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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MARIA CLÁUDIA TONELLI LARGURA SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA O-CARBOXIMETILQUITOSANA- N-LAURIL E UTILIZAÇÃO COMO POLÍMERO ANFIFÍLICA EM COMPRIMIDOS DE TRIANCINOLONA Itajaí - 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

MARIA CLÁUDIA TONELLI LARGURA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA O-CARBOXIMETILQUITOSANA-

N-LAURIL E UTILIZAÇÃO COMO POLÍMERO ANFIFÍLICA EM

COMPRIMIDOS DE TRIANCINOLONA

Itajaí - 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

MARIA CLÁUDIA TONELLI LARGURA

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA O-CARBOXIMETILQUITOSANA-

N-LAURIL E UTILIZAÇÃO COMO POLÍMERO ANFIFÍLICA EM

COMPRIMIDOS DE TRIANCINOLONA

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientador: Prof. Dr. Clovis Antonio Rodrigues Co Orientadora: Profa. Dra Ruth Meri Lucinda Silva

Itajaí, Abril de 2009.

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Esta dissertação é dedicada especialmente à minha família:

aos meus pais Mauricio e Berenice;

ao meu irmão Eduardo...

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... a minha Vó Martha e minha Tia Letícia.

Com todo o meu amor, carinho, admiração e gratidão!!!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente aos meus orientadores pela dedicação. Ao

professor Dr. Clóvis Antonio Rodrigues pela orientação, paciência, disposição

concedida durante todo o trabalho e principalmente pelo exemplo profissional. A

professora Dra. Ruth Meri Lucinda pelo grande modelo de determinação, carinho,

amizade, apoio e ensinamento.

A professora Daisy Janice Aguilar Netz, que contribuiu diretamente na

construção de muitas fases deste trabalho.

A professora Dra. Juliana M. Marchetti e ao Laboratório de Tecnologia

Farmacêutica da Universidade de São Paulo por realizar a técnica de espalhamento

de luz.

Aos professores Dra. Tânia Mari Bellé Bresolin e Dr. Rilton Alves de Freitas

pelas contribuições científicas.

Ao CNPq e à professora Dra. Maria Rita Sierakowski (UFPR), pela bolsa,

concedida à Rede de Nanoglicobiotecnologia.

Agradeço acima de tudo a DEUS e a minha família – meus pais Mauricio e

Berenice que são as pessoas mais importantes da minha vida, meu irmão Eduardo

que acima de tudo é o meu melhor amigo, meu conselheiro e companheiro para

todas as horas, minha vó Martha e minha tia Letícia, duas grandes mulheres muito

especias na minha vida. Essas cinco pessoas são mais que exemplos são

essenciais na minha vida, obrigada por tudo, pelo carinho, apoio, incentivo e

principalmente pelo amor incondicional.

E também agradeço a todas as pessoas que independente da situação

fizeram valer o verdadeiro significado da palavra “amizade”.

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SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DA O-CARBOXIMETILQUITOSANA-N-LAURIL E

UTILIZAÇÃO COMO POLÍMERO ANFIFÍLICA EM COMPRIMIDOS DE TRIANCINOLONA.

Maria Cláudia Tonelli Largura

Abril/2009 Orientador: Prof. Clovis Antonio Rodrigues, Dr. Co Orientadora: Profa. Ruth Meri Lucinda Silva, Dra. Área de Concentração: Produtos Naturais e Substância Bioativas Número de Páginas: 137. A tecnologia associada à modificação da liberação de fármacos sofreu um incremento notório nas últimas décadas na tentativa de maximizar as vantagens inerentes às formas farmacêuticas de liberação controlada. A utilização de sistemas matriciais constituídos por diversos tipos de polímeros é considerada uma opção interessante, devido às vantagens desses sistemas. A quitosana (Qts) (poli-β-(1-4)D-glucosamina) é um polissacarídeo catiônico derivado da quitina, de fácil obtenção e com muitas aplicações industriais. Neste trabalho, o derivado O-Carboximetilquitosana (O-CMQts) foi hidrofobicamente modificado com cloreto de lauroíla em diferentes concentrações, para obter um derivado da Qts com caráter anfifílico, o O-Carboximetilquitosana-N-Lauril (O-CMQts-N-Lauril), com diferentes graus de substituição (GS) e utilizá-lo como matriz na preparação de comprimidos de triancinolana (TC). A estrutura química dos derivados foi confirmada através das técnicas de espectroscopia no infravermelho (IV). O grau de carboximetilação (GC) da O-CMQts foi determinado através da titulação condutimétrica. Para determinar o GS foi desenvolvido um método utilizando a espectroscopia no IV. A interação entre o fármaco e o polímero foi verificada de forma indireta através da quantificação do fármaco livre na dispersão polimérica. As propriedades tecnológicas dos derivados foram determinadas com o objetivo de preparar comprimidos contendo o fármaco através da compressão direta. Na preparação dos comprimidos, a TC foi incorporada à matriz dos derivados através da mistura física (MFT) e co-secagem fármaco: polímero por nebulização (SDT). Os comprimidos foram caracterizados em relação a morfologia, absorção de água e perfil de liberação do fármaco em meio gástrico simulado. Os derivados AC1 e AC2 apresentaram GS com valores entre 43,5 e 8,56 %. A quantidade de TC complexada aos derivados N-acilados foi proporcional ao GS destes derivados. O tamanho e a morfologia das partículas dos derivados N-acilados foram influênciados pelo processo de obtenção e GS dos derivados. Os comprimidos SDT apresentaram resistência física maior quando comparado com os MFT, sendo que em ambos a resistência aumentou com o GS do derivado. Os comprimidos apresentaram tempo de desintegração menor do que 15 min, exceto os comprimidos AC3T contendo 4 mg, que não desintegraram em 300 min de análise. Nos comprimidos MFT (20 mg) a liberação máxima ocorreu em torno de 60 min, entretanto, a solubilidade do TC aumentou significativamente nos comprimidos preparados com derivados contendo GS elevado. Nos comprimidos SDT (20 mg) a proporção de fármaco liberada por tempo foi dependente do derivado. Os comprimidos SDAC3T liberaram praticamente todo fármaco em 30 min, enquanto

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que os comprimidos SDAC1T liberaram cerca 16 % do fármaco no mesmo período de tempo. Os comprimidos contendo 4 mg de fármaco apresentaram liberação máxima em torno de 60 min, com exceção dos comprimidos AC3T que liberaram cerca de 20 % de fármaco no mesmo intervalo de tempo. A partir dos resultados mostrados neste trabalho pode-se concluir que os derivados apresentam capacidade de formação de complexos fármaco:polímero com maior solubilidade em meio aquoso e podem ser utilizados na preparação de comprimidos de liberação convencional ou modificada do fármaco, dependendo das propriedades físico-químicas do derivado N-acilados da O-CMQts. Palavras-chave: O-carboximetilquitosana- N-lauril. comprimidos. spray-drying. liberação modificada. triancinolona.

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SYNTHESIS AND CHARACTERIZATION OF O-CARBOXYMETHYLCHITOSAN-N-LAURYL AND ITS USE AS AMPHIPHILIC POLYMER IN TRIAMCINOLONE

TABLETS.

Maria Cláudia Tonelli Largura April/2009

Advisor: Clóvis Antonio Rodrigues, Dr.

Ruth Meri Lucinda Silva, Dra. Concentration Area:Natural Products and Bioactive Substances. Number of Pages:137. The technology associated with the modification of drug release has undergone a remarkable increase in recent decades, in an attempt to maximize the benefits of controlled-release dosage forms. The use of matrix systems consisting of various types of polymer is considered an interesting and advantageous option. Chitosan (Chts) (poly-β-(1-4) D-glucosamine) is a cationic polysaccharide derived from chitin, which is easy to obtain and has many industrial applications. In this work, the derivative O-Carboxymethylchitosan (O-CMChts) was modified with lauroyl chloride in different concentrations, to obtain a Chts derivative with amphiphilic characteristics, O-Carboxymethylchitosan-N-lauryl (O-CMChts-N-lauryl), with different degrees of substitution (DS), and use it as a matrix in the preparation of triamcinolone (TC) tablets. The chemical structure of the derivatives was confirmed by techniques of infrared spectroscopy (IR). The degree of carboxymethylation (DC) of the O-CMChts was determined by conductivity titration. To determine the DS, a method using IR spectroscopy was developed. The interaction between the drug and the polymer was indirectly verified by quantifying the free drug in polymer dispersion. The technological properties of the derivatives were determined, in order to prepare tablets containing the drug by direct compression. In the tablet preparation TC was incorporated into the matrix by physical mixing (PMT) and drug:polymer co-drying using a spray-dryer (SDT). The tablets were characterized for morphology, water uptake, and drug release profile in a simulated gastric environment. Derivatives AC1 and AC2 showed DS with values of between 43.5 and 8.56%. The amount of TC complexed to N-acyl derivatives was proportional to these DS values of the derivatives. The size and morphology of N-acyl the derivative particles were influenced by the uptake process and DS of the derivatives. The SDT tablets showed greater physical strength than the PMT tablets, and in both, resistance increased with the derivative DS. The tablets showed a disintegration time of less than 15 min, except for the AC3T tablets containing 4 mg TC, which did not disintegrate in 300 min of analysis. In the PMT tablets (20 mg TC), maximal release occurred at around 60 min, however, the TC solubility increased significantly in the tablets prepared with products containing high DS. In the SDT tablets containing 20 mg of TC, the proportion of drug released over time was dependent on the derivative. The SDAC3T tablets released almost every drug within 30 min, while the SDAC1T tablets released about 16% of the drug in the same period of time. The tablets containing 4 mg of drug showed maxim release in about 60 min, except for the AC3T tablets, which released 20% of drug in the same time. Based on the results of this work, we can conclude that the derivatives have the capacity to form drug:polymer complexes with

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higher water solubility, which can used in the preparation of tablets with conventional or modified drug release, depending on the physical and chemical properties of the O-CMChts N-acyl derivative. Keywords: O-carboxymethylchitosan-N-lauryl. tablets. spray-drying. modified release. triamcinolone.

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LISTA DE FIGURAS Figura 01 Representação esquemática da estrutura química do

monômero da quitina (N-acetil-D-glucosamina). 22

Figura 02 Representação esquemática da estrutura química do monômero da quitosana (D-glucosamina).

23

Figura 03 Representação esquemática da estrutura química do monômero da O-CMQts.

28

Figura 04 Representação esquemática da estrutura química do monômero da N-acil-O-CMQts.

31

Figura 05 Mini Spray-Dryed (BUCHI,2009). 39 Figura 06 Representação esquemática da estrutura química da

Triancinolona. 47

Figura 07 Representação esquemática da reação de síntese da O-CMQts, partindo do polímero quitosana.

65

Figura 08 Espectro da região do IV da quitosana (-) e dos derivados O-CMQts na forma ácida e salina. O espectro corresponde ao derivado OM1 na forma salina (-) e na forma ácida (-). Pastilhas preparadas com 2 mg de quitosana e/ou derivado na forma ácida e/ou salina e 100 mg de KBr.

68

Figura 09 Curva de titulação Condutimétrica da AC1 com NaOH 0,1 M. 69 Figura 10 Representação esquemática da Síntese da O-CMQts N-Lauril a

partir da O-CMQts. 72

Figura 11 Espectros na região do IV da quitosana e dos derivados O-CMQts e N-Acil-O-CMQts na forma salina. O espectro (-) corresponde a quitosana, o (-) ao derivado O-CMQts na forma salina (OM2) e o (-) ao AC4. Pastilhas preparadas com 2 mg de quitosana e/ou derivado e 100 mg de KBr.

75

Figura 12 Espectro no IV na região de 3500 a 2500 cm-1, determinação da altura do pico na região 2920 cm-1.

77

Figura 13 Curva Analítica através das medidas da altura do pico na região de 2950 cm -1. Utilizada para obter equação de reta. Pastilhas foram preparadas com 2 mg da mistura polímero/ácido láurico (5, 17, 28, 33, 41 %) e 100 mg de KBr..

78

Figura 14 Espectro no IV na região de 3500 a 2500 cm-1, determinação da área total dos picos na região 2920 e 2850 cm-1.

79

Figura 15 Curva Analítica através das medidas da área total do pico na região de 2950 e 2850 cm -1. Utilizada para obter equação de reta. Pastilhas foram preparadas com 2 mg da mistura polímero/ácido láurico (5, 17, 28, 33, 41 %) e 100 mg de KBr.

79

Figura 16 Grau de Substituição dos derivados (N-acilado) através da medida da altura e da área total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1 no espectro na região do IV.

80

Figura 17 Fotomicrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (60x) dos derivados N-acilados da OCMQts AC2 e AC3. O detalhe em cada fotomicrografia representa a ampliação das partículas (500x derivado AC2 e 1000x derivado AC3)

83

Figura 18 Distribuição do tamanho de 300 partículas dos derivados AC1, AC2, AC3 e AC4.

84

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Figura 19 Relação entre o ângulo de repouso, índice de Carr e características de fluxo (WELLS, 2005) dos derivados N-acilados sintetizados..

88

Figura 20 Interação do fármaco (TC) com os derivados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e AC4) em meio tampão fosfato pH 7,2, durante 120 minutos à 25 o C sob agitação.

90

Figura 21 Espectros no IV na região de 4000 a 500 cm-1 da TC (-), do derivado após o estudo interação fármaco/polímero (IFP) (-) e o espectro de IV da mistura física (MF) do fármaco com o polímero (-).

93

Figura 22 Espectro no IV na região de 4000 a 500 cm-1 da Triancinolona (-) e da dispersão sólida SDAC3 do derivado AC3 (-). Pastilhas foram preparadas contendo 2 mg de TC ou de dispersão sólida e 100 mg de KBr.

95

Figura 23 Fotomicrografias da mistura física da TC (20 mg) com 50 mg do derivado AC1 (A), AC2 (B) e AC3 (C) e fotomicrografias da dispersão sólida da TC (20 mg) com 50 mg do derivado AC1 (D), AC2 (E) e AC3 (F).

96

Figura 24 Distribuição do tamanho de partículas das dispersões sólidas SDAC1, SDAC2 e SDAC3 através do equipamento de luz polarizada em meio aquoso (0,20 %).

97

Figura 25 Aspecto superficial dos comprimidos contendo 20 mg de TC, a partir da mistura física fármaco/polímero - MFAC1T (A), MFAC2T (B) e MFAC3T (C) e a partir das dispersões sólidas - SDAC1T (D), SDAC2T (E) e SDAC3T (F) obtidas por microscopia óptica.

100

Figura 26 Fotomicrografias da superfície interna dos comprimidos obtidos a partir da mistura física - MFAC1T (A), MFAC2T (B) e MFAC3T (C) e obtidos a partir da dispersão sólida - SDAC1T (D), SDAC2T (E) e SDAC3T (F). As fotomicrografias foram obtidas através da Microscopia Eletrônica de Varredura.

101

Figura 27 Absorção de HCl 0,1 M dos comprimidos contendo mistura física dos derivados N-acilados da O-CMQts (50 mg) e 20 mg de TC em determinado tempo.

104

Figura 28 Absorção de HCl 0,1 M em comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados N-acilados da O-CMQts (50 mg) e 20 mg de TC em determinado tempo.

105

Figura 29 Aspecto físico do comprimido SDAC1T submetidos ao ensaio de absorção de água, antes (A) e após 150 minutos de ensaio (B).

105

Figura 30 Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados N-acilados da O-CMQts na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

108

Figura 31 Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados N-acilados da O-CMQts na forma ácida e ou na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

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Figura 32 Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados N-acilados da O-CMQts na forma salina co-secados por nebulização em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

111

Figura 33 Perfil de Liberação in vitro da TC (4 mg) em comprimidos contendo 66 mg de derivados N-acilados da O-CMQts na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

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LISTA DE TABELAS Tabela 01 Descrição dos comprimidos contendo TC e derivados

anfifílicos (O-CMQts-N-Lauril) com diferentes proporções e processos de pré-compressão.

61

Tabela 02 Descrição dos derivados O-CMQts (OM1, OM2, OM3 e AC4) sintetizados.

66

Tabela 03 Determinação do Grau de carboximetilação dos derivados OM1, OM2, OM3 e AC4.

69

Tabela 04 Solubilidade dos derivados O-CMQts em água com variação de pH (2-12) em temperatura ambiente.

71

Tabela 05 Método de obtenção (síntese) e suas proporções do derivado O-CMQts N-Lauril.

73

Tabela 06 Determinação do grau de substituição de diferentes lotes através da altura do pico na região de 2950 cm -1.

78

Tabela 07 Determinação do grau de substituição de diferentes lotes através da área total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-

1.

80

Tabela 08 Determinação do grau de substituição de diferentes polímeros através da área total dos picos.

82

Tabela 09 Caracterização física dos derivados O-CMQts N-Lauril 86 Tabela 10 Descrição das curvas analíticas construídas para quantificar

a TC. 89

Tabela 11 Resistência física dos comprimidos contendo TC em diferentes concentrações.

103

Tabela 12 Teor de fármaco dos comprimidos contendo 20 mg TC e preparados a partir da mistura física ou dispersão sólida do fármaco e polímeros.

103

Tabela 13 Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo mistura física de 20 mg de TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma salina.

108

Tabela 14 Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo mistura física de 20 mg TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma ácida e ou salina.

110

Tabela 15 Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo dispersão sólida (20 mg de TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma salina).

111

Tabela 16 Porcentagem de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo 4 mg de fármaco e 66 mg de derivados (O-CMQts-N-Lauril) na forma salina

113

Tabela 17 Fatores de diferença (f1) dos comprimidos contendo 50 mg do derivado na forma ácida e/ou salina e 20 mg TC misturados fisicamente e/ou obtidos através da co-secagem por nebulização

119

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Modelos matemáticos usados para descrever os perfis de dissolução de fármacos incorporados em formas farmacêuticas.

43

Quadro 02 Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos contendo mistura física dos derivados na forma salina (50 mg) com 20 mg de TC, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

115

Quadro 03 Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos obtidos a partir dos derivados AC4 e AC1 na forma ácida preparados após MF, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

117

Quadro 04 Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

118

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LISTA DE ABREVIATURAS

Qtn – Quitina;

Qts – Quitosana;

O-CMQts – O-Carboximetilquitosana;

N-Lauril- O-CMQts - O-Carboximetilquitosana-N-Lauril;

TC – Triancinolona;

GA – Grau Acetilação;

GD – Grau de desacetilação;

GS – Grau de substituição;

RMN de H1 - Técnica de Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

IV – Espectroscopia na região do Infravermelho

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura;

MM – Massa molecular;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 18

2 OBJETIVOS ................................................................................................. 20

2.1 Objetivo Geral:................................................................................................20

2.2 Objetivos Específicos: ...................................................................................20

3 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................... 21

3.1 Polímeros ........................................................................................................21

3.1.1 Quitina (Qtn)......................................................................................................... 22

3.1.2 Quitosana (Qts) .................................................................................................... 23

3.2 Modificações hidrofóbicas da Quitosana.....................................................26

3.3 Derivados Carboximetilados da Quitosana .................................................28

3.4 Derivados Anfifílicos......................................................................................30

3.5 Determinação do Grau de substituição dos polímeros ..............................33

3.6 Formas Farmacêuticas Sólidas.....................................................................35

3.6.1 Técnicas de Co-secagem por aspersão – Spray-dryed ........................................ 39

3.7 Estudos de Cinética de Liberação ................................................................42

3.8 Fármaco ..........................................................................................................47

3.8.1 Triancinolona........................................................................................................ 47

4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................49

4.1 Sínteses...........................................................................................................49

4.1.1 Síntese dos derivados O-Carboximetilquitosana .................................................. 49

4.1.2 Síntese dos derivados O-Carboximetilquitosana-N-Lauril..................................... 50

4.2 Caracterização dos derivados.......................................................................51

4.2.1 Caracterização dos derivados O-carboximetilquitosana ....................................... 51

4.2.2 Caracterização dos derivados O-Carboximetilquitosana-N-Lauril ......................... 53

4.2.3 Caracterização física dos derivados N-Acilados ................................................... 55

4.3 Curva Analítica para quantificação da Triancinolona (TC) por

Espectrofotometria na região do UV ..................................................................58

4.4 Estudo de Interação dos Polímeros com a Triancinolona..........................58

4.5 Obtenção da dispersão sólida dos derivados N-Acilados por Spray-Dryer

...............................................................................................................................59

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4.6 Caracterização das dispersões sólida dos derivados N-Acilados.............59

4.6.1 Análise morfológica através da Microscopia Eletrônica de Varredura................... 59

4.6.2 Distribuição do tamanho de partículas.................................................................. 60

4.6.3 Análise da dispersão sólida por Espectro no Infravermelho.................................. 60

4.7 Obtenção dos comprimidos de Triancinolona ............................................60

4.8 Caracterização dos comprimidos .................................................................61

4.8.1 Peso médio dos comprimidos de Triancinolona.................................................... 62

4.8.2 Teor de Triancinolona nos comprimidos ............................................................... 62

4.8.3 Análise da dureza dos comprimidos ..................................................................... 62

4.8.4 Análise da morfologia dos comprimidos ............................................................... 62

4.8.5 Absorção de água do comprimido em meio gástrico simulado ............................. 63

4.8.6 Perfil de dissolução in vitro e cinética de liberação ............................................... 63

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 65

5.1 Síntese dos derivados O-CMQts...................................................................65

5.2 Caracterização dos derivados O-Carboximetilquitosana ...........................67

5.2.1 Análise do derivado através do Espectro no Infravermelho (IV)............................ 67

5.2.2 Determinação de COOH- através da Titulação Condutimétrica com NaOH 0,1 M 69

5.2.3 Teste de Solubilidade dos derivados Carboximetilados ........................................ 70

5.3 Síntese dos derivados N-Acilados................................................................71

5.4 Caracterização do derivado O-CMQts N-Lauril............................................74

5.4.1 Análise dos derivados por Espectroscopia no Infravermelho................................ 74

5.4.2 Grau de Substituição por Espectro no Infravermelho............................................ 76

5.4.3 Análise Morfológica e granulométrica dos derivados ............................................ 82

5.4.4 Teste de Solubilidade dos derivados O-CMQts N-Lauril ....................................... 85

5.5 Avaliação das características física dos pós dos derivados O-CMQts N-

Lauril......................................................................................................................86

5.6 Quantificação da Triancinolona (TC) ............................................................89

5.7 Estudos da Interação da TC com os polímeros...........................................89

5.8 Obtenção e Caracterização da dispersão sólida .........................................94

5.9 Desenvolvimento dos comprimidos.............................................................98

5.9.1 Desenvolvimento dos comprimidos de Triancinolona (TC) ................................... 98

CONCLUSÕES.......................................................................................................121

REFERÊNCIAS....................................................................................................123

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1 INTRODUÇÃO

Os polissacarídeos naturais têm se mostrado úteis no controle da liberação

de fármacos. A quitosana (Qts), um biopolímero obtido pela desacetilação da quitina

(SANTOS et al., 2003), apresenta vantagens em relação a outros polissacarídeos

por ser biodegradável, biocompatível e atóxico. Essas características contribuem

para a utilização da Qts e de seus derivados como matrizes para a imobilização e

liberação de fármacos (GONÇALVES et al., 2005). A Qts é um biopolímero insolúvel

em água, porém, solúvel em soluções aquosas de ácidos orgânicos. As

modificações na sua solubilidade dependem da quantidade de grupamentos amino

protonados na cadeia (SANTOS et al., 2003).

A modificação química da Qts é uma ferramenta útil para planejar novos

carreadores de fármacos com o objetivo principal de melhorar a atividade biológica

dos fármacos, bem como diminuir os possíveis efeitos tóxicos e melhorar a

biodistribuição dos mesmos (MAJETI; KUMAR, 2000). A síntese de derivados da Qts

com caráter anfifílico pode possibilitar o aumento da solubilidade em água de

fármacos pouco solúveis, além de reduzir a toxicidade do sistema de liberação

(ZHU; JIANHONG, WENHUI, 2006). Estes polímeros anfifílicos constituídos pela

cadeia hidrofílica da Qts contendo substituintes hidrofóbicos, podem se encontrar

distribuídos nas extremidades ou de forma aleatória ao longo da cadeia polimérica

(PEIT-AGNELY; ILIOPOULOS; ZANA, 2000).

A O-carboximetilquitosana (O-CMQts) é um derivado da Qts parcialmente

solúvel em água, que contém na sua estrutura grupos COOH e NH2. O aumento das

suas aplicações é devido à característica anfótera, que confere à molécula a

capacidade de ser mais eficiente que a Qts na perturbação de membrana em

condições ácidas, básicas e neutras. Essas propriedades fazem com que a O-

CMQts seja estudada e empregada na liberação de genes e fármacos (ZHU et al.,

2005; GUO et al., 2006).

A N-acilação da Qts e de seus derivados com cloretos de ácido graxos

provoca aumento da hidrofobicidade do polímero, podendo ser utilizada como matriz

hidrofóbica para liberação de fármacos (TIEN et al., 2003). Além de aumentar a

solubilidade e eficácia de fármacos pouco solúveis em água (HENNI-SILHADI et al.,

2007; ROSA, 2008).

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Neste contexto, a utilização de derivados anfifílicos da Qts tem sido objeto

de estudos de pesquisadores do NIQFAR (Núcleo de Investigações Químico-

Farmacêuticas), tendo por objetivo a obtenção de polímeros capazes de aumentar a

solubilidade de fármacos pouco solúveis em água e serem aplicados como

excipiente farmacêutico principalmente em sistemas terapêuticos de liberação

modificada (ROSA, 2008).

O presente trabalho tem como objetivo sintetizar e caracterizar derivados N-

acilados da Qts com diferentes graus de substituição (GS) e aplicá-los como

excipiente de matrizes visando à liberação modificada dos fármacos. O fármaco-

modelo utilizado foi a triancinolona (TC). A TC é um corticosteróide sintético com

ação imunossupressora e antiinflamatória, pouco solúvel em água.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Sintetizar e caracterizar a O-carboximetilquitosana-N-lauril e utilizá-la como

matriz anfifílica em comprimidos de triancinolona (TC).

2.2 Objetivos Específicos:

• Sintetizar a O-CMQts e caracterizar quanto ao grau de carboximetilação,

solubilidade e espectroscopia no infravermelho;

• Sintetizar o derivado O-carboximetilquitosana-N-Lauril através dos métodos

direto e inverso;

• Caracterizar o derivado O-carboximetilquitosana-N-Lauril quanto à morfologia,

tamanho médio de partícula, solubilidade, espectroscopia no infravermelho e

grau de substituição;

• Determinar as propriedades físicas de fluxo e de compressão dos derivados

N-acilados da O-CMQts através do método de ângulo de repouso, velocidade

de fluxo e densidade aparente;

• Verificar a interação dos derivados N-acilados da O-CMQts com o fármaco

modelo (TC) por meio da quantificação do fármaco livre na dispersão com os

polímeros;

• Preparar dispersão sólida dos derivados por spray-dryer e caracterizar quanto

à morfologia, distribuição do tamanho de partículas, tamanho médio de

partículas e espectroscopia no infravermelho;

• Preparar comprimidos contendo TC misturados físicamente e/ou co-secados

por nebulização com os derivados O-CMQts-N-Lauril sintetizados através da

compressão direta;

• Caracterizar os comprimidos obtidos quanto ao peso médio, teor de fármaco,

resistência física, morfologia, absorção de água em meio gástrico simulado e

perfil de liberação do fármaco in vitro;

• Analisar o perfil de liberação do fármaco através de métodos modelo

dependentes (cinética de liberação) e modelo independentes (fator de

diferença e eficiência de dissolução).

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Polímeros

Os polímeros naturais estão entre os excipientes mais utilizados na

preparação de formas farmacêuticas devido às suas diversas aplicações,

funcionalidades e propriedades biodegradáveis e biocompativeis, especialmente em

sistemas de liberação controlada de fármaco (ANGELOVA; HUNKELER, 1999;

RIOS, 2005).

Polímeros naturais e biocompatíveis são biodegradáveis e oferecem

biocompatibilidade, mas sofrem variações de lote a lote devido às limitações no

método de purificação. Já os polímeros sintéticos estão disponíveis em diversas

composições com fácil ajuste de suas propriedades (ANGELOVA; HUNKELER,

1999). Os polímeros naturais podem ser classificados de acordo com sua

solubilidade, sendo assim denominados de polímeros hidrofóbicos e polímeros

solúveis em água (FRANCHETTI; MARCONATO, 2006; XU et al., 2008).

Devido às propriedades dos polímeros naturais, alguns cuidados devem ser

tomados durante o desenvolvimento das formulações. A estrutura química do

polímero não deve comprometer a ação dos ativos e suas propriedades físicas

devem ser consistentes e reprodutíveis para posteriores produções (JACOBS;

MASON, 1993).

Modificando as propriedades do polímero, sistemas matriciais podem ser

desenvolvidos para liberação modificada do fármaco. Materiais poliméricos de grau

farmacêutico com baixa toxicidade podem ser utilizados como membranas ou

matrizes, onde o ativo pode ser dissolvido ou disperso. Os polímeros também são

utilizados como veículo (OLIVEIRA; LIMA, 2006) pois, dificilmente são incompatíveis

a um fármaco (RIOS, 2005).

A tecnologia associada à modificação da liberação de fármacos sofreu um

incremento notório nas últimas décadas na tentativa de maximizar as vantagens

inerentes às formas farmacêuticas de liberação modificada (COLLETT; MORETON,

2005). A procura por novos sistemas de liberação de fármaco tem sido muito

acentuada no sentido de desenvolver alternativas terapêuticas mais eficientes, mais

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seguras e com efeitos colaterais minimizados (LOPES; LOBO; COSTA, 2005;

PICKER-FREYER; BRINK, 2006).

Ampla variedade de sistemas, visando controlar a velocidade e o local de

liberação dos fármacos, tem sido objeto de investigação na área da indústria

farmacêutica. Entre estes sistemas estão incluídos os lipossomas, as bombas

osmóticas, os revestimentos entéricos, os sistemas transdérmicos, os pró-fármacos,

os sistemas matriciais poliméricos, entre outros (LOPES; LOBO; COSTA, 2005).

Os principais polissacarídeos de interesse comercial são o amido e a

celulose, havendo uma atenção especial aos carboidratos mais complexos, como a

quitina, quitosana e xantanas (FRANCHETTI; MARCONATO, 2006).

3.1.1 Quitina (Qtn)

Quitina (Figura 01) é um homopolissacarídeo linear composto por unidades

de N-Acetil-D-Glucosamina (ou 2-Acetoamido-2-Deoxi-D-Glucose) em ligações β

(1→4). É uma poliamina acetilada e atóxica (KARLSEN et al., 1999).

Figura 01. Representação esquemática da estrutura química do monômero da quitina (N-acetil-D-glucosamina).

A Qtn ou poli-N-acetil-D-glucosamina é encontrada na casca de crustáceos,

insetos e nos fungos. Apresenta estrutura semelhante à celulose, sendo

considerada, depois desta, o polímero mais abundante do planeta (BORGOGNONI;

POLAKIEWICZ; PITOMBO, 2006; GEORGE; ABRAHAM, 2006; PICKER-FREYER;

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BRINK, 2006; NEAMNARK et al., 2007). Cerca de 50-80 % da composição orgânica

das cascas de crustáceos e da cutícula de insetos consistem de Qtn, e em leveduras

e fungos a quantidade está na faixa de 30 a 60% (PETER, 1995).

Segundo Borgognoni, Polakiewicz e Pitombo (2006) a Qtn é obtida da casca

de crustáceo através dos processos de desproteinação, desmineralização,

despigmentação, filtração e secagem, consecutivamente e intercalados com

enxágue. Para saponificação das gorduras e hidrólise das proteínas existentes na

casca do camarão é utilizada uma solução de hidróxido de sódio a 6 %, já para

ocorrer a desminelarização total é utilizada uma solução a 10 % de ácido clorídrico.

3.1.2 Quitosana (Qts)

A quitosana (Qts) é um polissacarídeo catiônico, um biopolímero formado

por unidades D-glucosamina e N-acetil-D-glucosamina com ligações β (1→4)

(Figura 02). Obtido por um processo de desacetilação alcalina da Qtn (DU et al.,

2009), pode variar sua composição em função do grau médio de acetilação (CHEN;

PARK, 2003; SANTOS et al., 2003; BADAWY et al., 2004; ZHU et al., 2007a; XU et

al., 2008). Possui semelhanças na sua estrutura química com a celulose, porém

exibe propriedades bem diferentes, pois é químicamente mais versátil devido à

presença dos grupos amino (CHANDY; AHARMA, 1993).

Figura 02. Representação esquemática da estrutura química do monômero da quitosana (D-glucosamina).

Rege, Shukla e Block (1999), classificaram a Qtn como sendo o

homopolímero poli-N-acetil-glucosamina, com o grau de desacetilação (GD) de 0 %,

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já a Qts é um poli-glucosamina, com 100 % de GD, porém, ela é comercialmente

disponível, na forma de copolímero, com o GD variando de 60 a 90 %.

A Qtn e a Qts são consideradas biopolímeros distintos, e o parâmetro GD,

ou seja, a quantidade de monômeros desacetilados em suas cadeias, que define

qual é o biopolímero predominante. O biopolimero é considerado Qts quando o GD

for superior a 50 % (BARROS et al., 2006).

A Qts pode apresentar diferentes GD, que correspondem à proporção de

grupos amino primários presentes na estrutura química do polímero, como também

podem apresentar diferentes massas moleculares (MM) (GEORGE, ABRAHAM,

2006).

Os diferentes GD da Qts são devido às variações no método de hidrólise

alcalina da Qtn, como: temperatura, tempo e concentração dos reagentes. O

processo de desacetilação envolve a remoção dos grupos acetil da cadeia molecular

da Qtn, resultando em grupamentos amino livres (NH2), aumentando a solubilidade

do produto em meio aquoso, em baixos valores de pH (ABDEL-FATTAH et al., 2007;

WESKA et al., 2007).

A Qts é insolúvel em água, porém, facilmente solúvel em ácidos orgânicos

diluídos, formando géis (FINI; ORIENTI, 2003; BORGOGNONI; POLAKIEWICZ;

PITOMBO, 2006). As modificações na sua solubilidade dependem da quantidade de

grupamentos amino protonados na cadeia. O aumento do número destes grupos

promove maior repulsão eletrostática entre as cadeias (SANTOS et al., 2003; YU et

al., 2009).

A Qts é um polissacarídeo adequado para diversas aplicações na área de

tecnologia farmacêutica por ser natural, atóxico, biocompatível, biodegradável,

biorenovável, biofuncional e possuir bioadesividade natural, que pode ser atribuída

às interações iônicas com os componentes de membrana das mucosas

(GONÇALVES et al., 2005, PICKER-FREYER; BRINK, 2006; GEORGE; ABRAHAM,

2006; PRASHANTH; THARANATHAN, 2007; PRABAHARAN; GONG, 2008).

Essas propriedades contribuem para o uso do polímero e de seus derivados

em diversas áreas farmacêuticas sendo aplicado como, hemostásico, anti-tumoral,

anti-úlcera, anticoagulante, em linhas de sutura, lente de contato e na cicatrização

de feridas (PRASHANTH; THARANATHAN, 2007). Pode auxiliar em processos de

quelação (BHATIA; RAVI, 2000), na diminuição dos níveis plasmáticos de colesterol

(CHIANG; YAO; CHEN, 2000), atua como agente antimicrobiano (JUNG et al.,

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1999), antioxidante (XIE; XU; LIU, 2001) e ativador de fatores sangüíneos

anticoagulantes (HIRANO et al., 1985). Além disso, foram realizadas pesquisas a

respeito da utilização da Qts no reparo e na regeneração de tecidos ósseos

(TOKURA; TAMURA, 2001).

Partículas, pós e soluções de Qts são veículos potenciais para liberação de

vacinas em mucosas. O polímero na forma de mano ou micropartículas encapsula

antígenos, apresentando a vantagem de produzir anticorpos especialmente nos

locais onde os patógenos entram no organismo (VAN DER LUBBEN et al., 2001).

Vier (2008) preparou sistemas multiparticulados de Qts e Alginato (AL) para

liberação colônica da Triancinolona. O autor concluiu que os sistemas

multiparticulados a base de AL e Qts resvestidos com polímeros insolúveis em água

representam uma promissora opção para obtenção de sistemas terapêuticos para

liberação do fármaco no cólon.

A Qts é aplicada em formas farmacêutica visando à liberação de fármacos,

onde a atenção está voltada para otimização da absorção de fármacos na liberação

modificada e em suas propriedades bioadesivas (PRASHANTH; THARANATHAN,

2007). Quanto às propriedades bioadesivas da Qts, a mucoadesividade da mesma,

aumenta com o aumento da MM e do GD (GEORGE, ABRAHAM, 2006).

A Qts reticulada também pode ser empregada como excipiente para a

liberação controlada ou sustentada, pois a reticulação consiste em ligações

covalentes formadas entre os grupamentos amino livres do biopolímero e

glutaraldeído, formaldeído ou outros agentes reticulantes (FINI; ORIENTI, 2003).

O efeito de agentes reticulantes em microesferas de Qts foi estudado

utilizando-se o diclofenaco de sódio como fármaco. A liberação do fármaco foi

realizada em solução tampão, simulando o trato gastrointestinal, durante um período

de 12 horas. O efeito dos agentes de ligação cruzada foi analisado levando-se em

conta características como intumescimento, porosidade, hidrólise, reticulação e

impregnação do diclofenaco de sódio. Com isso, concluiu-se que a porcentagem de

fármaco liberado depende principalmente da espécie da matriz empregada

(GONÇALVES et al., 2005).

Outra forma de utilização da quitosana e de seus derivados é no preparo de

filmes poliméricos para revestimento. As vantagens do uso de filmes incluem a

regulação da dissolução do fármaco, que pode ser rápida ou lenta, dependendo do

tipo de material polimérico (RITTHIDEJ; PHAECHAMUD, 2003).

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Ao longo da última década, muitos fármacos foram incorporados em sistema

de liberação específico no cólon para o tratamento de doença inflamatória intestinal.

Liberando o fármaco no local de ação, visando melhorar a eficácia do fármaco e

assim, prevenir efeitos colaterais. Várias formas farmacêuticas por via oral gastro-

resistentes foram desenvolvidas. Uma delas é o comprimido revestido utilizando

materiais como polímeros biodegradáveis, como por exemplo a

pectina/hidroxipropilmetilcelulose, pectina/quitosana, goma guar/goma xantana e

apenas goma guar (NUNTHANID et al, 2008).

Outra forma de aplicação da Qts e de seus derivados é a técnica de

encapsulação, que consiste em aprisionar substâncias sensíveis (compostos

voláteis) para proteger seus compostos durante o processamento e o

armazenamento. Borgognoni, Polaskiewicz e Pitombo (2006) em seu estudo de

estabilidade de emulsão do d-limoneno em quitosana modificada, fez reagir a

quitosana com o reagente anidrido succínico, obtendo-se a quitosana succinilada

(solúvel em água). Concluíram com o estudo, que essa modificação apresentou

características favoráveis à encapsulação de aromas.

Anal e colaboradores (2003) investigaram a proteção temporária que a Qts

na forma de esferas de quitosana-alginato pode exercer contra a degradação ácida

e enzimática da albumina sérica bovina durante a passagem pelo estômago. O

estudo analisou a velocidade e a manutenção da liberação da proteína, mostrando

que as esferas de quitosana-alginato são efetivas para formulações com substâncias

protéicas administradas por via oral, pois o sistema consegue atravessar o estômago

sem liberar a substância ativa, chegando ao intestino, onde a proteína deve ser

absorvida.

3.2 Modificações hidrofóbicas da Quitosana

As modificações estruturais dos biopolímeros são de grande interesse para

seu uso como matrizes na liberação de fármacos. Por possuir uma grande

quantidade de grupamentos reativos, como as hidroxilas e os grupos amino, a Qts

sofre facilmente mudanças estruturais, principalmente em reações de N-acetilação,

N-alquilação, N-carboxilação, N-sulfonação e formação de bases de Schiff com

aldeídos e cetonas. As modificações estruturais servem para melhorar as

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propriedades do polímero bem como aumentar o número de aplicações (PETER,

1995).

Muitas modificações na estrutura química da Qts podem ser realizadas,

visando melhorar a estabilidade da mesma frente a condições ácidas, como no

estômago, e também para otimizar a liberação controlada no intestino (GEORGE;

ABRAHAM, 2006; WU et al., 2006).

Para introduzir hidrofobicidade no polímero e utilizá-lo como excipiente em

sistemas de liberação controlada de fármacos, Tien e seus colaboradores (2003)

descreveram a N-acilação da Qts com cloretos de ácidos graxos. A característica

hidrofóbica da quitosana N-acilada conferiu à molécula a capacidade de reduzir a

velocidade de liberação do paracetamol, melhorando a atividade terapêutica. Os

resultados mostraram uma relação direta entre o grau de substituição e a velocidade

de liberação do fármaco. Acredita-se que a interação hidrofóbica aumenta a

estabilidade da quitosana substituída via auto-agregação hidrofóbica.

A ação antibacteriana de derivados N-acilados (N-propionil Qts e o N-

hexanoil Qts) com diferentes GS (grau de N-acetilação) foi analisada in vitro com

bactérias gram-positivas e gram-negativas. Foi observado que as Qts N-aciladas

com baixo GS apresentaram efeito inibitório sobre o crescimento de bactérias gram-

positivas e gram-negativas devido a sua interação com a célula bacteriana (HU et

al., 2007).

Kim e colaboradores (2006) também estudaram modificações hidrofóbicas

em derivados de Qts. Nanopartículas hidrofóbicas de Qts glicol foram empregadas

como carreadores de paclitaxel que é um fármaco antitumoral. As nanopartículas

apresentaram liberação prolongada do fármaco, baixa citotoxicidade e um efeito

antitumoral semelhante a um veículo clinicamente utilizado (Cremophor El) para a

liberação do paclitaxel, com as vantagens de ser menos tóxico e de acumular-se no

tecido tumoral.

Nanopartículas de Qts modificada hidrofobicamente através da conjugação

química formaram o derivado Qts glicol. A Qts glicol foi encapsulado com um

fármaco insolúvel (80 % encapsulado) por Min e colaboradores (2008) para testar a

liberação da Camptotencina em tecidos tumorais. Com auxílio do derivado

sintetizado, o fármaco em alta concentração (30 mg/kg) apresentou um potente

efeito terapêutico nos tecidos tumorais, devido à propriedade do derivado de

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permanecer mais tempo na corrente sanguínea e ao seu elevado acúmulo em

células tumores.

Zhang e colaboradores (2008) sintetizaram nanopartículas de outro derivado

hidrofóbico da Qts denominado de Qts Oleoíla, e verificaram a liberação da

isotiocianato fluoresceína em células A549 (linhagem celular de carcinoma pulmonar

humano). Foram analisados o tamanho de partícula, a concentração e o tempo de

incubação. Quanto menor a partícula e quanto maior a concentração do fármaco e o

tempo de incubação, melhor foi o desempenho das nanopartículas na liberação do

fármaco nas células.

3.3 Derivados Carboximetilados da Quitosana

Entre as várias reações de modificação da Qts, a carboximetilação vem

recebendo muita atenção, principalmente por produzir derivados facilmente solúveis

em meio fisiológico (CHEN; PARK, 2003). A reação pode ocorrer nos grupamentos

NH2 e nas hidroxilas do polímero (MUZZARELLI et al., 1982; GUO et al., 2006).

A O-Carboximetilquitosana (O-CMQts), é um derivado de éter anfótero, que

contém grupos de COOH e grupos NH2 na molécula. Já que o grupamento O-

hidroxila da Qts é substituído por um grupamento carboxil (ZHU et al., 2005;

YINSONG et al., 2007), como mostra a Figura 03.

Figura 03. Representação esquemática da estrutura química do monômero da O-CMQts.

O aumento das suas aplicações é devido à característica anfótera, que

confere à molécula a capacidade de ser mais eficiente que a Qts na perturbação de

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membrana em condições ácidas, básicas e neutras. As forças responsáveis por esse

comportamento são, em condições neutras, ligações de hidrogênio e interações

hidrofóbicas e, em condições ácidas ou básicas, interações eletrostáticas. A forte

interação da O-CMQts com os constituinte de membrana celular aumenta

potencialmente a sua efetividade na liberação de genes e fármacos (ZHU et al.,

2005).

A maioria dos derivados orgânicos solúveis da Qts são usados nas

formulações, como nos sistemas de liberação do fármaco, com o objetivo de

aumentar a solubilidade do fármaco em meio aquoso diminuindo a dose terapêutica

necessária e consequentemente reduzindo os possíveis efeitos colaterais e

melhorando a ação terapêutica. Outra aplicação importante é aumentar a

permeação do fármaco no local de ação (ZHU; JIANHONG; WENHUI, 2006; ANAL;

STEVENS; REMUÑÁN-LÓPEZ, 2006, NEAMNARK et al., 2007).

A síntese de derivados O-Carboximetilados da Qts com características

anfifílicas também pode possibilitar o aumento da solubilidade em água de fármacos

pouco solúveis, além de reduzir a toxicidade do fármaco. Essas propriedades foram

consideradas na preparação de um sistema de liberação para a camptotencina

utilizando a O-CMQts. Os resultados mostraram que o sistema de liberação

desenvolvido através da agregação da OCMQts, melhorou solubilidade do fármaco,

além de garantir uma liberação modificada do mesmo (ZHU; JIANHONG, WENHUI,

2006).

A aplicação da O-CMQts como matriz para liberação de fármacos foi

relatada por Zhu, Liu e Ye (2006). No estudo foi analisada a incorporação do

fármaco antitumoral camptotencina que é pouco solúvel em água, sendo observado

que a característica hidrofóbica do polímero melhora a eficiência na incorporação do

fármaco.

A segurança dos derivados caroximetilados foram avaliados em estudos

com animais. Ramesh, Viswanatha e Tharanathan (2004) avaliaram a segurança da

N-O-CMQts em ratos albinos, analisando possíveis mudanças no peso corporal,

peso dos órgãos vitais, parâmetros hematológicos e histopatológicos. O polímero

mostrou-se biocompatível, não alterando qualquer característica estudada. Lopez e

colaboradores (2005) avaliaram a toxicidade aguda oral (dose única) da N-CMQts.

No estudo não foram encontrados alterações ou danos atribuídos à administração

da N-CMQts. Quanto a sobrevivência dos animais os autores obtiveram 100 % em

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doses de 200 mg/kg. O que indica que o derivado pode ser considerado como “sem

classificação”quanto a toxicidade.

3.4 Derivados Anfifílicos

Polímeros anfifílicos são constituídos de uma cadeia hidrofílica e alguns

substituintes hidrofóbicos inseridos, que podem se encontrar distribuídos nas

extremidades ou de forma aleatória ao longo da cadeia polimérica (PEIT-AGNELY;

ILIOPOULOS; ZANA, 2000). Em meio aquoso, a porção hidrofílica é responsável

pela hidratação dos polímeros, enquanto que as porções hidrofóbicas minimizam

seu contato com a água através da reação de auto-agregação (ESQUENET et al.,

2004).

Polissacarídeos com característica anfifílica podem ser sintetizados através

de reações de modificação dos grupamentos hidrofílicos e hidrofóbicos. Como a

maioria dos polissacarídeos são polieletróliticos, o caráter hidrofílico, pode ser

controlado através do número da carga iônica da unidade sacarídea, ou, quando os

sítios iônicos são base ou ácidos fracos, a alteração do pH do meio modifica o grau

de ionização. Já o caráter hidrofóbico pode ser ajustado com ligações covalentes

dos grupamentos hidrofóbicos com os hidrofílicos (DESBRIÈRES; BABAK, 2006;

ZHU; YUAN; LU, 2007).

A síntese de derivados da Qts com características anfifílicas pode

possibilitar o aumento da solubilidade em água de fármacos pouco solúveis, além de

reduzir a toxicidade do mesmo. Os polissacarídeos hidrofobicamente modificados

com caráter anfifílico tem sido muito utilizados como veículo para fármacos

insolúveis em água, devido à biocompatibilidade, biodegradabilidade e baixa

toxicidade (HENNI-SILHAI et al., 2007).

O N-Butilquitosana é um derivado anfifílico que foi sintetizado através da

reação heterogênea sólido-líquido, com diferentes concentrações de Qts e brometo

butil para obter derivados com diferentes GS. Quando comparados com a Qts

apresentou um grande potencial como biomaterial para regeneração óssea. Essa

propriedade se deve ao rearranjo hidrofóbico/hidrofílico formado após a reação da

síntese (LI et al, 2005).

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Xu e colaboradores (2008) estudaram o efeito O derivado N-O-

hexanoilquitosana (HQts) em fibroblastos dérmicos, e examinaram a proliferação e

viabilidade in vitro do derivado. No estudo, foi verificado que o HQts não teve

qualquer efeito deletério sobre a viabilidade de fibroblastos dérmicos e, em testes in

vivo, o HQts demonstrou uma resposta favorável em comparação ao controle

positivo, pois diminuiu significativamente a inflamação e a fibrose.

Os derivados anfifílicos da O-CMQts tem como característica, além do grupo

carboxil ligado ao C-6, a presença de outros grupos de caráter hidrofóbico ligados ao

nitrogênio do ligado ao C-2. A Figura 04 mostra uma representação simplificada de

um derivado anfifílico da O-carboximetilquitosana contendo grupos acilas.

Figura 04. Representação esquemática da estrutura química do monômero da N-acil-O-CMQts.

Trabalhos relacionados com derivados anfifílicos da O-CMQts começaram

a ser publicados hà aproximadamente 5 anos e a grande maioria deles está

relacionado com a atividade biológica ou a liberação de fármacos.

Derivados da O-CMQts foram sintetizados a partir da reação com aldeídos

aromáticos, formando bases de Schiff. A atividade antifúngica dos derivados foi

testada contra os fungos Valsa mali, Alternaria solani e Fusarium oxysporium f. sp.

vasinfectum, sendo que dois dos derivados apresentaram melhor atividade que a

Qts e a O-CMQts (GUO et al., 2005).

A O-Carboximetilquitosana hexanoil (O-CMQtsH) com natureza anfifílica e

solúvel em água, foi sintetizada através da reação do polímero com o anidrido

através da formação da amida. A capacidade do polímero de intumescer sob

condições fisiológicas neutras torna a O-CMQtsH um potencial candidato para

liberação de fármacos com hidrofobicidade parcial. Este polímero apresenta

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substituições hidrofílicas e hidrofóbicas e capacidade de absorção e retenção de

água em condições neutras (LIU et al., 2006b).

A Carboximetilquitosana hexanoil (O-CMQtsH) foi utilizada para preparar

nanopartículas contendo hidroxi-apatita (HADC). Os resultados mostraram que a

cinética de liberação do ibuprofeno incorporado pode ser controlada pela

incorporação do HADC. Também foi observado um retardo na liberação do fármaco

com o aumento da quantidade de HADC, pois o mesmo atua como um agente

reticulador sendo uma barreira para a difusão. Quando a quantidade de HADC foi

superior a 5% ocorreu uma liberação rápida do fármaco uma vez que a natureza

hidrofílica do sistema destruiu as interações hidrofóbicas (LIU et al., 2006a).

Os derivados O-Carboximetilquitina e DDC-N-2-(Carboxietil) Qts

apresentam uma interessante atividade quando aplicados em emulsões ou na

estabilização da espuma. A atividade está diretamente relacionada com a estrutura

do polímero utilizado, que deve conter grupamentos hidrofóbicos distribuídos na

macromolécula (DESBRIÈRES; BABAK, 2006).

Outro derivado anfifílico da O-CMQts contendo colesterol foi preparado

através da reação do polímero com colesterol contendo grupos anidridos. O produto

da reação foi utilizado para preparar auto-agregados contendo albumina sérica

bovina (ASB). Os resultados mostraram que a estrutura ordenada da ASB foi

alterada pela presença do polímero e a estabilidade de desnaturação da proteína foi

melhorada (WANG et al., 2007a,b).

Liu e seus colaboradores (2007b), recentemente utilizaram a O-CMQts e

modificaram hidrofobicamente pela reação de ácido linolêico com o polímero via

formação de amida usando o 1 etil-3-(3 dimetilaminopropil) carbodiimida (EDC),

gerando um nanoagregado. O agente antitumoral adriamicina foi fisicamente

incorporada nos sistemas nanoagregados. Os resultados mostraram que a eficiência

e a capacidade de incorporação do fármaco aumentam com a concentração dos

mesmos. A adriamicina foi liberada lentamente dos agregados por aproximadamente

três dias. Além disso, foi observado que a liberação do fármaco depende do pH do

meio, aumentando à medida que o pH aumenta.

O EDC (1 etil-3-3dimetilaminopropil) foi utilizado para preparar um derivado

anfifílico da O-CMQts contendo a fosfatidiletanolamina. As partículas foram

preparadas através da geleificação, via reticulação iônica, com o tripolifosfato. Neste

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experimento o cetoprofeno foi utilizado como fármaco hidrofóbico modelo, sendo que

a cinética de liberação do fármaco foi dependente do pH do meio, pois o polímero

apresentou maior grau de intumescimento em meio ácido. Os resultados indicam

que esse derivado pode ser aplicado em sistemas de liberação modificada de

fármacos hidrofóbicos (PRABAHARAN; REIS; MANO, 2007).

Felicio e colaboradores (2008) sintetizaram a N-CMQts e o seu derivado N-

acetilado e avaliaram a capacidade de formação de nanoagregados em meio

aquoso através espalhamento de luz estático e dinâmico e microscopia de força

atômica. As nanopartículas apresentaram-se como nanoesferas densa e as

características hidrofóbicas foram determinads por meio de sonda fluorescente

hidrofóbica (pireno).

Rosa (2008) obteve o derivado anfifílico da O-CMQts-benzilado através da

reação com benzaldeído e verificou sua aplicação no carreamento de um fármaco

pouco solúvel a triancinolona (TC). Os derivados sintetizados aumentaram

significativamente a solubilidade da TC quando comparado com a solubilidade em

meio aquoso. Porém, não houve uma forte interação polímero fármaco.

Aparentemente o fármaco interage com a parte hidrofóbica do polímero quando este

está disperso em água.

3.5 Determinação do Grau de substituição dos polímeros

Diversas propriedades dos polímeros (Qtn, Qts e seus derivados) estão

diretamente relacionadas ao grau de substituição (GS). A determinação do GD para

os dois copolímeros (Qtn e Qts) é essencial no estudo de suas estruturas químicas e

propriedades. Assim, quando o GD é conhecido, muitas propriedades podem ser

previstas como, por exemplo, a determinação da solubilidade dos polímeros (LI et.

al., 2007; KASSAAI, 2008).

Vários métodos já foram desenvolvidos para determinar o GD. Wua e

Zivanovic (2008) utilizaram o método de UV com ácido fosfórico como solvente para

determinar o GD da Qtn e da Qts através da primeira derivada, e concluíram que,

além de uma técnica econômica o resultado é determinado com precisão através de

uma única técnica analítica, em menos de 3 horas.

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Para determinar a quantidade de grupamentos NH2 que permanecem livres

após o processo de desacetilação da Qts e ou nas reações de modificação da Qts

foi desenvolvida uma técnica utilizando a titulação potenciométrica através dos

pontos de inflexão na curva (HU et al., 2007).

A técnica de titulação potenciométrica foi utilizada para determinar o grau de

desacetilação de derivados N-acilados da Qts sintetizados com diferentes anidridos

como, anidrido acético, propionico e hexanionico. Através de dois pontos de inflexão

da curva, onde o primeiro ponto corresponde ao volume de NaOH (base forte) que

reage com o excesso de HCl (ácido forte) e o segundo ao volume de NaOH que

reage com o grupamento amino protonado (ácido fraco). Essa técnica só é efetiva

quando o derivado da Qts apresenta apenas um grupamento que sofre protonação

(HU et al., 2007).

O método DSC através da curva analítica foi proposto como um método

alternativo para determinar o grau de N-acetilação (GA) da Qtn e da Qts, com base

na área e altura dos picos no sinal de decomposição. Os resultados foram

comparados com os obtidos na técnica de Ressonância Magnética Nuclear de

Hidrogênio (RMN 1H), apresentando um erro relativo de 2 a 3 %, tanto para os

resultados da área quanto para os da altura (GUINESI; CAVALHEIRO, 2006).

As técnicas de Espectroscopia no IV e RMN de 1H (SUI et al., 2008),

difração de raios-X, e Termogravimétrica são técnicas muito utilizadas para

confirmar a substituição nos derivados. Além de confirmar a substituição, Ma e

colaboradores (2008) calcularam o GS de derivados N-acilados com cloreto de

estearoil através da técnica de RMN de 1H, pois os derivados sintetizados

apresentaram excelente solubilidade em solventes orgânicos.

O GS dos derivados solúveis da Qts é determinado com o auxilio da técnica

de RMN de 1H, baseado nos valores das integrais dos hidrogênios do substituinte.

Porém, esta metodologia é limitada para derivados solúveis em solventes orgânicos

(LIU et al., 2006b).

Para caracterizar a Qts N-acilada com cloreto de oleoila, Velásquez e

colaboradores (2007), usaram a técnica de RMN de H1 para quantificar o GS dos

grupamentos amida dos derivados solúveis e nos derivados insolúveis, usaram a

técnica de Espectroscopia na região do Infravermelho (IV).

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Sui e colaboradores (2008) utilizaram a técnica de Espectroscopia de IV e

RMN de H1 para confirmar a estrutura do derivado Propil-succinil-quitosana, porém,

para determinar o GS do derivado utilizaram outras técnicas complementares.

A espectroscopia no Infravermelho (IV) é uma técnica relativamente rápida

para uma avaliação qualitativa e quantitativa do GS de derivados insolúveis em

solventes orgânicos. O GS é obtido através da determinação da absorção das

bandas, utilizando apenas um espectro que será avaliado através de um método

estatístico (KASSAAI, 2008).

Kasaai (2008) realizou uma revisão sobre a determinação do Grau de N-

acetilação da Qts e o GS de derivados da Qts usando a técnica de espectroscopia

no IV. As técnicas descritas são todas relacionadas com a altura das bandas

características dos polímeros e das reações envolvidas, que são colocadas em

equações que levam em conta o grau de acetilação da Qts de partida.

O GS de derivados N-acilados da Qts também pode ser quantificado através

da relação da altura da banda na região de 1655 cm-1 referente ao grupamento

amida (carbonila) sobre a altura da banda da hidroxila na região de 3450 cm-1, o

valor da área deve ser diminuído do valor referente ao grupamento acetil da Qts (em

natura) e multiplicado por 100 (TIEN et al., 2003). No entanto essa técnica se limita a

derivados que apresentam apenas uma carbonila, ao contrário disso pode ocorrer

sobreposição ou deslocamento das bandas.

3.6 Formas Farmacêuticas Sólidas

As formas farmacêuticas sólidas são as mais comumente utilizadas para

administração oral de fármacos. Os comprimidos representam a forma farmacêutica

mais consumida e a forma oral mais adequada para produção em escala industrial

possibilitando menor custo efetivo (MURAKAMI, 2008).

Existem poucos produtos farmacêuticos constituídos por apenas um

componente. Na maioria dos casos, para tornar viável a preparação da forma

farmacêutica e otimizar os parâmetros biofarmacotécnicos é necessário que

contenha vários excipientes/adjuvantes. Os excipientes podem apresentar diferentes

funções como: diluentes, aglutinantes, desintegrantes e lubrificantes (AULTON,

2005).

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Sempre que um produto contenha mais do que um componente, é

necessária a etapa de mistura dos componentes ou mistura dentro do processo de

fabricação, cujo objetivo é assegurar a distribuição homogênea do substância ativa,

assim como garantir que a forma farmacêutica libere o fármaco no local especificado

e em velocidade apropriada (AULTON, 2005).

A obtenção de comprimidos pode ser realizada por compressão direta do

fármaco juntamente com os adjuvantes, bem como por compressão de material

previamente granulado. A granulação é uma operação complexa e implica em

inúmeras etapas. Desta forma, a tendência tem sido recorrer à compressão direta de

misturas de pó, por ser uma técnica mais econômica (SOARES; PETROVICK,

1999).

A compressão dos pós consiste na aplicação de força externa sobre as

partículas de um pó ou de outro sistema particulado sólido que resulta na

transferência de uma força através dos pontos de contato interpartículares,

promovendo uma deformação no material. Esta deformação pode apresentar

comportamento do tipo elástico, plástico ou destrutivo, e está diretamente

relacionada com a intensidade da força aplicada e a duração da ação da mesma,

assim como as propriedades físicas do material (ALDERBORN, 2005).

Com base nas características de liberação, os comprimidos podem ser

classificados em dois tipos, em comprimidos de liberação imediata e de liberação

modificada (liberação prolongada, retardada e sustentada). Nos comprimidos de

liberação imediata, o fármaco é liberado de modo rápido após a administração,

constituem o tipo mais comum de comprimidos e abrangem comprimidos

desintegráveis, mastigáveis, efervescentes, sublinguais e bucais (ALDERBORN,

2005).

Os comprimidos de liberação modificada são normalmente ingeridos

intactos e apresentam em suas formulações adjuvantes bem diferentes dos usados

em comprimidos de liberação imediata. O fármaco em um comprimido de liberação

prolongada é liberado de maneira lenta e em velocidade aproximadamente

constante. Já os comprimidos de liberação retardada, o fármaco é liberado do

comprimido algum tempo após a administração, porém, assim que esse período

termina, a liberação é normalmente rápida (ALDERBORN, 2005).

Sistemas de liberação sustentada de fármacos liberam uma determinada

quantidade de substância ativa durante um longo período de tempo, promovendo a

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manutenção da concentração plasmática do fármaco e consequente atividade

terapêutica e redução dos efeitos colaterais. Por esses motivos, os sistemas de

liberação sustentada têm recebido atenção considerável das indústrias

farmacêuticas (IQBAL; BABAR; ASHRAF, 2002; COLLETT; MORETON, 2005).

A utilização de sistemas matriciais constituídos por diversos tipos de

polímeros é uma das estratégias mais empregadas no desenvolvimento de

formulações orais de liberação modificada devido às vantagens desses sistemas,

como: versatilidade, eficácia, baixo custo e produção em equipamentos e técnicas

convencionais. Além disso, a utilização de sistemas matriciais permite a

incorporação de quantidades relativamente elevadas de fármacos. O sucesso do

sistema está relacionado com a tecnologia de fabricação e com as características

físicas e físico-químicas do polímero, responsáveis pelo mecanismo de liberação

(LOPES; LOBO; COSTA, 2005).

Os polissacarídeos naturais têm se mostrado úteis no controle da liberação

de fármacos. A escolha do polímero hidrofílico (metilcelulose, hidroxipropilcelulose e

alginato de sódio) na formulação da matriz pode fornecer a combinação apropriada

dos mecanismos de intumescimento, de dissolução ou de erosão que determinam a

cinética de liberação in vitro (LOPES; LOBO; COSTA, 2005).

Derivados de celulose são polímeros frequentemente utilizados em

formulações farmacêuticas com liberação modificada do fármaco. A celulose

apresenta características de compressão favoráveis mesmo no processo por

compressão direta (VUEBA et al., 2005).

A Qts também é utilizada como excipiente em sistemas para liberação

modificada de fármacos (BRESOLIN et al., 2003; FAHMY; FOUDA, 2008;

PHAECHAMUD; RITTHIDEJ, 2008). Na preparação de comprimidos, a Qts pode ser

empregada na compressão direta, como diluente, lubrificante, desintegrante e

aglutinante. Porém, sua aplicação pode ser limitada devido à falta de propriedades

de fluidez e compressibilidade. Essas propriedades podem ser melhoradas pela

mistura da quitosana com outros excipientes convencionais (SINGLA; CHAWLA,

2001).

As propriedades de deformação e compactação dos aminos polissacarídeos

Qtn e Qts foram estudadas e comparadas com os resultados estabelecidos na

compressão direta dos excipientes farmacêuticos. Os polímeros apresentaram uma

tendência para deformação plástica e ambas apresentaram um bom comportamento

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de compressão, em comparação com os outros excipientes, como a celulose

microcristalina. Assim os polímeros Qtn e Qts apresentaram propriedades potenciais

de co-excipientes para aplicação em comprimidos obtidos por compressão direta

(MIR et al., 2008).

Rashid, Al-Remawi e Badwan (2008) desenvolveram um desintegrante para

comprimidos através do processo de co-precipitação da quitosana com sílica.

Através da interação física, foi obtido um material hidrofílico com propriedades de

absorção da água, com perfil compatível aos super-desintegrantes já existentes no

mercado como a croscarmelose e a crospovidona. A Qts-sílica proporcionou um

desempenho superior em formulações de granulação úmida e também foi possível

concluir que este derivado em diferentes concentrações é um desintegrante muito

eficaz para comprimidos.

Freyer-Picker e Brink (2006) analisaram os comprimidos constituídos de três

diferentes Qts N-desacetiladas, possuindo grau de desacetilação de 80, 85 ou de 90

%. Os autores concluíram que a Qts absorve duas vezes mais água que a celulose

microcristalina (CMC) e que o tamanho de partícula é comparável ao Avicel PH 200,

um tipo especial de CMC. A Qts desacetilada sofre deformação maleável como a

CMC; entretanto, a deformação plástica no que diz respeito ao tempo e a pressão de

plasticidade é mais elevada que a CMC, especialmente a Qts com GD de 85 %, que

apresenta a menor cristalinidade e peso molecular.

Complexos interpoliméricos de Qts e Carbopol foram obtidos através do

método de precipitação em solução ácida. O complexo formado pode ser aplicado

como excipiente para liberação modificada do fármaco em formas farmacêuticas

sólidas, pois apresenta um perfil semelhante ao do HPMC e a liberação é pH

independente (PARK; CHUM; CHOI, 2008).

Foi desenvolvido um comprimido contendo aciclovir (Acy) utilizando Qts

tiolada como excipiente. Estudos sobre o transporte mostraram que a inibição foi

dependente da massa molecular média da quitosana. Quanto maior a massa

molecular, mais eficiente foi a liberação do fármaco. Assim, concluíram que o

derivado é um excipiente com grande potencial na liberação sustentada do aciclovir,

pois é capaz de aumentar o transporte do fármaco devido à inibição da bomba de

efluxo (PALMBERGER; HOMBACH; BERNKOP-SCHNÜRCH, 2008).

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3.6.1 Técnicas de Co-secagem por aspersão – Spray-dryed

Por meio de atomização de líquidos em pequenas gotículas, o secador por

aspersão permite uma elevada área superficial para transferência de massa e de

calor. Os líquidos são aspergidos por meio de uma corrente de ar aquecido, de

modo que cada gotícula seca forma uma partícula sólida individual (AULTON, 2005).

Na forma mais comum de nebulizador por aspersão (Figura 05), a câmara

de secagem assemelha-se a um ciclone. Esta forma assegura uma boa circulação

do ar, o que facilita a transferência de calor na massa, promovendo, por um meio

centrifugacional, a separação das partículas sólidas do ar em movimento.

Figura 05. Mini Spray-Dryed (BUCHI,2009).

O processo de secagem por aspersão apresenta diversas vantagens. Com

tempo rápido de secagem, as gotículas não chegam a atingir temperaturas elevadas,

pois o calor é consumido na sua forma latente de evaporação. Outra vantagem é

devido ao uso de um atomizador que resulta em pós com tamanhos de partículas

uniformes, a forma característica das partículas e a elevada área superficial faz com

altere a densidade bruta do produto, ocasionando em uma dissolução mais rápida.

Além disso, os custos de produção são baixos, tratando-se de um processo que

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proporciona pós secos e de fluxo livre a partir de uma solução diluída e por meio de

uma única operação sem manuseio dos produtos (AULTON, 2005).

A técnica de evaporação por spray-dryer é muito utilizada para incorporar

ativos, modificar algumas propriedades do pó resultante, devido ao aumento da

dispersão e também de gerar excipientes com propriedades de liberação sustentada

de fármacos. Os excipientes mais usados são: hidroxipropilcelulose, ácido polilático

e ou quitosana. Sendo este último um excipiente promissor que pode ser usado em

uma grande escala de aplicações, incluindo preparações de liberação sustentada

(LEAROYD et al., 2007).

Baseado nisso, a utilização da Qts obtida pelo método de co-secagem é

considerada um excipiente com propriedades relevantes no uso de sistemas de

liberação de fármacos, independente do grau de N-desacetilação e massa molecular

(REGE; GARMISE; BLOCK, 2003).

Nunthanid e colaboradores (2004) usaram em seu estudo a técnica de spray

drying para preparar derivados de Qts com sal de acetato e assim avaliaram a

interação polímero-fármaco e polímero-excipiente. Foram preparados grânulos de

acetato de Qts contendo teofilina, que apresentaram boa floculação e um excelente

perfil de compressão comparado com o PVP K30. Estudos de liberação in vitro da

teofilina em comprimidos contendo 3 % (m/m) de acetato de Qts, apresentou

liberação sustentada do fármaco em todos os meios testados. Em meio HCl 0,1 M,

meio tampão fosfato pH 6,8 e meio aquoso, os comprimidos liberaram

aproximadamente 100 % do fármaco em 6, 16 e 24 h, respectivamente. Os autores

concluíram que a incorporação de acetato de Qts em comprimidos melhorou o

sistema de liberação modificada do fármaco, pois apresentou uma liberação

sustentada de teofilina.

Micropartículas de Qts foram preparadas através da técnica de spray-drying

em meio aquosa contendo ácido hidroclorídrico e acido acético. Foi adicionado

formaldeído como agente reticulante. A forma das micropartículas foi dependente da

concentração de fármaco incorporado, onde o tamanho das partículas variou entre

1-5 µm. O estudo de liberação do salbutamol das micropartículas comprimidas

mostrou que a presença do polímero diminuiu consideravelmente a liberação do

fármaco sendo que a velocidade de liberação dependeu de fatores como reticulação

das partículas e teor do fármaco que as micropartículas continham. A fração de

micropartículas respiráveis de salbutamol ficou entre 28-36 % muito próximo do valor

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para o Ventolin Rotacaps®, 40 %, sendo este um produto comercial utilizado no

tratamento da asma (CORRIOGAN; HEALY; CORRIGAN, 2006).

A Qts na forma de cloreto e de glutamato foram utilizadas para a preparação

de microesfera através da técnica do spray-drying para liberação nasal do fármaco

carbamazepina (CBZ). A metodologia empregada produziu microesferas com

elevada eficiência de encapsulação (acima de 88 %) e com tamanho médio de 2 µm.

A presença do polímero aumentou a quantidade de fármaco liberado (especialmente

no caso do glutamato de Qts). Os resultados in vivo das microcápsulas

administradas, quando comparados com o pó de CBZ, mostrou um aumento de

fármaco na concentração sérica, o que significa que o polímero favoreceu a

absorção do fármaco através via nasal (GAVINI et al., 2006).

Anal e colaboradores (2006), também preparam microesferas de Qts

através da técnica de spray-drying e caracterizaram pelo tamanho de partícula,

morfologia de superfície, estabilidade, melhora na incorporação e na liberação do

fármaco. Em seus experimentos, observaram que, o tamanho médio das partículas

não reticuladas foi de aproximadamente 10,9 µm, e quando reticuladas com 0,125 %

de tripolifosfato pentasódio (TPP) o tamanho médio das partículas diminuíram para

aproximadamente 8,9 µm. Assim a eficiência de incorporação do fármaco diminuiu

com o aumento da concentração de TPP, proporcionalmente. Porém, a presença ou

a ausência de enzimas pancreáticas (lisozima) não alterou a dissolução das

microesferas não reticuladas e reticuladas, que se manteve em aproximadamente 94

h e 155 h, respectivamente.

A técnica de spray-drying foi utilizada por Learoyd e colaboradores (2007),

para preparar um pó seco altamente dispersível para liberação do fármaco via

pulmonar. Os pós foram preparados por spray-drying utilizando solução etanólica 30

% v/v, sulfato de terbutalina como fármaco modelo, Qts na forma desacetilada e

leucina como um intensificador de aerosolisação. A quantidade de fármaco

incorporado ficou entre 94-108 % dependendo da formulação e da quitosana

utilizada, o tamanho das partículas ficou na faixa de 5,6- 9,9 µm. Os pós gerados

apresentam propriedades para a inalação, altamente dispersíveis, com 90 % do pó

emitido durante a aerosolisação. Os estudos de liberação mostraram que o aumento

do peso molecular da Qts na formulação aumenta o tempo de liberação do fármaco.

Também Acetato de Qts e etilcelulose foram submetidas a co-secagem por

nebulização pelo método de spray-drying e foram comprimidos com o fármaco ácido

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5-aminosalicilico (5-ASA). A combinação do acetato de quitosana com a etilcelulose

apresentou potencial na liberação do fármaco 5-ASA em meio colônico. Estes

revestimentos foram capazes de suprimir a liberação do fármaco até atingir o cólon

(NUNTHANID et al, 2008).

A Qts previamente N-desacetilada e despolimerizada com diferentes graus

de N-desacetilação e massa molecular, passaram pelo processo de co-secagem por

nebulização (spray-drying) para verificar se há diferença no perfil de liberação do

fármaco in vitro com a Qts sem co-secagem por spray-drying. Os comprimidos foram

obtidos por compressão direta contendo fármaco tetraciclina, Qts e estearato de

magnésio. A Qts obtida pela co-secagem por nebulização melhorou algumas

propriedades do comprimido como dureza, no entanto, friabilidade, desintegração e

o perfil de liberação não foram significativamente alterados com o processo de co-

secagem (REGE; GARMISE; BLOCK, 2003).

3.7 Estudos de Cinética de Liberação

A avaliação e a comparação da liberação do fármaco a partir das formas

farmacêuticas são fundamentais para garantir que o mesmo seja liberado de modo

adequado. Vários métodos têm sido propostos para a avaliação comparativa entre

perfis de dissolução. Estes podem ser classificados em: método estatístico baseado

na análise de variância (ANOVA); método modelo independente; método modelo

dependente de modelos matemáticos (COSTA, 2002).

Os métodos baseados na análise de variância determinam, através de

repetidos ensaios, as fontes de variação (tempo, produto e interação entre tempo

versus produto). Dentre os métodos designados de modelo independente destacam-

se os testes combinados como os fatores f1 (fator de diferença) e f2 (fator de

similaridade), que comparam diretamente a diferença entre a porcentagem de

fármaco dissolvida em uma unidade de tempo para os produtos teste e referência.

Por sua vez, os métodos modelo dependente são baseados em funções

matemáticas distintas que, após seleção de uma função adequada, permitem a

avaliação dos perfis em relação aos parâmetros derivados dos modelos aplicados

(COSTA, 2002, SERRA; STORPIRTIS, 2007).

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43

Os métodos modelo dependente descrevem e analisam a liberação do

fármaco a partir da forma farmacêutica, empregando vários modelos cinéticos que

incluem cinética de ordem zero, cinética de primeira ordem, modelo Higuchi, Hixon

Crowell, Backer Lonsdale, Korsmeyer Peppas, entre outros. Cada um deles é

dependente de um ou mais mecanismos que controla essa liberação. O tipo de

fármaco, polimorfismo, cristalinidade, tamanho da partícula, solubilidade, quantidade

na forma farmacêutica e o formato geométrico do polímero podem influenciar o perfil

de dissolução/difusão desse fármaco (AGNES; GONZÁLVES ORTEGA, 2003;

SERRA; STORPIRTIS, 2007).

Modelos que se fundamentam em estudos da cinética de dissolução

possibilitam conclusões a respeito do processo de dissolução de uma determinada

formulação, uma vez que permitem conhecer: a velocidade do processo; a

quantidade máxima dissolvida e pontos nos quais podem ocorrer mudanças

significativas da dissolução. Nesse tipo de análise, avalia-se a quantidade de

fármaco dissolvida em diferentes intervalos de tempo, obtendo-se um perfil definido

por tempo versus porcentagem de fármaco dissolvida. Vários parâmetros cinéticos

podem ser descritos a partir desta relação, tais como: constante de velocidade de

dissolução, meia-vida de dissolução e quantidade dissolvida em determinado tempo

(SERRA; STORPIRTIS, 2007).

O Quadro 01 demonstra os modelos de cinética de liberação com suas

respectivas equações matemáticas.

Quadro 01. Modelos matemáticos usados para descrever os perfis de dissolução de fármacos incorporados em formas farmacêuticas.

MODELO MATEMÁTICO EQUAÇÃO

Ordem zero tKQQt 00=

Primeira ordem ttkQQt 10loglog +=

Higuchi btKM

MH

t +=∞

Hixon Crowell tKQQ t 0

3/13/1

0 =−

Backer Lonsdale [ [ ] ]0

2

0

3

3211

2

3

Cr

DmCms

M

Mt

M

Mt=

∞−

∞−−

Korsmeyer Peppas ( ) ( ) btM

M nt+−∂=

−1

1

Fonte: MANADAS; PINA; VEIGA, 2002, AGNES; GONZÁLVES ORTEGA, 2003.

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Onde:

Modelo de Ordem zero:

� Qt = quantidade de fármaco dissolvido ao tempo t;

� Q0 = quantidade inicial de fármaco dissolvido na solução;

� K0 = constante de liberação de ordem zero;

Modelo de Primeira ordem:

� Qt = quantidade de fármaco liberado no tempo t;

� Q0 = quantidade inicial de fármaco na solução;

� K1= constante de liberação de primeira ordem;

Modelo de Higuchi:

� KH= constante de dissolução de Higuchi;

� Mt / M∞ = liberação fracional do fármaco;

� b= liberação abrupta inicial do fármaco.

Modelo de Backer Lonsdale:

� Mt= quantidade de fármaco liberado no tempo t;

� M∞= quantidade de fármaco liberada a um tempo infinito;

� Dm= coeficiente de difusão;

� Cms= solubilidade do fármaco na matriz;

� r0= raio da matriz esférica;

� C0= concentração inicial do fármaco na matriz.

Modelo de Korsmeyer Peppas:

� ∂= constante que incorpora características estruturais e geométricas da forma farmacêutica;

� n= expoente de liberação indicativo do mecanismo de liberação do fármaco;

� Mt / M∞ = liberação fracional do fármaco;

� b= liberação abrupta inicial do fármaco.

O modelo denominado cinética de ordem zero consiste na liberação lenta da

substância ativa a partir de formas farmacêuticas que não desagregam desde que

sua área não se modifique e não atinja condições de equilíbrio, ou seja, a velocidade

de difusão do fármaco, do interior para o exterior da matriz, é menor que a

respectiva velocidade de dissolução, formando uma solução saturada, que permite a

liberação constante do fármaco (LOPES; LOBO; COSTA, 2005).

As formas farmacêuticas que seguem o perfil cinético de ordem zero

apresentam o modelo ideal para as formas farmacêuticas de liberação prolongada

como é o caso dos comprimidos matriciais, sistemas osmóticos e das formas

revestidas (MANADAS; PINA; VEIGA, 2002).

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A aplicação do modelo de cinética de primeira ordem aos estudos de

dissolução foi proposta pela primeira vez por Gibaldi e Feldman em 1967 e mais

tarde por Wagner em 1969. Este modelo tem sido muito empregado para descrever

a absorção e/ou eliminação de alguns fármacos. As formas farmacêuticas que

seguem este perfil de dissolução, como os fármacos hidrossolúveis em matrizes

porosas, liberam o fármaco de forma proporcional à quantidade remanescente no

seu interior e, com isso, a quantidade de fármaco liberada por unidade de tempo

diminui (MANADAS; PINA; VEIGA, 2002, AGNES; GONZÁLVES ORTEGA, 2003).

Higuchi desenvolveu diversos modelos teóricos destinados a liberação de

fármacos entre os anos de 1961 e 1963. Tanto fármacos pouco solúveis como muito

solúveis contidos em matrizes sólidas e semi-sólidas. Assim é freqüentemente

utilizado para descrever a velocidade de liberação controlada do fármaco a partir de

um sistema matricial. Onde este modelo descreve o mecanismo de liberação dos

fármacos como um processo de difusão baseado na lei de Fick, estando dependente

da raiz quadrada do tempo. O modelo Higuchi pode ser aplicado com maior exatidão

a matrizes unidimensionais pouco solúveis, que não apresentam capacidade de

intumescimento (AGNES; ORTEGA, 2003, LOPES; SOUSA; COSTA, 2005).

No modelo de Hixon Crowell (1931) a velocidade de liberação é limitada

pela velocidade de dissolução das partículas do fármaco e não pela difusão que

possa ocorrer através da matriz polimérica (LOPES; SOUSA; COSTA, 2005). Este

modelo tem sido usado para descrever o perfil de liberação tendo em vista apenas a

diminuição da superfície das partículas de fármaco que mantém sua forma

geométrica à medida que a dissolução ocorre (AGNES; ORTEGA, 2003).

O modelo Baker e Lonsdale foi desenvolvido em 1974 a partir do modelo de

Higuchi e descreve a liberação controlada do fármaco a partir de matrizes esféricas.

Este modelo tem sido usado para linearizar resultados de ensaios de liberação de

várias formulações de microesferas ou microcápsulas (COSTA, 2002).

O modelo proposto por Korsmeyer Peppas também se baseia na equação

semi-empírica. É um modelo utilizado para analisar a liberação de formas

farmacêuticas poliméricas, quando o mecanismo de liberação não é bem conhecido

ou quando possam estar envolvidos mais de um tipo de mecanismo de liberação,

aparentemente independentes: um devido ao transporte do fármaco que obedece às

leis de Fick (difusão) e é denominado de modelo fickiniano (caso I) outro relacionado

aos fenômenos de intumescimento/relaxamento do gel, que envolve a transição de

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um estado semi-rígido a outro mais flexível, denominado modelos não-fickinianos

(caso anômalo, caso II e super-caso II). Essa classificação é dependente do valor de

n (expoente de liberação) de melhor ajuste ao perfil (COSTA, 2002; MANADAS;

PINA; VEIGA, 2002, AGNES; ORTEGA, 2003).

A difusão fickiniana ocorre quando o n é igual 0,45 a 0,89 para comprimidos

e em sistemas esféricos o n é de 0,5 a 1, e se caracteriza por uma elevada

velocidade de difusão do solvente para o interior da matriz e uma baixa velocidade

de relaxamento polimérica, que induz a formação de um gradiente de penetração de

solvente. No processo de difusão não-fickiniana as cadeias poliméricas não

apresentam mobilidade suficiente para permitir uma rápida penetração do solvente

para o interior da matriz polimérica (AGNES; ORTEGA, 2003).

Três classes de difusão não-fickiniana foram definidas: Transporte anômalo

(0,5< n <1,0), Transporte caso II que o n deve ser igual 1,0 e o Transporte super

caso II que apresenta um valor de n superior a 1,0. A diferença entre essas

categorias concentra-se na velocidade de difusão do solvente. No caso Transporte

anômalo a velocidade de difusão do solvente e do relaxamento do polímero são da

mesma ordem de magnitude, no Transporte caso II a velocidade de difusão do

solvente é maior que o processo de relaxamento do polímero e no Transporte super

caso II, a velocidade de difusão do solvente é muito maior (aceleração na

penetração do solvente) e é o fator determinante da difusão (AGNES; ORTEGA,

2003).

Além dos modelos cinéticos traçados a partir do perfil de dissolução, a

eficiência de dissolução (ED%) sugerida inicialmente por Khan e Rhodes (1975)

pode ser incluída como um importante parâmetro de cinética de dissolução. Este

termo pode ser definido como a área sob a curva de dissolução em um determinado

intervalo de tempo. A ED% permite a comparação mais fidedigna entre dois

produtos. Além disso, este parâmetro está relacionado com a quantidade real de

fármaco que se encontra dissolvida no meio e, desta forma, pode-se ter um melhor

prognóstico dos resultados in vivo (SERRA; STORPIRTIS, 2007, MURAKAMI et al.,

2008).

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3.8 Fármaco

3.8.1 Triancinolona

A Triancinolona (TC), 9α-fluor-11β, 16α,17α,21-tetrahidroxipregna-1,4-diene-

3,20-diene (Figura 06), é um potente glicocorticóide sintético de depósito com

propriedades antiinflamatórias e imunossupressoras (BOOBIS et al.,1999). A TC e

seus derivados, como, acetonida, acetato hexacetonida, diacetato e benetonida de

triancinolona são corticosteróides da família de glicocorticóide, derivados

naturalmente de prednisona e prednisolona (DAMIANI et al., 2001).

Figura 06. Representação esquemática da estrutura química da Triancinolona.

Os corticóides são substancias endógenas quimicamente classificadas

como esteróides, originalmente identificados no córtex da glândula adrenal (RANG;

DALE; RITTER, 2003). Produzidas pelas glândulas supra-renais ou a derivados

sintéticos destas.

Os corticosteróides possuem diversas ações importantes no corpo humano,

possuindo um papel relevante no balanço electrolítico (equilíbrio de íons e água), e

na regulação do metabolismo. Situações em que a sua produção está alterada

levam a patologias como a doença de Addison quando há diminuição de produção,

ou o síndrome de Cushing quando esta está aumentada (HARPER, 1997).

Glicocorticóides como o cortisol controlam o metabolismo dos carboidratos,

gordura e proteínas e são anti-inflamatórios por prevenirem a liberação de

fosfolipídio, diminuindo a ação dos eosinófilos e diversos outros mecanismos

(HARPER, 1997).

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Além disso, os glicocorticóides possuem propriedades terapêuticas de

diminuir significativamente a resposta inflamatória e de suprimir a imunidade,

ocorrendo a diminuição e a inibição dos linfócitos e macrófagos periféricos. Podem

ser administrados para o tratamento de certos tipos de neoplasias, como leucemias

e linfomas e também podem ser administrada com outros fármacos para prevenir

rejeição de órgãos transplantados (BOSH et al., 2004).

A triancinolona é um antiinflamatório e imunossupressor muito utilizado para

o tratamento de varias enfermidades como: artrites, osteoartrites, dermatites de

contato e atópica, inflamações orais, lesões e úlceras, bursites, quelóides, doenças

relacionadas ao rim, olhos, anemia hemolítica, desordens intestinais, asma e

alergias (BOSCH et al., 2004).

Os principais efeitos adversos causados pela TC são anorexia, perda de

peso, vermelhidão, depressão e perda muscular. Também pode causar efeitos

sistêmicos quando aplicados topicamente (BUDAVARI, 1996; DAMIANI et al., 2001).

Encontrada na forma de pó branco ou quase branco, sem odor, levemente

cristalino e higroscópico. Aproximadamente 1 g do pó dissolve em cerca de 5000 mL

de água, 70 mL de propilenoglicol e menos do que 20 mL de dimetilsulfóxido,

também solúvel em álcool e metanol, levemente solúvel em éter e clorofórmio e

praticamente insolúvel em diclorometano (BUDAVARI, 1996). A solução a 1 % em

água possui pH de 4,5 a 6 e pka de 8,1 (DAMIANI et al., 2001).

Apresenta formas polimórficas que fundem entre 248- 250 ºC e 260- 263 ºC.

Sua absorção máxima no ultravioleta é em 239 nm (BUDAVARI, 1996). Também

apresenta baixa solubilidade em pH 1,2 - 6,8 (ALMEIDA-PRIETRO et al., 2007). E

apresenta um tempo de meia-vida no plasma de 2 a 5 horas, quando comparado

com outros corticóides apresenta um tempo de meia-vida alto. A TC se liga muito

menos a proteínas plasmáticas que a Hidrocortisona (DAMIANI et al., 2001;

SWEETMAN, 2005).

Atinge o efeito máximo após administração oral em 1 a 2 horas e sua ação

dura 1,25 a 1,5 dias. Seu metabolismo ocorre nas células hepáticas e em outras

células, com excreção pela urina (MORENO; MATOS; FEVEREIRO, 2001).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Sínteses

Para obter o derivado O-Carboximetilquitosana-N-Lauril (O-CMQts N-Lauril)

foi necessária a realização da síntese de derivados intermediários para assim obter

o derivado anfifílico desejado.

4.1.1 Síntese dos derivados O-Carboximetilquitosana

Para obter o derivado O-CMQts, inicialmente 26 g de hidróxido de sódio foram

dissolvidos em 20 mL de água e 180 mL de isopropanol. Em seguida, 20 g de Qts

(lote: K021216282, adquirida da Purifarma Distribuidora Química e Farmacêutica

Ltda) foram adicionados e agitados durante uma hora a aproximadamente 0 ºC,

controlando a temperatura em banho de gelo, e armazenados a aproximadamente 0

ºC por no mínimo 24 horas. Posteriormente, 30 g de ácido monocloroacético foram

dissolvidos em 40 mL de isopropanol, que foram gotejados na mistura e reagiram

por no mínimo 24 horas a aproximadamente 0 ºC. A reação foi interrompida pela

adição de 400 mL de álcool etílico 70%. O sólido formado foi filtrado, enxaguado em

álcool etílico 70 – 90% e seco a vácuo em temperatura ambiente.

Para obter a O-CMQts na forma ácida, 1 g do sal de NaCMQts foi suspenso

em 100 mL de uma solução aquosa de álcool etílico 80%. Depois, 10 mL de ácido

clorídrico 37% foram adicionados e agitados por 30 minutos. O sólido foi filtrado e

lavado em álcool etílico 70 – 90% e seco a vácuo (CHEN; PARK, 2003, ROSA,

2008).

Foram sintetizados quatro lotes de derivados O-CMQts denominados de

OM1, OM2, OM3 e AC4. Todos os derivados partiram da Qts, com exceção do

derivado AC4, pois, foi sintetizado através do método inverso partindo da N-

laurilquitosana.

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4.1.2 Síntese dos derivados O-Carboximetilquitosana-N-Lauril

A O-CMQts-N-Lauril foi sintetizada através de duas metodologias, o método

direto e o método inverso. No método direto, utilizou-se O-CMQts, já no método

inverso utilizou-se a Qts como produto de partida para obter o derivado N-acilado

com caráter anfifílico.

O método inverso tem como objetivo modificar primeiramente o grupamento

mais reativo (NH2) para posteriormente realizar a reação de carboximetilação na

hidroxila. Essa técnica foi desenvolvida visando aumentar o GS dos derivados

sintetizados.

4.1.2.1 Método Direto

O método foi realizado conforme o descrito por Tien e colaboradores (2003) e

Stenger e colaboradores (2009) com algumas modificações, pois o derivado de

partida é solúvel em água (O-CMQts). Inicialmente foram dispersos 5 g de O-CMQts

em 300 mL de água destilada, o pH foi ajustado para aproximadamente 7. Em

seguida, foi adicionado, 5 mL de cloreto de lauroíla que permaneceu sob agitação

por 6 h. Posteriormente o pH foi novamente ajustado entre 6,8 – 7,0 e foi adicionado

acetona, até formar o precipitado. O precipitado foi filtrado e lavado com acetona e

seco á vácuo.

O cloreto de lauroíla que não reagiu com o derivado, forma o ácido láurico, o

qual foi removido através do sistema de refluxo (Soxlet) por 48 h em metanol. Após

o termino da extração, o resíduo foi seco através do dessecador e triturado

manualmente (TIEN et al., 2003, STENGER et al., 2009).

Foram sintetizados os derivados AC1, AC2 e AC3 partindo do derivado O-

CMQts (OM2, OM3 e OM1, respectivamente) na proporção polímero:cloreto de

lauroíla de 1:1, 1:0,5 e 1:5, respectivamente. O derivado AC1 também foi convertido

para forma ácida conforme o Item 4.1.1.

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4.1.2.2 Método Inverso

Os derivados N-acilados sintetizados pelo método inverso foram

sintetizados conforme Tien e colaboradores (2003) e Stenger e colaboradores (2009)

partindo da Qts (5 g), que foi dispersa em 300 mL de água destilada contendo 9 mL

de ácido acético glacial, em seguida o pH foi ajustado para aproximadamente 7. Em

seguida, foi adicionado, 5 mL de cloreto de lauroíla que permaneceu sob agitação

por 6 h. Posteriormente o pH foi ajustado novamente entre 6,8 – 7,0 e foi adicionado

acetona, até formar o precipitado (aproximadamente 40 mL). O precipitado foi filtrado

e lavado com acetona e seco á vácuo.

Para ocorrer total extração do ácido formado, o filtrado permaneceu no

sistema de refluxo (Soxlet) por 48 h em metanol. Após o termino da extração, o

resíduo foi seco através do dessecados e triturado manualmente (TIEN et al., 2003,

STENGER et al., 2009).

Após a síntese do derivado N-laurilQts, foi realizada a carboximetilação

conforme descrito no Item 4.1.1 (CHEN; PARK, 2003; ROSA, 2008). Através do

método inverso foi sintetizado o derivado AC4 na proporção 1:1 de Qts:cloreto de

lauroíla. . O derivado também foi convertido para forma ácida conforme o Item 4.1.1.

4.2 Caracterização dos derivados

Os derivados O-CMQts e O-CMQts-N-Lauril sintetizados neste trabalho

apresentam características bem diferentes, sendo a O-CMQts derivado hidrofílico e

o O-CMQts-N-Lauril derivado anfifílico da Qts. Por este motivo foram caracterizados

por diferentes métodos.

4.2.1 Caracterização dos derivados O-carboximetilquitosana

Os derivados O-CMQts (OM1, OM2, OM3 e AC4) sintetizados foram

caracterizados por espectroscopia na região do IV para examinar a estrutura química

dos derivados, assim como teste de solubilidade que ajuda a confirmar a

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modificação hidrofílica do polímero. Através da titulação condutimétrica foi possível

determinar o grau de carboximetilação dos mesmos.

4.2.1.1 Análise por Espectro no Infravermelho (IV)

Para a espectroscopia de absorção na região do IV as amostras dos

polímeros (OM1, OM2, OM3 e AC4) foram trituradas e comprimidas com brometo de

potássio (KBr). Os espectros foram obtidos em Espectrofotômetro de Infravermelho

Bomenn MB 100 no Laboratório de Instrumentação Analítica do Curso de Farmácia

da UNIVALI.

4.2.1.2 Determinação de COOH- através da Titulação Condutimétrica com NaOH 0,1

M

Foram dispersos 50 mg de derivado (OM1, OM2, OM3 e AC4) em 60 mL de

água destilada. Em seguida, foram adicionados 0,25 mL de hidróxido de sódio 0,1

M, anotando o valor da condutividade para cada valor 0,25 mL de hidróxido de sódio

adicionado. Os valores da condutividade foram medidos com o auxílio do

Condutivimetro CD-21 Digimed/Tecnal escalas µS/cm 2000, const. Cel. (cm-1) 1,0,

coef. Temp. (%) = 2,0. Foi construído um gráfico de condutividade em função do

volume de hidróxido de sódio 0,1 M adicionado. O prolongamento das curvas

ascendente e descendente determinou os pontos de inflexão, que correspondem às

variáveis V1 e V2 presentes na Equação 01, onde 5,8 é o equivalente em massa

correspondente a 0,1 mEq de CH2COO- e m é a massa em miligramas do polímero.

% CH2COO- = (V2 – V1) . 5,8 . 100 (01)

m

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4.2.1.3 Teste de Solubilidade

Para o teste de solubilidade, foram preparados 100 mL de dispersão aquosa

de cada derivado sintetizado (OM1, OM2, OM3 e AC4) na concentração de 1 mg/mL

que permaneceu sob agitação por 1 hora. O pH desta dispersão foi ajustado de 1 a

14, sendo que em cada pH foi retirada uma alíquota. As amostras que apresentaram

turbidez submetidas ao aparelho Espectrofotômetro Shimadzu UV/Vis 1601, para

determinação de suas absorbâncias em 600 nm. O aparelho foi zerado com água

destilada. A análise foi realizada em triplicata.

4.2.2 Caracterização dos derivados O-Carboximetilquitosana-N-Lauril

Os derivados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e AC4) foram caracterizados

através do espectro no IV para confirmar as estruturas químicas, baseando-se nos

picos nas regiões características dos derivados. A determinação do Grau de

substituição foi também determinada por espectro de IV. Também foi avaliada a

morfologia, tamanho médio de partícula e solubilidade em diferentes solventes.

4.2.2.1 Analise dos derivados por Espectro no Infravermelho (IV)

Os espectros no IV dos derivados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e AC4) foram

obtidos conforme o Item 4.2.1.1 através do aparelho de Espectrofotômetro no

Infravermelho Bomenn MB 100.

4.2.2.2 Determinação do Grau de Substituição dos derivados N-acilados através do

Espectro no Infravermelho (IV)

O Grau de Substituição (GS) foi calculado através de uma curva padrão,

preparada com a mistura da O-CMQts e ácido láurico nas seguintes concentrações

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5, 17, 28, 33, 41 % (m/m). Posteriormente as pastilhas foram preparadas com 2 mg

da mistura acima e 100 mg de KBr. As análises foram realizadas em triplicata.

Foram construídas duas curvas padrão através de diferentes medidas dos

picos na região de 2920 cm-1 e 2850 cm-1 em função da porcentagem de ácido

láurico na O-CMQts. As medidas utilizadas para construção das curvas padrão

foram da altura do pico na região de 2920 cm-1 e da área total na região de 2920 cm-

1 e 2850 cm-1.

As equações de retas obtidas foram usadas para calcular o grau de

substituição dos derivados AC1, AC2, AC3 e AC4.

Para verificar a eficiência da técnica foi reproduzido o segundo ponto da curva

analítica que consiste na adição de 17 % de ácido láurico em diferentes polímeros

como: Qtn, Qts e Celulose Microcristalina (lote: 0605524, adquirida da VETEC,

Fabricada em 08/2006, validade até 08/2011). As pastilhas utilizadas para

determinar o GS através da altura e da área total foram preparadas com 2 mg da

mistura polímero:ácido láurico (17%) e 100 mg de KBr. A análise foi realizada em

triplicata.

4.2.2.3 Análise morfológica dos derivados N-acilados

A análise morfológica dos derivados foi realizada por microscopia eletrônica

de varredura (MEV).

Na análise de Microscopia eletrônica de varredura (Philips® XL30), as

amostras secas (AC1, AC2, AC3 e AC4) foram distribuídas sobre uma fita dupla-face

aderida a um suporte de metal, revestidas com ouro coloidal sob vácuo e foram

analisadas no aumento de 60 x e 500 ou 1000 x.

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4.2.2.4 Determinação do tamanho das partículas dos derivados N-acilados

O tamanho das partículas foi determinado com auxílio de estereoscópio e do

software Image – Pro Plus, conforme descrito no Item 4.2.2.3. Foram analisadas 300

partículas de cada derivado.

A distribuição de tamanho das partículas e o cálculo do tamanho médio foram

calculados através da Equação 02, onde Frq é a freqüência em % do tamanho de

partícula e o TMI é o tamanho médio do intervalo de cada classe.

X = Σ (Frq x TMI) (02) 100

4.2.2.5 Teste de Solubilidade

Para determinar a solubilidade dos derivados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e

AC4) em dispersão aquosa (diferentes pH) foi realizado o teste conforme o Item

4.2.1.3.

Também foi analisada a solubilidade dos derivados em solventes aquosos

(ácido acético 0,1 M) e solvente não-aquoso (clorofórmio). Para determinar a

solubilidade foram preparadas dispersões contendo 1 mg/mL de solvente aquoso ou

não aquoso, que permaneceu sob agitação por 48 horas em temperatura ambiente

(25 º C).

4.2.3 Caracterização física dos derivados N-acilados

Para determinação das propriedades de fluxo e compressão, os derivados

sintetizados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e AC4) foram caracterizados físicamente

através dos métodos de ângulo de repouso, velocidade de fluxo, determinação da

densidade aparente e de compactação.

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4.2.3.1 Ângulo de repouso

Para determinar o ângulo de repouso dos pós, foi utilizada a metodologia

proposta por Parthirana e Gupta (1976) modificada por Petry e colaboradores

(1998). A técnica consiste de um cilindro móvel ajustado a uma base fixa, acoplado a

um motor que, quando acionado, separa o cilindro da base pela ascensão do

mesmo. Uma superfície vertical dotada de planilha foi utilizada para registro da

sombra projetada, pela incidência da fonte luminosa sobre o cone do pó formado

após a elevação do cilindro contendo a amostra. As medidas foram feitas

diretamente no registro das sombras projetadas (dimensões em centímetros). A

análise foi realizada em triplicata. Através da Equação 03, foi calculado ângulo de

repouso (α), onde h é a altura da figura e o r o raio da base do triângulo.

Tg α = h/r (03)

Wells (2005) classifica os pós de acordo com o ângulo de repouso como:

fluxo excelente (< 20); fluxo bom (20-30); tolerável (30-34); fluxo muito fraco (> 40).

4.2.3.2 Determinação da densidade aparente antes e depois da compactação

A densidade aparente e de compactação foi determinada usando amostras de

cerca de 50 g de derivado em uma proveta de vidro com capacidade de 100 mL.

Inicialmente, foi medido o volume livremente ocupado pelo pó (número total de

golpes = 0) para determinar a densidade aparente do derivado. Posteriormente, uma

série de golpes de compactação foi iniciada e o volume foi verificado em cada

intervalo. A seqüência de golpes de compactação foi de 10, 20, 30, 40, 50, 100, 200,

300, 400, 500, 750, 1000 e 1250.

Através dos valores obtidos acima foram calculados a densidade aparente, o

índice de compressibilidade (Índice de Carr), o fator de Hausner e a

compactabilidade (WELLS, 2005).

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a) Índice de Compressibilidade (índice de Carr)

O fluxo dos pós foi analisado quanto ao Índice de Carr (IC) a partir da

densidade aparente do material. Wells (2005) classifica os pós de acordo com o IC

como: fluxo excelente (5-15 %); fluxo bom (12-16 %); favorável a intolerável (18-21

%); fluxo fraco (23-35 %); muito fraco (33-38 %) e fluxo extremamente fraco (maior

que 40 %).

O índice de Carr foi determinado através da Equação 05, onde dcomp é a

densidade de compactação e dap a densidade aparente (WELLS, 2005).

IC = (dcomp – dap / dc) x 100 (05)

b) Fator de Hausner

O fator de Hausner foi calculado através da Equação 06, onde dcomp é a

densidade de compactação e dap a densidade aparente (WELLS, 2005).

FH = dcomp / dap (06)

Valores menores que 1,25 indicam bom fluxo ( = 20 %, valor do índice de

carr). Enquanto que valores maiores que 1,25 indicam mau fluxo (= 33 %, valor do

índice de carr) (WELLS, 2005).

c) Compactabilidade

A compactabilidade foi calculada através da Equação 07, onde V é o

volume após a compactação usando 10 e 500 golpes (WELLS, 2005).

C = V10 – V500 (07)

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4.3 Curva Analítica para quantificação da Triancinolona (TC) por

Espectrofotometria na região do UV

Para quantificar a TC (teor de aprox. 99%, lote TL04Q402 fabricado por

Galena Química e Farmacêutica Ltda, Fabricação: 21/04/2004, Origem: China,

Validade: 21/04/2009) foram construídas curvas analíticas em etanol, tampão fosfato

de potássio pH 7,2 (TFP pH 7,2) e ácido clorídrico 0,1 M (HCl 0,1 M).

Para obtenção das curvas analíticas foi preparada uma solução estoque de

TC em etanol na concentração de 2 mg/mL.

Posteriormente, alíquotas da solução estoque foram transferidas para um

balão volumétrico de 50 mL e o volume completado com etanol ou tampão fosfato de

potássio pH 7,2 ou ácido clorídrico 0,1 M para obter concentrações entre 1,0 e 40,0

µg/mL.

As leituras das soluções de TC foram realizadas através do

Espectrofotômetro Spectrovision- Modelo DB-1880S em 242 nm. As curvas

analíticas foram construídas através da concentração de TC (µg/mL) em função da

absorbância e analisadas por regressão linear em software com o cálculo da

equação da reta e coeficiente de correlação. As análises foram realizadas em

triplicata.

4.4 Estudo de Interação dos Polímeros com a Triancinolona

Para determinar a interação dos derivados OM1, AC1, AC2, AC3 e AC4 com

o fármaco (TC), inicialmente, foi pesado 50 mg de TC e dissolvido em 25 mL de

metanol. Posteriormente, a solução foi completada até 100 mL com água destilada,

obtendo uma solução com 2 mg/mL de TC.

Os derivados (50 mg) foram dispersos em uma solução tampão fosfato de

potássio pH 7,2. À dispersão dos derivados, foi adicionada a solução de TC para

obtenção das seguintes concentrações: 0,04, 0,08, 0,16, 0,32, 0,40 e 0,60 mg/mL.

As misturas ficaram sob agitação por 60 minutos em temperatura de 25 º C.

Posteriormente as soluções foram filtradas em papel filtro. A análise foi realizada em

triplicata.

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As leituras das soluções foram realizadas através do Espectrofotômetro

Spectrovision- Modelo DB-1880S em 242 nm. Através da curva analítica em tampão

fosfato de potássio pH 7,2 foi determinada quantidade de TC incorporada pelo

polímero.

4.5 Obtenção da dispersão sólida dos derivados N-acilados por Spray-

Dryer

As dispersões sólidas contendo TC foram preparadas pela técnica de co-

secagem por nebulização usando mini spray-dryed (Buchi B-290). Inicialmente foram

pesados e misturados 50 mg dos derivados (AC1, AC2 e AC3) e 20 mg de TC. Os

pós foram dispersos em água para obtenção de dispersão contendo 50g/L. A

dispersão foi agitada por 48 h através de agitação mecânica.

A suspensão de cada derivado O-CMQts N-Lauril (AC1, AC2 e AC3) foi

submetida a secagem usando os seguintes parâmetros: fluxo de 4 mL/min, taxa de

aspiração de 90%, fluxo de ar no sistema 40 bar, temperatura de entrada de 170 º C,

temperatura de saída de aproximadamente 101 ºC e pressão inicial do filtro de 42

bar.

As dispersões sólidas obtidas foram pesadas para verificar o rendimento e,

foram denominadas de SDAC1, SDAC2 e SDAC3 de acordo com os seus derivados

de partida.

4.6 Caracterização das dispersões sólida dos derivados N-Acilados

A dispersão sólida dos derivados: SDAC1, SDAC2 e SDAC3 foram

caracterizadas através da análise morfológica, distribuição do tamanho de partícula,

tamanho médio de partícula e análise do espectro no IV.

4.6.1 Análise morfológica através da Microscopia Eletrônica de Varredura

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A análise morfológica das partículas obtidas por spray-dryed foi realizada por

MEV, conforme descrito no Item 4.2.2.3.

4.6.2 Distribuição do tamanho de partículas

A distribuição do tamanho de partícula da dispersão sólida dos derivados

(SDAC1, SDAC2 e SDAC3) foi determinada através do equipamento de

espalhamento de luz Beckman Coulter LS 13 320 (Laboratório de Tecnologia

Farmacêutica, Universidade de São Paulo).

Uma solução aquosa contendo aproximadamente 0,20 % de derivado foi

usada para atingir a obscuridade requerida de 15 %. O ensaio foi realizado em

triplicata. Os resultados obtidos foram expressos em volume da massa média do

tamanho de partícula.

4.6.3 Análise da dispersão sólida por Espectro no Infravermelho

Os espectros de IV foram obtidos através do Espectrofotômetro no IV

Bomenn conforme o Item 4.2.1.1.

4.7 Obtenção dos comprimidos de Triancinolona

Os comprimidos foram desenvolvidos partindo de materiais com diferentes

processos de pré-compressão: mistura física do derivado e do fármaco (MF), após

prévia secagem em dessecador e obtenção de dispersões sólidas através de co-

secagem em spray-dryed (SD) (conforme o Item 4.5).

Para obter a mistura física foram pesados 50 mg de derivado e 20 mg de TC

e misturados em gral de porcelana.

Os comprimidos foram obtidos por compressão direta usando máquina de

compressão rotatória (Lawes 2000/10/14PSC) com punção de 6 mm. O enchimento

da matriz foi feito manualmente com pesagem prévia dos pós para obter

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comprimidos com 70 mg. As descrições dos comprimidos obtidos na compressão

estão representadas na Tabela 01.

Tabela 01. Descrição dos comprimidos contendo TC e derivados anfifílicos (O-CMQts-N-Lauril) com diferentes proporções e processos de pré-compressão.

Quantidade (mg) Quantidade

Nome

Derivado

Processo

pré-

compressão TC Derivados comprimidos

MFAC1Tácida AC1 MF 20 50 20

MFAC1Tsalina AC1 MF 20 50 20

MFAC2T AC2 MF 20 50 20

MFAC3T AC3 MF 20 50 20

MFAC4Tácida AC4 MF 20 50 20

MFAC4Tsalina AC4 MF 20 50 20

SDAC1T AC1 SD 20 50 20

SDAC2T AC2 SD 20 50 20

SDAC3T AC3 SD 20 50 20

AC1T AC1 MF 4 66 20

AC2T AC2 MF 4 66 20

AC3T AC3 MF 4 66 20

AC4T AC4 MF 4 66 20

Os comprimidos MFAC1T e MFAC4T foram desenvolvidos com 50 mg dos

derivados AC1 e AC4 na forma ácida e ou salina misturadas físicamente com 20 mg

de fármaco (TC).

4.8 Caracterização dos comprimidos

Os comprimidos de TC (MFAC1T, MFAC2T, MFAC3T, MFAC4T, SDAC1T,

SDAC2T e SDAC3T) foram caracterizados em relação ao peso médio, resistência

física dos comprimidos, teor de TC, análise morfológica da superfície, perfil de

liberação do fármaco in vitro em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) e

comportamento de absorção de água dos comprimidos em meio HCl 0,1 M.

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4.8.1 Peso médio dos comprimidos de Triancinolona

O peso médio foi determinado usando método adaptado da Farmacopéia

Brasileira (1988). Os comprimidos foram pesados individualmente em balança

analítica (Bioprecisa FA2104N). O ensaio foi realizado em triplicata.

4.8.2 Teor de Triancinolona nos comprimidos

O teor de fármaco nos comprimidos foi determinado usando método adaptado

da United States Pharmacopeia (2000). A quantificação do fármaco foi realizada por

espectrofotometria no UV em 242 nm.

Os comprimidos foram triturados em gral de porcelana, dissolvidos em etanol,

transferidos para um balão volumétrico de 25 mL e, após completar o volume com

etanol, a solução foi filtrada. A análise foi realizada em triplicata. O teor foi calculado

por meio da curva analítica (item 4.3).

4.8.3 Análise da dureza dos comprimidos

A dureza dos comprimidos foi verificada usando durômetro de bancada

(Erweka TBH 20). A análise foi realizada em triplicata (ALDERBORN, 2005).

4.8.4 Análise da morfologia dos comprimidos

A análise morfológica dos comprimidos foi realizada por MEV, conforme o

Item 4.2.2.3.

Também foram analisadas morfologicamente através da microscopia óptica.

Os comprimidos foram colocados em uma placa de petri para visualização no

estereoscópio Olympus SZ-PT (Laboratório de Oceonografia

Biológica/CTTMAR/UNIVALI) e a análise morfológica foi realizada com auxílio do

software Image – Pro Plus, Version 3.0 for Windows Start-up guide. Foram

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analisadas 300 partículas. As análises foram realizadas partindo da objetiva de

menor aumento (10 x) para uma de maior aumento (40 x).

4.8.5 Absorção de água do comprimido em meio gástrico simulado

Para determinar a % de adsorção de água em HCl 0,1M no comprimido, foi

realizado um teste que consiste em colocar o comprimido em contato com o meio

ácido e em determinados tempos foram pesados através de uma balança analítica.

O comprimido foi pesado e medido no tempo zero, quando o comprimido

ainda não tinha entrado em contato com o meio ácido e após 1, 3, 5, 10, 15, 20, 25,

30, 45, 60, 90, 120, 150 e 300 min em contato com o meio HCl 0,1 M.

4.8.6 Perfil de dissolução in vitro e cinética de liberação

Para avaliação do perfil de liberação da TC dos comprimidos contendo

mistura física dos derivados O-CMQts-N-Lauril (AC1, AC2, AC3 e AC4) com TC e da

dispersão sólida de derivados N-acilados (SDAC1, SDAC2, SDAC3 e SDAC4) com

TC foi utilizado equipamento de dissolução (NOVA ÉTICA®, mod. 299).

Foi analisado o perfil de dissolução dos comprimidos contendo mistura física

da TC na concentração de 4 mg e 20 mg. Os comprimidos que continham 4 e 20 mg

de TC possuíam 66 e 50 mg de derivados N-acilados na forma salina. Também

foram analisados os comprimidos contendo 20 mg de TC misturados físicamente

com derivados AC1 e AC4 na forma ácida.

O experimento foi realizado a 37 °C, em 500 mL de meio HCl 0,1 M,

velocidade de agitação foi 50 rpm e o aparato utilizado foi o número 1 – cesta

(UNITED STATES PHARMACOPOEIA, 2000). O tempo de amostragem foi de 1, 3,

5, 10, 15, 20, 30, 60, 90, 120, 150, 180 e 240 min. Foram retiradas alíquotas de 3,0

mL do meio, sem reposição do mesmo. As soluções foram quantificadas por

espectrofotometria em 242 nm.

Os resultados dos ensaios foram avaliados por modelos dependentes e

independentes. O cálculo do fator de diferença (f1) foi utilizado como modelo

independente de análise. O f1 foi calculado usando a Equação 08 (MOORE;

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FLANNER, 1996). Os comprimidos são considerados como não diferentes quando o

valor de f1> 15 (ANVISA, 2004).

f1 = {Σnt=1 |Rt -Tt| / Σn

t=1 Rt}x100 (08)

Onde:

� Rt – quantidade de fármaco liberado do medicamento referencia no tempo t;

� Tt – quantidade de fármaco liberado no medicamento teste no tempo t;

� n – número de intervalos de coleta;

� t – tempo.

A Eficiência de dissolução (ED %) foi calculada a partir dos valores obtidos

da área sob a curva (ASC) do perfil de dissolução da TC, no intervalo de tempo (t),

através do método de trapezóides. A ED % foi determinada através da razão entre a

ASC de 0 a 180 minutos (ASC0-180 minutos) e a área total do retângulo (ASCTR),

definido pelo máximo da quantidade dissolvida (%) na ordenada e, pela abscissa

(t=180 minutos). A ED foi expressa em porcentagem da área do retângulo que

descreve 100 % de dissolução, usando a Equação 09 (KHAN; KODES, 1975;

MAHLE et al., 2007).

ED = (ASC(0-180) / ASCTR) x100% (09)

Como parâmetros dependentes foram avaliados a ordem/modelo cinética de

dissolução através do coeficiente de correlação (COSTA, 2002). Para o estudo da

cinética de liberação do fármaco in vitro foram aplicados alguns modelos

matemáticos: cinética de ordem zero, cinética de 1a ordem, modelo de Higuchi, de

Hixon Crowell, de Korsmeyer-Peppas e de Baker-Lonsdale (Quadro 01) Os estudos

foram realizados usando o software Sigma-Plot® versão 9.0.

Para avaliar o modelo matemático de Korsmeyer-Peppas foi aplicado

apenas os valores de liberação da TC inferior a 60 %. Já para os demais modelos

matemáticos foi utilizado apenas 1 ponto acima de 85 % de TC liberada.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Síntese dos derivados O-CMQts

A síntese da O-CMQts foi realizada partindo da Qts através do mecanismo de

reação do tipo SN2 (Substituição Nucleofílica bimolecular), que ocorre em uma única

etapa na qual o nucleófilo ataca o átomo de carbono ligado ao cloro, com expulsão

simultânea do grupo de saída. O grupamento O-hidroxila é substituído por

grupamento carboximetil em cada monômero (CHEN; PARK, 2003). A Figura 07

representa a reação da síntese do derivado O-CMQts.

Figura 07. Representação esquemática da reação de síntese da O-CMQts, partindo do polímero

quitosana.

A síntese utilizada para obter o derivado O-CMQts foi descrita por Chen e

Park (2003) e aplicada com modificações no presente trabalho em relação à

temperatura e ao tempo de reação. Os procedimentos do método foram realizados

em banho de gelo em aproximadamente 0 oC e o armazenamento do derivado nas

etapas da síntese ocorreu num período mínimo de 24 hora em congelador.

A escolha dessas alterações no método foi realizada para que a substituição

fosse direcionada para a posição da hidroxila do carbono 6 e mantivesse assim o

grupamento NH2 livre (ROSA, 2008).

Rosa (2008) utilizou o método da síntese com temperaturas baixas (0 o C)

para obter o derivado O-CMQts, produto intermediário para desenvolver o derivado

O-Carboximetilquitosana N-benzilado com caráter anfifílico através da reação com

benzaldeído. Independente da forma (salina ou ácida) dos derivados O-CMQts foi

observada a carboximetilação do oxigênio do C6, C3 e do NH2, resultando em

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diferentes unidades monoméricas. Este autor obteve derivados com

aproximadamente 13 % de carboximetilação da amina livre, confirmando

aparentemente uma possível formação do polímero N,O-CMQts.

Um comportamento semelhante foi constatado por Lorini e Cruz (2006) que

utilizou a mesma metodologia de obtenção do derivado. Onde ambos os derivados

O-CMQts sintetizados apresentaram aproximadamente 67 % de grupamentos amino

livres. Já Chen e Park (2003) que utilizaram temperaturas mais elevadas na síntese

dos seus derivados obtiveram derivados com grau de carboximetilação (GC) nos

grupamentos NH2 livre de aproximadamente 10 %.

Os derivados O-CMQts foram sintetizados em quatro momentos diferentes,

porém, utilizando a mesma metodologia e partiram do mesmo lote de Qts. Com

exceção do derivado AC4, pois este foi primeiramente N-acilado para depois sofrer a

carboximetilação, pois foi sintetizado através do método inverso.

Foram sintetizados três derivados (O-CMQts), denominados OM1, OM2 e

OM3, na forma de sal. Na Tabela 02 constam os resultados obtidos da síntese dos

derivados.

Todos os derivados apresentaram rendimento superior a 94 %. O derivado

que apresentou maior rendimento foi o derivado AC4 sintetizado através do método

inverso.

Tabela 02. Descrição dos derivados O-CMQts (OM1, OM2, OM3 e AC4) sintetizados. Polímeros

Sintetizados

Massa

quitosana

(g)

Massa

N-acilquitosana

(g)

Massa

obtida (g)

Rendimento

(%)

OM1 40 - 39,52 98,8

OM2 20 - 18,87 94,35

OM3 20 - 19,07 95,35

AC4 - 20 20,04 100,2

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5.2 Caracterização dos derivados O-Carboximetilquitosana

5.2.1 Análise do derivado através do Espectro no Infravermelho (IV)

A espectroscopia na região do IV é uma técnica de grande importância na

análise orgânica qualitativa, sendo amplamente utilizadas na área de química e de

produtos naturais, síntese e transformações orgânicas. O IV e demais métodos

espectroscópios são na atualidade muito utilizados em trabalhos de pesquisa a fim

de caracterizar polímeros e seus derivados (LOPES; FASCIO, 2004).

O espectro no IV tem como objetivo principal a identificação de grupos

funcionais presentes na molécula. Como a preparação da O-CMQts consiste na

introdução de um grupo ácido (ácido carboxílico), a identificação da banda deste

grupo funcional permite confirmar a modificação no polímero (LORINI; CRUZ, 2006).

As bandas de absorção características dos derivados sintetizados OM1,

OM2, OM3 e AC4 foram obtidas de amostras na forma ácida e salina. A Figura 08

mostra o espectro no IV da Qts e do derivado OM1 na forma ácida e salina, já que

os espectros dos derivados O-CMQts sintetizados foram semelhantes.

O espectro de IV da quitosana apresentou as seguintes bandas

características: estiramento axial de -OH entre 3406 e 3426 cm-1, sobreposta à

banda de estiramento N-H, deformação axial de C = O de amida em

aproximadamente 1655 cm-1, deformação angular de N-H em aproximadamente

1599 cm-1, deformação axial de –CN de amida na região de 1421 cm-1, deformação

angular simétrica de CH3 em 1379 cm-1; deformação axial de -CN de grupos amino

na região de 1323 a 1379 cm-1 e bandas de estruturas polissacarídicas na região

entre 897 a 1153 cm-1 (BARROS et al., 2006).

Já o espectro do derivado OM1 na forma salina foi semelhante ao espectro

do derivado na forma ácida, com exceção da banda na região de 1732 cm-1 referente

ao grupamento COOH, que pode ser observada apenas nos espectros no IV dos

derivados na forma ácida. Essa banda referente à carbonila na forma salina (–

COONa) foi deslocada para região 1629 cm-1, como pode ser observado no espectro

no IV do derivado na forma salina (Figura 08).

Também foi possível observar nos espectros da O-CMQts na forma ácida e

salina (Figura 08) as bandas na região de 3455 cm-1 referente ao estiramento de O-

H, 2867 cm-1 (estiramento de C-H) e 1094-1135 cm-1 (estiramento de C-O). Além da

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banda na região de 1525 cm-1 referente ao grupamento N-H, que está deslocada em

relação ao espectro da Qts que aparece na região de 1590 cm-1.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1525,581637,44

1733,87

quitosana O-CMQts salina O-CMQts ácida

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequencia (cm-1)

Figura 08. Espectro da região do IV da quitosana (-) e dos derivados O-CMQts na forma ácida e

salina. O espectro corresponde ao derivado OM1 na forma salina (-) e na forma ácida (-). Pastilhas preparadas com 2 mg de quitosana e/ou derivado na forma ácida e/ou salina e 100 mg de KBr.

Chen e Park (2003) caracterizaram a O-CMQts através da espectroscopia

no IV e identificaram tanto no espectro do derivado na forma salina quanto no

espectro da forma e ácida a presença das bandas características do polímero

semelhantes às encontradas nos espectros no IV dos derivados sintetizados no

presente estudo. Assim como Lorini e Cruz (2006) e Rosa (2008) também

observaram um perfil semelhante na caracterização da O-CMQts obtidas em seus

respectivos estudos através do método de espectroscopia no IV.

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69

5.2.2 Determinação de COOH- através da Titulação Condutimétrica com NaOH

0,1 M

Para realizar a titulação condutimétrica, apenas 1 g do derivado foi

transformado em forma ácida. Com as curvas de titulação condutimétricas e os

respectivos pontos de inflexão foi possível calcular o percentual de substituição,

determinando o GC.

Os pontos de inflexão no Figura 09 indicam a neutralização do ácido

carboxílico. Correspondem ao início e ao termino da neutralização. A diferença entre

esses dois valores, quando aplicado na Equação 01 permite calcular o GC do

derivado, os valores estão mostrados na Tabela 03.

0 1 2 3 4 5 6 7 8200

400

600

800

1000

1200

1400

Con

dutiv

idad

e

Volume de NaOH (mL)

Figura 09. Curva de titulação Condutimétrica da AC1 com NaOH 0,1 M.

Tabela 03. Determinação do Grau de carboximetilação dos derivados OM1, OM2, OM3 e AC4 . Amostra % CH2COO-

OM1

OM2

OM3

AC4

17,64

22,29

22,51

11,87

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70

Os GC dos derivados (OM1 a AC4) encontram-se dentro da faixa de 14-58

% descritos por Muzzarelli et al. (1982).

Também estão próximos dos valores encontrados por Rosa (2008) onde

derivados apresentaram um GC de aproximadamente 20 %.

Entretanto os valores do GC dos derivados estão muito distantes do

encontrado por Chen e Park (2003), que realizaram a síntese em temperaturas

elevadas na faixa de 20 – 60 o C, e obtiveram GC que variou entre 60 e 120 %,

porém, os polímeros obtidos apresentaram a carboximetilação em diferentes

posições da Qts e com maior intensidade doque os obtidos no presente trabalho.

Esse comportamento também foi descrito por Lorini e Cruz (2006) que

sintetizaram o derivado através da síntese em baixa temperatura e em temperatura

ambiente. Quando compararam o GC dos dois métodos, observaram que o método

realizado em temperatura ambiente (45 %) apresentou 10 pontos percentuais a mais

que o método realizado em temperatura baixa (0 o C). Concluíram que esta diferença

pode estar atribuída a N-Carboximetilação da Qts.

5.2.3 Teste de Solubilidade dos derivados Carboximetilados

Segundo Zhu e colaboradores (2005), a Qts é solúvel em solução ácida e

insolúvel em solução aquosa neutra ou alcalina, devido ao grande número de sítios

catiônicos que permitem a solubilidade em água por aumentar tanto a polaridade do

composto quanto o grau de repulsão eletrostática entre unidades do polímero.

A Qts é solúvel em pH <5,9 sendo insolúvel em meio neutro ou básico. A

solubilidade está relacionada com a protonação dos grupos NH2 cujo pKa é próximo

de 5,6. A carboximetilação da Qts permite a sua dissolução em meio básico devido à

formação dos respectivos carboxilatos através da introdução dos grupos

carboxílicos. A solubilidade depende do GC e da metodologia utilizada na reação de

carboximetilação (SANTOS et al., 2003; ZHU et al., 2005).

Para determinar a faixa de pH em que os lotes de O-CMQts foram solúveis foi

realizado o teste de solubilidade. A Tabela 06 mostra a solubilidade dos polímeros

em diferentes faixas de pHs. Onde foi possível observar o comportamento do

polímero durante a mudança de pH, indicando na tabela como pouco solúvel (PS)

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quando a solução turvou e precipitou e solúvel (S) quando a solução permaneceu

límpida.

Através da Tabela 04 foi possível observar que os derivados O-CMQts

sintetizados são solúveis em pH ácido e básico, esse comportamento é devido ao

grupamento NH2 protonado (NH3+) na forma ácida e na forma básica os grupos

referentes ao ácido carboxílico estão na forma salina resultando também na

solubilização do polímero.

Com exceção do derivado AC4 (O-CMQts-N-Lauril) que apresentou baixa

solubilidade em todas as faixas de pH. Esse comportamento é devido a

hidrofobicidade do polímero de partida (N-Laurilquitosana).

Tabela 04. Solubilidade dos derivados O-CMQts em água com variação de pH (2-12) em temperatura ambiente. pH

Derivados

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

OM1 S S S S PS OS S S S S S

OM2 S S S S PS OS S S S S S

OM3 S S S S PS OS S S S S S

AC4 PS PS OS PS PS OS OS OS PS PS PS

S= Solúvel, PS= Pouco Solúvel.

Lorini e Cruz (2006) não encontraram uma relação direta da solubilidade do

polímero O-CMQts sintetizado com o GS do mesmo, já que o polímero que possuía

um GS de 45 % não apresentou solubilidade melhorada, especialmente entre pH 6-

10. Também observaram que no pH 5,6 ocorreu uma diminuição da solubilidade.

Porém, não observaram precipitação do polímero durante a mudança do pH, apenas

uma leve turvação da solução.

5.3 Síntese dos derivados N-acilados

Para introduzir hidrofobicidade ao polímero e assim obter um derivado da

Qts com caráter anfifílica, foi adicionado à molécula da O-CMQts uma longa cadeia

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de carbono alifática através de um método convencional, que consiste na reação de

um cloreto de ácido (cloreto de Lauroíla) com a O-CMQts. O método utilizado

transforma o grupamento amino livre da O-CMQts em uma amida, devido a

incorporação da cadeia de carbono no NH2 do monômero. Essa reação ocorre

devido ao nucléofilo do grupamento amino (NH2) que reage com o cloreto de lauroíla

(TIEN et al., 2003). A Figura 10 mostra a reação de obtenção da O-CMQts N-Lauril.

Figura 10. Representação esquemática da Síntese da O-CMQts N-Lauril a partir da O-CMQts.

Foram utilizados os derivados O-CMQts: OM1, OM2 e OM3 como material

de partida para a obtenção dos derivados anfifílicos através do método direto com

diferentes proporções de derivados:cloreto de lauroíla. Foram sintetizados derivados

N-acilados na proporção 1:1, 1:0,5 e 1:5, de derivado:cloreto de ácido

respectivamente. Na Tabela 05 constam os derivados sintetizados.

Outra rota sintética foi realizada para obtenção do derivado anfifílico, sendo

denominada de método inverso, partindo da Qts. O método Inverso foi realizado

para verificar se ocorre uma melhora no GS. Neste método ocorre primeiro a

formação da amida entre a Qts e o cloreto de lauroíla com posterior

carboximetilação. O objetivo da mudança do método era verificar se a possível

formação da N,O-carboximetilquitosana provocaria diminuição no GS (DEBRASSI,

2008). O derivado AC4 foi sintetizado na proporção de 1:1 derivado:cloreto de

lauroíla respectivamente.

Após as sínteses, 10 mg dos derivados AC1 e AC4 na forma salina foram

convertidos para forma ácida através da suspensão em acido clorídrico por

aproximadamente 30 minutos.

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Tabela 05. Método de obtenção (síntese) e suas proporções do derivado O-CMQts N-Lauril. Derivados Derivado de

partida

Método Relação Rendimento

(%)

AC1 OM2 Direto 1:1 98,63

AC2 OM3 Direto 1:0,5 97,89

AC3 OM1 Direto 1:5 99,38

AC4 Qts Inverso 1:1 99,87

Stenger e colaboradores (2009) utilizaram a mesma metodologia e o mesmo

cloreto de ácido (cloreto de lauroíla) para N-acilar a Qts. Já Tien e colaboradores

(2003) N-acilaram a Qts através da mesma metodologia, porém utilizaram cloreto

caproil, octanoil, miristoil e palmitoil. Assim como Velásquez e colaboradores (2007)

também realizaram formação do grupamento amida da quitosana através reação

com cloreto de ácido, mas utilizou o Cloreto de Oleoíla, que consiste em cadeia

alifática com 18 carbonos.

Outra metodologia foi utilizada por Sun e colaboradores (2007) para obter o

derivado N-Acilado na forma salina, partido da O-CMQts (derivado hidrofílico)

através da mesma reação com Cloreto de Oleoíla. A síntese ocorreu através do

método heterogêneo utilizando acetona como solvente em baixas temperaturas (0 -

5 o.C).

Peesan e colaboradores (2006) também sintetizaram a Qts N-acilada

através da reação com cloreto de ácido (cloreto de hexanoíla). Porém, a metodologia

aplicada na síntese dos derivados consiste na utilização de solventes orgânicos

como: piridina e clorofórmio, além do cloreto de ácido.

Para também obter a Qts N-Acilada, Ma e colaboradores (2008)

sintetizaram o derivado através de uma reação entre a Qts e o cloreto de estearoíla.

A técnica difere das demais, pois consiste na mistura da Qts com trietilamina e

acetona. A solução também foi submetida ao procedimento de refluxo por 3 horas a

80 º C para remoção dos ácidos formados conforme foi realizado no presente

estudo.

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5.4 Caracterização do derivado O-CMQts N-Lauril

Os derivados O-CMQts N-Lauril foram caracterizados através do teste de

solubilidade, da análise e determinação do grau de substituição (GS) obtida da

elaboração de uma curva analítica desenvolvida pela técnica de espectro no IV,

analise morfológica dos derivados foi realizada pela técnica de microscopia

eletrônica de varredura e a determinação do tamanho médio de partícula através da

estereoscópia.

5.4.1 Análise dos derivados por Espectroscopia no Infravermelho

A Espectroscopia na região do IV é uma técnica de grande importância na

análise orgânica qualitativa e muito utilizada na caracterização de polímeros e

derivados hidrofóbicos (TIEN et al., 2003).

Na Figura 11, foi possível observar e comparar o espectro no IV do

derivado OM2 na forma salina que corresponde a O-CMQts, usada como produto de

partida para o derivado N-acilado com o espectro do derivado O-CMQts N-Lauril

(AC4). Na qual podem ser observadas nos dois espectros, as bandas características

da O-CMQts em todos os espectros no IV.

No espectro do derivado O-CMQts N-Lauril, foi possível observar as bandas

características da reação N-acilação, na região de 2853 e 2933 cm-1 referentes ao

grupamento CH2. Essas duas bandas são muito importantes para confirmar a

modificação realizada no polímero, porém, a intensidade das bandas 2849 e 2920

cm-1 foi proporcional à cadeia acil adicionada no grupamento NH2 do polímero.

Os derivados (AC1, AC2, AC3 e AC4) apresentam espectros com perfil

semelhantes, mas com intensidade das bandas referente ao CH2 da cadeia de

carbono alifática diferente. Essa diferença de intensidade da absorbância das

bandas indica diferentes graus de substituição dos derivados N-acilados, perante

esse comportamento foi possível calcular o GS dos derivados sintetizados.

Além das bandas referentes ao CH2 da cadeia alifática de carbono, também

foi possível observar no espectro no IV a presença das bandas referentes ao

estiramento do grupamento - C-H alifático, e as bandas 1712 cm-1 (estiramento de

C=O da amida da cadeia carbônica), 1636 cm-1 (tensão vibracional de C=O da

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acetoamida da quitosana), 1544 cm-1 (estiramento de NH), 1464 cm-1 (tensão

vibracional do CH2 da cadeia alifática), 1154 cm-1 (estiramento de C-N) e 1084 cm-1

(estiramento de C-O), comprovando a introducao do grupamento acila na O-CMQts.

A ausência da banda na região de 1720 cm-1 que consiste na presença de

O-acilação pode indicar que não houve reação de acilação no grupamento OH do

monômero sintetizado.

4000 3500 3000 2000 1500 1000 50020

30

40

50

60

70

80

90

100

110

1562,231639,37

2852,51

2933,043433,04

quitosana O-CMQts salina O-CMQts-N-Lauril salina

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequencia (cm-1)

Figura 11. Espectros na região do IV da quitosana e dos derivados O-CMQts e N-Acil-O-CMQts na

forma salina. O espectro (-) corresponde a quitosana, o (-) ao derivado O-CMQts na forma salina (OM2) e o (-) ao AC4. Pastilhas preparadas com 2 mg de quitosana e/ou derivado e 100 mg de KBr.

Velásquez e colaboradores (2007) também observaram no espectro no IV a

presença das bandas características da reação de N-acilação, as bandas

encontradas foram semelhantes às descritas neste trabalho. Essa técnica foi

realizada junto com o espectro de RMN H1 para confirmar as modificações

realizadas na síntese.

Já Sun e colaboradores (2007) apresentaram o espectro do derivado N-Acil

O-CMQts semelhante, porém, na forma ácida que difere apenas por apresentar um

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pico deslocado para a região de aproximadamente 1740 cm-1 referente ao

grupamento –COOH-.

5.4.2 Grau de Substituição por Espectro no Infravermelho

Geralmente o GS dos derivados solúveis da Qts é determinado com o

auxilio da técnica de RMN de 1H, baseado nos valores das integrais dos hidrogênios

do substituinte. Porém, esta metodologia é limitada para derivados solúvel em água

e/ou ácido acético diluído (LIU et al., 2006a). Por outro lado, a determinação do GS

através da titulação potenciométrica é limitada a derivados contendo apenas um

grupo que pode sofrer o processo de protonação.

Um método para determinação do grau de N-substituição, utilizando a

espectroscopia no IV foi empregado por Tien e colaboradores (2003), para

determinação do GS de Qts N-aciladas com diferentes cloretos de ácidos para

inserir cadeias carbônicas alifáticas com diferentes tamanhos. Através do espectro

no IV foi medida a altura das bandas na região de 1655 cm-1 (carbonila da amida) e

3450 cm-1 referente à hidroxila. Fazendo assim uma relação na substituição do

grupamento amino para amida. Os valores foram colocados em uma equação onde

a altura do pico da carbonila da amida foi dividida pela altura do pico da hidroxila, o

resultado foi diminuído da quantidade de grupamento acetil presente na Qts de

partida. O resultado obtido consiste no GS do derivado sintetizado.

Os derivados da Qts que possuem em sua estrutura mais de uma carbonila

podem apresentar sobreposição e deslocamento das bandas. Como por exemplo,

derivados que apresentam carbonila da amida e carbonila do ácido, na forma salina

apresenta uma banda na região de aproximadamente 1629 cm -1 referente ao

grupamento –COONa e na forma ácida a banda é deslocada para a região de 1741

cm-1 referente ao –COOH-, podendo assim interferir no valor de substituição do

derivado.

O método do GS desenvolvido neste trabalho está baseado na relação entre

a altura e/ou área dos picos na região de aproximadamente 2920 e 2850 cm-1

(Figura 12, 13, 14 e 15) que correspondem ao grupamento CH2 das cadeias

alifáticas presentes no polímero O-CMQts-N-Lauril. Para calcular o GS foi construída

uma curva analítica com pastilhas contendo uma mistura de (100 mg) KBr com (2

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mg) de diferentes proporções de ácido láurico, 5, 17, 28, 33, 41 % (m/m). A escolha

do ácido láurico para construção da curva analítica foi devido ao ácido ser

constituído de uma cadeia longa de carbonos alifática semelhante ao do cloreto de

lauroíla utilizado na síntese dos derivados N-acilados.

Através da curva analítica relacionando a altura e/ou a área em função da

concentração de ácido láurico foi possível determinar o GS dos derivados

sintetizados (AC1, AC2, AC3 e AC4) (Figura 16 e 18).

A Figura 12 consite do espectro no IV com ampliação na região de 3500 a

2500 cm-1 para determinar a altura do pico na região de 2920 cm-1 referente ao

grupamento CH2. Através das medidas da altura do pico de cada pastilha foi

possível construir a curva analítica da altura (Figura 13).

3000 2500

40

50

60

70

O-CMQts-N-Lauril

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequência (cm-1)

Figura 12. Espectro no IV na região de 3500 a 2500 cm-1, determinação da altura do pico na região

2920 cm-1.

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0 50 100 150 200 250 300 350 4000

2

4

6

8

10

12

14

Altu

ra d

o pi

co (

cm)

Ácido láurico (µg)

Figura 13. Curva Analítica através das medidas da altura do pico na região de 2950 cm -1. Utilizada

para obter equação de reta. Pastilhas foram preparadas com 2 mg da mistura polímero/ácido láurico (5, 17, 28, 33, 41 %) e 100 mg de KBr.

A curva analítica obtida através da altura do pico na região de 2920 cm -1

resultou na equação da reta: y = -0,1054 + 0,0327x, com r= 0,9807. Partindo da

equação de reta foi possível calcular o GS dos derivados sintetizados como mostra a

Tabela 06.

Tabela 06. Determinação do grau de substituição de diferentes lotes através da altura do pico na região de 2950 cm -1. Derivado1 Conc2 PP3 CCL4 ALP5 MCL6 GS7

AC1

AC2

AC3

AC4

1:1

1:0,5

1:5

1:1

0,0209

0,0274

0,0247

0,0286

420,4

615,95

508,3

624,69

2,6218

1,8527

7,3068

1,6390

83,40

59,88

226,67

53,34

19,84

8,57

44,62

8,54

O número 1: derivado analisado; 2: Relação polímero: TC; 3: peso médio das pastilhas (g); 4: Concentração do cloreto de lauroíla (µg/g); 5: Altura do pico (cm); 6: massa de cloreto de lauroíla; 7: Grau de substituição (%).

Já a Figura 14 apresenta o espectro no IV com ampliação na região de

3500 a 2500 cm-1 para determinar a área total dos picos na região de 2920 e 2850

cm-1 referente ao grupamento CH2. Através das medidas da área total dos picos de

cada pastilha foi possível construir a curva analítica da área total (Figura 15).

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3000 2500

40

50

60

70

O-CMQts-N-Lauril

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequência (cm-1)

Figura 14. Espectro no IV na região de 3500 a 2500 cm-1, determinação da área total dos picos na

região 2920 e 2850 cm-1.

0 50 100 150 200 250 300 350 400

200

400

600

800

1000

1200

1400

Áre

a to

tal d

o pi

co (

mm

)2

Ácido Láurico (µg)

Figura 15. Curva Analítica através das medidas da área total do pico na região de 2950 e 2850 cm -1.

Utilizada para obter equação de reta. Pastilhas foram preparadas com 2 mg da mistura polímero/ácido láurico (5, 17, 28, 33, 41 %) e 100 mg de KBr.

A curva analítica obtida através da área total dos picos na região de 2920 e

2850 cm-1, apresentou r= 0,9796 e a equação da reta: y= 101,8953 + 3,0144x. A

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equação de reta possibilitou calcular o GS dos derivados sintetizados através da

área total, como mostra a Tabela 07.

Tabela 07. Determinação do grau de substituição de diferentes lotes através da área total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1.

D1 Conc2 PP3 CCL4 ATP5 MCL6 GS7

AC1

AC2

AC3

AC4

1:1

1:0,5

1:5

1:1

0,0209

0,0274

0,0247

0,0286

420,4

615,95

508,3

624,69

314,22

261,09

923,13

312,48

93,63

52,81

272,43

69,86

22,27

9,72

53,62

11,18

O número 1: derivado analisado; 2: Relação polímero: TC; 3: peso médio das pastilhas (g); 4: Concentração do cloreto de lauroíla (µg/g); 5: Area total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1; 6: massa de cloreto de lauroíla; 7: Grau de substituição (%).

As Tabelas 06 e 07 apresentam os valores do GS dos derivados obtidos

através da medida da altura e da área total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1.

O GS dos derivados obtidos através da altura do pico na região de 2920 cm-1 foi

semelhante ao GS obtido através da medida da área total dos picos na região de

2920 e 2850 cm-1 como mostra a Figura 16.

Figura 16. Grau de Substituição dos derivados (N-acilado) através da medida da altura e da área total

dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1 no espectro na região do IV.

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O derivado AC4 apresentou um dos mais baixos GS através das duas

medidas. Esse derivado foi sintetizado pelo método inverso, ou seja, foi modificado

primeiramente o grupamento NH2 (mais reativos), para tentar aumentar o GS dos

derivados N-acilados e posteriormente, foram realizadas as reações de

carboximetilação nas hidroxilas. Essa técnica não foi efetiva para o aumento do GS

já que esse derivado apresentou um GS de 8,54 % através da medida da altura e

11,18 % da área dos picos, diferente do derivado AC1 sintetizado com a mesma

concentração de polímero/cloreto de ácido (1:1), porém, através do método direto.

Já que o derivado AC1 apresentou GS de aproximadamente 20 %.

Como já era esperado, o derivado AC3, apresentou o maior GS, pois, foi

sintetizado com uma concentração de polímero/cloreto de ácido (1:5). E o derivado

AC2 apresentou o menor GS, pois foi sintetizado com uma menor concentração de

cloreto de ácido, sendo 1:0,5 de polímero/cloreto de lauroíla.

Recentemente Stenger e colaboradores (2009) sintetizaram a Qts lauril

através reação com cloreto de lauroíla (5%) utilizando a mesma metodologia de

síntese aplicada no presente trabalho. O GS foi determinado através da titulação

potenciométrica. Os derivados sintetizados apresentaram um GS de 39,6 e 33,2 %.

Esse comportamento também foi constatado por Velásquez e colaboradores

(2007) onde através da técnica de espectro no IV os derivados insolúveis de Qts

sintetizados com concentração de 0,5:1, 0,5:1,3 e 0,5:2 apresentaram um GS de

32,91, 42,40 e 60,69 %, respectivamente.

Derivados sintetizados pela reação de acilação da Qts com cloreto do ácido

dehidroabiatico apresentaram um GS de 16,5 % (DUAN et al., 2009).

Li e colaboradores (2005) determinaram o GS através da titulação ácido-

base usando como titulante hidróxido de sódio 0,1 M e como indicador alaranjado de

metila. Os derivados de Qts sintetizados com cloreto de oleoíla em uma relação

molar de 0,5, 0,7 e 1 apresentaram um GS de 12,71, 32,26 e 63 %, respectivamente.

Esses valores diferem do relatado por Ma e colaboradores (2008) que

modificaram a Qts através da reação com cloreto de estearoíla obtendo também um

derivado N-acilado e determinaram o GS foi através da técnica de RMN de H-1. Os

derivados sintetizados apresentaram GS de 180 a 380 %.

Com o objetivo de verificar a eficiência do método de determinação do GS

dos derivados N-acilados, foi reproduzido o segundo ponto da curva analítica com

diferentes polímeros. Os polímeros utilizados foram: Qtn, Qts e Celulose

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microcristalina. Foram preparadas pastilhas contendo 2 mg da mistura

polímero:ácido láurico (17 %) e 100 mg de KBr para determinar o GS de cada

polímero. Os três polímeros testados apresentaram valor próximo ao teórico como

mostra a Tabela 08.

Tabela 08. Determinação do grau de substituição de diferentes polímeros através da área total dos picos.

P1 PP2 C3 ALP4 ÁP5 GS

AL6

%7 GS A8 %9

Celulose 0,0214 438,77 2,2562 438,77 16,46 96,82 16,73 98,41

Quitina 0,0212 433,07 2,1964 316,83 16,25 95,59 16,46 96,82

Quitosana 0,0246 513,12 2,8037 370,33 17,33 101,94 17,35 102,06

O número 1: derivado analisado; 2: peso médio das pastilhas (g); 3: Concentração do cloreto de lauroíla (µg/g) na pastilha; 4: Altura do pico na região de 2950 cm-1; 5: Area total dos picos na região de 2920 e 2850 cm-1; 6: Grau de substituição (%) obtido através da Altura do pico na região de 2950 cm-1 ; 7: % que o valor experimental da atura se aproxima do valor teórico; 8: Grau de substituição (%) obtido através da Altura do pico na região de 2950 cm-1 ; 9: % que o valor experimental da atura se aproxima do valor teórico.

Os resultados do GS obtido através da área do pico e o valor do GS

resultante da altura do pico foram semelhantes para os três polímeros testados.

Tanto a celulose, quanto a Qtn e a Qts apresentaram um GS superior a 95 %. O que

indica que houve reprodutibilidade da técnica, pois o GS obtido foi muito próximo ao

valor teórico esperado (17 %).

5.4.3 Análise Morfológica e granulométrica dos derivados

Os derivados sintetizados no presente trabalho (AC1, AC2, AC3 e AC4)

foram submetidos à microscopia eletrônica de varredura (MEV) para analisar o

aspecto morfológico das partículas.

A Figura 17 apresenta as fotomicrografias das partículas dos derivados N-

acilados AC2(A) e AC3(B), obtidas por MEV. Para melhor visualização e análise da

morfologia das partículas, estas foram analisadas usando três aumentos, 60x, 500x

e 1000x.

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Com base nas fotomicrografias foi possível observar que os derivados AC2 e

AC3 apresentam formas e aspecto irregular, pouca esfericidade e superfície porosa.

Embora os dois derivados apresentem diferentes GS, morfologicamente mostraram-

se semelhantes, o que provavelmente demonstra que o GS não possui influência

significativa sobre a morfologia dos derivados obtidos.

Figura 17. Fotomicrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura (60x) dos derivados N-

acilados da OCMQts AC2 e AC3. O detalhe em cada fotomicrografia representa a ampliação das partículas (500x derivado AC2 e 1000x derivado AC3)

A distribuição do tamanho das partículas dos derivados AC1, AC2, AC3 e

AC4 foi realizada através de esterioscópio com auxílio de software de análise de

AC2

AC3

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imagem– Pro Plus. Foram analisadas 300 partículas de cada derivado para

determinar a distribuição e o tamanho médio das partículas. Todos os derivados

sintetizados apresentam tamanho micrométrico com tamanho médio de partícula

menor que 200 µm. Uma característica comum entre os derivados é a ampla faixa

de distribuição de tamanho (Figura 18). Com exceção do derivado AC4, que possui

duas populações significativas em regiões extremas (de 2 a 50 µm e outra de 200 a

700 µm) e o maior tamanho médio de partícula de 105 ± 59,54 µm, os outros

derivados apresentam tamanho de 30 a 100 µm, conforme apresentado na Figura

18.

Figura 18. Distribuição do tamanho de 300 partículas dos derivados AC1, AC2, AC3 e AC4.

Os derivados AC1 e AC2 apresentaram ampla distribuição de tamanho de

partícula, variando entre 50 a 200 µm e possuiram tamanho médio de partícula de

94 ± 58,87 e 100 ± 60,07 µm, respectivamente.

Já o derivado AC3 apresentou o menor tamanho médio de partícula (67 ±

12,99 µm) em relação aos outros derivados e ampla distribuição do tamanho de

partículas, com aproximadamente 40 % das partículas com tamanho de 40 µm e

aproximadamente 50 % com 75 µm.

As partículas que apresentam tamanho médio de partícula entre 200- 2000

µm apresentam melhores propriedades de fluxo, pois fluem livremente.

Essa diferença de tamanho médio de partícula dos derivados sintetizados

pode estar relacionada à técnica manual de trituração dos pós através do pistilo e

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gral. A realização do processo de trituração foi necessária devido à obtenção de um

produto aglomerado e plástico após a purificação.

5.4.4 Teste de Solubilidade dos derivados O-CMQts N-Lauril

As amostras AC1, AC2, AC3 e AC4 referentes à síntese do derivado O-

CMQts-N-Lauril por diferentes métodos, apresentaram baixa solubilidade em

sistemas aquosos e não aquosos. Em sistemas aquosos foi muito pouco solúvel

(1mg/mL) em todas as faixas de pH e ácido acético 0,1 M. Já nos sistemas não

aquosos também foi muito pouco solúvel (1mg/mL) em clorofórmio.

Com o solvente clorofórmio, o derivado permaneceu completamente

separado do solvente. Já no sistema de solvente aquoso os derivados apresentaram

baixa solubilidade, mas ficaram dispersos no solvente.

Ma e colaboradores (2008) testaram a solubilidade da Qts N-acilado através

da reação com cloreto de estearoíla com solventes orgânicos. Foram utilizados

como solventes orgânicos, a acetona, piridina, benzeno e diclorometano em uma

concentração de 5mg/mL a 25 ºC. Os autores verificaram que a solubilidade do

derivado está diretamente relacionada com o GS, onde derivados com baixo GS

(250 %) são solúveis a solventes hidrocarbonetos halogênios, éter e aromáticos

(Piridina, triclorometano, diclorometano e ciclohexano), porém pouco solúveis em

solventes polares como: dimetilsulfóxido e N,N-dimetilformamida. Esse

comportamento hidrofóbico é devido à introdução de uma cadeia longa de carbono

no polímero.

Já Peesan e colaboradores (2006), sintetizaram o derivado de quitosana

com cloreto de hexanoil solúvel em solventes orgânicos. O derivado sintetizado

possui um GS de 392 % e apresentou solubilidade em solventes orgânicos como:

clorofórmio, diclorometano e tetrahidrofurano. Assim como Neamnark e

colaboradores (2006) que também sintetizaram Hexanoil Qts com cloreto de ácido e

piridina e obtiveram um derivado solúvel em clorofórmio.

Hirano e colaboradores (2002) concluíram em seus estudos que a

solubilidade em soluções aquosas, solução ácida e alcalina da Qts N-acilado varia

com a concentração e o GS dos derivados.

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5.5 Avaliação das características física dos pós dos derivados O-CMQts

N-Lauril

As características tecnológicas dos derivados sintetizados (AC1, AC2, AC3

e AC4) submetidos à compressão foram previamente avaliadas através da

determinação dos parâmetros de fluxo e de compressão. Os resultados estão

descritos na Tabela 09.

Tabela 09. Caracterização física dos derivados O-CMQts N-Lauril Derivados

AC1 AC2 AC3 AC4

Ângulo de repouso 37,37±1,91 33,65±2,19 30,74±0,76 32,88±0,84

Dap (g/mL) 0,3085 0,4429 0,1805 0,3579

Dcomp (g/mL) 0,3565 0,5199 0,2144 0,3784

Índice de Carr 13,46 14,81 15,81 5,42

Fator de Hausner (FH) 1,15 1,17 1,19 1,06

Compactab. (mL) 24,93 25,08 58,31 7,55

Teor Umidade (%) 15,25 15,59 14,98 14,88

O ângulo de repouso pode ser usado como uma indicação das propriedades

de fluxo. Pós com ângulo de repouso menor que 20º apresentam fluxo excelente,

20-30º fluxo bom, de 30-34º fluxo tolerável e maior que 40º fluxo muito baixo

(WELLS, 2005).

Os derivados N-acilado possuem valores de ângulo de repouso bem

próximos, apresentando assim propriedades de fluxo semelhantes com valores entre

30-34º, o que indica que os pós apresentam fluxo tolerável. Wells (2005) propõe

para este tipo de fluxo a adição de agentes deslizantes na formulação, como por

exemplo, o dióxido de silício coloidal 0,2%.

O derivado AC3 apresentou o menor ângulo de repouso, aproximadamente

30º, quando comparado com os demais derivados. Embora tenha o menor tamanho

médio de partícula, a classificação deste como pó com bom fluxo pode estar

relacionado com o seu GS (aproximadamente 50 %), pois como é o derivado com

maior GS e, conseqüentemente, maior quantidade de ácidos graxos na cadeia

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polimérica, o caráter mais hidrofóbico pode reduzir a interação superficial entre as

partículas principalmente pela redução de forças eletrônicas, diminuindo

provavelmente o atrito entre elas.

O Fator de Hausner (FH) foi definido por Hausner em 1967 e está

relacionado com o grau de atrito entre partículas. Valores de FH entre 1 e 1,25 indica

bom fluxo, que corresponde a 20% do Índice de Carr. Valores maiores que 1,25

indica mau fluxo. Quanto menor o FH, menor é o atrito e provavelmente melhor é o

fluxo. A partir dos valores de FH, os derivados sintetizados podem ser classificados

como tendo bom fluxo, já que todos os derivados possuem FH menor que 1,20. O

derivado AC3 apresentou o maior valor encontrado, 1,19, ainda sendo considerado

como um pó com bom fluxo. Os derivados AC2 e AC4, embora tenham Vf

semelhantes (aproximadamente 15 g/s), possuem FH diferentes, 1,17 e 1,06,

respectivamente. O comportamento do derivado AC4 pode estar relacionado à

ampla distribuição de tamanho e maior tamanho médio de partícula.

O fluxo dos pós também foi analisado quanto ao Índice de Carr (IC) a partir

da densidade aparente do material. Com exceção do derivado AC3, que pode ser

classificado como pó com fluxo bom, IC superior a 15 %, os demais derivados AC4,

AC1 e AC2 com 5,42 13,46 e 14,81 %, respectivamente, podem ser considerados

como pós com fluxo excelente.

Uma relação simples entre o ângulo de repouso, o IC e o fluxo esperado foi

descrito por Wells (2005), como mostra a Figura 19.

Aplicando esta relação entre ângulo de repouso e IC, os derivados N-

acilados sintetizados apresentam propriedades de fluxo diferentes (Figura 19). Com

exceção do derivado AC4, que apresenta fluxo pobre, os demais derivados (AC1,

AC2 e AC3) apresentam propriedades de fluxo similares, podendo ser classificados

como de fluxo muito pobre. Pois, quanto menor o IC melhores são as propriedades

de fluxo do pó e quanto maior o ângulo de repouso, pior será a compressibilidade e

menor será o fluxo.

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0 10 20 30 40 500

10

20

30fluxo muito pobre

fluxo pobre

fluxo regular

fluxo bom

fluxo excelente

AC1 AC2 AC3 AC4

índi

ce d

e ca

rr (

%)

ângulo de repouso (cm)

Figura 19. Relação entre o ângulo de repouso, índice de Carr e características de fluxo (WELLS,

2005) dos derivados N-acilados sintetizados.

Na análise de compactabilidade, o derivado AC4 apresentou menor

compactabilidade (7,55 mL). Os derivados AC1 e AC2 apresentaram

compactabilidade semelhante de aproximadamente 25 mL. Já o derivado AC3

apresentou maior compactabilidade com 58,31 mL, o que provavelmente pode estar

relacionado com o menor tamanho médio de partícula.

Comparando os resultados de propriedades de fluxo dos derivados N-

acilados sintetizados a partir da O-CMQts com os resultados obtidos por Bresolin

(2009) para Qts e a O-CMQts, os derivados N-acilados apresentaram melhores

propriedades de fluxo em todas as análises realizadas. A melhoria nas propriedades

de fluxo proporcionada pela N-acilação provavelmente está relacionada com a

presença das cadeias lipofílicas inseridas no polímero. O aumento da

hidrofobicidade pode levar ao menor atrito entre as partículas e conseqüentemente

ao melhor fluxo.

Quanto ao teor de umidade dos derivado (%), todos os derivados N-acilados

sintetizados apresentaram um teor superior à 14 %.

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5.6 Quantificação da Triancinolona (TC)

Para quantificar a TC foram elaboradas curvas analíticas em etanol, tampão

fosfato de potássio pH 7,2 e ácido clorídrico 0,1 M.

A Tabela 10 mostra os dados obtidos na análise de regressão e a faixa de

linearidade do método nos diferentes solventes. A curva analítica em tampão fosfato

de potássio pH 7,2, HCl 0,1M e etanol apresentaram coeficiente de correlação de

0,9930, 0,9994 e 0,9895, respectivamente.

Tabela 10. Descrição das curvas analíticas de TC no ultravioleta, em diferentes solventes. Comprimento de onda (λ) utilizado foi de 242 nm.

Sistema

Solvente

Faixa de

linearidade

Número de

pontos

Coeficiente

angular

Coeficiente

linear

Coeficiente

correlação

tampão

fosfato pH 7,2

1,0- 10 5 0,040 0,017 0,9930

HCl 0,1 M 2,5- 40 10 0,0421 - 0,0173 0,9994

Etanol 2,5- 40 10 0,0354 0,1523 0,9895

5.7 Estudos da Interação do fármaco (TC) com os polímeros N-acilados

Uma etapa que precedeu a preparação de formas farmacêuticas a partir dos

polímeros sintetizados foi a avaliação das possíveis interações entre o polímero e o

fármaco escolhido. Este procedimento forneceu informações sobre a capacidade de

incorporação, solubilidade do fármaco e tipo de interação entre o fármaco e o

polímero.

A interação de excipientes e fármacos influência no mecanismo de

desintegração, liberação, absorção e biodisponibilidade do fármaco. O fenômeno de

adsorção é um exemplo da interação fármaco e excipiente. A adsorção física é

devido a interações eletrostáticas, ligações hidrogênio ou forças de van der Waals e

usualmente é reversível; enquanto na adsorção química, o adsorvido é ligado ao

adsorvente por ligações químicas primárias, incluindo troca iônica, protonação e

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complexação, e é irreversível. A extensão da adsorção depende das propriedades

físico-químicas do fármaco e do excipiente (JACKSON et al., 2000; ZHU, 2002).

Na Figura 20 é possível verificar o comportamento de adsorção de

diferentes derivados após a agitação da dispersão de TC com os derivados em

tampão fosfato pH 7,2, durante 120 minutos à 25 o C. O gráfico representa a

concentração da TC na solução após a remoção do polímero e a quantidade de TC

incorporada no polímero. Conforme pode ser observado, a quantidade de TC

incorporada no polímero aumentou com o aumento da concentração de TC na

dispersão. Isto significa que a quantidade de fármaco incorporado no polímero está

diretamente relacionada com a concentração do fármaco na dispersão. Este

comportamento também foi observado quando a carboximetilquitosana enxertada

com fosfatidiletilenodiamina (GS 62 %) foi empregada para incorporar o cetoprofeno

(PRABAHARAN; REIS; MANO, 2006) e quando a O-carboximetilquitosana-N-linoleil

(GS 3 %) foi utilizada na incorporação da adriamicina (LIU et al., 2007b).

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 2000

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

AC1 AC2 AC3 AC4

fárm

aco/

polím

ero

(mg/

g)

concentração de TC (µg/mL)

Figura 20. Interação do fármaco (TC) com os derivados N-acilados (AC1, AC2, AC3 e AC4) em meio

tampão fosfato pH 7,2, durante 120 minutos à 25 o C sob agitação.

Aparentemente existe uma relação linear entre a quantidade de TC

incorporada no polímero e a concentração inicial na dispersão, indicando que não

existe um sítio específico de interação entre o fármaco e o polímero, como por

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exemplo, adsorção química ou física. Também não está evidente que ocorra uma

saturação do polímero (na faixa de concentração estudada) característica de

isotermas de adsorção contendo um ou mais sítios específicos de interação. O

processo de saturação do polímero pelo fármaco foi relatado por Gupta e Jabril

(2006) para a adsorção do centroman em microesferas de Qts reticulada com

glutaraldeído e glioxal.

Recentemente Alkhamis, Salem e Khanfar (2008), encontraram este mesmo

comportamento quando estudaram a adsorção de fumarato de cetotifeno pela Qts. A

tentativa de aplicação de modelos matemáticos de adsorção baseado na presença

de sítios de adsorção (isoterma de Langmuir) resultou numa correlação muito baixa

entre os dados experimentais e os dados calculados pela equação. A discrepância

foi acentuada dependendo do pH do meio de adsorção.

Outra informação obtida da Figura 20 foi que a concentração de TC na

solução, após a remoção dos polímeros foi dependente do GS dos derivados. Para o

AC3, que apresenta um GS de aproximadamente 50 %, a concentração final da

solução mais concentrada, não ultrapassou 110 µg/mL, para o AC1 (GS de

aproximadamente 20 %) a concentração ficou em torno de 120 µg/mL. Por outro

lado, para os derivados com valores de GS entre 6-8 % a concentração final foi

maior que 150 µg/mL. A diminuição da quantidade de TC na solução é resultado da

transferência do fármaco para o polímero. Estes resultados mostram que presença

do grupo hidrofóbico favorece a incorporação do fármaco no polímero sendo

dependente do GS.

A relação entre o GS e a capacidade de incorporação de fármaco foi

observada em trabalhos utilizando a N,O-Carboximetilquitosana-N-hexanoil. Neste

caso a quantidade de ibuprofeno incorporado aumentou com o acréscimo de grupos

hexanoil na cadeia hidrofílica do polímero (LIU et al., 2006a). O aumento do grau de

hidrofobicidade também proporcionou o aumento na capacidade de incorporação do

mesilato de pazufloxacino quando microesferas de O-Carboximetilquitosana foram

preparadas com diferentes graus de reticulação, utilizando o glutaraldeído como

agente reticulante (LIU et al., 2007a). Recentemente foi observado por Rosa (2008)

que a medida que aumenta o GS do derivado anfifílico O-Carboximetilquitosana-N-

benzilada, também ocorre o aumento da interação com o fármaco (TC).

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Este experimento também foi realizado com o derivado O-CMQts como

controle, e neste caso não foi observado a incorporação da TC ao polímero o que

indica que provavelmente o fármaco interaja apenas com a parte hidrofóbica do

polímero.

A interação entre substâncias hidrofóbicas e derivados da Qts foi

recentemente estudada por Stenger e colaboradores (2009). No referido trabalho foi

observado que a interação entre o naftaleno e a Qts aumentou significativamente

quando foi introduzido no polímero o radical lauril. As interações hidrofóbicas entre

as duas substâncias é o principal mecanismo responsável pela incorporação do

naftaleno ao polímero.

A presença de interações hidrofóbicas entre o polímero e o fármaco que

resultaram na redução da velocidade de liberação do fármaco foi a principal

justificativa utilizada por Tien e colaboradores (2003) para o comportamento

observado no perfil de liberação do paracetamol em comprimidos preparado com N-

acil derivados da Qts contendo diferentes GS e tamanho da cadeia alquílica.

O derivado AC3 após o experimento de interação com a TC foi submetido à

técnica de espectroscopia no IV para analisar e comparar com os espectros já

obtidos da mistura física do derivado com o fármaco (TC). Essa comparação foi

realizada para verificar a presença de picos em bandas característicos do fármaco e

do polímero.

A Figura 21 apresenta diferentes espectros no IV referentes a TC e ao

derivado AC3 após a mistura física com a TC (MF) e após o processo de interação

fármaco com polímero (IFP). Através da Figura 21 foi possível observar as

semelhanças dos espectros no IV.

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4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

8961066

1306

1551

16622858

2923

interação fármaco/polímero mistura física fármaco/polímero TC

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequencia (cm-1)

Figura 21. Espectros no IV na região de 4000 a 500 cm-1 da TC (-), do derivado após o estudo

interação fármaco/polímero (IFP) (-) e o espectro de IV da mistura física (MF) do fármaco com o polímero (-).

As bandas na região de 2858 e 2923 cm-1 podem ser observadas em todos

os espectros da Figura 21. Essas bandas são referentes ao grupamento CH2 da

cadeia acil introduzida no grupamento amino da Qts.

O espectro da MF apresenta bandas características tanto do fármaco quanto

do polímero, assim como o espectro do derivado AC3 após o estudo de interação.

Ambos apresentaram picos na região de 1662 cm-1 referente à carbonila da amida e

1551 cm-1 ao NH da amida, 1241 cm-1 (C-O-, deformação axial), em

aproximadamente 896 cm-1 a banda do O-H (deformação angular) e as bandas

referentes a cetona na região de aproximadamente 1306 e 1066 cm -1 (deformação

axial).

Como também as bandas referentes aos grupamentos alcoóis, cetona e ácido

carboxílico da TC , como pode ser observado através de uma banda larga na região

de aproximadamente 3400 cm-1 referente ao O-H (deformação axial), 1707 cm-1

(C=O, deformação axial), 1248 cm-1 (C-O-, deformação axial), 893 cm-1 a banda do

O-H (deformação angular) e em 1300 -1100 cm-1 (C-C-C, deformação axial). Essa

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semelhança dos espectros ajuda a confirmar a presença de TC no derivado AC3

após o estudo de interação fármaco:polímero.

5.8 Obtenção e Caracterização da dispersão sólida

Devido à dificuldade encontrada de dissolver os derivados em solventes

aquosos e não aquosos, a fim de obter micro ou nanopartículas destes polímeros

contendo fármaco, buscou-se otimizar a incorporação do fármaco no polímero

através da co-secagem por nebulização para posterior emprego como material de

partida na obtenção de forma farmacêutica.

Partículas contendo TC foram obtidas pela técnica de co-secagem por

nebulização (spray-drying). Os derivados submetidos à co-secagem foram AC1, AC2

e AC3 gerando dispersões sólidas denominadas de SDAC1, SDAC2 e SDAC3.

