Marcelo - Instrumentação Wireless

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    1/87

    MARCELO KHOURI SILVA

    A EVOLUO DAS REDES WIRELESSNA INDSTRIA DE

    PROCESSO

    RIO DE JANEIRO

    2011

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    2/87

    Marcelo Khouri Silva

    A Evoluo das RedesWirelessna Indstria de Processo

    Monografia apresentada ao InstitutoBrasleiro de Petrleo, Gs e

    Biocombustveis IBP para obteno dograu de Ps Graduo em Engenharia de

    Instrumentao Industrial

    Orientador: Prof. Cludio Makarovsky

    IBP-PS Instituto de Ps-Graduao do Petrleo

    Rio de Janeiro - 2011

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    3/87

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente Deus por ter me dado a

    fora e a f necessrias para superao dos

    obstculos enfrentados.

    Em especial, quero agradecer aos meus pais pelo

    apoio e suporte em tudo que me foi necessrio e s

    minhas irms por me alegrarem e me colocar pracima sempre que necessrio.

    Ao meu orientador Prof. Cludio Makarovsky, pelas

    importantes sugestes dadas para o desenvolvimento

    deste trabalho.

    Aos amigos que me acolheram no IBP, tornando mais

    agradveis a adaptao disciplina de aulas aos

    finais de semana.

    Aos amigos mais prximos por sempre escutar as

    lamentaes na hora do desespero e compartilhar as

    risadas nos momentos de alegria.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    4/87

    A Evoluo das RedesWirelessna Indstria de Processo

    Resumo:Cada vez mais a transmisso de dados utilizando meio sem fio se faz presente

    no nosso cotidiano. Celulares, palmtops, e at mesmo a rede domstica para acesso

    internet so exemplo da difuso cada vez maior dessa tecnologia. As redes sem fio

    atingiram hoje um papel de fundamental importncia no meio industrial. Em um

    mercado cada vez mais competitivo, a reduo de custos de instalao e

    comissionamento, manuteno e gerenciamento das redes de campo, aliadas

    confiabilidade operacional trazidas pela nova tecnologia no pode deixar de ser

    considerada. Em virtude disso, este trabalho tem como objetivo estudar a transmisso de

    sinais das redes de instrumentos sem fio na indstria de processos, suas topologias e suascaractersticas.

    A fim de situar esta tecnologia no tempo, apresenta-se um histrico das

    transmisses de sinais de campo, desde a pneumtica at as modernas transmisses

    fieldbus. Tambm estudada a evoluo dos sensores, que pode ser considerado um dos

    fatores que possibilitaram a transmisso sem fio. Os novos conceitos ligados a tecnologia

    wirelesscomo espalhamento espectral, antenas, arquiteturas da rede e normas aplicveis

    so tambm apresentados para que se possa entender o funcionamento de uma rede semfios. Por fim, feito um estudo de caso exemplificando a utilizao da tecnologia

    wirelessem um sistema integrado de VOIP sobre rede wirelesse instrumentao atuando

    sobre a mesma rede sem fio.

    Palavras-chave:Antenas, espalhamento espectral, ISA 100.11a, meio industrial, redes

    sem fio, reduo de custos.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    5/87

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1.1 - Evoluo das tecnologias Wi-Fi. ................................................................. 15

    Figura 2.1 - Controle manual de um indstria de processo ............................................ 19

    Figura 2.2 - Maturidade das tecnologias de transmisso de sinais. ................................ 20

    Figura 2.3 - Esquema de uma malha fechada de controle com transmisso pneumtica.

    ........................................................................................................................................ 22

    Figura 2.4 - Formas de interligao de instrumentos com transmisso eletrnica a) 2

    fios b) 3 fios c) 4 fios ...................................................................................................... 24

    Figura 2.5 - Base instalada de protocolos de comunicao digital com nfase na

    indstria de processos ..................................................................................................... 26

    Figura 2.6 - Princpio da transmisso superimposta HART ........................................... 27

    Figura 2.7 - Topologia da redefoundation fieldbus........................................................ 29

    Figura 2.8 - Modelo de comunicaofoundation fieldbus. ............................................ 30

    Figura 2.9 Arquitetura da redeprofibusPA com controlador exclusivo. .................... 31

    Figura 2.10 - Arquitetura da rede sem fio para coleta de dados. .................................... 32

    Figura 2.11 - Arquitetura tpica das primeiras redes sem fio industriais. ....................... 33

    Figura 2.12 - Topologia da rede sem fio atual ................................................................ 34

    Figura 3.1 - Tcnica do espalhamento espectral. ............................................................ 37

    Figura 3.2 - Mtodo de espalhamento espectral DSSS. ............................................... 38

    Figura 3.3 - Mtodo de espalhamento espectral FHSS. ............................................... 38

    Figura 3.4 - Diagrama de radiao de uma antena helicoidal. ........................................ 39

    Figura 3.5 - Equipamentos de rede - devices. ................................................................. 42

    Figura 3.6 - Configurao de uma rede tpica. ............................................................... 43

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    6/87

    Figura 3.7 - Exemplos de pontos de acesso. ................................................................... 43

    Figura 3.8 - Topologia ponto a ponto. ............................................................................ 44

    Figura 3.9 - Topologia estrela. ........................................................................................ 45

    Figura 3.10 - Topologia rvore ....................................................................................... 46

    Figura 3.11 - Topologia mesh. ....................................................................................... 48

    Figura 3.12 - Topologia de redes hbridas ...................................................................... 49

    Figura 3.13- Topologia bsica da norma IEEE 802.15.4 ................................................ 52

    Figura 3.14 - Topologias para oZigBee......................................................................... 56

    Figura 3.15 - Rede mesh wirelesshart. ............................................................................ 59

    Figura 3.16 - Topologias possveis de uma rede wirelesshart. ....................................... 60

    Figura 3.17 - Funes dos dispositivos da rede ISA 100.11a. ........................................ 63

    Figura 4.1 - Requisitos de uma rede sem fio. ................................................................. 65

    Figura 4.2 - Definio do protocolo em uma aplicao. ................................................. 66

    Figura 4.3 - Tecnologia de camadas ISO-OSI e suas funes. ....................................... 67

    Figura 4.4 - Exemplo do caminho seguido em uma aplicao. ...................................... 68

    Figura 4.5 - Tempo de acesso ao meio de transmisso. .................................................. 71

    Figura 4.6 - Exemplo de roteamento de uma rede mesh. ............................................... 72

    Figura 4.7 - Requisitos de segurana. ............................................................................. 73

    Figura 4.8 - Painis solares ............................................................................................. 75

    Figura 4.9 - Gerador de energia piezoeltrico. ............................................................... 76

    Figura 4.10 Exemplo de micro-turbina. ....................................................................... 76

    Figura 5.1 - Comparao de economia entre uma rede fiada e uma wireless. ................ 81

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    7/87

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Padres utilizados nas indstrias de processo (CONSIDINE, 1985) ........ 21

    Tabela 2.2 - Caractersticas da transmisso pneumtica (RIEGO, 2009) ....................... 22

    Tabela 2.3 - Padres utilizados nas indstrias de processo (CONSIDINE, 1985) ......... 23

    Tabela 2.4 - Principais caractersticas da transmisso analgica (RIEGO, 2009) .......... 25

    Tabela 2.5 - Dados transmitidos por instrumento HART (HART COMMUNICATION,

    2011) ............................................................................................................................... 26

    Tabela 2.6 - Principais caractersticas da transmisso HART (RIEGO, 2009) .............. 28

    Tabela 2.7 - Principais caracterstica da transmisso FF (RIEGO, 2009) ...................... 30

    Tabela 2.8 - Principais caractersticas da transmisso Profibus PA (RIEGO, 2009) ..... 32

    Tabela 3.1 - Subdivises do espectro de RF (RACKLEY, 2007) .................................. 35

    Tabela 3.2 - Propriedades da tecnologia IEEE 802.15.4 (RIEGO, 2009) ...................... 52

    Tabela 3.3 - Funes de cada camada (IEEE 802.15.4, 2007) ....................................... 53

    Tabela 3.4 - Dispositivos zigbee e suas funcionalidades (BRANDO, BONIFCIO e

    PANTONI, 2009) ............................................................................................................ 54

    Tabela 3.5 - Propriedades da tecnologia IEC/PAS 62591 (2008) (RIEGO, 2009) ........ 60

    Tabela 3.6 - Classes de operao definidas pela ISA 100.11a (ISA 100.11a, 2008) ...... 61

    Tabela 3.7 - Propriedades da tecnologia ISA 100.11a (2008) (RIEGO, 2009) .............. 64

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    8/87

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ANATEL - Agncia Nacional das Telecomunicaes

    CLP - Controlador Lgico Programvel

    CSMA-CA - Carrier Sense Multiple Access with Collision Avoidance

    DSSS -Direct Sequence Spread Spectrum

    EHF -Extreme High Frequency

    FCC - Federal Communications Commission

    FF- Foundation fieldbus

    FFD - Full Function Device

    FHSS - Frequency Hopping Spread Spectrum

    FSK - Frequency Shifting Keying

    GTS - Guaranteed Time Slot

    HART -Highway Addressable Remote Transducer

    HF -High Frequnecy

    IEC International Electrotechnical Commission

    IEEE -Institute of Electrical and Electronic Engineers

    ISA -International Society of Automation

    ISM -Instrument, Scientific and Medical

    ISO-OSI - Padro de redes de comunicao - Open System Interconnection

    ISP -Interoperable Systems Project

    LF- Low Frequency

    MEMS - Sistemas Micro-eletro-mecnicos

    MF Medium Frequency

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    9/87

    PAN - Personal Area Network

    QoS - Quality of Signal

    RF - Rdio Freqncia

    RFD -Reduced Function Device

    SDCD - Sistema Digital de Controle Distribudo

    SHF - Super High Frequency

    SSC - Sistema de Superviso e Controle

    TDMA - Time Division Multiple Access

    TIR - Taxa Interna de Retorno

    UHF - Ultra High Frequency

    UTR - Unidade Terminal Remota

    VHF -Very High Frequencu

    VLF - Very Low Frequency

    VOIP - Voice Over Internet Protocol

    XOR - Funo Lgica OU Exclusivo

    Wi-Fi - Wireless Fidelity

    WorldFIP- World Factory Instrumentation Protocol

    WPAN - Wireless Personal Area Network

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    10/87

    SUMRIO

    1 INTRODUO..................................................................................................... 12

    1.1 MOTIVAO ................................................................................................. 15

    1.2 OBJETIVO ....................................................................................................... 16

    1.3 METODOLOGIA DE ESTUDO ..................................................................... 17

    1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ............................................................... 17

