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 0 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS MARCELA COLOMBO AS MUDANÇAS NAS OBRIGAÇÕES FISCAIS ACESSÓRIAS COM O SPED-FISCAL E O REFLEXO NAS EMPRESAS CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2011

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    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNESC

    CURSO DE GRADUAO EM CINCIAS CONTBEIS

    MARCELA COLOMBO

    AS MUDANAS NAS OBRIGAES FISCAIS ACESSRIAS COM O SPED-FISCAL E O REFLEXO NAS EMPRESAS

    CRICIMA, NOVEMBRO DE 2011

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    MARCELA COLOMBO

    AS MUDANAS NAS OBRIGAES FISCAIS ACESSRIAS COM O SPED-FISCAL E O REFLEXO NAS EMPRESAS

    Trabalho de Fim e de Concluso de Curso apresentado para obteno do grau de Bacharel no curso de Cincias Contbeis, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC.

    Orientador: Prof. Esp. Jos Luiz Possolli

    CRICIMA, NOVEMBRO DE 2011

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    MARCELA COLOMBO

    AS MUDANAS NAS OBRIGAES FISCAIS ACESSRIAS COM O SPED-FISCAL E O REFLEXO NAS EMPRESAS

    Trabalho de Fim e de Concluso de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obteno do grau de Bacharel no Curso de Cincias Contbeis da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de pesquisa em Contabilidade Tributria.

    Cricima, XX de dezembro de 2011.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Jos Luiz Possolli - Especialista - Orientador

    Prof. rica Regina Preis de Oliveira Especialista - Examinador

    Prof. Everton Perin - Especialista - Examinador

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    Dedico esse trabalho minha me, pelo amor incondicional e por ser a pessoa mais importante na minha vida, alm disso, por nunca ter medido esforos para me ajudar a alcanar meus objetivos. E ao meu padrasto, pelo apoio e dedicao nesses anos de convivncia.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por alm de ter me proporcionado o dom da vida, me abenoou ao longo dessa jornada acadmica, me dando foras e me ajudando a no desistir nunca, mesmo quando os dias no eram dos mais esperanosos. Obrigada meu Deus, pelas conquistas recebidas em todas as etapas da minha vida e hoje em especial a minha jornada acadmica.

    Agradeo a minha me, pela grande amiga, pela pessoa maravilhosa que , e por estar sempre presente, em todos os momentos da minha vida, e com ela meu padrasto Jernimo pela dedicao e compreenso ao longo dessa caminhada.

    Agradeo ao meu Orientador Jos Luiz Possolli, por toda experincia e conhecimento compartilhado, pela pacincia e pela pessoa sensacional que foi como orientador e professor.

    Agradeo aos meus amigos e colegas que convivi nesses anos, em especial ao meu colega Jorge Alberto Diaz Mollenhauer, que participou comigo nesses anos de faculdade, pela ajuda e amizade que construmos.

    Enfim, a todos que contriburam direta ou indiretamente para concretizao dessa etapa to importante em minha vida, meus sinceros agradecimentos.

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    No se limite a se preparar para o amanh. Procure tambm descartar-se daquilo que j no faz mais sentido, que no produtivo, que no contribui para os objetivos.

    Peter Ferdinand Drucker

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    RESUMO

    COLOMBO, Marcela. As mudanas nas obrigaes fiscais acessrias com o SPED-Fiscal e o reflexo nas empresas. 2011. 71 p. Orientador: Jos Luiz Possolli. Trabalho de Concluso de Curso de Cincias Contbeis. Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC SC.

    A Unio, Estados e Municpios para manter-se e suprir os gastos com a administrao pblica, assim como realizar obras e investimentos para o bem comum dos cidados precisa de uma receita, que se d por meio da arrecadao, na sua maior parte de tributos. Os tributos so valores pagos pelos contribuintes, que financiam os rgos pblicos a realizao de toda infra-estrutura necessria para manter-se um estado. Os contribuintes, alm de cumprir com a obrigao de pagar os tributos, tambm tem o dever de informar ao fisco como chegou nesse valor recolhido, por meio de informativos e declaraes. Essas declaraes ao longo dos anos foram aumentando significativamente, e por serem exigidas pelas trs esferas de governo: Unio, Estados e Municpios, contm formatos diversos, tornando difcil para o contribuinte cumprir com todas essas obrigaes. Dessa forma, o fisco com a inteno de facilitar a entrega dessas informaes ao contribuinte, e ao mesmo tempo aumentar o nmero de informaes exigidas, implementou o SPED Sistema Pblico de Escriturao Digital, que unificou a entrega dessas obrigaes, com o intuito de tornar a fiscalizao mais eficiente e padronizar as informaes entregues pelos contribuintes. Esse sistema foi iniciado com os subprojetos da NF-e Nota Fiscal Eletrnica, ECD Escriturao Contbil Digital e EFD Escriturao Fiscal Digital. O SPED se destaca pelo aumento das informaes exigidas do contribuinte, bem como pelo fato de que a entrega dessa obrigao ocorre por meio de arquivos digitais, assim, como a guarda dos livros e as notas fiscais. O SPED, ainda, exige das entidades um maior controle interno e de estoque, por meio da entrega do inventrio. Esse trabalho tem o objetivo de demonstrar como essa nova obrigao acessria, assim como demonstrar quais mudanas esto ocorrendo nas empresas que j esto na sua obrigatoriedade, por meio de uma pesquisa exploratria-descritiva, e tambm utilizando um levantamento bibliogrfico e survey, o qual foi possvel com a aplicao de um questionrio as mdias e grandes empresas da regio da AMREC - Associao dos Municpios da Regio Carbonfera.

    Palavras-chave: sistema tributrio nacional, sistema pblico de escriturao digital e escriturao fiscal digital.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    Quadro 1: Mtodo de Avaliao de Estoques ................................................................ 33 Figura 1: Emisso da NF-e............................................................................................. 41 Figura 2: Blocos da Escriturao Fiscal Digital .............................................................. 50 Figura 3: Hierarquia dos Registros no EFD .................................................................... 51 Figura 4: Processo de Transmisso da EFD .................................................................. 52 Quadro 2: Principais Mudanas com o SPED ................................................................ 54 Grfico 1: Empresas Respondentes Obrigadas a Entrega do SPED-Fiscal .................. 56 Grfico 2: Dificuldades para Implantao ....................................................................... 57 Grfico 3: Controle de Estoque ...................................................................................... 58 Grfico 4: Escriturao Detalhada dos Lanamentos .................................................... 59 Grfico 5: Trabalho dos Profissionais da rea ............................................................... 60 Grfico 6: Empresas a Favor do SPED-Fiscal ............................................................... 61 Grfico 7: Aumento dos Funcionrios ............................................................................ 62 Grfico 8: Valorizao dos Profissionais da rea ........................................................... 62 Grfico 9: Satisfao dos Cursos ................................................................................... 63 Grfico 10: Quem o SPED Beneficiou ............................................................................ 64

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AMREC = Associao dos Municpios da Regio Carbonfera CF = Constituio Federal CFOP = Cdigo Fiscal de Operao e Prestao COFINS = Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social CONFAZ = Conselho Nacional de Poltica Fazendria CPF = Cadastro de Pessoas Fsicas CTN = Cdigo Tributrio Nacional DANFE = Documento Auxiliar Nota Fiscal Eletrnica DCTF = Declarao de Dbitos e Crditos Tributrios Federais DIME = Declarao do ICMS e do Movimento Econmico DPEC = Declarao Prvia de Emisso em Contingncia ECD = Escriturao Contbil Digital EFD = Escriturao Fiscal Digital FS = Formulrio de Segurana ICMS = Imposto sobre Circulao de Mercadorias e sobre Prestao de Servios IN Instruo Normativa IPI = Imposto sobre Produtos Industrializados ITI = Instituto Nacional de Tecnologia da Informao NCM = Nomenclatura Comum do Mercosul NF-e = Nota Fiscal Eletrnica PAC = Programa de Acelerao do Crescimento do Governo Federal PEPS = Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair PIS = Programa de Integrao Social PVA = Programa Validador e Assinador RFB = Receita Federal do Brasil RIPI = Regulamento do IPI SCAN = Sistema de Contingncia do Ambiente Nacional SINTEGRA = Sistema Integrado de Informaes sobre Operaes Interestaduais com Mercadorias e Servios SPED = Sistema Pblico de Escriturao Digital STN = Sistema Tributrio Nacional

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    TI = Tecnologia da Informao TIPI = Tabela de Incidncia do Imposto de Produtos Industrializados UEPS = ltimo a Entrar, Primeiro a Sair

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    SUMRIO

    1 INTRODUO ........................................................................................................... 13 1.1 Tema e Problema .................................................................................................... 13 1.2 Objetivos da Pesquisa ........................................................................................... 14 1.3 Justificativa ............................................................................................................. 15 1.4 Metodologia ............................................................................................................ 15 2 FUNDAMENTAO TERICA ................................................................................. 17 2.1 Informaes Geradas pela Contabilidade ............................................................ 17 2.2 Sistema Tributrio Nacional .................................................................................. 18 2.3 Tributo ..................................................................................................................... 18 2.3.1 Impostos .............................................................................................................. 19 2.3.1.1 Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e Prestaes de Servios de Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicao - ICMS .................................................................................................... 20 2.3.1.1.1 Fato Gerador .................................................................................................. 21 2.3.1.1.2 Contribuinte ................................................................................................... 22 2.3.1.1.3 Base de Clculo ............................................................................................. 23 2.3.1.1.4 Alquotas ........................................................................................................ 24 2.3.1.2 Imposto sobre Produtos Industrializados IPI ............................................. 25 2.3.1.2.1 Contribuinte ................................................................................................... 26 2.3.1.2.2 Fato Gerador .................................................................................................. 26 2.3.1.2.3 Base de Clculo ............................................................................................. 26 2.3.1.2.4 Alquotas ........................................................................................................ 27 2.3.1.2.5 Classificao Fiscal ...................................................................................... 27 2.4 Obrigaes Fiscais Acessrias ............................................................................ 28 2.4.1 Sistema Integrado de Informaes sobre Operaes interestaduais com Mercadorias e Servios - SINTEGRA .......................................................................... 29 2.4.2 Declarao do ICMS e do Movimento Econmico - DIME ............................... 30 2.4.3 Declarao de Dbitos e Crditos Tributrios Federais - DCTF ..................... 31 2.5 Controle de Estoque .............................................................................................. 32 2.6 Tecnologia da Informao ..................................................................................... 33

