138
1200401774 11 11111111111111111111111111111111111111 Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA- VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor São Paulo 2003 Banca Examinadora: Prof. Orientador Dr. Henrique Luiz Correa Prof. Dr. João Mário Csillag Prof. Dr. Rogério Profeta Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da FGV/EAESP, como requisito para obtenção do título de mestre em Administração.

Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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Page 1: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

1200401774

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Marcelo Jannarelli Urquiza

ERRATA- VMI na Cadeia de Suprimentos de

Materiais de Construção Brasileira: Considerações

sobre o Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor

São Paulo 2003

Banca Examinadora:

Prof. Orientador Dr. Henrique Luiz Correa Prof. Dr. João Mário Csillag Prof. Dr. Rogério Profeta

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da FGV/EAESP, como requisito para obtenção do título de mestre em Administração.

Page 2: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

I onde se lê

ERRATA

leia-se página parágrafo 1 linha

Desta maneira, Desta maneira, Q gerenciamento da 14 3 1 gerenciamento da cadeia cadeia de suprimentos

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I de suprimentos I Se a refinaria para, ainda Se a refinaria pára, ainda temos 18 1 :1 temos i

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toma suas própria toma suas própria§ decisões 48 4 ;11 decisões técnica, causo surpresa técnica, causoy surpresa 89 1 17

responda somente ãs responda somente ãs questões 28 a 109 Quadro !7 questões 31. J AMES et ai (2000) HINES e RICH (2000) citam Monden 14 4 :3

destacam a classificação (1993) e sua classificação I

' I de Monden (1993) seja normal, a tabela seja normal, a tabela encontrada em 26 1 :3

I

abaixo relaciona AQUINO (1982) relaciona !

FORRESTER (1958) FORRESTER (1958) apud J AMES et 44 2 13 '

ai (2000) i

Inclusão de Referências Bibliográficas I AQUINO, GUSTAVO ADOLFO AYALA. &estão de Estoque em Empresas Comerciais: I

Estudo de Casos. Dissertação - Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, 1982, São Paulo. EAN BRASIL. Página da instituição na internet. Disponível em < www.eanbrasil.org.br >Acesso em Fevereiro de 2004.

HINES, PETER e RICH, NICK. Mapping Physical Flows. In: H INES, PETER et ai. Value Stream Management. Strategy and Excellence in the Supply Chain. Financiai Times, Prentice Hall, Pearson Education Limited. Great Britain. 2000. Cap 3, p. 36. NOHRIA, ET AL. What Really Works. EUA. Harvard Business Review, 2003.

SAAB, JOSEPH. AbMINISTRACÃO bA CAbEIA bE ABASTECIMENTO. ConsideNCÕU I sobre a situação estratégica dos bistribuidores paulistas de um Fabricarate ndtiMC:ioRGI !

j de produtos de consumo da área de saúde e higiene pessoal e proposta do siftemG de 1

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Page 3: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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Page 4: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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1 de Empresas)- Escola de Administração de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, 2003, São Paulo.

STALK JR., GEORGE e HOUi, THOMAS M. Competindo contra o tempo. 2g Edição. Rio de Janeiro. Editora Campus, 1993 .

Page 5: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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Marcelo Jannarelli Urquiza

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Construção Brasileira: Considerações sobre o

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Page 7: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o

Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor

Banca Examinadora: ·

Prof. Orientador Dr. Henrique Luiz Correa Prof. Dr. João Mário Csillag Prof. Dr. Rogério Profeta

Page 8: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

MARCELO JANNARELLI URQUIZA Engenheiro Civil

VMI na Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção Brasileira: Considerações sobre o

Relativo Atraso na sua Utilização pelo Setor

FGV-SP I BIBLIOTECA

1200401774

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da FGV/EAESP, como requisito para obtenção do título de mestre em Administração.

Orientador: Prof. Henrique Luiz Corrêa

São Paulo 2003

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Page 9: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

URQUIZA, Marcelo Jannarelli. VMI na cadeia de suprimentos de materiais de construção brasileira: considerações sobre o relativo atraso na sua utilização pelo setor. São Paulo: EAESP/FGV, 2003. 133pág. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração da EAESP/FGV).

Resumo: Mostra a importância que a gestão das cadeias de suprimentos tem alcançado nos meios acadêmicos e empresariais. Expõe os conceitos teóricos da gestão tradicional de estoques e do VMI. Explica como está estruturada a cadeia de suprimentos de materiais de construção no Brasil e estuda a utilização do VMI no setor. Estuda um caso de aplicação de VMI no setor varejista de materiais de construção.

Palavras-Chaves: Cadeia de Suprimentos; Administração da Cadeia de Suprimentos; Gestão de Estoques, VMI; Cadeia de suprimentos de materiais de construção civil.

' '

Page 10: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

À minha esposa Adriana e meus

filhos João Pedro e Felipe.

Page 11: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

AGRADECIMENTOS

Ao Professor e Orientador Henrique Luiz Corrêa por inspirar o tema, por

colocar-me no rumo certo quando minhas pretensões para este trabalho

estavam seguindo desordenadamente e por desafiar-me a ser Autor deste

trabalho com letra maiúscula.

· Aos Srs. João Mário Csillag e Rogério Profeta por participarem da banca

examinadora.

A todas as empresas e seus funcionários, que dedicaram seu tempo e sua

atenção, recursos cada vez mais escassos no mundo empresarial, para me

ajudar neste trabalho.

A todos os colegas do MPA pela amizade, companheirismo e sabedoria. O

MPA não seria tão valioso sem vocês.

A meu avô Arceus Jannarelli, o Juca, que, depois de tanto apoio, teve que

partir e não pode ver o neto Mestre.

A meus pais, Elizabette e Wanderley por sempre acreditarem em mim, por

sabiamente incentivarem e apoiarem minhas decisões e por todo amor e

carinho que só os pais têm pelos filhos.

Finalmente a minha esposa Adriana e meus filhos João Pedro e Felipe que

foram forçados a privar-se da minha presença em muitos momentos durante os

últimos anos. Nosso amor nunca faltou para amenizar a distância.

Page 12: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 2

LISTA DE TABELAS 3

LISTA DE QUADROS 4

1- OBJETIVOS 5

1.1- OBJETIVOS DESTE TRABALHO ....................................................................................................... 5 1.2- COMO ESTE TRABALHO ESTÁ ESTRUTURADO ................................................................................ 6

2- INTRODUÇÃO 7

2.1- As CADEIAS DE SUPRIMENTOS ..................................................................................................... 7 2.2- A IMPORTÂNCIA DAS CADEIAS DE SUPRIMENTOS ......................................................................... 9 2.3- EFICIÊNCIA OU ESTRATÉGIA? ..................................................................................................... 13

3- CONCEITOS TEÓRICOS DE SISTEMAS VMI 17

3.1- CONCEITOS DE GESTÃO DE ESTOQUES ........................................................................................ 17 3.2- A GESTÃO TRADICIONAL DE ESTOQUES ..................................................................................... 20

3 .2.1- MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES DE ITENS COM DEMANDA CONSTANTE ............................... 20 3.2.2- MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES DE ITENS COM DEMANDA VARIÁVEL ................................. 30 3 .2.3- OUTROS MODELOS DE GESTÃO DE ESTOQUES ............................................................................. 31 3.3- A REPOSIÇÃO CONTÍNUA ........................................................................................................... 32 3.4- VMI- VENDORMANAGEDINVENTORY(ESTOQUEGERJDOPELOFORNECEDOR) .......................... 33 3.4.1- BENEFÍCIOS ................................................................................................................................ 47 3.4.2- ARMADILHAS ............................................................................................................................. 49 3.4.3- A IMPORTÂNCIA DO RELACIONAMENTO CLIENTE X FORNECEDOR .............................................. 50

4- OS RESULTADOS RECENTES 52

4.1- RESULTADOS POSITIVOS ............................................................................................................. 52

5- METODOLOGIA 56

5.1- OBJETIVOS E A METODOLOGIA ADEQUADA ................................................................................. 56 5.2- 0 INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................................................................................... 58 5.3- 0TRATAMENTODOSDADOS ...................................................................................................... 61

6- VMI NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO NO BRASIL 63

6.1- 0 MERCADO ............................................................................................................................... 63 6.2- 0 MACROSSETOR ....................................................................................................................... 69 6.3- VMJ NO VAREJO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ........................................................... 72 6.3.1- NÍVEL 6: APTIDÃO E CARACTERÍSTICAS DE CATEGORIA DE PRODUTO ........................................ 72 6.3.2- NÍVEL 5: IMPORTÂNCIA .............................................................................................................. 74 6.3.3- NÍVEL 4: PROPRIEDADE E CONFIANÇA ....................................................................................... 80 6.3.4- NÍVEL3: FORMATODOACORDO ................................................................................................. 81 6.3.5- NíVEL2: FACILITADORES PRIMÁRIOS ........................................................................................ 81 6.3.6- RISCO E PROCESSOS DE ADOÇÃO ................................................................................................ 85

7- COMENTÁ RIOS FINAIS 89

7.1- CONCLUSÕES .............................................................................................................................. 89 7.2- UM PARALELO COM A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA .................................................................... 90 7.3- MAIS ESTRATÉGIA ...................................................................................................................... 92 7.4- CPFR: A EVOLUÇÃO DO VMI .................................................................................................... 93 7.5- SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ......................................................................................... 95 7.6- As CONTRIBUIÇÕES DESTE TRABALHO ........................................................................................ 96 7.7- A CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO PARA O AUTOR ........................................................................ 97

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 99

9- ANEXOS 102

1

Page 13: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

LISTA DE fiGURAS

FIGURA PAG.

Fig.1 Cadeia de Suprimentos Fictícia 8

Fig 2. Fluxo de produtos, serviços e recursos financeiros em uma cadeia 9

de suprimentos fictícia

Fig 3 - Dimensões de relações de gerenciamento de estoques entre 11

empresas

Fig 4. Modelo de Reposição de Estoque com Ponto de Reposição e Lote 21

Econômico

Fig. 5- Estoque médio 23

Fig 6. Custos totais de um sistema de gestão de estoques 24

Fig 7. Estoque de Segurança para acomodar variação na demanda 25

Fig.8 Modelo de Revisão Periódica 28

Fig 9. Comportamento dos Estoques de Itens de Demanda Variável 30

Fig. 1 O. Modelo de Suporte a Decisão de Implantação de Sistemas VMI 38

Fig. 11 - Dimensões de Aptidão para determinada tarefa 42

Fig. 12: Formas de Reposição Contínua de Mercadorias 52

Fig. 13 - Faturamento médio mensal por loja 65

Fig. 14- Características das Lojas por Tamanho 65

Fig. 15 - Características das Lojas por n° de Funcionários 65

Fig. 16- Características das Lojas por n° de Itens Comercializados 67

Fig. 17- Grau de Informatização dos Lojistas-Programas Utilizados 68

Fig. 18 -A Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção no Brasil 70

Fig. 19- Modelo das Cinco Forças de Porter 75

Fig. 20- Classificação dos adotantes com base no tempo de adoção das 86

inovações

2

Page 14: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

LISTA DE TABELAS

TABELA PAG

Tabela 1 - TPOP sem pressuposto de Demanda projetada constante 31

Tabela 2. Ilustração do Efeito Chicote em uma cadeia de suprimentos 37

fictícia

Tabela 3- Resultados Finais do Estudo da ECR Brasil sobre reposição 54 automática Tabela 4- Potencial de Melhora 55

Tabela 5 - Classificação do porte das empresas por número de 63

empregados, segundo ramos de atividade

Tabela 6- Distribuição de Lojas por Estados e Capitais 66

Tabela 7- Grau de Informatização dos Lojistas- Total e por Tamanho de 67

Loja(%)

Tabela 8- Matriz insumo-produto de 1990: consumo intermediário das 71

atividades

Tabela 9- Market Share dos principais setores industriais de materiais 79 de construção

Tabela 10- Quadro comparativo entre CPFR e VMI 94

3

Page 15: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

LISTA DE QUADROS

QUADRO PAG.

Quadro 1 - O Efeito Chicote 35

Quadro 2 - Competência Essencial - HAMEL e PRAHALAD (1995) 39

Quadro 3 - Critérios para classificação do porte de Empresas do 63

Macrossetor de Construção Civil

Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter 74

Quadro 5 - Market Share dos principais setores industriais de materiais 78

de construção

Quadro 6- Codificação 83

4

Page 16: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

1- OBJETIVOS

1.1- Objetivos deste trabalho

Estudar a importância do gerenciamento das cadeias de suprimento, e apontar

sua principal aplicação para empresas varejistas do setor de materiais de

construção.

Apontar uma prática conhecida como estoque gerido pelo fornecedor, ou VMI

do original em inglês Vendor Managed lnventory, como uma ferramenta viável

para melhorar as trocas de mercadorias e o relacionamento entre dois elos de

uma cadeia de suprimentos, o fornecedor e o varejista.

Investigar o mercado varejista de materiais de construção no Brasil,

observando e propondo razões pelas quais o VMI ainda não é utilizado no

setor.

5

Page 17: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

1.2- Como este trabalho está estruturado

O capítulo 1 define os objetivos deste trabalho e a amplitude do estudo,

reservado ao VMI no setor varejista de materiais de construção no Brasil.

O capítulo 2 aborda o recente interesse do meio acadêmico e empresarial de

atividades ligadas ao gerenciamento de cadeias de suprimentos. Continua

mostrando quais atividades são mais relevantes para empresas varejistas em

geral e sugere uma atividade, o VMI, como uma alternativa para auxiliar ambos

os elos, fornecedores e varejistas, a alcançar melhor desempenho.

' O capítulo 3 aborda o VMI em detalhes. Começa explicando o funcionamento

de um dos grandes vilões das cadeias de suprimento: a amplificação da

demanda ou efeito chicote (Bullwhip) identificada por Jay Forrrester em 1963.

Depois, aborda os conceitos teóricos de um sistema VMI, seus potenciais

benefícios e suas armadilhas.

O capítulo 4 descreve um exemplo de utilização de sistemas de VMI,

mostrando as possibilidades de melhoria no nível de serviço (conhecido no

mercado varejista como ruptura) e no nível de estoques.

O capítulo 5 descreve a metodologia utilizada na pesquisa do setor de

materiais de construção, os cuidados tomados na construção dos questionários

e na escolha dos respondentes, e termina abordando como as informações

obtidas serão tratadas.

O capítulo 6 descreve o setor de materiais de construção no Brasil, mostrando

o potencial para melhora nas relações entre fornecedores e varejistas e as

dificuldades de implementação deste tipo de solução, devido à baixa

informatização e automação da grande maioria dos varejistas de materiais de

construção no Brasil.

O capítulo 7 traz os comentários finais sobre o trabalho realizado.

6

Page 18: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

2- INTRODUÇÃO

2.1- As Cadeias de Suprimentos

Cadeias de suprimento são intrincadas redes de relacionamentos comerciais

entre empresas, com o intuito de disponibilizar um produto ou serviço para o

consumidor. "A expressão 'cadeia de suprimento' é uma metáfora usada para

descrever as empresas que estão envolvidas no fornecimento de um produto

ou serviço" (GIANNAKIS, 2001 citado por ABRAMCZUK, 2001).

Na verdade, seria mais adequado dizer que uma cadeia de suprimentos é

formada por atividades e não somente por empresas. ABRAMCZUK (2001 ),

analisando as definições de cadeias de suprimentos de BEAMON (1998) e Cox

et ai (2001 ), propõe uma definição levando em conta os fluxos de "atividades

físicas diferenciadas complementares, necessárias para que um produto ou

serviço seja criado, elaborado e colocado ao alcance de um cliente final", bem

como os fluxos de agregação de valor e apropriação de valor ao longo destas

atividades.

A agregação de valor está ligada a transformação, pelas organizações

empresariais, de insumos (materiais e serviços) sem nenhuma utilidade para o

cliente final em produtos e serviços com utilidade. Cada atividade empresarial

que agrega valor a um produto ou serviço, no caminho de sua viabilização para

o cliente, termina por apropriar-se de uma parcela do valor como remuneração

pelas atividades úteis desenvolvidas.

Assim, podemos encontrar duas situações limite para a proposta acima. Na

primeira, todas as atividades de transformação seriam realizadas dentro da

mesma empresa no que seria chamado de integração vertical completa. Na

segunda, o próprio "cliente coordena as ações de várias empresas

independentes, cada uma executando uma e apenas uma atividade relevante

para a obtenção de um produto ou serviço por ele desejado" ABRANCZUK

(2001).

7

Page 19: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Na Fig.1 abaixo, que busca representar uma cadeia de suprimentos fictícia,

cada "caixinha" representa uma única atividade de transformação (agregação e

apropriação de valor) de um determinado produto ou serviço. As duas

· condições extremas de existência das cadeias de suprimentos seriam

atingidas, no primeiro caso, quando todas as "caixinhas" fizessem parte de uma

única empresa e, para o segundo caso, quando cada uma fosse uma empresa

independente.

Produção Produção de de

matéria prima componentes

Produção de

montagens

Montagem do

produto

Fig.1 Cadeia de Suprimentos Fictícia. CORRÊA (2003)

Para completar a visão de uma cadeia de suprimentos, ainda resta considerar,

como fundamental, os fluxos de informação dentro da cadeia, que

proporcionam dados de entrada para que cada elo (sejam estes pertencentes a

uma única empresa ou a diversas empresas) programe suas atividades l

eficientemente. Como vamos ver ao longo deste trabalho, os fluxos de

informação são chave para o funcionamento eficiente das cadeias de

suprimento e dos sistemas VMI.

8

Page 20: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

2.2-A importância das Cadeias de Suprimentos

As redes de suprimentos têm ocupado cada vez mais espaço na agenda das

empresas, bem como na agenda de pesquisas sobre administração de

empresas. É cada vez maior a urgência em extrapolar os limites da empresa

(elo) na criação de valor para os clientes. Excelência em gerenciar marcas,

desenvolver produtos e produzir eficientemente já não garantem vantagens

duradouras.

Este fato pode ser observado com a intensificação das relacionadas com o

relacionamento interempresas a partir dos anos 90. Antes disso, a maioria das

técnicas mais difundidas em operações visavam apenas a evolução da eficácia

dentro da empresa ou do seu nó (CORRÊA, 2003).

SIMCHI-LEVI et ai (2000) comentam que, nos últimos anos, as empresas

perceberam os benefícios que o planejamento e o gerenciamento das redes de

suprimentos são capazes de proporcionar, o que aumentou o interesse pela

área tanto na indústria quanto nas escolas de administração.

Para entendermos os benefícios potenciais da gestão eficiente da cadeia de

suprimentos, podemos olhar para a ilustração de uma cadeia de suprimentos

de SLACK et ai (1997). Imaginemos que, na cadeia ilustrada na Fig 1 abaixo,

há um fluxo de materiais e serviços da esquerda para direita e um fluxo de

recursos financeiros da direita para a esquerda.

ROl Custos ROl Custos ROl Custos ROl Custos

Fig 2. Fluxo de produtos, serviços e recursos financeiros em uma cadeia de suprimentos fictícia. Adaptada de SLACK et ai (1997)

9

Page 21: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

O único elo que injeta recursos financeiros na cadeia é o Mercado. Cada elo da

cadeia retira da mesma uma certa quantidade de recursos financeiros,

necessários para cobrir seus custos de produção/operação e remunerar seus

investimentos (ROl). Assim, qualquer custo adicional gerado entre os elos da

cadeia acaba resultando em prejuízo, na forma de custos mais altos para o

mercado.

A visão tradicional dos relacionamentos entre empresas fazia com que cada

empresa olhasse apenas para dentro de si, preocupando-se apenas com os

seus próprios limites. Quando cadeias concorrentes começaram a se tornar

mais competitivas e o mercado começou a preferir produtos e serviços de

cadeias que ofereciam mais valor, os relacionamentos entre os elos passaram

a ser vistos como uma forma de melhorar o desempenho da cadeia como um

todo.

Apesar desta urgência e da convergência quanto à importância das cadeias de

suprimentos, definir os limites de cada nó de uma rede não é tarefa fácil. Uma

rede de suprimentos é extremamente complexa e são inúmeras as decisões

possíveis para os gestores.

CORRÊA (2003) comenta que esta tarefa envolve decisões do tipo comprar ou

fazer e decisões pelos conjuntos mais adequados de mecanismos,

relacionamentos e tecnologias para suportar o sistema adotado. Muitas

empresas "têm preferido delegar a terceiros, parcelas cada vez mais

substanciais não só da produção de partes de seus produtos e serviços, mas

também do desenvolvimento destas partes". Em virtude disto, as interfaces

entre as empresas - as cadeias de suprimentos - tornaram-se mais

complexas, o que passou a demandar atenção especial dos gestores.

O modelo abaixo mostra a gama de dimensões identificadas por JAMES et ai

(2000) em uma relação que envolve a troca de mercadorias entre empresas e

seus estoques. A natureza do acordo de fornecimento pode ser simples ou

múltipla e o tipo de produto pode ser A, B ou C. A localização física do estoque

10

Page 22: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

pode ser em armazéns do cliente, do fornecedor ou de terceiros. A propriedade

do estoque pode ficar com o cliente, com o fornecedor, ou pode ser trabalhada

através de consignação. O formato de reposição pode usar técnicas de lote

econômico ou de revisão periódica.

Natureza do acordo de fornecimento

Tino de Produto

Comercialização?

Destino: linha ou ~------i estoque

Produtos inspecionados

Possíveis

Fonte: estoque ou produção

sincronizada Mode os de Comunicação

Localização física do estoque

Propriedade do 1------~

estoque

Gatilho por /transação

Gatilho por Reposição ~ Decisão

1 \ .........._ Quantidade

f Freqüência

Regularidade /~"'-Mídia Mensa2:em

Canal

Fig 3 - Dimensões de relações de gerenciamento de estoques entre empresas. JAMES et ai (2000}

Notadamente, as inúmeras combinações possíveis que a gama de decisões

em uma relação de troca de mercadorias entre empresas envolve, torna a

tarefa de gerenciar esta relação extremamente complexa, o que exige dos

gestores atenção, seriedade e conhecimento das práticas e técnicas mais

modernas utilizadas pelas empresas atualmente.

11

Page 23: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

FINE (1999) entende que equívocos em uma decisão de terceirização pode

significar " ... um tiro pela culatra, pois a empresa terceirizante corre o risco de

perder capacidades essenciais".

12

Page 24: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

2.3-Eficiência ou estratégia?

Muitos autores consideram a gerência de redes de suprimentos uma atividade

tática, no sentido de reduzir custos e aumentar a eficiência. SIMCHI-LEVI et ai

(2000) afirmam que o objetivo das redes de suprimentos é ser eficaz e eficiente

em custo através de todo o sistema. Custos ao longo de todo o sistema devem

ser minimizados, de transportes e distribuição a estoques e matérias primas,

colocando ênfase na abordagem sistêmica da gestão das redes de

suprimentos.

No entanto, não há como negar a natureza estratégica da gestão das redes de

suprimentos. Algumas empresas globais desenvolveram cadeias tão eficientes

e diferenciadas que esta passou a ser uma vantagem competitiva estratégica

para elas. SAAB (2003) conclui que uma cadeia de distribuição é uma

combinação particular de atividades e que, portanto (PORTER, 1996), pode

conferir a uma empresa posição competitiva única.

Em um estudo recentemente publicado, NOHRIA et ai (2003), afirmam que as

empresas vencedoras devem superar suas concorrentes em 4 práticas

primárias de gestão: Estratégia, Execução, Cultura, Estrutura; além de 2 entre

4 práticas secundárias de gestão: Talento, liderança, inovação, fusões e

parcerias.

Segundo os autores, as 4 práticas primárias de gestão são abrangentes o

suficiente, a ponto de suas recomendações não servirem exatamente como

uma fórmula de sucesso. Em outras palavras, há muitas maneiras de superar a

concorrência, de forma sustentada, nas 4 práticas primárias, nenhuma forma

sendo mais recomendável ou mais adequada do que as outras.

O gerenciamento das cadeias de suprimento se insere dentro da prática

primária, denominada pelos autores como Execução. Por Execução, os autores

entendem uma eficiência operacional, em que a entrega sustentada, sem

13

Page 25: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

falhas, da proposta de valor da empresa é mais importante do que encantar

clientes esporadicamente enquanto falha na proposta básica sistematicamente.

NOHRIA et ai (2003) afirmam que o sucesso das empresas vencedoras de seu

estudo não é necessariamente fruto do quanto estas investiram em

gerenciamento da cadeia de suprimentos. Esta é uma afirmação válida pois os

autores buscavam generalizar o conceito, ou seja, abranger toda a gama de

negócios existentes. No entanto, há empresas, como por exemplo os

varejistas, foco deste estudo, cuja atividade principal envolve fortemente as

cadeias de suprimento. Como explica PARENTE (2000), "a administração das

compras e a gestão dos estoques constituem em setor vital de empresas

varejistas. Por um lado, os estoques absorvem enorme volume de recursos e

consistem no maior investimento em ativos das empresas, e, por outro, as

compras representam a maior conta de despesas do varejista". Empresas

varejistas têm, portanto, sua eficiência operacional fortemente afetada pelas

suas relações com fornecedores, ou seja, pela sua cadeia de suprimentos e,

conseqüentemente, têm grande interesse em melhorar a produtividade das

atividades relacionadas à mesma.

Desta maneira, gerenciamento da cadeia de suprimentos passa a ser

fundamental para empresas deste tipo terem desempenho exemplar em

Execução, uma das práticas primárias de NOHRIA et ai (2003).

Pelo mesmo motivo, atividades relacionadas à gestão de estoques estão

fortemente relacionadas com o desempenho de varejistas, ou seja, com sua

Execução. JAMES et ai (2000) destacam a classificação de Monden (1993)

para atividades que agregam valor e para atividades que apenas geram

desperdício, em empresas manufatureiras.

Atividades que não agregam valor são aquelas totalmente desnecessárias e

que devem ser eliminadas totalmente. Exemplos são perda de tempo, estoque

de produtos intermediários (em processo) e duplo manuseio.

14

Page 26: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Atividades que não agregam valor, mas que são necessárias, são aquelas que

geram desperdício mas que não podem ser eliminadas nas condições

operacionais presentes. Exemplos deste tipo de atividade são o

desempacotamento de entregas ou a necessidade de percorrer grandes

distâncias para pegar partes e peças.

Atividades que agregam valor, por sua vez, são aquelas que envolvem a

conversão de matéria-prima ou de produtos semi-acabados em produto final.

Podemos fazer uma analogia para varejistas e encontrar atividades que

poderiam ser classificadas em: atividades que não agregam valor, atividades

que não agregam valor mas são necessárias, e atividades que agregam valor.

Atividades que não agregam valor para varejistas podem ser também o

desempacotamento de entregas ou as grandes distâncias entre a área de

clientes e as áreas de estoque das próprias lojas.

Atividades que não agregam valor, mas que são necessárias para varejistas,

nas presentes condições, podem ser a arrumação de produtos nas gôndolas.

Atividades que agregam valor para varejistas são serviços agregados aos

produtos vendidos por eles. Por exemplo, extensões de garantia, instalação,

suporte técnico e manutenção, além da qualidade de atendimento e da

disponibilidade de produtos.

JAMES et ai (2000) também destacam sete desperdícios comumente

encontrados em empresas manufatureiras, de acordo com o TPS (Toyota

Production System). Destes sete, podemos identificar dois aplicáveis às

empresas varejistas; Transporte e estoque desnecessário.

Transporte está ligado a todo tipo de movimentação que se faz com os

produtos. Como a eliminação de toda a movimentação é impossível, busca-se

15

Page 27: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

minimizar ou otimizar o transporte necessário para a disponibilização de

produtos para os clientes.

Estoque desnecessário em empresas manufatureiras, além de aumentar o

espaço de estocagem e conseqüentemente os custos de estocagem, esconde

problemas de outras naturezas. Em empresas varejistas, altos estoques

aumentam a disponibilidade de produtos, porém a um custo muito alto. Além

disto podem prejudicar a variedade, ou a composição da oferta, já que o

espaço usado para estocar grande quantidade de um único produto, poderia

ser usado para estocar maior variedade em menores quantidades.

Para auxiliar os gestores a otimizar atividades que envolvam a gestão de

estoques e a disponibilidade de produtos para varejistas e de servir como um

serviço de valor agregado para os fornecedores destes varejistas, uma técnica

conhecida como estoque gerido pelo fornecedor, o VMI do inglês Vendor

Managed lnventory, pode ser utilizada.

16

Page 28: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

3- CONCEITOS TEÓRICOS DE SISTEMAS VMI

3.1- Conceitos de gestão de estoques

Para entendermos os conceitos do estoque gerido pelo fornecedor (VMI),

vamos inicialmente esclarecer os conceitos da gestão de estoques tradicional.

Apesar de amplamente abordados na literatura de administração de empresas,

os conceitos de estoques foram mal interpretados a partir da década de 80, o

que causou dificuldades estratégicas para muitas empresas. Ao invés de zerar

estoques a qualquer custo, o objetivo é "não ter um grama a mais de estoques

do que a quantidade estritamente necessária estrategicamente" (CORRÊA,

2001).

Estoques são acúmulos de material entre fases de um processo de produção.

Estas fases de produção podem se limitar a uma empresa apenas, caso em

que os estoques são de matéria-prima ou de materiais semi-acabados que

serão usados nas fases seguintes de produção (estoque em processo).

Podem, no entanto, extrapolar os limites da empresa, caso em que as fases de

produção estão espalhadas por várias empresas. Cada vez mais, este

fenômeno faz parte da realidade das empresas, formando cadeias de

suprimento cada vez mais complexas.

A função dos estoques é dar independência entre duas fases do processo

produtivo, no sentido de que interrupções em uma fase não acarretem atrasos

na outra (CORRÊA, 2001). O acúmulo de material antes de determinada fase

de produção permite que esta etapa seja executada sem depender da fase

anterior.

Funciona como o tanque de combustível dos automóveis. Como seria

fisicamente muito difícil, para não dizer impossível, que carros tivessem uma

mangueira ligando seus motores diretamente a uma refinaria de petróleo,

somos obrigados a fazer estoques de gasolina no tanque do próprio carro e

nos postos de gasolina. Assim, conseguimos andar com o carro

17

Page 29: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

independentemente da produção de gasolina na refinaria. Se a refinaria para,

ainda temos o estoque de gasolina do tanque para continuar andando. Quando

este acaba, recorremos ao estoque dos postos de gasolina.

A analogia também pode se estender ao conceito de "quantidade estritamente

necessária estrategicamente". O ideal seria que tivéssemos um tanque grande

o suficiente para andarmos toda a vida sem precisar reabastecer o carro.

Obviamente, além de outros contratempos engraçados de se imaginar, os

recursos financeiros para isto seriam demasiadamente altos para que todos os

usuários de automóveis pudessem fazer isto mantendo seu equilíbrio

econômico. Da mesma maneira, um tanque muito pequeno resultaria em

paradas para abastecer a cada quarteirão. Após anos de amadurecimento no

uso dos automóveis, acabamos chegando ao tamanho dos tanques atuais,

capazes de proporcionar a autonomia esperada pelos usuários, a um custo

economicamente viável e sem causar caos nos postos de gasolina.

Temos três principais tipos de estoques. Estoques de matéria-prima que são

usados "para regular as diferentes taxas de suprimento - pelo fornecedor - e

demanda - pelo processo de transformação" (CORRÊA, 2001 ). Estoques de

material semi-acabado, usados para regular as diferentes taxas de produção

entre duas fases de produção subseqüentes. Estas diferentes taxas são

ocasionadas por máquinas com velocidades de produção diferentes, ou que

exigem manutenção preventiva, ou ainda tempo de ajuste para a produção de

diferentes peças. Finalmente, estoques de produto acabado são usados para

regular as diferenças entre as taxas de produção e a demanda do mercado.

Há algumas razões, no entanto, para que esta "quantidade estritamente

necessária" não seja atendida a todo o momento. O motivo básico, como já

vimos, é a diferença entre as taxas de consumo e suprimento de determinado

item. Mas por que há esta diferença? CORRÊA (2001) aponta as principais

como sendo a falta de coordenação, a especulação, a incerteza de previsões e

o preenchimento dos canais de distribuição.

18

Page 30: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Pode ser impossível ou inviável coordenar as fases de produção ou de

suprimento. Vamos imaginar que uma empresa varejista encontre-se muito

distante do local de produção de determinado item. Os custos de transporte

poderiam tornar inviável a entrega regular desse item ao varejista. O varejista é

obrigado a comprar uma quantidade maior do que sua demanda imediata, e o

resultado é estoque deste item em quantidade maior do que a desejável.

Outra fonte geradora de estoques é a imprecisão das previsões de consumo.

Um varejista típico não trabalha através de pedidos colocados com

antecedência. Seus clientes buscam o varejista aleatoriamente, quando surge

a necessidade de determinado item, o que causa variação na demanda,

mesmo que o varejista conheça muito bem o perfil de consumo dos seus

clientes. O varejista é então obrigado a manter estoques dos itens, de maneira

não perder vendas pela falta do item.

A especulação é outra fonte geradora de estoques. Empresas podem

antecipar uma alta de preços de determinado item e decidir por manter um

estoque maior deste item, de maneira a lucrar quando o preço subir.

A última fonte geradora de estoque, apontada por CORRÊA (2001) é o

preenchimento do canal de distribuição. Alguns itens, como produtos de

higiene e alimentos, têm consumo contínuo. Para manter a disponibilidade

destes itens nos pontos de venda, é necessário que os canais de distribuição

estejam preenchidos, de maneira a evitar que a complexidade de

movimentação dos itens através dos canais cause falta do item no ponto de

venda.

19

Page 31: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

3.2- A Gestão tradicional de Estoques

Como vimos na seção anterior, independentemente do motivo gerador dos

estoques, a questão principal sobre os mesmos resume-se a decidir quanto e

quando repor. Para tanto, existem inúmeras técnicas desenvolvidas e

amplamente discutidas na literatura especializada, bastando ao gestor escolher

a mais adequada para a sua situação específica. E esta não é uma tarefa fácil!

O gestor deve olhar com cuidado para as limitações e premissas de cada

modelo, de maneira a escolher aquele que mais se aproxime de sua situação

particular. É importante também que o gestor interprete corretamente os

números decorrentes da aplicação de cada um deles.

Os modelos de reposição de estoques podem ser divididos em dois grupos:

modelos para demanda constante e modelos para demanda variável.

3.2.1- Modelos de gestão de estoques de itens com demanda

constante

Na verdade há poucos itens com demanda constante como já vimos na seção

3.1. No entanto, em muitos casos, quando a demanda se dá de maneira mais

ou menos estável, podemos assumir demanda constante como uma

aproximação da realidade bastante aceitável (CORRÊA, 2001 ).

• Modelo de Ponto de Reposição e Lote Econômico

A mais tradicional técnica de reposição (CORRÊA, 2001) é a do modelo de

ponto de reposição e lote econômico.

Vamos imaginar o comportamento do estoque de determinado item em uma

empresa comercial ou industrial. O estoque começa com um certo nível

(Estoque Inicial) e vai diminuindo à medida que o item vai sendo consumido. O

nível de estoque é monitorado a cada transação e quando atinge o nível

20

Page 32: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

denominado Ponto de Reposição, a empresa coloca um pedido (Lote de

Reposição) a fim de repor o estoque e manter o nível de serviço. Enquanto o

pedido é processado pelo fornecedor, o estoque continua a diminuir até atingir

o ponto de Estoque Mínimo, quando, se a coordenação foi perfeita, deve

chegar o pedido colocado no ponto de reposição, elevando os estoques ao

nível máximo (Estoque Máximo) estabelecido sem que tenha havido falta do

item.

A figura abaixo mostra o funcionamento do modelo.

Estoque Inicial

Ponto de

EIXO DO TEMPO

Estoque Máximo

Lote de Reposição

Estoque mínimo

Fig 4. Modelo de Reposição de Estoque com Ponto de Reposição e Lote Econômico. Fonte: ECR Brasil (1998). Reposição Contínua de Mercadorias. São Paulo.

Precisamos então determinar os parâmetros do modelo para que o mesmo

possa ser usado: Tamanho do lote de reposição e Ponto de Reposição

(CORRÊA, 2001 ).

A abordagem adotada por CORRÊA, 2001 na determinação destes parâmetros

é a de custos. Os custos envolvidos no modelo são os de armazenagem (CA) e

21

Page 33: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

o de pedido (CP). A abordagem procura encontrar o ponto de reposição e o

tamanho do lote que minimizem o custo total de gerenciamento deste estoque.

CT= CP+ CA

Para a determinação destes parâmetros, no entanto, temos que encontrar

primeiramente, os custos abaixo:

Cf - custo fixo do processo de colocação de um pedido de reposição. É fixo

pois é independente da quantidade solicitada.

Ce - custo unitário de estocagem. Inclui todos os custos envolvidos na

estocagem de uma única unidade de determinado item.

Agora podemos calcular o custo de armazenagem (CA) que vem a ser o custo

de armazenagem do estoque médio, ou seja, custo unitário de estocagem

multiplicado pelo estoque médio:

CA = Ce X L/2

Onde L - lote de reposição

Em uma situação de demanda estável, pressuposto deste modelo, o lote médio

é igual a metade do lote de reposição. O gráfico abaixo mostra esta afirmação.

22

Page 34: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Nível de

Estoque

Estoque ----------- ----------- --------- ----------- -------- ----------------médio

Fig. 5- Estoque médio. AQUINO, 82

Finalmente, calculamos o custo do pedido (CP), que vem a ser o custo anual

de colocação de pedidos, ou seja, é igual à quantidade de pedidos colocados

em um ano, obtida dividindo-se a demanda (DA) pelo tamanho do lote de

reposição (L), multiplicado pelo custo fixo da colocação de um único pedido

(Cf). Portanto:

CP= Cfx DA/L

Através do gráfico abaixo, podemos verificar que o Lote Econômico ocorre para

CA = CP, donde concluímos que o Lote Econômico é igual a:

23

Page 35: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

2 X DAx cf

Custo

Custo total

Custos de armazenagem

Custos com pedidos

Tamanho do lote para mínimo custo do sistema ("lote econômico")

Tamanho de lote

Fig 6. Custos totais de um sistema de gestão de estoques. CORRÊA, 2001

Para obtermos o parâmetro Ponto de Reposição, basta multiplicarmos a taxa de

demanda (D), pelo tempo de reposição (L T), na mesma unidade de tempo da

demanda e somar o estoque de segurança.

PR = D x L T + Eseg

Onde Eseg - Estoque de segurança.

O estoque de segurança é um estoque adicional mantido por uma empresa, a

fim de garantir que as variações de demanda ou dos prazos de reposição pelos

fornecedores, como já visto na seção 3.1, acarretem na falta do item.

24

Page 36: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

CORRÊA, 2001 explica que existem duas abordagens para a determinação

dos estoques de segurança, dependendo de como se define o Nível de

Serviço: a abordagem probabilista e a abordagem numérica.

A abordagem probabilista define o Nível de serviço como a probabilidade da

demanda entre o ponto de pedido e a chegada do lote ordenado, ser maior do

que o esperado (a média assumida como a demanda estável).

Nível de

Estoques

Variação na Demanda

Demanda assumida

Nível de Eseg para a variação na demanda

Temno

Fig 7. Estoque de Segurança para acomodar variação na demanda. Adaptado de CORRÊA (2001 ).

AQUINO (1982) mostra que a demanda máxima a ser atendida então é "igual à

média da demanda durante o prazo de entrega mais uma certa quantidade de

desvios padrões". Ainda segundo o autor, as distribuições de probabilidade

mais freqüentes para bens de consumo são a normal, Poisson e Exponencial

negativa.

Finalmente então, para determinarmos o estoque de segurança, segundo a

abordagem probabilista, precisamos conhecer:

FS- fator de segurança, que é função do nível de serviço desejado

a - desvio-padrão estimado para demanda futura

25

Page 37: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

L T - prazo de reposição

PP- periodicidade à qual se refere o desvio-padrão

E.,g ~ FS X (J X~

O fator de segurança (FS) é obtido através das tabelas estatísticas pertinentes

à distribuição que mais se adapta a demanda do caso em questão. Caso a

distribuição seja normal, a tabela abaixo relaciona o nível de serviço desejado

ao fator de segurança.

O desvio padrão é obtido através do estudo do comportamento da demanda

passada. Este também vai determinar a distribuição adequada para o caso em

estudo.

O prazo de reposição é determinista, ou seja, assumido como verdadeiro o

prometido pelos fornecedores do item. CORRÊA (2001) mostra que também

podemos adotar a abordagem probabilista para a variação do prazo de

reposição e, ainda, uma terceira abordagem que considera que ambos os

fatores, demanda e suprimento, podem sofrer variações. No entanto, alerta que

esta abordagem é controversa e que a prática mais encontrada nas empresas,

e mesmo na literatura, considera apenas a demanda como variável.

Cabe-nos ainda discutir as limitações do modelo de ponto de reposição e lote

econômico. Este modelo parte de alguns pressupostos importantes, sem os

quais a aplicação do modelo não é possível. Primeiramente, o modelo assume

demanda constante. Se esta condição não for atendida, não podemos assumir

mais o estoque médio como a metade do lote de reposição. O resultado prático

é que o "lote econômico" calculado nesta situação deixa de ser realmente

econômico, ou seja, deixa de ser o lote que minimiza os custo total (CA).

26

Page 38: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Além disto, o modelo assume que se pode determinar com segurança os

custos unitários de fazer um pedido e de se manter uma unidade do item em

estoque. Na prática, esta determinação é bastante difícil e os gestores acabam

por assumir valores que nem sempre correspondem à realidade. Aqui

novamente o resultado é que se calcula um "lote econômico" fictício que não

minimiza o custo total. Pior ainda é desconhecer esses riscos e acreditar que o

seu sistema de gestão de estoques é o mais eficiente.

• Modelo de Revisão Periódica

Como o próprio nome diz, este modelo baseia-se na revisão periódica do

estoque de determinado item. Baseados no nível de estoque encontrado,

calculamos o tamanho do lote de reposição de maneira que o estoque atinja o

nível máximo.

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Page 39: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Nível de Estoques

Estoque Máximo ----

Rl

Lotes de reposição variáveis

R2

.. p R3

Períodos de revisão fixos

L4

R4 Tempo

Fig.8 Modelo de Revisão Periódica. Fonte: CORRÊA (2001 ).

Os parâmetros a serem determinados para este modelo são:

Q = quantidade a pedir

M = Estoque máximo

E= Estoque atual

Q = M- (E+ QP)

QP = Quantidade pendente (já pedida) - eventual

Porém,

M = D x ( P + L T ) + ES

M = Nível máximo de estoques

28

Page 40: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

O= Taxa de demanda

P = período de revisão

L T = Tempo de reposição

ES = Estoque de segurança

Portanto:

Q = O x ( P + L T ) + ES - ( E + QP )

O estoque de segurança para o modelo de revisão periódica é calculado de

maneira semelhante ao estoque de segurança do sistema de lote econômico e

ponto de reposição, porém, no modelo de revisão periódica, devemos

acrescentar à fórmula um componente referente à incerteza da demanda

durante o período de revisão e não somente durante o período de reposição. A

formulação fica então como segue:

E,.~FSx<Jx ~ pp

O sistema de revisão periódica também tem suas limitações. A principal é que

pode ocorrer falta do item, já que as revisões se dão a intervalos fixos. Por

este motivo, o modelo está associado na prática, a níveis de estoques de

segurança e máximos mais altos, de maneira a minimizar a probabilidade de

faltas. O modelo, portanto, é mais adequado para gerenciar itens de menor

valor e menor custo de armazenagem, de maneira que o impacto de se manter

estoque mais elevado não seja significativo no resultado da empresa

(CORRÊA, 2001).

29

Page 41: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

3.2.2- Modelos de gestão de estoques de itens com Demanda

variável

Como já comentado anteriormente, itens com demanda variável não podem ser

repostos economicamente pelo modelo de ponto de reposição e lote

econômico. Acontece que nesses casos não é possível esperar os estoques

atingirem o ponto de reposição, pois a demanda do período entre a colocação

do pedido e a chegada do lote poderá ser maior do que o estoque de

segurança é capaz de suportar. A figura abaixo mostra esta situação.

Nível de

Estoques

Reposição

Eseg

Demanda Variável

LT ~ 111>!

Lote de Reposição

Tem no

Fig 9. Comportamento dos Estoques de Itens de Demanda Variável

Para contornar este problema a solução é disparar um pedido antes do ponto

de pedido (calculado pelo método do ponto de pedido e lote econômico), de

maneira que o pedido chegue no exato momento em que o estoque atinja o

nível do estoque de segurança. Esta metodologia é conhecida como TPOP

(Time-Phased Order Point ou Ponto de Reposição Escalonado no Tempo)

(CORRÊA, 2001 ). A figura abaixo mostra um exemplo de como funciona o 1

modelo.

30

Page 42: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Estoque de segurança = 20 Lote de Ressuprimento = 200 PERIODOS Tempo de Ressuprimento = 3 1 2 3 4 5 6 7 Demanda prevista 100 70 40 10 40 70 100 Recebimentos programados 200 Estoque projetado I 120 20 150 110 100 60 190 90 Recebimentos planejados o o o 200 o Liberação dos pedidos planejados 200

Tabela 1 - TPOP sem pressuposto de Demanda projetada constante. CORRÊA (2001)

8 70

20 o

Para que o modelo funcione adequadamente, no entanto, é necessário

conhecer a demanda futura, ainda que a mesma não seja constante. Em um

bom sistema de previsões, as de curto prazo são mais confiáveis, já que é

menor a chance das condições que determinam a demanda alterarem-se

substancialmente. Portanto, um dos parâmetros que devem fazer parte do

sistema de gestão de estoques de itens de demanda variável é o horizonte de

planejamento, ou seja, qual o limite de tempo, para frente, que podemos

planejar reposições sem desperdiçar recursos. Outro parâmetro igualmente

importante neste modelo é a periodicidade de planejamento, ou, de quanto em

quanto tempo devemos rever o planejamento de reposições com base em

novas informações sobre a demanda futura esperada.

Os demais parâmetros permanecem os mesmos do modelo de ponto de pedido

e lote econômico - lote de reposição, estoques de segurança e ponto de

pedido.

3.2.3- Outros Modelos de gestão de estoques

Como há grande diversidade na característica da demanda dos inúmeros

produtos no mercado, além das restrições impostas pelas características de

cada empresa e de produção de cada item, há tantos outros modelos

gerenciais, adequados para cada situação.

31

I '\ ..