    2 HISTRICO DA TECNOLOGIA....................................................................... 192.1 TRANSMISSO DE SINAIS DE CAMPO .................................................... 19

    2.2 TRANSMISSO PNEUMTICA .................................................................. 20

    2.3 TRANSMISSO ANALGICA ELETRNICA ........................................... 22

    2.4 TRANSMISSO DIGITAL COM FIO ........................................................... 25

    2.4.1 ProtocoloHART...................................................................................... 26

    2.4.2 Foundation fieldbus................................................................................. 28

    2.4.3 ProfibusPA.............................................................................................. 30

    2.5 TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO ............................................................ 32

    3 CONCEITOS TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO....................................... 35

    3.1 TRANSMISSO DOS SINAIS ....................................................................... 36

    3.1.1 Espalhamento espectral.......................................................................... 36

    3.1.2 Antenas.................................................................................................... 39

    3.2 ARQUITETURAS DE REDES ....................................................................... 40

    3.2.1 Equipamentos da rede............................................................................ 40

    3.2.2 Topologia das redes................................................................................ 44

    3.3 TECNOLOGIAS ATUAIS .............................................................................. 50

    3.3.1 IEEE 802.15.4 .......................................................................................... 50

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    11/87

    3.3.2 Zigbee....................................................................................................... 53

    3.3.3 Wirelesshart.............................................................................................. 57

    3.3.4 Norma ISA 100.11A ................................................................................ 60

    4 REQUISITOS DA TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO............................... 65

    4.1 ANLISE DOS REQUISITOS ....................................................................... 69

    4.1.1 Energia solar........................................................................................... 74

    4.1.2 Vibrao ................................................................................................... 75

    4.1.3 Micro-turbinas........................................................................................ 76

    5 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 77

    5.1 EXEMPLO DE APLICAO: ECONOMIA EM UMA PLANTA DE

    GERAO DE ENERGIA......................................................................................... 78

    5.1.1 Novas adies ao sistema........................................................................ 79

    6 CONCLUSO........................................................................................................ 83

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................................ 85

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    12/87

    12

    1 INTRODUO

    notria a evoluo tecnolgica ocorrida ao longo dos anos. A inveno do

    transistor revolucionou o ramo da eletrnica, pois sua utilizao em microprocessadores

    substituiu uma enormidade de aplicaes que, at ento, eram realizadas por sistemas

    complexos e de grande porte. A rpida evoluo da microeletrnica permitiu que, em

    menos de 25 anos, os computadores atingissem fabricao em escala mundial e se

    tornassem um item fundamental no cotidiano de nossas vidas. E este desenvolvimentoatingiu tambm as indstrias.

    Em indstrias de processo, malhas de controle, que eram puramente pneumticas,

    passaram a ser controladas por dispositivos microprocessados. Os controladores

    pneumticos, utilizados na dcada de 50, foram gradativamente substitudos por

    dispositivos eletrnicos que comandavam uma ou mltiplas malhas de controle.

    Com o avano da tecnologia, as diversas malhas de controle que ficavam

    espalhadas pela unidade puderam ser concentradas em sistemas integrados de controle,

    como CLPs e SDCDs, os quais conseguiam concentrar todos os controles da planta em

    um nico microprocessador. Isto facilitou a superviso das variveis de processo pelos

    operadores, que no precisavam se deslocar pela unidade de processo para este fim.

    importante ressaltar tambm que, acompanhando esta evoluo, os sensores

    tambm tiverem que evoluir. Sensores puramente pneumticos deram lugar a sensores

    eletrnicos. Esta nova evoluo permitiu uma leitura mais clara e com menos erros das

    variveis de processo. Alm disso, a converso dos sinais medidos em sinais digitais foi

    claramente facilitada, melhorando a qualidade dos sinais transmitidos.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    13/87

    13

    Os tubings1utilizados para levar o sinal pneumtico at os instrumentos foram

    sendo substitudos por cabos com pares de filamentos de cobre tranados, os quais

    levavam o sinal eltrico at os instrumentos. Foi a poca do advento do padro analgico

    4-20mA. A confiabilidade obtida com esse padro o fez ser amplamente utilizado at os

    dias atuais.

    O padro 4-20mA puro permitia apenas o envio de uma informao (a varivel

    medida) por instrumento. Durante muito tempo este envio simples de informao foi

    suficiente para atender os requisitos das indstrias. No entanto, durante a dcada de

    1980, a HART Foundationdesenvolveu um protocolo capaz de sobrepor um sinal digital

    ao sinal analgico. Com isso, o padro de comunicao passou a ser digital e mais de

    uma informao poderia ser transmitida por instrumento.

    Este padro de comunicao revolucionou a indstria, pois se conseguia obter

    vrios tipos de informao sobre os instrumentos, tais como valores de calibrao, data

    da ltima calibrao, qualidade da medida e defeito no prprio instrumento. Com isso, a

    indstria poderia ter total controle sobre seus instrumentos, podendo prever manuteno

    e substituio de partes antes delas virarem possveis falhas.

    At meados da dcada de 1990, o protocolo de sinais superimpostos reinou

    absoluto, at que se conseguiu implementar a primeira rede puramente digital de

    instrumentos de campo. Isto proporcionou ganhos econmicos e na qualidade e

    quantidade de sinais transmitidos a partir do campo. Hoje temos vrios protocolos

    digitais de comunicao de rede como o Fieldbus Foundation, o Modbus, o Profibus,

    entre outros.

    Uma nova tecnologia vem ganhando destaque ultimamente. Trata-se da

    tecnologia de comunicaowireless no mbito industrial. Apesar da tecnologia wireless

    1Tubo utilizado com a finalidade de transportar ar at o instrumento.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    14/87

    14

    j existir como meio puramente de aquisio de dados, ela surge agora com a promessa

    de substituir as atuais tecnologias de transmisso de sinais de campo, interligando os

    instrumentos de campo ao centro de controle sem a necessidade de cabos.

    A tecnologia de transmisso industrial sem fio pode ser considerada um

    desdobramento dos atuais protocolos comerciais, como o Wi-Fi e o Bluetooth2, j que

    possuem a mesma estrutura de transmisso baseada nas camadas ISO-OSI, as mesmas

    frequncias de operao e as tcnicas de espalhamento espectral3. Entretanto, esta

    tecnologia apresenta as vantagens de ser otimizada para a indstria, preocupando-se com

    questes como segurana operacional, consumo de energia, custo e confiabilidade.

    Entre os ganhos do uso da tecnologia wirelesspodemos citar a reduo dos custos

    de instalao, manuteno e gerenciamento da rede. Pode-se dizer que o principal

    desafio a ser superado hoje a insegurana por parte dos usurios finais em utilizar esta

    tecnologia em suas indstrias.

    Existem hoje duas normas aceitas no mercado que regem alguns padres a serem

    seguidos para as implementaes wireless: a ISA 100.11a (2008) e a WirelessHart4. Por

    se tratar de uma tecnologia incipiente, essas normas ainda esto em desenvolvimento e

    buscam uma forma de coexistir atravs da interoperabilidade.

    Apesar de incipiente e da insegurana acerca da tecnologia wireless no meio

    industrial, existem algumas aplicaes que j esto instaladas e funcionando. No entanto,

    os protocolos de comunicao digitais por meio de cabos ainda so a maioria

    esmagadora das aplicaes nas indstrias e, com certeza, perduraro por um longo

    tempo.

    2

    Bluetooth: Nome comercial de redes sem fio desenvolvidas sob o protocolo IEEE 802.15.1.3Uma explicao detalhada do funcionamento do espalhamento espectral pode ser obtida no Captulo 3.4ISA100.11a e WirelessHart so protocolos de comunicao de redes sem fio.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    15/87

    15

    1.1 MOTIVAO

    notria a evoluo das tecnologias wirelessat os dias atuais. Estamos cada vez

    mais conectados por aparelhos e instrumentos que fazem uso dessa tecnologia. Celulares,

    palmtops, laptopsbuscam cada vez uma melhor comunicao entre si por algum tipo de

    tecnologia sem fio. Segundo RACKLEY (2007), uma das tecnologias que mais se

    desenvolveu no incio do sculo XXI a rede sem fio. A Figura 1.1 mostra a evoluo da

    tecnologia sem fio nos ltimos anos.

    Figura 1.1 - Evoluo das tecnologias Wi-Fi(CMC ASSOCIATES, 2007)

    Se por um lado estamos cercados no dia-a-dia por aparelhos wireless, nas

    indstrias de processo essa tecnologia, embora nova, vem ganhando cada vez mais

    espao. Motivadas pela necessidade global de operar em nveis cada vez mais

    competitivos, as indstrias direcionam seus esforos para atingir nveis de excelncia nos

    aspectos de qualidade de seus produtos e produtividade de suas unidades de processo.

    Neste cenrio, as indstrias devem encontrar novas formas de otimizar a capacidade de

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    16/87

    16

    produo e segurana, enquanto minimiza custos e aumenta a vida operacional dos

    equipamentos novos e existentes. Neste ponto, a tecnologia sem fio pode ser bastante

    atrativa (MANGES, 1999).

    Um estudo realizado pelo Comit de Conselheiros em Cincia e Tecnologia do

    Governo dos Estados Unidos (apud INDUSTRIAL WIRELESS TECHNOLOGY FOR

    THE 21ST CENTURY, 2002, p.1) afirma que o desenvolvimento de sensores sem fio

    aumentaria a produo em 10% e reduziria a emisso de gases poluentes em at 25%.

    A competitividade que os instrumentos sem fio trazem para a indstria consiste

    no fato da substituio da tecnologia atual fiada. Sistemas de instrumentao com fios

    possuem altos custos de instalao, comissionamento e partida, manuteno e expanso e

    uma alta taxa de falha em conexes mal feitas nos pontos de conexo, em painis.

    1.2 OBJETIVO

    O objetivo desta monografia estudar a transmisso de sinais das redes de

    instrumentos sem fio, suas topologias, seus protocolos, suas vantagens e desvantagens,

    com o intuito de avaliar sua possvel utilizao nas indstrias de processo, tanto para

    superviso como para controle de suas variveis. Primeiramente, contextualizada

    historicamente esta nova tecnologia, realizando um estudo da evoluo dos sinais de

    transmisso industrial e, posteriormente, so abordadas as redes sem fio existentes no

    mercado, focando o estudo naquelas aptas para a indstria de processo, como o

    WirelessHarte a norma ISA 100.11a (2008), que pretende se consolidar como a norma

    de referncia em redes sem fio industriais.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    17/87

    17

    1.3 METODOLOGIA DE ESTUDO

    Para a confeco desta monografia foram feitas pesquisas em vrias fontes

    atravs da internet. Foram pesquisados artigos e revistas no Portal Capes de peridicos,

    alm de artigos da revistaISA Automation, Mecatrnica Atual e Intech.

