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Marco Civil Da Internet

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trabalho de informatica

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LEI N 12.965, DE23 DE ABRIL DE 2014.CAPTULO IDISPOSIES PRELIMINARES

Art. 1oEsta Lei estabelece princpios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para atuao da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios em relao matria.

Art. 2oA disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento o respeito liberdade de expresso, bem como:

I - o reconhecimento da escala mundial da rede;

II - os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o exerccio da cidadania em meios digitais;

III - a pluralidade e a diversidade;

IV - a abertura e a colaborao;

V - a livre iniciativa, a livre concorrncia e a defesa do consumidor; e

VI - a finalidade social da rede.

Art. 3oA disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes princpios:

I - garantia da liberdade de expresso, comunicao e manifestao de pensamento, nos termos da Constituio Federal;

II - proteo da privacidade;

III - proteo dos dados pessoais, na forma da lei;

IV - preservao e garantia da neutralidade de rede;

V - preservao da estabilidade, segurana e funcionalidade da rede, por meio de medidas tcnicas compatveis com os padres internacionais e pelo estmulo ao uso de boas prticas;

VI - responsabilizao dos agentes de acordo com suas atividades, nos termos da lei;

VII - preservao da natureza participativa da rede;

VIII - liberdade dos modelos de negcios promovidos na internet, desde que no conflitem com os demais princpios estabelecidos nesta Lei.

Pargrafo nico. Os princpios expressos nesta Lei no excluem outros previstos no ordenamento jurdico ptrio relacionados matria ou nos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

Art. 4oA disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a promoo:

I - do direito de acesso internet a todos;

II - do acesso informao, ao conhecimento e participao na vida cultural e na conduo dos assuntos pblicos;

III - da inovao e do fomento ampla difuso de novas tecnologias e modelos de uso e acesso; e

IV - da adeso a padres tecnolgicos abertos que permitam a comunicao, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicaes e bases de dados.

Art. 5oPara os efeitos desta Lei, considera-se:

I - internet: o sistema constitudo do conjunto de protocolos lgicos, estruturado em escala mundial para uso pblico e irrestrito, com a finalidade de possibilitar a comunicao de dados entre terminais por meio de diferentes redes;

II - terminal: o computador ou qualquer dispositivo que se conecte internet;

III - endereo de protocolo de internet (endereo IP): o cdigo atribudo a um terminal de uma rede para permitir sua identificao, definido segundo parmetros internacionais;

IV - administrador de sistema autnomo: a pessoa fsica ou jurdica que administra blocos de endereo IP especficos e o respectivo sistema autnomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional responsvel pelo registro e distribuio de endereos IP geograficamente referentes ao Pas;

V - conexo internet: a habilitao de um terminal para envio e recebimento de pacotes de dados pela internet, mediante a atribuio ou autenticao de um endereo IP;

VI - registro de conexo: o conjunto de informaes referentes data e hora de incio e trmino de uma conexo internet, sua durao e o endereo IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de pacotes de dados;

VII - aplicaes de internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado internet; e

VIII - registros de acesso a aplicaes de internet: o conjunto de informaes referentes data e hora de uso de uma determinada aplicao de internet a partir de um determinado endereo IP.

Art. 6oNa interpretao desta Lei sero levados em conta, alm dos fundamentos, princpios e objetivos previstos, a natureza da internet, seus usos e costumes particulares e sua importncia para a promoo do desenvolvimento humano, econmico, social e cultural.

CAPTULO IIDOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USURIOS

Art. 7oO acesso internet essencial ao exerccio da cidadania, e ao usurio so assegurados os seguintes direitos:

I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteo e indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicaes pela internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei;

III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicaes privadas armazenadas, salvo por ordem judicial;

IV - no suspenso da conexo internet, salvo por dbito diretamente decorrente de sua utilizao;

V - manuteno da qualidade contratada da conexo internet;

VI - informaes claras e completas constantes dos contratos de prestao de servios, com detalhamento sobre o regime de proteo aos registros de conexo e aos registros de acesso a aplicaes de internet, bem como sobre prticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade;

VII - no fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexo, e de acesso a aplicaes de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipteses previstas em lei;

VIII - informaes claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteo de seus dados pessoais, que somente podero ser utilizados para finalidades que:

a) justifiquem sua coleta;

b) no sejam vedadas pela legislao; e

c) estejam especificadas nos contratos de prestao de servios ou em termos de uso de aplicaes de internet;

IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que dever ocorrer de forma destacada das demais clusulas contratuais;

X - excluso definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicao de internet, a seu requerimento, ao trmino da relao entre as partes, ressalvadas as hipteses de guarda obrigatria de registros previstas nesta Lei;

XI - publicidade e clareza de eventuais polticas de uso dos provedores de conexo internet e de aplicaes de internet;

XII - acessibilidade, consideradas as caractersticas fsico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usurio, nos termos da lei; e

XIII - aplicao das normas de proteo e defesa do consumidor nas relaes de consumo realizadas na internet.

Art. 8oA garantia do direito privacidade e liberdade de expresso nas comunicaes condio para o pleno exerccio do direito de acesso internet.

Pargrafo nico. So nulas de pleno direito as clusulas contratuais que violem o disposto nocaput, tais como aquelas que:

I - impliquem ofensa inviolabilidade e ao sigilo das comunicaes privadas, pela internet; ou

II - em contrato de adeso, no ofeream como alternativa ao contratante a adoo do foro brasileiro para soluo de controvrsias decorrentes de servios prestados no Brasil.

CAPTULO IIIDA PROVISO DE CONEXO E DE APLICAES DE INTERNET

Seo IDa Neutralidade de RedeArt. 9oO responsvel pela transmisso, comutao ou roteamento tem o dever de tratar de forma isonmica quaisquer pacotes de dados, sem distino por contedo, origem e destino, servio, terminal ou aplicao.

1oA discriminao ou degradao do trfego ser regulamentada nos termos das atribuies privativas do Presidente da Repblica previstas no inciso IV do art. 84 da Constituio Federal, para a fiel execuo desta Lei, ouvidos o Comit Gestor da Internet e a Agncia Nacional de Telecomunicaes, e somente poder decorrer de:

I - requisitos tcnicos indispensveis prestao adequada dos servios e aplicaes; e

II - priorizao de servios de emergncia.

2oNa hiptese de discriminao ou degradao do trfego prevista no 1o, o responsvel mencionado nocaputdeve:

I - abster-se de causar dano aos usurios, na forma do art. 927 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo Civil;

II - agir com proporcionalidade, transparncia e isonomia;

III - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente descritivo aos seus usurios sobre as prticas de gerenciamento e mitigao de trfego adotadas, inclusive as relacionadas segurana da rede; e

IV - oferecer servios em condies comerciais no discriminatrias e abster-se de praticar condutas anticoncorrenciais.

3oNa proviso de conexo internet, onerosa ou gratuita, bem como na transmisso, comutao ou roteamento, vedado bloquear, monitorar, filtrar ou analisar o contedo dos pacotes de dados, respeitado o disposto neste artigo.

Seo IIDa Proteo aos Registros, aos Dados Pessoais e s Comunicaes PrivadasArt. 10. A guarda e a disponibilizao dos registros de conexo e de acesso a aplicaes de internet de que trata esta Lei, bem como de dados pessoais e do contedo de comunicaes privadas, devem atender preservao da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou indiretamente envolvidas.

1oO provedor responsvel pela guarda somente ser obrigado a disponibilizar os registros mencionados nocaput, de forma autnoma ou associados a dados pessoais ou a outras informaes que possam contribuir para a identificao do usurio ou do terminal, mediante ordem judicial, na forma do disposto na Seo IV deste Captulo, respeitado o disposto no art. 7o.

2oO contedo das comunicaes privadas somente poder ser disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do art. 7o.

3oO disposto nocaputno impede o acesso aos dados cadastrais que informem qualificao pessoal, filiao e endereo, na forma da lei, pelas autoridades administrativas que detenham competncia legal para a sua requisio.

4oAs medidas e os procedimentos de segurana e de sigilo devem ser informados pelo responsvel pela proviso de servios de forma clara e atender a padres definidos em regulamento, respeitado seu direito de confidencialidade quanto a segredos empresariais.

Art. 11. Em qualquer operao de coleta, armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicaes por provedores de conexo e de aplicaes de internet em que pelo menos um desses atos ocorra em territrio nacional, devero ser obrigatoriamente respeitados a legislao brasileira e os direitos privacidade, proteo dos dados pessoais e ao sigilo das comunicaes privadas e dos registros.

