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PAVERS INTERTRAVADOS Estudo e proposição de formas de
para áreas e passeios públicos
Marcos Antonio Serafim
Bauru | 2010
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho | Unesp
PAVERS INTERTRAVADOS Estudo e proposição de formas de
para áreas e passeios públicos
Marcos Antonio Serafim
Bauru | 2010
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho | Unesp
i
PAVERS INTERTRAVADOS Estudo e proposição de formas de
para áreas e passeios públicos
Marcos Antonio Serafim
Bauru | 2010
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho | Unesp
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Design da Faculdade de Ar-
quitetura, Artes e Comunicação da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, cam-
pus de Bauru, como exigência para obtenção do
título de Mestre em Design.
Área de concentração: Planejamento de Produto
Orientação: Profa. Dra. Aniceh Farah Neves
ii
PAVERS INTERTRAVADOS Estudo e proposição de formas de
para áreas e passeios públicos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gradu-
ação em Design da Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, campus de Bauru, como exigência
para obtenção do título de Mestre em Design.
Área de concentração: Planejamento de Produto.
Bauru | 2010
Banca examinadora:
Prof. Dra. Aniceh Farah Neves - OrientadoraPPGDI | FAAC | UNESP
Prof. Dr. Roberto Alcarria do NascimentoPPGDI | FAAC | UNESP
Prof. Dr. Eduardo QuinteiroFaculdade de Administração e Artes de Limeira
iii
Dedico este trabalho em memória de
iv
Começo agradecendo a Deus. Tenho certeza que foi ele quem me deu forças quando já não mais as tinha para seguir em frente e nunca pensar em desistir.
Por falar em força, registro meu profundo agradecimento à minha orientadora Profa. Aniceh Farah Neves, que em um momento tão delicado de sua vida encontrou tempo para se dedicar à minha orientação. Do fundo do coração eu a agradeço.
À minha família: minha mãe Maria e minhas irmãs Andréia e Ariane, agradeço a preocupação constante, ainda que distantes. É por vocês que quero ser melhor.
A todos meus amigos, que compreenderam minhas ausências e me incentivaram nessa empreitada.À direção do Centro Cerâmico do Brasil que de bom grado cedeu meu tempo de trabalho para que eu pu-desse cumprir meus créditos nas disciplinas.
Às minhas queridas amigas do PPGDI, Patrícia e Raquel, que compartilharam das mesmas angústias comigo: morar longe, trabalhar em tempo integral e ainda conciliar a docência numa instituição de ensino e a discên-cia no PPGDI em Bauru.
Aos meus queridos alunos do curso de Design de Produto da Faculdade de Administração e Artes de Limeira (FAAL), que participaram da pesquisa.
agradecimentos
v
Lista de Figuras viii
Lista de Tabelas xi
Resumo xii
Abstract xiii
Introdução 01
Calçadas brasileiras: algumas considerações históricas 04
sumário
1
vi
Considerações sociais e formais sobre o estado atual dos passeios públicos
A interferência de atores sociais nos passeios públicos
Iniciativas públicas para a melhoria das calçadasSão Paulo: Programa Passeio Livre
Blumenau: Programa Calçadas de Blumenau
Londrina: Programa Calçadas para Todos
Pisos Intertravados - Função, forma e desenho universal
Princípios do desenho universal
Pisos intertravados
Criando módulos e malhas geométricas
Procedimentos de pesquisaPlanejamento em sala de aula
Contextualização
Proposição e conceituação preliminar
Conceitos e desenvolvimento das estruturas
2
3
4
11
11
14141922
27
27
31
39
4040404144
vii
Malhas e módulos
Pavimentação
Simetria
Repetição
Escher e malhas deformadas
Notas sobre o processo de extrusão
Resultados
Trabalho 1
Trabalho 2
Trabalho 3
Trabalho 4
Análise dos resultados
Referências
Anexos
5
4446485152 54
56
57
59
61
63
65
67
68
71
viii
05.....
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18.....
18.....
18.....
19.....
19.....
Figura 1: Calçada da cidade de Elvas em Portugal com aplicação de petit-pavé
Figura 2: Calçada da cidade de Faro em Portugal com aplicação de petit-pavé
Figura 3: Calçada da cidade de Coimbra em Portugal com aplicação de petit-pavé
Figura 4: Calçada da cidade de Lisboa em Portugal com aplicação de petit-pavé
Figura 5: Calçada em Macau com aplicação de petit-pavé
Figura 6: Calçada em Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil com aplicação de petit-pavé
Figura 7: Calçada da cidade de Tupã com a aplicação da logomarca da DKW-Vemag após a restauração e a
rampa de acessibildiade
Figura 9: À esquerda, proposta de Mirthes S. Pinto para o calçamento paulista e à direita o resultado com
alguns anos de deterioração
Figura 10: Rua 25 de março – São Paulo/SP
Figura 11: Exemplos de rebaixos para acesso veicular - São Paulo/SP
Figura 12: Ilustração demonstrando o tamanho padrão para as calçadas de São Paulo
Figura 13: Ilustração demonstrando as 3 faixas de acesso
programa Passeio Livre
Figura 15: Foto da praça da República – São Paulo/SP
Figura 16: Sede da Subprefeitura de São Miguel – São Paulo/SP
Figura 17: Exemplo de calçada na Vila Mariana – São Paulo/SP
Figura 18: Ilustração para espaço de circulação de pessoas com mobilidade restrita
Figura 19: Ilustração para módulo de projeção da cadeira de rodas
lista de figurasPág.
ixFigura 20: Ilustração que dimensiona as calçadas e suas respectivas áreas
Figura 21: Modelos de materiais e processos de colocação e assentamento recomendados
Figura 22: Exemplo de calçada apresentado no Programa Calçadas em Blumenau
Figura 23: Rua XV de Novembro, Blumenau/SC
-
nidos pelo Programa
Figura 25: Modelo de calçada ecológica com as medidas mínimas exigidas
Figura 26: Modelo esquemático para aplicação de concreto alisado
Figura 27: Modelo esquemático para aplicação de piso intertravado
Figura 28: Modelo esquemático para aplicação de piso hidráulico
Figura 29: Modelo esquemático para aplicação de petit-pavet
Figura 30: Mapa com delimitação para aplicação de piso tátil na região central de Londrina
Figura 31: Foto do calçadão de Londrina/PR com o petit-pavet original
Figura 32: Ilustração de ambiente urbano segundo as diretrizes do Desenho Universal
Figura 33: Tipologias de blocos intertravados tipo CP
Figura 34: Exemplo de deslocamento horizontal
Figura 35: Modelos de peças que proporcionam o intertravamento vertical
Figura 36: Exemplo de deslocamento vertical
Figura 37: Exemplo de deslocamento giratório
Figura 38: Sistema de assentamento para blocos intertravados
Figura 39: Paginação em “espinha de peixe”
Figura 40: Exemplos de paginação com diferentes tipologias de pisos intertravados
Figura 41: Tipos de Pisograma
Figura 42: Modelos de pisos intertravados da Geckostone
Figura 43: Obras de M. C. Escher
Figura 44: Exempo de ilustração do livro “Tramas”
Figura 45: Malhas regulares compostas por quadrados, hexágonos regulares e triângulos
20.....