    Tambm foram estudas as normas tcnicas de maior destaque atualmente, como a

    WirelessHart e ISA100.11a (2009), fazendo uma avaliao tcnica comparativa entre

    ambas, destacando as caractersticas peculiares de cada uma.

    Por fim, um caso prtico de aplicao da tecnologia wireless foi pesquisado e

    analisado, com o intuito de ilustrar o amplo e promissor mercado das tecnologias sem fio

    nas indstrias de processo.

    1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

    No captulo 2, descreve-se a histria das transmisses de sinal usualmente

    utilizadas nas indstrias de processo, mostrando sua evoluo ao longo dos anos,

    iniciando pela transmisso pneumtica de 3psi a 15psi, passando pela transmisso

    analgica de 4mA a 20mA, pela transmisso digital fieldbus, at culminar na atual

    transmisso digital sem fio.

    No captulo 3, discorre-se sobre o estado da arte das transmisses sem fio,

    descrevendo suas tecnologias, suas arquiteturas possveis, seus componentes de rede e

    seus requisitos fundamentais de funcionamento. Tambm neste captulo realiza-se um

    estudo comparativo das tecnologias de transmisso sem fio mais aptas a indstrias de

    processos.

    No captulo 4, discorre-se sobre os requisitos, vantagens e desvantagens,

    oportunidades de utilizao e os cuidados que devem ser levados em considerao na

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    18/87

    18

    implementao de redes desta natureza. neste captulo que se avalia os novos

    desenvolvimentos desta tecnologia com relao ao consumo de energia.

    No captulo 5, mostrado uma implementao dos instrumentos sem fio em uma

    unidade industrial, ilustrando de que forma podemos obter uma instalao adequada

    destes instrumentos.

    E por fim, no captulo 6, apresenta-se as concluses e as contribuies deste

    trabalho.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    19/87

    19

    2 HISTRICO DA TECNOLOGIA

    2.1 TRANSMISSO DE SINAIS DE CAMPO

    Durante um longo perodo, antes da dcada de 1940, as indstrias de processo

    eram nada automatizadas, controladas exclusivamente pelos seus operadores. Assim, os

    processos dependiam da destreza e responsabilidade manual de cada operador. No

    entanto, esta estrutura apresentava um grande problema: era totalmente descentralizada,

    pois cada operador deveria estar em um ponto diferente ao longo da unidade.

    Desta forma, alm do grande nmero de profissionais necessrios para operar

    uma fbrica, o controle das malhas era uma tarefa nada padronizada, como pode ser

    observado na Figura 2.1 e exigia um enorme esforo por parte dos operadores de rea.

    Figura 2.1 - Controle manual de um indstria de processo. (CONSIDINE, 1985)

    Algum tempo depois, a introduo da teoria de transmisso de sinais

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    20/87

    20

    padronizada, baseada no conceito de um transmissor e um receptor de sinais trouxe

    algumas melhorias para a indstria de processo (CONSIDINE, 1985). Tornou-se

    possvel padronizar a transmisso remota de sinais e consolidar o controle de todas as

    malhas em um nico ponto central, a sala de controle.

    Alm disso, tanto os transmissores quanto os receptores de sinais (indicadores,

    controladores e registradores) puderam ser padronizados, permitindo uma flexibilidade

    de utilizao.

    A Figura 2.2 ilustra a evoluo das tecnologias de transmisso de sinais ao longo

    do tempo. Pode-se ver que a tecnologia de transmisso digital j atingiu a sua maturidade

    e que a tecnologia sem fio ainda esta apenas no incio de desenvolvimento.

    Figura 2.2 - Maturidade das tecnologias de transmisso de sinais (RIEGO, 2009)

    2.2 TRANSMISSO PNEUMTICA

    Por volta de 1940 surgiu o primeiro mtodo de transmisso de sinais de campo: a

    transmisso pneumtica. O mtodo, como o prprio nome diz, consiste em transmitir

    informaes analgicas com base na presso exercida pelo ar.

    Em termos prticos, um instrumento sensor/transmissor localizado no campo

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    21/87

    21

    capta o sinal correspondente varivel que est medindo e transforma este sinal em uma

    presso equivalente de ar. Se este instrumento estiver em uma malha de controle fechada,

    o controlador interpretar este sinal e enviar um sinal pneumtico para a vlvula de

    controle (CONSIDINE, 1985).

    Havia vrias faixas de transmisso de sinais, como pode ser observado na Tabela

    2.1. Diante desta falta de padro, a ISA publicou a norma S7.4 de 1981, a qual

    padronizou a transmisso de sinais pneumtica nas faixas de 3-15psig e 3-27psig.

    Faixas de operao de sinais pneumticos

    3 a 15 psig 20,68 a 103,42 N/m3 a 27 psig 20,68 a 186,16 N/m6 a 30 psig 41,36 a 206,84 N/m

    0,2 a 1,0 kgf/cm2 19,61 a 98,04 N/m0,2 a 1,0 bar 19,99 a 99,97 N/m0,2 a 100 kPa 19,99 a 99,97 N/m

    Tabela 2.1 Padres utilizados nas indstrias de processo (CONSIDINE, 1985)

    A implementao do mtodo pneumtico de transmisso de sinais possibilitou a

    centralizao do controle, reduzindo o nmero e frequncia com que os operrios deviam

    ir a campo para verificar o estado do processo observando as indicaes locais dos

    transmissores.

    A instrumentao pneumtica apresenta, ainda hoje, algumas vantagens em

    relao instrumentao eletrnica. Os sistemas pneumticos oferecem proteo contra

    falha de energia, uma vez que se podem utilizar reservatrios de ar comprimido caso haja

    uma eventual queda de energia. Alm disso, os instrumentos pneumticos so, pela sua

    natureza, prova de exploso, uma vez que no possuem alimentao eltrica podendo ser

    utilizados livremente em reas classificadas. Outrossim, os sistemas pneumticos so

    atuados com vlvulas operadas a ar, os principais elementos finais de controle utilizados

    nos dias atuais. A Figura 2.3 mostra o esquema de uma malha fechada de controle

    pneumtico, exemplificando sua aplicao.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    22/87

    22

    Figura 2.3 - Esquema de uma malha fechada de controle com transmisso

    pneumtica.(CONSIDINE, 1985)

    A Tabela 2.2 ilustra as principais caractersticas da transmisso pneumtica.

    Caractersticas da TecnologiaTopologia Ponto a pontoMeio Fsico TubingEnergia para Funcionamento Ar de instrumentoTipo de Controle LocalTipo de Manuteno Permitida Preventiva; Corretiva

    Padres ISA S7.4Observao No disponvel atualmente

    Tabela 2.2 - Caractersticas da transmisso pneumtica (RIEGO, 2009)

    2.3 TRANSMISSO ANALGICA ELETRNICA

    Conforme citado no captulo 1, com a evoluo no campo da eletrnica na dcada

    de 1970, consolidava-se a transmisso analgica eletrnica do sinal medido, baseada na

    mesma teoria de telemetria, mas agora no mais transmitido por sinais de ar atravs de

    tubings, mas por sinais de corrente ou tenso atravs de cabos de cobre.

    Surgiram ento, vrias faixas de valores que eram adotadas na indstria. Por este

    motivo, como na transmisso pneumtica, era necessria uma padronizao dos sinais.

    5Telemetria: tecnologia que permite a medio e transmisso de informaes de interesse do operador oudesenvolvedor de sistemas.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    23/87

    23

    Foi publicada a norma ISA SP-50, em 1975 padronizando o sinal em 4mA a 20mA,

    sendo este utilizado at os dias de hoje. A Tabela 2.3 mostra as diversas faixas de

    transmisso analgica digital antes da padronizao.

    Faixas de Operao de Sinais Eletrnicos0 a 5Vdc 0 a 25mA1 a 5Vdc 1 a 5mA0 a 10Vdc 10 a 50mA0 a 20mA 4 a 20mA

    Tabela 2.3 - Padres utilizados nas indstrias de processo (CONSIDINE, 1985)

    Com a transmisso eletrnica os instrumentos passaram a ser interligados

    conforme mostra a Figura 2.4.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    24/87

    24

    Figura 2.4 - Formas de interligao de instrumentos com transmisso eletrnica a) 2fios b) 3 fios c) 4 fios (NACHTIGAL, 1980)

    A tecnologia de transmisso 4-20mA perdura at os dias de hoje. Podemos

    atribuir este fato a alguns fatores como: o aumento da qualidade dos sensores que trouxe

    confiabilidade e robustez na medio, alm do surgimento da tecnologia de transmisso

    denominada HART, um protocolo de transmisso digital superimposto na transmisso

    analgica 4-20mA.

    A Tabela 2.4 mostra as principais caractersticas da transmisso analgica

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    25/87

    25

    eletrnica.

    Caractersticas da TecnologiaTopologia Ponto a pontoMeio Fsico Par Tranado (cabo de cobre)

    Energia para Funcionamento Energia Eltrica mais Ar de InstrumentoTipo de Controle Local ou remotoTipo de Manuteno Permitida Preventiva; CorretivaPadres ISA SP-50Observao Disponibilidade de Produtos Reduzida

    Tabela 2.4 - Principais caractersticas da transmisso analgica (RIEGO, 2009)

    2.4 TRANSMISSO DIGITAL COM FIO

    Como elucidado anteriormente, a evoluo da eletrnica dos sensores fizeram

    com estes evolussem de simples transformadores de grandezas para sistemas integrados

    e microprocessados de medio, transmisso e processamento de sinais. Esta evoluo

    contribuiu enormemente para a implantao, na dcada de 1980, do primeiro protocolo

    de comunicao digital nos instrumentos de campo, o HART. Depois do pioneirismo

    deste protocolo, diversos outros surgiram posteriormente e no necessitavam mais da

    base 4-20mA para transmisso de informaes.

    A Figura 2.5 mostra a base instalada dos protocolos digitais de comunicao na

    indstria de processos.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    26/87

    26

    Figura 2.5 - Base instalada de protocolos de comunicao digital com nfase naindstria de processos (INTECH, 2007)

    2.4.1 ProtocoloHART

    Este novo protocolo representou um enorme avano na indstria, pois

    possibilitou obter uma srie de informaes dos instrumentos e no apenas a varivel

    medida do processo. Estas informaes, como algumas listadas na Tabela 2.5, passaram

    a ser utilizadas no somente pelos operadores da unidade, mas tambm pelas reas de

    manuteno e automao.