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    2.7 Certificado Digital .................................................................................................. 35 2.8 Sistema Pblico de Escriturao Digital - SPED ................................................. 36 2.8.1 Objetivos do SPED .............................................................................................. 37 2.8.2 Usurios do SPED ............................................................................................... 38 2.9 Nota Fiscal Eletrnica NF-e ................................................................................ 38 2.9.1 Obrigatoriedade ................................................................................................... 39 2.9.2 Emisso e Autorizao da NF-e ......................................................................... 40 2.9.3 Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrnica - DANFE .................................. 42 2.9.4 NF-e Emitida em Contingncia ........................................................................... 43 2.10 Escriturao Contbil Digital ECD ................................................................... 44 2.11 Escriturao Fiscal Digital EFD - PIS/COFINS ................................................ 45 2.12 Escriturao Fiscal Digital EFD-ICMS/IPI ........................................................ 45 2.12.1 Legislao Aplicvel ......................................................................................... 46 2.12.2 Obrigatoriedade ................................................................................................. 47 2.12.3 Livros Abrangidos na EFD ............................................................................... 48 2.12.4 Periodicidade da Entrega ................................................................................. 48 2.12.5 Perfil de Enquadramento .................................................................................. 49 2.12.6 Layout e Envio da EFD ...................................................................................... 49 2.12.7 Inventrio no SPED ........................................................................................... 52 2.13 Reflexos do SPED ................................................................................................ 53 2.13.1 Cruzamento das Informaes .......................................................................... 53 2.13.2 Mudanas para as Empresas ........................................................................... 53 3 DESCRIO E ANLISE DOS DADOS ................................................................... 56 3.1 Empresas Obrigadas a Entrega do SPED-Fiscal ................................................. 56 3.2 Dificuldade para Implantao ................................................................................ 57 3.3 Controle de Estoque .............................................................................................. 58 3.4 Escriturao Detalhada dos Lanamentos .......................................................... 58 3.5 Trabalho dos Profissionais da rea ..................................................................... 59 3.6 Empresas a Favor do SPED-Fiscal ....................................................................... 60 3.7 Aumento de Funcionrios ..................................................................................... 61 3.8 Valorizao dos Profissionais da rea................................................................. 62 3.9 Safisfao dos Cursos ........................................................................................... 63 3.10 Quem o SPED Beneficiou .................................................................................... 64 3.11 Mudanas com o SPED-Fiscal ............................................................................ 64

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    4 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 66 REFERNCIAS ............................................................................................................. 68

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    1 INTRODUO

    Este captulo est subdividido em quatro sees. Na primeira, expe-se o tema e problema da pesquisa, que envolve as mudanas nas obrigaes fiscais acessrias com o SPED Sistema Pblico de Escriturao Digital e o reflexo dessas mudanas nas empresas. A seguir, na segunda seo, contempla-se o objetivo geral e os especficos deste estudo. Na terceira, tem-se a justificativa do trabalho. Por ltimo, apresenta-se a metodologia que se utilizou na execuo desta pesquisa.

    1.1 Tema e Problema

    A contabilidade, ao longo de sua histria, passou por diversas fases que contriburam para sua evoluo. De incio era visto como apenas uma tcnica de registros patrimoniais e chegou at o patamar de Cincia Contbil. Todavia, desde os primrdios esta rea da Cincia Social Aplicada j era visto como essencial para dar suporte s decises, que na poca era considerada simples. Com o passar do tempo a complexidade no processo decisional tornou ainda mais imprescindvel o suporte informacional produzido por esta cincia.

    No mundo dos negcios as mudanas so sempre percebidas, o que torna indispensvel a constante adequao e tomadas de decises voltadas a esta nova realidade, garantindo, desta forma, a continuidade das empresas neste mercado concorrido. Para que este processo no seja penoso, as organizaes esto investindo em sistemas de informaes voltados a rea administrativa e contbil. Dentre as novas tecnologias e softwares, tem os voltados para o atendimento das obrigaes fiscais.

    No diferente, o fisco tambm busca mais informaes e em tempo real. O intuito modernizar a forma de fiscalizar os contribuintes, exigindo assim a evidenciao detalhada das operaes desenvolvidas nas empresas.

    O objetivo do fisco em reduzir a sonegao fiscal, encontra na informtica importante aliado, j que as informaes podem ser conferidas com maior rapidez.

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    Alm disso, o suporte informacional disponibilizado completo, o que permite o cruzamento dos dados e, assim, facilita a constatao de irregularidades.

    Desta forma, o projeto institudo pelo Governo Federal, nomeado SPED Sistema Pblico de Escriturao Digital tem o intuito de unificar as obrigaes acessrias fiscais enviadas aos municpios, estados e unio. Portanto, o contribuinte transmite s trs esferas de governo, por meio um arquivo digital nico, todas as informaes das suas operaes.

    A obrigatoriedade da escriturao digital e o envio ao fisco desencadearam alteraes nos controles internos das empresas, tendo em vista, que por meio destes possvel preparar as informaes a serem enviadas, de forma que o processo de entrega das obrigaes fiscais no seja to dificultoso.

    Neste contexto, levanta-se o seguinte questionamento: Quais so as principais alteraes na escriturao fiscal das empresas com a implantao do SPED Sistema Pblico de Escriturao Digital?

    1.2 Objetivos da Pesquisa

    O objetivo geral deste trabalho consiste em demonstrar as principais mudanas na escriturao fiscal das empresas com a implantao do SPED Fiscal.

    Os objetivos especficos elaborados, para alcanar o geral e assim responder a questo-problema almejada, foram os seguintes:

    averiguar os aspectos legais do SPED; estudar as obrigaes acessrias e o SPED, de maneira a deixar

    evidente seus objetivos; e identificar, por meio de uma pesquisa de campo com as empresas de

    mdio e grande porte da regio da Associao dos Municpios da Regio Carbonfera - AMREC, quais os principais mudanas com a implantao do SPED Fiscal.

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    1.3 Justificativa

    J no mais novidade que a relao fisco versus contribuinte se alterou, tornou-a mais clere e transparente com a implantao do SPED (SISPRO, 2011). O agora conhecido como fisco digital provocou um alarme no ambiente empresarial, tendo em vista que exigiu uma srie de adaptaes nos controles das operaes desenvolvidas nas organizaes, em prol de disponibilizar as informaes de maneira mais detalhada possvel.

    Neste sentido, a presente pesquisa tem sua validade justificada ao procurar fornecer informaes a respeito das principais mudanas ocorridas nas empresas com a implantao do SPED - Sistema Pblico de Escriturao Digital.

    Percebe-se que, a bibliografia relacionada implantao de sistemas integrados de informaes, com abordagem empresarial vasta, no entanto, em se tratando de SPED - Sistema Pblico de Escriturao Digital, a contribuio da literatura fica a desejar, uma vez que faz pouco tempo que surgiu. Portanto, acredita-se na viabilidade desta pesquisa, tendo em vista que poder contribuir no sentido de suprir a carncia na literatura sobre este sistema de informaes fiscais integrado, SPED.

    Sob o ponto de vista prtico, esta pesquisa justifica-se pelo fato de que, a partir de um embasamento terico, desenvolveu-se uma pesquisa de campo com empresas de mdio e grande porte na regio Amrec, no propsito de elucidar as alteraes que essas tiveram que fazer para adaptar-se ao SPED.

    A relevncia social est no fato que o objetivo macro do SPED diminuir a sonegao fiscal e aumentar a arrecadao, contribuindo diretamente para a sociedade. Assim, espera-se aumento nos investimentos pblicos, especialmente, nos servios sociais, como sade e educao, proporcionando maior qualidade de vida populao.

    1.4 Metodologia

    Pesquisa , para Lakatos e Marconi (1985; p. 15), uma indagao minuciosa ou exame crtico e exaustivo na procura de fatos e princpios, uma

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    diligente busca para averiguar algo. Portanto, neste trabalho de concluso de curso faz-se uma pesquisa que procura apurar as alteraes que as empresas tiveram que efetuar para que ocorresse a adaptao ao SPED.

    Para a realizao deste trabalho foram utilizadas duas tipologias quanto aos objetivos, a saber: exploratria e descritiva. A primeira, pelo fato de que o assunto em questo ainda pouco discutido e pela carncia de literatura. O segundo procedimento metodolgico foi utilizado com o objetivo de descrever as alteraes ocorridas nas empresas com a implantao do SPED. (GIL, 1999).

    Dentro dos preceitos de um estudo exploratrio, este trabalho est dividido em duas etapas: pesquisa em fontes secundrias e estudo tipo survey. No que diz respeito a primeira, essa ocorreu por meio de levantamentos bibliogrficos, procurando explicar o tema proposto, principalmente atravs de livros, leis e peridicos on-line. O nvel de anlise da presente pesquisa ocorreu, tambm, pelo mtodo de investigao, por incio do procedimento survey a fim de se estudar os fatores que intervm na implantao do SPED nas empresas de mdio e grande porte da regio da Associao dos Municpios da Regio Carbonfera AMREC.

    O instrumento utilizado como coleta de dados foi o questionrio. De acordo com Richardson (1999), questionrio uma tcnica de investigao que se utiliza de um nmero de questes, sendo apresentado por escrito s pessoas, tendo por objetivo descrever as caractersticas e medir determinadas variveis de um grupo social. O encaminhamento do questionrio s empresas foi realizado por meio eletrnico, normalmente conhecido como e-mail, no entanto, para que o envio fosse possvel houve um contato prvio.

    A abordagem metodolgica que se utilizou para a anlise e interpretao dos dados foi quantitativa. Sobre ela, Richardson (1999) afirma que caracteriza-se pelo emprego de quantificao nas modalidades de coleta de informaes, quando no tratamento delas por meio de tcnicas estatsticas, desde as mais simples como percentual, s mais complexas, como coeficiente de correlao e anlise de regresso.

    Desta forma, a presente pesquisa se caracteriza como estudo exploratrio-descritivo, de natureza quantitativa, desenvolvido por meio de estudo bibliogrfico e survey, com tcnica para coleta dos dados um questionrio.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Neste captulo so apresentados conceitos e caractersticas referentes a contabilidade tributria e o Sistema Tributrio Nacional. Alm disso, buscou-se identificar os tributos e as obrigaes fiscais acessrias. Em seguida, abordou-se alguns aspectos das mudanas das obrigaes fiscais acessrias, com o Sistema de Escriturao Fiscal Digital.

    2.1 Informaes Geradas pela Contabilidade

    A contabilidade representa a cincia que estuda, registra e controla os atos administrativos, transformando-os em fatos contbeis. Estes fatos contbeis devem ser ordenados em demonstraes, com o objetivo de fornecer informaes suficientes para que a administrao da empresa decida o melhor caminho a seguir. (PEGAS, 2007).

    Ao longo dos anos, a contabilidade e as ferramentas que ela utiliza sofreram mudanas significativas, possibilitando rea evoluir enquanto cincia social e apoio gesto. A contabilidade com um sem-nmero de suas aplicaes, adaptando-se as tcnicas e assumindo formas mais perfeitas e mais expeditas, vem correspondendo a cultura do mundo contemporneo. (SILVA; MARTINS, 2009, p. 56).

    Esse mundo contemporneo nada mais que uma nova era, que resultou em mudanas tambm na rea contbil e empresarial, esta Nova Era marcada pela enorme influncia das habilidades humanas no que diz respeito ao uso da tecnologia para se obter informaes, analis-las, sintetiz-las, interpret-las e comunic-las; tanto no processo de gerao de riqueza quanto de sua mensurao. (DUARTE, 2009).

    Da mesma forma que a contabilidade se preocupa em gerar informaes precisas para auxiliar a administrao das organizaes, ela tem o dever de informar tambm ao fisco algumas dessas informaes, da maneira que a legislao exigir, atravs do Sistema Tributrio Nacional.

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    2.2 Sistema Tributrio Nacional

    A fiscalizao tributria, no Brasil, est se tornando mais informatizada e mais digital, na busca do fisco em diminuir a informalidade e a sonegao fiscal.

    Para Oliveira (2005, p. 49), no exerccio de seu poder, o Estado necessita de meios materiais e pessoais para cumprir seus objetivos institucionais, garantindo a ordem jurdica, a segurana, a defesa, a sade pblica e o bem-estar social de todos.

    Para suprir essa necessidade, o Estado conta com um sistema tributrio que, segundo Santos (1998 apud OLIVEIRA, 2005, p. 50), :

    [...]o conjunto estruturado e lgico dos tributos que compem o ordenamento jurdico, bem como das regras e princpios normativos relativos a matria tributria. Os conceitos e institutos que compem jamais devem ser vistos de forma esttica, mesmo porque eles devem ser aplicados em um conjunto dinmico constitudo pela realidade social, sistema econmico e critrio de justia.

    O poder de tributar no Pas partilhado entre a Unio, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municpios. Ao poder tributrio juridicamente delimitado e, sendo o caso, dividido, d-se o nome de competncia tributria. (MACHADO, 2005).

    O Sistema Tributrio Nacional STN encontra-se na Constituio Federal de 1988, disposta no ttulo VI, captulo I, nos artigos 145 a 162, onde dispem nesse contedo os tipos de tributos, a competncia tributria: Unio, Estados e Municpios, as limitaes ao poder de tributar, e as demais normas que regem o STN. As normas que regulamentam o STN esto dispostas, tambm na, Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecido como Cdigo Tributrio Nacional, onde se encontra a definio de tributo, de fato gerador, alquotas, incidncias, sujeito passivo e ativo, e outras particularidades.

    2.3 Tributo

    A definio de tributo pode ser entendida por meio do Cdigo Tributrio Nacional CTN, Lei n. 5.172 de 1966, em seu Art. 3, nos seguintes dizeres:

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    "Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato Ilcito, instituda a lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada [...]."

    Os tributos so divididos em espcies tributrias. Segundo o art. 145 da Constituio Federal, a Unio, os Estados e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:

    I. Impostos; II. Taxas, em razo do exerccio do poder de poltica ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposio; e III. Contribuio de melhoria, decorrente de obras pblicas.

    Segundo a Constituio Federal de 1988, poder ainda ser institudo o emprstimo compulsrio e as contribuies sociais.

    Em razo do foco deste trabalho estar nos impostos ICMS e IPI, ser abordado, dos tipos de tributos, apenas o Imposto.

    2.3.1 Impostos

    Os impostos, previsto no art. 145 da CF/88, segundo o art. 16 do CTN, o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao contribuinte.

    Pela sua definio no CTN, o imposto pago pelo contribuinte sem a necessidade de contraprestao direta do Estado, sendo essa sua caracterstica principal. A receita arrecadada no pode, ainda, ser vinculada por lei a nenhuma despesa especfica, precisando ser vinculada ao oramento, de onde ser repartido segundo os critrios da lei oramentria anual. (OLIVEIRA, 2005).

    Os impostos, segundo o CTN, so os seguintes:

    Art. 19. O imposto, de competncia da Unio, sobre a importao de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no territrio nacional. Art. 23. O imposto, de competncia da Unio, sobre a exportao, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a sada destes do territrio nacional. Art. 29. O imposto, de competncia da Unio, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domiclio til ou a posse de

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    imvel por natureza, como definido na lei civil, localizao fora da zona urbana do Municpio. Art. 32. O imposto, de competncia dos Municpios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domnio til ou a posse de bem imvel por natureza ou por acesso fsica, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Municpio. Art. 35. O imposto, de competncia dos Estados, sobre a transmisso de bens imveis e de direitos a eles relativos. Art. 43. O imposto, de competncia da Unio, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica. Art. 46. O imposto, de competncia da Unio, sobre produtos industrializados. Art. 52. O imposto, de competncia dos Estados, sobre operaes relativas a circulao de mercadorias Art. 63. O imposto, de competncia da Unio, sobre operaes de crdito, cmbio e seguro, e sobre operaes relativas a ttulos e valores mobilirios. Art. 68. O imposto, de competncia da Unio, sobre servios de transportes e comunicaes. Art. 71. O imposto, de competncia dos Municpios, sobre servios de qualquer natureza. Art. 74. O imposto, de competncia da Unio, sobre operaes relativas a combustveis, lubrificantes, energia eltrica e minerais do Pas. Art. 76. Na iminncia ou no caso de guerra externa, a Unio pode instituir, temporariamente, impostos extraordinrios compreendidos ou no entre os referidos nesta Lei, suprimidos, gradativamente, no prazo mximo de cinco anos, contados da celebrao da paz.

    Dessa forma, os impostos tm como caracterstica principal no ser vinculado a qualquer contraprestao por parte do Estado, sendo que seu recolhimento destina-se a suprir os gastos pblicos, vinculados ao oramento.

    2.3.1.1 Imposto Sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e Prestaes de Servios de Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de Comunicao - ICMS

    O Imposto sobre circulao de mercadorias e sobre prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, previsto na CF/88, em seu art. 155, dispe que compete aos Estados e ao Distrito Federal a instituio do ICMS.

    De acordo com a Constituio Federal de 1988, art. 155:

    2 O ICMS: I ser no cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operao relativa circulao de mercadorias ou prestao de servios com o

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    montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; II a iseno ou no-incidncia, salvo determinao em contrrio da legislao: a) no implicar crdito para compensao com o montante devido nas operaes ou prestaes seguintes; b) acarretar a anulao do crdito relativo s operaes anteriores [...].

    O ICMS previsto na CF/88, por se tratar de um imposto que compete aos Estados, regulamentado por Leis e Decretos estaduais, mas, a LC 87/96 dispem assim, das peculiaridades como fato gerador, incidncia, contribuinte, alquotas, entre outras particularidades. Em Santa Catarina, atualmente, vigora a Lei Complementar 10.297/96, regulamentada pelo Decreto 2.870/01, constituindo, assim, o RICMS/SC

    2.3.1.1.1 Fato Gerador

    O fato gerador um fato de contedo econmico, podendo defini-lo como um evento previamente escrito e tipificado na lei tributria cuja concreta realizao determina o nascimento da obrigao a pagar do tributo. (DENARI, 2002).

    A definio no CTN, em seu art. 114, que fato gerador a situao definida em lei como necessria e suficiente sua ocorrncia.

    Em Santa Catarina a Lei n 10.297/96 determina como fato gerador do ICMS:

    Art. 2 [...] I - operaes relativas circulao de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentao e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares; II - prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestaes onerosas de servios de comunicao, por qualquer meio, inclusive a gerao, a emisso, a recepo, a transmisso, a retransmisso, a repetio e a ampliao de comunicao de qualquer natureza; IV - o fornecimento de mercadorias com prestao de servios no compreendidos na competncia tributria dos Municpios; V - o fornecimento de mercadorias com prestao de servios sujeitos ao imposto sobre servios, de competncia dos Municpios, quando a lei complementar aplicvel expressamente o sujeitar incidncia do imposto estadual; VI - o recebimento de mercadorias, destinadas a consumo ou integrao ao ativo permanente, oriundas de outra unidade da Federao;

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    VII - a utilizao, por contribuinte, de servio cuja prestao se tenha iniciado em outro Estado ou no Distrito Federal e no esteja vinculada operao ou prestao subseqente. Pargrafo nico. O imposto incide tambm: I - sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior, por pessoa fsica ou jurdica, ainda que no seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a finalidade; II - sobre o servio prestado no exterior ou cuja prestao se tenha iniciado no exterior; III - sobre a entrada, no territrio do Estado, em operao interestadual, de petrleo, inclusive lubrificantes e combustveis lquidos e gasosos dele derivados, e de energia eltrica, quando no destinados comercializao ou industrializao.

    De modo geral o ICMS tem como fato gerador a circulao de mercadoria, assim como a prestao de servio de transporte intermunicipal e interestadual, sendo que o incio da circulao ou do servio identificado a incidncia do imposto.

    2.3.1.1.2 Contribuinte

    O contribuinte qualquer pessoa, fsica ou jurdica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operaes de circulao de mercadoria ou prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, ainda que as operaes e as prestaes se iniciem no exterior. (Art. 8 da Lei n 10.297/96)

    Segundo a Lei n 10.297/96, tambm considerado contribuinte a pessoa fsica ou jurdica que mesmo sem habitualidade ou intuito comercial:

    I - importe bens ou mercadorias do exterior qualquer que seja a sua finalidade; II - seja destinatria de servio prestado no exterior ou cuja prestao se tenha iniciado no exterior; III - adquira em licitao bens ou mercadorias apreendidos ou abandonados; e IV - adquira lubrificantes e combustveis lquidos e gasosos derivados de petrleo e energia eltrica oriundos de outro Estado ou do Distrito Federal, quando no destinados comercializao ou industrializao.

    Portanto, considerado contribuinte toda pessoa fsica ou jurdica que pratique circulao de mercadorias com intuito comercial, sendo obrigada ao recolhimento do imposto devido relativo operao.

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    2.3.1.1.3 Base de Clculo

    A base de calculo do ICMS o valor da operao da sada da mercadoria, incluindo as despesas acessrias, seguros, fretes, se cobrados separado pelo remetente, e importncias cobradas a ttulo de montagem e instalao, se forem estipuladas em contrato de compra e venda. (QUINTANS, 2008).

    Segundo a Lei 10.297/96, a base de clculo do imposto :

    Art. 10 [...] I - na sada de mercadoria o valor da operao; II o valor da operao, compreendendo mercadoria e servio; III - na prestao de servio de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao, o preo do servio; IV - no fornecimento de mercadoria com prestao de servio: a) o valor da operao, na hiptese da alnea a; b) o preo corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hiptese da alnea b; V - do desembarao aduaneiro dos bens ou mercadorias importados do exterior a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importao; b) o imposto de importao; c) o imposto sobre produtos industrializados; d) o imposto sobre operaes de cmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuies e despesas devidas s reparties alfandegrias; f) o montante do prprio imposto. VI - do recebimento, pelo destinatrio, de servio prestado no exterior, o valor da prestao do servio, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilizao; VII - da aquisio em licitao pblica de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados, o valor da operao acrescido dos impostos de importao e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente; VIII - da entrada, no territrio do Estado, de lubrificantes e combustveis lquidos e gasosos derivados de petrleo e energia eltrica oriundos de outro Estado ou do Distrito Federal, quando no destinados comercializao ou industrializao, o valor da operao de que decorrer a entrada; IX - da utilizao, por contribuinte, de servio cuja prestao se tenha iniciado em outro Estado ou no Distrito Federal e no esteja vinculada operao ou prestao subseqente, o valor da prestao ou da operao no Estado de origem ou no Distrito Federal; X - no caso do imposto devido antecipadamente por vendedor ambulante ou por ocasio da entrada no Estado de mercadoria destinada a contribuinte de inscrio temporria, sem inscrio ou sem destinatrio certo, o valor da mercadoria acrescido de margem de lucro definida em regulamento.

    Ainda, integra a base de clculo do ICMS, segundo o RICMS/SC, art. 22, o montante do prprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicao

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    para fins de controle; os valores correspondentes a seguros, juros e demais importncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condio e frete, caso o transporte seja efetuado pelo prprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado separado.

    2.3.1.1.4 Alquotas

    As alquotas do ICMS, segundo o RICMS/SC so:

    Art. 26. As alquotas do imposto, nas operaes e prestaes internas e interestaduais, inclusive na entrada de mercadoria importada e nos casos de servios iniciados ou prestados no exterior, so: I - 17% (dezessete por cento), salvo quanto s mercadorias e servios relacionados nos incisos II, III e IV; II - 25% (vinte e cinco por cento) nos seguintes casos: a) operaes com energia eltrica; b) operaes com os produtos suprfluos; c) prestaes de servio de comunicao; d) operaes com gasolina automotiva e lcool carburante; III - 12% (doze por cento) nos seguintes casos: a) operaes com energia eltrica de consumo domiciliar, at os primeiros 150 Kw (cento e cinqenta quilowatts); b) operaes com energia eltrica destinada a produtor rural e cooperativas rurais redistribuidoras, na parte que no exceder a 500 Kw (quinhentos quilowatts) mensais por produtor rural; c) prestaes de servio de transporte rodovirio, ferrovirio e aquavirio de passageiros; d) mercadorias de consumo popular; e) produtos primrios, em estado natural; f) veculos automotores; g) leo diesel; h) coque de carvo mineral. i) pias, lavatrios, colunas para lavatrios, banheiros, bids, sanitrios e caixas de descarga, mictrios e aparelhos fixos semelhantes para uso sanitrio, de porcelana ou cermica, 6910.10.00 e 6910.90.00 (Lei n 13.742/06); j) ladrilhos e placas de cermica, exclusivamente para pavimentao ou revestimento, classificados segundo a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Sistema Harmonizado NBM/SH nas posies 6907 e 6908 (Lei n 13.742/06); l) blocos de concreto, telhas e lajes planas pr-fabricadas, painis de lajes, pr-moldados, classificados, segundo a Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM, respectivamente, nos cdigos 6810.11.00, 6810.19.00, 6810.99.00 (Lei n 13.742/06); m) mercadorias integrantes da cesta bsica da construo civil, relacionadas no Anexo 1, Seo XXXII (Lei n 13.841/06). IV - 7% (sete por cento) nas prestaes de servios de comunicao destinadas a empreendimentos enquadrados no Programa de Fomento s Empresas Prestadoras de Servio de Telemarketing. (Lei n 13.437/05).

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    3 Fica reduzida para 17% (dezessete por cento) a alquota do imposto nas operaes com protetor solar (Lei n 14.835/09).

    As alquotas do ICMS nas operaes interestaduais, segundo o RICMS/SC:

    Art. 27. Nas operaes e prestaes interestaduais que destinem mercadorias ou servios a contribuintes do imposto, as alquotas so: I - 12% (doze por cento), quando o destinatrio estiver localizado nos Estados de Minas Gerais, Paran, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e So Paulo; II - 7% (sete por cento), quando o destinatrio estiver localizado nos demais Estados e no Distrito Federal; III - 4% (quatro por cento) na prestao de servio de transporte areo de passageiros, carga e mala postal (Resoluo do Senado n 95/96).

    Com essa diversidade de alquotas, o contribuinte deve identificar no Regulamento do ICMS a alquota pertinente sua atividade e aplic-la quando for necessrio.

    2.3.1.2 Imposto sobre Produtos Industrializados IPI

    O Imposto sobre Produtos Industrializados, de competncia Federal, foi institudo pela Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, que foi alterada e teve nova redao em 1966 com o Decreto Lei n 34, de 18 de novembro de 1966.

    Atualmente, a Lei 4.502/64 regulamentada pelo decreto 7.212/10, que dispe sobre as normais gerais do IPI e os procedimentos para a realizao das operaes, assim, como a TIPI Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados pelo Decreto 7.222/2010. (BRASIL, 2011b).

    Da mesma forma que o ICMS, o IPI se sujeita ao principio constitucional da no-cumulatividade, que se relaciona com a ideia de tributao com compensaes, evitando, assim, o denominado efeito cascata." (ELALI, 2004).

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    2.3.1.2.1 Contribuinte

    Os contribuintes do IPI so os estabelecimentos industriais e a eles equiparados pela legislao. Por estabelecimento industrial entende-se aquele que executa operaes de transformao, beneficiamento, montagem, acondicionamento ou recondicionamento ou renovao ou recondicionamento, de que resulte produto tributado, ainda que de alquota zero ou isento. (PERE; MARIANO, 2005).

    Segundo o CTN, art. 51, o contribuinte do IPI

    I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar; III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os fornea aos contribuintes definidos no inciso anterior; e IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilo.

    Desta forma, o principal contribuinte do IPI a indstria e o importador, sendo que empresas que pedem equiparao a indstria a Receita Federal do Brasil, tambm considerada contribuinte do IPI.

    2.3.1.2.2 Fato Gerador

    Segundo o CTN, art. 46, o imposto, sobre produtos industrializados tem como fato gerador: "I - o seu desembarao aduaneiro, quando de procedncia estrangeira; II - a sua sada dos estabelecimentos; III - a sua arrematao, quando apreendido ou abandonado e levado a leilo."

    2.3.1.2.3 Base de Clculo

    A base de clculo do IPI, segundo a RFB (2011):

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    Na operao interna: o valor total da operao de que decorrer a sada do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial;

    Na importao: o valor que servir ou que serviria de base para o clculo dos tributos aduaneiros, por ocasio do despacho de importao, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou deste exigveis.

    2.3.1.2.4 Alquotas

    O imposto seletivo, sendo que suas alquotas so fixadas em funo da essencialidade dos produtos. Desta forma, os produtos essenciais, como alimentos e medicamentos, recebem menor carga tributria, e os produtos suprfluos recebem maior tributao. (DENARI, 2002).

    Segundo a CF/88, em seu art. 153, as alquotas do IPI podem ser alteradas pelo Poder Executivo sem obedecer ao princpio da anterioridade.

    As alquotas do IPI so vrias e esto presentes na Tabela de Incidncia do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). (RFB, 2011)

    2.3.1.2.5 Classificao Fiscal

    Segundo o RIPI/10, os produtos esto distribudos na TIPI por Sees, Captulos, Subcaptulos, Posies, Subposies, Itens e Subitens. A classificao ser feita em conformidade com as Regras Gerais para Interpretao - RGI, Regras Gerais Complementares - RGC e Notas Complementares - NC, todas da Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM, integrantes do seu texto.

    A Classificao Fiscal de mercadorias importante no somente para determinar os tributos envolvidos nas operaes de importao e exportao, e de sada de produtos industrializados, mas, tambm, no comrcio exterior, para fins de controle estatstico e determinao do tratamento administrativo requerido para determinado produto. (RFB, 2011).

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    2.4 Obrigaes Fiscais Acessrias

    Segundo Iudcibus (1998), vrios so os grupos de pessoas s quais a contabilidade deve estar preparada a prestar informaes, cada qual com um interesse especfico para o devido fim. Um desses usurios da informao contbil o governo, e este, muito tem investido para que cada vez mais possa ter acesso a essas informaes geradas pelos contribuintes, por meio de obrigaes acessrias.

    A obrigao acessria decorrente da legislao tributria tem por objeto as prestaes, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadao ou da fiscalizao dos tributos. Pelo simples fato da sua inobservncia, converte-se em obrigao principal relativamente penalidade pecuniria, segundo determina o Art. 113, 2 e 3, do CTN - Cdigo Tributrio Nacional, Lei n 5.172/66.

    Transcrevem-se, adiante, os arts. 113 e 115 do CTN, que prevem e definem as obrigaes tributrias, e o fato gerador da acessria, respectivamente:

    Art. 113. A obrigao tributria principal ou acessria. 1 A obrigao principal surge com a ocorrncia do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniria e extingue-se juntamente com o crdito dela decorrente. 2 A obrigao acessria decorre da legislao tributria e tem por objeto as prestaes, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadao ou da fiscalizao dos tributos. 3 A obrigao acessria, pelo simples fato da sua inobservncia, converte-se em obrigao principal relativamente a penalidade pecuniria." Art. 115. Fato gerador da obrigao acessria qualquer situao que, na forma da legislao aplicvel, impe a prtica ou a absteno de ato que no configure obrigao principal.