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21.....
21.....
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44.....
xFigura 46: Malha semi-regular composta por quadrados, hexágonos regulares e triângulos
Figura 47: Exemplos de poliminós
Figura 48: Janelas do Palácio de Alhambra - Granada, Espanha
Figura 49: Sequencia de polígonos em justaposição formando uma pavimentação parcial do plano
Figura 51: Simetria rotacional
Figura 52: Simetria translacional
Figura 53: Plano chapado
Figura 54: Plano que exibe detalhes
Figura 55: Linhas
Figura 56: Linhas e planos
Figura 57: Formato texturizado
Figura 59: Repetição - sequencia em quatro sentidos
Figura 60: Repetição - sequencia em seis sentidos
Figura 61: Equivalência
Figura 62: M. C. Escher - pavimentação em paralelogramos
Figura 63: M. C. Escher - pavimentação hexagonal
Figura 64: M. C. Escher - pavimentação com triângulos equiláteros
Figura 65: Detalhe da saída da massa cerâmica da extrusora
Figura 66: Formas geométricas que devem ser evitadas na conformação por extrusão
Figura 67: Trabalho 1 - Módulo
Figura 68: Trabalho 1 - Esboços
Figura 69: Trabalho 1 - Malha
Figura 70: Trabalho 1 - Ambientação
Figura 71 - Trabalho 2 - Módulos
Figura 72 - Trabalho 2 - Malha
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xiFigura 73 - Trabalho 2 - Ambientação
Figura 74 - Trabalho 3 - Módulo
Figura 75 - Trabalho 3 - Modulação
Figura 76 - Trabalho 4 - Módulo e vistas ortogonais
Figura 77 - Trabalho 4 - Ambientação e modulação
Figura 78 - Exemplo de forma incompatível com extrusão
Figura 79 - Exemplo de forma incompatível com extrusão
Tabela 2: Relação da expessura em função das cargas suportadas para blocos intertravados
lista de tabelas
60.....
61.....
62.....
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66.....
66.....
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33.....
xii
A pesquisa propõe uma investigação de formas para o desenvolvimento de pisos intertravados para pavimentação de áreas e passeios públicos. Levando em conta a importância dos passeios públicos nas cidades e a pouca variedade de materiais utilizados nos pavimentos das calçadas, a presente pes-quisa apresenta apontamentos históricos que demonstram a relevância cultural, social e estética dos calçamentos na paisagem urbana. Essa compreensão histórica pontual leva ao estudo do estado atual das calçadas, onde os fatores sociais demonstram grande relevância nesse contexto e as condições físicas e materiais do sistema dos passeios urbanos, demandam iniciativas públicas de participação popular, que empenham a padronização e normalização das calçadas no intuito de colaborar na preservação e acessibilidade dos calçamentos. Dentre os programas investigados é detectado o uso do piso intertravado cimentício como sendo um dos materiais mais recomendados na pavimentação das calçadas, por isso, a pesquisa elabora um estudo formal do intertravamento e dos produtos ci-mentícios existentes. Essas bases conceituais serviram como contextualização do objeto de estudo – o piso intertravado – o que leva a pesquisa a investigar as possibilidades estéticas, propondo o estudo de formas, através de proposições geométricas e modulações que evidenciem e ressaltem o caráter do intertravamento. Tal estudo foi elaborado em sala de aula por alunos do curso de Design dos 7º e 8º semestres da Faculdade de Artes e Administração de Limeira na disciplina de Modelos Cerâmicos.
Palavras-chave: piso intertravado, design cerâmico, calçadas, modulação, paisagem urbana.
resumo
xiii
TTaking into account the importance of public tours in the cities and little variety of materials used in paving the
sidewalks, this research provides insights that demonstrate the historical relevance, social and cultural aesthetics
of sidewalks in the urban landscape. This understanding leads to occasional historical study of the current state
of the sidewalks, where social factors have important relevance in this context and the physical and material
conditions of the system of urban rides, public demand for popular participation initiatives, which engage the
standardization and normalization of sidewalks in intention to collaborate in the preservation and accessibility
material most recommended for paving the sidewalks, so the search prepares a formal study of the interlocking
and existing cementitious products. These served as the conceptual basis of the context object of study - the
by propositions and geometrical modulations that evidence and underscore the character of the interlock. This
study was prepared in the classroom for students of Design of 7 and 8 semesters of the Faculty of Arts and
Administration of Limerick in the discipline of Ceramic Models.
Keywords: interlocked paver, ceramic design, sidewalks, modulation, urban landscape.
abstract
1
Totalmente cimentadas ou concretadas, mosaicos em pedras portuguesas, chão batido, gramado, placas
cimentícias ou pisos intertravados. Esses são alguns dos diversos processos utilizados para pavimentação das
em sua maioria pelo plano de urbanização do município, especialmente no que diz respeito à acessibilidade e
na composição da paisagem urbana e, ao longo da
introdução
2
-
-
tuais para o desenvolvimento de novos produtos para
pavimentos do tipo cerâmico intertravado, levando
-
contribuam para grandes espaços de acesso público.
-
cam-se:
- um estudo conceitual que demonstre a importância
das calçadas na paisagem urbana e sua relevância no
contexto histórico, social e cultural das sociedades;
-
vam o intertravamento .
descritiva.
apresentaram os estudos históricos, normativos e concei-
tuais em que são estruturados os estudos dessa pesquisa.
história quanto de estudos atuais.
Na pesquisa descritiva desenvolveu-se uma investi-
-
produção de blocos cerâmicos por extrusão. Como o
-
proposto aos discentes da
-
cas que respeitassem a capacidade de intertravamen-
resultados apresentados pelos alunos poderão servir
como base para o desenvolvimento de pisos intertra-
vados obtidos pelo processo de extrusão.
A preocupação pela escolha do processo de con-
-
volvimento de pisos intertravados aproveitando-se o
- Em sua grande maioria são empresas de pequeno e
-
tos.
- Essas empresas geram grande quantidade de cacos
cerâmicos que podem ser incorporados num novo
produto.
- Não há pisos intertravados no Brasil de material ce-
3
-
-
ais por eles utilizadas na obtenção de possibilidades
-
tertravados.
produtos de empresas produtoras de blocos e telhas.
estudo, bem como os procedimentos adotados para
-
-
são apresentados estudos que
apontam a relevância histórica e urbanística das cal-
çadas em algumas cidades brasileiras.
-
-
sal” como conceito prático no estudo dos passeios
públicos, descrevendo suas diretrizes e como os pisos
-
cípios.