    Dados Digitais35 a 40 itens de dados padronizados em cada dispositivo

    HART.Identificao do Dispositivo

    Tag do instrumento, fornecedor, tipo, reviso e nmeroserial.

    Varivel do Processo Varivel principal e medies secundrias.

    Status/Diagnsticos/AlertasMau funcionamento, alterao de configurao, reinicioautomtico por perda de energia, alarmes de variveisfora de limites, erros de comunicao.

    Tabela 2.5 - Dados transmitidos por instrumento HART (HART COMMUNICATION,2011)

    O princpio de funcionamento deste protocolo est representado na Figura 2.6 e

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    27/87

    27

    possui as seguintes caractersticas:

    Mestre/escravo6bidirecional;

    Modo de transmisso baseada na tecnologia FSK;

    Velocidade de transmisso de 1200bps7.

    Figura 2.6 - Princpio da transmisso superimposta HART (HARTCOMMUNICATION, 2011)

    Apesar da vantagem do HART em levar informaes no somente da varivel

    medida, mas e diagnsticos para a sala de controle, sua forma de instalao no evolura

    em nada com relao s transmisses analgicas de 4-20mA. Pelo contrrio, para poder

    ler o sinal digital contido no analgico, era necessrio um dispositivo adicional ao

    sistema j existente, que permitisse a filtragem do sinal digital.

    Esta lacuna de desenvolvimento aberta pelo protocolo HART e a consolidao

    das tecnologias de redes comerciais (internet), fomentaram o desenvolvimento dos

    primeiros e exclusivos protocolos digitais de campo, os chamados field buses. Com a

    6Tipo de comunicao entre controladores e instrumentos de campo.7bps: bits por segundo, uma medida da velocidade da transmisso de dados.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    28/87

    28

    inteno de situar este trabalho no tempo, apenas os dois mais importantes protocolos de

    campo utilizados nas indstrias de processo so ilustrados: o foundation fieldbus e o

    profibus-PA.

    A Tabela 2.6 ilustra as principais caractersticas deste tipo de transmisso.

    Caractersticas da TecnologiaTopologia Ponto a pontoTaxa de Transferncia 1,2kbpsModo de Transmisso FSKControle de Trfego Mestra-escravoComplexidade de implementao BaixaMeio Fsico Par tranado (cabo de cobre)Energia para Funcionamento Energia eltrica + ar de instrumento

    Tipo de Controle Local ou remotoTipo de Manuteno Permitida Preventiva; Preditiva. CorretivaPadres HART FoundationObservaes Possibilita o gerenciamento de ativos

    Tabela 2.6 - Principais caractersticas da transmisso HART (RIEGO, 2009)

    2.4.2 FOUNDATION FIELDBUS

    Em 1992 um grupo de empresas internacionais formou o ISP para criar uma

    tecnologia que pudesse ser usada em ambientes perigosos (atmosfera explosiva, por

    exemplo). Ao mesmo tempo outro consrcio de empresas criou o WorldFIP, com os

    mesmos propsitos do ISP. (MECATRNICA ATUAL, 2011)

    Em 1994, por razes tcnicas, polticas e econmicas os dois grupos se fundiram

    criando a Fieldbus Foundation, cujo objetivo era criar um padro internacional baseado

    em normas IEC, que pudesse ser amplamente utilizado pela indstria de automao e

    controle de processo, atendendo tambm s aplicaes em reas perigosas (com

    segurana intrnseca)

    Foundation fieldbus uma arquitetura aberta para integrar informao, cujo

    objetivo principal interconectar equipamentos de controle e automao industrial,

    distribuindo as funes de controle pela rede e fornecendo informao a todas as

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    29/87

    29

    camadas do sistema. Trouxe o conceito de implementar o controle das malhas de

    processo diretamente nos instrumentos de campo8. A tecnologia FF pode substituir com

    vantagens a tradicional tecnologia 4-20mA + HART, possibilitando a comunicao

    bidirecional entre os equipamentos de forma mais eficiente (MECATRNICA ATUAL,

    2011).

    O novo conceito de redes digitais de campo introduzido com esta tecnologia

    possibilitou a utilizao de diversas topologias (arquiteturas) para as redes FF, deixando

    de serem as ligaes dos instrumentos somente ponto a ponto. As topologias mais usuais

    podem ser vistas na Figura 2.7.

    Figura 2.7 - Topologia da rede foundation fieldbus (MECATRNICA ATUAL, 2011)

    O princpio de funcionamento deste protocolo est representado na Figura 2.8 e

    possui as seguintes caractersticas:

    8Apesar de vivel, a alternativa de no possuir um controlador central para controle das malhas ainda pouco utilizada pelas indstrias de processo.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    30/87

    30

    Token pass9bidirecional;

    Modo de transmisso adaptada da tecnologia ISO-OSI;

    Velocidade de transmisso de 31,25kbps.

    Figura 2.8 - Modelo de comunicao foundation fieldbus (FOUNDATION FIELDBUS,2011)

    A Tabela 2.7 ilustra as principais caractersticas deste tipo de transmisso.

    Caractersticas da TecnologiaTopologia Ponto a ponto; Estrela; Corrente; rvoreTaxa de Transferncia 31,25kbpsControle de Trfego Token passComplexidade de implementao MdiaMeio Fsico Cabo de cobre especficoEnergia para Funcionamento Energia eltrica + ar de instrumentoTipo de Controle Local ou remotoTipo de Manuteno Permitida Preventiva; Preditiva. CorretivaPadres ANSI/ISA-50.02Observaes Possibilita o controle total dos instrumentos.

    Tabela 2.7 - Principais caracterstica da transmisso FF (RIEGO, 2009)

    2.4.3 PROFIBUSPA

    Em 1989, assim como ocorreu com o fieldbus, um consrcio formado por vrias

    empresas e instituies se formou com o objetivo de desenvolver um protocolo que

    reduzisse os custos de implantao de uma rede atingindo os aspectos de engenharia de9Tipo de comunicao entre controlador e instrumentos de campo.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    31/87

    31

    projeto, quantidade de materiais e hardwaree reduo no tempo de comissionamento e

    partida das unidades de processo. Neste nterim, surgiu o Profibus PA. Estima-se uma

    reduo de 40% nos custos de implantao se comparados com uma rede analgica

    (RIEGO, 2009).

    A arquitetura do protocolo a mesma do padrofieldbus, pois utilizam o mesmo

    meio fsico. A Figura 2.7 ilustra os tipos de arquiteturas que podem ser utilizadas com o

    padro Profibus PA.

    A principal diferena entre o Profibus PA e o fieldbus reside no fato de que o

    primeiro precisa ter suas estratgias de controle implantadas todas em um host, no

    sendo possvel a implementao de controle pelo campo como permitido pelo

    fieldbus,conforme ilustrado pela Figura 2.9.

    Figura 2.9 Arquitetura da rede Profibus PA com controlador exclusivo (PROFIBUS,2011)

    A Tabela 2.8 ilustra as principais caractersticas deste tipo de transmisso.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    32/87

    32

    Caractersticas da TecnologiaTopologia Ponto a ponto; Estrela; Corrente; rvoreTaxa de Transferncia 31,25kbpsControle de Trfego Token passComplexidade de implementao Mdia

    Meio Fsico Cabo de cobre especficoEnergia para Funcionamento Energia eltrica + ar de instrumentoTipo de Controle RemotoTipo de Manuteno Permitida Preventiva; Preditiva. CorretivaPadres IEC 61158/IEC 61784-1Observaes Possibilita o controle total dos instrumentos.

    Tabela 2.8 - Principais caractersticas da transmisso Profibus PA (RIEGO, 2009)

    2.5 TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO

    Em meados dos anos 1990, a tecnologia de transmisso digital sem fio j era

    utilizada pela indstria de processo para aquisio de dados e telemetria. No entanto,

    data do incio de 2000 a utilizao efetiva da tecnologia wireless na indstria de

    processo. O seu princpio de funcionamento consiste em um transmissor e um receptor

    inteligente, um condicionar de sinais e um sistema de tratamento de dados, conforme

    ilustrado na Figura 2.10.

    Figura 2.10 - Arquitetura da rede sem fio para coleta de dados (RIEGO, 2009)

    Pode-se dizer que a primeira utilizao das redes sem fio na indstria de

    processo foram no nvel 2 da pirmide de automao, ou seja, nvel de sala de controle

    depois que a instrumentao de campo j efetuou a comunicao com os controladores.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    33/87

    33

    Eram trafegados, inicialmente, dados entre sistemas de controle, na maioria das vezes

    na topologia de rede estrela, conforme ilustra a Figura 2.11.

    Figura 2.11 - Arquitetura tpica das primeiras redes sem fio industriais (RIEGO, 2009)

    Da dcada de 1970 at incio dos anos 1990, a crescente demanda por

    conectividade sem fio poderia ser obtida apenas por meio de uma pequena alternativa de

    hardwarea preos elevados, baseados em tecnologias proprietrias, que no ofereciam

    interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes e no possuam

    mecanismos eficientes de segurana (RACKLEY, 2007).

    A crescente evoluo tecnolgica ocorridas nos anos seguinte possibilitou

    transportar a tecnologia wireless do nvel 2 para o nvel 1 da pirmide de automao, ou

    seja, para o nvel dos instrumentos em campo. A partir da, pde-se obter uma maior

    flexibilidade de implementao, advinda do uso de protocolos abertos e voltados

    utilizao. A Figura 2.12 ilustra a atual arquitetura de rede sem fio encontrada nas

    indstrias de processo.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    34/87

    34

    Figura 2.12 - Topologia da rede sem fio atual (RIEGO, 2009)

    Esta nova tecnologia traz, ento, uma srie de vantagens, desvantagens e

    desafios para a indstria, como:

    Reduo dos custos com cabos, caixas de juno e materiais de instalao;

    Diminuio do tempo de montagem, comissionamento, partida e

    manuteno;

    Diferentes possibilidades de topologia, incluindo o conceitoMesh;

    Necessidade de um maior controle dos dados transmitidos;

    Susceptibilidade a rudos e interferncias eletromagnticas;

    Necessidade de diminuir o consumo de energia dos instrumentos.