1oO disposto nocaputaplica-se aos dados coletados em territrio nacional e ao contedo das comunicaes, desde que pelo menos um dos terminais esteja localizado no Brasil.

2oO disposto nocaputaplica-se mesmo que as atividades sejam realizadas por pessoa jurdica sediada no exterior, desde que oferte servio ao pblico brasileiro ou pelo menos uma integrante do mesmo grupo econmico possua estabelecimento no Brasil.

3oOs provedores de conexo e de aplicaes de internet devero prestar, na forma da regulamentao, informaes que permitam a verificao quanto ao cumprimento da legislao brasileira referente coleta, guarda, ao armazenamento ou ao tratamento de dados, bem como quanto ao respeito privacidade e ao sigilo de comunicaes.

4oDecreto regulamentar o procedimento para apurao de infraes ao disposto neste artigo.

Art. 12. Sem prejuzo das demais sanes cveis, criminais ou administrativas, as infraes s normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam sujeitas, conforme o caso, s seguintes sanes, aplicadas de forma isolada ou cumulativa:

I - advertncia, com indicao de prazo para adoo de medidas corretivas;

II - multa de at 10% (dez por cento) do faturamento do grupo econmico no Brasil no seu ltimo exerccio, excludos os tributos, considerados a condio econmica do infrator e o princpio da proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sano;

III - suspenso temporria das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11; ou

IV - proibio de exerccio das atividades que envolvam os atos previstos no art. 11.

Pargrafo nico. Tratando-se de empresa estrangeira, responde solidariamente pelo pagamento da multa de que trata ocaputsua filial, sucursal, escritrio ou estabelecimento situado no Pas.

Subseo IDa Guarda de Registros de ConexoArt. 13. Na proviso de conexo internet, cabe ao administrador de sistema autnomo respectivo o dever de manter os registros de conexo, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurana, pelo prazo de 1 (um) ano, nos termos do regulamento.

1oA responsabilidade pela manuteno dos registros de conexo no poder ser transferida a terceiros.

2oA autoridade policial ou administrativa ou o Ministrio Pblico poder requerer cautelarmente que os registros de conexo sejam guardados por prazo superior ao previsto nocaput.

3oNa hiptese do 2o, a autoridade requerente ter o prazo de 60 (sessenta) dias, contados a partir do requerimento, para ingressar com o pedido de autorizao judicial de acesso aos registros previstos nocaput.

4oO provedor responsvel pela guarda dos registros dever manter sigilo em relao ao requerimento previsto no 2o, que perder sua eficcia caso o pedido de autorizao judicial seja indeferido ou no tenha sido protocolado no prazo previsto no 3o.

5oEm qualquer hiptese, a disponibilizao ao requerente dos registros de que trata este artigo dever ser precedida de autorizao judicial, conforme disposto na Seo IV deste Captulo.

6oNa aplicao de sanes pelo descumprimento ao disposto neste artigo, sero considerados a natureza e a gravidade da infrao, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo infrator, as circunstncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidncia.

Subseo IIDa Guarda de Registros de Acesso a Aplicaes de Internet na Proviso de ConexoArt. 14. Na proviso de conexo, onerosa ou gratuita, vedado guardar os registros de acesso a aplicaes de internet.

Subseo IIIDa Guarda de Registros de Acesso a Aplicaes de Internet na Proviso de AplicaesArt. 15. O provedor de aplicaes de internet constitudo na forma de pessoa jurdica e que exera essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econmicos dever manter os respectivos registros de acesso a aplicaes de internet, sob sigilo, em ambiente controlado e de segurana, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do regulamento.

1oOrdem judicial poder obrigar, por tempo certo, os provedores de aplicaes de internet que no esto sujeitos ao disposto nocaputa guardarem registros de acesso a aplicaes de internet, desde que se trate de registros relativos a fatos especficos em perodo determinado.

2oA autoridade policial ou administrativa ou o Ministrio Pblico podero requerer cautelarmente a qualquer provedor de aplicaes de internet que os registros de acesso a aplicaes de internet sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto nocaput, observado o disposto nos 3oe 4odo art. 13.

3oEm qualquer hiptese, a disponibilizao ao requerente dos registros de que trata este artigo dever ser precedida de autorizao judicial, conforme disposto na Seo IV deste Captulo.