-
tricas - apresenta a pesquisa descritiva aplicada nos
-
4
A
águas pluviais. Não havia, no entanto, nenhuma distinção do espaço destinado à circulação de pessoas, cavalos
ou qualquer veículo tracionado por animais, e, à
-se que a calçada surge no Brasil a partir da necessidade de criar um espaço que
mais bem aplicável.
Calçadas brasileirasalgumas considerações históricas1
5
comum no revestimento de calçadas: os chamados
-
te pretas, brancas ou vermelhas e mais raramente cas-
de calcetaria, totalmente artesanais em suas colônias.
A exímia arte dos calceteiros portugueses – um
patrimônio da nação lusitana – se consolidou
no século XIX e hoje se espalha pelo mundo,
com ampla aplicação, sobretudo no Brasil e
nas antigas colônias d’além-mar. (CALÇADAS
PORTUGUESAS, 2008)
-
-
nias:Figura 1 – Calçada da cidade de Elvas em Portugal com aplicação de petit-pavé (fonte: www.nossoskimbos.net)
Figura 2 – Calçada da cidade de Faro em Portugal com aplicação de pedra portuguesa
(fonte: www.nossoskimbos.net)
Figura 3 – Calçada da cidade de Coimbra emPortugal com aplicação de pedra portuguesa
(fonte: www.nossoskimbos.net)
6
-
No Brasil, as primeiras rochas de calcário e basalto
-
-
veniente:
“Assim, num primeiro momento, o mosaico
português vai se popularizando nas calçadas
e residências, permitindo-se a cada qual o
desenho que quisesse, resultando, como não
poderia deixar de ser, na falta de unidade que
caracteriza também a arquitetura. Mas os in-
convenientes maiores só surgiriam mais tar-rr
de, quando cidade e cidadão, incapazes de
promover a manutenção ou acompanhar os
reparos em cima de obras de infra-estrutura
nos passeios, resultando num continuum de
remendos.”
g pção de pedra portuguesa
(fonte: www.nossoskimbos.net)
6 – Calçada em Copacabana, Rio de Janeiro,om aplicação de pedra portuguesawww.nossoskimbos.net)
Figura 4 – Calçada em Macau comaplicação de pedra portuguesa(fonte: www.nossoskimbos.net)
7
-
possuem o mesmo desenho em mosaico, o que su-
-
garagens, e ainda, com a disseminação do automóvel
tornou-se necessário delimitar o espaço para a circu-
que antes se restringia ao entorno de sítios públicos,
-
-
-
tuguesa de calcetamento, onde cada cidade passou
a criar seus próprios desenhos em pedra portuguesa.
-
-
ram nitidamente utilizados ao longo da história curiti-
bana e paranaense na pavimentação dos passeios por
pedras portuguesas.
-
-
-
-
tender ainda mais o passado.
-
-
-
para desenvolver a indústria automobilística no Brasil.
-
-
símbolo, quase despercebido pela maioria dos mora-
dores da cidade, ganhou destaque quando uma obra
no calçamento, prevendo uma rampa de acessibilida-
moradores e o legislativo do município, indignados
-
8
-
çadas na preservação da história das cidades e da in-
-
dãos, criando uma conectividade entre a vida social
-
-
do espaço público, deixou de assumir o papel que teve
outrora como suporte e condição a interação social [...]”
-
não exerce mais um papel importante na vida social
das pessoas. A calçada, antes reduto das conversas
com os vizinhos, espaço lúdico para as crianças e um
elo de conexão entre o espaço privado e o espaço pú-
blico, volta a sua condição primária: espaço distinto
do leito carroçável para trânsito de pedestres.
-
turalmente com a calçada e as cidades são os emblemá-
ticos casos do calçamento da praia de Copacabana no
-
como um dos símbolos visuais do próprio país, ora
-
-
atuais sinuosas e provocantes curvas com as modestas
-
-
-
-
Figura 7 – Calçada da cidade de Tupã com a aplicação da logomarca daDKW-Vemag após a restauração e a rampa de acessibildiade
p p gg
(Foto do autor da pesquisa)p
9
-
a. No início, as curvas do calçamento eram
-
boa parte da orla, e durante a reconstrução
-
ântica, sua duplicação e um primoroso traba-
da praia de Copacabana ganhou os contornos atuais.
ondas do mar e aos contornos das montanhas cario-
Um contraponto à sinuosidade do calçamento de Co-
pacabana pode ser observado no calçamento paulis-
paulista: em contraste com as curvas do mar e das
montanhas da calçada de Copacabana, a geometria
Aqui, abri-se uma exceção aos pavimentos em pedra
portuguesa para o relato de um calçamento igual-
mente emblemático ao calçadão de Copacabana: os
-
branca, uma preta e uma bran-
ca e preta, dividida na diagonal
-
-
-
u-se vencedora num concurso
da praia de copacabana.Fonte: http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id4.html
Figura 9 – À esquerda, proposta dMirthes S. Pinto para o calçamenpaulista e à direita o resultado co
alguns anos de deterioraçã
10
-
das iniciativas públicas, os ladrilhos caíram no gosto
-
-
como um ícone paulista.
-
ram esse caráter simbólico tornando-se mensagens
visuais no contexto urbano, ou, um veículo de comu-
nicação visual.
-
al ocorre por meio de mensagens visuais. A calçada,
-
um domingo. Transeuntes, ambulantes, lixo e todas
-
-
çamento que pavimenta os passeios deve ser um elo
de conexão que integra os espaços numa cidade.
-
tratamento dado às calçadas atualmente, sua relação
-
na nos passeios públicos, iniciativas públicas de con-
11
Nconstrução dos atuais passeios públicos.
2.1. - A interferência de atores sociais nos passeios públicos-
“uma prática que instala uma tipologia de ocupação determinada pelas relações comerciais e
domésticas, e que funciona diferentemente, na forma de interdição, para os usuários (pedes-
tres), os ocupantes (proprietários de imóveis e moradores), que fazem delas uma extensão do
acesso ao passeio público”.
Considerações sociais e formais sobre o estado atual dos passeios públicos2
12
-
públicos e os não permitidos, como os mobiliários
e todo o tipo de interdição à passagem dos pedestres
de ocupação não permitida os ambulantes, popula-
com os passeios urbanos.
Especialmente nos grandes centros, os espaços urba-
nos estão cada vez mais reduzidos e disputados. Sen-
-
minam-se responsabilidades de uso privado, cria-se
esses questionamentos, que, no entanto, não são exa-
tamente conclusivos. A primeira autora, textualmente,
-
-
cação e manutenção das calçadas?” Cita o exemplo
Cidade”:
-
-
tros e meio de altura, em bem assim calça-
dos em toda a extensão de sua frente, com
pedras ou tijolos, com espaço para o passeio
geral [...].