Page 43: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Aquino (1982), descreve nove (9) variações do cálculo de lote econômico para

o modelo de gestão de estoques por lote econômico e ponto de reposição,

além do já comentado acima, chamado pelo autor de Lote econômico no

modelo clássico:

• Lote econômico quando faltas são permitidas;

• Lote econômico de mínimo custo quando são oferecidos descontos para

compras em maior quantidade;

• Lote econômico quando existe reposição conjunta;

• Lote econômico de máxima rentabilidade e análise de sensibilidade;

• Lote econômico com restrição no investimento em estoque;

• Lote econômico com restrição no número de ordens de compra;

• Lote econômico com restrição na área de armazenagem;

• Lote econômico quando existe inflação;

• Lote econômico em função do valor de demanda;

3.3- A Reposição Contínua

Uma das técnicas apontadas como mais eficientes de reposição de

mercadorias é a Reposição Contínua. A técnica procura otimizar os recursos

de automação mais modernos, realmente fazendo uso da informação em

tempo real proporcionada por sistemas altamente informatizados presentes em

muitas empresas.

32

Page 44: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Tradicionalmente, como vimos nas seções anteriores, o fluxo de produtos na

cadeia de suprimentos é caracterizado pela abordagem "empurrada" onde as

compras são estimadas com base na demanda passada, como se o

comportamento da demanda no futuro fosse continuar sempre o mesmo.

Como isto não ocorre, os estoques nunca são otimizados.

A abordagem recomendada pela ECR Brasil (1998) é a "puxada", onde as

compras são programadas com base na informação real do ponto de venda.

"Os pedidos colocados são, portanto, calculados para repor as vendas de um

determinado período, e não baseados em previsões. Na verdade, previsões só

precisam ser realizadas para antecipar a demanda durante o tempo de

reposição".

3.4- VMI - Vendar Managed inventory (Estoque Gerido pelo

Fornecedor)

Segundo JAMES et ai (2000), sistemas de VMI estão ligados à teoria de

competição baseada no tempo de Stalk e Hout (1990). Esta teoria sugere que

as empresas devem acrescentar a dimensão tempo às suas estratégias

competitivas. Não basta mais fazer o melhor produto, ou atender melhor os

clientes, é necessário fazer tudo isto mais rápido que os concorrentes. Os

ciclos de desenvolvimento de novos produtos devem ser mais rápidos que os

dos concorrentes, de maneira a proporcionar o lançamento de novos produtos

mais adequados ao gosto dos clientes, na frente da concorrência. Em uma

empresa varejista, competir baseado no tempo significa reabastecer o estoque

mais rapidamente e oferecer mais opções de estoque, pelo mesmo capital

investido. O VMI é uma técnica que busca possibilitar este tipo de vantagem

, para seus usuários.

Basicamente o VMI é uma "estratégia colaboracionista entre um fornecedor e

seu cliente, para otimizar a disponibilidade de produtos através da abordagem

de reposição contínua de estoques em uma cadeia de suprimentos" (JAMES et

ai, 2000).

33

Page 45: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

JAMES et ai (2000) propuseram a seguinte definição para um sistema VMI:

"VMI - uma estratégia colaborativa entre um cliente e um fornecedor

para otimizar a disponibilidade de produtos a um custo mínimo para

as duas companhias. O fornecedor toma a responsabilidade pelo

gerenciamento operacional do estoque dentro de um acordo mútuo

de objetivos de resultado, os quais são constantemente monitorados

e atualizados criando um ambiente de melhora contínua. O que

caracteriza esta técnica de gerenciamento de estoques é a

responsabilidade do fornecedor em gerenciar o nível de estoque e o

ciclo de reposição".

CORRÊA (2003) acrescenta que o que se pretende com o VMI é "uma

redistribuição das atividades necessárias a serem executadas dentro da rede

de suprimentos, para elos com maior vocação I competência para fazê-lo".

Os modelos de gerenciamento de estoques usados no VMI são os mesmos que

numa gestão tradicional de estoques, mas a decisão final sobre a quantidade e

periodicidade a repor fica a cargo do fornecedor e não mais do cliente.

No entanto, como alerta CORRÊA (2003), um bem desenhado sistema de VMI

necessita de uma "biblioteca de modelos gerenciais de gestão de estoques,

previsões de vendas e modelos logísticos, de modo que se possam utilizar

diferentes modelos para gerenciar, contingentemente, diferentes situações,

clientes, produtos, demandas, etc".

Os benefícios esperados com a adoção do VMI são:

1. Diminuição de custos administrativos com o gerenciamento de estoques

2. Melhora no nível de serviço.

34

Page 46: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Adicionalmente, esperam-se outros benefícios secundários:

• Suavização da demanda (efeito chicote)

• Redução do espaço de estocagem e do nível de estoque

A abordagem de JAMES et ai (2000) para o VMI sugere que a técnica deve ser

aplicada como uma forma de agregação de valor para o cliente e não somente

como uma maneira de reduzir custos ao longo da cadeia e eliminar o efeito

Chicote. Embora estes benefícios sejam conseguidos através da

implementação de um sistema de VMI, não devem ser encarados como

objetivo final, já que a relação resultante desta filosofia não extrairia os

benefícios máximos possíveis. Por outro lado, a postura de agregação de

valor, ou de um serviço adicional, traz vantagens para a aceitação do sistema

pelos clientes e para a relação em si, já que o modelo é baseado em confiança

como veremos a seguir. "Uma vez que os benefícios terminam, é grande a

probabilidade de que uma relação termine ou seja renegociada" (JAMES et ai,

2000).

Quadro 1 -O Efeito Chicote- Slack et ai (1997)

O Efeito Chicote (bullwhip), fenômeno também conhecido como efeito

Forrester, foi identificado por Jay Forrester na década de 60 em um artigo

clássico chamado Industrial Dynamics (Dinâmica Industrial), publicado na

Harvard Business Review.

O fenômeno consiste em erros, volatilidades e imprecisões crescentes ao

longo de uma cadeia de suprimentos na direção das empresas mais a

montante da cadeia.· Uma analogia para o fenômeno é a brincadeira infantil

conhécida como telefone sem fio (SLACK et ai, 1997).

Na brincadeira, uma mensagem é cochichada pela primeira criança para a

segunda, de maneira que apenas a segunda ouça a mensagem. Tendo

entendido ou não a mensagem, a segunda criança cochicha para a terceira,

sua interpretação da mensagem.

35

Page 47: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 1 -O Efeito Chicote- Slack et ai (1997)- Cont.

Assim sucessivamente até que a última criança apresenta a mensagem em

voz alta causando espanto pela diferença para a mensagem original.

No caso das empresas, no entanto, as distorções não são causadas apenas

por erros, mas pelo desejo de cada elo da cadeia de gerenciar suas

operações e seus níveis de estoque de maneira autônoma e independente.

A tabela abaixo mostra como a demanda de um item qualquer, é percebida

pelo elo mais a montante (fabricante) em uma cadeia fictícia, que poderia

ser a cadeia de suprimentos de um item de material de construção,

composta por um fornecedor, um distribuidor regional, um distribuidor local

e finalmente o varejista.

O exemplo assume uma política de manutenção de estoque de 1 período de

demanda, o que não é uma aproximação grosseira, já que muitas empresas

mantém estoques proporcionais a sua demanda (Siack et ai, 1997).

Vamos admitir que a demanda percebida pelo varejista ao longo dos

períodos anteriores ao período 1, seja de 100 unidades. No período 2, no

entanto, a demanda cai para 95. Para retornar o estoque ao nível que

represente a nova demanda de 95 (1 período de demanda), o varejista

compra 90 unidades do item. O distribuidor local por sua vez, percebe a

nova demanda como sendo de 90 unidades/período e não mais de 100,

como percebia no período 1. Desta maneira, compra 80 unidades do item

de maneira a retornar seus estoques para o nível de 1 período de demanda

(90 unidades). A lógica se sucede até o elo Fabricante que, percebe uma

demanda de apenas 60 unidades no período 2, quando a demanda real no

período foi de 95.

Agora observemos a inversão que acontece no período 3. A demanda real

continua em 95 unidades, mas o varejista compra desta vez 95 unidades e

não mais 90 como no período 2, a fim de retornar seus estoques ao nível de

1 período de estoques (95 unidades). O distribuidor local percebe então

uma demanda no período 3 de 95 unidades, maior que a percebida no

período 2 (90 unidades). Compra então, 100 unidades do item para terminar

o período com 95 unidades no estoque.

36

Page 48: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Fabricante Distribuidor Distribuidor Local Varejista Mercado Regional

Produção Est. lnic. Compra Est. lnic. Compra Est. lnic. Compra Est. lnic. Demanda Est. final Est. final Est. final Est. final

1 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

2 20 100 60 100 80 100 90 100 95 60 80 90 95

3 180 60 120 80 100 90 95 95 95 120 100 95 95

4 60 120 90 100 95 95 95 95 95 90 95 95 95

5 100 90 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95

6 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95 95

Tabela 2. Ilustração do Efeito Forrester em uma cadeia de suprimentos fictícia. Adaptado de Slack et ai, 1997

Quadro 1 -O Efeito Chicote- Slack et ai (1997)- Cont.

A lógica se sucede até que o fabricante percebe, no período 3, uma

demanda de 120 unidades e fabrica 180 unidades de maneira a terminar o

período com 120 unidades em estoque. Podemos perceber então os efeitos

devastadores para o fabricante.

A demanda real foi reduzida em apenas 5% em apenas 1 período (observem

que a demanda no mercado permanece 95 entre os períodos 2 a 6), mas a

demanda para o fabricante variou de 100, no primeiro período, para 60 no

segundo período e para 120 no terceiro.

Em conseqüência disto, teve que ajustar sua taxa de produção de 100

unidades no primeiro período, para apenas 20 no segundo período e para

180 no terceiro.

Esta variação, embora fictícia, reflete a realidade das empresas que têm, em

conseqüência, severas dificuldades em seus programas de planejamento de

produção (CORRÊA, 2003). Em 1 período têm que reduzir a produção

drasticamente, mas deve arcar com custos fixos altos sem a devida

remuneração das vendas, já que não é possível demitir funcionários,

devolver prédios e máquinas que serão necessários no período seguinte.

37

Page 49: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 1 -O Efeito Chicote- Slack et ai, 1997 - Cont.

Neste, as empresas têm que arcar com altos custos de horas extras e de

matéria-prima (devido a compras de emergência), de maneira a atender a

nova demanda, muito mais alta que no período anterior.

Observemos ainda que a estabilidade da cadeia só retoma após 4 períodos,

mesmo com a demanda permanecendo estável a partir do segundo período.

Agora Imaginemos uma cadeia real, onde há restrições de produção (por

exemplo uma máquina que só produz um lote fixo ou diferenças nas

políticas de colocação de pedidos e de manutenção de estoques) e as

distorções podem ser ainda maiores (Siack et ai, 1997).

Este modelo é uma ferramenta de suporte à decisão para estabelecer o

ambiente e os facilitadores de uma relação eficaz de VMI. Há seis níveis de

critérios que devem ser atendidos pelo ambiente em questão, para que os

benefícios do VMI sejam duradouros e otimizados.

'"" ">''li'~~"'"--------------------------~ ~''",~ IMPORTÂNCIA: Para o Cliente //'

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Fig. 1 O. Modelo de Suporte a Decisão de Implantação de Sistemas VMI. Fonte: JAMES, RICHARD et ai (2000)

38

Page 50: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Os autores classificam os dois primeiros níveis (6 e 5) como qualificatórios. Isto

quer dizer que algumas condições devem ser atendidas para que os benefícios

esperados sejam alcançados, mas que estas condições não garantem por si só

o sucesso do sistema. Em muitos casos ainda, é possível que desvantagens

sejam introduzidas para ambas as partes.

Nível 6: Aptidão e características de categoria de produto

Segundo JAMES et ai (2000) os benefícios potenciais de um sistema de VMI,

ou seja, de agregação de valor para o cliente, são originados de uma falta de

aptidão do cliente com relação a uma determinada categoria de produto.

HAMEL e PRAHALAD (1995), descrevem esta situação como uma maneira do

fornecedor alavancar uma competência essencial e fornecer um resultado

superior ao que o cliente é capaz de atingir no momento.

Quadro 2 - Competência Essencial - HAMEL e PRAHALAD (1995)

Segundo os autores, as competências essenciais ("core competences") são

"as raízes da competitividade e os produtos e serviços são seus frutos". As

competências essenciais são a "fonte de desenvolvimento de novos

produtos e serviços". Desta maneira, a alta gerência das empresas deveria

assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento e estímulo de

competências essenciais, como uma maneira de garantir a competitividade

da empresa no futuro.

Uma competência é um conjunto de habilidades e tecnologias e não uma

habilidade ou tecnologia isoladas. Este conjunto de habilidades e

tecnologias, trabalhando juntamente e de uma maneira específica, cria uma

competência essencial específica daquela empresa, capaz de diferenciá-la

no mercado. Em outras palavras, duas empresas com o mesmo conjunto de

habilidades e tecnologias podem não ter as mesas competências

essenciais, pois a maneira como agregam estas habilidades e tecnologias

isoladas é diferente.

39

Page 51: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 2- Competência Essencial- HAMEL e PRAHALAD (1995)­

Cont.

Já sabemos que a alta gerência das empresas deve desenvolver e

estimular competências essenciais. Mas, como identificá-las? Esta não é

uma tarefa fácil. Alguém poderia facilmente identificar um grande conjunto

de habilidades e tecnologias isoladas, mas compreender como elas

interagem, formando uma competência essencial, é bem mais complicado.

Por outro lado, alguém poderia identificar uma ou duas competências

essenciais, o que segundo HAMEL e PRAHALAD (1995) é um nível de

agregação demasiadamente amplo para trazer benefícios na compreensão

das competências essenciais de uma empresa. Ainda, como identificar

quais são realmente essenciais? Quais realmente "contribuem para a

prosperidade da organização no longo prazo"? Uma competência essencial

deve passar em três testes.

Valor percebido pelo cliente. Para ser considerada essencial, uma

competência deve proporcionar uma contribuição desproporcional ao valor

percebido pelos clientes. O exemplo citado é a capacidade da Honda em

fabricar motores e transmissões. Os clientes da Honda valorizam esta

competência, traduzida em uma experiência descrita como superior ao

dirigir um veículo Honda. Na verdade, os clientes não sabem traduzir

exatamente o que os atrai nos motores da Honda, a aceleração, o torque, a

economia, a falta de vibração, mas descrevem a experiência de dirigir um

Honda como superior. Como os clientes da Honda traduzem esta

experiência superior ao dirigir os carros da marca nas qualidades do motor,

esta passa a ser uma competência essencial da montadora.

Há uma exceção, porém, a esta regra. Competências internas à empresa,

em processos e produção, que resultam em redução de custos, não são

necessariamente percebidas pelos clientes e, portanto, não são valorizadas.

No entanto, a empresa pode escolher por capitalizar esta vantagem de

custos, traduzida em maiores margens.

40

Page 52: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 2- Competência Essencial- HAMEL e PRAHALAD (1995)­

Cont.

"Portanto, qualquer conjunto de habilidades que gere uma vantagem

significativa em termos de custos para o fornecimento de um determinado

benefício ao cliente também pode ser denominado uma competência

essencial".

Diferenciação entre concorrentes. "Para ser qualificada como essencial,

uma competência deve ser competitivamente única". Em outras palavras,

uma competência essencial deve proporcionar diferenciação entre

concorrentes. Não necessariamente deve ser capacidade de uma única

empresa do setor, mas definitivamente não deve ser comum a todas as

empresas do setor. Vale também o exemplo da Honda. Talvez outras

marcas sejam reconhecidas pela qualidade do motor, mas definitivamente,

a Ford não foi uma delas, pelo menos nas duas últimas décadas.

Por outro lado, algumas competências são pré-requisitos do setor, sem, no

entanto, oferecer diferenciação. Sendo assim não podem ser consideradas

competências essenciais. HAMEL e PRAHALAD (1995), classificam estas

competências como necessárias ao invés de diferenciais. "Não faz muito

sentido definir uma competência como essencial se ela for onipresente ou

puder ser facilmente copiada pelos concorrentes".

Capacidade de expansão. O último teste das competências essenciais

alerta para a tentação de se associar uma competência essencial a um

único produto ou serviço. Assim, uma competência essencial deve

proporcionar vantagem a todos os produtos e serviços da empresa,

existentes ou não, de maneira a permitir "acesso aos mercados do futuro".

Uma competência essencial deve permitir que uma gama de novos

produtos ou serviços sejam gerados a partir dela. O exemplo da Honda

poderia ser usado novamente. A competência da Honda em fabricar

motores seria muito restrita se fosse limitada a motores de carros. Será que

a capacidade de produzir motores não poderia ser aplicada para motores de

aviões?

41

Page 53: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

A oportunidade para o VMI fornecer os benefícios esperados surge então de

uma falta de aptidão do cliente com relação a uma categoria específica de

produtos. Isto pode ocorrer por uma maior especialização do fornecedor ou por

uma aptidão subdesenvolvida do cliente.

Esta falta de aptidão poderia ocorrer nas dimensões física ou de informação,

bem como estar relacionada com recursos humanos ou de capital. Em outras

palavras, o cliente pode estar apto a realizar determinada tarefa, mas não ter

os recursos para colocá-la em prática. Ou ainda ter os recursos necessários

mas estar inapto do ponto de vista físico (bens de capital, imóveis) ou de

informação (sistemas não integrados, simples, etc).

Dimensão

Física Informação

Fig. 11 - Dimensões de Aptidão para determinada tarefa. JAMES et ai (2000)

Estas dimensões despertam um alerta no sentido de mostrar que a falta de

aptidão e, conseqüentemente, os benefícios potenciais de uma relação de VMI,

são temporários. O cliente poderia, com o tempo, implantar novos sistemas de

informação ou comprar novos equipamentos e imóveis e estar apto a gerenciar

seu estoque com a mesma eficiência que seu fornecedor, o que acabaria por

determinar o fim da relação.

42

Page 54: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

No entanto, pode ser de interesse estratégico nunca possuir esta aptidão, já

que o foco deve estar nas competências centrais de cada um (HAMEL e

PRAHALAD, 1995; FINE, 1999)., o que abre espaço para o VMI oferecer

benefícios duradouros.

JAMES et ai (2000) afirmam que seu estudo mostrou uma forte correlação

entre a presença de algumas características de produto com o potencial para

benefícios derivados de uma relação de VMI.

Propriedades físicas não usuais - são definidas em termos da fragilidade,

tamanho, peso, ou dimensões. Estas características exigem manuseio

especial, habilidades especiais e estocagem especial. Estas exigências

especiais resultam em custos desproporcionais de manuseio e estocagem.

Baixo volume - são itens vendidos ou repostos em unidades, que demonstram

demanda independente e são considerados de baixo giro.

Baixo volume/custo individual - este critério em conjunto com baixo volume,

ressalta o posicionamento tático e não estratégico da categoria de produtos.

Em outras palavras, gerentes de estoque destes produtos tendem a focar no

nível de serviço e a minimizar os recursos para gerenciar a sua aquisição

(custo de transação mínimo). O cliente tende então a considerar esta categoria

de produto como de baixa importância e reduz investimentos em recursos para

manuseá-los ressaltando o critério de propriedades físicas não usuais no que

tange à custos desproporcionais de manuseio e estocagem.

CORRÊA (2001) ressalta ainda que produtos deste tipo são normalmente

repostos por sistemas do tipo de revisão periódica, onde um volume de

estoque mais alto não traz implicações mais sérias.

Similaridade visual e vasta gama - estes itens causam problemas específicos

para o gerenciamento de estoques. A similaridade visual de alguns produtos

causa problemas na seleção dos produtos e muitas vezes, as reposições são

43

Page 55: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

feitas de maneira equivocada pelo simples fato de que o selecionador se

confunde quando não tem grande familiaridade com a gama de produtos. O

impacto é a falta de produto para os clientes, muito embora o produto esteja

disponível e aparecendo nos sistemas de gerenciamento de estoques da

empresa.

lmprevisibilidade estrutural de demanda - este último critério qualificatório

difere dos problemas de determinação de demanda apontados por

FORRESTER (1958). A imprevisibilidade estrutural de demanda refere-se a

produtos que apresentam demanda independente do histórico, visto que são

produtos únicos, como livros e roupas de moda.

Nível 5: Importância

JAMES et ai (2000) encontraram em seus estudos uma relação inversa de

importância relativa, nos volumes comercializados, entre fornecedores e

clientes. Eles acreditam que, para o sucesso do VMI, deve haver uma alta

importância relativa para o fornecedor, de maneira que o volume de negócios

seja significativo para o mesmo, enquanto que para o cliente a importância

deve ser mais baixa. Esta maior importância relativa gera maior interesse em

desenvolver aptidão específica e, daí, uma maior possibilidade de diferença de

aptidão entre clientes e fornecedores.

Os níveis 4 a 2 apresentam critérios vencedores, ou seja, quanto maior for a

aderência do acordo aos critérios estabelecidos nestes níveis, maiores serão

os benefícios atingidos no nível 1, para ambas as partes.

Nível 4: Propriedade e Confiança

A propriedade dos estoques afeta o comportamento e a expectativa de ambas

as partes em uma relação comercial. Idealmente, como mostra a base do

conceito de VMI dos autores, a propriedade do estoque deveria permanecer

com a parte que apresentasse os menores custos para carregar o estoque. No

44

Page 56: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

entanto, a dificuldade de determinação precisa destes custos, em ambas as

partes, cria barreiras à manutenção transparente desta situação ideal.

No seu estudo, JAMES et ai (2000) verificaram que, na maioria das relações, a

propriedade do estoque permaneceu com o cliente que, por conseqüência,

acabou tendo papel ativo na manutenção de uma relação saudável entre os

parceiros. Este papel foi exercido através da pressão em cima dos

fornecedores para melhoria continua dos níveis de estoque ou pela cobrança

de resultados através de indicadores de desempenho. Apesar disto, alguns

autores, como BERNSTEIN et ai (2002), acreditam que a manutenção da

propriedade dos estoques com o cliente, cria incentivos para que o fornecedor

"empurre" produtos para o cliente, tanto quanto for possível.

A confiança entre as partes é outro fator fundamental de sucesso para a

relação, já que o cliente deverá disponibilizar informações sensíveis, dentre as

quais, vendas diárias nos vários pontos de venda.

O nível de confiança de uma relação é refletido formalmente nos acordos

contratuais entre as partes, onde delimita os limites de flexibilidade de ambas

e, conseqüentemente, o nível de agregação de valor possível por parte dos

fornecedores.

Nível 3: Formato do acordo

O contrato entre as partes é a formalização de todas as etapas anteriores e

que, como dito acima, delimita o nível de flexibilidade da relação. A confiança

entre as partes tem grande peso no tipo de acordo negociado e, portanto, é o

termômetro desta relação. Contratos mais "leves" pressupõem um alto nível de

confiança entre as partes e maior é a oportunidade para o fornecedor agregar

valor ao fornecimento através do sistema de VMI. Inversamente, quanto mais

"duro" for o contrato, menores são as chances do fornecedor agregar valor à

relação. Contratos deste tipo, segundo JAMES et ai (2000), são oriundos de

sistemas de VMI que foram impostos por clientes com grande poder de

45

Page 57: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

barganha. Neste formato, o cliente busca transferir os custos de manter e

gerenciar estoques para o fornecedor ao invés de otimizar os custos dentro da

cadeia.

Nível 2: Facilitadores primários

Segundo JAMES et ai (2000), facilitadores primários são aqueles que, embora

não essenciais para o funcionamento do sistema, quando presentes,

multiplicam os benefícios conseguidos por um sistema de VMI bem desenhado.

O primeiro facilitador primário é a transparência na informação, ou, acesso

irrestrito a informação sensível como por exemplo, níveis de estoque, perfis de

demanda e previsões de produção. Esta condição não envolve somente a

vontade dos elos em colaborar, mas envolve questões técnicas sobre a

segurança dos dados disponibilizados e, portanto, torna-se uma questão

delicada.

O próximo facilitador primário para os autores é transparência de custos.

Como a idéia fundamental do VMI é transferir a gerência dos estoques para o

elo que tenha os custos mais baixos para fazê-lo, conhecer os custos reais

envolvidos na gestão do modelo é fundamental para transferir tarefas para o

elo que realmente tenha estes custos mais baixos. Além disto, a falta de

transparência na troca de informação sobre custos, pode acarretar impactos na

confiança mútua entre os elos, o que colocaria todo o arranjo em risco.

O terceiro facilitador citado por JAMES et ai (2000) é o uso de tecnologia de

informação. Como vimos anteriormente, acesso a informação real, em tempo ,

real e confiável é um importante fator para o sucesso de sistemas de VMI. Este

acesso é maximizado, genericamente, através de um link direto do computador

do fornecedor para o computador do cliente, possibilitando a troca eletrônica de

dados (EDI - Electronic Data lnterchange). Atualmente, o uso da Internet tem

sido buscado para esta tarefa, tornando-a mais acessível, devido ao relativo

baixo custo comparado com o EDI.

46

Page 58: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

O facilitador primário final para os autores é a condição de única fonte de

fornecimento para determinado produto ou categoria de produto. Na verdade,

pelo que se viu anteriormente, esta não seria uma condição absolutamente

necessária, mas a sua presença gera economias de escala para o fornecedor,

tornando o fornecimento nestas condições tão relevante, que o mesmo procura

aumentar ainda mais a gama de serviços de valor agregado fornecidos dentro

do VMI.

CORRÊA (2003) ainda acrescenta, sem esta denominação, no entanto, mais

um facilitador primário à lista. A demanda agregada percebida pelo elo gestor

deve ser mais a jusante (mais perto do usuário final) quanto possível,

idealmente, da demanda no ponto de venda. Qualquer demanda mais a

montante na cadeia, já terá sofrido os efeitos das políticas individuais de gestão

de suprimentos mencionadas no texto sobre o efeito chicote.

3.4.1- Benefícios

Os benefícios potenciais do VMI devem ser divididos em benefícios para o

fornecedor (vendar) e benefícios para o cliente.

• Benefícios para o fornecedor

O benefício mais óbvio para o fornecedor é a suavização da demanda

(suavização do efeito chicote) pela capacidade de enxergar a demanda real do

mercado e não a política de reposição do cliente. Em uma cadeia com vários

elos entre o fornecedor e o mercado, quando mais a jusante o fornecedor for

capaz de enxergar a demanda, maior será a suavização do efeito chicote

(CORRÊA, 2003).

JAMES et ai (2000) apontam benefícios não tão óbvios mas talvez ainda mais

relevantes. A relação entre o fornecedor e o cliente resultante da adoção do

VMI envolve uma integração muito grande, em vários níveis, entre os dois elos.

Esta relação acaba gerando dependência entre ambos, já que o esforço

47

Page 59: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

despedido na construção de um sistema eficiente é tão alto que desestimulao

cliente a procurar outro fornecedor. Em outras palavras, os custos de troca de

fornecedor seriam muito altos.

• Benefícios para o cliente

O principal benefício para o cliente está na redução dos custos administrativos

de gerenciamento de estoques. A eliminação da necessidade de muitos

procedimentos que envolvem a compra de produtos e mercadorias, terminam

por diminuir significativamente estes custos. Nas relações onde tecnologia de

informação está implantada e desenvolvida, os custos são ainda menores

(JAMES et ai, 2000).

Outro benefício importante é o aumento do nível de serviço com a manutenção,

e em muitos casos redução, dos níveis de estoque. O aumento do nível de

serviço reflete em menor perda de vendas pela indisponibilidade do produto,

além de auxiliar a manter ou melhorar um ativo intangível das empresas que é

a sua reputação. Adicionalmente, com a redução de estoques vem a redução

dos espaços de armazenagem, dos custos de manter o estoque e dos riscos

envolvidos na manutenção de estoques: obsolescência, danos e deterioração.

Alguém poderia argumentar, no entanto, que os benefícios apontados pelo VMI

poderiam ser conseguidos através de um bem desenhado sistema de

reposição contínua, sem a necessidade de transferir as decisões sobre a

reposição para o fornecedor. BERNSTEIN et ai (2002), mostram, porém, que a

adoção de um sistema VMI ajuda na coordenação da cadeia de suprimentos e

potencialmente reduz custos para todos os elos. Para tanto, os autores ·

estudaram três conjuntos de arranjos possíveis em uma cadeia de

suprimentos: um sistema "totalmente centralizado" onde todas as decisões 1 '

sobre preço no varejo, volumes de venda e todas as decisões de reposição '

cabem a um único tomador de decisão; um sistema "totalmente

descentralizado" onde cada varejista da cadeia toma suas própria decisões

48

Page 60: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

sobre as variáveis acima; um sistema "parcialmente descentralizado" operando

sob o regime VMI.

No estudo, os autores comparam os mecanismos de coordenação de cada

arranjo, medidos através de uma relação custo/receita, com o arranjo

"totalmente centralizado". O resultado mostra que, embora o VMI não atinja a

coordenação perfeita, ou seja, iguale a relação custo/receita do arranjo

"totalmente centralizado", a diferença para coordenação perfeita é menor do

que no arranjo "totalmente descentralizado".

A conclusão dos autores é que a "mera introdução do VMI, ajuda na

coordenação da cadeia, mesmo que um dos seus membros (ainda que seja o

fornecedor) estabeleça um esquema de preços para otimizar exclusivamente

seus próprios lucros" (BERNSTEIN et ai 2002).

Mais ainda, o estudo confirma que, num arranjo VMI onde o fornecedor arca

com todos os custos de produção e distribuição (incluindo os custos de

manutenção de estoque), este tem limitada sua habilidade de extrair para si,

uma parte substancial dos lucros gerados na cadeia.

3.4.2- Armadilhas

Apesar dos potenciais benefícios de um arranjo VMI entre um fornecedor e um

cliente, muitas armadilhas podem aparecer no caminho, tornando o arranjo

uma fonte de problemas e de ineficiências ainda maiores do que na situação

anterior a implementação .

. Relacionamentos surgidos da posição de dominância do cliente sobre o

fornecedor podem empurrar custos adicionais para este último, ao invés de

otimizá-los através da execução de atividades pelo elo da cadeia que tem

maior vocação para fazê-las (JAMES et ai, 2000). O fornecedor acaba sem

condições de sustentar esta posição por muito tempo e o arranjo termina.

49

Page 61: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Outra armadilha possível é o aumento da dependência do cliente pelo

fornecedor. Ocorre que o VMI aumenta esta dependência, pois a integração

exigida entre ambos é tão grande, que torna difícil trocar de fornecedor

rapidamente. Como mostra PORTER (1986)2, o fornecedor, nestes casos, tem

grande poder de negociação e, portanto, não é interessante estrategicamente

manter um arranjo como este.

A necessidade de abertura de informação confidencial para o fornecedor é

outra fonte de risco para o cliente, principalmente quando o fornecedor também

fornece para os principais concorrentes deste cliente (JAMES et ai, 2000). Mais

uma vez, a importância do relacionamento entre os dois elos surge como um

fator fundamental para o sucesso do arranjo.

3.4.3- A importância do relacionamento cliente x fornecedor

Apesar dos benefícios potenciais de um sistema VMI, muitas são as

dificuldades encontradas no seu desenho, implantação e gerenciamento.

Talvez a mais relevante delas, no entanto, seja a questão do relacionamento

entre o fornecedor e o seu cliente.

A abordagem de JAMES et ai (2000) levanta claramente esta importância ao

expor os tipos de relacionamentos encontrados em seus estudos e traduzidos

na forma dos contratos firmados entre as empresas envolvidas. Segundo os

autores, há dois modos de implantação de um sistema de VMI, os quais

representam posições extremas de um contínuo de estilos gerenciais. O

primeiro foi chamado de dominação e é baseado no poder de barganha do

cliente com relação ao fornecedor. Este estilo é visto como uma tentativa do

cliente com alto poder de barganha em diminuir estoque e custos, empurrando

este fardo para o fornecedor. Segundo JAMES et ai (2000), esta prática não é

o verdadeiro VMI e tem ajudado a destruir a reputação da técnica.

2 Ver quadro na página 72

50

Page 62: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

O outro extremo do contínuo trata do estilo colaborativo, cuja base é a

confiança mútua. O catalisador desta relação é um fornecedor inovador

tentando oferecer melhores serviços a seus clientes, agregando valor ao

negócio destes através de sua especialidade no tratamento de seus produtos.

Este tipo de relação está na base do modelo de suporte à decisão criado por

JAMES et ai (2000).

Como vimos anteriormente, para que uma relação VMI seja realmente

eficiente, deve haver troca de informações sensíveis entre os dois elos

participantes.

51

Page 63: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

4- OS RESULTADOS RECENTES

4.1-Resultados positivos

Um recente estudo da associação ECR Brasil mostra os benefícios potenciais

de arranjos VMI em empresas varejistas. Neste estudo, a associação testa 4

modelos de abastecimento dos quais dois envolvem arranjos VMI e dois

envolvem o arranjo tradicional onde o cliente toma as decisões de reposição

(RMI - Retail Managed lnventory ou Estoque gerido pelo varejista).

Os quatro modelos utilizados neste estudo aparecem no esquema abaixo, junto

com dois outros que não foram testados: DSD-VMI, CD-VMI, CD-RMI e cross­

docking-RMI.

Fig. 12: Formas de Reposição Contínua de Mercadorias

~· o RMI- Retaíl Managed VMI- Vendor Managed

s lnventory lnventory

o

as entregas são feitas as entregas são feitas

diretamente no Ponto-de-DSD - Direct Store

Venda (PDV) e a decisão de diretamente no PDV e a

Delivery ressuprimento é tomada pelo

decisão de ressuprimento é

varejista tomada pelo fornecedor

as mercadorias passam pelo as mercadorias passam pelo

Centro de Distribuição (CO) e CD e vão diretamente para o Cross Docking vão diretamente para o PDV e PDV e a decisão de reposição

a decisão de reposição cabe cabe ao fornecedor

ao varejista

os produtos são entregues e os produtos são entregues e Via CO - Centro de estocados no CO e o controle estocados no CO e o controle Distribuição de aprovisionamento é feito de aprovisionamento é feito

pelo varejista pelo fornecedor

Fonte: KLINGLENGERGER (2001 ).

Para medir os resultados de cada um dos modelos foram definidos indicadores

de desempenho: Níveis de estoque (No CO, na retaguarda das lojas e nas

prateleiras); Falta na loja (prateleira e CO); Freqüência de entrega; Lead-time

(ou prazo de reposição) e Fi/1-rate. Os dois primeiros foram usados para avaliar

52

Page 64: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

a evolução dos níveis de estoque e o desempenho da cadeia logística. Os três

restantes foram usados para verificar o desempenho dos fornecedores e seu

impacto nos estoques de segurança.

Foram escolhidas empresas com operações na grande São Paulo e com

estrutura para atender os modelos de abastecimento estudados. Além disto, os

participantes deveriam ter capacidade de realizar EDI e ter sistemas de

informações comerciais integrados e capacidade de desenvolvimento dos

algoritmos de reposição contínua. É importante notar que, embora tecnologia

de informação seja considerada um facilitador primário, aqui foi tratada como

pré-requisito para o estudo.

Os participantes fecharam acordos comerciais para permitir que as reposições

acontecessem sem interrupções para negociações a cada pedido. Estes

acordos envolveram basicamente políticas de descontos por quantidade,

políticas relacionadas ao espaço expositor e políticas promocionais.

Os produtos participantes foram escolhidos por sua representatividade e por

não serem sujeitos a muita sazonalidade.

Durante este projeto piloto ocorreram muitas eventualidades, todas

relacionadas com a falta de experiência das empresas, que prejudicaram os

resultados. No entanto, estas ocorrências foram documentadas e puderam ser

analisadas. Os resultados apresentados mostram que o potencial de sucesso

do VMI é bastante grande após a eliminação destes problemas operacionais. A

tabela abaixo mostra os resultados finais obtidos pelo estudo.

53

Page 65: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Tabela 3- Resultados Finais do Estudo da ECR Brasil sobre reposição automática. ECR Brasil (1998)

LOJA CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Modelos

o os Estoque OOS Estoque Estoque M 'd. OOS M 'd' Me'dl·o

M . d" I e lO M . d' I e 10 e 10 rea AI .t e 10 rea AI 't G. d 1 (d.d.v.) gon mo (%) gon mo . on o a

Médio Estoque Médio OOS Médio Gôndola CO (d.d.v.) CO(%)

Onde:

• Estoque Médio Real (d.d.v)- é o estoque médio efetivamente observado

pelo varejista, em dias de venda (d.d.v), ou seja, quantos dias médios de

venda seriam necessários para consumir os estoques. Estoque médio

do período dividido pelo pela venda média do mesmo período;

• Estoque Médio Algoritmo - É o estoque ao se eliminar as intervenções

manuais no sistema ocorridas no projeto piloto;

• O.O.S. Médio Real - falta de produto indicada pela porcentagem em

dias de falta dividido pelo total de dias analisados;

• O.O.S. Médio Algoritmo- faltas de produto que teriam ocorrido caso não

houvesse intervenções manuais.

A tabela abaixo mostra a comparação entre os indicadores reais medidos no

período do projeto piloto e os indicadores da melhor semana, definida como

aquela que apresentou o mínimo de intervenções manuais.

54

Page 66: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Tabela 4- Potencial de Melhoria. ECR Brasil (1998)

LOJA Média do Melhor Potencial de Melhoria período Quinzena

Estoque Estoque Redução Redução

do do Modelos Médio Médio

estoque estoque (d.d.v.) (d.d.v.)

(d.d.v.) (%)

jDSD-V~~-~-- - __ ____!_ 1,? 7 ---- ~.? _3~,7o/~j -·- ----- -·

Cross-Docking-RMI 8,5 3,1 5,4 63,5%

(gQ::Y~(~)__. -----~ -- _!q,~-----~·-1 -·--- _____ 8,~ ___ _!__9_,'!o,/~ CD-VMI (2) 17,9 10,3 7,6 42,5% fCD-RMI 5,5 2,7 2,8 50,9%]

CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Média do Melhor Potencial de Melhoria período Quinzena

Estoque Estoque Redução Redução

do do Modelos Médio Médio

estoque estoque (d.d.v.) (d.d.v.)

(d.d.v.) (%) IDSD-VMI - - - - !

Cross-Docki ng-RM I - - - -(CD-VMI (!) ___ 11,6 6,9 4,7 _ 40,5°(ol CD-VMI (2) 34 10,8 23,2 68,2% !CD-RMI 10,3 4,6 5,7 55,3°,1;1

Segundo a ECR Brasil (1998), o caso denominado CD-VMI (2) apresentou

resultados piores devido a natureza do produto. Por se tratar de um produto de

baixo giro e com entrega mínima capaz de suprir a loja muitos dias, o resultado

foi um alto nível de estoques. A ECR Brasil (1998) sugere que estes produtos

sejam repostos por outro método, por exemplo, o Kanban.

Quanto aos demais casos, podemos observar o grande potencial de melhoria

proporcionado pelo VMI, especialmente quando observado em conjunto com os

níveis de estoque, as taxas de falta de produto na loja, na gôndola e no centro

de distribuição.

55

Page 67: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

5- METODOLOGIA

Agora que já definimos, nos capítulos anteriores, o terreno comum para a

comunicação e entendimento desta pesquisa (COOPER e SCHINDLER, 2001 ),

através da exposição teórica dos fundamentos das cadeias de suprimentos,

gestão de estoques e do VMI, podemos passar para o desenho da pesquisa

propriamente dita.

Antes, porém, devemos apontar com clareza seus objetivos, abrangência,

instrumentos e limitações. Este capítulo visa dar credibilidade ao trabalho de

pesquisa, delimitando o campo de atuação e alertando o leitor sobre as

limitações dos possíveis resultados. Ao mesmo tempo, esta seção serve como

guia para o próprio pesquisador evitar um julgamento enviesado dos

resultados, levando a conclusões sem fundamentos científicos.

Inúmeros métodos de pesquisa, denominados científicos, estão disponíveis

para estudos de diversos de fenômenos. Estudos de um mesmo fenômeno por

diferentes métodos podem chegar a conclusões diferentes. No entanto, estes

resultados aparentemente intrigantes não invalidam os estudos, suas

conclusões e a própria observação do fenômeno. O que diferencia cada um

dos resultados é o objetivo que se pretendia com o estudo e o uso do método

adequado para este objetivo.

5.1- Objetivos e a metodologia adequada

COOPER e SCHINDLER (2001) usam uma estrutura de categorias para

descrever o desenho de uma pesquisa e ajudar o pesquisador a escolher o

desenho adequado para seus objetivos. A primeira categoria diz respeito ao

objetivo do estudo que pode ser exploratório ou formal. O estudo exploratório

tem o objetivo de descobrir tarefas de pesquisa futuras, ou, em outras palavras,

de levantar hipóteses que serão respondidas em novas pesquisas. A pesquisa

formal tem o objetivo de testar hipóteses ou responder perguntas formuladas.

A separação entre as duas chega a ser tênue, já que todo estudo formal não

56

Page 68: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

prescinde de certo grau de exploração, mas a distinção de objetivos é bastante

clara.

Como comenta Magueijo, 2002, um estudo empírico por si só não é capaz de

responder nada. A ciência parte da especulação e depois vai para a

experimentação. A especulação é que dá a direção e mostra aonde se deve

fazer a experimentação. "( ... ) Por isto a teoria científica deve se iniciar não por

recurso a sistemáticas observações descritivas de eventos dispersos no mundo

real, mas pelo teste de uma lei geral desenvolvida por raciocínio indutivo."

(COX, 1996; citado por ABRAMCZUK, 2001 ).

No caso desta dissertação, o desenho é de uma pesquisa exploratória, tendo

em vista que ela busca entender como o VMI vem sendo aplicado em um setor

específico - o varejista de materiais de construção - e levantar questões sobre

os modelos de VMI existentes e sua aplicação neste setor.

O objetivo é encontrar indícios dos motivos do atraso na aplicação do VMI no

setor varejista de materiais de construção, que tem apenas uma empresa

investindo na implantação. As hipóteses levantadas por este estudo poderão

ser investigadas em estudos futuros mais aprofundados. Para tanto, dividimos

o estudo e as entrevistas em dois segmentos. Estudo do setor varejista de

materiais de construção através de entrevistas com responsáveis por estoques

e logística nas empresas líderes e em seus principais fornecedores; Estudo do

setor através de entrevista com a entidade de classe ANAMAC03.

O VMI é uma técnica bastante complexa que envolve interações entre

empresas, cujo entendimento ultrapassa os limites quantitativos dos

indicadores financeiros e não-financeiros, atingindo o nível qualitativo do

relacionamento entre estas empresas e entre as pessoas que as representam.

O estudo de caso é uma metodologia de enfoque sistêmico, adequado para o

3 ANAMACO: Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. Entidade de classe onde estão filiados 77% da receita do setor e 50% dos estabelecimentos.

57

Page 69: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

estudo de problemas complexos (COOPER e SCHINDLER, 2001) como o que

estamos abordando, e foi escolhido para este trabalho.

A metodologia não permite tratar dados estatisticamente, nem fazer

generalizações, já que a amostra não é capaz de representar o setor. Porém, é

extremamente eficiente na sua função exploratória e no seu objetivo de

levantar questionamentos sobre o VMI no setor varejista de materiais de

construção.

5.2- O instrumento de pesquisa

A próxima categoria utilizada por COOPER e SCHINDLER, 2001 diz respeito

ao método de coleta de dados. Os autores mencionam duas alternativas: o

monitoramento e o estudo interrogativo/comunicativo. Para este trabalho,

escolhemos o método do estudo interrogativo/comunicativo, já que procuramos

investigar fatores desconhecidos que poderiam estar causando o atraso ou

mesmo inviabilizando a utilização do VMI no setor. O monitoramento exigiria

perfeita sincronia do estudo com o objeto estudado, ou seja, seria necessário

encontrar uma empresa na fase de implantação e observar todo o

desenvolvimento do projeto, o que poderia levar mais tempo e consumir mais

recursos dos que os disponíveis para este pesquisador, além da dificuldade de

se encontrar uma empresa nesta situação.

A complexidade dos sistemas VMI envolve o entendimento dos conceitos

teóricos usados, por parte dos entrevistados. Um simples questionário

respondido autonomamente pelo entrevistado poderia ser incompreendido pelo

desconhecimento mais profundo dos conceitos determinantes do VMI. O

resultado seria desastroso, pois isto poderia nos levar a conclusões

inadequadas. A metodologia escolhida, da entrevista pessoal, possibilita ao

pesquisador, a oportunidade de verificar o entendimento do conceito pelo

entrevistado e a validade das respostas.

58

Page 70: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Para aprimorar os questionários estruturados e ter certeza que os mesmos

serviriam ao propósito para o qual foram criados, os mesmos foram testados

em outro ambiente (outro setor, outros respondentes). O objetivo foi testar a

clareza das perguntas e o seu entendimento pelos respondentes. Com as

observações tiradas deste teste, os questionários foram reescritos.

COOPERe SCHINDLER (2001) ainda comentam que um estudo pode ter sua

validade reduzida, se as pessoas perceberem que o mesmo está em curso,

quando conduzido de maneira dissimulada. Estas podem influenciar o

resultado da pesquisa, já que passam a agir de maneira não natural. Os

estudos para esta dissertação serão conduzidos de maneira aberta, o que pode

ajudar a evitar esta situação. Outra medida para minimizar este problema, será

a ocultação dos nomes dos entrevistados e de suas empresas, evitando que

seus egos influenciem suas respostas e mostrem resultados mais positivos do

que o real, no caso do responsável pela decisão de implantação, ou mais

negativos do que o real, no caso de entrevistados sem comprometimento com

a decisão de implantação.

Ainda para evitar que o ego do respondente influencie os resultados da

pesquisa, fazendo com que ele responda de maneira a criar no pesquisador

uma impressão de que é inteligente ou competente (CORRÊA, 2003),

utilizamos duas técnicas para testar as respostas. Primeiramente, usamos

várias empresas do setor, tanto varejistas como fornecedores, além da

ANAMACO, com visões diferentes, de maneira a verificar a consistência das

respostas. Em segundo, usamos a técnica das perguntas cruzadas (em

perguntas chave apenas), onde a mesma pergunta é feita de duas maneiras

diferentes em dois momentos distintos do questionário. A consistência entre as

respostas também proporciona um teste da sua validade.