4oNa aplicao de sanes pelo descumprimento ao disposto neste artigo, sero considerados a natureza e a gravidade da infrao, os danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo infrator, as circunstncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidncia.

Art. 16. Na proviso de aplicaes de internet, onerosa ou gratuita, vedada a guarda:

I - dos registros de acesso a outras aplicaes de internet sem que o titular dos dados tenha consentido previamente, respeitado o disposto no art. 7o; ou

II - de dados pessoais que sejam excessivos em relao finalidade para a qual foi dado consentimento pelo seu titular.

Art. 17. Ressalvadas as hipteses previstas nesta Lei, a opo por no guardar os registros de acesso a aplicaes de internet no implica responsabilidade sobre danos decorrentes do uso desses servios por terceiros.

Seo IIIDa Responsabilidade por Danos Decorrentes de Contedo Gerado por TerceirosArt. 18. O provedor de conexo internet no ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de contedo gerado por terceiros.

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expresso e impedir a censura, o provedor de aplicaes de internet somente poder ser responsabilizado civilmente por danos decorrentes de contedo gerado por terceiros se, aps ordem judicial especfica, no tomar as providncias para, no mbito e nos limites tcnicos do seu servio e dentro do prazo assinalado, tornar indisponvel o contedo apontado como infringente, ressalvadas as disposies legais em contrrio.

1oA ordem judicial de que trata ocaputdever conter, sob pena de nulidade, identificao clara e especfica do contedo apontado como infringente, que permita a localizao inequvoca do material.

2oA aplicao do disposto neste artigo para infraes a direitos de autor ou a direitos conexos depende de previso legal especfica, que dever respeitar a liberdade de expresso e demais garantias previstas no art. 5oda Constituio Federal.

3oAs causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de contedos disponibilizados na internet relacionados honra, reputao ou a direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilizao desses contedos por provedores de aplicaes de internet, podero ser apresentadas perante os juizados especiais.

4oO juiz, inclusive no procedimento previsto no 3o, poder antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, existindo prova inequvoca do fato e considerado o interesse da coletividade na disponibilizao do contedo na internet, desde que presentes os requisitos de verossimilhana da alegao do autor e de fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao.

Art. 20. Sempre que tiver informaes de contato do usurio diretamente responsvel pelo contedo a que se refere o art. 19, caber ao provedor de aplicaes de internet comunicar-lhe os motivos e informaes relativos indisponibilizao de contedo, com informaes que permitam o contraditrio e a ampla defesa em juzo, salvo expressa previso legal ou expressa determinao judicial fundamentada em contrrio.

Pargrafo nico. Quando solicitado pelo usurio que disponibilizou o contedo tornado indisponvel, o provedor de aplicaes de internet que exerce essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins econmicos substituir o contedo tornado indisponvel pela motivao ou pela ordem judicial que deu fundamento indisponibilizao.

Art. 21. O provedor de aplicaes de internet que disponibilize contedo gerado por terceiros ser responsabilizado subsidiariamente pela violao da intimidade decorrente da divulgao, sem autorizao de seus participantes, de imagens, de vdeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de carter privado quando, aps o recebimento de notificao pelo participante ou seu representante legal, deixar de promover, de forma diligente, no mbito e nos limites tcnicos do seu servio, a indisponibilizao desse contedo.

Pargrafo nico. A notificao prevista nocaputdever conter, sob pena de nulidade, elementos que permitam a identificao especfica do material apontado como violador da intimidade do participante e a verificao da legitimidade para apresentao do pedido.

Seo IVDa Requisio Judicial de RegistrosArt. 22. A parte interessada poder, com o propsito de formar conjunto probatrio em processo judicial cvel ou penal, em carter incidental ou autnomo, requerer ao juiz que ordene ao responsvel pela guarda o fornecimento de registros de conexo ou de registros de acesso a aplicaes de internet.

Pargrafo nico. Sem prejuzo dos demais requisitos legais, o requerimento dever conter, sob pena de inadmissibilidade:

I - fundados indcios da ocorrncia do ilcito;

II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins de investigao ou instruo probatria; e

III - perodo ao qual se referem os registros.

Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providncias necessrias garantia do sigilo das informaes recebidas e preservao da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem do usurio, podendo determinar segredo de justia, inclusive quanto aos pedidos de guarda de registro.