    No prximo captulo so expostos os conceitos bsicos da tecnologia wireless

    fornecendo uma base de conhecimento para o estudo de caso que aparece no captulo 5.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    35/87

    35

    3 CONCEITOS DA TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO

    As transmisses digitais sem fio so transmisses de rdio frequncia (RF) queusualmente operam nas faixas de 915MHz e 2,4GHz, sendo caracterizadas como

    transmisses UHF, conforme ilustrado pela Tabela 3.1. Apesar da faixa de 5,8GHz

    comear a ser estudada para utilizao no mercado, a freqncia de 2,4GHz a que

    possui um maior nmero de dispositivos em funcionamento.

    Tipo de Transmisso FrequnciaMuito Baixa Frequncia (VLF) 9-30kHzBaixa Frequncia (LF) 30-300kHzMdia Frequncia (MF) 300-3000kHzAlta Frequncia (HF) 3-30MHzMuito Alta Frequncia (VHF) 30-300MHzUltra Alta Frequncia (UHF) 300-3000MHzSuper Alta Frequncia (SHF) 3-30GHzExtrema Alta Frequncia (EHF) 30-300GHz

    Tabela 3.1 - Subdivises do espectro de RF (RACKLEY, 2007)

    As frequncias citadas acima foram escolhidas pelo fato de operarem em faixas

    no licenciadas, ou seja, que no foram regulamentadas pelos rgos competentes para

    a regulamentao. Assim, no necessria uma licena da ANATEL, no Brasil, ou da

    FCC, nos EUA, para utilizar alguma destas faixas.

    Estas faixas so chamadas de ISM. A principal desvantagem de se usar ISM

    que se houver alguma interferncia nestas faixas, a responsabilidade inteira do

    utilizador, uma vez que no h regulamentao para dizer o nmero de dispositivos que

    operam naquela freqncia e nem se existe dispositivos que podem causar

    interferncias.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    36/87

    36

    Entretanto, hoje a faixa de ISM contm um enorme nmero de transmisses sem

    fio comerciais e industriais, j que sua transmisso de dados no gera custos e j existe

    tecnologia para projetar redes de transmisso que minimizem os efeitos de interferncia.

    3.1 TRANSMISSO DOS SINAIS

    Devido possibilidade de outros dispositivos operarem na mesma frequncia, as

    transmisses destes sinais foram projetadas com o propsito de minimizar as

    interferncias geradas por dispositivos vizinhos e de aumentar a segurana dos dados

    transmitidos.

    Existem diversas formas de atingir estes objetivos, dentre as quais pode-se citar:

    a utilizao de determinados tipos de antenas e a escolha da tecnologia de espalhamento

    espectral para a transmisso dos dados.

    3.1.1

    Espalhamento espectral

    A tcnica de espalhamento espectral surgiu na durante a segunda guerra

    mundial, quando no se queria que informaes confidencias cassem mo erradas. Era

    necessria uma transmisso segura quanto a interceptaes e robusta quanto a

    perturbaes intencionais ou no.

    O espalhamento espectral consiste, como o prprio nome diz, em espalhar as

    informaes a serem transmitidas ao longo de uma faixa de frequncia. Como vantagem

    desta tcnica, podemos citar a reduo de frequncias de interferncias e, como

    desvantagem, a utilizao de uma largura de banda maior que a largura de banda da

    informao a ser transmitida. A Figura 3.1 ilustra a tcnica do espalhamento espectral.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    37/87

    37

    Figura 3.1 - Tcnica do espalhamento espectral (RACKLEY, 2007)

    Conforme RACKLEY (2007), a chave para o espalhamento espectral so as

    funes utilizadas para espalhar a informao ao longo da faixa de frequncia. Este

    processo resulta em uma largura de banda de 20 a 100 vezes maior do que a largura de

    banda da informao propriamente dita em aplicaes comerciais e industriais e de mil

    a um milho de vezes maior em aplicaes militares.

    Existem diversas formas de realizar o espalhamento espectral do sinal

    transmitido; entretanto, apenas duas delas so amplamente utilizadas: o DSSS e o

    FHSS.

    O DSSS consiste em espalhar a informao ao longo da faixa de frequncia.

    Para tanto, realiza uma funo XOR10 do sinal de entrada com uma funo cdigo,

    chamada de chipping code. Este novo sinal ento transmitido e deve ser decodificado

    na recepo, utilizando a mesma funo cdigo utilizada em sua criao (McCUNE,

    2000).

    O FHSS consiste em transmitir o sinal de entrada alternando entre os vrios

    canais da faixa de transmisso, em uma sequncia determinada por uma funo cdigo.

    Assim como o mtodo anterior, para ser decodificado na recepo, a mesma funo

    10XOR uma funo lgica que tem como resultado 0, se as entradas forem iguais e 1, se foremdiferentes.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    38/87

    38

    cdigo deve ser utilizada para que seja possvel obter, na ordem correta, os dados

    transmitidos de cada canal.

    A Figura 3.2 e a Figura 3.3 ilustram de forma conceitual os mtodos de

    espalhamento espectral DSSS e FHSS, respectivamente.

    Figura 3.2 - Mtodo de espalhamento espectral DSSS (RACKLEY, 2007)

    Figura 3.3 - Mtodo de espalhamento espectral FHSS (RACKLEY, 2007)

    Alm da imunidade interferncias, a utilizao de espalhamento espectral

    aumenta a segurana da transmisso, uma vez que para sua decodificao necessria a

    funo cdigo, nica para cada aplicao.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    39/87

    39

    3.1.2 Antenas

    Outro aspecto muito importante nas transmisses sem fio a rea de cobertura

    do sinal transmitido. Conforme RACKLEY (2007) e CARO (2008), as antenas, alm de

    transmitirem os sinais de ondas eletromagnticas, podem alterar a forma e a potncia do

    sinal enviado.

    As aplicaes usuais possuem antenas chamadas de omni-direcionais. Estas

    antenas transmitem seus sinais em todas as direes - 360. Algumas antenas,

    entretanto, possuem a capacidade de trabalharem polarizadas, alterando o

    direcionamento da sua transmisso. Conforme ilustrado na Figura 3.4, uma antena

    helicoidal pode transmitir como uma antena do tipo dipolo, sem direcionamento do

    sinal, ou pode transmitir como uma antena direcional, focando o sinal em uma

    determinada direo.

    A utilizao de antenas direcionais oferece vantagens claras por aumentar a

    disponibilidade do uso do espao e a possibilidade de transmisses simultneas.

    Tambm importante ressaltar que este tipo de antena pode aumentar o alcance do sinal

    transmitido sem a necessidade de um consumo maior de energia.

    Figura 3.4 - Diagrama de radiao de uma antena helicoidal (LIMA, 2002)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    40/87

    40

    Se, por um lado, a transmisso direcional fornece ganhos, o prprio

    direcionamento do sinal pode trazer desvantagens dependendo da arquitetura da rede.

    Caso os dispositivos da rede no estejam contidos na faixa de transmisso direcionada,

    estes no estaro disponveis para a comunicao. Em arquiteturas como rvore e estrela

    possvel utilizar antenas omni-direcionais no gateway e antenas direcionais nos

    dispositivos, garantindo assim uma arquitetura com um menor consumo de energia e

    maior segurana.

    Entretanto, deve-se ter muito cuidado ao utilizar antenas direcionais em

    dispositivos de uma rede Mesh, evitando reas que no tenham cobertura, o que

    limitaria sua funcionalidade e se tornaria um problema. Estudos esto sendo

    desenvolvidos para minimizar os problemas de cobertura das transmisses com antenas

    direcionais com as antenas chamadas dephase arraye novos protocolos de transmisso

    de sinal.

    3.2 ARQUITETURAS DE REDES

    As arquiteturas de redes so compostas de equipamentos da rede distribudos

    conforme suas topologias, como mostrado nos subitens a seguir.

    Em virtude das caractersticas dos protocolos utilizados nas redes sem fio, os

    equipamentos que compem as redes podem ser definidos conforme abaixo.

    3.2.1 Equipamentos da rede

    So os equipamentos que fazem parte da periferia da rede e podem ser descritos

    como segue abaixo.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    41/87

    41

    3.2.1.1Devices

    So os instrumentos que incorporam as funes de unidade de aquisio e

    converso da grandeza fsica em eltrica, a unidade de processamento digital e a

    unidade de transmisso do sinal antena, conforme ilustrado na Figura 3.5.

    Cada device pode desempenhar vrias funes dentro da rede da qual esto

    inseridos. Eles podem simplesmente fazer o papel de sensor-transdutor enviando sinais

    para um controlador central ou podem desempenhar o papel de coordenadores da rede

    PAN na qual participa. No entanto, o aumento de funcionalidade de alguns devices pode

    ocasionar um maior consumo de energia, fator crticos para redes wireless. Isto

    demandaria manutenes com perodos menores ou a utilizao de uma fonte de energia

    externa.

    Atualmente, os devicesilustrados na Figura 3.5 so construdos como uma pea

    nica, utilizando-se da tecnologia de nanosensores, fazendo com que todas as partes

    ilustradas faam parte de uma nica barra de silcio, utilizada neste tipo de construo.

    Isto confere aos devicesum maior encapsulamento, um menor consumo de energia e um

    menor tamanho fsico.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    42/87

    42

    Figura 3.5 - Equipamentos de rede devices(RIEGO, 2009)

    3.2.1.2

    Gateways(pontos de acesso)

    Os gatewaystm como funo interconectar os dispositivos pertencentes rede

    e realizar o ele de ligao entre os dispositivos de campo e os controladores da unidade

    de processo.

    3.2.1.3Gerenciador da rede

    responsvel pelas funes de sincronismo, roteamento e repetio. Tambm

    responsvel pelo controle de trfego na rede, executando funes de QoS e controle dos

    dispositivos, monitorando a entrada e sada de devices na rede, monitorando suas

    performances e atividades.

    3.2.1.4Gerenciador de segurana

    O gerenciador de segurana o responsvel pelas funes de segurana da rede,

    como autenticao e criptografia dos dados enviados e pelas funes de acesso rede.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    43/87

    43

    Os pontos de acesso, geralmente incorporam em um mesmo equipamento, as

    funes de prover acesso dos devices rede, de gerenciar o trfego de rede e sua

    segurana. Na Figura 3.6 mostra-se a configurao de uma rede tpica, com seus

    equipamentos incorporados, enquanto que na Figura 3.7 apresentam-se possveis

    equipamentos deste tipo.

    Figura 3.6 - Configurao de uma rede tpica (RIEGO, 2009)

    Figura 3.7 - Exemplos de pontos de acesso (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    44/87

    44

    3.2.2 Topologia das redes

    As redes sem fio podem ser categorizadas pela sua topologia, da mesma forma

    que as redes fiadas. Entretanto, esta definio no se baseia na simples interconexo

    entre os dispositivos de campo, mas sim pela conexo lgica existente entre estes

    dispositivos.

    3.2.2.1Ponto a ponto

    Consiste na conexo direta entre dispositivos individuais. Como um exemplo na

    indstria, h o acesso aos dados de instrumentos e vlvulas, assim como a realizao de

    operaes de calibrao e manuteno via handheld, conforme ilustrado na Figura 3.8.

    Esta topologia a base para todas as outras formas de conexo entre equipamentos, uma

    vez que quaisquer outras topologias so ramificaes e ampliaes dela.

    Figura 3.8 - Topologia ponto a ponto (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    45/87

    45

    3.2.2.2Estrela

    A topologia mais difundida e simples de implementar. Os devices se

    interconectam com o provedor de acesso somente, sem se comunicarem entre si. Sua

    topologia se encontra representada na Figura 3.9.

    Figura 3.9 - Topologia estrela (RIEGO, 2009)

    Segundo RIEGO (2009), as principais vantagens e desvantagens da topologia

    so:

    Vantagens:

    Fcil manuteno;

    Fcil implementao e configurao;

    Caso um device pare de funcionar, o sistema continua em operao.

    Desvantagens:

    Quantidade limitada do nmero de dispositivos conectados, devido ao

    aumento do trfego e, conseqentemente, aumento do tempo de latncia

    e aumento do consumo de energia;

    Perda da rede caso o provedor de acesso central pare de funcionar.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    46/87

    46

    Como a comunicao ocorre diretamente, sem intermedirios, possui a mais alta

    taxa de transferncia entre todos os tipos de topologia. Uma confiabilidade maior pode

    ser obtida utilizando dois provedores de acesso, instalados em modo de redundncia.

    3.2.2.3rvore

    Da mesma forma que a topologia anterior, nesta configurao os instrumentos se

    comunicam com o ponto de acesso que realiza as mesmas funes de prover acesso

    rede e tambm de gerenciar e prover segurana. Sua diferena consiste em cada ponto

    de acesso possuir comunicao com um grupo seleto de instrumentos e que as demais

    configuraes sejam realizadas nos pontos de acesso. Esta configurao utilizada

    quando h a necessidade de atender uma grande rea de cobertura com instrumentos

    geograficamente espalhados pela unidade de processo, ficando invivel a topologia

    simples do tipo estrela. Sua topologia se encontra representada na Figura 3.10.

    Figura 3.10 - Topologia rvore (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    47/87

    47

    Segundo RIEGO (2009), as principais vantagens e desvantagens da topologia

    so:

    Vantagens:

    Caso um device pare de funcionar, o sistema continua em operao;

    No ocorre a perda total da rede caso o provedor de acesso local pare de

    funcionar;

    Desvantagens:

    O aumento do nmero de ramificaes pode representar um aumento de

    trfego entre provedores de acesso, o que diminui a taxa de transferncia

    e o tempo de latncia;

    O aumento da rede pode significar a necessidade de se adquirir novos

    provedores de acesso, o que impacta em custo maior de implantao.

    3.2.2.4

    Mesh

    As redes meshso definidas pela capacidade que seus dispositivos possuem de

    se comunicar diretamente com os dispositivos adjacentes, sem a necessidade de

    comandos de controle central, dada pelo ponto de acesso. Em virtude disto, a topologia

    de uma rede mesh dinmica e est em constante alterao, pois depende da adio ou

    subtrao de dispositivos na rede, ou na perda de comunicao com o ponto de acesso

    por parte de algum deles. Isso caracteriza uma grande vantagem para a indstria, pois h

    a reduo dos custos de instalao de um instrumento a praticamente custos individuais.

    Entretanto, a capacidade de roteamento entre dispositivos requer que cada um

    comunique sua informao de roteamento a cada dispositivo, assim que algum

    dispositivo se conecte ou deixe uma rede. Esta funcionalidade, embora acrescente rede

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    48/87

    48

    caractersticas de confiabilidade devido ao seu auto-roteamento, aumenta o trfego da

    rede e, portanto, sua concepo deve prever este aumento do fluxo de informaes

    trafegadas. Sua topologia se encontra representada na Figura 3.11.

    Figura 3.11 - Topologia mesh(RIEGO, 2009)

    Segundo RIEGO (2009), as principais vantagens e desvantagens da topologia

    so:

    Vantagens:

    Reduo dos custos de instalao de um instrumento a praticamente seu

    custo individual;

    Aumento da confiabilidade devido s funes de auto-roteamento, que

    garante a rede caractersticas de sistemas redundantes;

    Desvantagens:

    Aumento do consumo de energia devido s funes de auto-roteamento;

    Aumento do trfego da rede devido s funes de auto-roteamento;

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    49/87

    49

    Dependendo do caminho encontrado para um novo roteamento, pode

    ocorrer aumento do tempo de latncia.

    3.2.2.5

    Hbridas

    As redes hbridas possuem a capacidade de funcionar integrando as redes fiadas

    e sem fio. Podendo ser construdas atravs de qualquer uma das topologias

    anteriormente citadas, sua utilizao justificada caso a implantao das redes sem fio

    seja feita de forma parcial, alterando de maneira gradativa as redes fiadas j instaladas.

    Possuem as combinaes de vantagens e desvantagens das topologias descritas e deve

    ser projetadas com a finalidade de se obter as melhores caractersticas de cada arranjo.

    Sua topologia se encontra representada na Figura 3.12.

    Figura 3.12 - Topologia de redes hbridas (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    50/87

    50

    3.3 TECNOLOGIAS ATUAIS

    Existem atualmente vrias tecnologias no mercado. Dentre as mais usuais

    podemos citar o WirelessHart, a ISA 100.11a (2008) e o ZigBee. Todas as tecnologias

    so baseadas na norma IEEE 802.15.4 (2007).

    3.3.1 IEEE 802.15.4

    Desenvolvido sob a chancela de WPAN, possui como principais objetivos, o uso

    de redes de baixo consumo de energia e baixo custo para aplicaes como automao

    residencial, industrial entre outras.

    Atuando apenas nas camadas fsica e de ligao (esta ltima parcialmente) da

    estrutura ISO-OSI, define que seus dispositivos da rede podem operar em duas

    topologias distintas, a estrela e a ponto a ponto, assumindo duas configuraes

    possveis:

    FFD (Full Function Device): dispositivos com total capacidade dentro da

    rede, com funes de roteamento e coordenao.

    RFD (Reduced Function Device): dispositivos com restries de capacidade

    dentro da rede, seja ela fixa ou configurada. Quando nesta funo, o

    dispositivo no capaz de realizar roteamento ou coordenao, ou mesmo

    assumir a coordenao caso o coordenador venha a apresentar problemas.

    So funes do coordenador da rede, ou seja, do dispositivo com as funes de

    FFD, de estabelecer e gerenciar o acesso e a distribuio das chaves de identificao de

    grupo, assim como garantir o correto funcionamento da rede, seja ela em modo sncrono

    ou assncrono, seja ela em modo de auto-roteamento e auto-organizao.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    51/87

    51

    Conforme definio da prpria norma, auto-roteamento consiste na habilidade

    da rede de detectar, e se recuperar, de falhas que possam vir a aparecer, sejam elas

    localizadas nos ns de comunicao ou nos provedores de acesso, sem que necessite de

    interveno humana; e auto-organizao consiste na habilidade dos ns da rede de

    detectar a presena de outros ns e de se organizar dentro de uma rede estruturada e

    funcional, sem que necessite de interveno humana (IEEE 802.15.4, 2007).

    Para realizar as funes e auto-roteamento e auto-organizao, os dispositivos

    devero estar se comunicando da forma dispositivo a dispositivo, sendo ambos do tipo

    FFD. Vale ressaltar que nesta forma de comunicao, uma estrutura ponto a ponto pode

    ser configurada, com capacidades de realizar em sua totalidade as funes de uma rede

    inteiramente interligada.

    Entretanto, caso a comunicao da rede se realize entre dispositivo e

    coordenador de rede ou vice-versa, sendo um dispositivo do tipo FFD e outro RFD, em

    virtude de um deles possuir recursos limitados, o alcance dentro da rede de suas funes

    tambm se encontrar limitado.

    O coordenador controla os dispositivos com relao ao momento de

    transmitirem seus dados atravs do CSMA-CA e pode operar sua rede em modo

    assncrono, possibilitando colises ocasionais e retransmisses, ou pode operar em

    modo sncrono, gerenciando o trfego da rede, evitando colises. Neste modo, caso haja

    necessidade de se garantir a comunicao de um dado dispositivo em um determinado

    tempo, este pode ser gerenciado a transmitir em uma faixa de tempo garantida, evitando

    a perda de tempo atribuda a colises ocasionais.

    Independente do modo de transmisso, os dispositivos podem assumir sua

    funo de hibernao (modo de baixo consumo de energia) sempre que no estiverem

    agendados para enviar ou receber dados durante o perodo de tempo de transmisso da

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    52/87

    52

    rede completa, ou quando no existirem dados novos a serem enviados. Durante este

    perodo de hibernao, eventualmente pode ser necessrio verificar a existncia de uma

    mensagem direcionada ao dispositivo.

    Sua topologia e propriedades esto representadas na Figura 3.13 e na Tabela 3.2,

    respectivamente, enquanto que as funes especficas de cada camada so ilustradas na

    Tabela 3.3.

    Figura 3.13- Topologia bsica da norma IEEE 802.15.4 (IEEE 802.15.4, 2007)

    Propriedades da TecnologiaTaxa de Transferncia 250 kbpsAlcance 10 300m

    FrequnciaISM(900MHz/2,4GHz)

    Modo de Transmisso DSSS/FHSS

    Controle de trfego Sncrono/AssncronoTopologia Estrela/Ponto a pontoComplexidade deImplementao

    Baixa

    Nmero mximo de ns No definidoTempo Latente 10 a 50msBateria (consumo de energia) Baixo consumo

    Tabela 3.2 - Propriedades da tecnologia IEEE 802.15.4 (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    53/87

    53

    Camada fsica Camada de Ligao

    Ativar e desativar o transmissorSincronizar os dispositivos e astransmisses

    Detectar a energia do canal de transmissoOferece suporte s entradas e sadas dosdispositivos

    Indicar a qualidade dos dados recebidosOferece suporte segurana dosdispositivos

    Selecionar a frequncia dos canais detransmisso

    Emprega e gerencia o CSMA-CA

    Enviar e receber os dados transmitidos Mantm e coordena o GTSTabela 3.3 - Funes de cada camada (IEEE 802.15.4, 2007)

    3.3.2 ZIGBEE

    Formada por uma aliana, tem o patrocnio de mais de 150 empresas, com

    destaque das empresas como Motorola, Intel, Sony, Samsung, Philips. Mitsubishi

    Eletric e Honeywell. um protocolo projetado para efetuar comunicao sem fio

    confivel, com baixo consumo de energia e baixas taxas de transmisso para aplicaes

    de monitoramento e controle (BRANDO, BONIFCIO e PANTONI, 2009).