Usamos ainda um questionário com uma escala do tipo Likert (COOPER;

SCHINDLER, 2001 ), cujo objetivo é verificar o grau de similaridade da situação

da empresa com o modelo de James, Francis e Rich. Respostas nos extremos

da graduação indicam grande similaridade da situação da empresa com os

59

Page 71: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

conceitos definidos pelos autores. Respostas intermediárias mostram ou que a

similaridade não é tão forte ou que o entrevistado tem dúvidas sobre a

resposta. Estas respostas, portanto, devem ser analisadas com cuidado

redobrado.

Mais especificamente, o estudo foi desenvolvido através de entrevistas

dirigidas, com questionários estruturados, conduzidas ao vivo ou por telefone,

com os responsáveis pelas áreas ligadas a utilização do VMI. Os respondentes

foram escolhidos com base na ligação com a área de gerência de estoques,

para os varejistas, e logística, para o caso dos fornecedores, pois são as áreas

que necessariamente teriam envolvimento com a implantação de um sistema

VMI, caso esta iniciativa estivesse em curso ou já tivesse sido tentada

anteriormente. Foram entrevistadas ao todo 6 empresas, sendo 3 varejistas e 3

fornecedores, todos líderes no setor (aonde esperávamos que surgissem as

maiores inovações). O questionário utilizado para as entrevistas, denominado

Questionário Viabilidade, pode ser encontrado nos anexos desta dissertação.

As empresas varejistas escolhidas encontram-se na categoria de Home

Centers e buscam representar o setor varejista de materiais de construção com

condições de obter os melhores resultados com o VMI, tendo em vista a

presença dos facilitadores primários (ver seções 3.4 e 6.1 desta dissertação)

na categoria.

Adicionalmente foi realizada entrevista com a ANAMACO (Associação Nacional

dos Comerciantes de Materiais de Construção) com o intuito de explorar a atual

situação de utilização do VMI na cadeia de suprimentos de materiais de

construção. O questionário estruturado, denominado Questionário Setor,

também pode ser encontrado nos anexos desta dissertação. Como dados

sobre o setor varejista de materiais de construção estão disponíveis na própria

página da instituição na Internet, o questionário limita-se exclusivamente a

informações sobre VMI no setor.

60

Page 72: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Ainda, a qualificação dos entrevistados é fundamental para a validade dos

resultados. Assim, os entrevistados devem, obrigatoriamente, ter papel

decisório na estratégia de gerência de estoques e, se possível, ter participado

de algum processo de implantação e gerenciamento de sistemas VMI. Para

evitar que a armadilha da nomeclatura de cargos cause distorções no nível dos

respondentes, vamos definir o cargo através do seu nível decisório e da sua

efetiva participação na gerência de estoques.

Estamos atrás de indícios que mostrem barreiras à implantação de VMI nestas

empresas e que poderiam ser barreiras generalizadas do setor (esta

generalização deve ser comprovada em estudos futuros com enfoque

estatístico). Assim, serão feitas perguntas sobre:

• grau de informatização da empresa e sua relação com a implantação de

VMI;

• testes simples sobre o entendimento do entrevistado com relação ao

tema VMI;

• postura com relação ao modelo VMI pretendido;

• resultados de projetos pilotos;

5.3- O tratamento dos dados

As respostas serão comparadas com a teoria existente sobre VMI, abordada

neste trabalho, com o intuito de encontrar particularidades na implementação

de VMI no setor varejista de materiais de construção e que ainda não haviam

sido percebidas até o momento.

Como já havíamos mencionado, não é possível fazer generalizações devido às

características do estudo e da amostra. Nem este é o objetivo do estudo. No

61

Page 73: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

r entanto, podemos fazer sugestões para melhorar os resultados da utilização do

VMI nas empresas alvo do estudo, t~ndo em vista a teoria existente.

62

Page 74: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

6- VMI NA CADEIA DE SUPRIMENTOS DE MATERIAIS DE

CONSTRUÇÃO NO BRASIL

6.1-0 Mercado

O Mercado de construção civil em geral é um dos mais importantes para a

Economia brasileira. Parte deste mercado, o varejo de materiais de construção

representou, em 2001, uma receita de R$ 32 bilhões e previsões de aumento i\ de 3,35% no ano de 2002, chegando a R$ 33,9 bilhões (fonte: ANAMAC04

). \'

O mercado varejista pode ser divido em duas grandes vertentes, com focos de

mercado mais complementares do que concorrentes: os Home Centers e as

pequenas e médias lojas de materiais básicos.

Quadro 3 - Critérios ~ara classifica~ão do ~orte de Em~resas do Macrossetor de Construção Civil

Há dois principais critérios para classificação das empresas do macrossetor

da construção em grandes, médias, pequenas e micro-empresas. o primeiro critério é o do SEBRAE, que classifica as empresas pelo número

de empregados.

Porte da empresa Número de empregados Indústria Comércio e serviços

Micro até 19 até 9 Pequena de 20 a 99 de 10 a 49 Média de 100 a 499 de 50 a 99 Grande 500 ou mais 100 ou mais

Tabela 5 - Classificação do porte das empresas por número de empregados, segundo ramos de atividade. GARCIA et ai (2000)

O segundo critério está previsto na Lei 9.317/96, com as alterações da Lei

no 9.732/1998, que institui e regulamenta a cobrança de impostos e

contribuições pelo "SIMPLES".

4 ANAMACO: Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. Entidade de classe onde estão filiados 77% da receita do setor e 50% dos estabelecimentos

63

l

r

Page 75: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 3 - Critérios para classificação do porte de Empresas do Macrossetor de Construção Civil - Cont.

Por este critério, a pessoa jurídica deverá verificar o total da receita bruta

acumulada, dentro do ano-calendário, até o próprio mês em que está

fazendo a apuração. Segundo esta lei, são consideradas de pequeno porte

(EPP), empresas com faturamento anual de até R$ 1.200.000,00.

Há ainda, para o caso de São Paulo, outra classificação municipal prevista

na lei 11.270 DE 29-11-2002 (00-SP DE 30-11-2002), que regulamenta a

cobrança de impostos e contribuições pelo "SIMPLES MUNICIPAL". O limite

para o Simples Municipal é também de R$ 1.200.000,00, sendo que

empresas com faturamento inferior a R$ 150.000,00 são consideradas

Micro-empresas.

Home Centers: São cadeias de lojas (acima de 15.000 m2 de área: Leroy

Merlin, Castoramé), __ Ç~C, Telha Norte), localizados em corredores das grandes ~--·-

cidades com uma área de influência bastante extensa (principalmente no --- -·· .. - - ~ -· -

estado de São Paulo). Este setor representa, segundo a ANAMACO, apenas

4% (MOGLIA, 2002) da receita total do setor e está basicamente voltado para a

comerc!alização de pr<;>dutos de acabamento, a saber: cerâmica, louças, itens

para jardinagem e áreas de lazer, entre outros.

Pequenas e Médias Lojas: Estas lojas comercializam materiais básicos como ,~-~- - -~

cimento, areia, cal, tijolos, hidráulica e elétrica e atendem apenas as suas --- ~- -.

redondezas. Com as devidas exceções são, em geral, desorganizadas, sem

informatização e apresentam pouca ou nenhuma preocupação com práticas -------gerenciais já largamente difundidas, como SCM, atividades de marketing,

CRM, previsão de vendas, entre outras. No entanto, estas lojas têm uma

participação expressiva no mercado varejista de materiais de construção com

96% da receita total do setor.

64

Page 76: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

~egundo Cláudio Conz, presidente ~a_A~AMACO (_fy1QÇ3LI~"'?QQ?) d_as 105 mil ·,

lojas de material de construção, que vendem e~.()~_I:Jt<?~--d~~!inados à reforma, -~---------- --.. --··-- ------· ____ ..., ----.

ampliação e construção, 56% são_ ºonsJº~radas empresas pequenas (até 1 O -~--~---- ----- -·-··- -- . .,______ . -- ------ ........ .

empregados); 40%, médias (entre 11 e 100 empregados); e apenas 4% são --·--- -----------------------·---- --- --------------------- --~----------- ---

grandes (com mais de 100 empregados) . . ........--------··

O quadro abaixo mostra a distribuição das lojas cadastradas na ANAMACO,

por tamanho e por faturamento.

Fig. 13 - Faturamento médio mensal por loja. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 1 00% NA % Menos de 10.000 92 7 Mais de 10 mil a 20 mil 156 11 Mais de 20 mil a 50 mil 264 19 Mais de 50 mil a 100 mil 207 15 Mais de 100 mil a 150 mil 158 12 Mais de 150 mil a 200 mil 72 5 Mais de 200 mil a 300 mil 83

---------

6 Mais de 300 mil 181 13 Não sabem 139 10

Fig. 14- Características das Lojas por Tamanho. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 1 00% NA % Até 1.000m2 1130 84 mais de 1.000m2 a 9.000m2 171 13 mais de 9.000m2 18 1

Fig. 15 - Características das Lojas por no de Funcionários. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 = 1 00% NA % Até 10 funcionários 760 56

de 11 a 100 funcionários 535 mais de 100 funcionários 53

40. 4

A ANAMACO estima ter entre seus afiliados, cerca de 50% dos

estabelecimentos do setor, o que projeta a quantidade total para algo em torno

65

Page 77: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

de 100.000 lojas espalhadas por todo o país. Entre os afiliados, a distribuição

por estados e capitais é mostrada abaixo.

Tabela 6- Distribuição de Lojas por Estados e Capitais. ANAMACO (2001)

UF QUANT. Ofo/TOTAL QUANT. O/o/ESTADO

AC Acre 50 0,10% 42 84,00%

AL Alagoas 123 0,25% 72 58,54%

AP Amapá 26 0,05% 26 100,00%

AM Amazonas 153 0,32% 133 86,93%

BA Bahia 1.809 3,72% 611 33,78%

CECeará 573 1,18% 429 74,87%

DF Distrito Federal 423 0,87% 378 89,36%

ES Espírito Santo 955 1,97% 140 14,66%

GO Goiás 625 1,29% 228 36,48%

MA Maranhão 205 0,42% 125 60,98%

MT Mato Grosso 306 0,63% 70 22,88%

MS Mato Grosso do Sul 302 0,62% 93 30,79%

MG Minas Gerais 5.019 10,33% 1.009 20,10%

PAPará 445 0,92% 230 51,69%

PB Paraíba 278 0,57% 128 46,04%

PR Paraná 1.993 4,10% 426 21,37%

PE Pernambuco 721 1,48% 331 45,91%

PI Piauí 170 0,35% 106 62,35%

RJ Rio de Janeiro 2.843 5,85% 1.377 48,43%

RN Rio Grande do Norte 164 0,34% 101 61,59%

RS Rio Grande do Sul 2.129 4,38% 373 17,52%

RO Rondônia 168 0,35% 53 31,55%

RR Roraima 22 0,05% 21 95,45%

SC Santa Catarina 1.669 3,44% 64 3,83%

\SP São Paulo 27.055 55,70% 10.344 38,23%

SE Sergipe 280 0,58% 150 53,57%

TO Tocantins 64 0,13% 34 53,13%

TOTAL 48.570 100,000/o 17.094 35,19°/o

REGIÕES DO BRASIL

Norte 928 1,91% 539 58,08%

Nordeste 4.323 8,90% 2.053 47,49%

Centro Oeste 1.656 3,41% 769 46,44%

Sudeste 35.872 73,86% 12.870 35,88%

Sul 5.791 11,92% 863 14,90%

66

Page 78: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Infelizmente a grande maioria dos varejistas de materiais de construção (96%

em receita) é de pequenas e médias empresas que tem a estrutura descrita

acima. Este fato mostra que a ineficiência do setor em diversos aspectos é

enorme. Por outro lado, esta ineficiência significa imenso campo para

melhorias. Com empresas varejistas a possibilidade de melhorias com a

implementação de sistemas de gestão da cadeia de suprimentos, entre eles o

VMI, é ainda mais significativo.

Fig. 16 - Características das Lojas por no de Itens Comercializados. ANAMACO (2001) Base amostra 1352 1 00% NA %

Até 5.000 1052 78 · l

De 5.001 até 14.500 197 15 c.=:-=: ,..J] Acima de 14.501 64 5 [:;,.c]

No entanto, as dificuldades são também enormes. A característica amadora, da

maioria dos varejistas do setor, resulta em desconfiança quando o assunto é

técnicas de gestão. Esta desconfiança acaba por se tornar uma importante

barreira na implementação de um sistema de VMI, onde um dos fatores críticos

de sucesso é a troca de informações confidenciais entre o varejista e o

fornecedor, seja ele o distribuidor ou o fabricante.

Além disto, a ~a informatização dos varejistas também se apresenta como

uma importante barreira à implementação de um sistema VMI eficiente. Como

vimos anteriormente, um dos facilitadores primários de um sistema como este

(JAMES et ai, 2000) é a presença de Tecnologia de Informação capaz de

transferir informação confiável de vendas e nível de estoques do varejista para '-

o fornecedor. Há, no entanto, que se fazer uma ressalva com relação a

categoria dos Home Centers, pois o nível de automação destes varejistas

parece ser bem melhor. Este é um dos pontos que vamos buscar entender

melhor durante o estudo do setor, nos capítulos seguintes.

Tabela 7- Grau de Informatização dos Lojistas- Total e por Tamanho de Loja '%). ANAMACO (2001)

Não Informatizado Informatizado

Total 2 98 Pequena 33 67 Média 2 98 Grande o 100

67

/(

Page 79: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Fig. 17- Grau de Informatização dos Lojistas-Programas Utilizados ANAMACO {2001) Amostra Sim les Outros Sistema Próprio Co boi Windows 95 Vican I Vikan Windows 98 DOS Windows (S/E) Não Sabe Nenhum

Apesar dos dados da ANAMACO mostrarem um grau de informatização alto

{98%) para as suas afiliadas, examinado com maior rigor, o quadro dos

programas utilizados pelos varejistas (Fig. 16) mostra que o grau de utilização

de programas de computador voltados à gestão é, na verdade, muito baixo, o

que nos leva a acreditar que os recursos de informática são voltados a outras

atividades. Por exemplo, podemos observar que 33% da amostra ou não sabe

qual programa utiliza ou não utiliza nenhum. Outros 13% afirmaram utilizar

DOS ou Windows, que são notadamente sistemas operacionais e não

programas voltados à gestão.

Ainda, como já comentado por CORRÊA {2003), o elo da indústria

J!9I.n~~ores), único capaz de agir como catalisador na implementação de um ---~·---~~- .... -e-• ....,..,_.....---- ~-oc=--~ ·-=- -~ ~...,.,_,-~~-=--~-~-,= --.,_--,.-..-.=--•"< --~-~-=-....,.,.-----~-- ~ ~ ·-~ --~·

sistema VMI, não tem, atualmente, interesse em fazê-lo. Vamos abordar esta -~"- ·------~---~------~-~~~-·-·· ----···- --·

questão mais detalhadamente nos capítulos seguintes com a análise nas

entrevistas com empresas do setor.

68

Page 80: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

6.2- O Macrossetor

O Macrossetor da Construção civil pode ser dividido em 6 cadeias de

produção: "a cadeia de produtos de madeira (extração, serrarias, etc.); a cadeia

de argilas e silicatos (cerâmicas, azulejos, vidros, pedra, areia, etc.) e a cadeia

dos calcários (cimento, cal, gesso, concreto, etc.), a qual faz parte da extração 1

de minerais não-metálicos e não-orgânicos; a cadeia de produtos derivados de

materiais químicos e petroquímicos (pisos, revestimentos, tubos, conexões,/\

tintas, vernizes, etc.); a de produtos da siderurgia e metalurgia de ferrosos e a \\

cadeia de produtos da siderurgia e metalurgia de não-ferrosos (esquadrias, \\

vergalhões, metais sanitários, etc.)" (GARCIA et ai, 2000). ,

A cadeia continua seguindo na direção dos varejistas, com alguns produtos

sendo processados por mais ou menos elos, dependendo da sua aplicação

pelo mercado consumidor final.

Embora a figura mostre um elo de distribuidores e atacadistas, CONZ (2004)

afirma que os me.smns_.são praticamente inexistentes ou inexpressivos. Ainda ---c- ·~ segundo CONZ (2004), isto se dá _pelo processo de dominação do mercado

...... ~---·_,..--- -

pela indústria através ~a política de vendas diretas. Alguns fornecedores

~~g~m a ter uma carteira de qua~se 20.000 clientes. Desta maneira, muitos

pequenos varejistas acabam utilizando os Home Centers como fornecedores.

A Figura 18, na página seguinte, mostra a cadeia descrita acima:

69

Page 81: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Comércio de Produtos em E t x raçao Natura e Transforma~ão

Desdobramentos de Madeira (Serrar Extração de Comércio

r-~ ...

Madeira Atacadista de produtos em Natura Argilas e Cerâmica Vermelha, Pisos e Azulejo: ... _... ... Silicatos ... Louças Sanitárias, Vidro Plano

Não-orgânicos r- - ~ Cimento

~ Calcários I .. Cimento, Concreto, Fibrocimento, Gl I .... e Estuque

Extração de Min. não

:-~ ~ Cal virgem e hidratada e Gesso metálicos

... Tintas e Vernizes ' ....

Químicos e .. Asfalto, Diesel - Petroquímicos ,...I

~ Fabricação e Fixação de fibras Têxte

Impermeabilizantes e solventes

Materiais Plásticos em

~ geral (Pisos, Revestimentos, etc.)

~ Tubos e Conexões

~ PVC em forma I--primária

Shlerurgia de .. ~ ·~ Materiais Elétricos Cobre ....

Extração de Siderurgia de ~~ Portas e Esquadrias Min. Metálicos ,..:.. • - Alumínio ...

---.j Metais Sanitários

M Vergalhões

Siderurgia de • .. Estruturas Metálicas Aço ...

~ Outros

, l Fig. 18 -A Cadeia de Suprimentos de Materiais de Construção no Metalurgia (F c

Brasil. Adaptado de Secon/Sinduscon/SP Tubos, e

Page 82: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Do produto total gerado pelo Macrossetor da Construção, aproximadamente

45% estão relacionados com a produção intermediária (materiais de construção

e serviços). Em 1995, (FIBGE, apud GARCIA et ai, 2000) dos R$ 83,978

bilhões de produção total, R$ 38,85 bilhões foram gerados pelo setor

intermediário. Apesar do consumo intermediário estar distribuído em vários

setores, apenas 16 segmentos concentram praticamente 96% do consumo

total. (GARCIA et ai, 2000). A Tabela a seguir mostra esta distribuição.

Tabela 8 - Matriz insumo-produto de 1990: consumo intermediário das atividades. GARCIA et ai (2000) Atividades

Produtos minerais não-metálicos Outros proqutos metalúrgicos Material elétriç_p._ __ Produtos da construção civil-- -~ Madeira e mobiliário Artigos de plástico Tintas Serviços prestados às empresas Laminados de aço Produtos da metalurgia de não-ferrosos Fabricação e manutenção de máquinas e equipamentos Outros minerais Outros produtos do refino Óleos combustíveis Outros serviços Serviços financeiros Produtos diversos Produtos da borracha Serviços industriais de utilidade pública Margem de transporte Comunicações Margem de comércio Outros produtos químicos Papel, celulose, papelão e artefatos Aluguel de imóvel Tratores e máquinas de terraplanagem Outros veículos e peças Gasoálcool Alojamento e alimentação Artigos do vestuário Elementos químicos não-petroquímicos Outros produtos têxteis Tecidos artificiais Álcool de cana e cereais Equipamentos eletrônicos Seguros Total

Construção Civil Demanda global Cr$ milhões (%) Cr$ milhões (%)

745.831 29,0 1.135.249 65,7 426.067 16,6 1.245.373 34,2 255.505 __ 9,9_5_58.6_1.0 45._,L..-2H~8r1~-- 8,2 497.196 42,6 181.012 7,0 423.200 42,8 137.400 5,3 578.532 23,7 104.951 4,1 331.339 31,7 74.336 2,9 1.759.556 4,2 66.391 2,6 510.338 13,0 58.310 2,3 565.229 10,3 48.743 1,9 815.503 6,0 39.766 1,5 323.172 12,3 33.772 1,3 471.504 7,2 30.975 1 ,2 641.302 4,8 25.421 1,0 551.181 4,6 24.542 1 ,O 5.484.136 0,4 19.970 0,8 307.030 6,5 16.286 0,6 477.726 3,4 8.976 0,3 1.279.274 0,7 8.394 0,3 890.387 0,9 7.831 0,3 335.239 2,3 7.540 0,3 479.312 1,6 6.578 0,3 445.356 1 ,5 5.616 0,2 1.195.103 0,5 5.432 0,2 304.758 1,8 4.953 0,2 56.534 8,8 3.129 O, 1 1.015.567 0,3 3.043 0,1 120.742 2,5 2.915 O, 1 ,, 272.695 1,1 1.915 0,1 20.620 9,3 1.181 0,0 365.669 0,3

839 0,0 230.702 0,4 715 0,0 201.200 0,4 605 0,0 193.169 0,3 272 0,0 354.965 O, 1 253 0,0 198.872 O, 1

2.571.276 100,0 24.636.340 10,4

Podemos observar na tabela, que 29% do produto total refere-se à cadeia das

argilas e silicatos e dos calcários (A tabela acima considera tintas e óleos

combustíveis fora da classe de minerais não metálicos, portanto os 29%

referem-se apenas aos minerais não metálicos não orgânicos).

71

Page 83: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Logo em seguida, com 21,5% vem a categoria dos minerais metálicos (Outros

produtos metalúrgicos, Laminados de aço e Produtos da metalurgia de não­

ferrosos). "Outros três segmentos industriais importantes são os de material

elétrico, de madeira e mobiliário e de produtos plásticos (incluídos material de

PVC), os quais totalizam 9,9%, 7,0% e 5,3% respectivamente" (GARCIA et ai,

2000).

6.3-VMI no varejo de Materiais de Construção Civil

Nesta seção vamos analisar as características do setor de materiais de

construção que são relevantes para um sistema VMI. Para esta análise vamos

utilizar os conceitos estabelecidos nas seções anteriores, principalmente o

modelo de apoio à decisão de JAMES et ai (2000) e os dados obtidos através

das entrevistas com empresas do setor e também informações disponíveis na

ANAMACO.

6.3.1- Nível 6: Aptidão e características de categoria de

produto

O primeiro critério de análise do modelo é o chamado Nível 6: Aptidão e

características de categoria de produto. Como vimos na seção 3.4 deste

trabalho, este critério engloba a oportunidade de fornecedores oferecerem

serviços de valor agregado para seus clientes, com base nas suas melhores

aptidões ou ainda, na falta de aptidão dos seus clientes. Vamos restringir a

análise à categoria dos Home Centers, pois é a categoria mais desenvolvida

dentro do setor e a que mais apresenta condições de implantação do VMI,

como vimos na seção 6.1 deste trabalho. Esta limitação se justifica ainda mais

quando observamos que apenas um Home Center, entre todas as empresas do

setor, está em processo de implantação do VMI na sua operação.

Genericamente, o setor de materiais de construção atende a este nível

qualificatório no quesito do baixo volume/custo individual. Embora possa

72

Page 84: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

parecer uma afirmação ousada, quando analisamos os volumes envolvidos no

setor, notamos que, do ponto de vista do varejista, não são altos quando

comparados com o total de itens comercializados. Por exemplo, quando

falamos de acabamentos cerâmicos, temos tantas variáveis envolvidas (cor,

tamanho, propriedades físicas, lote de fabricação) que cada item acaba se

tornando único e apresentando baixo volume na visão no varejista.