O infrator será punido com a multa de dez
a vinte mil réis ou com cinco dias a dez de
prisão.
Art. 4º - A Câmara mandará fazer todos os
aterros e benefícios que julgar necessários
para beleza e asseio das ruas e praças da ci-
dade, assim como tudo o que estiver nas suas
atribuições [...]
-
-
impenhoráveis. Apóia ainda o uso comercial de locais
serviços ambulantes nas vias de logradouros públicos.
os direitos e deveres sobre o uso e manutenção das
quando se estabelece deveres públicos ao proprietá-
-
-
-
-
-
-
ambulantes.
E são inúmeros os casos de cidades brasileiras com re-
sua ocupação desordenada e sua má conservação.
calçadas da capital paulista:
13
com desníveis e revestidas com materiais di-
ferentes, as calçadas paulistanas são estrei-
tas e ocupadas de maneira absolutamente
desordenada por sinais de trânsito, postes,
lixeiras, pontos de ônibus, luminárias, anún-
cios, bancas de jornal, orelhões, bueiros des-
tampados (tampa roubada) e pela praga dos
ambulantes”.
-
-
, aproveitando o sucesso
-
dade das calçadas”, concluindo ainda que:
“Nas cidades desenvolvidas, ao caminhar as
pessoas olham para a frente, os arquitetos
para os edifícios e os paisagistas para o chão.
Aqui no Brasil devemos ser todos paisagistas
porque, se não formos, é fratura certa.”
-
um caso extremo em que calçada, rua, pedestre, am-
de espaço, mas, apesar de estar em maior número,
-
desse espaço.
Figura 10 – Rua 25 de março – São Paulo/SPFonte: http://static.panoramio.com/photos/origi-
nal/9995860.jpg
1 - LEI Nº 14.223, DE 26 DE SETEMBRO DE 2006Dispõe sobre a ordenação dos elementos que compõem a paisagem urbana do Município de São Paulo.CAPÍTULO IDOS OBJETIVOS, DIRETRIZES, ESTRATÉGIAS E DEFINIÇÕESArt. 1º. Esta lei dispõe sobre a ordenação dos ele-mentos que compõem a paisagem urbana, visíveis a partir de logradouro público no território do Município de São Paulo. (PREFEITURA DE SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br>. Acesso em: 09/04/2010)
14
-
ção de casas e que são muito relevantes no processo
de obstrução das calçadas: nos bairros das cidades
que as entradas e os rebaixos
ntradas de carros, ocupam total-
-
-
”. Segundo ele, a qualidade da
çada para pedestres pode ser
ndo que a problemática da
-
ipalmente pela descontinuida-
de das calçadas agravada pelos
rebaixos irregulares de acessos
com rebaixos, possivelmente, irregulares, que impe-
Em tempo, muitos são os problemas e os atores exter-
-
tância e sua relevância na vida citadina urbana há
e buscam melhorias na construção e conservação das
calçadas.
2.2 - Iniciativas públicas para a melhoria das calçadas
há os casos de iniciativas públicas que promovem sua
2. 2. 1 - São Paulo Programa Passeio Livre
-
sobre a importância de construir, recuperar e manter
as calçadas da cidade em bom estado de conserva-
-
sagem urbana, a acessibilidade, o resgate do passeio
público pela calçada e a socialização dos espaços
-
para acesso veicular - São Paulo/SPFonte: Foto de Marcelo Isidoro Alves, 2007
15
Art. 1º. Passeio público é a parte da via pú-
blica, normalmente segregada e em nível di-
ferente, destinada à circulação de qualquer
pessoa, independente de idade, estatura, li-
mitação de mobilidade ou percepção, com
autonomia e segurança, bem como à implan-
tação de mobiliário urbano, equipamentos
de infra-estrutura, vegetação, sinalização e
-
-
-
-
ma paulistano.
-
ção de árvores, rampas de acesso para veículos ou
Figura 12 – Ilustração demonstrando o tamanho padrão para as calçadas de São PauloFonte: MELHEM (2005)
16
de pedestres, portanto deve estar livre de quaisquer
-
antiderrapante sob qualquer condição;
- possuir largura mínima de 1,20m;
- ser contínua, sem qualquer emenda, reparo
-
ção o piso deve ser reparado em toda a sua
largura seguindo o modelo original.
-
-
vel ou terreno, onde pode estar
a vegetação, rampas, toldos,
propaganda e mobiliário móvel
-
cio e serviços com a delimita-
-
ço, livre e de acesso.
-
te dedicado exclusivamente ao trânsito livre de pe-
de outros componentes que não os pedestres e que
o mobiliário urbano, os rebaixos de acessibilidade e
acesso de veículos, mesas e cadeiras de bares e res-
taurantes e outros itens.
-
nutenção, conservação e a instalação de mobiliário
III - desenho adequado: o espaço dos pas-
seios deverá ser projetado para o aproveita-
mento máximo dos benefícios, redução dos
custos de implantação e manutenção, respei-
pertinentes e do Código de Trânsito Brasilei-
ro - CTB, garantindo um desenho adequado
da via que privilegie o trânsito de pedestres
e observando os aspectos estéticos e harmô-
nicos de seu entorno, além da fachada das
-
terizar o entorno e o conjunto de vias com
identidade e qualidade no espaço, contri-
Figura 13 – Ilustração demonstrando as 3 faixasFonte: Ilustração do pesquisador baseada em ilus-trações da cartilha Passeio Livre. MELHEM (2005)
17
e na adequada geometria do sistema viário;
-
-
preocupação em caracterizá-lo com relação ao seu
-
que criam uma unidade e provocam uma identidade
no entorno e vias lindeiras às calçadas.
-
-
Com exceção dos pisos especiais, os demais pisos são
-
-
dos, assentados sobre colchão de areia, travados atra-
-
-
das peças. Seu desempenho deve levar em conta a
-
Art. 29. Os materiais empregados na cons-
trução, reconstrução ou reparo dos pas-
seios, especialmente do pavimento, enten-
dido este como um sistema composto de
base, subbase e revestimento, da faixa livre,
deverão apresentar as seguintes caracterís-
ticas:
e não escorregadia sob qualquer condição;
II - evitar vibrações de qualquer natureza
que prejudiquem a livre circulação, princi-
palmente de pessoas usuárias de cadeira de
rodas;
III - ter durabilidade garantida ou mínima de
5 (cinco) anos;2 - Adjetivo de linde sm. Limite (Mini-Aurélio, 2000)
Tabela 1 Fonte: Cartilha Passeio Livre. MELHEM (2005)
Configuração das calçadas
de acordo com o tipo de via
TIPO DE VIA MATERIAL ADEQUADO
Local Todos pavimentos
Coletora Todos pavimentos
Coletora c/ comércio - Concreto pré-moldado
- Bloco de concreto intertravado
- Ladrilho hidráulico
Estrutural - Concreto pré-moldado
- Bloco de concreto intertravado
- Ladrilho hidráulico
Estrutural c/
comércio
- Concreto pré-moldado
- Bloco de concreto intertravado
- Ladrilho hidráulico
18
IV - possuir resistência à carga de veículos
quando os materiais forem utilizados na faixa
de acesso de garagens e estacionamentos e
no rebaixamento de guia para veículos;
V - os pavimentos utilizados para faixa de ser-rr
viço e de acesso deverão, sempre que possí-íí
vel, ser permeáveis e fazer parte de sistema
drenante que encaminhe as águas para a dre-
nagem pública existente.
utiliza-se dos pisos intertravados de concreto como
A iniciativa paulistana demonstra a preocupação com
cenário urbano, elevando a ele quesitos como con-
-
lidade ambiental.
Figura 17: Exemplo de calçada na Vila Mariana – São Paulo/SPFonte: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/album.asp
que ilustra as 3 faixa
Fonte: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/album.aspFonte: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/album.asp
Figura 16 - Sede da Subprefeiturade São Miguel – São Paulo/SP
Fonte: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/passeiolivre/album.asp
19
2.2.2 - BlumenauPrograma Calçadas de Blumenau
-
“Conscientizar e mobilizar instituições, di-
rigentes de associações, moradores, comer-
arquitetura, engenharia, urbanismo, proprie-
tários e demais responsáveis pelos imóveis
para a construção e reforma das calçadas”.
(BLUMENAU, 2005, p. 5)
-
-
me o seu passeio!”, um dos argumentos mais utiliza-
urbana sustentável, motivada por uma política públi-
ca preocupada com a integração entre os cidadãos
desse ambiente, possibilita qualidade de vida e bem-
-
os espaços necessários para uma mobilidade adequa-
Nos casos que requerem uma atenção especial aos
-
-
-
Figura 19: Ilustração para módulo de projeção da cadeira de rodas.
Fonte: Blumenau (2005)
Figura 18: Ilustração para espaço de circulação de pessoas com mobilidade restrita.
Fonte: Blumenau (2005)
20
-
-
recomendada de passeio li-
urbanísticos busquem aten-
der a algumas características
como:
- qualidade espacial, que
identidade e qualidade no
espaço”;
deve ser uma rota acessível
ao usuário, caminho contí-
as pessoas para a interação social na área pública”.
-
sociabilização devem ser levadas em consideração
-
-
de reurbanização e manuten-
-
sim, os materiais apontados na
-
podotáteis que devem ser de
-
vel e antiderrapante sob qual-
quer condição, atendendo aos
-
sentado no programa Calçadas em Blumenau com a
utilização do paver intertravado e o piso podotátil.
-
passeios públicos ou calçadas no município de Blu-
-
iniciativas públicas e privadas, uma vez que as cal-
çadas são de uso público, mas de responsabilidade
dos proprietários, que devem arcar com os custos de
detentor de um grande número de imóveis deve dar
o exemplo, e, como em Blumenau, deve incentivar
renovado a cada cinco anos.”
-
banizadas em Blumenau, tornaram-se exemplos de
21
Figura 21: Modelos de materiais e processosde colocação e assentamento recomendadosFonte: Cartilha “Calçadas em Blumenau”
Figura 22: Exemplo de calçada apresenta-do no Programa Calçadas em Blumenau
Fonte: Blumenau (2005)
Figura 23 – Rua XV de Novembro, Blumenau/SCFonte: http://www.abcp.org.br/hot_site_intertravados/galeria_fotos.htm#
22
2.2.3 - LondrinaPrograma Calçada para Todos
-
-
-
“a essas pessoas deve ser garantido o direito
de ir e vir com liberdade e autonomia, possi-
bilitando que seus deslocamentos para o tra-
balho, estudo, lazer, entre outras atividades
cotidianas, sejam realizados com indepen-
dência e segurança”. (IPPUL, 2004)
-
al estado das calçadas da cidade:
“[...] buracos, pedras e pisos soltos, degraus,
desníveis ou saliências, piso escorregadio,
irregular ou trepidante, raízes expostas de ár-
vores inadequadas, veículos em cima do pas-
seio, materiais de construção, entulho, lixo,
produtos de lojas em exposição, vendedores
ambulantes, ou ainda equipamentos urbanos
mal localizados.”
(IPPUL, 2004)
-
-
qualquer meio, o livre trânsito de pedestres nas cal-
Todos.
-
-
conservadas e recuperadas.
-
-
-
-
Programa baseado na Norma Brasileira de Acessibildiade Fonte: Fonte: http://www.londrina.pr.gov.br/ippul/calcada-
paratodos
23
-
-
-
teriais para pavimentação das calçadas levando em
conta as tipologias que possibilitem aos passeios:
-
derrapante em qualquer condição climática,
executados sem mudanças abruptas de nível
dos pedestres.” (IPPUL, 2004)
-
-
de concreto que recebe acabamento de ar-
-
-
-
ou rebarbas, devem ter cantos vivos e cor
-
calinidade do cimento, à exposição aos raios
- -
dráulico podem ser encontradas em diversas
-
tas de cimento, pó de mármore e pigmentos,
Em todos os exemplos são citados os procedimentos
Figura 25: Modelo de calçada ecológica com as medidas mínimas exigidas Fonte: IPPUL (2004)
24
Figura 26: Modelo esquemático para aplicação de concreto alisado
Fonte: IPPUL (2004)
Figura 27: Modelo esquemático para aplicação de piso intertravadoFonte: IPPUL (2004)
Figura 28: Modelo esquemático para aplicação de piso hidráulico
Fonte: IPPUL (2004)
Figura 29: Modelo esquemático para aplicação de petit-pavetFonte: IPPUL (2004)
25
-
bilidade, incluindo e delimitando no programa uma
área para a colocação obrigatória dos pisos especiais,
-
pessoas por dia, entre segunda e sexta-feira,
o Calçadão de Londrina começa a passar por
uma ampla reforma que pretende transfor-rr
má-lo em modelo de mobilidade urbana no
Brasil. (SANTOS, 2009)
E ainda prossegue:
A reurbanização do Calçadão de Londrina
está a cargo do IPPUL (Instituto de Pesquisa
e Planejamento Urbano de Londrina) e deve-
2010. O projeto está adequado à NBR 9050
– norma brasileira de acessibilidade revisada
em 2004 – e ao manual de procedimentos
para construção de calçadas em Londrina,
intitulado de Projeto Calçada Para Todos.
(SANTOS, 2009)
-
-
Figura 30: Mapa com delimitação para aplica-ção de piso tátil na região central de LondrinaFonte: IPPUL (2004)
Figura 31 – Foto do calçadão de Londricom o petit-pavet o
Fonte: http://picasaweb.google.com/lh/pwxnoQy4cEaQn0S4-EU
26
-
-
guma, pois todas apresentam o direito constitucional
de ir e vir livremente, uma das premissas básicas dos
orientação dos materiais, onde todos mencionaram
dos pisos hidráulicos e o pavimento de cimento ali-
sado. No entanto, uma das características apontadas
por todos os programas como desempenho dos novos
nesse sentido somente o piso intertravado e o petit-pa-
-
-
Calçadas”, promovidos nos estados e municípios. A
-
-
rial cimentício.
intertravado de cimento, atende a todas as normas es-
municipais de urbanização e que não há no mercado
-
ticas e desempenho.
-
ras sobre o Desenho Universal e como os pisos in-
tertravados aparecem como exemplo desse conceito.
-
27
T
3.1 - Princípios do desenho universal-
dutos e ambientes a serem utilizados por todas as pessoas, na sua máxima extensão possível, sem a necessidade
-
todas as pessoas, num aspecto realmente universal.
de arquitetura e design, inclusive de produtos.
Pisos intertravadosfunção, forma, uso e desenho universal3
28
-
-
inclusive algumas leis brasileiras que regulamentavam
o acesso para todos e garantiam os mesmos direitos a
todos os cidadãos, incluindo a parcela da população
-
-
Carolina do Norte, nos Estados Unidos, no Center
-
de criar os produtos que são acessíveis para todas as
pessoas, independente de suas características pesso-
descritos pelo CUD descrevem conceitos adotados
-
dutos e sistemas que envolvam a interação humana,
para qualquer tipo de pessoa. Nesse sentido, a calça-
segurança o deslocamento de pedestres deve ser pla-
como diretrizes básicas do Desenho Universal e des-
:
1º - Igualitário ou uso eqüitativo
-
-
nando os ambientes iguais para todos, evitando a
segregação ou estigmatização de qualquer usuário,
atraente a todos os usuários.
dos ambientes possam ser alteradas. Criar ambientes
ou sistemas construtivos que permitam atender às ne-
29
3º - Óbvio ou de uso simples e intuitivo
possa compreender, independentemente de sua ex-
ou nível de concentração. Eliminar complexidades
desnecessárias e ser coerente com as expectativas e
intuição do usuário.
4º - Conhecido ou informação de fácil percepção
-
-
-
de comunicação com contraste adequado, maximizar
uso do espaço ou equipamento.
5º - Seguro ou tolerância ao erro
dos materiais de acabamento e outros produtos, de-
vem ser previstos de maneira a minimizar os riscos e
intencionais, como a utilização de recursos como
corrimãos e equipamentos eletromecânicos que mi-
nimizem os riscos de acidentes.
7º - Dimensionamento de espaços para acesso e uso
abrangente
-
ços devem ser apropriados ao acesso, alcance, mani-
pulação e o uso, independente do tamanho do corpo,
-
-
nuseio e contato para usuários com as mais variadas
A partir dos princípios do Desenho Universal, que
-
tos de calçadas devem contemplar todas as diretrizes
mais variados de pessoas com os mais diversos graus
de mobilidade.
30
-
-
-
-
mando o sonho das calçadas acessíveis em realidade”.
pretensão de ser considerado universal, deve atender a todos os
usuários para que cheguem a todos os lugares da cidade, possam
a aplicação desses requisitos possibilitará ao usuário ter mobilidade,
acessibilidade e pleno uso da cidade, contemplando aspectos como
-
Figura 32: Ilustração de ambiente urbano segun-do as diretrizes do Desenho UniversalFonte: TRANI(2010)
31
3.2 - Pisos intertravados
como alternativa aos blocos de argila utilizados ante-
-
Brasil, o uso de pavimentação iniciou-se por blocos
com os pavimentos de paralelepípedos e os calça-
-
-
-
Atualmente o emprego desse tipo de pavimentação
encontra nos programas de urbanização, decretos e
leis, como grandes aliados de incentivo ao uso desse
-
-
cem materiais alternativos e ainda equilíbrio entre
os aspectos ambientais, tecnológicos e econômicos.
-
-
muito bem assentados.
Como visto, os blocos intertravados ou pavers, pos-
públicas.
-
terísticas importantes dos blocos intertravados:
- permitem o uso imediato do pavimento logo após
seu assentamento;
do subleito;
-
32
-
veis, baixa manutenção;
-
-
ser o pavimento mais permeável, o que proporciona a
microdrenagem das águas pluviais.
Todas as características relatadas acima são conside-
radas para pisos intertravados compostos de material
.
Existem várias tipologias de blocos intertravados do
- -
laterais podem ser retas, curvilíneas ou poli-
criação de detalhes dos pavimentos. -
-
-
-
tertravados.
Figura 33: Tipologias de blocos intertravados tipo CPFonte: ABCP – Manual de pavimento intertravado: passeio públi-
co, (2009)
-
matos variados que possibilitam uma diversidade de
-
-
são produzidos
3 - Nome dado pelo construtor inglês Joseph As-pdin a um pó formado de pedras calcárias e argilas, que após secar tornava-se dura como rochas e que não se dissolvia em água. A mistura foi patenteada em 1824 com o nome de Cimento Portland em homenagem à ilha britânica de Portland. ABCP (As-sociação Brasileira de Cimento Portland) Disponível em: <http://www.abcp.com.br/conteudo/?p=88> Acesso em: 25 de abril de 2010.
33
-
-
teto ou engenheiro determina qual o tamanho mais
-
suras de subleito e base
-
-
estruturalmente o subleito das cargas externas, evitando
-
cia, acelerar o processo de deterioração do pavimento.
cargas máximas suportadas para cada bloco e as in-
esse tipo de pavimentação uma de suas características
A capacidade que os blocos adquirem de re-
sistir a movimentos de deslocamento indivi-
dual, seja ele vertical, horizontal ou de rota-
ção em relação a seus vizinhos. [...] Para que
se consiga o intertravamento duas condições
são indispensáveis: contenção lateral e junta
preenchida com areia.
-
ção de um sistema de assentamento das peças, e para
que ele ocorra, todo esse sistema deve estar integrado
-
vamento que permitem que os blocos resistam aos
do intertravamento como:
-
de deslocamento horizontal de uma peça em
relação às peças vizinhas, em todo tipo de
de assentamento das peças sobre a camada
de areia, está diretamente relacionado a esse
-
-
Tabela 2Fonte: Revista Equipe de Obra. MEDEIROS (2008)
4 - Constituído de solo natural ou proveniente de troca de solo. Deve ser compactado em camadas de aproximadamente 15 cm, o que depende das condições locais. (ABCP, 2009, p. 18)
5 - Camada constituída de material granular com 10 cm de espessura que deve ser compactada após
Resistência 35 MPa Resistência 35 MPaEspessura Peso
(kg/m2)
Aplicação Espessura Peso
(kg/m2)
Aplicação
6 cm 120 kg - Tráfego leve
(pedestres e
automóveis)
- Calçadas e
ruas internas de
condomínios
- - -
8 cm 162 kg - Tráfego médio
(caminhões de
até três eixos)
- Leito carroçável
8 cm 175 kg - Tráfego médio
(caminhões de
até três eixos)
- Leito carroçável
10 cm 202,50 kg - Tráfego pesado
(carretas e veícu-
los especiais)
- Pátios de
descarga, postos
de gasolina e
terminais por-
tuários
10 cm 215 kg - Tráfego pesado
(carretas e veícu-
los especiais)
- Pátios de
descarga, postos
de gasolina e
terminais por-
tuários
34
-
mento horizontal.