    A especificao zigBee define as camadas de rede e aplicao e o servio de

    segurana entre elas. A definio das camadas fsicas e de acesso ao meio baseada no

    padro IEEE 802.15.4 (2007).

    Ao nvel fsico ozigbeeopera em trs bandas de rdio ISM, as quais, como dito

    anteriormente, esto isentas de licenciamento. Consoante banda, varia a taxa de

    transmisso possvel: em 2.4GHz, podendo ser obtidas taxas de transmisso de

    250kbps, com 16 canais disponveis e alcance de transmisso em visada direta de

    1600m. Os dispositivos zigbee utilizam modulao DSSS. Outra caracterstica

    importante que o protocolo do zigbee praticamente no limita o tamanho da rede,

    podendo utilizar mais de 65.000 ns.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    54/87

    54

    Dispositivos de varias funes, FFD, so responsveis pelo encaminhamento das

    mensagens entre os ns da rede, conectados nos terminais da rede atravs do mundo

    real. Estes dispositivos podem funcionar em toda a topologia do padro,

    desempenhando a funo de coordenador da rede e conseqentemente ter acesso a todos

    os outros dispositivos. Trata-se de dispositivos de construo mais complexa.

    Dispositivos de funes reduzidas, RFD, so terminais usados pelo padro para

    as portadoras com funcionalidades limitadas. So dispositivos normalmente simples,

    onde a comunicao feita apenas entre dois ns. Controlam especialmente custos e

    complexidade da rede. Esto impossibilitadas a fazer roteamento por isso so utilizados

    nas margens das redes. Limitam-se a uma configurao com topologia em estrela, no

    podendo atuar como um coordenador da rede e pode comunicar-se apenas com um

    coordenador de rede. So dispositivos de construo mais simples. A Tabela 3.4

    resume as funes de cada dispositivo.

    Classe do Dispositivo Tipo de Dispositivo Funo

    Coordenador FFD

    Formar a rede, atribuirendereos, guardar endereodos vizinhos. nico em umarede.

    Roteador FFD

    Permite que mais ns sejuntem rede, ao aumentar oseu alcance fsico. Podetambm efetuar funes decontrole ou monitoramento. A

    sua existncia opcional.

    Endpoint FFD ou RFD

    Efetua aes de controle oumonitoramento atravs dodispositivo que lhe estejaassociado (sensor,controlador, atuador, etc.).

    Tabela 3.4 - Dispositivos zigbee e suas funcionalidades (BRANDO, BONIFCIO ePANTONI, 2009)

    Aplicaes desenvolvidas com base no padro IEEE 802.15.4 (2007) podem

    suportar as topologias estrela e ponto a ponto, como explicitado no item 3.3.1. Esta

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    55/87

    55

    ltima proporciona a formao de redes mais complexas tais como rvore em cluster, e

    malha (mesh). Na topologia estrela, a comunicao estabelecida entre dispositivos e

    um nico controlador central, chamado coordenador PAN. O coordenador PAN pode

    ser alimentado por energia contnua, enquanto os outros dispositivos normalmente

    seriam alimentados por bateria. Aps um FFD ser ativado pela primeira vez, ele pode

    estabelecer sua prpria rede e tornar-se o Coordenador PAN. Cada rede inicializada

    escolhe um identificador PAN, que no concorrentemente usado por alguma outra

    rede dentro da esfera de influncia do rdio. Isto permite que cada rede estrela opere

    independentemente.

    Uma vez que escolhido o identificador PAN, o coordenador permite que outros

    dispositivos se liguem sua rede. Todos os dispositivos operando na rede, em qualquer

    topologia tero cada, um nico endereo estendido de 64 bits. Este endereo poder ser

    utilizado para comunicao direta dentro da PAN, ou pode ser trocado por um endereo

    curto alocado pelo coordenador PAN quando o dispositivo se associa.

    A topologia ponto a ponto (peer to peer) tambm tem um coordenador PAN,

    contudo, difere da topologia em estrela pelo fato de que qualquer dispositivo FFD pode

    se comunicar com outro desde que ele esteja no seu raio de alcance de transmisso. Esta

    topologia permite a implementao de redes mais complexas, tais como formao em

    redes de malha ou em rvore (cluster-tree). Uma rede ponto a ponto pode tambm

    permitir mltiplos saltos para rotear mensagens de qualquer dispositivo para algum

    outro da rede. Tais funes so executadas pela camada de rede.

    A rede cluster-tree um caso especial de uma rede ponto a ponto, onde a

    maioria dos dispositivos so FFDs e um dispositivo RFD pode conectar-se no final de

    um ramo. Qualquer FFD pode agir como um coordenador e prover servios de

    sincronizao para outros dispositivos e coordenadores, porm somente um destes

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    56/87

    56

    coordenadores ser o coordenador PAN. A Figura 3.14 ilustra as topologias de redes

    disponveis para o padrozigbee.

    Figura 3.14 - Topologias para oZigBee(CSAR, 2008)

    Ozigbee indicado para a transferncia de pequenos pacotes atravs de grandes

    redes, que sejam mais estticas com uso no muito frequente. Alm disso, o fato de ser

    um protocolo para aplicaes de baixo consumo e de baixo custo o tornam ideal para

    sistemas de monitoramento e sensorizao como o caso dos sistemas de automao

    domstica, segurana e controle de iluminao e de acessos. No muito utilizado em

    redes nas indstrias de processo.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    57/87

    57

    3.3.3 Wirelesshart

    A norma IEC/PAS 62591 (2008) foi a primeira norma desenvolvida para redes

    sem fio na indstria de processo. Desenvolvida com o intuito de estabelecer um

    protocolo de comunicao que permitisse sua integrao com os sistemas existentes no

    mercado, principalmente a substituio dos sistemas fiados que j se utilizam do

    protocolo HART.

    O wirelessHartfornece um robusto protocolo padro sem fios para toda a gama

    de processo de medio, controle e aplicaes de gesto de ativos. Baseado no familiar

    protocolo HART, o wirelessHartpermite aos usurios de forma rpida e fcil ganhar os

    benefcios da tecnologia sem fios, mantendo a compatibilidade com dispositivos,

    instrumentos de campo e ferramentasHARTj instalados.

    O wirelessHartutiliza as mesmas ferramentas e prticas que o HARTcabeado,

    incluindo a estrutura de comandos HART, o que o torna compatvel com qualquer

    controle HART habilitado ou sistema de gerenciamento de recursos com suporte a

    tecnologia EDDL. Esta caracterstica faz com que ambas as tecnologias, tanto com fios

    como a sem fios, possam ser configuradas utilizando as mesmas ferramentas.

    Seus principais objetivos so:

    Garantir que as redes implementadas tinham baixo tempo de latncia;

    Definir aplicaes e requisitos de gerenciamento de rede que fossem

    funcionais e que permitissem aumento de escala;

    Garantir robustez nas comunicaes com presenas de interferncias

    encontradas em ambientes industriais;

    Garantir a coexistncia com outros protocolos de rede no mercado, assim

    como o protocolo fiadoHART;

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    58/87

    58

    Garantir a interoperabilidade entre os dispositivos, para que dispositivos de

    diversos fabricantes operem na mesma rede.

    Uma rede wirelessHartbasicamente consiste de um network manager(gerente

    de rede), pelo menos um gateway e instrumentos wirelessHart.. Juntos formam uma

    rede meshonde hospedeiros e instrumentos de campo comunicam-se bidirecionalmente.

    As funes de cada componente da rede meshso:

    Instrumentos WirelessHart: podem ser instrumentos de campo ligados ao processo,

    equipamentos da planta como programadores portteis (hand helds), roteadores ou

    adaptadores. Os roteadores so instrumentos que estendem a rede e que so capazes

    de encaminhar pacotes de dados de outros instrumentos de campo. Os adaptadores

    so instrumentos especialmente projetados para permitir que um instrumento HART

    sem wireless de estar conectado a uma rede wirelessHart. Os programadores

    portteis so utilizados na instalao, configurao, monitoramento e manuteno de

    qualquer dispositivo wirelessHart.

    Gateways: conectam a rede wirelessHart com o sistema da planta de automao

    (host). Isto fornece ao sistema hostacesso aos dispositivos da rede wirelessHart, e

    se necessrio a traduo entre diferentes protocolos. Desta forma um instrumento

    que interfaceia os instrumentos de campo wirelessHart com o host via canal de

    comunicao serialEthernetou Wi-Fipor exemplo. Em uma rede meshpode existir

    apenas um Gatewayou Gatewaysredundantes.

    Network Manager: o crebro de um rede wirelessHart. uma aplicao que

    gerencia a rede mesh e os instrumentos da rede. responsvel por distribuir as

    chaves de segurana, configurar e coordenar os instrumentos e a rede, como

    programao das comunicaes entre os dispositivos, gesto da mensagem e rotas,

    alm do monitoramento do bom desempenho da rede. O network manager nico

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    59/87

    59

    por rede mesh e pode ser integrado no gateway, no host ou no controlador do

    processo da automao.

    A Figura 3.15 ilustra um rede mesh wirelessHart.

    Figura 3.15 - Rede mesh wirelessHart (BRANDO, BONIFCIO e PANTONI, 2009)

    Quanto topologia uma rede wirelessHartpode ser do tipo estrela, malha (mesh)

    e estrela-malha. Na topologia estrela h somente um roteador conectado a vrios

    instrumentos finais e indicada para pequenas aplicaes. A topologia mesh por possuir

    todos os ns roteadores representa um tipo de rede muito confivel, com redundncia de

    caminhos e alta disponibilidade. A Figura 3.16 ilustra as topologias para uma rede

    wirelessHart.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    60/87

    60

    Figura 3.16 - Topologias possveis de uma rede wirelessHart (BRANDO,BONIFCIO e PANTONI, 2009)

    As propriedades da norma IEC/PAS 62591 (2008) podem ser resumidas nas

    caractersticas da Tabela 3.5.

    Propriedades da TecnologiaTaxa de Transferncia 250 kbpsAlcance Indeterminado11

    Frequncia ISM 2,4GHzModo de Transmisso FHSSControle de trfego Sncrono (TDMA)Topologia Estrela/MeshComplexidade deImplementao

    Mdia

    Nmero mximo de ns No definidoTempo Latente < 150msBateria (consumo de energia) Baixo consumo

    Tabela 3.5 - Propriedades da tecnologia IEC/PAS 62591 (2008) (RIEGO, 2009)

    3.3.4 NORMA ISA 100.11a

    A norma ISA 100.11a (2008) foi desenvolvida com o intuito de estabelecer o

    protocolo de comunicao referncia na indstria de processo e permitir sua integrao

    com os demais protocolos existentes no mercado sejam eles fiados ou sem fio.

    Seus principais objetivos so:

    Ponto a ponto at mais ou menos 200m; alcance total da tecnologia indeterminado.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    61/87

    61

    Garantir que os dispositivos tenham um baixo consumo de energia;

    Garantir que as redes implementadas tivessem restries ao tempo de

    latncia;

    Definir infra-estrutura e interfaces, aplicaes, segurana e requisitos de

    gerenciamento de rede que fossem funcionais e que permitissem aumento

    de escala, em todas as classes de operao (1 a 5) definidas na norma e

    ilustradas na Erro! Fonte de referncia no encontrada.;

    Garantir robustez nas comunicaes com presenas de interferncias

    encontradas em ambientes industriais;

    Garantir a coexistncia com outros protocolos de rede no mercado, como

    o wirelessHart, o 802.11x, etc.;

    Garantir a interoperabilidade entre os dispositivos, para que dispositivos

    de diversos fabricantes operem na mesma rede;

    Segurana Classe 0: Ao Emergencial Sempre crtico

    Controle

    Classe 1: Controle em malha fechada regulatrio

    s vezes crtico

    Classe 2: Controle em malha fechadaUsualmentecrtico

    Classe 3: Controle em malha abertaInterveno dooperador

    MonitoraoClasse 4: Alertas

    Baixasconsequncias

    Classe 5: Registradores de informaesSemconsequncias

    Tabela 3.6 - Classes de operao definidas pela ISA 100.11a (ISA 100.11a, 2008)

    Basicamente, possui as mesmas funes da norma wirelessHart. (IEC/PAS

    62591, 2008), com relao ao gerenciamento do sistema, com suas funes de controle

    de entrada e sada de dispositivos da rede, configurao de comunicao e

    monitoramento dos dispositivos, monitoramento e otimizao da performance da rede.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    62/87

    62

    Sua principal diferena o gerenciador de segurana inerente ao protocolo, que no caso

    do wirelessHart. somente existe como polticas de segurana implementadas nas

    camadas de ligao, de transporte e de aplicao.

    O protocolo permite que sejam criadas inmeras sub-redes com o propsito de

    aumentar o controle e permitir uma maior troca de informaes sem perda de tempo

    latente. Outra diferena consiste na conceituao dos dispositivos. Apesar de utilizar as

    primitivas da IEEE 802.15.4 (2007), os dispositivos sofreram algumas alteraes e

    restries de funes realizadas nas camadas superiores da estrutura ISO-OSI e so

    caracterizados conforme segue e ilustrados na Figura 3.17.

    Dispositivos de campo sem regra de roteamento:

    Caracterizam-se como dispositivos, como sensores, com funo

    apenas de se comunicar com outros dispositivos com regra de roteamento ou

    dispositivos de infra-estrutura.

    Dispositivos de campo com regra de roteamento:

    Caracterizam-se como dispositivos com capacidade de se comunicar

    com outros dispositivos, sejam eles com ou sem regra de roteamento. So

    atravs destes dispositivos que as redes do tipo meshso formadas.

    Dispositivos de campo com regra de proviso de acesso:

    Caracterizam-se como dispositivos com capacidade de prover acesso

    a um dispositivo novo integrando a rede. Possui todas as funes e diretrizes

    de segurana necessrias para realizar esta ao, validando o ingresso do

    novo integrante na rede atravs de chaves de criptografia e informando ao

    sistema de gerenciamento central seu mais novo integrante.

    Dispositivos de infra-estrutura com regra de proviso de acesso

    (gateway):

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    63/87

    63

    So dispositivos que realizam a interface entre os dispositivos fsicos

    no campo e o sistema de controle. Muitas vezes, incorpora as funes de

    gerenciamento do sistema, o gerenciamento de segurana e o gerenciamento

    dos tempos da rede, que podem ser implementados por dispositivos

    dedicados a estas funes.

    Dispositivos de infra-estrutura com regra de roteamento (backbone):

    So dispositivos utilizados para realizar a funo de roteamento da

    rede, muitas vezes instalado no centro da rede ou sub-rede, coletando seus

    sinais e direcionando para outras sub-redes ou at mesmo ao gateway.

    Figura 3.17 - Funes dos dispositivos da rede ISA 100.11a (2008) (ISA 100.11a, 2008)

    As propriedades da norma ISA 100.11a (2008) podem ser resumidas nas

    caractersticas da Tabela 3.7.

    Propriedades da TecnologiaTaxa de Transferncia 250 kbpsAlcance Indeterminado12Frequncia ISM 2,4GHzModo de Transmisso FHSS

    Ponto a ponto at mais ou menos 200m; alcance total da tecnologia indeterminado.

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    64/87

    64

    Controle de trfegoSncrono (TDMA)/Assncrono (CSMA-CA)

    Topologia TodasComplexidade deImplementao

    Alta

    Nmero mximo de ns No definidoTempo Latente 100ms (mximo)Bateria (consumo de energia) Baixo consumo

    Tabela 3.7 - Propriedades da tecnologia ISA 100.11a (2008) (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    65/87

    65

    4 REQUISITOS DA TRANSMISSO DIGITAL SEM FIO

    Um projeto de uma rede wirelesspara um ambiente industrial deve se concentrar

    em otimizar todos os requisitos listados na Figura 4.1, tentando obter a melhor relao

    entre cada um deles. Este no um trabalho fcil e deve ser feito por uma equipe que

    entenda no somente da estrutura da rede de comunicao, mas tambm do processo

    produtivo como um todo.

    Figura 4.1 - Requisitos de uma rede sem fio (MANGES, 2007)

    Um grande desafio para qualquer rede sem fio em um ambiente industrial a

    questo da energia, ou alimentao dos dispositivos. Nas redes fiadas, esta alimentao

    era provida pelos cabos que chegavam ao instrumento e no chegava a ser um ponto de

    grande preocupao. No entanto, em uma rede wireless, a questo energtica se torna

    um ponto que deve ser olhado com bastante ateno, uma vez que no se tem mais

    cabos que chegam ao instrumento. Baterias, alimentao solar e outros meios so os

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    66/87

    66

    mais comuns para alimentos dos dispositivos de uma rede wirelesse so discutidas ao

    longo deste captulo.

    Alm dos itens de fundamental importncia na concepo da rede, como

    confiabilidade, tempo de latncia, taxa de transferncia e segurana, a

    interoperabilidade entre seus dispositivos deve ser considerada. Esta interoperabilidade

    pode ser denominada como a compatibilidade entre os produtos de diversos

    fornecedores, o protocolo de comunicao.

    A Figura 4.2 ilustra de que forma deve ser escolhido o protocolo de

    comunicao, passando pelas fases de se definir uma aplicao, que por consequncia

    demandar requisitos de desempenho que podero ser suplantados por servios de rede.

    Alguns requisitos da aplicao, assim como restries do protocolo, auxiliam nos

    parmetros para a definio do tipo de sensor a ser utilizado e de que forma todo este

    conjunto ser implementado.

    Figura 4.2 - Definio do protocolo em uma aplicao (RIEGO, 2009)

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    67/87

    67

    Para se definir da melhor maneira possvel o melhor protocolo para uma

    aplicao, deve-se levar em considerao em quais camadas da rede de comunicao

    este protocolo vai atuar. Uma vez que todos os protocolos so baseados na tecnologia

    ISO-OSI, mais de um protocolo podem rodar sobre a mesma camada de rede, com

    diferentes requisitos, mas com caractersticas que podem se complementar. tambm

    por esta razo que servios de controle de trfego e qualidade de servio muitas vezes

    podem ser implementados independentemente do protocolo, pois residem nas camadas

    mais altas da estrutura ISO-OSI, chamada de camada de aplicao. A Figura 4.3 ilustra

    as camadas de rede ISO-OSI e suas funes.

    Figura 4.3 - Tecnologia de camadas ISO-OSI e suas funes (ISA 100.11a, 2008)

    Apesar de nem todos os protocolos de transmisso utilizar na totalidade as

    camadas de rede definidas na Figura 4.3, sua aplicao de extrema utilidade, uma vez

    que permite aos fornecedores desenvolverem produtos de aplicaes diferentes sobre

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    68/87

    68

    um mesmo meio fsico de transporte. Conforme RACKLEY (2007), uma vez que as

    conexes lgicas operam sobre links fsicos, ambas as arquiteturas (lgica e fsica) se

    suportam e possuem um alto grau de independncia, conferindo capacidade rede de

    manter uma arquitetura lgica, mesmo tendo sua arquitetura fsica alterada, alm de

    suportar, em uma mesma arquitetura fsica, diferentes conjuntos de padres e

    protocolos.

    A Figura 4.4 ilustra o caminho seguido por uma comunicao entre o sensor e o

    sistema de controle, passando pelo roteador e o provedor de acesso. Repare-se que as

    funes do roteador podem estar sendo realizadas por outro dispositivo de rede, em uma

    topologia de rede mesh, conforme elucidada no captulo anterior.

    Figura 4.4 - Exemplo do caminho seguido em uma aplicao (ISA 100.11a, 2008)

    Os conceitos e caractersticas dos requisitos de rede encontram-se detalhados no

    decorrer deste captulo.

    Confiabilidade:

    a capacidade de garantir que uma informao transmitida por um

    dispositivo chegue ao sistema de controle, passando por toda a estrutura de

    rede existente.

    Tempo de Latncia:

  • 7/25/2019 Marcelo - Instrumentao Wireless

    69/87

    69

    o tempo decorrido entre o incio da transmisso de uma

    informao e sua chegada ao sistema de controle, passando por toda a

    estrutura de rede existente.

    Segurana:

    toda a estrutura necessria para garantir a proteo, a autenticao

    e o sigilo dos dados transmitidos.

    Taxa de Transferncia:

    a taxa mdia de transmisso de informaes por um determ