro emerso, que de
, milhes km. ssim, o componente mar e ambientes costeiros deve necessariamente ser parte
integrante de qualquer estudo que envolva a dimenso territorial brasileira e o aproveitamento sus-
tentvel dos seus recursos naturais.
interao entre o homem e o mar no territrio nacional proporciona um grande nmero de
oportunidades econmicas, sociais e de integrao, o que, em contrapartida, acarreta uma quanti-
dade considervel de problemas ambientais. s caractersticas geogrficas e de ocupao territorial
conferem ao rasil uma posio estratgica privilegiada em termos de explotao sustentvel dos
recursos do mar, incluindo no s a pesca, o transporte, o lazer e a segurana, mas tambm a ex-
plotao mineral.
odavia, para que a explotao seja sustentvel indispensvel o conhecimento dos processos oce-
nicos e dos recursos marinhos, o que s pode ser atingido por meio da pesquisa cientfica e tecno-
lgica. ornam-se igualmente importantes tanto a formao de pessoal como a divulgao desse
conhecimento nos mais diferentes mbitos da sociedade, a fim de promover o desenvolvimento e a
consolidao de uma conscincia ambiental sobre o uso do mar e de seus recursos.
presente estudo visa construo de uma agenda de prioridades para orientar o estabelecimento
de estratgias governamentais relativas ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico em temas liga-
dos ao mar, explorao sustentvel de recursos marinhos existentes em reas de grande interesse
para o rasil no tlntico ul e quatorial, e aos estudos necessrios para elucidar o papel dessas re-
gies ocenicas no clima sobre o territrio nacional.
aptulo introduz o tema geral do documento. aptulo trata do arcabouo legal, nacional
e internacional, a respeito dos recursos do mar. aptulo apresenta os principais recursos mine-
rais conhecidos no spao arinho rasileiro, e discute a sua importncia socioeconmica e polti-co-estratgica. aptulo contm a descrio dos recursos vivos e prope formas sustentveis de
seu aproveitamento. aptulo apresenta as atividades de cincia e tecnologia () necessrias
para validar a ocupao e a apropriao sustentvel dos recursos marinhos de interesse para o rasil,
bem como discute a importncia do tlntico ul e quatorial para o clima do pas.
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s horizontes temporais propostos para este estudo, , , e , esto em consonnciacom o Projeto Brasil empos, preparado pelo cleo de ssuntos stratgicos da residncia da
epblica, em que os objetivos nacionais estratgicos seriam implementados progressivamente, a
partir de instrumentos interativos entre o governo e a ao. estudo leva em considerao fatos
portadores de futuro, aqueles sobre os quais no temos controle e que determinaro uma situao
inevitvel, em funo da qual deveremos tomar providncias cabveis.
o que concerne aos recursos minerais, destacam-se os seguintes fatos portadores de futuro:
xausto das reservas e restries ambientais para a minerao de recursos minerais
continentais;
rescente explorao mineral em guas cada vez mais profundas;
roso costeira;
rescente dependncia nacional dos fertilizantes importados;
orrida internacional para requisio de stios de explorao mineral na rea internacional
dos oceanos.
estudo tambm aborda aspectos relacionados, entre outros, a :
ecursos minerais e reas geogrficas prioritrias;
ulnerabilidade ambiental;
rcabouo legal;
bstculos ao desenvolvimento da pesquisa mineral e lavra de recursos minerais
marinhos;
es prioritrias;
novao e desenvolvimento cientifico e tecnolgico;
apacidade instalada.
e forma a dar as devidas prioridades aos recursos minerais, estes foram subdivididos em dois
grupos distintos:
queles situados na plataforma continental brasileira (PCB) que tm valor socioecon-
mico, pois podem movimentar a economia e gerar empregos no curto e mdio prazos;
queles situados no tlntico ul e quatorial, em reas adjacentes PCB, que tm valor
poltico-estratgico, pois sua identificao e requisio de reas de explorao junto u-
toridade nternacional dos undos arinhos (rganizao das aes nidas, ONU) ga-
rantem a ampliao da presena do pas em reas internacionais, especialmente naquelas
adjacentes plataforma continental juridica brasileira.
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estudo mostra que entre os recursos minerais prioritrios de valor socioeconmico figuram emprimeiro plano os agregados (areias e cascalhos). sses bens minerais tm especial interesse para a in-
dstria da construo civil e para a recuperao de praias erodidas. calcrio bioclstico representa
igualmente um recurso prioritrio, face importncia da sua utilizao como fertilizante, rao ani-
mal, complemento alimentar, implante em cirurgia ssea, indstria cosmtica e no tratamento de
gua e esgotos domsticos e industriais. s plceres de minerais pesados (cassiterita, ouro, diamante,
ilmenita, rutilo, zirco, monazita e magnetita, entre outros) foram indicados na mesma ordem de
prioridade, apesar de serem considerados menos urgentes do que os precedentes. or sua impor-
tncia como fertilizantes, as rochas fosfticas (fosforitas) fecham o ciclo de prioridade .
prioridade coube aos recursos energticos, o carvo e os hidratos de gs, que tm despertado o
interesse de cientistas, de rgos pblicos e da iniciativa privada. utros depsitos categorizados no
mesmo patamar incluem o enxofre e o potssio. ntre os recursos minerais da rea internacional dos
oceanos que apresentam valor poltico-estratgico destacam-se, em ordem de prioridade, as crostas
cobaltferas, os sulfetos polimetlicos e os ndulos polimetlicos. s crostas cobaltferas so aponta-
das como prioridade por serem abundantes na rea da levao do io rande, regio contgua aolimite externo da PCB que j vem atraindo interesse de outros pases para futuras exploraes. ma
das razes para a escolha de sulfetos polimetlicos como segunda prioridade reside no fato de que
esse recurso ocorre associado a organismos de interesse biotecnolgico de alto valor comercial.
ste estudo mostra que a tecnologia marinha brasileira teve um grande desenvolvimento na rea do
petrleo e do gs . o que diz respeito explorao de recursos minerais no-petrolferos, entretan-
to, o desenvolvimento foi quase nulo. ontudo, existe no rasil um grande potencial para adaptar e
inovar a tecnologia existente para a explorao de recursos minerais no-petrolferos da PCB e reas
ocenicas adjacentes.
odo tipo de explorao de recursos minerais marinhos implica impacto ambiental. o entanto,
esse impacto pode ser minimizado pelo uso de tecnologias adequadas. lm disso, toda atividade
de explorao mineral marinha deve ser precedida pela elaborao de estudos de impacto ambien-
tal que tambm identifiquem possveis medidas mitigadoras. m alguns casos, ao menos at que as
questes ambientais possam ser satisfatoriamente resolvidas, a extrao no deve ser permitida. eoutro lado, a criao de reas protegidas ou de conservao sem que haja um conhecimento geol-
gico adequado da rea submersa baseado em cartografia morfo-sedimentar em escala apropriada,
pode ser considerada um obstculo ao desenvolvimento sustentvel de recursos minerais e energ-
ticos marinhos, que poderiam trazer progresso e incluso social para localidades litorneas, muitas
vezes desprovidas de qualquer atividade econmica.
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s instrumentos legais referentes minerao marinha existentes no rasil foram amplamente dis-cutidos neste estudo. o entanto, as peculiaridades do ambiente marinho demandam que sejam
criados instrumentos especficos na legislao mineral e ambiental, a fim de que a pesquisa e a lavra
mineral sejam desenvolvidas de forma sustentvel, incluindo ainda a necessidade de que a atividade
pesqueira e as outras atividades marinhas sejam convenientemente protegidas. ssas sugestes te-
ro aplicao mais direta na explorao de granulados e plceres, pois so eles os recursos minerais
passveis de explorao em curto prazo, j havendo demanda para eles no rasil. legislao am-
biental muito extensa, avanada e conflitante, o que vem criando uma srie de dificuldades para
sua aplicao e requer uma compatibilizao. o entanto, uma vez criados esses instrumentos, suaaplicabilidade ainda pode ser comprometida pela falta de pessoal especializado e de recursos ma-
teriais para aplic-los, assim como pela falta de integrao entre os rgos fiscalizadores, no caso o
epartamento acional de roduo ineral (DNPM) e o nstituto rasileiro do eio mbiente e
dos ecursos aturais enovveis (bama).
ntre as aes prioritrias a serem implementadas nos diferentes horizontes temporais com vistas
efetiva ocupao do mar brasileiro e ampliao da presena brasileira no tlntico ul e quatorialde forma racional e sustentvel nos planos regional, nacional e internacional, destacam-se:
ampliao e o fortalecimento de redes de pesquisa de forma a nortear a avaliao do
potencial mineral marinho e a caracterizao tecnolgica dos recursos minerais de inte-
resse socioeconmico;
criao de um centro nacional de gesto de meios flutuantes e equipamentos ocea-
nogrficos e de geologia e geofsica marinha, de forma a otimizar e viabilizar uma infra-
estrutura bsica de pesquisa marinha; sistematizao e a integrao de informaes geolgicas e geofsicas da PCB e das reas
ocenicas adjacentes por meio da construo de um anco de ados eoreferenciados
associado a um istema de nformaes eogrficas (SIG) e pela elaborao de docu-
mentos normativos para o levantamento e armazenamento das informaes geolgicas
e geofsicas;
realizao de levantamentos sistemticos visando a identificar as caractersticas geol-
gicas e geomorfolgicas do fundo marinho e do subsolo da PCB de modo a identificar asdiferentes feies geolgicas que a caracterizam;
identificao de reas de ocorrncia de novos recursos minerais e o levantamento de
informaes geolgicas de base para o manejo e a gesto integrada da PCB e da zona cos-
teira associada;
realizao de estudos de viabilidade tcnica, econmica e ambiental para subsidiar a po-
ltica de planejamento e gesto da PCB e da zona costeira e as entidades reguladoras, por
meio da definio de critrios tcnicos para a explorao desses recursos minerais;
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elaborao e implementao de um plano de fortalecimento das instituies de pes-
quisa do pas, incluindo um programa de formao e capacitao de recursos humanosna rea de cincia e tecnologia;
ampliao das atividades de pesquisa e o incio de atividades de lavra mineral de plce-
res e granulados siliciclsticos e carbonticos na PCB;
ampliao de atividades de recuperao da costa brasileira, com base em inventrio da
potencialidade de areia da plataforma continental interna;
avaliao e adequao da legislao mineral e ambiental com vistas a sistematizar, racio-
nalizar e modernizar o marco legal dessa atividade, levando em conta as especificidadesdos recursos minerais marinhos;
incio da pesquisa mineral na rea internacional dos oceanos e a requisio de stios de
explorao utoridade nternacional dos undos arinhos (ONU) em regies adjacentes
PCB com o objetivo de ocup-las antes que sejam requisitadas por outros pases;
estabelecimento de cooperaes internacionais e regionais que fortaleam a presena
do rasil no tlntico ul e quatorial, tanto no que diz respeito pesquisa de conheci-
mento do ambiente marinho como pesquisa mineral;
gerao e/ou adaptao de novas tecnologias de pesquisa mineral e lavra aliceradas na
sustentabilidade ambiental, social e econmica da atividade;
consolidao do setor mineral marinho alicerada sobre uma base produtiva social, eco-
nmica e ambientalmente sustentvel, realizando uma explorao mineral plena e ade-
quadamente ordenada, com base em instrumentos de gesto modernos, transparentes e
participativos, incluindo a utilizao de reas marinhas protegidas e com uma estrutura
de fiscalizao gil e eficiente.
m virtude de o estado da arte do desenvolvimento tecnolgico possibilitar a explorao sustent-
vel dos recursos minerais dos fundos marinhos em profundidades cada vez maiores e considerando
que as atividades de explorao desses recursos movimenta de forma grandiosa a economia de v-
rios pases, com a gerao de elevado nmero de empregos, o rasil, pas com grande tradio na
atividade da minerao, deve desenvolver polticas e aes que garantam s geraes vindouras um
patrimnio de recursos naturais j considerado estratgicos para um futuro no muito distante.
m relao aos recursos vivos do mar, o estudo contextualiza inicialmente a produo brasileira de
pescado em relao ao resto do mundo. egundo a ood and gricultural rganization (FAO), em
a produo mundial de pescado por captura situou-se prxima a milhes de toneladas,
cerca de acima da quantidade de anos antes. esse mesmo perodo, a produo de pesca-
do pela aqicultura cresceu de pouco mais de , milhes de toneladas para cerca de , milhes,
um crescimento da ordem de vezes. inda segundo a FAO (), em mais da metade ()
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dos estoques pesqueiros marinhos mundiais encontrava-se sob explotao plena, enquanto cerca
de estavam sobre-explotados, exauridos ou em recuperao, de forma que apenas cerca de /
dos estoques () apresentavam alguma possibilidade de ampliao da produo. concluso
de que a produo mundial de pescado por captura j se encontra no limite de sua capacidade m-
xima sustentvel, no havendo, portanto, maiores perspectivas para o seu crescimento.
o longo da histria, a utilizao dos recursos vivos do mar no rasil, como objeto da atividade pes-
queira, tem ocorrido de forma desordenada e mal planejada, estando centrada, quase que exclusi-
vamente, sobre os recursos costeiros. omo conseqncia, atualmente grande parte dos estoquespesqueiros marinhos encontra-se plenamente explotada ou em situao de evidente sobrepesca.
m funo do declnio da produtividade, o setor pesqueiro vem enfrentando uma grave crise eco-
nmica e social. lm da precria condio de muitos estoques, que se encontram sob intenso
esforo de pesca, mtodos inadequados de manuseio, beneficiamento, conservao e transporte
contribuem para reduzir drasticamente a qualidade do pescado. sso ocorre tanto a bordo como ao
longo do trajeto produtor-consumidor, elevando o ndice de perdas e, conseqentemente, agregan-
do custos indesejveis ao preo final do pescado. insuficincia de dados estatsticos consistentessobre a atividade pesqueira constitui outro grave problema para o pas, dificultando sobremaneira o
diagnstico adequado do real estado dos estoques pesqueiros e do prprio processo de sua explo-
tao. produo pesqueira no rasil apresentou crescimento vertiginoso a partir de , em funo
de um intenso processo de industrializao promovido a reboque dos incentivos fiscais institudos pelo
ecreto-ei n (BRASIL, a). o incio da dcada de , a produo pesqueira do rasil chegou
a atingir valores prximos a milho de toneladas (. t em ), declinando a partir de ento para
pouco mais de mil t em . ntre e , a produo nacional de pescado voltou a oscilar
em torno de milho de toneladas. crescimento observado em anos recentes ocorreu particular-mente em funo do aumento da produo oriunda da pesca ocenica e de cultivo.
pesar de possuir uma das maiores linhas de costa do mundo, com . km, e perto de , mi-
lhes de km de zona econmica exclusiva, o rasil produz apenas cerca de mil toneladas pela
pesca martima, o que representa somente , da produo mundial. principal causa para a bai-
xa produo pesqueira nacional reside no fato de as condies oceanogrficas na costa brasileira no
favorecerem a ocorrncia de processos de enriquecimento do ambiente marinho. m relao s esp-cies ocenicas, como os atuns e afins, a produo nacional responde por cerca de apenas do to-
tal produzido no ceano tlntico. mbora no que cabe pesca costeira e de plataforma existam
poucas perspectivas de aumento de produo, a posio ocupada pelo pas no cenrio da pesca
ocenica no se justifica, j que ele encontra-se estrategicamente bem situado em relao s reas
de ocorrncia das principais espcies ocenicas no tlntico, com grande vantagem comparativa
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em relao a outras naes com tradio pesqueira. mesmo aplica-se maricultura, na qual
marcante o contraste entre o potencial do pas e o seu atual nvel de produo.
evido deficincia tecnolgica para cultivo em guas profundas, a maricultura no rasil tem se
desenvolvido em guas costeiras de pouca profundidade. elevado grau de poluio e a degrada-
o dos hbitats costeiros comprometem a qualidade da gua, o que pode, em decorrncia, afetar
severamente a sanidade dos organismos cultivados e sua produtividade, assim como a qualidade
dos produtos do cultivo. sse quadro se agrava na proximidade dos grandes centros urbanos, jus-
tamente onde h maior disponiblidade de infra-estrutura e de facilidades logsticas, fatores que socruciais para a rentabilidade econmica da atividade. s inmeros conflitos de uso de reas de cul-
tivo se devem tanto pouca disponibilidade dessas reas, quanto ao fato de elas se situarem prxi-
mas de locais que abrigam ecossitemas frgeis, a exemplo de recifes e manguesais. ara reduzir esses
conflitos com a sociedade em geral e com outros setores produtivos, faz-se necessria a criao de
polticas pblicas e de diretrizes claras e bem definidas, especialmente quantro aos espaos onde a
atividade possa se desenvolver de forma ambientalente sustentvel.
s problemas enfrentados pela pesca extrativa brasileira, por sua vez, incluem o sobre-dimensiona-
mento dos meios de produo, a abundncia relativamente baixa dos recursos pesqueiros marinhos
em funo da reduzida produtividade de nossas guas, a degradao ambiental dos ambientes cos-
teiros em decorrncia da ao antrpica, particularmente a poluio (urbana, agrcola e industrial)
nas reas mais prximas aos grandes centros urbanos, o esforo de pesca excessivo e concentrado
sobre um pequeno grupo de recursos tradicionalmente pescados, a utilizao de padres de pesca
inadequados e predatrios, e o baixo nvel de conscientizao do setor produtivo.
m relao aos recursos pesqueiros de guas profundas no talude continental, os dados disponveis
confirmam que eles so, em geral, pouco produtivos, no apresentando nveis de biomassa suficien-
temente elevados para garantir a explotao industrial em larga escala. pesar de relativamente re-
duzidos em termos de volume, contudo, esses recursos podem aportar uma importante contribui-
o ao setor pesqueiro nacional, particularmente em funo do seu valor de mercado, normalmente
bastante elevado.
principal alternativa para o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional, porm, excetuando-se
a aqicultura, reside certamente na pesca ocenica, voltada para a captura de atuns e peixes afins
(espadarte, agulhes e tubares), os quais apresentam uma srie de vantagens comparativas em rela-
o aos recursos costeiros, entre as quais se destaca o fato de o seu ciclo de vida ser completamente
independente dos ecossistemas costeiros, j intensamente degradados. ma vantagem adicional
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que, desde que adequadamente planejado, o desenvolvimento da pesca ocenica nacional poderia
resultar na reduo do esforo de pesca sobre os estoques costeiros, j sobre-explotados.
rios so os entraves, porm, para o desenvolvimento da pesca profunda e ocenica no pas, com
destaque para a falta de mo-de-obra especializada, de tecnologia e de embarcaes adequadas, as
quais, devido ao seu elevado custo, encontram-se comumente muito alm da capacidade de inves-
timento das empresas de pesca brasileiras. ara que o rasil consiga, portanto, ampliar a sua par-
ticipao na pesca ocenica, precisar ampliar quotas de captura, consolidar uma frota pesqueira
nacional, formar mo-de-obra especializada e gerar conhecimento cientfico e tecnolgico sobre asespcies explotadas.
m termos de infra-estrutura logstica, h uma grande necessidade de um nstituto acional de es-
quisa e esenvolvimento esqueiro (INPDP), que deveria ser dotado de pelo menos duas embarca-
es modernas multi-especficas para o desenvolvimento de pesquisas sobre os recursos pesqueiros
do rasil. lm disso, necessrio o treinamento de pescadores, estudantes de scolas cnicas de
esca e alunos dos cursos de ngenharia de esca j existentes no pas, assim como dos cursosafins, como ceanografia e iologia arinha. ensino tcnico de nvel mdio deveria ser reforado
a partir da criao de novas unidades e do fortalecimento das j existentes, de forma a possibilitar o
treinamento de mo-de-obra especializada para a pesca industrial, como patres de pesca, moto-
ristas, pescadores, geladores, etc.
onsiderando-se que a disponibilidade de informaes fidedignas sobre a realidade do setor pes-
queiro nacional condio essencial para um adequado planejamento e ordenamento da pesca, o
controle estatstico da atividade pesqueira deveria ser substancialmente melhorado, por meio deuma rede de coletores nos principais pontos de desembarque, um controle mais efetivo do istema
de apas de ordo e o acompanhamento sistemtico dos desembarques. esse sentido, seria de
fundamental importncia, tambm, a criao de um anco acional de ados esqueiros (BNDP)
que agregasse todas as informaes relativas s diferentes modalidades de pesca existentes no rasil,
principalmente no que se refere estatstica das capturas, ao cadastro da frota em operao, ao
monitoramento por satlite dessa frota, ao embarque de observadores de bordo, fiscalizao,
legislao em vigor, etc.
s rgos governamentais gestores da pesca no rasil tm sido incapazes de formular, estabelecer
e aplicar uma poltica pesqueira capaz de conduzir os legtimos interesses do setor de forma satisfa-
tria. al incapacidade decorre diretamente da estrutura institucional equivocada, com trs rgos
federais responsveis pela pesca no pas a ecretaria special de qicultura e esca da residncia
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da epblica (eap/PR), o inistrio da gricultura, ecuria e bastecimento (apa), e o nstituto
rasileiro do eio mbiente e dos ecursos aturais enovveis (bama) , no havendo sintonia
nem coerncia entre eles. organizao institucional deveria ser, assim, unificada em torno de um
s rgo com a estrutura necessria consecuo de uma poltica pesqueira nica para o pas. ma
alternativa seria a elevao da atual eap/PR ao status de inistrio de qicultura e esca, com
infra-estrutura para atender a todas as demandas da pesca e da maricultura, porm com orientao
mais tcnica e menos poltica, atuando em sinergia com os diversos ministrios que possuem inter-
faces com a atividade pesqueira como, por exemplo, os do eio mbiente, da efesa (por interm-
dio da ecretaria da irm, rgo da arinha), da ducao, da incia e ecnologia, do esenvolvi-mento, da ndstria e omrcio e das elaes xteriores.
or fim, o desenvolvimento do setor pesqueiro nacional deveria ser pautado por um lano de e-
senvolvimento esqueiro, como j houve em outras pocas no pas, alicerado num processo de
articulao interministerial, no s em relao aos recursos vivos do mar, mas a todos os demais, in-
cluindo os recursos no-vivos, o turismo, etc. al coordenao deveria caber omisso nterminis-
terial para os ecursos do ar (irm), que j tem essa misso e essa prerrogativa institucional, sendocontudo necessrio e urgente, para o pleno e adequado cumprimento de sua finalidade, que ela seja
consideravelmente fortalecida poltica e estruturalmente.
m relao cincia e tecnologia marinhas (C&TM), que compreende tanto a pesquisa bsica como a
pesquisa aplicada, o estudo aponta direes para minimizar os impactos negativos do homem sobre
os ambientes marinhos e dos oceanos e das regies costeiras sobre a sociedade. ssim sendo, a ativi-
dade de pesquisa em C&TM est intrinsecamente ligada criao de metodologias, veculos e instru-
mentos que possibilitem acesso eficiente, eficaz, rpido e de baixo custo ao meio ambiente marinho.
onceitualmente, o captulo de C&TM foi dividido em trs conjuntos que interagem entre si, a saber:
clima, ecossistemas marinhos e oceanografia operacional/tecnologia, que sero apresentados sucin-
tamente a seguir.
e acordo com o International Panel on Climate Change (IPCC), a emisso de gases estufa por aes
antrpicas provoca mudanas significativas na dinmica da atmosfera, com fortes implicaes so-cioeconmicas. lm disso, eltier e ushingham () postulam que o nvel global dos oceanos
aumentou cerca de mm por ano no sculo , taxa esta que, provavelmente, foi muito menor no
milnio anterior. ntretanto, o quadro observacional para o oceano muito esparso e intermitente,
com exceo da viso por satlite da superfcie do mar. or exemplo, no h dados para enormes
reas do ceano tlntico ul e quatorial.
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rente a esse quadro, e reconhecendo que preciso avaliar o provvel impacto das mudanas glo-
bais no ceano tlntico ul e quatorial, imprescindvel a formao de recursos humanos de alto
nvel, inclusive em instituies de pesquisa de ponta do exterior. endo em conta o enorme inte-
resse cientfico da ceanografia sica e das suas aplicaes tecnolgicas nos estudos sobre o clima,
impe-se que seja dada prioridade formao de recursos humanos nessa rea do conhecimento
de forma a suprir a falta de especialistas devidamente qualificados em nmero suficiente para sanar
deficincias com que o pas ainda hoje se debate. ssim, faz-se necessrio investir no rigoroso treina-
mento de pessoal, de forma a constituir um quadro que domine as modernas tcnicas e os mtodos
de observao, anlise e previso oceanogrfica.
o que tange aos ecossistemas marinhos, a ameaa representada pelas mudanas climticas e pela
perda da biodiversidade global fez com que a preocupao com a qualidade ambiental e a susten-
tabilidade dos recursos no-renovveis e renovveis, marinhos e terrestres, passasse a ocupar lugar
de destaque na agenda de todos os setores da comunidade internacional. rgos governamentais,
empresas privadas e sociedade civil organizada buscam parcerias multissetoriais para a soluo des-
ses conflitos em todas as esferas de deciso nacional e internacional.
esse contexto, a sociedade brasileira ainda no est suficientemente informada sobre o papel cru-
cial do mar territorial em todos os aspectos de seu legado histrico e cultural e de seu arcabouo
socioeconmico. Quase uma dcada aps o "elatrio da omisso acional ndependente obre
os ceanos" () ter descrito e avaliado o potencial martimo brasileiro como fonte de recursos
vivos e no-vivos, ainda h enormes lacunas no seu aproveitamento racional . omo prprio da
natureza marinha, essas lacunas precisam ser preenchidas com aes multidisciplinares, interminis-
teriais e, obrigatoriamente, multissetoriais.
o que se refere ceanografia peracional (cp), ela difere da pesquisa acadmica caracteri-
zada pela coleta intermitente de dados para a realizao de estudos cientficos pois requer a coleta
contnua de informaes e a sua disponibilizao em curto espao de tempo para tomadas de deci-
so. lm do mais, tais dados devem ser aplicados por meio de tcnicas de assimilao em modelos
numricos de previso ocenica, cujos resultados tambm devem ser disponibilizados para todo o
pblico em ambiente aberto de rede.
ode-se dizer que a cp caracteriza-se pela nfase na preparao de equipamentos e sensores, nas
suas calibraes, na instalao de equipamentos no mar e na coleta, na edio, no processamento
e na interpretao rotineira de dados, com o intuito de: gerar descrio acurada do estado presen-
te do mar, incluindo os recursos vivos; gerar continuamente prognsticos das condies futuras do
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mar; e analisar dados paleoceanogrficos, provendo descrio de estados passados e sries tempo-
rais mostrando tendncias e mudanas.
ntretanto, para que se processem de forma sustentvel, as atividades econmicas, de proteo am-
biental, de pesquisa e de coleta de dados operacionais no mar exigem um forte apoio tecnolgico.
as ltimas dcadas a tecnologia submarina diretamente relacionada explorao e produo de
petrleo e gs no mar progrediu rapidamente no pas,. al avano permitiu consolidar na indstria
do petrleo a imagem do rasil como lder de produo em guas profundas.
utra rea da tecnologia marinha importante para o rasil, no mdio e longo prazos, o desenvolvi-
mento de instrumentos e veculos para monitoramento e medies. implantao da ceanogra-
fia peracional sugerida neste documento, em consonncia com a tendncia internacional, requer
o monitoramento medies contnuas dos processos costeiros e ocenicos, tal como as esta-
es meteorolgicas realizam rotineiramente com a atmosfera. raticamente no h instrumentos
autnomos para medies contnuas de parmetros marinhos fabricados no rasil. onsiderando a
demanda por esse tipo de instrumentao, por conta da extenso da costa e das guas jurisdicionaisbrasileiras, bem como as possibilidades de exportao para a mrica atina, possvel que empre-
sas nacionais encontrem nichos nesse mercado de alta tecnologia.
iante da exposio at aqui realizada, e mais detalhadamente apresentada ao longo do captulo,
foram identificados os seguintes fatos portadores de futuro que exigem providncias de curto,
mdio e longo prazos para a C&TM:
udanas climticas; udana no paradigma de explotao de recursos do mar;
cupao e utilizao imprprias da zona costeira;
xpanso das atividades de explotao de leo e gs na margem continental.
ara fazer f rente a esses fatos portadores de futuro, foram propostos os seguintes projetos estrutu-
rantes para os horizontes temporais de curto (), mdio () e longo ( e ) prazos:
stabelecimento da ceanografia peracional, contemplando uma rede de monitora-
mento ambiental marinho, plataformas para coleta de dados e estruturao de banco de
dados oceanogrficos;
evitalizao e conservao da zona costeira voltadas ao combate poluio marinha,
eroso e ao assoreamento;
ivulgao da incia e ecnologia do ar, a se incluindo cursos de divulgao para alu-
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nos de ensino mdio, cursos para professores do ensino fundamental e mdio voltados
para a incluso das cincias do mar nos currculos tradicionais, implantao de oceanriose divulgao das informaes provenientes de programas e projetos de pesquisa por meio
eletrnico;
stabelecimento de arques ecnolgicos arinhos, que compreendam atividades de
maricultura offshore , fazendas de biotecnologia, extrao de biodiesel da biomassa ma-
rinha e energia renovvel.
as a implementao de tais projetos requer uma srie de facilidades de infra-estrutura que ainda
no existem no pas. coleta de dados deve ser contnua e expandida sempre que possvel. ma-nuteno das estaes autnomas fundeadas e das estaes costeiras envolve tarefas que, apesar
de rotineiras, precisam ser cumpridas em tempo hbil para que no haja perda de dados nem de-
gradao da qualidade das informaes.
construo ou aquisio de navios oceanogrficos, bem como sua manuteno e operao,
fundamental para que os projetos estruturantes sejam implementados. administrao, o geren-
ciamento e a operao dessas embarcaes devem ser geis e eficientes, pois alm de cruzeirosoceanogrficos pr-agendados sero necessrias viagens emergenciais para a manuteno sbita ou
a recuperao inesperada das estaes autnomas fundeadas.
m conformidade com uma poltica de coleta de dados in situ, deve haver garantia de futuras mis-
ses de satlites brasileiros que contemplem a necessidade de aquisio de dados ocenicos, com
particular ateno para o monitoramento de eventos extremos que se desenvolvem no mar e afe-
tam a zona costeira e a rea continental adjacente.
manuteno e a atualizao sistemtica e contnua dos laboratrios e dos equipamentos ocea-
nogrficos, com especial ateno calibrao de sensores e instrumentos conferindo aos dados o
padro de confiabilidade exigido pelos projetos estruturantes , um forte requisito que necessita
de infra-estrutura adequada e eficiente.
inda, a partir do aprimoramento da infra-estrutura existente e de outras que venham a ser cria-
das, deve-se buscar um sistema de informaes oceanogrficas que possa harmonizar os padresde coleta e armazenamento de dados, alm de disponibilizar as informaes aos usurios de forma
gil e eficiente. m outras palavras, deve ser implantado um sistema de aquisio, recepo, proces-
samento, anlise e disseminao de dados e produtos ambientais para as zonas costeira e ocenica
de interesse nacional.
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o necessrios investimentos na infra-estrutura de centros de ensino e pesquisa em C&TM, visando
ao desenvolvimento de tecnologias especficas para o aprimoramento e a expanso da habilidade
em observar o oceano em diversas escalas espaciais e temporais. s investimentos para suporte aos
projetos estruturantes devem ser contnuos e aplicados com a mxima eficincia, evitando redun-
dncias e propiciando desenvolvimento regional harmnico nas diversas reas geogrficas do pas.
ara atender a todos os aspectos de coordenao, gerenciamento, ampliao e manuteno da
infra-estrutura e operao de um sistema harmnico e nacional de C&TM, prope-se a criao de
uma organizao para a administrao ocenica.
ortanto, sugere-se a estruturao de um sistema nacional de C&TM que siga duas vertentes princi-
pais, a saber: interao e dispndio racional de recursos. primeiro modelo baseado no conceito
de redes de conhecimento. segundo fundamentado na operao de um centro nacional. ais
modelos no so excludentes e podem ser combinados, visando ao melhor aproveitamento dos
dois conceitos a eles inerentes, interao e racionalizao.
econhecendo, ento, a capacitao j instalada no pas, seja de infra-estrutura, seja laboratorial, seja
de recursos humanos especializados, propem-se as seguintes aes:
riao de uma ede acional de incias e ecnologia arinha (RNCTM);
anuteno e melhoria da infra-estrutura laboratorial dos centros existentes;
riao de um nstituto acional de ceanografia peracional e ecnologia arinha.
Quando se considera que a C&TM importante no apenas para o aproveitamento dos recursosmarinhos, mas tambm para subsidiar programas e servios com fortes vnculos socioeconmico-
ambientais indiretamente relacionados ao uso sustentvel dos recursos marinhos e ocupao ra-
cional da zona costeira, tais aes tornam-se essenciais para a manuteno e a melhoria da qualida-
de de vida da populao brasileira.
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gua central do tlntico ul
n ssociation ranaise pourltude et la echerche des odules
AL lagoas
A.M. lto mar
AM mazonas
SEDS mazon helf SEDimenttudy
AMRJ rsenal de arinha do io deaneiro
ANA gncia acional das guas
AO valiao operacional
rea(s) de relevante interessepara a minerao
. rtigo
ssistncia cnica e xtensoural
AUV utonomous underwater vehicle
AVHRR dvanced very high resolutionradiometer
BA ahia
BGR undensanstalt freowissenschaften und ohstoffe
BNDO anco acional de adosceanogrficos
BNDP anco acional de adosesqueiros
C&T incia e tecnologia
C&TM incia e tecnologia marinhas
oordenao deperfeioamento de essoal de veluperior
n entro de nlises de istemasavais
C.E. omunidade uropia
CE ear
CEA omissariado para nergiatmica (rana)
entro de studos osteiros ecenicos
entros ederais de nsinoecnolgico
CGEE entro de esto e studosstratgicos
n entro de esquisas daetrobrs
oastal ngineering and esearch
enter
entro de ecnologia ineral
omisso nterministerial para osecursos do ar
onveno sobre o omrcionternacional das spcies da lora eauna elvagem em erigo de xtino
CLC onveno nternacional sobreesponsabilidade ivil por anos
ausados por oluio por leoCNC ontrole numricocomputadorizado
CNCMB omit acional de ontroleiginico-anitrio de oluscos ivalves
CNUDM onveno das aes nidassobre o ireito do ar
CNEN omisso acional de nergiauclear
CNEXO entro acional para axplotao dos ceanos (rana)
CNP onselho acional deesenvolvimento ientfico eecnolgico
CNUDM onveno das aes nidassobre o ireito do ar
CNUMAD onferncia das aesnidas sobre o eio mbiente e
esenvolvimento ompanhia doesenvolvimento do ale do orancisco e do ale do arnaba
COI omisso ceanogrficantergovernamental
ontinental marginenvironments and mineral resources
hina cean ineralesources esearch and evelopmentssociation
n onselho acional de eiombiente
COPPE/UFRJ oordenao dosrogramas de s-graduao de
ngenharia da niversidade ederal doio de aneiro
CPG/ omit onsultivoermanente de esto dos ecursosemersais de rofundidade
CPRM ervio eolgico do rasil
CPTEC entro de reviso de empo estudos limticos
CPUE aptura por unidade de esforo
CTMSP entro ecnolgico da arinhaem o aulo
z oastal zone as a resource on itsown right
DAS ssessoramento uperior
DEN iretoria de ngenharia aval
DGMM iretoria-eral do aterial daarinha
DGN iretoria eral de avegao
DHN iretoria de idrografia eavegao
DNOCS epartamento acional debras ontra as ecas
DNPM epartamento acional deroduo ineral
DOD epartment of ceanevelopment
eep ocean research anddevelopment
DPA epartamento de esca eqicultura
DPC iretoria de ortos e ostas daarinha do rasil
EIA studo de mpacto mbiental
EMA stado aior da rmada
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n l io-outhern oscillation
EPA nvironment rotection gency
EPS xopolissacardios
ES sprito anto
EUA stados nidos da mrica
FAO ood and griculture rganization
FPSO loating productionstorage andoffloading systems
undao niversidade ederaldo io rande
rojeto de eologia arinha
rograma de erenciamentoosteiro
- lobal ea evelbserving ystem-rasil
lobal cean bserving ystem
- lobal cean bservingystem-rasil
GPS lobal ositioning ystem
nstituto rasileiro do eiombiente e dos ecursos aturaisenovveis
ICCAT onveno nternacional para aonservao do tum tlntico
IDH ndice de esenvolvimentoumano
IEAPM nstituto de studos do arlmirante aulo oreira
nstitut ranais de echerchepour lxploitation de la er
IFRPI nternational ood olicyesearch nstitute
I.N. nstruo ormativa
INPDP nstituto acional de esquisa eesenvolvimento esqueiro
n nstituto acional de esquisasspaciais
IOC ntergovernmental ceanographicommittee
istema de ntercmbionternacional de ados e nformaesceanogrficas
IOM nteroceanmetal ointrganization
nstituto ceanogrfico daniversidade de o aulo
IPCC nternational anel on limatehange
IPM nstituto de esquisas da arinha
IPT nstituto de esquisas ecnolgicas
nternational eabed uthority
apan gency for arine-arth cience and echnology
KCON ennecott onsortium
KORDI orean eep-sea esourcesesearch enter
LA icenciamento mbiental
n aboratrio de ecnologiacenica
aboratrio de eologiaarinha do nstituto de eocincias
n aboratrio de nlisesinerais
rograma de evantamento dalataforma ontinental rasileira
ei de egurana do rfegoquavirio em guas sob urisdioacional
LTS aboratrio de ecnologiaubmarina
MA aranho
inistrio da gricultura,
ecuria e bastecimenton ata ase arine ineralsatabase
onveno nternacional paraa reveno da oluio por avios
MB arinha do rasil
MCT inistrio de incia e ecnologia
MEC inistrio da ducao e ultura
ercado omum do ul
MET inistrio do sporte e urismo
MMA inistrio do eio mbiente
MME inistrio de inas e nergia
MMS arine anagement ervice
MNE inistrio dos egciosconmicos (lgica)
MPOG inistrio do lanejamento,ramento e esto
MRE inistrio das elaes xteriores
MT ar erritorial
orte
NAE cleo de ssuntos stratgicos
orth merican ree radedministration
NE ordeste
orma da utoridade
arinhan uclemon nero-Qumica tda.
ceanografia operacional
ODP cean drilling project
OEA rganizao dos stadosmericanos
rgos staduais de eiombiente
OMA cean ining ssociates
OMC rganizao undial doomrcio
OMCO cean inerals ompany
OMI cean anagement ncorporated
ONU rganizao das aes nidas
OPRC onveno nternacional sobrereparo, esposta e ooperao em caso
de oluio por leoOSNLR cean science in elation tonon-living resources
P&D esquisa e desenvolvimento
PA ar
PB araba
PBDCT lano sico deesenvolvimento ientfico eecnolgico
PC lataforma continental
PCB lataforma continental brasileira
PCJB lataforma continental jurdicabrasileira
PE ernambuco
n rograma de ngenhariacenica
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IUU esca ilegal, no-reportada eno-regulada
ompanhia de etrleorasileiro . .
PGGM rograma de eologia eeofsica arinha
PIB roduto nterno ruto
ilot esearch oored rray inthe ropical tlantic
PJB lataforma jurdica brasileira
PLDM lanos ocais deesenvolvimento da aricultura
PMN oltica artima acional
PNCR lano acional de ontrole deesduos
PNGC lano acional deerenciamento osteiro
PNRM oltica acional para osecursos do ar
PNSAA rograma acional de anidadede nimais quticos
PPA lano lurianual
PPG- rograma de onsolidaoe mpliao dos rupos de esquisa es-raduao em incias do ar
PR residncia da epblica
lano de ecuperao de reaegradada
n rograma ntrtico rasileiro- rogramarquiplago o edro e o aulo
rograma acional debservador de ordo
rograma deesenvolvimento ecnolgico deistemas de roduo em guasrofundas
rograma de novaoecnolgica para istemas de xploraoem guas rofundas
rograma ecnolgico daetrobras em istemas de xplorao emguas ltraprofundas
n rograma de ncentivo sontes lternativas de nergia ltrica
rograma de entalidadeartima
n rograma acional daiversidade iolgica
-n rograma rindade
PSRM lano etorial para os ecursosdo ar
n ede de arcinicultura doordeste
rograma de so e propriaodos ecursos osteiros
rojeto de econhecimentolobal da argem ontinental rasileira
rograma de valiao daotencialidade ineral da lataformaontinental urdica rasileira
RMS endimento mximo sustentvel
valiao do otencialustentvel e onitoramento dosecursos ivos arinhos
z rograma de valiao dootencial ustentvel de ecursos vivosna ona conmica xclusiva
elatrio de mpacto mbiental
RJ io de aneiro
RMS endimento mximo sustentvel
RN io rande do orte
RNCTM ede acional de incias eecnologia arinha
ROV emotely operated vehicle
RS io rande do ul
S ul
ociedade nnimainerao rindade
SAR adar de bertura inttica
SC anta atarina
SE ergipe
SE udeste
/PR ecretaria special deqicultura e esca da residncia daepblica
ecretaria da omissonterministerial para os ecursos do ar
SGM ecretaria de eologia, ineraoe ransformao ineral
SIG istema de nformaeseogrficas
n istema acional do eiombiente
SNUC istema acional de nidades deonservao
SP o aulo
SPD istema de posicionamentodinmico
SPF ivres de patgenos especficos
SPR esistentes a patgenos especficos
SPU ecretaria de atrimnio da nio
TBA onelagem(ns) bruta(s) dearqueao
itnio do rasil ..
TM ecnologia marinha
TN/RL/GEN/ rade negotiation
relationship to group on rules
TSM emperatura da superfcie do mar
UCG nderground coal gasification
UE nio uropia
UFF niversidade ederal luminense
UFRGS niversidade ederal do iorande do ul
UFRJ niversidade ederal do io de
aneiron nited ations ducational,cientific and ultural rganization
USGS nited tates eological urvey
USP niversidade de o aulo
VPM alor da roduo ineralrasileira
WWF World Wild oundation
ZC ona contgua
ZEE ona econmica exclusiva
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unidade de presso = brias
centmetro(s)
dixido de carbono
grama(s)
h hora(s)
h hectare(s)
gs sulfdrico grau(s) elsius
k quilograma(s)
k quilmetro(s)
k quilmetro(s) quadrado(s)
litro(s)
libra
metro(s)
metro(s) quadrado(s)
metro(s) cbicos(s)
n minuto(s) milmetro(s)
.n. milhas nuticas
megawatt(s) = watts
pentxido de vandio
porcentagem
parte por milho
reais
dixido de enxofre
tonelada(s) dlares norte-americanos
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2.1 ocalizao da zona econmica exclusiva e da plataforma continental jurdicabrasileira. s limites exteriores da plataforma continental alm das 200 milhasnuticas foram submetidos deliberao na ONU em 2004. 48
2.2 ceano tlntico ul e quatorial, mostrando a localizao das diferentes zonaseconmicas exclusivas (linhas escuras) e a extenso da plataforma continentalbrasileira (linhas claras). 50
3.1 strutura geral de uma rede de cooperao. 134
3.2 xemplo das rim para o territrio nacional terrestre, que poderiam ser utilizadaspara o territrio martimo. 136
4.1 voluo da produo mundial de pescado por captura. 146
4.2 voluo da produo mundial de pescado por aqicultura, em guas continentais(grfico superior) e marinhas (grfico inferior). 147
4.3 voluo da participao percentual dos estoques pesqueiros mundiais que seencontram subexplotados ou moderadamente explotados (underexploited +moderately exploited), plenamente explotados (fully exploited), e sobreexplotados,exauridos ou em recuperao (overexploited + depleted + recovering). 148
4.4 voluo da produo nacional de pescado entre 1997 e 2005 pela pesca marinha,pela pesca continental e pela aqicultura. 153
4.5 voluo da balana comercial de pescado do rasil entre 1996 e 2005. 157
4.6 voluo das exportaes brasileiras de camaro marinho entre 1999 e 2005. 157
4.7 rincipais mercados importadores de produtos de pescado oriundos do rasil em2004 e 2005. 157
4.8 rincipais meios de transporte das exportaes brasileiras de pescado em 2004 e2005. 158
4.9 voluo das capturas nacionais de atuns e afins e do bonito listrado, incluindo a sua
participao relativa no total capturado. 177
4.10 endimento mximo sustentvel, captura total no ceano tlntico e capturanacional das quatro principais espcies de atuns e afins. 177
4.11 voluo da produo nacional das albacoras laje, branca e bandolim, espadartes etubares entre 2000 e 2005. 179
fi
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4.12 voluo da produo brasileira de espadarte oriunda de embarcaes nacionaise arrendadas (nmeros em azul, no interior da figura, indicam os limites
correspondentes s quotas conquistadas pelo pas em 2002) entre 1999 e 2004. 180
4.13 ariao da taxa de cmbio R x US entre janeiro de 2000 e julho de 2007. 182
4.14 ariao do preo do petrleo entre 1997 e 2007. 183
4.15 ariao do preo do espadarte fresco (meka) no mercado norte-americano(ercado ulton, de ova York) entre 1991 e 2004. 183
4.16 voluo da produo nacional dos agulhes negro, branco e vela entre 2000 e 2005. 186
5.1 iviso conceitual das grandes reas prioritrias de C&TM adotada neste documento. 217
5.2 ariao do nvel mdio do mar em milmetros. stimativas de hurch et al. (2004,2006) em cinza; olgate e Woodworth (2004), em azul; e dados de altimetria em preto. 220
5.3 ariao da temperatura mdia entre 1901 e 1998 (painel superior) e da precipitaoanual (painel inferior) relativa mdia climatolgica de 1960 a 1990 (valores de 25oe 1.780 mm, respectivamente). 221
5.4 udanas na temperatura mdia de superfcie, calculadas para o perodo 1960-2100. dia global (painel superior) e rasil (painel inferior) para quatro cenriosde emisses de gases estufa propostos pelo IPCC. s mudanas observadas at 1998esto indicadas pelas curvas e barras em negrito. 222
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Q 3.1 inerais de valor socioeconmico. 125
Q 3.2 inerais de valor poltico-estratgico. 125
Q 4.1 roduo nacional de pescado oriundo da pesca extrativa e da aqicultura, marinhae continental, por stado da ederao, no ano de 2004. 154
Q 4.2 istribuio da frota pesqueira marinha e estuarina cadastrada, por tipo depropulso e stado da ederao, no ano de 2005. 155
Q 4.3 istribuio do nmero de fazendas e reas cultivadas, com suas respectivasprodues de camaro marinho, por stado da ederao, em 2004. 156
Q 4.4 roduo desembarcada de recursos demersais de profundidade nos stados doio de aneiro, de o aulo, de anta atarina e do io rande do ul entre 2000 e2005 (valores em toneladas). 171
Q 4.5 feitos do aquecimento sobre os ambientes marinhos e costeiros (horizontetemporal de aproximadamente cem anos) 212
Q 4.6 ndicadores a serem utilizados no processo contnuo de avaliao e quantificaoda eficcia da proposta. 215
Q 5.1 scalas espaciais e temporais dos principais processos ocenicos. 255
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umrio executivo
ista de siglas e abreviaturas
ista de smbolos
ista de figuras
ista de quadros
presetao
. troduo
. arcabouo legal relativo aos recursos do mar 2.1. nnn 41
2.1.1. efinio dos espaos geogrficos 41
2111 ar erritorial e Zona ontgua 42
2112 Zona Econmica Exclusiva 42
2113 lataforma ontinental 43
2114 rea internacional dos oceanos 452.1.1.4.1. lto mar 45
2.1.1.4.2. rea e autoridade internacional dos fundos marinhos 452115 espao marinho brasileiro 48
2.1.2. mplicaes do arcabouo legal internacional para a explotao dos recursos no-vivos do mar 49
2121 roteo e preservao do ambiente marinho e a explotao de recursos minerais 50
2.1.3. egislao internacional relacionada aos recursos vivos do mar (pesca e aqicultura) 51
2.2. nn 53
2.2.1. oltica nacional para os recursos do mar 53
2.2.2. lano setorial para os recursos do mar 54
2.2.3. ona costeira 55
2.2.4. mplicaes do arcabouo legal nacional para a explotao dos recursos no-vivos do mar 55
2241 Aspectos legais para a pesquisa e a lavra mineral no mar territorial, na plataforma continental e
na zona econmica exclusiva 552.2.4.1.1. onstituio ederal 56
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2.2.4.1.2. egislao mineral 572.2.4.1.3. egislao ambiental 60
2.2.4.1.4. utoridade artima acional 622242 Aspectos legais para a pesquisa e a lavra mineral no mar em outros pases 63
2243 ugestes para a legislao brasileira 70
2.2.5. egislao nacional relacionada aos recursos vivos (pesca e aqicultura) 71
2251 Legislao relativa pesca 71
2252 Legislao relativa aqicultura 73
. ecursos o-vivos da plataforma cotietal brasileira e reas
oceicas adjacetes 3.1. n 77
3.2. n - 82
3.2.1. ecursos minerais da parte internacional dos oceanos 83
3211 dulos polimetlicos 83
3212 rostas cobaltferas 85
3213 ulfetos polimetlicos 85
3.2.2. ncio das atividades de prospeco de ndulos polimetlicos do leito marinho 86
3.2.3. onveno das aes nidas sobre o ireito do ar e o acordo deimplementao da arte XI da onveno 87
3.2.4. ituao econmica e jurdica das empresas de minerao 89
3.2.5. nteresse poltico-estratgico dos recursos minerais da rea 90
3.2.6. reas de interesse de pesquisa mineral para o rasil no tlntico ul e quatorial 91
3.3. n n 92
3.3.1. ranulados siliciclsticos (areias e cascalhos) 94
3.3.2. ranulados bioclsticos (sedimentos calcrios) 96
3.3.3. epsitos de plceres (ilmenita , rutilo, monazita , z irconita , ouro e diamante) 98
3.3.4. osfato 100
3.3.5. vaporitos 102
3.3.6. nxofre 104
3.3.7. arvo 105
3.3.8. idratos de gs 106
3.3.9. utras ocorrncias 108
3.3.10. ona osteira como um ecurso em si 109
3.3.11. mpacto socioeconmico dos recursos minerais da PCB
3.4. n nh 113
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3.4.1. esquisa mineral 113
3.4.2. avra 113
3.4.3. esenvolvimento tecnolgico marinho no rasil 116
3.4.4. aboratrio de ecnologia ubmarina 117
3.4.5. entro de esquisas da etrobras 118
3.4.6. arinha do rasil 120
3.4.7. entro de ecnologia ineral 121
3.4.8. reas de inovao e desenvolvimento cientfico e tecnolgico 122
3.5. n n 1233.5.1. ecursos prioritrios 123
3.5.2. reas prioritrias 125
3.5.3. ssociao com outros tipos de recursos naturais 127
3.5.4. ulnerabilidade ambiental e sustentabilidade da explorao dos recursos minerais doambiente marinho costeiro 128
3.5.5. struturas institucionais e capacidade instalada no pas 131
3.5.6. rincipais obstculos para o desenvolvimento sustentvel 134
3.5.7. Questes estruturantes em relao dimenso territorial 136
3.5.8. atos portadores de futuro 137
3.5.9. rojetos estruturantes 138
3.5.10. orizontes temporais 139
3.6. n n 143
. ecursos vivos
4.1. n 145
4.2. nfi nn n 158
4.2.1. onas osteira e stuarina/ lataforma ontinental 158
4211 Desenvolvimento sustentvel da aqicultura em guas marinhas, estuarinas e costeiras 158
4212 Desenvolvimento sustentvel da pesca martima, estuarina e costeira 165
4.2.2. alude continental/ guas profundas: desenvolvimento sustentvel da pesca em guasprofundas do talude continental 170
4.2.3. ona ocenica e alto-mar : desenvolvimento sustentvel da pesca ocenica 176
4.3. nfi nh 187
4.3.1. esquisas voltadas ao desenvolvimento sustentvel da aqicultura em guas marinhas,estuarinas e costeiras 187
4.3.2. esquisas voltadas ao desenvolvimento sustentvel da pesca martima 190
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4.4. n- n 193
4.5. Q n n 195
4.6. n z n nn/ nz nn 198
4.7. nn 199
4.8. zn 201
4.9. 209
4.10. n nn
n n 214
. icia e tecologia
5.1. n 217
5.2. 218
5.2.1. ntroduo 218
5.2.2. udanas climticas e aumento do nvel do mar 220
5.2.3. bservaes recentes de tendncias climticas de temperaturae precipitao no rasil 221
5.2.4. udanas futuras de temperatura e precipitao no rasil 221
5.2.5. es prioritrias para a explorao racional e sustentvel de recursos marinhos deinteresse socioeconmico e estratgico do tlntico ul e quatorial 222
5.2.6. esafios futuros 225
5.3. nh 226
5.3.1. ntroduo 2265.3.2. lassificao da plataforma continental brasileira e dos recursos marinhos 227
5.3.3. es governamentais 229
5331 arinha do Brasil 232
5332 omisso nterministerial para os ecursos do ar 234
5.3.4. potencial socioeconmico do mar brasileiro 235
5.3.5. proveitamento dos recursos marinhos com tecnologias inovadoras 237
5351 rganizao do espao aqutico marinho 237
5352 onitoramento ambiental 238
5353 essurgncias artificiais 239
5354 ecnologia ROV
5355 Biotecnologia marinha 240
5356 ceanrios educativos 241
5357 Gerao artificial de ondas 242
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5.3.6. mpactos antrpicos 242
5.3.7. spectos geolgicos 245
5.3.8. iscusso 251
5.4. nfi n 252
5.4.1. esenvolvimento de modelos matemticos numricos regionais 253
5.4.2. mportncia das observaes para a oceanografia operacional 254
5.5. n nh 258
5.5.1. onsideraes preliminares 259
5.5.2. nstituies internacionais tomadas como referncia 2615521 nstitut Franais de echerche pour lExploitation de la er (fremer) 261
5522 Japan Agency for arine-Earth cience and echnology (Jamstec) 263
5.5.3. nfra-estrutura para pesquisas em tecnologia marinha no rasil 263
5531 obtica submarina 264
5532 anques ocenicos e de provas 264
5533 maras hiperbricas 264
5534 Desenvolvimento e calibrao de instrumentos oceanogrficos 265
5535 avios e embarcaes de pesquisa 266
5.6. 266
5.6.1. udanas climticas 266
5611 Elevao da temperatura superficial do mar 266
5612 Elevao do nvel mdio do mar 267
5.6.2. udana no paradigma de explotao de recursos do mar 267
5.6.3. cupao e utilizao imprprias da ona osteira 267
5.6.4. xpanso das atividades da explotao de leo e gs na margem continental 268
5.7. n hzn 268
5.7.1. stabelecimento da oceanografia operacional 268
5711 ede de monitoramento ambiental marinho 2695.7.1.1.1. staes costeiras 2015 2695.7.1.1.2. ede de estaes autnomas fundeadas 2015 a 2022 2705.7.1.1.3. ede de derivadores 2015 271
5712 lataformas para coleta de dados 272
5.7.1.2.1. rota de navios de pesquisa 2015 2725.7.1.2.2. atlites oceanogrficos brasileiros 2022 a 2027 273
5713 Estruturao de banco de dados oceanogrficos 2015 274
5.7.2. evitalizao e conservao da ona osteira 275
5721 oluio marinha 2015 275
5722 Eroso e assoreamento 2015 275
5.7.3. ivulgao da cincia e tecnologia do mar 277
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5731 ursos de divulgao para alunos de ensino mdio 2015 277
5732 ursos para professores do ensino fundamental e mdio voltados para a incluso das cincias
do mar nos currculos tradicionais 2015 2775733 ceanrios 2015 a 2022 278
5734 Divulgao das informaes provenientes de programas e projetos de pesquisa por meio
eletrnico 2015 278
5.7.4. stabelecimento de parques tecnolgicos marinhos 278
5741 aricultura offshore 2015 a 2022 278
5742 Fazendas de biotecnologia 2015 a 2022 279
5743 Extrao de biodiesel da biomassa marinha 2015 a 2022 279
5744 Energia renovvel 2015 a 2022 279
5.8. nn 280
. osideraes fiais
pdice
n 293
pdice
Qn 299
efercias
iografia dos coordeadores e cosultores
ista de participates do worsop ar e mbietes osteiros
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presente estudo sobre o spao artimo rasileiro, seus recursos naturais e ecossistemas foi em-
preendido em pelo entro de esto e studos stratgicos () e o ento cleo de stu-
dos stratgicos () da residncia da epblica, com o objetivo de estabelecer uma agenda de
prioridades em cincia, tecnologia e inovao, com viso de futuro, em mdio e longo prazos , que
contribua para a ocupao efetiva dessa rea martima e para a ampliao da presena brasileira no
tlntico ul e quatorial. ugere, igualmente, aes que contribuam para a superao de dificulda-
des estruturais e para o aproveitamento de todas as potencialidades que oferecem os cerca de ,milhes de m de mar jurisdicional brasileiro, projetados sobre o tlntico ul e quatorial.
trabalho se desenvolveu com a direta participao de trs consultores de reconhecida competn-
cia nas reas das ceanografias sica, iolgica e eolgica, e com a mobilizao em workshops de
mais de meia centena de outros especialistas ligados a inmeras instituies engajadas em pesquisa
no mar , localizadas em diversas regies geogrficas do rasil. ma equipe tcnica deste entro par-
ticipou desse esforo, e o estudo se valeu ainda de consulta estruturada dirigida a especialistas.
m face ao evidente valor geopoltico desse espao martimo, este documento o aborda segundo
os planos regional, nacional e internacional, e explora entre outros temas capitais o arcabouo legal
internacional, com base na definio dos espaos geogrficos marinhos, segundo a onveno das
aes nidas sobre o ireito do ar; os recursos vivos e no-vivos da lataforma ontinental ra-
sileira, e o estado da arte da cincia e da tecnologia no mar.
spera-se que o estudo em causa venha se desdobrar em outros, sobre temas mais especficos dosassuntos do mar, e inspire os tomadores de deciso, a comunidade cientfica e a sociedade civil
quanto a uma reflexo permanente sobre a importncia presente e futura do mar para o rasil. uas
concluses ensejam tambm a expectativa de que venham a estimular iniciativas concretas, em
especial no campo das polticas pblicas, da formao da mentalidade martima e do desenvolvi-
mento em ,, com vistas a habilitar o pas ao aproveitamento econmico sustentvel dos muitos
recursos naturais que o mar sob jurisdio brasileira encerra em todas as suas dimenses.
Lucia Carvalho Pinto de Meloresidenta do CGEE
Apresentao
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1. Introduo
rasil possui cerca de , mil km de litoral e pode chegar a ter controle jurisdicional sobre uma
rea marinha de , milhes de km, ou mais da metade da rea do seu territrio emerso, que de
, milhes de km. ssim, o componente mar e ambientes costeiros deve necessariamente ser par-
te integrante de qualquer estudo que envolva a dimenso territorial brasileira e o aproveitamento
sustentvel de seus recursos naturais.
s oceanos cobrem cerca de da superfcie da erra e contm ecossistemas primordiais para a
vida no planeta. onstituem-se, ainda, em fonte muito rica e diversificada de recursos vivos e no-
vivos, fornecendo direta e indiretamente protenas para a alimentao humana e ampla gama de
minerais. lm disso, exercem papel preponderante no equilbrio climtico do planeta, transportan-
do calor das regies equatoriais para as temperadas por meio dos movimentos das massas de gua,
afetando diretamente o clima da erra.
rs das cinco maiores cidades brasileiras so litorneas, e o aulo, a maior cidade do pas, encon-
tra-se a menos de km do mar. ais da metade da populao brasileira vive a menos de km
da costa. onseqentemente, a interao entre o homem e o mar no territrio nacional proporcio-
na grande nmero de oportunidades econmicas, sociais e de integrao. s caractersticas geogr-
ficas e de ocupao territorial conferem ao rasil uma posio estratgica privilegiada em termos de
uso sustentvel dos recursos do mar, incluindo no s a pesca, o transporte, o lazer e a segurana,
mas tambm a explotao mineral.
odavia, para que a explotao seja sustentvel, indispensvel o conhecimento dos processos oce-
nicos e dos recursos marinhos, o que s pode ser atingido por intermdio da pesquisa cientfica e
tecnolgica. o igualmente importantes a formao de pessoal e a divulgao desse conhecimento
nos mais diferentes mbitos da sociedade, a fim de promover o desenvolvimento e a consolidao
de uma conscincia ambiental sobre o uso do mar e de seus recursos.
presente trabalho, foi elaborado por um conjunto de consultores, sob a superviso do entro de
esto e studos stratgicos (CGEE), atendendo a uma demanda do cleo de ssuntos stratgi-
cos (NAE) da residncia da epblica (PR).
objetivo geral do estudo o estabelecimento de uma agenda de prioridades com viso de cur-
to, mdio e longo prazos que contribua para a ocupao efetiva do mar brasileiro e a ampliao da
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presena brasileira no ceano tlntico ul e quatorial, de forma racional e sustentvel, nos planos
internacional, nacional e regional. sta agenda de prioridades visa a:
rientar o estabelecimento de estratgias governamentais relativas ao desenvolvimento
cientfico e explorao sustentvel dos recursos naturais marinhos encontrados em reas
de grande interesse para o rasil;
ndicar reas nas quais o rasil necessita adquirir conhecimentos cientficos e tecnolgicos
para a pesquisa e explotao dos recursos naturais marinhos, reforando a sua insero
no cenrio internacional;
ropor formas de aproximao entre os setores pblico, acadmico e empresarial do pas
e estimular projetos nacionais que utilizem cincia, tecnologia e inovao como ferramen-
tas para o desenvolvimento nas reas marinhas e ocenicas;
ncentivar pesquisas cientficas e tecnolgicas voltadas ao conhecimento e ao aproveita-
mento sustentvel dos recursos naturais marinhos da plataforma continental brasileira e
das reas ocenicas adjacentes;
ncentivar pesquisas cientficas e tecnolgicas para implementao da oceanografia ope-
racional e para elucidar o papel do ceano tlntico no clima do rasil;
nduzir a criao de ncleos de atividades e promover o aproveitamento de recursos da
plataforma continental jurdica brasileira e das reas ocenicas adjacentes;
iscutir aspectos relacionados sustentabilidade ambiental e ao arcabouo legal de ativi-
dades de explorao dos recursos naturais marinhos.
s horizontes temporais propostos neste estudo esto em consonncia com o rojeto rasil
empos (cleo de ssuntos stratgicos da residncia da epblica, ), segundo o qual osobjetivos nacionais estratgicos seriam implementados progressivamente a partir de instrumentos
interativos entre o governo e a ao, com metas estabelecidas para trs marcos temporais: o ano
de , marcado pelo incio de um novo governo; , ano no qual o rasil dever ter cumprido
as etas do ilnio estabelecidas pela ONU; e , quando o pas comemorar anos de inde-
pendncia, com a expectativa de um contexto de bem-estar social e desenvolvimento econmico
mximo possvel. meta de , por fim, foi estabelecida tendo em vista que anos o tempo
mdio em que as atividades de desenvolvimento dos recursos naturais marinhos, incluindo a forma-
o de recursos humanos, o desenvolvimento de infra-estrutura, a pesquisa aplicada, o desenvolvi-
mento tecnolgico e a explotao, necessitam para se tornar realidade.
ste estudo tambm apresenta vrias dimenses, em consonncia com o rojeto rasil empos.
dimenso econmica, tendo como destaques o crescimento sustentvel, a gerao de empregos
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e renda, a conquista de novos mercados internacionais e a reduo da vulnerabilidade externa; a
territorial, que visa a buscar a diminuio das disparidades regionais, o desenvolvimento harmniconacional, a integrao regional e a soberania nacional; a do onhecimento, que objetiva principal-
mente a educao de qualidade e a ampliao da capacidade de gerao do conhecimento cientfi-
co, tecnolgico e de inovao; e a mbiental, que inclui a preservao do meio ambiente, a amplia-
o da proteo dos ecossistemas marinhos e o uso sustentvel dos recursos biolgicos, minerais e
energticos, entre outros.
metodologia de trabalho adotada para elaborar o presente estudo englobou trs etapas princi-pais, a saber:
: evantamento e anlise de informaes, realizada por intermdio da redao de
notas tcnicas por especialistas de diferentes reas e consultas a representantes das comunidades
cientfica, empresarial e governamental sobre a capacidade instalada do pas para realizar a explora-
o de recursos marinhos no tlntico ul e quatorial e sobre as necessidades e oportunidades de
inovao e desenvolvimento cientfico e tecnolgico voltados ao aproveitamento desses recursos
comparativamente a outros pases (pndices e ). lm dos recursos marinhos propriamenteditos, aspectos relacionados influncia do tlntico ul e quatorial sobre o clima do rasil, aos
ecossistemas marinhos e tecnologia marinha foram tambm abordados nesta etapa. ste levanta-
mento incluiu informaes, entre outras coisas, sobre reas geogrficas promissoras, vulnerveis ou
prioritrias para o desenvolvimento cientfico e tecnolgico ou para a explorao de recursos natu-
rais marinhos. levantamento tambm incluiu informaes sobre os aspectos legais internacionais
e nacionais relacionados ao aproveitamento dos recursos naturais marinhos.
n : iscusso, consolidao de informaes e estabelecimento de uma agenda de priori-
dades, incluindo propostas de solues de curto, mdio e longo prazo para promover a inovao e o
desenvolvimento cientfico e tecnolgico voltados tanto para a explorao racional e sustentvel dos
recursos marinhos identificados como prioritrios encontrados em reas de grande interesse poltico
e estratgico para o rasil, como para o papel do tlntico ul e quatorial no clima do pas e para a
preservao dos ecossistemas ocenicos e costeiros. sta etapa foi realizada por meio de uma ofici-
na de trabalho com representantes das comunidades cientfica, empresarial e governamental, tendo
contado com a presena de especialistas de vrias reas do conhecimento e de atividades.
: laborao do documento final, de abrangncia multidisciplinar, que consolida os
resultados alcanados nas etapas anteriores.
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ste documento est dividido em seis segmentos principais, iniciando pela presente ntroduo
(aptulo ) e encerrando com as onsideraes inais (aptulo ). aptulo apresenta um ar-cabouo legal internacional e nacional relacionado ao mar e a ambientes costeiros, incluindo o apro-
veitamento de recursos naturais marinhos. aptulo apresenta os principais recursos minerais
conhecidos no espao marinho brasileiro e discute sua importncia socioeconmica e poltico-es-
tratgica. aptulo contm a descrio dos recursos vivos e propostas para o seu aproveitamen-
to sustentvel. aptulo apresenta as atividades de cincia e tecnologia necessrias para assegu-
rar a presena no tlntico ul e quatorial e o aproveitamento sustentvel dos recursos marinhos
de interesse para o rasil nesse oceano. iscute tambm a importncia do ceano tlntico parao clima do rasil, estratgias para a preservao dos ecossistemas marinhos, o desenvolvimento da
tecnologia marinha e formas operacionais de implementao das cincias do mar.
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2. O arcabouo legal relativo aos recursos do mar
2.1. O arcabouo legal internacional
2.1.1. fin fi
onveno das aes nidas sobre o ireito do ar (CNUDM), promovida pela rganizao das
aes nidas (ONU) em (ONU, ) denominada onveno neste texto resultado de
nove anos de negociaes entre mais de uma centena de pases, e foi instituda durante a III onfe-
rncia das aes nidas sobre o ireito do ar, realizada em ontego ay (amaica) em dezem-
bro de . ntretanto, s entrou em vigor em julho de , aps um longo debate entre pases
desenvolvidos e pases em desenvolvimento. s principais questes que pautaram esse embate es-tavam ligadas explorao dos recursos minerais marinhos. lguns dos direitos e deveres atribudos
aos stados-arte da onveno so decorrentes dos direitos consuetudinrios, j consolidados pe-
los usos e costumes da navegao internacional; outros, que foram incorporados, adotaram regras
internacionais j consolidadas, como a proteo da diversidade biolgica.
onveno (ONU, ) define um quadro detalhado de regulamentao dos espaos ocenicos,
dos limites da jurisdio nacional, do acesso aos mares, da navegao, da proteo e preservao doambiente marinho, da explorao e conservao dos recursos biolgicos, da investigao cientfica
marinha, da explorao dos recursos minerais dos fundos ocenicos e de outros recursos no-bio-
lgicos, alm da soluo de controvrsias: estabelece direitos e deveres sobre as zonas dos oceanos
e regulamenta todas as atividades a elas relacionadas. egundo a onveno, o stado costeiro tem
direito a um mar territorial (MT), a uma zona contgua (ZC), a uma zona econmica exclusiva (ZEE) e
a uma plataforma continental (PC) se esta existir , as quais so regidas por direitos e jurisdies
especficas. onveno tambm assegura que todos os stados tm direitos e deveres no que
concerne explorao dos recursos naturais do leito marinho e do alto mar (A.M.) situado alm doslimites das jurisdies nacionais.
s limites das jurisdies nacional e internacional foram especificados nas delimitaes de espaos
marinhos, cada qual com diferentes graus de soberania:
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nn:
o mar territorial;
a zona contgua;
a zona econmica exclusiva;
a plataforma continental.
nnn:
o alto mar;
a zona internacional do leito marinho, denominada rea.
2.1.1.1. ar erritorial e ona ontgua
odos os stados costeiros tm direito a um mar territorial, que no pode exceder milhas mar-
timas a partir das linhas de base.. om algumas excees relacionadas navegao de passagem
inofensiva, o stado costeiro exerce soberania sobre seu mar territorial, suas guas, seu leito e sub-
solo incluindo o espao areo sobrejacente , com direitos exclusivos sobre seus recursos vivos e
no-vivos.
omo medida de proteo ao seu territrio, o stado costeiro pode estabelecer uma zona contgua
que no se estenda alm de milhas martimas das linhas de base a partir das quais o MT medido.
stado no exerce soberania sobre essa regio, mas deve fiscaliz-la para evitar e reprimir infraes
s normas sanitrias, fiscais, de imigrao e outras vigentes em seu territrio.
a verdade, essa zona contgua sobrepe-se ZEE e, com isso, acumula os direitos e as obrigaes decada uma delas, que no so excludentes, pois, muito ao contrrio, complementam-se.
2.1.1.2. ona conmica xclusiva
lm do mar territorial, os stados devem estabelecer uma ZEE que no se estenda alm de mi-
lhas martimas das linhas de base a partir das quais a largura do mar territorial medida. mbora o
stado costeiro no tenha jurisdio absoluta sobre a zona econmica, ele tem direitos de soberaniaexclusivos para a explorao e o aproveitamento, a gesto e a conservao dos recursos marinhos
vivos ou no-vivos das guas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e de seu subsolo. s-
1. linha de base a marca mais baixa deixada pela gua ao longo da linha da costa. ara facilitar o traado da linha nos locaisem que a costa apresenta recortes naturais profundos, adota-se o mtodo das linhas de base retas, ligando pontos de coordenadasgeodsicas estabelecidos ao longo da costa: esse procedimento reduz as reentrncias do litoral.
arcabouo legal
relativo aos recursos do mar
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tado costeiro tambm exerce jurisdio sobre as investigaes cientficas marinhas, a colocao e
utilizao de ilhas artificiais, as instalaes e estruturas e a proteo e preservao do ambiente ma-rinho. navegao e o sobrevo bem como outros usos internacionalmente lcitos so inteira-
mente livres para todos.
as disposies relativas ZEE, a onveno (ONU, ) apresenta sugestes e indicativos sobre ges-
to e conservao dos recursos vivos, mas no se atm pesquisa e ao aproveitamento dos recur-
sos minerais marinhos: limita-se a estabelecer a soberania dos stados costeiros sobre tais recursos.
inda assim, importante ressaltar que a onveno estabelece a necessidade de o stado costeiro
conhecer os direitos e os deveres dos outros stados, at mesmo para evitar confrontos desneces-
srios e incabveis.
s direitos da ZEE devem ser exercidos em conformidade com o que estabelece a onveno para a
lataforma ontinental, mesmo porque, em boa medida, as reas da ZEE e da plataforma continen-
tal se sobrepem (ONU, ).
2.1.1.3. lataforma ontinental
plataforma continental o prolongamento submerso de massa terrestre constituda pelo seu leito,
subsolo, talude e elevao continental. o compreende nem os grandes fundos ocenicos, com as
cristas ocenicas, nem o subsolo. onveno (ONU, ) considera plataforma continental a rea
que se estende alm do mar territorial do stado costeiro em toda a extenso do prolongamento
natural do seu territrio terrestre at a borda exterior, entendida como a sua margem continental.
Quando a plataforma continental geolgica se estende alm das milhas martimas, a onveno
preconiza certos critrios para o estabelecimento dos limites externos, a saber: milhas martimas
das linhas de base, ou milhas martimas da isbata de . m de profundidade. esses casos, a
plataforma passa a ser denominada plataforma continental jurdica (ONU, ).
ntendendo a plataforma continental como uma extenso submersa do territrio, a onveno
reconhece direitos de soberania do stado costeiro para fins de explorao e aproveitamento dosrecursos marinhos nela existentes. ntretanto essa soberania no plena, pois no inclui as guas
marinhas e o espao areo sobrejacente, restringindo-se aos recursos minerais e a outros recursos
no-vivos do leito e do subsolo, alm dos organismos vivos pertencentes a espcies sedentrias, isto
, organismos que em estgio coletor so imveis ou incapazes de se locomover, exceto por cons-
tante contato fsico com o leito ou o subsolo (ONU, ).
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e acordo com os direitos de soberania, se o stado costeiro no explorar e aproveitar os recursos mi-
nerais da plataforma continental, ningum mais poder faz-lo sem o seu expresso consentimento.
pesar da exclusividade sobre esses recursos, as atividades na plataforma continental, bem como na
ZEE, devem se dar segundo a poltica ambiental da onveno de proteo e preservao do am-
biente marinho. stado deve adotar leis e regulamentaes no menos efetivas do que as regras
internacionais de prticas e procedimentos recomendados para prevenir, reduzir e controlar a po-
luio das atividades de explorao e aproveitamento dos recursos marinhos, e tambm de instala-
es, estruturas e ilhas artificiais sob sua jurisdio (ONU, ).
s termos da investigao cientfica marinha no foram definidos na onveno, mas esta especifi-
ca que sua realizao na ZEE e na plataforma continental deve ser conduzida com o consentimento
do stado costeiro. sso significa que o stado costeiro pode permitir projetos cientficos marinhos
de outros stados ou de competncia de organizaes internacionais, desde que pautados por pro-
psitos pacficos e voltados ao aumento do conhecimento cientfico sobre ambientes marinhos de
forma a beneficiar toda a humanidade. stado costeiro deve estabelecer regras e procedimentos
que assegurem que essa concesso no seja retardada ou negada sem razo.
stado costeiro pode, segundo seu prprio discernimento, negar esse consentimento se o pro-
jeto: (a) for de significncia direta para a explorao e o aproveitamento dos recursos naturais, vivos
ou no-vivos; (b) envolver perfurao na plataforma continental, uso de explosivos ou introduo
de substncias prejudiciais ao ambiente marinho; (c) implicar a construo, a operao ou o uso de
ilhas artificiais, instalaes e estruturas (ONU, ).
mbora em sua arte VI a onveno deixe claro que o stado costeiro exerce direitos de sobera-
nia sobre a explorao e o aproveitamento dos recursos naturais em sua plataforma continental e
que ningum pode empreender tais atividades sem seu expresso consentimento , a arte XIII do
mesmo documento define que, alm dos limites da ZEE da plataforma continental jurdica, o stado
costeiro no poder exercer o poder discricionrio de recusar consentimento para projetos de pes-
quisa que influenciem a explorao e o aproveitamento dos recursos marinhos. sso no se aplica
quelas reas nas quais o stado costeiro esteja desenvolvendo ou venha a faz-lo aes destina-
das ao aproveitamento e explorao dos recursos naturais (ONU, ). a a enorme importnciade definir os principais recursos e reas de interesse nacional, possibilitando o exerccio dos direitos
soberanos do pas sobre eles.
arcabouo legal
relativo aos recursos do mar
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2.1.1.4. rea internacional dos oceanos
ara as reas internacionais dos oceanos, que excedem os limites da soberania nacional. a onven-
o estabelece dois tipos de jurisdio: um refere-se ao alto mar, e o outro rea, tipo de jurisdi-
o internacional sobre os fundos marinhos (ONU, ).
2.1.1.4.1. lto mar
alto mar compreende todos os espaos marinhos no includos na ZEE, no MT ou nas guas inte-
riores de um stado. egundo a onveno (ONU, ), o alto mar est aberto a todos os stados
costeiros ou sem litoral, que nele tm total liberdade de navegao e sobrevo, alm de poder colo-
car cabos e ductos submarinos e construir ilhas artificiais e outras instalaes permitidas pelo irei-
to nternacional. esde que considerados os interesses de outros stados no exerccio da liberdade
de alto mar, qualquer stado est livre para exercer atividades pesqueiras e investigaes cientficas
nessa rea, nos termos da onveno (ONU, ).
alto mar deve ser utilizado para fins pacficos, e nenhum stado poder legitimamente pretender
submeter qualquer poro dessa rea sua soberania. s stados devem cooperar entre si na con-
servao e na gesto dos recursos vivos nas zonas do alto mar (ONU, ).
2.1.1.4.2. rea e autoridade internacional dos fundos marinhos
rea correspondente aos fundos marinhos e ocenicos que se situam alm dos limites da jurisdi-
o nacional referida, na arte XI da onveno, como rea. onveno (ONU, ) define a
rea e seus recursos como patrimnio comum da humanidade, com justia distributiva. liberda-
de dos mares implica que todos tenham condies iguais de acesso ao mar e aos seus benefcios.
s recursos da rea compreendem todos os minerais slidos, lquidos ou gasosos in situ no leito do
mar ou no seu subsolo, incluindo os ndulos polimetlicos. ma vez extrados da rea, os recursos
so referidos como minerais, e seus extratores podem deles dispor livremente.
onveno tambm estabelece uma organizao internacional autnoma de carter suprana-
cional a nternational eabed uthority (sba utoridade nternacional dos undos arinhos)
2. ar erritorial, a lataforma ontinental e a Zona conmica xclusiva.
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, atravs da qual os stados-membros organizam e controlam as atividades visando ao aproveita-
mento dos recursos minerais localizados na rea. utoridade como doravante a sba ser de-nominada neste texto tem, entre suas finalidades, garantir que a utilizao dos fundos marinhos
internacionais beneficie efetivamente toda a humanidade.
utoridade constituda por uma ssemblia, um onselho, uma omisso urdica e cnica,
um omit de inanas, sua mpresa e seu ecretariado. rasil membro do onselho desde a
sua formao, em , e nele tem presena assegurada at , quando a ssemblia proceder
a novas eleies (ONU, ).
a administrao da rea, a utoridade deve atuar em bases comerciais e subordinar-se s limi-
taes espaciais sua jurisdio se restringe rea , materiais a competncia da utoridade
limita-se aos recursos minerais in situ da rea e legais atuando de acordo com as competncias,
as normas e os procedimentos definidos na onveno. ara exercer as suas funes, a utoridade
dotada de amplas competncias e provida de um brao operacional de ao direta no domnio
econmico, que a mpresa. entre as atividades da mpresa esto a extrao, o transporte, o pro-
cessamento e a comercializao dos recursos minerais da rea (ONU, ).
s discusses que pautaram a elaborao da onveno, desde o incio at a sua entrada em vigor,
envolveram inmeros interesses, e as questes relacionadas rea originaram as maiores controvr-
sias durante todo o processo de negociao, geran