CAPTULO IVDA ATUAO DO PODER PBLICO

Art. 24. Constituem diretrizes para a atuao da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios no desenvolvimento da internet no Brasil:

I - estabelecimento de mecanismos de governana multiparticipativa, transparente, colaborativa e democrtica, com a participao do governo, do setor empresarial, da sociedade civil e da comunidade acadmica;

II - promoo da racionalizao da gesto, expanso e uso da internet, com participao do Comit Gestor da internet no Brasil;

III - promoo da racionalizao e da interoperabilidade tecnolgica dos servios de governo eletrnico, entre os diferentes Poderes e mbitos da Federao, para permitir o intercmbio de informaes e a celeridade de procedimentos;

IV - promoo da interoperabilidade entre sistemas e terminais diversos, inclusive entre os diferentes mbitos federativos e diversos setores da sociedade;

V - adoo preferencial de tecnologias, padres e formatos abertos e livres;

VI - publicidade e disseminao de dados e informaes pblicos, de forma aberta e estruturada;

VII - otimizao da infraestrutura das redes e estmulo implantao de centros de armazenamento, gerenciamento e disseminao de dados no Pas, promovendo a qualidade tcnica, a inovao e a difuso das aplicaes de internet, sem prejuzo abertura, neutralidade e natureza participativa;

VIII - desenvolvimento de aes e programas de capacitao para uso da internet;

IX - promoo da cultura e da cidadania; e

X - prestao de servios pblicos de atendimento ao cidado de forma integrada, eficiente, simplificada e por mltiplos canais de acesso, inclusive remotos.

Art. 25. As aplicaes de internet de entes do poder pblico devem buscar:

I - compatibilidade dos servios de governo eletrnico com diversos terminais, sistemas operacionais e aplicativos para seu acesso;

II - acessibilidade a todos os interessados, independentemente de suas capacidades fsico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, mentais, culturais e sociais, resguardados os aspectos de sigilo e restries administrativas e legais;

III - compatibilidade tanto com a leitura humana quanto com o tratamento automatizado das informaes;

IV - facilidade de uso dos servios de governo eletrnico; e

V - fortalecimento da participao social nas polticas pblicas.

Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na prestao da educao, em todos os nveis de ensino, inclui a capacitao, integrada a outras prticas educacionais, para o uso seguro, consciente e responsvel da internet como ferramenta para o exerccio da cidadania, a promoo da cultura e o desenvolvimento tecnolgico.

Art. 27. As iniciativas pblicas de fomento cultura digital e de promoo da internet como ferramenta social devem:

I - promover a incluso digital;

II - buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes regies do Pas, no acesso s tecnologias da informao e comunicao e no seu uso; e

III - fomentar a produo e circulao de contedo nacional.

Art. 28. O Estado deve, periodicamente, formular e fomentar estudos, bem como fixar metas, estratgias, planos e cronogramas, referentes ao uso e desenvolvimento da internet no Pas.

CAPTULO VDISPOSIES FINAIS

Art. 29. O usurio ter a opo de livre escolha na utilizao de programa de computador em seu terminal para exerccio do controle parental de contedo entendido por ele como imprprio a seus filhos menores, desde que respeitados os princpios desta Lei e daLei no8.069, de 13 de julho de 1990- Estatuto da Criana e do Adolescente.

Pargrafo nico. Cabe ao poder pblico, em conjunto com os provedores de conexo e de aplicaes de internet e a sociedade civil, promover a educao e fornecer informaes sobre o uso dos programas de computador previstos nocaput, bem como para a definio de boas prticas para a incluso digital de crianas e adolescentes.

Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos estabelecidos nesta Lei poder ser exercida em juzo, individual ou coletivamente, na forma da lei.

Art. 31. At a entrada em vigor da lei especfica prevista no 2odo art. 19, a responsabilidade do provedor de aplicaes de internet por danos decorrentes de contedo gerado por terceiros, quando se tratar de infrao a direitos de autor ou a direitos conexos, continuar a ser disciplinada pela legislao autoral vigente aplicvel na data da entrada em vigor desta Lei.

Art. 32. Esta Lei entra em vigor aps decorridos 60 (sessenta) dias de sua publicao oficial.

Braslia, 23 de abril de 2014; 193oda Independncia e 126oda Repblica.

DILMA ROUSSEFFJos Eduardo CardozoMiriam BelchiorPaulo Bernardo SilvaCllio Campolina Dinizhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm