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Balneário Camboriú, 13 de agosto de 2011 24 Entrevista M arcos Azevedo é ator, arte-educa- dor, diretor e autor teatral. Mora em São Paulo e tem um currículo farto na dramatur- gia, que já o fez viajar o mundo com suas peças. “Confinado” no Mundo Antigo, em Pomerode, por cerca de dez dias, Marcos recebeu o Página3 para uma conversa descontraída durante o set de filmagem do curta Quinta Coluna, onde interpreta um militar. Marcos também trabalhou nos bastidores do filme, fazendo um trabalho de preparação dos atores estreantes. Confira os principais trecho da conversa. Acho que o caminho do cinema nacional é esse, de descentralização e intercâmbio, e a gente só ganha com essa mistura toda” Marcos Azevedo, ator, arte-educador, diretor e autor teatral nossa gente Caroline Cezar [email protected] JP3 - O que chamou tua aten- ção no filme, por que você se envolveu no projeto? Eu estou nesse filme por um con- vite do André (Gevaerd), que me apresentou o roteiro. Ele falou, “tem um curta muito interes- sante, do Daniel (Reichel), que é um autor novo e envolvido com esse novo movimento do cinema do sul e eu queria que você desse uma lida”. Sinceramente, eu fiquei muito bem impressio- nado, achei o roteiro do Quinta Coluna muito maduro, sensi- bilíssimo, com um potencial de imagem, quer dizer, eu consegui imaginar todas as situações e locações... É um roteiro enxuto, onde você percebe que tem perso- nagens muito bem construídos, com suas contradições, enfim... E também tomei contato com essa realidade histórica, que tenho que confessar, eu não sabia que havia acontecido com tama- nha contundência como a gente depois veio a estudar. Lógico, tentei me informar um pouco mais sobre o governo Prestes e quando ele instituiu o Estado Novo, essa perseguição, essa espécie, -como o próprio Daniel chama-, de caça às bruxas, que rolou aqui (em Santa Catarina) e também no Rio Grande do Sul com as pessoas de descendência alemã. Eu achei que esse roteiro me cativou logo de cara, eu fui dormir e vi o filme, teve de início capacidade de me transmitir o que gostava e o que queria fazer. A partir daí eu e o Daniel passa- mos a trocar impressões. JP3 - Você não conhecia o Daniel? Não conhecia, assim como não conhecia todo resto da equipe. E esse é um dos pontos que eu acho mais positivos do filme, eu já vim pra cá com uma boa impressão, sabendo que eu tinha nas mãos um bom roteiro de curta metra- gem -que em geral, a gente per- cebe que existem alguns curta metragens que sob pretexto de se fazer um filme curto ficam meio superficiais, insípidos... E nesse caso eu sinto que existe uma capacidade, um poder de síntese pra contar essa história muito interessante para os pos- síveis vinte minutos que pode ter esse filme. Fiquei seduzido, consegui ver potencialmente um grande filme, independente de ser um curta, comecei a con- versar com o Daniel, e percebi a maturidade... que apesar dele não ter muita experiência ante- rior, no cinema, percebi que já era um ‘bicho de cinema’, como eu chamo. A gente trocou várias referências, uma delas por exemplo, a Fita Branca, que é um filme que a gente comentou bastante, e outros. E principal- mente a respeito da construção dos personagens: como eu via o Luiz, que é o meu personagem, que é um militar que fica no fio da navalha, entre reprimir o povo alemão e também proteger, ser solidário a uma família com a qual ele tem contato... e assim por diante. O que principalmen- tente me atrai nesse filme são as coisas que não estão ditas, o que está subentendido, por detrás, acho que dá uma ótima pince- lada no panorama histórico, consegue contextualizar muito bem as relações humanas dessa época específica. JP3 - Você já conheci Pome- rode, a região? Me espantei primeiro com a beleza do lugar. Eu não conhe- cia, vim pra cá muito pequeno, com os meus pais, mas não tinha memória do lugar. O Mundo Antigo, essa pousada onde a gente está confinado aqui nessa espécie de big brother há alguns dias, nessa produção, parece um reality show, - falo isso de brin- cadeira, porque a gente acorda junto, toma café junto, almoça junto, dorme todos nessa vila que parece uma cidade ceno- gráfica que nos joga exatamente pra dentro da história... JP3 - Isso ajuda a entrar no clima... Ajuda muito, todo contexto histórico inclusive, a coisa de ter acontecido, de... Outro dia eu estava tentando dar uma relaxada à noite, depois do tra- balho, e fui jogar um pouco de snooker ali, eu vi uma mesa, e Caroline Cezar

Marcos Azevedo, ator, arte-educador, diretor e autor teatral

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Entrevista com Marcos Azevedo

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Balneário Camboriú, 13 de agosto de 201124 Entrevista

Marcos Azevedo é ator, arte-educa-dor, diretor e autor

teatral. Mora em São Paulo e tem um currículo farto na dramatur-gia, que já o fez viajar o mundo com suas peças. “Confinado” no Mundo Antigo, em Pomerode, por cerca de dez dias, Marcos recebeu o Página3 para uma conversa descontraída durante o set de filmagem do curta Quinta Coluna, onde interpreta um militar. Marcos também trabalhou nos bastidores do filme, fazendo um trabalho de preparação dos atores estreantes. Confira os principais trecho da conversa.

Acho que o caminho do cinema nacional é esse, de descentralização e intercâmbio, e a gente só ganha com essa mistura toda”Marcos Azevedo, ator, arte-educador, diretor e autor teatral

n o s s a g e n t eCaroline Cezar

[email protected]

JP3 - O que chamou tua aten-ção no filme, por que você se envolveu no projeto?Eu estou nesse filme por um con-vite do André (Gevaerd), que me apresentou o roteiro. Ele falou, “tem um curta muito interes-sante, do Daniel (Reichel), que é um autor novo e envolvido com esse novo movimento do cinema do sul e eu queria que você desse uma lida”. Sinceramente, eu fiquei muito bem impressio-nado, achei o roteiro do Quinta Coluna muito maduro, sensi-bilíssimo, com um potencial de imagem, quer dizer, eu consegui imaginar todas as situações e locações... É um roteiro enxuto, onde você percebe que tem perso-nagens muito bem construídos, com suas contradições, enfim... E também tomei contato com essa realidade histórica, que tenho

que confessar, eu não sabia que havia acontecido com tama-nha contundência como a gente depois veio a estudar. Lógico, tentei me informar um pouco mais sobre o governo Prestes e quando ele instituiu o Estado Novo, essa perseguição, essa espécie, -como o próprio Daniel chama-, de caça às bruxas, que rolou aqui (em Santa Catarina) e também no Rio Grande do Sul com as pessoas de descendência alemã. Eu achei que esse roteiro me cativou logo de cara, eu fui dormir e vi o filme, teve de início capacidade de me transmitir o que gostava e o que queria fazer. A partir daí eu e o Daniel passa-mos a trocar impressões.

JP3 - Você não conhecia o Daniel?Não conhecia, assim como não conhecia todo resto da equipe. E

esse é um dos pontos que eu acho mais positivos do filme, eu já vim pra cá com uma boa impressão, sabendo que eu tinha nas mãos um bom roteiro de curta metra-gem -que em geral, a gente per-cebe que existem alguns curta metragens que sob pretexto de se fazer um filme curto ficam meio superficiais, insípidos... E nesse caso eu sinto que existe uma capacidade, um poder de síntese pra contar essa história muito interessante para os pos-síveis vinte minutos que pode ter esse filme. Fiquei seduzido, consegui ver potencialmente um grande filme, independente de ser um curta, comecei a con-versar com o Daniel, e percebi a maturidade... que apesar dele não ter muita experiência ante-rior, no cinema, percebi que já era um ‘bicho de cinema’, como eu chamo. A gente trocou várias

referências, uma delas por exemplo, a Fita Branca, que é um filme que a gente comentou bastante, e outros. E principal-mente a respeito da construção dos personagens: como eu via o Luiz, que é o meu personagem, que é um militar que fica no fio da navalha, entre reprimir o povo alemão e também proteger, ser solidário a uma família com a qual ele tem contato... e assim por diante. O que principalmen-tente me atrai nesse filme são as coisas que não estão ditas, o que está subentendido, por detrás, acho que dá uma ótima pince-lada no panorama histórico, consegue contextualizar muito bem as relações humanas dessa época específica.

JP3 - Você já conheci Pome-rode, a região?Me espantei primeiro com a

beleza do lugar. Eu não conhe-cia, vim pra cá muito pequeno, com os meus pais, mas não tinha memória do lugar. O Mundo Antigo, essa pousada onde a gente está confinado aqui nessa espécie de big brother há alguns dias, nessa produção, parece um reality show, - falo isso de brin-cadeira, porque a gente acorda junto, toma café junto, almoça junto, dorme todos nessa vila que parece uma cidade ceno-gráfica que nos joga exatamente pra dentro da história...

JP3 - Isso ajuda a entrar no clima...Ajuda muito, todo contexto histórico inclusive, a coisa de ter acontecido, de... Outro dia eu estava tentando dar uma relaxada à noite, depois do tra-balho, e fui jogar um pouco de snooker ali, eu vi uma mesa, e

Caroline Cezar

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Balneário Camboriú, 13 de agosto de 2011 25Entrevista

“Fiquei seduzido, consegui ver potencialmente um grande filme

apesar de ser um curta metragem”.

Ricardo Weber

joguei com os garotos da região, que apesar de serem adolescen-tes hoje, são todos criados em alemão, todos têm o sotaque muito forte e se comunicam entre si dessa forma, em alemão mesmo, então eu pude sentir um pouco dessa carga, dessa realidade para fazer a transpo-sição para aquela época. Percebi como foi realmente um evento sério que aconteceu naquele instante e isso tudo me ajudou muito no trabalho de ator, para o meu personagem, mas tam-bém para o trabalho de prepara-ção de ator, para o qual eu fui convidado também.

JP3 - O filme está apresen-tando dois atores, ambos jovens (Mikael Beltrame Bonotto e Tom dos Santos). Como é essa preparação na prática? Atrapalha essa pouca experiência?Meio que a toque de caixa, porque nós tivemos antes do primeiro dia de filmagem uma semana praticamente de aproxi-mação. As pessoas começaram a se conhecer a partir daí, se afi-nar, e o trabalho de preparação foi muito específico para essa realidade. Na minha opinião eles estão se saindo muito bem, durante o processo de estudo de texto e de recriação dessas cenas, ainda não exatamente nas loca-ções específicas, tentei trazer o máximo a realidade proposta dentro do roteiro... evidente que fizemos algumas improvisações para criar um pouco da sensa-ção, da atmosfera, e do passado desses personagens... e o fato deles nunca terem tido nenhuma experiência com atuação não foi um fator negativo. Evidente que você precisa começar a informar sobre o vocabulário, quais são os termos que fazem parte do uni-verso da atuação, do ator, existe sim, lógico, um tempo gasto pra trazer esses atores para o uni-verso da atuação artística, mas eles têm sido em contrapartida muito espontâneos na hora de criar, na hora de improvi-sar, e também particularmente muito interessados, com uma capacidade muito grande, -mesmo o Mikael que é o menor,- de entender as contradições contidas na trama.

JP3 - Traz consistência para o personagem, é um pouco do “não dito” que você falou.

Isso é extremamente impor-tante para você não criar aquele personagem chapado, mani-queísta, ‘esse é o bom’, ‘esse é o mau’, e é exatamente isso que o roteiro não quer. O roteiro toca numa ferida que eu percebo que ainda é aberta, ainda mais num momento desse de recrudesci-mento das questões geográficas e de raça dentro do planeta, a gente tem visto pipocar por aí várias manifestações racistas, neonaziostas, enfim, existe uma importância muito grande nesse filme existir porque ele repensa várias questões, isso da histó-ria cíclica... E o fato de ter esses atores que o diretor escolheu por afinidade, não tem nada de contra... eu sinto que a Paula Braun, que é uma atriz que eu não conhecia, só conhecia o tra-balho dela, tem sido de suma importância, eu divido com ela esse trabalho...

JP3 - ...essa cancha...Essa cancha com os atores mais novos, porque é realmente muito complicado você trabalhar com várias faixas etárias e vários níveis de informação com rela-ção à arte dramática, mas tem fluído bem. O Daniel também tem se colocado muito dentro dos ensaios, isso nos ajudou muito, porque por um lado a gente abre as possibilidades de interpre-tação, mas tem uma hora que a gente tem que focar, “o que a cena pede, o que é mais impor-tante para esse momento, qual objetivo maior de cada cena?”, tentando nos ensaios trazer as informações e a espacialidade o mais próximo possivel dos sets de filmagem... E ontem (sábado, 6), no nosso primeiro dia de fil-magem, eu já senti como isso foi útil, porque a gente conseguiu reproduzir aquilo que a gente ensaiou, fazendo com que o set não fosse uma informação con-flitante, e nem deixasse intimi-dados os novos atores.

JP3 - E trabalhar com essa equipe mista, desconhecida...como faz?Eu sinto que tem sido um pro-cesso riquíssimo e faço questão de valorizar o trabalho de toda equipe que o André juntou pra criar esse filme... quer dizer, cinema não se faz solitaria-mente, é um trabalho muito árduo de equipe, o que se vê na

tela é só a ponta do iceberg, e a gente tem um cuidado nesse filme que é impressionante que eu não vi nem em uns longa metragens... a produção de obje-tos, o figurino que tá super em cima, as locações realmente nos jogam pra dentro da época, e você sente que desde a produção, a continuidade, todas questões envolvidas no filme estão em harmonia. E uma equipe que se formou agora, muita gente não se conhece, é uma equipe híbrida, tem uma turma do Sul, uma turma de São Paulo e... pelo que eu ouço, vejo... sinto uma atmosfera muito boa das pes-soas, ninguém contra ninguém, todo mundo a favor da cena, a favor do filme, e não tem corpo mole... Enfim, é um trabalho profissionalíssimo e eu adoraria ver essa equipe junta em longas metragens, minisséries, vai dar um samba muito bom...

JP3 - Isso ajuda muito no resultado não?Faz muita diferença, demais. Eu realmente estou muito bem impressionado, não tem nin-guém trabalhando burocratica-mente, de uma forma protocolar, existe uma paixão particular de cada um, que está sendo poten-cializada com o encontro, essa sinergia que acontece, essa quí-mica dessa equipe que se formou agora e eu tenho certeza absoluta que isso vai resultar na tela.

JP3 - Sobre a questão dos grandes centros ainda con-centrarem a maior parte das produções, o que você acha? Temos chance?Pois é, cinema, como a gente costuma dizer, ainda é um clu-binho muito fechado. Por se tra-tar de uma obra tão delicada, e cara, -porque é um trabalho caro-, você sempre vê amigo chamando amigo, as panelinhas naturais, e não falo disso de uma forma pejorativa, quem faz isso tem mesmo que se resguardar e ter como parceiro as pessoas de confiança... Acho que nesse caso não é diferente, mas o fato de ter essa equipe mista... é o primeiro trabalho que faço em Santa Catarina de cinema, e eu vejo que já tem alguns pólos que têm uma prática de cinema por aqui. Acho muito importante que esse filme sirva de exemplo, de estí-mulo e dê um pontapé inicial,

mostre que é possível sim, com uma boa idéia na cabeça, como o Daniel teve, fazer um trabalho de alto nível que não deixa nada a desejar ao eixo Rio-São Paulo, às grandes produtoras já consa-gradas... Acho que o caminho do cinema nacional é esse, de des-

centralização e de intercâmbio, porque afinal de contas o Bra-sil é muito grande, tem muitos profissionais maravilhosos se formando, com muito a oferecer e eu acho que a gente só ganha fazendo essa mistura toda.

(Marcos Azevedo é integrante da Cia dos Lobos (ator e diretor artístico) e da Cia de Ópera Seca (ator interante), de Gerald Thomas, desde 1994. Atuou em Deus Ex-Máquina, Ventriloquist, Nietzsche contra Wagner (NXW), Nowhere Man (Brasil e Croácia/ Festival Eurokaz), Unglauber, Império das Meias Verdades, The Flash and Crash Days ( Trilogia da Besta/Brasil e Portugal), Os Reis do Iê-Iê-Iê, O Cão Andaluz, Príncipe de Copacabana e Tragédia Rave. Participou anterioriormente de MacBeth com direção de Ulysses Cruz, Concílio do Amor com direção de Gabriel Vilella e Laranja Mecânica dirigida por Olair Coan. Em cinema atuou em: Carandiru de Hector Babenco, O Invasor de Beto Brant, Missão de Luis Adriano Damiello e Útero de Cristiano Metri.)

Mikael Beltrame Bonotto e Marcos Azevedo, caracterizados como personagens do curta.

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Balneário Camboriú, 13 de agosto de 201126 Entrevista

Roteiro focado nas relações entre os personagensInterpretando Karin, uma mulher que perdeu o marido na guerra, e que busca man-ter a paz e a decência em casa numa época em que os descen-dentes foram proibidos de falar a língua alemã e fazer qualquer alusão ao país; a atriz Paula Braun, “está em casa”. Mesmo morando fora de Santa Cata-rina há anos, Paula é nascida e criada em Blumenau. Saiu do Vale quando se formou, morou em São Paulo, voltou para Blu-menau e agora está no Rio. Tem uma bebê de nove meses, que a acompanhou no set de filma-gem em Pomerode por dez dias, com a ajuda da avó materna, que veio a tiracolo.Paula, que também é produ-tora e se apaixonou pela atua-

ção muito jovem, diz que não tem preferência por teatro, cinema ou tevê. “A minha preferência é por um bom roteiro e um bom per-sonagem, atuar a gente atua em qualquer lugar, o meio não importa”, colocou ela, que disse que só aceitou o trabalho -ainda está seletiva por causa da bebê- por causa da qualidade do roteiro. “Fiquei encantada e foi isso que me trouxe aqui. É muito menos histórico e mais focado na relação dos perso-nagens, bastante consistente”, opinou Paula, que já atuou em dois curtas em Santa Catarina. “Apesar de termos uma equipe bastante mista aqui, espera-mos que abra um pouco e que isso vire rotina, que as leis de

incentivo funcionem, enfim, que se produza mais cinema na região”, encerrou.Paula Braun, no cinema, atuou em “Amanhã Nunca Mais”, “O sonho Bollywodiano”, “Maridos, amantes e pisantes”, “O Cheiro do Ralo”, “Outra memória” e “Nina”. No teatro em “Outros Tempos”, “Aquelas mulheres”, “A parte”, “Os cama-radas”, “Urano quer mudar”, “Otto Lara Rezende ou Boniti-nha mais ordinária, bom é autor morto”, “Os 7 gatinhos”, “Muito barulho por nada”, “Dom Bago, o infante”, “L.A.M.A”, “O Palá-cio dos Urubus” e “Vedor”, seu primeiro espetáculo, quando tinha apenas 13 anos. Na tele-visão fez “Malhação”, “Tudo Novo de Novo” e “O Sistema”.

O estudante de Rela-ções Internacionais Tom dos Santos, 17, que nasceu em Rio

do Sul mas mora em Balneário Camboriú desde pequeno, está

estreando como ator no “Quinta Coluna”.

Sempre gostou de cinema e foi chamado

para o filme por um trabalho como modelo.

“Eu tive muita sorte porque está sendo uma experiência magnífica

esse contato, e isso que estou aprendendo com

a Paula (Braun) e o Marcos (Azevedo) vale

mais do que qualquer escola. Me joguei e

pretendo dar conti-nuidade”, comemora ele, que disse que se

inspirou a estudar mais e mais.

Mikael Beltrame Bonotto, 10, é o outro ator estreante. Mora em Gravatal, Santa Catarina, e fez o teste para o papel na UFSC, onde estava anunciada a vaga. Se destacou e conseguiu participar, tem se saído bem segundo os atores mais experientes, que fizeram a preparação para o papel.

Fotos Caroline Cezar

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Balneário Camboriú, 13 de agosto de 2011 27Entrevista

“Eu realmente estou muito bem

impressionado, não tem ninguém

trabalhando burocraticamente,

de uma forma protocolar, existe

uma paixão particular de

cada um, que foi potencializada com

esse encontro”.Marcos Azevedo

Uma das produtoras do curta metragem, Verena Meneghelli, da Epic Studio, de Itajaí, já atuante na produção de filmes publicitários há algum tempo, teve sua primeira experiência no cinema com o Quinta Coluna. “No começo foi bem complicado, é muito diferente, e até se adaptar parece que vai dar tudo errado (risos), mas depois, quando engrena, é simplesmente apaixonante. Eu fiquei muito envolvida, gostei muito, quero fazer mais”, conta Verena, dizendo que no começo ficou assustada com “toda aquela gente” na locação, diferente dos filmes publicitários que exigem menos gente. “A função da produção é deixar todo mundo confortável e fazer a coisa engrenar, mas aquilo me parecia impossível. Mas todo o pro-cesso de se conhecer, de ver os atores se transformando para entrar nos personagens, de ver as minúcias da equipe de arte... e perceber que tudo vai se encaixando, todo mundo cooperando, a equipe se formando de verdade, uma equipe que até então não existia e que passa realmente a existir, a funcionar, vira uma família... tudo isso é um universo apaixonante”, comemora ela, que acha que o ponto

mais positivo foi esse sentimento de trabalho coletivo que surgiu do zero, já que ninguém se conhecia direito há um mês.A outra produtora envolvida no filme é a Cinerama BC, de André e Ike Gevaerd, que estão buscando parceiros e interessados para ten-tar movimentar e agregar a indústria cinematográfica regional, que tem algumas iniciativas isoladas, mas nada consistente. “Depois de muito tempo trabalhando em São Paulo iniciar um novo projeto em um novo local foi muito gratificante pois me deparei com uma equipe muito profissional e competente. São pessoas especiais que entraram na minha vida e que com certeza serão parte de muitos outros projetos que serão realizados pela CineramaBC no Vale do Itajaí. Estou certo de que isso foi só o começo”, afirmou André Gevaerd, que nasceu em Balneário e depois de 10 anos morando e trabalhando em São Paulo, pretende retornar à cidade.A Cinerama promete um festival em Balneário já para novembro, que tem pretensão de ser anual e permanente, a fim de desenvolver a atividade aqui.

FICHA TÉCNICAQuinta Coluna, Brasil, 2011, Ficção, 35 mmDireção: Carlos Daniel ReichelRoteiro: Carlos Daniel Reichel e Rodrigo BatistaProdução: André Gevaerd e Ike Gevaerd (Cineramabc Filmes) Verena Meneghelli (Epic Studio)Produção Executiva: Carol Gesser, Verena Meneghelli e André GevaerdElenco: Paula Braun e Marcos AzevedoApresentando: Tom dos Santos e Mikael Beltrame BonottoFotografia: Marcos TsengDireção de Arte: DicezarMontador: André GevaerdLançamento: 2012

Uma equipe mista e unida, que passou a existir durante o processo

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