Os produtos também apresentam características físicas não usuais,

principalmente quando olhamos para a gama de produtos comercializados:

tubos com seis metros de comprimento que precisam ser estocados em um

local ou com mais de seis metros de pé-direito ou com mais de seis metros de

comprimento; acessórios pequenos que devem ser acomodados em gôndolas;

cimentos e seus derivados, como as argamassas prontas, que têm restrições

quanto à umidade e devem ser acondicionados apropriadamente sem contato

com o solo. Assim sucessivamente, poderíamos apontar inúmeras

características que podem ser consideradas inusitadas e que requerem aptidão

especial no manuseio. No entanto, as entrevistas apontaram que os varejistas

não consideram esta uma questão importante, já que o manuseio dos produtos

é, em muitos casos, realizado pelo fornecedor, independente da adoção de um

sistema VMI.

Quanto à similaridade visual, também poderíamos apontar inúmeras

características que poderiam ser consideradas como tal: modelos parecidos de

louças sanitárias; conexões hidráulicas diferenciadas somente pelas bitolas;

latas de tinta diferenciadas apenas pela anotação da cor e não pela cor da

própria lata, etc. No entanto, pelos mesmos motivos expostos acima, os

varejistas não consideram este um fator relevante para o VMI em si.

Portanto, ainda que pudéssemos encontrar outras faltas de aptidão nos

varejistas de materiais de construção, não citadas por JAMES et ai (2000) mas

que poderiam também fazer parte do nível 6, a qualificação já foi atendida pela

questão do baixo volume relativo apontado acima.

73

Page 85: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

6.3.2- Nível 5: Importância

O próximo critério de avaliação do modelo de JAMES et ai (2000) é o que os

autores chamam de Importância. Este critério é semelhante à questão do

volume apontada acima, já que a importância relativa dos volumes negociados

é maior para a indústria do que para o varejista. Fabricantes que comercializam

toda a sua linha de produtos têm grande parte de sua produção comprometida

com os grandes varejistas.

Apesar desta verdade aparente, a configuração de forças do setor mostra que

isto talvez não seja totalmente correto. A própria ~N~MACQ_ps;r-~gitª_ oist<;>_ ·~

quando comenta que muitas indústrias têm carteiras imensas de clientes e =T•--=·----- -·- ,~~ -~-----

- - -~--

ébntrora-m o _ll}ercado de m~!l~ira _que __ l}ennum _ cliente seja tã_o _importante ------------~ - -

(CONZ, 2Q04).af)Onto de exercer exagerado poder de negociação . . -~=~---- -- - -~---- ---... ·--

A indústria é relativamente conc~__rl_!rada, com_ poucos fabricantes d~ cadc:t_ . -------~-~~~------- - ---------- .. --- --

ça~orLa ~ qe produtQ.§_ (y~ja quadro abaixo). Já o var~jo é extremamente

__ e~lveri~é!_~9~ com 96% de pequenas e médias empresas. Segundo PORTER

(1986), esta çonfiguração aumenta o poder de barganha dos fornecedores,

n~~!e c;a~o a indústria de materiais de construção.

Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter. PORTER (1986)

Modelo consagrado de análise de concorrência, o modelo de Michael Porter,

criado na década de 1980, nos ajuda a entender a configuração de forças do

setor de materiais de construção.

Segundo Porter (1986), há cinco forças competitivas básicas na indústria e o

conjunto destas determina o lucro final no setor, medido em termos de retorno

no longo prazo sobre o capital investido. O objetivo das empresas é conseguir

posicionar-se dentro deste modelo através de estratégias específicas, de

maneira que a empresa possa "melhor se defender contra essas forças

competitivas ou influenciá-las a seu favor". A figura abaixo mostra as cinco

forças introduzidas por Porter (1986):

74

Page 86: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter - PORTER (1986)- Cont.

Entrantes Potenciais

Ameaça de novos entrantes

Poder de Concorrentes Poder de

negociação dos na Indústria negociação dos fornecedores I Fornecedores i ~ l} .... compradores i Compradores \ ""'

Rivalidade entre as empresas

existentes

!L Ameaça de produtos ou serviços

I Substitutos I Fig. 19- Modelo das Cinco Forças de Porter. PORTER (1986)

Ameaça de Entrada - "Novas empresas que entram para uma indústria

trazem nova capacidade, o desejo de ganhar parcela de mercado e,

freqüentemente, recursos substanciais. Como resultado, os preços podem

cair ou os custos dos participantes podem ser inflacionados" PORTER

(1986). A ameaça de entrada depende das barreiras de entrada. Se as

barreiras são altas, a ameaça de entrada é pequena. As seis principais

barreiras de entrada são: economias de escala; diferenciação de produto;

necessidades de capital; custos de mudança; acesso aos canais de

distribuição; e desvantagens de custo independentes de escala.

Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes- é a disputa por

posições no mercado. Esta disputa ocorre porque os concorrentes sentem­

se pressionados a agir para manter suas posições ou por que sentem que

há uma oportunidade para ganhar posições. Normalmente, esta disputa

assume a forma de guerra de preços, introdução de novos produtos e

aumento de serviços, e batalhas de publicidade.

75

Page 87: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 4 - Modelo das cinco forças competitivas de Porter - PORTE R (1986) Cont.

Pressão dos produtos substitutos - de uma maneira ampla, todas as

empresas de uma indústria competem com indústrias que produzem

produtos substitutos. Por exemplo, no caso de materiais de construção,

placas acartonadas de gesso são substitutos dos tradicionais tijolos de

barro e cerâmica, já que um construtor poderia optar por um ou outro para a

construção das paredes de uma residência.

Poder de negociação dos compradores - os compradores forçam os preços

para baixo, negociando por melhor qualidade ou mais serviços e jogando

concorrentes uns contra os outros. O poder de cada grupo de compradores

depende da sua situação no mercado e da situação relativa das suas

compras em comparação com a indústria. "Um grupo comprador é poderoso

se: ele está concentrado ou adquire grandes volumes em relação às vendas

do vendedor"; os produtos que ele compra da indústria são padronizados ou

não diferenciados; ele enfrenta poucos custos de mudança; ele consegue

lucros baixos; são uma ameaça de integração para trás; tem informação; os

produtos que compram não são fundamentais para a qualidade de seus

produtos.

Poder de negociação dos fornecedores - fornecedores poderosos exercem

poder de negociação quando aumentam preços ou reduzem a qualidade

dos bens e serviços. Se estes custos não puderem ser repassados pela

indústria em seus próprios preços, a rentabilidade da indústria será

diminuída. Um grupo fornecedor torna-se poderoso quando: é dominado por

poucas empresas e é mais concentrado do que a indústria para a qual

vende; a indústria não é um cliente importante para o grupo fornecedor; o

produto dos fornecedores é importante para o negócio do comprador; os

produtos dos fornecedores são diferenciados ou o grupo desenvolveu

custos de mudança; é uma ameaça de integração para frente.

76

Page 88: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Como vimos na seção 3.4 deste trabalho, o VMI é uma prática que tem

grandes chances de sucesso quando oferecido como um serviço de valor

agregado por fornecedores buscando diferenciação em um mercado

competitivo. Como a indústria de materiais de construção é concentrada e

pouco competitiva, não há incentivo para esta busca por diferenciação e o VMI

acaba em segundo plano.

As indústrias lutam para que o setor varejista continue pulverizado, pois isto

lhes permite manter seu atual poder de barganha frente ao varejo e os mantém

em uma situação confortável. O objetivo é evitar o movimento que aconteceu

no setor supermercadista, onde o crescimento e a concentração dos varejistas

criou empresas tão grandes quanto e, em muitos casos, várias vezes maior

que as indústrias, desequilibrando as forças no setor.

Um exemplo claro é a polí_tlca de_ vend_a dir~ta ~~" maioria das empresas

fabricantes, as quais chegam a ter carteiras de até 20.000 clientes. Esta

política visa manter o controle do mercado através do controle de preços pelo .-~---==c'-=---

método dos descontosy9_r_~'.'lume de compra. Os descontos são relativamente

pequenos mesmo para grandes volumes. o que resulta em preços não tão

diferenciados entre pequenos e grandes varejistas e impede o crescimento

acelerado de ambos. PORTER (1986), explica que uma decisão estratégica

importante é a seleção dos compradores. "De uma maneira geral, a empresa

deve vender aos compradores que mais a favoreçam, na medida em que

possam escolher. A seleção de compradores pode influenciar fortemente o

índice de crescimento da empresa e pode minimizar o poder de alterar o

equilíbrio dos compradores".

Do outro lado, os varejistas pulverizados também estão confortáveis já que não

há nenhum grande concorrente que os coloque em risco atualmente, pois

mesmo a líder do setor detém faixa relativamente pequena do mercado. Desta

maneira, a indústria não tem incentivos e nem pressão para oferecer melhores

serviços aos seus clientes.

77

Page 89: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 5 - Market Share dos principais setores industriais de materiais de construção. Prêmio Anamaco (2003)

Para este estudo, vamos avaliar os segmentos mais importantes dentro do

macrossetor de materiais de construção civil, segundo a tabela 6 da secção 6.2

desta dissertação. A Tabela abaixo mostra o segmento, sua participação dentro

do mercado de construção civil como um todo e a participação das principais

empresas do segmento dentro do ponto de venda. A participação das

empresas nos pontos de venda indica em quantos pontos de venda a marca

está presente. Os números são ainda mais relevantes, pois dizem respeito

apenas a presença nos grandes varejistas, identificados como os Home

Centers, foco do nosso estudo.

Em alguns casos a soma da participação das empresas do setor ultrapassa

100% indicando que não há exclusividade em alguns pontos de venda. Como

exemplo, vamos analisar o segmento de minerais não metálicos, que tem

participação de 29% no macrossetor. Segundo a pesquisa do Prêmio Anamaco

2003, o líder do setor de cimentos em geral, por exemplo, conta com um

market share nos pontos de venda de 70,8%. O segundo colocado vem muito

atrás com apenas 11 ,5 %. No segmento de Argamassas colantes, o líder tem

64,3%, o segundo colocado 37,6% e o terceiro apenas 6,1 %.

Prosseguindo com a análise para os demais macrossegmentos e segmentos,

percebemos que o setor é bastante concentrado e tem pouca concorrência. A

maioria dos principais segmentos tem uma empresa que domina mais de 50%

do mercado e, em alguns casos, mais do que ao'%. Também podemos

observar que o segundo colocado detém parcela muito pequena do mercado.

78

Page 90: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Tabela 9- Market Share dos principais setores industriais de materiais de construção. Criação do autor a partir de GARCIA et al, 2000 e do Prêmio Anamaco 2003

MACROSSEGMENTO PART.

SEGMENTO SHARE(%) SHARE(%) SHARE(%) SHARE(%)

(%) EMPRESA 1 EMPRESA 2 EMPRESA 3 EMPRESA 4

cimento 70,8 11,5 7,5 -

Argamassas 64,3 37,6 6,1 -colantes

Argamassas para 59,1 32,1 - -

revestimentos

Cales hidratadas 31 '1 11,7 7,7 -Produtos minerais não-

29 pra massa

metálicos Cerâmicas 15,6 10,7 9 -Azulejos 38,3 32 9,4 -

Lajotas Rústicas 37,2 12,6 10,6 -Bacias

65,4 33,1 23,8 Sanitárias -

Tubos de PVC 65,8 35,2 10,3 -Conexões de

72 57,3 6,5 4,8 PVC

Vergalhões de Aço para 83,9 22,8 6,6 -

Construção Outros produtos

16,6 Tubos metalúrgicos Galvanizados 45,3 8,5 - -

Metais 44,6 31,8 5,6 Sanitários -

Disjuntores 62,3 28,4 16 -residenciais

Chuveiros e torneiras 85 55 40,3 -elétricas

Material elétrico 9,9 Interruptores,

plugues e 52,4 27,3 14,3 8,4 tomadas

Fios e cabos 37,6 22,6 23,6 -Elétricos

Madeira e mobiliário 7 - - - - -

Armários e Acessórios para 63,4 23,2 17,5 5,9

banheiro Artigos de plástico 5,3

Assentos sanitários 70,4 48,7 26,6 -Plásticos

Pincéis e rolos 64,8 57,6 13,1 -para pintura

Tintas Látex 32,4 30,6 4,6 -Acrílicas

Tintas Látex 36 26,9 5,6 -Tintas 4,1 PVA

Tintas para 48,5 12,7 12 6,5 Pisos

vernizes 35,3 19,6 17,7 -Esmaltes 34,5 24,7 11,3 -Sintéticos

79

Page 91: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

6.3.3- Nível 4: Propriedade e Confiança

O critério seguinte diz respeito à propriedade dos produtos e confiança entre

os parceiros. Em relação à propriedade, nada concreto se pode afirmar para o

setor de materiais de construção, já que não há nenhum sistema implantado.

No entanto, as entrevistas apontam que a intenção dos gestores é que a

propriedade fique com o varejista, assim como sugerem JAMES et ai (2000).

A questão da confiança é bem mais crítica. As empresas têm plena consciência

de que confiança mútua é necessária e este é um dos pontos que mais parece

atrasar a implementação do VMI no setor.

Segundo a ANAMACO, o setor de materiais e construção é fortemente • . --- - ~-=- ....... ..-~-~-·-~~

caracterizado por empresas familiares (CONZ, 2004), cujos donos ainda estão

à fremte dos negócios. Muitos deles têm uma experiência de negociação com

os parceiros de muitos anos e sentem forte receio de que o VMI altere a sua

forma de trabalhar (CONZ, 2004). Como vimos nos capítulos anteriores, o VMI

exige um nível de confiança mútuo entre cliente e fornecedor e a

disponibilização de informações sensíveis, que estes gerentes não estão

dispostos ou preparados a entregar.

Durante a pesquisa com as empresas do setor, a questão da administração

familiar foi muito citada como uma barreira à muitas coisas, incluindo o VMI.

Ambos os elos da cadeia, tanto o varejista quanto a indústria, foram

mencionados como tendo várias empresas familiares. Porém o problema não

parece ser a relutância dos controladores destas empresas em aplicar novas

práticas gerenciais, sejam eles administradores profissionais ou membros da

família dona do negócio, e sim na falta de confiança nos parceiros. A

relutância, na realidade, parece estar mais do lado das administrações

profissionais, que mostram receio da postura dos administradores familiares.

Alguns ·varejistas, por exemplo, que contam com uma administração

profissional, têm receio que o VMI\ seja usado por fornecedores para empurrar

80

\

Page 92: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

produtos em épocas como final de ano e final de mês, que tradicionalmente

apresentam demanda maior.

6.3.4- Nível 3: Formato do acordo

O próximo critério diz respeito ao formato do acordo firmado entre os parceiros.

Aqui, novamente, não é possível afirmar nada concreto, já que não há nenhum

acordo firmado no setor para reposição através do VMI. No entanto, este se

constitui num alerta importante para as empresas que têm o VMI nos seus

planos. Apesar das empresas terem consciência da importância do acordo

flexível e da cooperação mútua, a falta de confiança entre os parceiros,

apontada no item anterior, pode levar a assinatura de acordos extremamente

rígidos, desviando os programas VMI para caminhos perigosos, com

possibilidades de fracasso.

6.3.5- Nível 2: Facilitadores Primários

O último critério do modelo de JAMES et ai (2000) novamente apresenta

problemas para a implementação do VMI no setor de materiais de construção.

Trata-se dos facilitadores primários, ou seja, fatores que, embora não sejam

necessários pelos conceitos principais de um sistema VMI, acabam por

inviabilizar a implantação caso não estejam presentes, pois sua falta minimiza

os resultados esperados.

CONZ (2004) explica que, após crescer nos últimos anos através de

aquisições, um varejista veio apenas recentemente a unificar seus sistemas de

tecnologia de informação. O próprio varejista aponta esta barreira como

principal para a implementação do VMI. Como vimos na seção 3.4, embora

sejam consideradas apenas facilitadores, as ferramentas de tecnologia de

informação é que possibilitam a um sistema VMI funcionar com a eficiência

desejada e, portanto, as empresas relutam em aplicar a técnica sem que estas

ferramentas estejam presentes e funcionando perfeitamente. A pesquisa

81"

Page 93: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

apontou que alguns varejistas já haviam sido procurados pela indústria para a

implementação do VMI, mas decidiram esperar até que seus sistemas de

informação estivessem funcionando adequadamente.

ALBERTIN (2001) explica que estudos apontam uma alta taxa de crescimento

anual no mercado de soluções de SCM (Supply Chain Management), dentro do

qual o VMI está inserido. As empresas consideram o SCM o próximo passo

após os pacotes de gestão conhecidos como ERPs (Enterprise Resource

Planning). Ainda segundo ALBERTIN (2001), estes pacotes "prometem

integração extrema com o ambiente externo... para, entre outras coisas,

viabilizar o SCM". Portanto, parece plausível que a falta de integração dos

sistemas de informação seja uma forte barreira à implementação do VMI nas

grandes empresas do setor. Como mostrado na seção 6.1 deste trabalho, a

situação é ainda mais crítica no restante das empresas do setor, que apontam

grau de informatização muito baixo.

ALBERTIN (2001) também aborda o ECR, dentro do qual o VMI também está

inserido (ECR Brasil, 1998), sob o contexto do que ele chama comércio

eletrônico e explica que os "principais caminhos do ECR são a troca eletrônica

de dados, o gerenciamento por categorias e a reposição contínua de

mercadorias". Neste contexto, ALBERTIN (2001) mostra que uma característica

fundamental do ECR, é a obtenção em tempo real (on-line) de informações

sobre vendas e sobre a posição do estoque, assim como esperado pelo

modelo de JAMES et ai (2000).

Embora não tenha sido apontada como um fator preponderante, o problema da

codificação dos produtos (códigos de barra), ligado diretamente a automação e

a tecnologia de informação, também ajuda na relutância das empresas em

aplicar o VMI imediatamente. O que ocorre é que o setor ainda discute os

padrões de uniformização dos códigos de barras (ORSOLON, 2002). Há casos

em que o próprio varejista é forçado a etiquetar os produtos dentro das lojas

para permitir que os leitores de códigos de barras sejam usados. Esta

situação, no entanto, cria uma dissonância entre a entrada dos produtos na loja ,.

82

Page 94: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

e sua venda. A venda é perfeitamente automatizada, já que a loja etiqueta os

produtos e faz a leitura no caixa na hora da venda. Já a entrada do produto no

estoque fica prejudicada, pois a conferência é obrigatoriamente manual. Se as

informações de vendas e de nível de estoque não estiverem corretas, um

sistema VMI pode até mesmo prejudicar as atividades ao invés de melhorá-las. I ,

PARENTE (2000), comenta que a base de construção de todo um movimento

do ECR (dentro do qual o VMI está inserido) "é a tecnologia de informação:

hardware (scanners, PDVs5, etc.) e software (padrões de identificação de

produtos e troca de documentos)". Um estudo realizado pela ECR Brasil

(1998), mostra que problemas na padronização e na confiabilidade dos

cadastros das empresas geram erros de identificação nos caixas e erros no

entendimento das unidades de medida (troca de unidades por caixas, por

exemplo). Como estes erros podem aparecer devido a falta de padronização

dos códigos de barras dos produtos, esta se torna uma barreira à implantação

do VMI no setor.

Quadro 6 -Codificação- EAN Brasil (2004)

O Brasil adotou como padrão o sistema EAN-UCC (European Artic/e Numbering).

Este sistema é "um conjunto de padrões, que possibilita a gestão eficiente de

cadeias de suprimentos globais e multissetoriais, identificando com exclusividade

produtos, unidades logísticas, localizações, ativos e serviços. Ele facilita os

processos de comércio eletrônico, propondo soluções estruturadas para

mensagens eletrônicas viabilizando a total rastreabilidade das operações" (EAN­

Brasil, 2004).

Esta identificação é feita através de conjuntos de números exclusivos,

representados por códigos de barras, que por sua vez possibilitam a leitura

eletrônica (óptica) nos vários pontos de controle por onde passam os produtos.

Estes números funcionam como chaves para o acesso de bancos de dados que

contém a informação sobre o produto. Além de informações de identificação, os

números proporcionam outros dados como, por exemplo, datas de validade, lote,

números de série, e outros.

5 PDV- Ponto de Venda

83

Page 95: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Quadro 6 - Codificação - EAN Brasil (2004) - Cont. /

A base do sistema EAN-UCC é que qualquer item (produto ou serviço) dentro de

qualquer cadeia de suprimentos, tenha alocado para si um número de

identificação exclusivo denominado número global de item comercial, ou GTIN

(Global Trade Item Numbef).

Um GTIN pode ser construído usando quatro estruturas de numeração

(explicadas abaixo), dependendo da aplicação exata e da simbologia de código

de barras a serem usadas. No entanto, nos bancos de dados, todos os GTIN são

exclusivos e não ambíguos quando justificados à direita em um campo de 14

dígitos.

Estruturas de Número global de item oomerdal (GTIN) de 14 Numiõ!n:l íio di itos

ÍTt if1.- TJ, r .. ifs 1'6 T1 lt.s -Tg-Tu Tu 'fq til T:s<t ] EAN.u<:C-14 N1 Nz N, N. Ns N6 N1 Ns N9 Nu Nu Nu. N1, Nt<~ EAN.UCC-13 o Nt N1 N1 N4 Ns N6 N, N.s N~ Nto Nu Nu Nn UCC-12 o o 1'111 N~ N1 N4 Ns N6 N, N.s ~~~~ Nto Nu Nu EAN.UCC-8 o o o o o o Nt Nz NJ N~ Ns N6 N1 Na

• Numeração EAN/UCC-13 - uso geral para todos os itens, que recebem

preço e podem ser comercializados pela cadeia de suprimentos. É a

identificação básica de todo item.

• Numeração EAN/UCC-14 - aplicação freqüente em unidades logísticas,

caixas; fardos; containeres; contendo grupo de itens homogêneos. A

numeração EAN/UCC-14 identifica grupo de itens contidos numa unidade

logística, possibilita o cadastro da descrição dos itens contidos (que são

idênticos) e a quantidade deles embalado na caixa ou fardo.

• Numeração EAN/UCC-8 - aplicação em unidades de consumo muito pequenas (exceção de aplicação).

• Numeração UCC-12 - aplicação em itens exportados para os EUA e

Canadá, até jan. de 2005.

• SSCC EAN.UCC- O SSCC (Número Serial de Unidades Logística) é um

número de identificação padrão EAN.UCC de 18 dígitos, usado na

identificação de unidades logísticas. Diferencia-se do GTIN, pois tem

função exclusiva na seriação de unidades de cargas para controle de

movimentação de paletas, caixas, fardos etc.

• GLN EAN.UCC -O GLN (Número Global de Localização) é usado para

identificar uma empresa ou organização como pessoa jurídica. Sua

estrutura de numeração é baseada num EAN/UCC-13.

84

Page 96: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

A indústria se defende argumentando que a maioria dos varejistas não está

estruturada para tirar proveito da codificação, pois não possui sistemas

modernos de informação e utiliza-se de muitos processos manuais, não tendo

incentivo para investir em etiquetas mais resistentes e de melhor visualização

(ORSOLON, 2002).

Até o início de 2004, o setor, através da formação de grupos de trabalho entre

varejistas, indústria, associações de classe (Aremasp6 e ANAMACO) e EAN

Brasil7, havia concluído a padronização apenas para o segmento de cerâmicas. ,

Esta iniciativa culminou na criação do Guia de Codificação de Itens Comerciais

e Unidades Logísticas do Segmento Ceramista.

6.3.6- Risco e Processos de adoção

Embora esta idéia não tenha sido levantada no estudo de campo nem apareça

no modelo de JAMES et ai (2000), é bastante plausível, merecendo ser

comentada. Como a prática do VMI ainda não é usada no setor, embora as

empresas reconheçam seus benefícios e tenham intenção de adotá-la, dois

fatores são preponderantes no processo de adoção: risco e o próprio processo

de adoção.

Embora as empresas conheçam o VMI, nunca passaram pelo processo de

implantação e desconhecem a fundo a sua operação diária e a sua influência

nas demais atividades da organização. Portanto, podemos dizer que é uma

prática desconhecida e sua implantação obviamente envolve riscos. Fazendo

uma analogia com o comportamento de compra organizacional descrito por

KOTLER (1998), quanto maior o risco e/ou os investimentos numa nova

implantação, maior o número de pessoas envolvidas, maior a quantidade de

informações a ser reunida e maior o tempo para a decisão.

6 Associação de Revendedores de Material de Construção (Aremasp)

7 Associação Brasileira de Automação

85.

Page 97: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Ainda fazendo um paralelo8 com os conceitos descritos por KOTLER (1998),

mesmo sendo um "mercado-alvo" para o VMI, as empresas do varejo de

materiais de construção podem apresentar diferentes tempos entre o

conhecimento da prática e sua adoção. Isto ocorre devido ao grau de

disposição de uma empresa para adotar novas idéias. Alguns indivíduos são os

primeiros a adotar novas roupas, novos eletrodomésticos, novos métodos de

administração. Outros indivíduos demoram bem mais. ROGERS (1962 apud

KOTLER, 2001 ), "vê os cinco grupos de adotantes como diferentes em termos

de orientação sobre valor".

Inovadores

Adotantes imediatos

Maioria Adotantes imediatos

I I I I

i Maioria :Adotantes não­: imediatos I I I

FIG. 20- Classificação dos adotantes com base no tempo de adoção das inovações. ROGERS, 1962 apud KOTLER, 1998

Os Inovadores estão dispostos a experimentar novas idéias assumindo algum

risco. Os Adotantes Imediatos seguem os Inovadores e "antecipam a adoção

de novas idéias, embora com cautela" (ROGERS, 1962 apud KOTLERI 2001).

A Maioria dos Adotantes Imediatos segue os Imediatos de maneira deliberada

e antecipa-se a maioria das pessoas médias (Maioria de Adotantes Não­

Imediatos) que é cética e aceita uma idéia somente após a grande maioria das

pessoas tê-la experimentado. Por fim vem o grupo dos Retardatários, presos à

tradição, desconfiados das mudanças e que só adotam uma nova idéia quando

esta pode ser chamada de tradicional.

No caso do VMI no varejo de materiais de construção, observamos que há um

pioneiro claramente identificado e que já está buscando implantar a técnica. Há.:

empresas que adotarão o VMI imediatamente (assim que seus sistemas de TI 1,

8 Embora os conceitos usados nesta seção sejam destinados a consumidores, os mesmos podem ser facilmente aplicados para empresas. Ocorre que empresas são geridas por pessoas que apresentam o comportamento descrito pelo autor. Na medida que as empresas são lideradas por pessoas de uma ou outra característica, a própria empresa irá apresentar algumas destas características no seu comportamento frente a seu mercado e seu ambiente.

86

y

Page 98: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

permitirem). E outras que ainda vão esperar até que os resultados positivos

comecem a aparecer nas outras empresas.

Algumas características da inovação influenciam a taxa de adoção (KOTLER,

1998). A primeira é a vantagem relativa da inovação, ou seja, o grau pelo qual

a inovação parece ser superior aos demais. Quanto maior esta vantagem

relativa, mais rápida a sua adoção. No caso do VMI, embora as vantagens

sejam muitas, o benefício relativo percebido, de sua implantação para o

resultado geral de uma empresa, não implica, necessariamente, na sua adoção

imediata.

A segunda característica é a compatibilidade da inovação com os valores e

experiências dos indivíduos. Quanto maior a compatibilização, maior a taxa de

adoção. Novamente, o VMI requer uma relativa quebra de paradigmas com

relação à troca de informações sigilosas entre os parceiros, e não pode ser

considerada como uma técnica compatível com os valores e experiências

atuais dos controladores das empresas.

A terceira é a complexidade da inovação, ou seja, "o grau relativo de

dificuldade de compreensão ou utilização do produto9". Percebemos que o VMI,

devido a sua complexidade, exibida durante todo este trabalho, terá uma taxa

de adoção mais lenta.

A quarta é a divisibilidade da inovação, ou seja, o grau de dificuldade de

experimentação do produto9 por um período limitado. Para o VMI, isto significa

um projeto piloto que envolveria negociação entre os parceiros, investimentos

em treinamento, adaptação de sistemas de informação. Toda esta infra­

estrutura não está disponível instantaneamente e requer esforço consideráve.l

das pessoas envolvidas. Portanto, é mais um fator que atrasa a adoção do VMI

no setor.

9 Produto aqui é traduzido como a inovação, ou seja, a nova prática de gestão: o VMI.

87

), I \

Page 99: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

A quinta e última característica é a comunicabilidade da inovação, ou seja, "o

grau pelo qual os resultados de uso do produto são observáveis ou descritíveis

aos outros" KOTLER (1998). Talvez esta seja a única característica favorável a

uma taxa de adoção do VMI mais rápida. Embora não possamos exatamente

classificar o VMI como uma técnica de alta comunicabilidade, os resultados no

setor varejista de supermercados no Brasil servem como um grande

benchmarking para o setor de materiais de construção.

KOTLER (1998), ainda cita outros três fatores que podem influenciar a taxa de

adoção de uma inovação: custo, risco e incerteza. A incerteza, relacionada à

implantação de uma técnica relativamente desconhecida como o VMI, aumenta

os riscos de adoção. Os custos de implantação de uma técnica como o VMI,

que envolve mudanças estruturais e comportamentais na empresa, também

influenciam negativamente a taxa de adoção da prática pelo setor.

88

Page 100: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

7- COMENTÁRIOS FINAIS

7.1- Conclusões

Quando este trabalho foi idealizado, a idéia principal era estudar

profundamente uma aplicação VMI na cadeia de materiais de construção civil.

A presença de alguns grandes varejistas no mercado de São Paulo, incluindo

alguns grupos multinacionais recém chegados ao país, parecia assemelhar o

mercado ao supermercadista, já há algum tempo aplicando soluções VMI com

sucesso. Naturalmente, descobrir que nenhuma empresa do setor aplicava a

técnica, causo surpresa e excitação. Esta excitação foi resultado da aparente

oportunidade de descobrir algum novo fator que estivesse impedindo a

aplicação do VMI no setor.

O trabalho foi então redirecionado para este objetivo, e mais empresas, tanto

varejistas como fabricantes, bem como a associação de classe, foram

contatadas para possibilitar uma visão geral do mercado de materiais de

construção. Este estudo acabou levantando algumas hipóteses sobre a

utilização do VMI no setor, mas nenhuma ligada diretamente às características

específicas dÇ>s produtos comercializados ou às características de demanda e

de logística dos mesmos. O que constatamos é que o VMI não está sendo

aplicado, ainda, por questões estruturais do setor. Estas razões acabaram

identificando racionalmente, o que os integrantes do setor informalmente

convencionaram chamar de atraso, principalmente quando comparado com o

benchmarking preferido, o setor supermercadista.

Basicamente, encontramos três grandes razões pelas quais o VMI ainda não é

aplicado no setor de materiais de construção: falta de infra-estrutura de

tecnologia de informação, desconfiança entre os parceiros, e a configuração de ~----~~------~------~--

forças do setor. Uma quarta hipótese foi ainda levantada, relacionada com o

risco e com o processo natural de adoção de novas práticas gerenciais. Por ser

uma prática nova no setor, as empresas ainda agem com cautela, esperando

os primeiros passos e resultados dos pioneiros.

89

Page 101: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Não obstante, o estudo mostrou que o VMI é uma prática que está nos planos

dos líderes das grandes empresas do setor e que deverá ser implantado em

breve, logo que os problemas apontados acima forem superados. Embora haja

certa desconfiança mútua, há conscientização da importância da questão da

postura dos parceiros para o sucesso do VMI e, portanto, há motivos para crer

que o VMI no setor será aplicado largamente em um futuro próximo. Alguns

varejistas chegaram, inclusive, a ser procurados por fabricantes, para a

implantação do VMI, sendo que o problema com a infra-estrutura de tecnologia

de informação, do lado do varejista, foi determinante no abandono do projeto,

pelo menos neste momento.

7.2- Um paralelo com a Indústria Farmacêutica

Fazendo um paralelo com indústria farmacêutica brasileira, podemos observar

outros mecanismos capazes de desencadear movimentos de integração das

cadeias de suprimentos, e que poderiam se repetir na cadeia de materiais de

construção.

O mercado farmacêutico sofreu um importante choque no final dos anos 90,

com a introdução dos medicamentos genéricos. Antes disso, quando um

médico receitava determinado medicamento, o paciente procurava unicamente

a marca e o laboratório recomendados pelo médico, até por ser impossível

para um leigo identificar um produto similar. Assim, a presença no ponto de

venda não era importante para o fabricante, já que o paciente iria percorrer as

farmácias até encontrar o medicamento desejado. A indústria voltava seus

esforços de marketing então, para os médicos, cujas indicações iriam resultar

em vendas. Com a chegada dos genéricos, o comportamento de compra para

medicamentos foi alterado, pois mesmo que o médico receite um medicamento

de marca, é possível identificar seu genérico e então decidir entre comprá-lo ou

comprar o de marca. A indústria farmacêutica passou então a preocupar-se

com duas questões: a presença no ponto de venda e o marketing institucional

para fortalecer suas marcas e incentivar o consumidor a comprar seu

medicamento, mesmo quando o genérico está disponível. A questão dos

90

Page 102: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

esforços de marketing é assunto para outro trabalho, mas a presença no ponto

de venda é um dos principais focos desta dissertação. Informação sobre o

ponto de venda passou a ser cada vez mais relevante no setor, e o VMI, por

proporcioná-la, passou a ser ferramenta estratégica fundamental.

Em certa escala, materiais de construção podem ser semelhantes a

medicamentos na questão da compra por recomendação. Arquitetos,

engenheiros e até mesmo a mão-de-obra especializada (pedreiros, pintores,

encanadores, eletricistas, azulejistas, entre inúmeros outros) fazem esta função

no mercado de materiais de construção, com a diferença de que os "genéricos"

deste mercado sempre estiveram presentes. Claro que por não se tratar da

vida das pessoas, estas recomendações são muitas vezes negligenciadas.

Assim, temos uma situação semelhante à do mercado farmacêutico, guardadas

as suas devidas proporções, onde a indústria deve preocupar-se ao mesmo

tempo com a presença no ponto de venda e com o fortalecimento das marcas

entre os profissionais formadores de opinião.

O mercado farmacêutico, que encontrou apenas recentemente esta situação no

Brasil, encontrou uma forma de obter rapidamente informação sobre o ponto de

venda, através do VMI. O varejo de materiais de construção também encontrou

uma fórmula para isto através da quase total eliminação dos distribuidores.

Como vende direto, a indústria de materiais de construção conhece a sua

presença nos pontos de venda bem melhor do que o farmacêutico conhecia

antes do VMI. No entanto, a indústria de materiais de construção ainda tem

pouca informação sobre as vendas ao consumidor final e o cenário ainda não

está completo. Além do alcance sobre estas informações e dos benefícios já

amplamente comentados neste trabalho, ressaltamos a função estratégica do

VMI, como mostram as duas seções seguintes.

7.3-Mais estratégia

Embora o VMI e a gerência das cadeias de suprimento sejam largamente

tratados como questões táticas, ou seja, que buscam apenas aumentar

91

Page 103: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

eficiência operacional, o envolvimento necessário entre os parceiros acaba por

resultar em relacionamentos muito mais estratégicos - longos, duradouros e

fiéis. Mas, alguém poderia argumentar, o relacionamento é resultado da

parceria ou a parceria é resultado do relacionamento, já que um é pré-requisito

do outro? Se tentarmos adivinhar quem vem primeiro, acabaríamos divagando

como no dilema do ovo e da galinha. Importante realmente é que a relação é

estabelecida. Na verdade podemos imaginar que o desenvolvimento da relação

assemelha-se mais a uma bola de neve, onde o andar do processo aumenta,

ao mesmo tempo, a confiança entre os parceiros e o sucesso da parceria.

Podemos imaginar os benefícios provenientes desta relação tomando a cadeia

hipotética de ABRANCZUK (2001 ), a qual chamaremos de perfeita, onde cada

etapa de produção torna-se elo da cadeia, cujo objetivo é o de maximizar os

lucros do elo final. Assemelha-se a uma empresa totalmente verticalizada, com

a vantagem de que cada elo, como uma empresa autônoma, é mais eficiente

do que uma etapa de produção da empresa verticalizada, pois pode buscar

economias de escala, melhores fornecedores e especialização. Outra diferença

é que o lucro maximizado da cadeia não seria distribuído entre os elos ao final

de cada etapa fiscal, mas sim, apropriado no momento das negociações

comerciais entre os elos. Claro que esta configuração exigiria uma postura

utópica dos parceiros, capaz de transformar o objetivo capitalista das

empresas, de maximização de seus próprios lucros em maximização e

distribuição dos lucros da cadeia.

A única força capaz de catalisar esta postura é o próprio mercado e a

competição. Se imaginarmos uma cadeia real, cada elo tem resultados

~a, o luc[Q_finaLd.a_c_a_d.e.i.a_o.ãQ~~tribuído proJ2orcionª.L11J.e..nte .

aos esforços de cada um, mas sjm~d.e--ª_ç9JdQSQm o poder de nego~@são _

frente aos demais elos da cadeia. Uma situação extrema, onde elos com menor ----~~------~~ poder de negociação unem-se para enfrentar um elo mais poderoso, poderia

desencadear uma ação voltada para esta integração. Ou ainda, numa situação

em que uma cadeia está perdendo posição de mercado para outra,o líder

92

Page 104: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

daquela poderia ser o iniciador desta ação, com intuito de melhorar o

desempenho da cadeia como um todo e manter a sua posição.

Portanto, como vimos durante o trabalho todo, o potencial estratégico do VMI,

pelos seus efeitos diretos e mais ainda pelos efeitos indiretos, é extremamente

alto, e as empresas do setor de materiais de construção deveriam acelerar o

processo de implantação.

7.4- CPFR: A Evolução do VMI

Talvez alguém ache que o foco deste trabalho está ultrapassado, já que muitas

empresas estão em busca de uma evolução do VMI para CPFR (Collaborative

Planning Forecasting and Replenishment ou Planejamento, Previsão e

Reposição Co/aboracionistas). No entanto, como comentam VIEIRA et ai (sem

data) em estudo com um varejista brasileiro, o VMI ó o principal indutor da

colaboração entre os parceiros, que depois resulta em evolução para o CPFR.

Esta ferramenta vai além do VMI, que numa aproximação simples refere-se

apenas ao R de CPFR, buscando uma integração muito maior de atividades

entre dois parceiros em uma cadeia de suprimentos. Assim, dentro do CPFR,

os mesmos juntam esforços e trocam informações ainda mais sensíveis e

sigilosas do que as trocadas no VMI, com objetivos, conseqüentemente, mais

ambiciosos. Varejo e indústria passam a combinar estratégias mais amplas e

de longo prazo. O quadro abaixo faz uma comparação entre alguns aspectos

do CPFR e do VMI.

93

Page 105: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Objetivos CPFR VMI Acordo • Colaboracionista • Unilateral Reposição • Para previsão e venda • Para nível de

estoques Previsão • Períodos mais longos e • Períodos curtos ou

prazos de entrega sem previsão, e prazos de entrega

Cliente • Participação Ativa • Participação Passiva

Objetivo • Planejar no longo prazo • Pedidos em curto prazo

Indicadores • Acordados em pré-acordos • Nível de serviço e

• Envolvem previsão, reposição somente planejamento e reposição

Visibilidade • Aberta • Limitada Estoques • Gerenciamento através de • Baseados no

toda a cadeia de suprimentos histórico de

• Direcionados pelo transações planejamento

Plano de • Sim • Não Negócios Relacionamento • De muitos para muitos • De um para muitos

• Intra e inter empresas • Inter empresas

• Internet B2B • Lotes de Mensagens: por telefone e mensagens eletrônicas

Tabela 10- Quadro Comparativo entre CPFR e VMI. ANDRASKI e CANITZ (2001)

Depois do exposto em todo trabalho, fica claro que as empresas do setor de

materiais de construção ainda não estão à procura desta evolução pois nem

implementaram o original. No entanto, acreditamos que muitas destas

empresas certamente irão enveredar por este caminho algum dia. Para tanto, o

conceito de colaboração e confiança deve ainda ser trabalhado entre empresas

e pessoas envolvidas com o setor, de maneira que as idéias sejam aceitas com

maior facilidade e as ferramentas aplicadas com melhores resultados.

7.5- Sugestões para estudos futuros

Como vimos nas seções anteriores, há incentivos para novos estudos sobre o

VMI no setor de materiais de construção, já que nada indica que a prática seja

94

Page 106: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

inadequada para as características das empresas e dos produtos nele

comercializados, apesar das condições estruturais que atrasam sua utilização.

Como primeira sugestão recomendamos um estudo de caso de aplicação do

VMI, assim que as empresas do setor apresentarem resultados que possam

ser medidos. A grande vantagem desta situação, para os estudiosos, é que

ainda é possível, caso se disponha do tempo e dos recursos necessários,

acompanhar todo o processo de implantação.

Nos anexos deste trabalho há um questionário criado para um estudo de caso,

que não foi utilizado após a constatação de que nenhuma empresa tinha um

sistema VMI funcionando adequadamente. Dependendo do objetivo do estudo,

o questionário poderá ser usado na integra, ou alterado conforme necessário.

Por se tratar de um trabalho exploratório, as conclusões obtidas aqui não

podem ser generalizadas. São apenas hipóteses fundamentadas em conceitos

conhecidos e aceitos pela comunidade científica e que, portanto, ainda

requerem comprovação estatística. Uma sugestão apropriada nestes casos

seria o aprofundamento do estudo com trabalhos qualitativos e estatísticos. No

entanto, não vemos grande contribuição de um estudo deste tipo sobre as

hipóteses aqui levantadas, por uma razão bastante simples: como há indícios

de que o VMI será aplicado num futuro próximo no setor de materiais de

construção, não há por que continuar estudando os motivos do relativo atraso

no uso da técnica.

Caso estes indícios não sejam efetivamente constatados e o VMI se torne uma

prática sem aplicação no setor, aí sim caberia o aprofundamento do estudo

com uma abordagem estatística.

Muitos outros estudos podem ser desenvolvidos adicionalmente. Embora muito

se fale sobre a melhora no relacionamento entre os parceiros, em virtude do

VMI e de outras práticas colaboracionistas, os estudos documentados, como o

da ECR Brasil (1998), abordam apenas o nível de estoques e o nível de

95

Page 107: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

serviço. Claro que o benefício no relacionamento é muito mais difícil de ser

medido, já que os critérios e os indicadores, assim como o próprio benefício,

carregam importante característica subjetiva. Assim, critérios de medição

adotados para estes estudos seriam criticados por uns e aclamados por outros.

Além disto, já que os benefícios apontados como resultado deste

relacionamento melhorado são tão genéricos quanto quaisquer outros, seria

extremamente difícil desvincular dos demais, os benefícios resultantes

exclusivamente do relacionamento. Por exemplo, como afirmar que o aumento

de vendas foi resultado do relacionamento melhorado? Da promoção? Da nova

embalagem? Da nova posição de exposição?

Outro estudo que não está documentado, mas que seria extremamente válido,

trata da diminuição dos custos administrativos pela implementação do VMI.

Embora este tenha sido apontado como o mais importante benefício da

ferramenta para os varejistas, os estudos documentados também não abordam

este tema. Como comentado por JAMES et ai (2000), esta tarefa pode ser

muito difícil em virtude da inexistência de transparência de custos. Segundo os

autores, até mesmo contando com a colaboração entre parceiros, pode ser

muito difícil determinar estes custos objetivamente. O campo da contabilidade

gerencial estuda este assunto largamente e ainda há controvérsias a respeito

da melhor maneira de contabilizar custos indiretos em certas atividades.

7.6- As contribuições deste trabalho

A grande contribuição deste trabalho é de abordar uma cadeia tão importante _:_ _____ ___::____ _____ ~---~~ ~-~~

para a economia brasileira mas que, no entanto, parece ser negligenciada pelo --=----:-~-:-::-----=---:----::-:::------· -~~~ ·-~«·~- ~ _, ~~~~~~--~~ meio científic<?_. Do VMI ao gerenciamento das cadeias de suprimentos, ao-· marketing aos recursos humanos, a dificuldade de se encontrar textos sobre o

setor de materiais de construção é enorme.

Não foi possível encontrar um texto científico sequer em nenhuma das fontes

de pesquisa disponíveis para este pesquisador, a saber: biblioteca da EAESP

da Fundação Getúlio Vargas, biblioteca de dissertações do CAPES, biblioteca

96

Page 108: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

virtual da USP, Internet em geral, bibliotecas de publicações eletrônicas como

Proquest, Emerald, JSTOR. O único texto de abordagem científica, com

informações e dados valiosos para este trabalho, foi encontrado na biblioteca

virtual do SEBRAE (informações nas referências bibliográficas). Demais

informações foram retiradas das entrevistas e de publicações jornalísticas da

ANAMACO.

A grande maioria dos textos relaciona-se ao varejo supermercadista e portanto,

apesar das similaridades entre os setores, não é possível tirar conclusões sem

risco de cometer enganos. Ainda assim, por entrar em um assunto tão pouco

estudado, este trabalho torna-se único no Brasil. A esperança é que ele

incentive novos estudos sobre o setor varejista de materiais de construção,

sejam sobre VMI, cadeia de suprimentos ou qualquer outro assunto de

relevância acadêmica. Afinal, investimento em conhecimento é, há algum

tempo, considerado o de melhor retorno. Conhecimento este, que poderá

ajudar no desenvolvimento de um setor tão importante para nossa economia.

7.7- A contribuição do trabalho para o autor

É importante também ressaltar a importância de um trabalho como este para o

pesquisador. Claro que há um sentimento de grande satisfação pessoal, de

dever cumprido, em chegar a estas últimas linhas. Afinal, não é assim tão

simples concatenar idéias de tantos autores em um texto que faça sentido,

ainda por cima mantendo o rigor científico exigido para a validade do trabalho.

Mas, a satisfação de contribuição para a sociedade, colocando lado a lado

conhecimento sobre VMI, cadeias de suprimento e mercado de materiais de

construção no Brasil, é ainda maior.

Mais um comentário pessoal sobre os efeitos do rigor científico sobre a mente

deste pesquisador. E aqui me dou o direito de deixar a formalidade de lado. Ao

iniciar este trabalho, apesar até de alguns elogios anteriores, meus textos eram

ruins, com muitas partes sem fundamentação e sem objetivo. Após escrever e

reescrever, ser "martelado" pelo Henrique (Corrêa, Mestre e sábio Orientador)

97

Page 109: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

com pedidos por metodologia e fundamentação, finalmente o trabalho começou

a fluir. Não sem razão, agradeço ao Henrique por evitar a via fácil de me

"conduzir pelas mãos" através do trabalho e me desafiar a encontrar meu

próprio assunto, meus próprios objetivos, meu próprio estilo. Ao escrever os

últimos capítulos e conclusões, já podia sentir a diferença na facilidade de

construção do pensamento através dos textos. Espero que esta diferença não

seja notada e que todo o texto pareça coeso, claro e interessante de se ler.

98

Page 110: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COOPER, DONALD R. e SCHINDLER, PAMELA S. Business Research Methods. 7a Edição. Estados Unidos, McGraw-Hill/lrwin, 2001.

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CORRÊA, HENRIQUE L. et ai. Planejamento, Programação e Controle da produção. 4a Edição, São Paulo, Editora Atlas, 2001.

99

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GIANNAKIS, M. The history of the development of supply chain management and future direction for building a new academic discipline. In: Proceedings of the European Operations Management Association, 8th lnternational Annual Conference, p.319-332, 2001 apud ABRAMCZUK, ANDRÉ A. Os Relacionamentos na cadeia de Suprimento · Sob o Paradigma da Desintegração Vertical de Processos: Um Estudo de caso. 2001.193 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.

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KOTLER, PHILIP. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle. 5ª Edição. São Paulo. Editora Atlas, 1998.

100

\\\(\\~\,

Page 112: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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101

Page 113: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

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102

Page 114: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

9- ANEXOS

Questionário VIABILIDADE

Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos):

Por favor, responda as perguntas abaixo, baseado nas afirmações

correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas respostas.

~ CONCORDO TOTALMENTE

[U CONCORDO

[2J NEUTRO

0DISCORDO

[U DISCORDO TOTALMENTE

1. Nossa empresa utiliza largamente o VMI (Vendor Managed lnventory).

~0[2]00 Comentário:

2. VMI (Vendor Managed lnventory) é um produto financeiro largamente utilizado nas empresas varejistas.

~012]00 Comentário:

103

Page 115: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

3. Nossa empresa também utiliza uma técnica de gestão de estoques, onde, genericamente, a responsabilidade da gestão de estoques é delegada ao fornecedor de cada produto ou categoria de produtos.

[!]0~00 Comentário:

4. Apesar de conhecer os benefícios do VMI, nunca pensamos em aplicá-lo em nossa empresa, pois temos outras prioridades.

[!]0~00 Comentário:

5. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a, ainda em discussão, padronização dos códigos de barras pela indústria e pelos varejistas do setor de materiais e construção.

[!]0~00 Comentário:

6. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a ainda recente profissionalização da administração, já que os tradicionais acionistas e controladores sempre se mostraram céticos com relação a novas técnicas de gestão.

[!]0~00 Comentário:

7. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a informalidade que domina as pequenas empresas varejistas do setor. Estas empresas têm grande interesse em manter esta informalidade e a automação necessária para o VMI seria um risco para esta situação. Como o mercado das pequenas empresas é muito grande, as indústrias não têm incentivo para desenvolver o VMI apenas para minha empresa.

[!]0~00

104

Page 116: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Comentário:

8. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a, ainda recente, automação da empresa, que só recentemente implantou um ERP moderno e integrou todos os seus sistemas e bancos de dados.

[!]0~00 Comentário:

9. Nossa empresa ainda não está preparada para a utilização do VMI. Dentre as principais barreiras à sua implantação, podemos apontar a falta de recursos de tecnologia de informação (EDI, Internet) em nossos parceiros, o que inviabilizaria o acesso ao nível do estoque e aos padrões de consumo no varejo.

[!]0~00 Comentário:

10. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a melhora nos custos administrativos de gerenciamento dos estoques (custos de pedidos, de estocagem, de manuseio, etc).

[!]0~00 Comentário:

11. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a redução nos níveis de estoque.

[!]0~00 Comentário:

12. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a transferência de custos para o fornecedor.

105

Page 117: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Comentário:

13. Dentre as vantagens proporcionadas pelo VMI, podemos citar, como mais importante, a suavização da demanda para o fornecedor.

[U[i]~GJ[U Comentário:

14. Já procuramos nossos parceiros para tentarmos a implantação de um sistema VMI, mas nenhum deles mostrou interesse, pois temem que a troca acentuada de informações sigilosas entre fornecedor e cliente possa ser prejudicial para seus negócios.

CU0~00 Comentário:

15. Nas discussões que tivemos na empresa sobre o VMI, a alta direção sempre esteve envolvida e sempre apoiou a tentativa de implantação do sistema junto a nossos parceiros.

CU0~00 Comentários:

16. Já realizamos um projeto piloto de VMI com alguns parceiros, porém os resultados foram insatisfatórios.

CU0~00 Comentários:

17.Acreditamos que o VMI não é uma técnica adequada ao setor de materiais de construção, pois o mesmo tem características muito especiais.

106

Page 118: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Em caso afirmativo, explique que características são essas com relação às dimensões

solicitadas abaixo:

Características de Produto: Relacionamento cliente x fornecedor:

18. Troca de informações sigilosas: Características de demanda: Outras:

Comentários:

19. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação pretendida entre a sua empresa e o parceiro com o qual você realizaria o VMI?

Da)

D b)

Comentários:

Nossa relação com nossos parceiros VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os parceiros. Nosso contrato com os parceiros de VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente.

Nossa relação com nossos parceiros de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos parceiros cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato.

20. No contrato que sua empresa pretendia fechar com os parceiros VMI haveria cláusulas restringindo quais aspectos abaixo?

1. Restrições Operacionais

Espaço máximo de estocagem alocado O

107

Page 119: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Perfis de demanda O

Perfis das entregas

Período de notificação O

Tamanho mínimo de lote O

Janelas de entrega O

2. Medidas de performance

Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações)

Propriedade do estoque pelo cliente

Nível de estoque O

Giro de estoque O

3. Responsabilidades

Seguro 0

Obsolescência O

Deterioração e danos O

4. Critério de terminação O

Comentários:

21. Acreditamos que o VMI não seria uma técnica adequada de reposição para nossa empresa, pois os produtos dentro do sistema VMI não teriam um fornecedor exclusivo.

Comentários:

108

o

Page 120: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Caso sua empresa não tenha participado de um projeto piloto de

implantação de VMI, o questionário encerra-se aqui!

Caso contrário, responda as perguntas a seguir conforme a orientação abaixo: Se estiver respondendo como varejista, prossiga somente até a pergunta 27. Se estiver respondendo como fornecedor, responda somente as questões

22.Após a implementação do VMI, percebemos sensível redução de custos administrativos como resultado da eliminação de uma série de transações formais. (Por exemplo, o recebimento e processamento de uma única fatura men,§.ª!L,

. [QL2J~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

23.Após a implementação do VMI, percebemos aumento significativo no nível de serviço e disponibilidade dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

CQ0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

24.Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa no espaço de armazenagem necessário para os produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

CQ0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

25.Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa nos níveis de estoque dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

CQ0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

109

Page 121: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

26.Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens pela utilização de ativos específicos e recursos humanos do fornecedor. Caso contrário, teríamos que fazer investimentos de capital, com impactos nos índices financeiros da empresa.

[!]0~00

Descreva os indicadores utilizados para esta medição

27. Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens da utilização do conhecimento e especialização do fornecedor na administração dos estoques dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema.

Descreva os indicadores utilizados para esta medição

28.Após a implementação do VMI, percebemos suavização na demanda dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema.

[!]0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

29.Após a implementação do VMI, percebemos um aumento na nossa flexibilidade operacional, resultante da possibilidade de alterar prazos e volumes de entrega de acordo com a demanda "real" percebida sem prejudicar o nível de serviço e disponibilidade para o cliente.

[!]0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

30.Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois os atuais altos custos de mudança de fornecedor criam uma barreira à entrada de novos fornecedores.

[!]0~00

110

Page 122: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

31.Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois o nível de informação que obtemos atualmente nos proporciona uma melhor posição durante a renegociação de contratos.

GJ0[2]00 Comentários

111

Page 123: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Questionário CLIENTE

Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos):

Por favor, responda as perguntas abaixo baseado nas afirmações

correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas respostas. Considere

apenas produtos ou linhas de produtos cujo fornecedor tem uma relação VMI

com sua empresa.

Q CONCORDO TOTALMENTE

0 CONCORDO

~NEUTRO

GJ DISCORDO

0 DISCORDO TOTALMENTE

1. O VMI foi escolhido como técnica de reposrçao, pois proporciona primordialmente melhora nos custos administrativos de gerenciamento dos estoques (custos de pedidos, de estocagem, de manuseio, etc).

Q0~00 Comentário:

2. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente redução nos níveis de estoque.

Q0~00 Comentário:

112

Page 124: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

3. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois é uma técnica que permite transferir custos para o fornecedor.

GJ0[2]00 Comentário:

4. A iniciativa da implantação do VMI partiu da nossa empresa, pois não havia interesse dos fornecedores numa relação VMI.

GJ0[2]00 Comentário:

5. Os fornecedores foram escolhidos com base no tamanho dos estoques de seus produtos na minha empresa e na possibilidade de redução nos custos de estoque.

GJ0[2]00 Comentário:

6. Os produtos escolhidos para fornecimento através de VMI são considerados produtos C numa curva ABC.

GJ0[2]00 Comentários:

7. Alguns dos produtos escolhidos para fornecimento através de VMI em minha empresa foram assim escolhidos, pois era impossível para nós, prever sua demanda. Por outro lado, o conhecimento do nosso fornecedor sobre estes produtos propiciava previsões mais corretas.

GJ0[2]00 Comentários:

8. Temos a participação de vários departamentos da empresa no processo de implantação e gerenciamento do VMI e não somente da área de compras.

113

Page 125: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

[!][2]~00 Comentários:

9. Propriedades físicas não usuais podem ser definidas em termos de fragilidade, tamanho, peso ou dimensões. Propriedades físicas não usuais requerem habilidades de manuseio e estocagem muito diferentes das que sua empresa está acostumada a usar na maioria dos seus produtos. Estas propriedades não usuais resultam em custos e manuseio desproporcionais aos praticados nos demais produtos comercializados pela sua empresa.

Os produtos repostos pelo VMI na minha empresa apresentam propriedades fisicas não usuais.

Comentários:

10. Os produtos considerados para a implementação do VMI na minha empresa são produtos de baixo volume, isto é, produtos que são vendidos ou repostos em uma única unidade, que demonstram demanda independente ou são considerados de "baixa venda" (baixo giro de estoque).

[!] Comentários:

11. Os produtos considerados para a implementação do VMI na minha empresa são produtos de baixo custo/volume unitário.

[!][2]~00 Comentários:

12. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa têm uma clara conotação tática, isto é, são produtos onde a gerência de estoque prioriza a eficiência (nível de serviço) e busca minimizar os recursos usados na sua aquisição (baixos custos de transação).

[!][2]~00

114

Page 126: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Comentários:

13.1 '=m=-=l=n-.:::-ha-=--=e=m=p=r=e-=s-=a....,a=p=r=e-=-s-=-e=ntr:a~sl=m=lr::la=r=lar=a"""'dr=e--=v"""l=su:-:-a=l.-e=--=a""""m=p.,.,l-=-a--=g=a:::-::m=a-, =1s-rto:::--:!:e-, -=s..,.,a....,.o____j freqüentemente confundidos entre si, o que causa problemas durante o "picking" ou o abastecimento de prateleiras/gôndolas.

Comentários:

14. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa apresentam imprevisibilidade estrutural de demanda (exemplos são livros "best-seller", moda) e o fornecedor tem melhores condições de gerenciá-la.

Comentários:

15. Os produtos considerados na implementação do VMI na minha empresa são de grande importância para o meu fornecedor, ou seja, representam uma fatia significativa da sua receita.

Comentários:

16. No sistema VMI da sua empresa, quem detém a propriedade do estoque, sua empresa ou o fornecedor?

Minha empresa O Fornecedor O

Comentários:

17. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação entre a sua empresa e o fornecedor com o qual você realiza o VMI?

115

Page 127: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

O a) Nossa relação com nossos fornecedores VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os fornecedores. Nosso contrato com os fornecedores de VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente.

O b) Nossa relação com nossos fornecedores de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos fornecedores cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato.

Comentários:

18. No contrato entre sua empresa e o fornecedor há cláusulas restringindo quais aspectos abaixo?

1. Restrições Operacionais

Espaço máximo de estocagem alocado O

Perfis de demanda O

Perfis das entregas

Período de notificação O

Tamanho mínimo de lote O

Janelas de entrega O

2. Medidas de performance

Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações)

Propriedade do estoque pelo cliente

Nível de estoque O

116

o

Page 128: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Giro de estoque O

3. Responsabilidades

Seguro o

Obsolescência O

Deterioração e danos O

4. Critério de terminação O

Comentários:

19. Meu fornecedor é único nas categorias de produto ou produtos que temos dentro do sistema VMI.

[!]0~00 Comentários:

20. Nosso fornecedor, nas categorias de produto ou produtos dentro do sistema VMI, tem acesso livre e em tempo real à informações sigilosas de vendas e nível de estoque.

Comentários:

21. Usamos, nas nossas relações de VMI, algum tipo de tecnologia de informação (EDI, Internet) que nos permita acesso ao nível do estoque e aos padrões de consumo.

[!]0~00 Comentários:

I

-I

Page 129: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

22. Nosso fornecedor tem uma biblioteca de algoritmos para diversos modelos de gestão estoque que se adaptam a cada situação de demanda de cada produto.

Q0~00 Comentários:

23. Nosso fornecedor desenvolve os propnos algoritmos para gerenciamento de estoques, especificamente para situação de demanda de cada produto, e os adaptam conforme aprendem mais profundamente sobre a demanda deste produto.

Q0~00 Comentários:

24. Depois do período inicial de implantação do sistema VMI, nunca mais fizemos intervenções nos pedidos sugeridos pelo fornecedor, salvo em situações especiais de variação da demanda, como por exemplo, promoções. Não revisamos cada pedido.

Q0~00 Comentários:

25.Após a implementação do VMI, percebemos sensível redução de custos administrativos como resultado da eliminação de uma série de transações formais. (Por exemplo, o recebimento e processamento de uma única fatura men,§.illl.,

QL2J~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

26.Após a implementação do VMI, percebemos aumento significativo no nível de serviço e disponibilidade dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

Q0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

118 f\ I '

Page 130: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

27.Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa no espaço de armazenagem necessário para os produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

[!]0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição

28.Após a implementação do VMI, percebemos redução significativa nos níveis de estoque dos produtos ou categorias de produtos repostos pelo sistema.

~Descreva os indicadores utilizados para esta medição

29.Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens pela utilização de ativos específicos e recursos humanos do fornecedor. Caso contrário, teríamos que fazer investimentos de capital, com impactos nos índices financeiros da empresa.

[!]0~00

Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

30.Após a implementação do VMI, percebemos as vantagens da utilização do conhecimento e especialização do fornecedor na administração dos estoques dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema.

Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

119

Page 131: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Questionário FORNECEDOR

Identificação do respondente Empresa: Nome: Cargo: Tempo na empresa (em anos): Tempo de experiência no cargo (em anos): Tempo de experiência com VMI (em anos):

Por favor, quando aplicável, responda as perguntas abaixo, baseado

nas afirmações correspondentes. Utilize a graduação abaixo nas suas

respostas. Considere apenas os clientes com os quais você tem um a relação

VMI.

GJ CONCORDO TOTALMENTE

(2] CONCORDO

~NEUTRO

[U DISCORDO

0 DISCORDO TOTALMENTE

1. O VMI foi escolhido como técnica de reposição, pois proporciona primordialmente suavização da demanda.

GJ0~00 Comentário:

2. O VMI foi escolhido como técnica de repos1çao, pois proporciona . primordialmente melhora nos índices de nível de serviço nos clientes. ;

GJ0~00 Comentário:

3. A iniciativa da implantação do VMI partiu da nossa empresa, pois havia muito interesse em fornecer uma solução VMI como um serviço de valor

120

Page 132: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

agregado para nossos clientes, que fosse capaz de reduzir custos e melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos.

[!]0~00 Comentário:

4. Os fornecedores foram escolhidos com base no tamanho dos estoques de seus produtos na minha empresa e na possibilidade de redução nos custos de estoque.

[!]0~00 Comentário:

5. Os produtos escolhidos para fornecimento através de VMI são considerados, em nossos clientes, produtos C numa curva ABC.

[!]0~00 Comentários:

6. Temos a participação de vários departamentos da empresa no processo de implantação e gerenciamento do VMI e não somente da área de logística/suprimentos.

[!]0~00 Comentários:

7. Propriedades físicas não usuais podem ser definidas em termos de fragilidade, tamanho, peso ou dimensões. Propriedades físicas não usuais requerem habilidades de manuseio e estocagem muito diferentes das que seus clientes estão acostumados a usar na maioria dos seus produtos. Estas propriedades não usuais resultam em custos e manuseio desproporcionais aos praticados nos demais produtos comercializados pelos seus clientes.

Os produtos repostos pelo VMI apresentam propriedades físicas não usuais.

121

l

Page 133: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Comentários:

8. Os produtos considerados para a implementação do VMI nos meus clientes, são produtos de baixo volume, isto é, produtos que são vendidos ou repostos em uma única unidade, que demonstram demanda independente ou são considerados de "baixa venda" (baixo giro de estoque) para o cliente.

GJ~~00 Comentários:

9. Os produtos considerados para a implementação do VMI nos meus clientes, são produtos de baixo custo/volume unitário.

Comentários:

1 O. Os produtos considerados na implementação do VMI em meus clientes têm uma clara conotação tática, isto é, são produtos onde a gerência de estoque do cliente prioriza a eficiência (nível de serviço) e busca minimizar os recursos usados na sua aquisição (baixos custos de transação).

GJ~~00 Comentários:

11.A categoria dos produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes apresenta similaridade visual e ampla gama, isto é, são freqüentemente confundidos entre si, o que causa problemas durante o "picking" ou o abastecimento de prateleiras/gôndolas.

GJ~~00 Comentários:

122

Page 134: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

12. Os produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes apresentam imprevisibilidade estrutural de demanda (exemplos são livros "best-seller", moda) e minha empresa, como fornecedor, tem melhores condições de gerenciar esta atividade.

Q0[2]00 Comentários:

13. Os produtos considerados na implementação do VMI nos meus clientes são de grande importância para o minha empresa, ou seja, representam uma fatia significativa da minha receita.

Q[2][2]00 Comentários:

14. No sistema VMI da sua empresa, quem detém a propriedade do estoque, sua empresa ou o cliente?

Minha empresa D Cliente O

Comentários:

15. Qual das afirmações abaixo se aproxima mais da relação entre a sua empresa e o cliente com o qual você realiza o VMI?

Da) Nossa relação com nossos clientes VMI é caracterizada pela confiança total e mútua. Estamos dispostos a fazer sempre mais do que está expressamente determinado no contrato em nome do relacionamento que temos com os clientes. Nosso contrato com os clientes VMI é bastante simples para permitir flexibilidade e os problemas são sempre negociados de maneira a aumentar os ganhos mutuamente.

O b) Nossa relação com nossos clientes de VMI está detalhada no contrato. Esperamos que nossos clientes cumpram os objetivos ali detalhados, sob o risco de incorrerem em penalidades, incluindo-se o do término do contrato.

Comentários:

123

Page 135: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

16. No contrato firmado entre sua empresa e o cliente, há cláusulas restringindo quais aspectos abaixo?

1. Restrições Operacionais

Espaço máximo de estocagem alocado D

Perfis de demanda D

Perfis das entregas

Período de notificação D

Tamanho mínimo de lote D

Janelas de entrega D

2. Medidas de performance

Nível de serviço (incluindo previsão de demanda e variações) D

Propriedade do estoque pelo cliente

Nível de estoque D

Giro de estoque D

3. Responsabilidades

Seguro o Obsolescência D

Deterioração e danos D

4. Critério de terminação D

Comentários:

124

- ..........

Page 136: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

17. Somos o único fornecedor de nossos clientes nas categorias de produto ou produtos que temos dentro do sistema VMI.

~0[2]00 Comentários:

18. Temos, em clientes cujas categorias de produto ou produtos estão dentro do sistema VMI, acesso livre e em tempo real à informações sigilosas de vendas e nível de estoque.

~0[2]00 Comentários:

19. Usamos, nas nossas relações de VMI, algum tipo de tecnologia de informação (EDI, Internet) que nos permita acesso ao nível do estoque e a padrões de consumo.

~0[2]00 Comentários:

20. Temos uma biblioteca de algoritmos para diversos modelos de gestão estoque que se adaptam a cada situação de demanda de cada produto.

~0[2]00 Comentários:

21. Desenvolvemos nossos propnos algoritmos para gerenciamento de estoques, especificamente para situação de demanda de cada produto, e os adaptamos conforme aprendemos mais profundamente sobre a demanda deste produto.

~0[2]00 Comentários:

125

Page 137: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

22. Depois do período inicial de implantação do sistema VMI, o cliente nunca mais fez intervenções nos pedidos sugeridos por nós, salvo em situações especiais de variação da demanda, como por exemplo, promoções. Nosso cliente não revisa cada pedido.

GJ0~00 Comentários:

23. Após a implementação do VMI, percebemos suavização na demanda dos produtos ou categorias de produtos transacionados pelo sistema.

GJ0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

24.Após a implementação do VMI, percebemos um aumento na nossa flexibilidade operacional, resultante da possibilidade de alterar prazos e volumes de entrega de acordo com a demanda "real" percebida sem prejudicar o nível de serviço e disponibilidade para o cliente.

GJ0~00 Descreva os indicadores utilizados para esta medição:

25.Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois os atuais altos custos de mudança de fornecedor criam uma barreira à entrada de novos fornecedores.

GJ0~00 Descreva os indicadores utilizados_12ara esta medicão:

26.Após a implementação do VMI, percebemos um benefício estratégico na nossa relação com os clientes, pois o nível de informação que obtemos atualmente nos proporciona uma melhor posição durante a renegociação de contratos.

GJ0~00 Comentários

126

Page 138: Marcelo Jannarelli Urquiza ERRATA-VMI na Cadeia de

Questionário SETOR

1. A ANAMACO tem conhecimento de uso de VMI entre os seus

associados?

2. Em caso positivo, descreva o atual cenário de implantação de sistemas de VMI nas empresas varejistas de materiais de construção brasileiras.

3. Alguma das estatísticas abaixo está disponível?

D %, em faturamento, de mercadorias comercializadas através de VMI.

D %, de empresas com sistemas VMI em funcionamento.

D Porte de empresas com sistemas de VMI em funcionamento

D Estatísticas sobre os resultados dos sistemas VMI em funcionamento

D Regiões do Brasil com maior número de empresas com VMI em funcionamento

D Grau de informatização de empresas com VMI em funcionamento

D Meios para transmissão de dados (Internet, EDS, e-mail, outros)

4. Existe algum programa de divulgação de sistemas VMI para os associados da ANAMACO?

5. Há algum programa voltado para o ensino dos conceitos de VMI aos associados da ANAMACO?

6. A ANAMACO procura incentivar o uso de VMI pelos seus associados?

7. A ANAMACO já foi procurada por fornecedores ou associações de fornecedores, com o intuito de facilitar a implantação de sistemas VMI nos seus associados?

8. Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelas empresas na implantação de sistemas VMI?

9. Quais os resultados alcançados pelas empresas que adotaram VMI

como técnica de reposição?

1 O. Comentários livres

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