- -
ças ao movimento vertical em relação às pe-
-
entre as peças e a capacidade estrutural das
-
carga vertical sobre a peça existe um contato
-
tipo de intertravamento vertical que indepen-
-
de areia bem compactados lateralmente e a
estabilidade estrutural do colchão de areia
-
Figura 34: Exemplo de des-locamento horizontalFonte: Ilustração do autor
Figura 35: Modelos de peças que pro-porcionam o intertravamento vertical
Fonte: CRUZ (2003, p. 20)
Figura 36: Exemplo de deslocamento verticalFonte: Ilustração do autor
35
restrição da capacidade da peça girar em
relação ao seu próprio eixo em qualquer di-
-
-
vizinhas, bem como o tipo e qualidade de
ilustra o que acontece com o pavimento sem
o intertravamento giratório.
de cada um dos componentes constituintes desse sis-
-
-
vamento atribui aos blocos de concreto a capacida-
distribuição de cargas vai melhorando com o uso do
-
do, progressivamente, um estado de travamento total,
onde a camada de rolamento passa a adquirir maior
Figura 37: Exemplo de deslocamento giratórioFonte: Ilustração do autor
36
rigidez e os blocos deixam de constituir meramente a
-
-
mentos que constituem a pavimentação para blocos
sendo: subleito, base, camada de assentamento e ca-
mada de revestimento. A camada de assentamento
-
modar as peças de concreto, proporcionando corre-
-
tamento, e que recebe diretamente a ação de rolamento
-
-
-
Figura 38: Sistema de assentamento parablocos intertravados.Fonte: ABCP, 2009, p. 18
Figura 39: Paginação em“espinha de peixe”.
Fonte: ABCP, 2009, capa.
Figura 40MEDEIROS (2010)
37
-
-
das para uso em áreas gramadas, mas não possuem
contribuir nos encaixes. Suas principais característi-
cas são a alta permeabilidade de águas pluviais e a
-
ne
.
-
-
tos das peças no desempenho do sistema de pavimen-
-
-
-
vimento e a escolha do tipo de bloco deve levar em
consideração a melhor capacidade de distribuição de
-
-
Nesse sentido, são relevantes para o intertravamento
tanto a contenção lateral da pavimentação quanto o
-
A capacidade de intertravar, sobretudo, verticalmen-
-
suportada. Tendo em vista estes apontamentos, serão
se adequem à paisagem urbana, com características
e que auxiliem na capacidade de intertravamento do
pavimento.
modelos apropriados às características exigidas para
Figura 41: Tipos de PisogramaFonte: CRUZ (2003, p. 18)
6 - Empresa especializada em produtos de concreto assinados por John August. Disponível em: < http://www.geckostone.com> Acesso em 30 de abril de 2010.
Disponível em: <http://www.mcescher.com> Acesso em 30 de abril de 2010.
38
Figura 42: Modelos de pisos intertra-vados da Geckostone
Fonte: http://www.geckostone.com
39
A
produtos intertravados.
estruturas poligonais diversas, possibilitando a pavimentação por blocos cerâmicos para piso. Este processo de
-
-
-
Neste capítulo será descrito o processo metodológico utilizado em sala de aula e os resultados gerados a partir
-
Criando módulos e malhas geométricas
4
40
4.1 - Procedimentos de pesquisa-
-
o corpus -
-
modelos e teorias que orientarão a coleta e interpre-
tação dos dados.
4.1.1 - Planejamento em sala de aula
-
-
râmico, contextualização da situação das calçadas e
passeios públicos, principais vantagens desse tipo de
-
-
-
-
e aplicação numa pavimentação plana.
Em seguida serão apresentadas as etapas de desenvol-
vimento do trabalho elaborado com os alunos:
os alunos sobre a necessidade de se repensar pavi-
-
mando conceitos importantes como calçada, passeio
público, intertravamento, design cerâmico e ainda, a
indústria de cerâmica vermelha, principais pólos pro-
dutores, principais produtos e seu contexto atual em
41
atuação envolvendo materiais cerâmicos para cons-
trução.
calçadas e os produtos mais utilizados atualmente,
especialmente os pavers intertravados cimentícios,
apresentando suas principais características, desem-
-
Como os alunos são oriundos de variadas cidades no
puderam expressar realidades distintas sobre o uso
das calçadas, o que enriqueceu a contextualização
do tema.
B – Proposição e conceituação preliminar
Após contextualizá-los, houve a proposição do traba-
-
tricas para desenvolvimento de blocos intertravados
apresentada anteriormente, ainda havia muitas dúvi-
das sobre o produto e o desenvolvimento do trabalho.
conceitos que norteariam o desenvolvimento das pro-
-
-
-
conceituadas. Como exemplos, que posteriormente
apresentados aos alunos alguns trabalhos da segun-
-
e visão detalhista, Escher busca regularidade produ-
-
-
sas imagens serviu para apontar múltiplas possibilida-
des para a pavimentação de áreas como as calçadas.
42
Figura 43 – Obras de M.C. Escher
43
Figura 44: Exemplo de ilustração do livro “Tramas”
(MELO, 1989)
44
C – Conceitos e desenvolvimento das estruturas
-
-
-
borar os conceitos que os norteariam no desenvolvi-
mento de suas próprias estruturas.
- Módulos e malhas
como de era de se esperar, os alunos demonstra-
-
-
partir do módulo que as estruturas mais comple-
xas são geradas, por isso um estudo detalhado do
passarem para o ambiente digital, era imprescin-
dível que eles gerassem estruturas manualmente.
quadriculada, papel colorido e tesoura, onde eles
-
como sendo um espaço aberto entre os nós, sen-
do que os nós situados num plano se interligam
por segmentos de reta e os espaços abertos entre
-
gulares e as semi-regulares. As malhas regulares
são a malha quadrada, malha triangular e malha
tipo de polígono regular.
Figura 45: Malhas regulares compostas por quadrados, hexágonos regulares e triângulos
45
“... qualquer tipo de malha plana pode ser
em uma das direções ou em ambas, seja mo-
-
nam-se novas malhas regulares”.
-
As malhas semi-regulares podem ainda ser simples,
-
-regulares”, concluindo que as malhas regulares são
duais de si mesmas.