    Com isso a melhor definio para a obrigao principal em direito tributrio que ela surge a partir da existncia de um fato gerador que produza a incidncia de cobrana de um tributo por parte do ente estatal. (PEGAS, 2007).

    Segundo Oliveira (2005, p. 54),

    o objetivo da obrigao tributria principal, ou seja, o pagamento o fator fundamental que diferencia os dois tipos de obrigaes acessrias tributrias. Se a lei exige, por exemplo, que seja feito um pagamento de tributo ou da penalidade pecuniria (multa), ento, essa obrigao configurada como principal, caso contrrio, ela ser considerada como acessria".

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    No Brasil, observa-se que o Governo est empenhado em melhorar seus servios, fornecendo, por meio da tecnologia da informao e comunicao, novos sistemas de relacionamento com o contribuinte. (FERRER; SANTOS, 2004).

    O fisco, de uma maneira geral, tem aprimorado os seus sistemas de fiscalizao a partir dos seus prprios bancos de dados e tambm por meio do cruzamento de informaes permutadas com outras esferas de poder, havendo um aumento substancial dos resultados no combate evaso fiscal. (DUARTE, 2009).

    Em um pas como o Brasil, onde seu grande territrio e a escassez de recursos econmicos so as principais causas da evaso fiscal, a transformao das informaes necessrias atuao fiscal de pilhas de papis para a forma eletrnica, vem a contribuir para o maior controle sobre as obrigaes fiscais e comerciais dos contribuintes, aumentando, assim, a eficcia da fiscalizao. (CUSTO BRASIL, 2007); (EXAME, 2007).

    As obrigaes acessrias so de nvel federal, estadual e municipal, sendo que em Santa Catarina, as obrigaes acessrias de exigncia do estado, esto dispostas no Anexo 5 do RICMS/SC.

    Algumas obrigaes e declaraes esto passando por mudanas, assim como a guarda dos livros fiscais, que sero de forma digital, no mais em papel, e o envio do SINTEGRA, que em SC no ser mais enviado, pelas empresas obrigadas ao envio do SPED-Fiscal.

    2.4.1 Sistema Integrado de Informaes sobre Operaes interestaduais com Mercadorias e Servios - SINTEGRA

    At ento, um dos mtodos utilizados por todos os Estados para entrega das obrigaes acessrias era o SINTEGRA, um arquivo magntico que segundo a clusula dcima nona do CONVNIO ICMS 57/95 um arquivo de registros fiscais que contm as seguintes informaes:

    I - tipo do registro; II - data de lanamento; III - CGC do emitente/remetente/destinatrio; IV - inscrio estadual do emitente/remetente/destinatrio; V - unidade da Federao do emitente/remetente/destinatrio;

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    VI - identificao do documento fiscal modelo, srie e subsrie e nmero de ordem; VII - Cdigo Fiscal de Operaes e Prestaes; VIII - valores a serem consignados nos livros Registro de Entradas ou Registro de Sadas; e IX - Cdigo da Situao Tributria Federal da operao.

    O SINTEGRA teve incio com um projeto administrado por um Grupo Gestor, constitudo pelo convnio ICMS 78/97, aprovado pelo CONFAZ Conselho Nacional de Poltica Fazendria, e formado por representantes de todas as Unidades da Federao e da UCP/PNAFE/MF, que foi sucedido, em outubro de 2000, por um grupo de trabalho da Cotepe/Confaz - GT-15-Sintegra. (SINTEGRA, 2011).

    Para os contribuintes, o propsito o de simplificar e homogeneizar as obrigaes de fornecimento de informaes relativas s operaes de compra, venda e prestao de servios. J para os fiscos estaduais, o objetivo o de propiciar maior agilidade e confiabilidade ao tratamento das informaes recebidas dos contribuintes e troca de dados entre as diversas UFs. (SINTEGRA, 2011).

    O Estado de Santa Catarina exige que os contribuintes estabelecidos em outra unidade da federao que tiverem operaes destinadas a SC, entreguem o SINTEGRA interestadual, informando ao estado essas operaes, assim como os contribuintes catarinenses devem entregar o SINTEGRA relativo as operaes com destino a outra unidade da federao se o estado de destino obrigar. (ANEXO 7, art. 7 - Item II e 2 do RICMS/SC).

    2.4.2 Declarao do ICMS e do Movimento Econmico - DIME

    Alm da entrega dos arquivos digitais do Sintegra, cada Estado, por meio de lei, exige um tipo especfico de obrigao acessria aos seus contribuintes. Essas obrigaes so diferentes em cada Estado, sendo que alguns exigem informaes mais detalhadas.

    O Estado de Santa Catarina tem por exigncia a seus contribuintes a entrega da DIME Declarao do ICMS e do Movimento Econmico, que segundo a Secretaria da Fazenda, ser apresentada em arquivo eletrnico, para informar

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    fazenda estadual o resumo mensal das suas operaes e prestaes registradas no livro Registro de Apurao do ICMS.

    Segundo o art. 169, do Anexo 5, do RICMS/SC, as informaes necessrias que dever conter na DIME mensal ser, no mnimo, as seguintes:

    a) o resumo das operaes e prestaes de entradas e sadas, classificadas de acordo com o CFOP; b) o resumo da apurao dos dbitos e crditos do imposto; c) a apurao das informaes relativas substituio tributria; d) a discriminao do imposto a pagar; e) o demonstrativo de crditos acumulados, previstos nos arts. 40, 41 e 45; f) os valores que devem ser excludos na apurao do valor adicionado; g) as aquisies efetuadas de produtores inscritos no CPP, discriminados por municpio de origem; h) as receitas de prestaes de servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao e do fornecimento de energia eltrica, discriminados por municpio de origem; i) os valores relativos s transferncias dos locais de extrao ou produo agropecuria, previsto no art. 39, VI, discriminados por municpio de origem; j) o detalhamento por unidade da Federao de origem ou de destino: l) a quantidade de empregados; m) o demonstrativo de crditos no decorrentes de operaes ou prestaes a que se refere a alnea a, observado o disposto no art. 170-A; n) os dados do balano patrimonial e da demonstrao do resultado do exerccio; o) o detalhamento das despesas; p) o resumo do livro Registro de Inventrio.

    A DIME uma das informaes utilizadas pela Secretaria da Fazenda do Estado de SC para o controle da sonegao fiscal, com o objetivo de diminuir a inadimplncia, por meio do cruzamento das informaes enviadas pelos contribuintes para identificar se h divergncias dessas informaes.

    2.4.3 Declarao de Dbitos e Crditos Tributrios Federais - DCTF

    Segundo a RFB (2011), a DCTF - Declarao de Dbitos e Crditos Tributrios Federais dever ser apresentada pelas pessoas jurdicas em geral, desde que se constituam em unidades gestoras de oramento, para prestar informaes relativas aos valores devidos dos tributos e contribuies federais (dbitos), e os respectivos valores de crditos vinculados, relativos a:

    Imposto sobre a renda das pessoas jurdicas (IRPJ);

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    Imposto sobre a renda retido na fonte (IRRF); Imposto sobre produtos industrializados (IPI); Imposto sobre operaes financeiras (IOF); Contribuio social sobre o lucro lquido (CSLL); Contribuio para o PIS/Pasep; Contribuio para o financiamento da seguridade social (Cofins); Contribuio de Interveno no Domnio Econmico incidente sobre a importao e a comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e seus derivados, e lcool etlico combustvel (Cide-Combustvel); e Contribuio de Interveno no Domnio Econmico destinada a financiar o Programa de Estmulo Interao Universidade-Empresa para o Apoio Inovao (Cide-Remessa).

    Essa declarao deve ser gerada por meio do programa gerador de declarao DCTF Mensal, disponvel na pgina da Receita Federal e ser enviada pela internet, mediante transmisso pelo programa ReceitaNet, mediante o uso do certificado digital, at o 15 (dcimo quinto) dia til do 2 (segundo) ms subsequente ao ms de ocorrncia dos fatos geradores. (RFB, 2011).

    2.5 Controle de Estoque

    Uma das obrigaes acessrias exigidas pelos estados a entrega do inventrio, que constam as informaes referentes ao estoque, quantidade e valor. O inventrio informado ao fisco atravs da DIME, no estado de SC, e entregue juntamente com o SPED-Fiscal, pelas empresas j obrigadas. Para o inventrio ter informaes reais, as empresas devem ter implantado um controle de estoque.

    Os sistemas de inventrio podem ser permanente ou peridico. O primeiro registra cada transao com os estoques da empresa comercial, sendo usados geralmente por aquelas que possuem estoque de alto valor ou necessidade de exercer maior vigilncia sobre esse ativo. O segundo no requer registro de cada transao, usado por empresas que no necessitam de informao mais precisa de seus investimentos em estoque. (SILVA; TRISTO, 2000).

    Ao final de cada perodo de apurao do imposto, a pessoa jurdica dever promover o levantamento e a avaliao dos seus estoques. Sendo que a avaliao pode ser de inmeras formas, podem-se destacar alguns como se observa no Quadro 1.

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    Avaliao de estoques Descrio Primeiro que Entra, Primeiro que Sai- PEPS

    O estoque final avaliado com o preo das ltimas entradas.

    ltimo que Entra, Primeiro que Sai - UEPS

    O estoque Final Avaliado com o preo das ltimas entradas.

    Preo Mdio Ponderado Preo Mdio das Compras. Pode ser feito por meio da Mdia Ponderada Fixa ou Mdia Ponderada Mvel.

    Fixa o estoque baixado ao mesmo valor mdio de custo em todo o perodo.

    Mvel o preo mdio da baixa do custo de aquisio varia dentro do prprio perodo, caso haja oscilao no preo de aquisio

    Preo especfico O Valor baixado ao preo de aquisio para determinado produto especfico.

    Quadro 1: Mtodo de Avaliao de Estoques Fonte: Silva (2005).

    Esses mtodos utilizados pelas empresas so usados de forma gerencial, sendo que para o fisco, segundo o Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n 3000 de 26 de maro de 1999, art. 295, o mtodo que dever ser utilizado aquele que o valor dos bens existentes no encerramento do perodo de apurao poder ser o custo mdio ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente, admitida, ainda, a avaliao com base no preo de venda, subtrada a margem de lucro.

    2.6 Tecnologia da Informao

    A Informao est cada dia mais presente em todas as reas, e no diferente na rea empresarial; ao contrrio, ela est, e muito, envolvida dentro das empresas, auxiliando no crescimento e no desenvolvimento tecnolgico.

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    Segundo Albetin e Albetin (2006, p. 1), o uso do TI uma realidade nos diversos setores da economia. A assimilao e utilizao desta tecnologia tornam-se parte da estratgia da organizao.

    Est-se iniciando uma nova era, que ser regida pela tecnologia da informao. Rotinas de transmisso de dados com assinatura digital, importao, exportao, extrao, manipulao e entrelaamento de arquivos eletrnicos passam a fazer parte do dia-a-dia do empresrio, advogados e contadores. (BRITTO, 2008)

    Peter Drucker (apud DUARTE, 2009, p. 17) define a chamada revoluo do conhecimento, como

    aquilo que chamamos de Revoluo da Informao , na realidade, uma revoluo do conhecimento. A rotinizao dos processos no foi possibilitada por mquinas. O computador, na verdade, apenas o gatilho que a desencadeou. O software a reorganizao do trabalho tradicional, baseado em sculos de experincia, por meio da aplicao do conhecimento e, especialmente, da anlise lgica e sistemtica. A chave no a eletrnica, mas, sim, a cincia cognitiva.

    Hoje, vive-se em um mundo dominado pela tecnologia da informao, fazendo com que o conhecimento possa ser transmitido de uma ponta do mundo outra em questo de segundos. Assim, natural que esse avano tenha alcanado a contabilidade, buscando uma maior integrao entre os registros contbeis e seus usurios, internos e externos. (LOPES, 2011).

    Essa nova realidade altera significativamente a utilizao da infraestrutura de comunicao e informao pblica, a internet, possibilitando a reduo significativa das restries e aumento, tambm significativo das possibilidades de realizao de novos processos, novas interaes. (ALBETIN; ALBERTIN, 2006).

    Na Era do Conhecimento, o SPED - Sistema Pblico de Escriturao Digital veio para desenvolver uma nova viso da escriturao contbil e fiscal, a relao entre o fisco e o contribuinte, que[...] um conjunto de aes das autoridades fiscais brasileiras no sentido de obter informaes sobre todas as operaes das empresas em formato eletrnico, ou seja, a vigilncia em tempo real por parte do fisco. (DUARTE, 2009, p. 28).

    O fisco tambm est usando os sistemas de informao a seu favor e j comeou a funcionar o software harpia, um sistema de inteligncia artificial desenvolvido em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e

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    com o Instituto Tecnolgico da Aeronutica, para a RFB. Este sistema desenvolve o perfil de cada um dos contribuintes ao longo dos anos, conseguindo identificar qualquer variao substancial nas suas transaes, como tambm permite o cruzamento das informaes obtidas com cartes de crdito, operaes entre empresas, entre outras informaes. (DUARTE, 2009).

    2.7 Certificado Digital

    Para o envio digital de algumas obrigaes acessrias, incluindo o SPED necessrio um certificado digital, para que a empresa assine as declaraes digitalmente, por meio da internet.

    Assinatura Digital o processo eletrnico de assinatura, baseado em sistema criptogrfico assimtrico, que permite ao usurio usar sua chave privada para declarar a autoria de documento eletrnico a ser entregue RFB, garantindo a integridade de seu contedo. (RFB, 2011)

    O certificado digital pode ser definido como sendo a tecnologia que prov mecanismos de segurana, sendo capaz de gerar autenticidade s informaes eletrnicas trocadas na internet. (AZEVEDO; MARIANO, 2009).

    Segundo a Instruo Normativa RFB n 1.077, de 29 de outubro de 2010:

    Art. 3 O processo de certificao digital a que se refere o 1 do art. 1 fundamentar-se- nos seguintes conceitos: I - documento eletrnico: aquele cujas informaes so armazenadas exclusivamente em meios eletrnicos; II - certificados digitais e-CPF e e-CNPJ: documentos eletrnicos de identidade emitidos por Autoridade Certificadora credenciada pela Autoridade Certificadora Raiz da ICP-Brasil (AC-Raiz) e habilitada pela Autoridade Certificadora da Secretaria da Receita Federal do Brasil (AC-RFB), que certificam a autenticidade dos emissores e destinatrios dos documentos e dados que trafegam em uma rede de comunicao, bem como assegura sua privacidade e inviolabilidade; III - assinatura digital: processo eletrnico de assinatura, baseado em sistema criptogrfico assimtrico, que permite ao usurio usar sua chave privada para declarar a autoria de documento eletrnico a ser entregue RFB, garantindo a integridade de seu contedo; IV - Autoridade Certificadora da Secretaria da Receita Federal do Brasil (AC-RFB): entidade integrante da ICP-Brasil em nvel imediatamente subsequente AC-Raiz, responsvel pela assinatura dos certificados das Autoridades Certificadoras Habilitadas; V - Autoridade Certificadora Habilitada: entidade integrante da ICP-Brasil em nvel imediatamente subsequente ao da AC-RFB, habilitada pela

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    Coordenao-Geral de Tecnologia da Informao (Cotec), em nome da RFB, responsvel pela emisso e administrao dos certificados digitais e-CPF e e-CNPJ; VI - Autoridade de Registro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (AR-RFB): entidade operacionalmente vinculada ACRFB, responsvel pela confirmao da identidade dos solicitantes de credenciamento e habilitao como Autoridades Certificadoras integrantes da ICP-Brasil, em nvel imediatamente subsequente ao da AC-RFB; VII - Autoridades de Registro: entidades operacionalmente vinculadas a uma Autoridade Certificadora Habilitada, responsvel pela confirmao da identidade dos solicitantes dos certificados e-CPF e e-CNPJ; VIII - usurio: pessoa fsica ou jurdica, titular de certificado digital e-CPF ou e-CNPJ, respectivamente, bem como de qualquer outro certificado digital emitido por Autoridade Certificadora no habilitada pela RFB e credenciada pela ICP-Brasil.

    Segundo Duarte (2009), este passaporte virtual um arquivo eletrnico que contm alguns dados para identificar uma pessoa, como por exemplo: nome, data de nascimento, CPF, ttulo de eleitor, e-mail e tambm informaes que identificaro os emissores do certificado.

    2.8 Sistema Pblico de Escriturao Digital - SPED

    No sentido de obter informaes fiscais mais precisas, a forma que o fisco encontrou para informatizar a entrega das obrigaes em mbito nacional, bem como unificar a obrigao a todos os Estados e Municpios, foi a criao do SPED Sistema Pblico de Escriturao Digital.

    O SPED foi Institudo pelo Decreto n 6.022, de 22 de janeiro de 2007, e faz parte do Programa de Acelerao do Crescimento, do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avano na informatizao da relao entre o fisco e os contribuintes. (BRASIL, 2011a).

    Conforme o Decreto 6.022/07, o SPED instrumento que unifica as atividades de recepo, validao, armazenamento e autenticao de livros e documentos que integram a escriturao comercial e fiscal, mediante fluxo nico, computadorizado, de informaes. (BRASIL, 2011a).

    O grande desafio das autoridades fiscais aumentar a presena fiscal em um pas com mais de 5 milhes de empresas legalmente constitudas e 10 milhes de informais. O caminho utilizar-se de tecnologia da informao e

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    conhecimento cientfico, para criar uma inteligncia fiscal capaz de realizar operaes em larga escala. (DUARTE, 2009).

    Segundo Cordeiro (2011), um de seus principais objetivos agilizar e facilitar a comunicao entre o contribuinte e a autoridade fiscal. uma grande revoluo, que impe grandes desafios e, tambm, cria uma enorme oportunidade de negcios. Um caminho sem volta, pois integra as informaes, sendo uma poderosa ferramenta de fiscalizao e combate sonegao.

    O projeto SPED pretende alterar a forma de cumprimento das obrigaes acessrias realizadas pelos contribuintes, substituindo a emisso de livros e documentos contbeis e fiscais em papel, por documentos eletrnicos, cuja auditoria, integridade e validade jurdica so reconhecidas pelo uso do certificado digital. (AZEVEDO, 2009).

    2.8.1 Objetivos do SPED

    Segundo RFB (2011k), o SPED tem como objetivos, os seguintes:

    promover integrao do fisco, mediante a padronizao e compartilhamento das informaes contbeis e fiscais, respeitadas as restries legais.

    racionalizar e uniformizar as obrigaes acessrias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmisso nica de distintas obrigaes acessrias de diferentes rgos fiscalizadores.

    tornar mais clere a identificao de ilcitos tributrios, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso s informaes e a fiscalizao mais efetiva das operaes com o cruzamento de dados e auditoria eletrnica.

    Segundo RFB (2011k), o SPED iniciou com trs grandes projetos: ECD -Escriturao Contbil Digital, EFD - Escriturao Fiscal Digital e a NF-e - Ambiente Nacional. Alm desses, encontra-se em fase inicial de execuo o projeto EFD-PIS/COFINS, e em estudo: e-Lalur, EFD-Social e a Central de Balanos.

    Na viso da RFB (2011m),

    a Escriturao Fiscal Digital - EFD um arquivo digital, que se constitui de um conjunto de escrituraes de documentos fiscais e de outras informaes de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apurao de

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    impostos referentes s operaes e prestaes praticadas pelo contribuinte. Este arquivo dever ser assinado digitalmente e transmitido, via internet, ao ambiente SPED.

    De modo geral, o SPED consiste na modernizao da sistemtica atual do cumprimento das obrigaes acessrias, transmitidas pelos contribuintes s administraes tributrias e aos rgos fiscalizadores, utilizando-se da certificao digital para fins de assinatura dos documentos eletrnicos, garantindo, assim, a validade jurdica dos mesmos apenas na sua forma digital. (BRASIL, 2011m)

    2.8.2 Usurios do SPED

    Levando-se em considerao que o SPED um sistema pblico voltado s sociedades empresrias, mas que de total interesse do fisco, os rgos pblicos usurios do SPED, segundo o Art. 3o do Decreto n 6.022/2007, so:

    I - a Secretaria da Receita Federal do Ministrio da Fazenda; II -as administraes tributrias dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, mediante convnio celebrado com a Secretaria da Receita Federal; e III -os rgos e as entidades da administrao pblica federal direta e indireta que tenham atribuio legal de regulao, normatizao, controle e fiscalizao dos empresrios e das sociedades empresrias. (BRASIL, 2011a).

    Os usurios do SPED so exclusivamente rgos pblicos, mas segundo a Brasil (2011a), o SPED ir proporcionar melhor ambiente de negcios para as empresas no pas, eliminando a concorrncia desleal com o aumento da competitividade entre as empresas, alm de reduzir os custos para o contribuinte e disponibilizar aplicativos para emisso e transmisso da Escriturao Digital e da NF-e para uso opcional pelo contribuinte.

    2.9 Nota Fiscal Eletrnica NF-e

    O primeiro Projeto do SPED a ser implementado foi a NF-e - Nota Fiscal Eletrnica, que tem como objetivo a implantao de um modelo nacional de

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    documento fiscal eletrnico que venha substituir a sistemtica atual de emisso do documento fiscal em papel, com validade jurdica garantida pela assinatura digital do remetente, simplificando as obrigaes acessrias dos contribuintes e permitindo, ao mesmo tempo, o acompanhamento em tempo real das operaes comerciais pelo Fisco. (BRASIL, 2011c).

    Para Duarte (2009), a NF-e um documento eletrnico que contm dados do contribuinte remetente, do destinatrio e da operao a ser realizada. Este documento assinado por certificado digital do remetente e enviado Secretaria da Fazenda - SEFAZ de sua unidade federativa, validado e autorizado.

    Segundo Brasil (2011c), pode-se conceituar a Nota Fiscal Eletrnica como sendo um documento de existncia apenas digital, emitido e armazenado eletronicamente, com o intuito de documentar, para fins fiscais, uma operao de circulao de mercadorias ou uma prestao de servios, ocorrida entre as partes.

    A NF-e tem em suas caractersticas a natureza de documento exclusivamente digital (emitida, portanto, sem necessidade de papel) e sua autenticidade e impossibilidade de alterao de contedo assegurada pela certificao e assinatura digitais. (FALCO, 2011).

    Referente a guarda das informaes da NF-e, em regra geral, o emitente e o destinatrio devero armazenar apenas o arquivo digital, no caso da empresa destinatria das mercadorias ser emitente de NF-e, ela no precisar, portanto, guardar o DANFE Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrnica, devendo guardar apenas o arquivo digital recebido. Caso o destinatrio no seja contribuinte credenciado para a emisso de NF-e, o destinatrio poder, alternativamente, manter em arquivo o DANFE relativo NF-e em substituio ao arquivo eletrnico da NF-e, devendo ser apresentado administrao tributria, quando solicitado. (BRASIL, 2011c).

    2.9.1 Obrigatoriedade

    Inicialmente a obrigatoriedade da NF-e, foi imposta por meio da lista de atividades obrigadas a emisso da NF-e, disposta no Protocolo do ICMS N 10/2007, onde, para determinar se a empresa est ou no na obrigatoriedade, ela apenas

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    teria que praticar ou ter praticado nos ltimos 12 meses alguma das atividades do protocolo, no importando o CNAE (Cdigo Nacional de Atividade Econmica).

    A partir do Protocolo ICMS n 42, de 03 de julho de 2009, os critrios para identificar a obrigatoriedade da emisso da NF-e passou a ser o CNAE:

    O 3 do Protocolo acrescenta: Para fins do disposto neste protocolo, deve-se considerar o cdigo da CNAE principal do contribuinte, bem como os secundrios, conforme conste ou, por exercer a atividade, deva constar em seus atos constitutivos ou em seus cadastros, junto ao Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas (CNPJ) da Receita Federal do Brasil (RFB) e no cadastro de contribuinte do ICMS de cada unidade federada.

    Para os contribuintes que no se enquadram nos CNAEs obrigados a emisso o Protocolo 42/2009 dispe que:

    Clusula segunda - Ficam obrigados a emitir Nota Fiscal Eletrnica - NF-e, modelo 55, em substituio Nota Fiscal, modelo 1 ou 1-A, a partir de 1 de dezembro de 2010, os contribuintes que, independentemente da atividade econmica exercida, realizem operaes: I - destinadas Administrao Pblica direta ou indireta, inclusive empresa pblica e sociedade de economia mista, de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; II - com destinatrio localizado em unidade da Federao diferente daquela do emitente; III - de comrcio exterior.

    As primeiras empresas a entrar na obrigatoriedade da NF-e foram indstrias e empresas atacadistas, sendo que as empresas comerciais que realizavam algumas das operaes identificadas do Protocolo 42/2009 acima, tambm foram obrigadas a emisso.

    2.9.2 Emisso e Autorizao da NF-e

    Para a NF-e ter validade, a empresa necessita autorizao da Secretaria da Fazenda, de forma que apenas depois da autorizao desse rgo que a operao poder ser realizada.

    Segundo Ministrio da Fazenda (2011), na recepo de cada NF-e pela Secretaria da Fazenda, para fins de autorizao de uso, feita uma validao, sendo validados:

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    assinatura digital para garantir a autoria da NF-e e sua integridade; formato de campos para garantir que no ocorram erros de

    preenchimento dos campos da NF-e (por exemplo, um campo valor preenchido com letras);

    numerao da NF-e para garantir que a mesma NF-e no seja recebida mais de uma vez;

    emitente autorizado se a empresa emitente da NF-e est credenciada e autorizada a emitir NF-e na Secretaria da Fazenda;

    a regularidade fiscal do emitente se o emissor est regularmente inscrito na Secretaria da Fazenda da unidade federada em que estiver localizado.

    O fato de uma NF-e estar com seu uso autorizado pela Secretaria da Fazenda significa que a mesma recebeu uma declarao da realizao de uma determinada operao comercial a partir de determinada data e que verificou previamente determinados aspectos formais daquela declarao, no se responsabilizando, em nenhuma hiptese, pelo aspecto do mrito dela, que de inteira responsabilidade do emissor. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011).

    Na Figura 1, tem-se uma representao grfica como ocorre a emisso da NF-e.

    Figura 1: Emisso da NF-e Fonte: Receita Federal do Brasil (2011).

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    Caso a NF-e no seja autorizada por serem detectados erros ou problemas no reconhecimento da autoria ou da integridade do arquivo digital, no formato de campos, na numerao ou com o credenciamento do emitente, a NF-e ser rejeitada, no sendo gravada no banco de dados da SEFAZ. Nesse caso, a numerao da NF-e rejeitada ainda poder ser utilizada, podendo o emitente arrumar as inconsistncias e envi-la novamente. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011).

    2.9.3 Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrnica - DANFE

    Devido a NF-e se tratar de um arquivo digital, ela necessitou de um leiaute de impresso para acompanhar o transporte da mercadoria, o Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrnica DANFE, que utilizado, tambm, para auxiliar a consulta da autenticidade da NF-e.

    O DANFE uma representao simplificada da NF-e e tem a funo de acompanhar a mercadoria em trnsito, bem como fornecer informaes bsicas sobre a operao em curso (emitente, destinatrio, valores, etc.) e auxiliar na escriturao das operaes documentadas por NF-e no caso de destinatrio no ser contribuinte credenciado a emitir NF-e. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011).

    Segundo Duarte (2009, p. 76), para circular a mercadoria, o emitente deve imprimir um espelho da NF-e em papel A4 - o DANFE. Ele deve conter um cdigo de barras com o nmero identificador da NF-e."

    O DANFE no nota fiscal, nem a substitui, servindo apenas como instrumento auxiliar para consulta da NF-e, por meio da chave de acesso da NF-e, que permite ao detentor desse documento confirmar, por meio da pgina da SEFAZ do Estado do emitente ou da Receita Federal, a efetiva existncia de uma NF-e que tenha tido seu uso regularmente autorizado. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011).

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    2.9.4 NF-e Emitida em Contingncia

    Segundo Ministrio da Fazenda (2011), quando, em decorrncia de problemas tcnicos, no for possvel transmitir a NF-e para a unidade federada do emitente, ou obter resposta solicitao de Autorizao de Uso da NF-e, o contribuinte dever gerar novo arquivo, conforme definido em Ato COTEPE, informando que a respectiva NF-e foi emitida em contingncia e adotar uma das seguintes alternativas: "transmitir a NF-e para o Sistema de Contingncia do Ambiente Nacional (SCAN); ou imprimir o DANFE em formulrio de segurana e transmitir a NF-e, em contingncia, conforme definido na legislao vigente."

    Resumidamente, segundo Ministrio da Fazenda (2011),os procedimentos de contingncia atuais podem ser descritos da seguinte forma:

    SCAN - A transmisso para o SCAN depende de ativao prvia pela SEFAZ autorizadora, de forma que sua utilizao estar relacionada na maior parte dos casos com problemas tcnicos na SEFAZ autorizadora (e no no ambiente da empresa emitente). Nesse caso, a empresa dever gerar NF-e com srie a partir de 900 (sries de 900 a 999 esto reservadas ao SCAN), seguindo normalmente os demais procedimentos (No necessita impresso de DANFE em formulrio de segurana). DPEC - O contribuinte dever informar ao fisco atravs do Ambiente Nacional da NF-e, por site ou transmisso por web service algumas informaes resumidas das NF-e que ir emitir em contingncia. (No necessita impresso de DANFE em formulrio de segurana). FS - Nos casos de uso de FS ou FS-DA, o DANFE dever ser impresso em duas vias. Uma das vias ser para o trnsito das mercadorias, devendo ser guardada pelo destinatrio pelo prazo decadencial, a outra via ser para o arquivo fiscal do emitente. Caso a transmisso leve rejeio da NF-e, o contribuinte dever providenciar a correo, autorizando a NF-e e providenciando a regularizao perante o destinatrio, entregando-lhe tanto o novo DANFE quanto respectiva NF-e devidamente autorizada.

    Sempre que o contribuinte enfrentar uma situao de contingncia, dever lavrar termo no Livro Registro de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrncia, modelo 6, informando a data, a hora com minutos e segundos do seu incio e seu trmino, a numerao e a srie da primeira e da ltima NF-e geradas nesse perodo, identificando, dentre as situaes descritas nos incisos I a III, qual foi a utilizada. (MINISTRIO DA FAZENDA, 2011).

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    2.10 Escriturao Contbil Digital ECD

    Outro Projeto do SPED a ECD Escriturao Contbil Digital, que substitui os livros contbeis em papel por livros digitais, entregues via internet.

    Na viso de Duarte (2009, p.119), a Escriturao Contbil Digital (ECD) o pilar do SPED. Simplificadamente pode-se entender a ECD como gerao de livros contbeis em meio eletrnico, por meio de arquivo com leiaute padro assinado com certificado digital.

    Segundo a RFB (2011), trata-se da obrigao de transmitir, em verso digital, os seguintes livros: I - livro Dirio e seus auxiliares, se houver; II - livro Razo e seus auxiliares, se houver; e III - livro Balancetes Dirios, Balanos e fichas de lanamento comprobatrias dos assentamentos neles transcritos.

    A empresa gera um arquivo digital no formato especificado no anexo nico Instruo Normativa RFB n 787/07. Este arquivo submetido ao Programa Validador e Assinador PVA, fornecido pelo SPED, o contribuinte faz o download do PVA e do Receitanet e o envia por meio da internet. (RFB, 2011).

    Cada arquivo dever conter apenas um livro, e os livros contbeis emitidos em forma eletrnica devero ser assinados digitalmente, utilizando-se de certificado de segurana. A numerao dos livros sequencial, por tipo de livro, independente de sua forma ser em papel, fichas, microfibras ou digital. (YOUNG, 2009).

    Segundo a Instruo Normativa RFB n 787/2007, esto obrigadas a adotar a ECD em relao aos fatos contbeis ocorridos a partir de 1 de janeiro de 2008, as sociedades empresrias sujeitas a acompanhamento econmico-tributrio diferenciado, nos termos da Portaria RFB n 11.211/2007 e sujeitas tributao do Imposto de Renda com base no Lucro Real; em relao aos fatos contbeis desde 1 de janeiro de 2009, as demais sociedades empresrias sujeitas tributao do Imposto de Renda com base no Lucro Real.

    A penalidade por atraso de entrega da ECD de R$ 5.000,00, por ms de atraso ou frao de ms, sendo que a notificao no automtica, tendo que o contribuinte aguardar a emisso da notificao pela Receita Federal, existindo ainda a possibilidade de reduo do valor, nos casos de pagamento dentro do prazo previsto na notificao. (RFB, 2011).

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    2.11 Escriturao Fiscal Digital EFD - PIS/COFINS

    O atual projeto do SPED, ainda novidade para as empresas, a Escriturao Fiscal Digital PIS/COFINS que teve seu projeto iniciado em 2010.

    A EFD-PIS/COFINS trata-se de um arquivo digital institudo no Sistema Pblico de Escriturao Digital SPED, a ser utilizado pelas pessoas jurdicas de direito privado na escriturao da Contribuio para o PIS/Pasep e da Cofins, nos regimes de apurao no-cumulativo e/ou cumulativo, com base no conjunto de documentos e operaes representativos das receitas auferidas, bem como dos custos, despesas, encargos e aquisies geradores de crditos da no-cumulatividade. (RFB, 2011).

    O arquivo da EFD-PIS/COFINS dever ser validado, assinado digitalmente e transmitido, via internet, ao ambiente SPED, at o 5 (quinto) dia til do 2 (segundo) ms subsequente a que se refira a escriturao, inclusive nos casos extino, incorporao, fuso e ciso total ou parcial. (RFB, 2011).

    A obrigatoriedade de envio da EFD-PIS/COFINS, conforme cronograma atualizado pela Instruo Normativa RFB n 1.085 de 19 de novembro de 2010:

    1. em relao aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 de abril de 2011, as pessoas jurdicas sujeitas a acompanhamento econmico-tributrio diferenciado, nos termos da Portaria RFB n 2.923, de 16 de dezembro de 2009, e sujeitas tributao do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real; 2. em relao aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 de julho de 2011, as demais pessoas jurdicas sujeitas tributao do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Real; 3. em relao aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 de janeiro de 2012, as demais pessoas jurdicas sujeitas tributao do Imposto sobre a Renda com base no Lucro Presumido ou Arbitrado.

    A EFD-PIS/COFINS, ainda uma novidade para as empresas obrigadas, de maneira que algumas ainda esto se adequando as exigncias dessa obrigao.

    2.12 Escriturao Fiscal Digital EFD-ICMS/IPI

    Outro projeto do SPED a Escriturao Fiscal Digital EFD, que uma obrigao mensal que substitui as obrigaes acessrias referente ao ICMS e ao IPI, unificando, assim, as obrigaes de todos os estados da federao.

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    A EFD um arquivo digital que dever ser gerado a partir da base de dados das empresas, e constitui um conjunto de escrituraes de documentos fiscais e de outras informaes de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apurao dos impostos ICMS e IPI. Este arquivo dever ser assinado digitalmente e transmitido, via internet, ao ambiente SPED. (RFB, 2011).

    A EFD obriga o contribuinte a informar suas operaes de forma mais detalhada ao Fisco, ao contrrio da forma que realiza a escriturao fiscal nos livros fiscais, porque estes contemplam apenas dados totais dos documentos fiscais. (AZEVEDO; MARIANO, 2009, p. 159).

    2.12.1 Legislao Aplicvel

    No que diz respeito a legislao aplicvel em mbito nacional e no estado de Santa Catarina, primeiramente, segundo o Convnio ICMS n 143, de 15 de dezembro de 2006:

    Fica instituda a Escriturao Fiscal Digital - EFD, em arquivo digital, que se constitui em um conjunto de escriturao de documentos fiscais e de outras informaes de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal bem como no registro de apurao de impostos referentes s operaes e prestaes praticadas pelo contribuinte.

    O Ato COTEPE/ICMS n 9, de 18 de Abril de 2008, que dispe sobre as especificaes tcnicas para a gerao de arquivos da Escriturao Fiscal Digital EFD. E o AJUSTE SINIEF 2, DE 3 DE ABRIL DE 2009 que dispe sobre a Escriturao Fiscal Digital EFD:

    Clusula primeira Fica instituda a Escriturao Fiscal Digital - EFD, para uso pelos contribuintes do Imposto sobre Operaes Relativas Circulao de Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicao - ICMS e/ou do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI.

    No Estado de Santa Catarina, a EFD, foi regulamentada por meio dos Arts. 23 e 24 do Anexo 11, do Regulamento do RICMS/SC, com a seguinte redao.

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    De acordo com o Art. 24:

    1 A Escriturao Fiscal Digital - EFD compe-se da totalidade das informaes, em meio digital, necessrias apurao do imposto referente s operaes e prestaes praticadas pelo contribuinte, bem como outras de interesse da Secretaria de Estado da Fazenda e da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB. 2 Para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurdica da EFD, as informaes a que se refere o 1 sero prestadas em arquivo digital, com assinatura digital do contribuinte ou seu representante legal certificada por entidade credenciada pela Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira - ICP-Brasil.

    O Manual de Orientao do Leiaute da EFD, para os contribuintes catarinenses, foi aprovado pela Portaria SEF n 008/2010, Anexo nico.

    2.12.2 Obrigatoriedade

    O prazo de incio da obrigatoriedade para o envio das informaes relativas EFD varia de Estado para Estado, sendo que foi divulgado em Ato COTEPE a relao das empresas obrigadas, inicialmente, em janeiro de 2009.

    Em Santa Catarina, segundo o Regulamento do ICMS, ANEXO 11, art. 25, as empresas obrigadas entrega da EFD devem obedecer ao cronograma abaixo:

    I a partir de 1 de janeiro de 2009 para o contribuinte: a) cuja soma do valor contbil das sadas realizadas pelo conjunto dos seus estabelecimentos localizados neste Estado, informado na Declarao de Informaes do ICMS e Movimento Econmico DIME, referente ao exerccio de 2007, seja igual ou superior a R$ 50.000.000,00 (cinqenta milhes de reais); b) prestador de servios de comunicao e de telecomunicao e fornecedor de energia eltrica, que emitiu em 31 de julho de 2008 seus documentos fiscais em uma nica via por sistema eletrnico de processamento de dados, de acordo com o estabelecido no Anexo 7, Seo IV-A; II a partir de 1 de abril de 2010, para os contribuintes cuja soma do valor contbil das sadas realizadas pelo conjunto dos seus estabelecimentos localizados neste Estado, informado na Declarao de Informaes do ICMS e Movimento Econmico DIME, referente ao exerccio de 2008, seja superior a R$ 24.000.000,00 (vinte e quatro milhes de reais), exceto quanto aos contribuintes j obrigados de acordo com o inciso I; III a partir de 1 de julho de 2010, para o contribuinte cuja soma do valor contbil das sadas realizadas pelo conjunto dos seus estabelecimentos localizados neste Estado, informado na Declarao de Informaes do ICMS e Movimento Econmico DIME, referente ao exerccio de 2008, seja superior a R$ 12.000.000,00 (doze milhes de reais) at R$ 24.000.000,00

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    (vinte e quatro milhes de reais), exceto quanto aos contribuintes j obrigados de acordo com o inciso I; IV a partir de 1 de julho de 2011, para o contribuinte cuja soma do valor contbil das sadas realizadas pelo conjunto dos seus estabelecimentos localizados neste Estado, informado na Declarao de Informaes do ICMS e Movimento Econmico DIME, referente ao exerccio de 2010, seja superior a R$ 6.000.000,00 (seis milhes de reais) at R$ 12.000.000,00 (doze milhes de reais), exceto quanto aos contribuintes j obrigados de acordo com o inciso I; V a partir de 1 de janeiro de 2012, para o contribuinte cuja soma do valor contbil das sadas realizadas pelo conjunto dos seus estabelecimentos localizados neste Estado, informado na Declarao de Informaes do ICMS e Movimento Econmico DIME, referente ao exerccio de 2010, seja igual ou superior a R$ 3.600.000,00 (trs milhes e seiscentos mil reais) at R$ 6.000.000,00 (seis milhes de reais), exceto quanto aos contribuintes j obrigados de acordo com o inciso I.

    2.12.3 Livros Abrangidos na EFD

    Segundo o Decreto n 1.766/2008, alterao 1796, art. 27, a EFD-ICMS/IPI substitui a escriturao e a impresso dos seguintes livros: I - Registro de Entradas; II - Registro de Sadas; III - Registro de Inventrio; IV - Registro de Apurao do IPI; V - Registro de Apurao do ICMS.

    O contribuinte dever manter a guarda dos livros em forma de arquivos digitais, junto com os documentos fiscais que deram origem a escriturao, nos prazos e na forma estabelecida pela legislao tributria para guarda dos documentos fiscais. (YOUNG, 2009).

    2.12.4 Periodicidade da Entrega

    A periodicidade, segundo a (RFB, 2011m), mensal, e devem apresentar informaes relativas a um ms civil ou frao, ainda que as apuraes dos impostos (ICMS e IPI) sejam efetuadas em perodos inf