A malha quadrada utilizada no processo de obtenção
-
drados congruentes conectados pelo menos por um
-
-
nós, o que colaborou com os alunos no exercício de
se conseguir os primeiros módulos e malhas planas.
Figura 46 – Malha semi-regular composta por
quadrados, hexágonos regulares e triângulos.
Figura 47 – Exemplos de poliminó
(BARBOSA, 1993)
46
-
drados. Então, nada mais óbvio que se possam co-
-
mente em gerar quadrados na malha quadrada, mas
- Pavimentação
que possibilitaram a exploração de um novo
-
telo de Alhambra na Espanha.
-
-
damente a arquitetura, sobretudo na Espanha,
-
-
Figura 48 – Janelas do Palácio de Alhambra - Granada, Espanha.
47
-
-
-
-
-
-
-
chada do plano”. Conclui que acrescentando polígo-
sem deixar vazios e sem cruzamentos, tem-se uma
pavimentação do plano.
-
-
-
cional abordadas a seguir.
Figura 49 – Seqüência de polígonos em justaposição formando uma pavimentação
parcial do plano (BARBOSA, 1993, p. 3)
A B
C D
E
48
- Simetria
-
-
É a mais clássica das simetrias, Barbosa
-
mas características de seu par, como se houvesse um
-
uso de dois produtos distintos.
P
P P
P 50.1
50.2
na ilustração de Melo (1989) - 50.1 o módulo e 50.2 o resultado da simetria.
49
rotação se dá quando se tem um centro de rotação e
-
Melo (1989) – 51.1 o módulo e 51.2 o resultado da simetria.
P
P
P
P
P
P51.1
51.2
O
50
de translação ou translacional se dá quando a uma
-
-
uma linha que pode ser reta ou curva ou de outra
-
- Repetição
P
P
P P P P
52.1
52.2
na estrutura de Melo (1989) – 52.1 o módulo e 52.2 o resultado da simetria.
51
Se usarmos a mesma forma mais de uma vez
em um desenho, nós a usamos em repetição.
A repetição constitui o método mais simples
em desenho. Colunas e janelas em arquite-
tura, os pés em uma peça de mobiliário, o
padrão nos tecidos, ladrilhos no piso consti-
tuem exemplos óbvios de repetição.
-
ção de unidades geralmente transmite uma sensação
textura, direção, posição, espaço e gravidade.
-
desenhos, ou esboços que criam uma unidade re-
-
dispostos e organizados em alguma ordem matemá-
tica.
-
-
Esses conceitos devem ser levados em consideração
quando desenvolvidos polígonos que se destinarão
a obtenção de uma pavimentação plana, onde não
num bloco para piso, os conceitos de repetição da
-
mas singulares, plurais e compostas são apresentados
dois sentidos”, que seria a composição mais simples
que envolve a disposição das unidades em dois senti-
-
cal, horizontal ou qualquer ângulo determinado, não
52
-
-
-
- Escher e malhas deformadas
-
tura desde que se mantenha a mesma área
-
de B.
Figura 61: Área de A é igual a área de B
-
-
saicos intrigantes.
-
-
-
ilustrados alguns esboços de obras de Escher com as
-
Figura 58 Fonte: Wong (1998)
Figura 59 Fonte: Wong (1998)
Figura 60Fonte: Wong (1998)
A B
53
vimentação com paralelogramos. Nota-se que o uso dos
-
-
alunos da disciplina como norteamento de possibilida-
-
trema importância na obtenção de polígonos que resul-
-
-
da aos alunos, o intertravamento deveria ser promovido
polígono em si, valendo-se por exemplo de áreas equi-
Figura 62 – Fonte (www.mcescher.com)
Figura 63
54
-
-
-
sa cerâmica que reproduzisse os blocos intertravados,
pesquisa.
sendo utilizada na produção de produtos cerâmicos
-
industrial associada a uma elevada produtividade,
principalmente para produtos de seção transversal
essencial nas indústrias cerâmicas de blocos e telhas.
-
duzindo um bloco cerâmico no detalhe da saída da
-
a secção, ou corte, determinará a altura do produto.
são apoiadas por esteiras que conduzem o produto
-
senhos devem ser evitados quando pensados nesse
-
de produção, como curvas acentuadas, ângulos, al-
massa cerâmica.
-
-
sempenho e elevados rendimentos dos produtos cerâ-
da preparação da massa cerâmica, a velocidade de
extrusão e a adequação e qualidade do molde ao tipo
de material extrudado.
Figura 65 – Detalhe da saída da massa cerâmica da extrusora
Figura 66 – Algumas formas geométricas que de-vem ser evitadas para a conformação por extrusãoem função do alto risco de deformação durante oprocesso
55
-
-
nos. Com esses conceitos esclarecidos, os alunos pu-
de eleger a mais conveniente e adequada ao propósito
do trabalho. No próximo capítulo serão apresentados
56
F
Resultados5
57
-
-
-
Figura 67Fonte: Tâmara Lais dos Santos
Figura 68Fonte: Tâmara Lais dos Santos
58
59
-
dulos de composição e módulos que serviriam para
criar produtos de acabamento.
um novo módulo que possibilita somente um tipo
auxiliariam o caráter do intertravamento, essencial
para esse tipo de desenho que servirá de base para o
desenvolvimento de um paver intertravado. As peças
do módulo principal.
-
encaixes em ambientes.M. Pinto
60
-
saico proposto.
-
na como piso intertravado.
Figura 72Fonte: William V P M Pinto
Figura 73Fonte: William V. P. M. Pinto
61
-
-
-
Figura 74 Fonte: André Luis Ambrozetto
62
a 75 e: André Luis Ambrozetto
63
ais corretas para promover o encaixe.
-
da com os encaixes não sendo totalmente
-
64
Figura 77 Fonte: Rafael de Araújo
65
-
-
-
-
que não atenderia tecnicamente uma produção in-
importante observar o recurso de simetria por rota-
66
Figura 79Fonte: Tiago Izaltino
Figura 78Fonte: Vinicius F. Gurjão
67
A
encontrados, o ineditismo do tema - especialmente sob o ponto de vista do Design.
intertravamento.
-
A proposta de se pensar um produto cerâmico para extrusão dá início a uma nova pesquisa, onde há a neces-
sidade da realização de ensaios laboratoriais de massas que incorporem cacos cerâmicos e testes industriais
-
para o Design.
Considerações finais
68
-
-
-
-
Urbano. Cartilha: Calçadas em Blumenau. Blume-
-
-
>
-
-
-
blocos de concreto para pavimentação intertravada
com adição de resíduos de borracha provenientes da
-
-
-
referências
69
-
-
-
.
>
-
-
-
-
-
-
çadas
70
-
-
-
-
-Curitiba-revelada-em-uma-antiga-calcada>. Acesso
-
> .
-
-
-
-
71
anexos
Trabalh
os dos alun
os
Plano de Ensin
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