A suspensão do derivado O-CMQts N-Lauril contendo 5 % de TC foi seca

no spray-drying, usando os seguintes parâmetros: fluxo de 4 mL/min, taxa de

aspiração de 90%, fluxo de ar de 40 mL/hr, temperatura de entrada de 170 ºC,

temperatura de saída de aproximadamente 101ºC e pressão do filtro de -42 mbar.

As dispersões sólidas apresentaram um rendimento menor que 60 %. O

rendimento foi de: 57,22 %, 51,74 % e 11,23 % para SDAC3, SDAC1 e SDAC2,

respectivamente.

O baixo rendimento do derivado SDAC2 pode estar relacionado à

dificuldade encontrada de obter dispersão homogênea o que interferiu diretamente

no fluxo do processo de secagem.

Para confirmar a presença da TC na dispersão sólida obtida, foi realizada a

análise de espectroscopia no IV como controle. Os espectros obtidos das dispersões

sólidas apresentaram perfil semelhante.

A Figura 22 mostra o espectro do SDAC3 e da TC. Bandas características

do fármaco referentes aos grupamentos alcoóis, cetona e ácido carboxílico estão

presentes no espectro do SDAC3, como pode ser observado através de uma banda

larga na região de aproximadamente 3400 cm-1 referente ao O-H (deformação axial),

1707 cm-1 (C=O, deformação axial), 1248 cm-1 (C-O-, deformação axial), 893 cm-1 a

banda do O-H (deformação angular) e em 1300 -1100 cm-1 (C-C-C, deformação

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axial). Essa semelhança dos espectros serve para confirmar a presença de TC nas

dispersões sólidas.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140

893

12481403

16551707

dispersão sólida TC

tran

smitâ

ncia

(%

)

frequência (cm -1)

Figura 22. Espectro no IV na região de 4000 a 500 cm-1 da Triancinolona (-) e da dispersão sólida

SDAC3 do derivado AC3 (-). Pastilhas foram preparadas contendo 2 mg de TC ou de dispersão sólida e 100 mg de KBr.

A análise morfológica das dispersões sólidas obtidas por spray-drying e da

mistura física foi realizada por MEV. Na Figura 23 é possível verificar que as

dispersões sólidas apresentam formas mais esféricas e um aspecto mais

homogêneo do que as respectivas mistura física dos derivados com a TC.

A dispersão sólida do derivado AC1 apresentou partículas mais esféricas,

aspecto liso e presença de depressões na superfície (Figura 23D). A SDAC2 possui

aspecto liso, amorfo e com maior aglomeração (Figura 23E). A aglomeração das

partículas foi devido a dificuldade encontrada de formar uma dispersão homogênea.

A SDAC3, embora não tenha apresentado aglomeração, suas partículas

possuem aspecto pouco esférico, e diferente das outras dispersões, apresenta

superfície rugosa, o que pode estar relacionado com a maior proporção de cadeias

hidrofóbicas presente neste polímero (Figura 23F).

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96

Figura 23. Fotomicrografias da mistura física da TC (20 mg) com 50 mg do derivado AC1 (A), AC2 (B) e AC3 (C) e fotomicrografias da dispersão sólida da TC (20 mg) com 50 mg do derivado AC1 (D), AC2 (E) e AC3 (F).

A distribuição de tamanho de partícula das dispersões sólidas (SDAC1,

SDAC2 e SDAC3) foi determinada através da técnica de espalhamento de luz.

Conforme mostrado na Figura 24, a dispersão SDAC1 apresentou menor

distribuição de tamanho do que as dispersões SDAC2 e SDAC3. Esse

comportamento difere do observado para os derivados.

A

B

C

D

E

F

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Assim como a morfologia das partículas, o tamanho médio provavelmente

sofreu influência do GS dos derivados. A dispersão SDAC1 apresentou tamanho

médio de 17,29 ± 13,87 µm enquanto a dispersão SDAC3, com GS de aprox. 50%,

apresentou um tamanho médio de 35,15 ± 27,93 µm. Com exceção do derivado

AC2, que mesmo com GS de aprox. 10 % e tamanho médio de partícula de 100 µm,

apresentou após a secagem tamanho médio de 45,83 ± 34,95 µm.

0 50 100 150 200 250

0

1

2

3

4

5

6

SDAC1 SDAC2 SDAC3

volu

me

(%)

diametro da partícula (µm)

Figura 24. Distribuição do tamanho de partículas das dispersões sólidas SDAC1, SDAC2 e SDAC3

através do equipamento de luz polarizada em meio aquoso (0,20 %).

Embora os derivados sejam muito pouco solúveis em meio aquoso,

conforme apresentado no Item 5.4.4, a dispersão destes em água sob agitação por

48 h, permitiu a obtenção de uma dispersão uniforme, com dissolução parcial do

polímero. Esta dissolução acrescida da aspersão e secagem no nebulizador

proporcionou a obtenção de partículas com características morfológicas e

granulométricas diferentes dos derivados.

O tamanho de partículas difere daquele relatado por Learoyd e

colaboradores (2007) que obtiveram partículas de Qts e sulfato de terbutalina

contendo lactose e leucina. Em seu estudo utilizaram parâmetros de secagem (fluxo

de 3,2 mL/min, taxa de aspiração de 85%, fluxo de ar no sistema 34 m3/h,

temperatura de entrada de 180 ºC, temperatura de saída de 84-92ºC) muito

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98

semelhantes ao utilizados neste trabalho, e obtiveram tamanho de partículas na

faixa de 5,6- 9,9 µm.

Um comportamento semelhante foi descrito por Anal e colaboradores (2006)

mesmo utilizando um fluxo de 2,4 mL/min. Também observaram que o tamanho

médio das partículas não reticuladas foi de aproximadamente 10,9 µm, e quando

reticuladas com 0,125 % de tripolifosfato pentasódio (TPP) o tamanho médio das

partículas diminuíram para aproximadamente 8,9 µm.

5.9 Desenvolvimento dos comprimidos

5.9.1 Desenvolvimento dos comprimidos de Triancinolona (TC)

Uma vez que os derivados N-acilados da O-CMQts apresentaram

características de incorporação de fármacos hidrofóbicos e baixa solubilidade em

solventes aquosos e não aquosos, foram preparados comprimidos contendo TC,

através de mistura física (MF) fármaco:polímero e/ou através da co-secagem por

Spray-dryed da dispersão aquosa contendo fármaco e polímero (SD).

A mistura física pode ser definida como uma operação unitária de dispersão

de um ou mais sólidos, a princípio segregados ou parcialmente misturados, a fim de

obter uma mistura homogênea dos diferentes pós. Já os produtos secos por

aspersão, nebulização ou spray-drying, são dispersões sólidas obtidas após

secagem da dispersão aquosa contendo fármaco e excipientes. São produtos

facilmente reconhecíveis, com características morfológicas e granulométricas

uniformes (AULTON, 2005).

A mistura física proporciona a simples dispersão homogênea de um material

no outro, fármaco no polímero, por exemplo, sem alteração das propriedades física

dos pós de partida, enquanto a co-secagem de uma dispersão do polímero contendo

o fármaco, mesmo sendo praticamente insolúveis em água, leva a obtenção de um

pó com menor tamanho, homogeneidade de tamanho e, geralmente, esférico,

resultando em produtos com características tecnológicas relevantes para a obtenção

de comprimidos, que são também chamados de dispersões sólidas.

Foram desenvolvidos comprimidos com 70 mg, porém com diferentes

proporções TC:polímero, 20:50 mg de TC:polímero (ácido e salino) e 4:66 mg de

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99

TC:polímero, conforme apresentado na Tabela 01. Foram utilizados os derivados

AC1, AC2, AC3 e AC4 no processo de mistura física e os derivados AC1, AC2 e

AC3 nos comprimidos contendo dispersões sólidas.

Os comprimidos de TC foram caracterizados por análise da superfície

através da microscopia óptica e MEV, resistência física, teor do fármaco, perfil de

liberação do fármaco e a absorção de água em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M).

Os comprimidos contendo dispersão sólida (SDAC1T, SDAC2T e SDAC3T)

apresentaram aspecto físico semelhante (Figura 25 D à F), com superfície lisa e

coloração uniforme. Os comprimidos, obtidos através da mistura física dos derivados

com a TC apresentaram superfície mais irregular e com pontos mais escuros na

superfície que provavelmente são partículas dos derivados (Figura 25 A à C).

Através desta análise foi possível observar a homogeneidade e aspectos

tecnológicos favoráveis proporcionados pela obtenção de dispersões sólidas como

material de partida para preparação dos comprimidos.

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100

.

Figura 25. Aspecto superficial dos comprimidos contendo 20 mg de TC, a partir da mistura física

fármaco/polímero - MFAC1T (A), MFAC2T (B) e MFAC3T (C) e a partir das dispersões sólidas - SDAC1T (D), SDAC2T (E) e SDAC3T (F) obtidas por microscopia óptica.

A

B

C F

E

D

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.

Figura 26. Fotomicrografias da superfície interna dos comprimidos obtidos a partir da mistura física -

MFAC1T (A), MFAC2T (B) e MFAC3T (C) e obtidos a partir da dispersão sólida - SDAC1T (D), SDAC2T (E) e SDAC3T (F). As fotomicrografias foram obtidas através da Microscopia Eletrônica de Varredura.

Na análise morfológica da estrutura interna por MEV (Figura 26) foi possível

observar a presença de partículas na matriz dos comprimidos obtidos a partir das

dispersões sólidas, enquanto os comprimidos preparados com mistura física

apresentaram estrutura mais compacta após compressão. O comprimido contendo a

D A

E B

C F

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dispersão sólida do derivado AC3 com a TC, apresentou maior porosidade que o

comprimido obtido apenas pela mistura física. Esse comportamento se deve

provavelmente a diminuição do tamanho de partícula do derivado pelo método de

co-secagem.

Os comprimidos contendo dispersão sólida do derivado AC2 apresentou um

aspecto mais poroso que os comprimidos obtidos apenas da mistura física do

respectivo derivado com a TC (Figura 26).

Na Tabela 11 são mostrados os valores de dureza dos comprimidos

preparados com e sem o fármaco. Nos comprimidos sem TC, foi possível constatar

que aqueles preparados com os derivados AC2 e AC3 apresentaram resistência

física semelhante, apresentando valores menores do que o preconizado pela

Farmacopéia Brasileira (1988), 30 N. Já os comprimidos contendo o derivado AC4

apresentaram resistência maior (78,3 N) seguido do comprimido do derivado AC1

que apresentou dureza de 47 N.

O comportamento de resistência dos comprimidos se manteve semelhante

para os comprimidos contendo 20 mg de TC a partir de MF. Com exceção do

comprimido contendo o derivado AC3 que aumentou a dureza para 41,8 N.

A dureza dos comprimidos contendo a mistura física de 50 mg dos

derivados AC1, AC2 e AC4 com 20 mg de TC foram semelhantes à dureza dos

comprimidos preparados com 4 mg de fármaco. O comprimido MFAC3 apresentou

dureza maior do que os demais derivados (94,27 N).

Os comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados AC1, AC2 e AC3

com TC (SDAC1T, SDAC2T e SDAC3T) apresentaram dureza de 85,75, 129 e

108,25 N, respectivamente. A obtenção de dispersões sólidas além de ter

proporcionado comprimidos com melhores características morfológicas também

melhoraram as propriedades de compressão dos derivados N-acilados resultando

em comprimidos com maior resistência física.

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Tabela 11. Resistência física dos comprimidos contendo TC em diferentes concentrações. AC1 AC2 AC3 AC4

S/ TC (N) 47 20,6 23,8 78,3

MF/TC 4mg* (N) 49 23 41,8 60

MF/TC 20mg** (N) 47 25,3 94,27 65

SD/TC 20mg***(N) 85,75 129 108,25 -

*Comprimidos de mistura física contendo 4 mg de TC; **Comprimidos de mistura física contendo 20 mg de TC; ***Comprimidos de dispersão sólida contendo 20 mg de TC.

O Teor de fármaco (%) nos comprimidos contendo TC 20 mg foram

quantificados a partir da curva analítica da TC em etanol. Os comprimidos contendo

mistura física apresentaram teor de TC menor que os comprimidos contendo

dispersão sólida, com exceção dos comprimidos MFAC4T e MFAC3T que

apresentaram um teor de 96,35 e 94,27 %, respectivamente. Os comprimidos

MFAC1T e MFAC2T apresentaram um teor de 71,87 e 53,52 %, respectivamente.

Os comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados com TC

apresentaram um teor de fármaco mais alto que os encontrados nos comprimidos

contendo mistura física. Os comprimidos SDAC1T, SDAC2T e SDAC3T

apresentaram um teor de 74,08, 86,19 e 85,07 %, respectivamente (Tabela 12).

Tabela 12. Teor de fármaco dos comprimidos contendo 20 mg TC e preparados a partir da mistura física ou dispersão sólida do fármaco e polímeros. Lote AC1 AC2 AC3 AC4

MF (%) 71,87 53,52 94,27 96,35

SD (%) 74,08 86,19 85,07 -

Para verificar o comportamento de intumescimento e absorção d’água dos

comprimidos quando em contato com o meio HCl 0,1 M, os comprimidos foram

pesados antes e após diferentes períodos de tempo em contato com o solvente.

O comportamento físico (absorção de água) dos comprimidos obtidos da

mistura física e da dispersão sólida dos derivados com o fármaco quando em

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contato com o meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) está apresentado nas Figuras 27

e 28, respectivamente.

0 2 4 6 8 10 12 14 160,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

MFAC1T MFAC2T MFAC3T

abso

rção

(%

)

tempo (min)

Figura 27. Absorção de HCl 0,1 M dos comprimidos contendo mistura física dos derivados N-

acilados da O-CMQts (50 mg) e 20 mg de TC em determinado tempo.

Os comprimidos MFAC1T e MFAC2T desintegraram-se completamente em

menos de 3 minutos de ensaio, apresentando assim um comportamento semelhante

na desintegração dos comprimidos.

O comprimido preparado com o derivado AC3 levou um maior período de

tempo para desintegrar, aproximadamente 15 min para ocorrer total desintegração.

O derivado AC3, que apresenta maior grau de substituição, pode ser considerado

como derivado com caráter mais hidrofóbico, o que justifica o comportamento do

comprimido em contato com o meio hidrofílico.

O comportamento de absorção e desintegração dos comprimidos contendo

mistura física não se repetiu com os comprimidos obtidos da dispersão sólida dos

mesmos derivados. Neste último caso, o comprimido que demorou mais tempo para

desintegrar foi o comprimido contendo a dispersão sólida do derivado AC1 com a TC

(Figura 29). Este comprimido demorou aproximadamente 300 minutos para se

desintegrar completamente. Foi possível observar também, que o comprimido com o

passar do tempo apresentou um formato esférico com superfície lisa, como mostra a

Figura 30.

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0 50 100 150 200 250 3000

1

2

3

4

5

6

7

8

9

SDAC1T SDAC2T SDAC3T

abso

rção

(%

)

tempo (min)

Figura 28. Absorção de HCl 0,1 M em comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados

N-acilados da O-CMQts (50 mg) e 20 mg de TC em determinado tempo.

Figura 29. Aspecto físico do comprimido SDAC1T submetidos ao ensaio de absorção de água, antes

(A) e após 150 minutos de ensaio (B).

Lopes, Lobo e Costa (2005) descrevem que de um modo geral, quando as

estruturas matriciais entram em contacto com o meio de dissolução (ou fluído

biológico) podem manter a sua estrutura mais ou menos constante ao longo de todo

o processo de dissolução ou podem sofrer um fenômeno de intumescimento e,

posteriormente, de erosão.

Ao contrário do que aconteceu com o comprimido MFAC2T que se

desintegrou em 1 minuto, o comprimido SDAC2T prolongou o tempo de

desintegração para 45 minutos. Já o comprimido SDAC3T repetiu o comportamento

A B

Tempo Zero 150 minutos

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de desintegração do comprimido MFAC3T, os dois comprimidos se desintegraram

em aproximadamente 15 minutos.

Esse comportamento pode estar diretamente relacionado com a resistência

física dos comprimidos, já que os comprimidos contendo dispersão sólida

apresentaram maior resistência física e tempo de desintegração.

Assim os comprimidos contendo dispersão sólida independente dos derivados

que continham, aumentaram o tempo de desintegração, já que o tempo mínimo

neste caso foi igual ao tempo máximo dos comprimidos contendo mistura física

(aproximadamente 15 minutos).

Através deste ensaio foi observado que os comprimidos preparados com

derivados N-acilados não apresentam propriedade de intumescimento em meio

aquoso. Os comprimidos desintegraram em diferentes períodos de tempo, que está

relacionado com o grau de hidrofobia dos derivados. Porém, o processo de

nebulização para preparação das dispersões sólidas levou a obtenção de dispersões

sólidas que retardaram a desintegração dos comprimidos. Este comportamento pode

possuir relação com o aumento de área superficial proporcionado pelo menor

tamanho de partícula obtido e, consequentemente, maior superfície hidrofóbica em

contato com o meio dificultando a penetração do meio na matriz polimérica.

5.9.1.1 Perfil de liberação in vitro e cinética de liberação do fármaco

A liberação in vitro de fármacos presente em matrizes depende de vários

fatores, tais como, processo de produção dos comprimidos, tipo de excipiente,

solubilidade, proporção fármaco:polímero e o pH do meio de dissolução.

O perfil de liberação da TC nos comprimidos contendo os derivados foi

realizado através do método in vitro de dissolução em meio gástrico simulado (ácido

clorídrico 0,1 M), foram retiradas alíquotas do meio em tempos estabelecidos,

conforme o Item 4.8.6. A partir da equação de reta obtida, foi calculada a

porcentagem de TC liberada em um determinado tempo. O ensaio foi realizado em

triplicata.

Foi analisado o perfil de liberação dos comprimidos contendo 20 mg de TC

e 50 mg de derivados na forma salina (MFAC1T, MFAC2T, MFAC3T, MFAC4T,

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SDAC1T, SDAC2T e SDAC3T) e derivados na forma ácida (MFAC1T e MFAC4T).

Também foram analisados o perfil de liberação dos comprimidos contendo apenas 4

mg de TC e 66 mg de derivados na forma salina misturados físicamente (AC1T,

AC2T, AC3T e AC4T).

A Figura 30 e a Tabela 13 demonstram o perfil de liberação in vitro do

fármaco modelo (TC) em comprimidos contendo 20 mg de fármaco e 50 mg de

derivados na forma salina.

Através dos resultados apresentados na Figura 30, foi possível observar o

aumento significativo da solubilidade do fármaco em comprimidos contendo

derivados N-acilados. Os comprimidos contendo a mistura física do fármaco com os

derivados apresentaram dissolução de mais de 60 % da TC o que não foi observado

para o fármaco livre, em 240 minutos liberou apenas 40 % de TC.

O AC3 e AC2 são os derivados que mais aumentam a solubilidade do

fármaco. Liberam em 240 minutos mais de 80 % do fármaco seguido do derivado

AC1 que liberou em 240 minutos aproximadamente 73 % do fármaco.

Os resultados demonstram que a introdução de substituintes hidrofóbicos

fez os derivados sintetizados aumentarem a solubilidade do fármaco (TC). A

presença do polímero hidrofóbico não modificou a liberação do fármaco, porém

aumentou significamente a solubilidade do fármaco no meio, essa propriedade está

diretamente relacionada com o caráter anfifílico do polímero.

O mesmo comportamento foi descrito recentemente por Rosa (2008) que

sintetizou um derivado da O-CMQts anfifílico através de uma reação com

benzaldeído. O derivado sintetizado também aumenta a solubilidade do fármaco

(TC) quando comparado com a solubilidade do mesmo em meio aquoso.

Os comprimidos contendo mistura física (fármaco:derivados) liberaram mais

de 55 % de TC nos primeiros 15 minutos de ensaio, com exceção dos comprimidos

contendo derivado AC4 que liberou 31 %, como pode ser observado na Tabela 13.

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0 50 100 150 200 2500

15

30

45

60

75

90

MFAC1T MFAC2T MFAC3T MFAC4T TC

TC

(%

)

tempo (min)

Figura 31. Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados

N-acilados da O-CMQts na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

Tabela 13. Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo mistura física de 20 mg de TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma salina.

Proporção (%) Lotes

Q15min Q30min Q240min

MFAC1T 73,61 76,57 73,78

MFAC2T 68,39 72,42 81,19

MFAC3T 55,70 68,04 83,19

MFAC4T 30,64 56,48 65,79

TC 17,87 24,63 46,71

O comprimido MFAC4T apresenta liberação de TC semelhante ao do

fármaco livre Os dois comprimidos liberaram aproximadamente 15 % de TC em 15

minutos de ensaio. Sendo que 50 % de TC foi liberada pelo comprimido MFAC4T em

30 minutos diferente da TC livre que em 240 minutos não liberou 50 % do fármaco.

Já o comprimido MFAC3T liberou inicialmente aproximadamente 29 % de TC e em

240 minutos liberou 83,19 %.

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A TC foi liberada rapidamente pelos comprimidos MFAC1T e MFAC2T. Os

comprimidos apresentaram um perfil semelhante, ambos liberaram mais de 68 % de

TC em 15 minuto de ensaio.

Também foi analisado o perfil de liberação dos comprimidos contendo 50

mg de derivado na forma ácida misturados físicamente com a TC. Foram testados os

derivados AC1 e AC4.

A Figura 31 e a Tabela 14 apresentam a comparação entre o perfil de

liberação da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados N-acilados

na forma salina com o perfil de liberação dos comprimidos contendo 50 mg de

derivados N-acilados na forma ácida.

0 50 100 150 200 2500

10

20

30

40

50

60

70

80

90

AC1 ácido AC1 salino AC4 ácido AC4 salino TC

TC

(%

)

tempo (min)

Figura 31. Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados

N-acilados da O-CMQts na forma ácida e ou na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

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Tabela 14. Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo mistura física de 20 mg TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma ácida e ou salina.

Proporção (%) Lotes

Q15min Q30min Q240min

MFAC1T ácido 74,56 76,8 82,07

MFAC1T salina 73,61 76,57 73,78

MFAC4T ácido 5,58 8,23 74,46

MFAC4T salina 30,64 56,48 65,79

TC 17,87 24,63 46,71

Para o derivado AC1, a preparação dos comprimidos a partir do derivado na

forma salina ou ácida não levou a alteração significativa do perfil de liberação do

fármaco. Ambos os comprimidos apresentaram perfil de liberação rápida, sendo

cerca de 70 % do fármaco liberado em até 15 minutos de análise.

Independente do caráter que se encontra o derivado (salina ou ácida) no

comprimido MFAC4T, o comprimido modificou a liberação do fármaco quando

comparado com o perfil do derivado AC1 na forma ácida e salina. A liberação de

aproximadamente 50 % do fármaco aconteceu após 120 minutos nos comprimidos

contendo o derivado na forma ácida, e nos comprimidos contendo a forma salina a

liberação foi mais rápida, liberou 50 % em aproximadamente 30 minutos.

Assim os comprimidos MFAC1T ácido, MFAC1T salina e MFAC4T salina

promoveram a liberação rápida do fármaco, pois liberaram mais de 30 % de TC em

15 minuto de ensaio, e os comprimidos MFAC4T na forma ácida modificou a

liberação do fármaco quando comparado com a liberação da TC livre.

A Figura 32 apresenta o perfil de liberação dos comprimidos que contém

dispersão sólida (derivado/TC). O comportamento de liberação foi dependente do

GS do polímero, ou seja, da proporção hidrofóbica da cadeia polimérica. Polímeros

com menor GS resultaram em sistemas terapêuticos com liberação modificada do

fármaco, e os comprimidos contendo polímeros com maior GS apresentaram

comportamento de liberação rápida.

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111

0 50 100 150 200 2500

20

40

60

80

100

120

SDAC1T SDAC2T SDAC3T TC

TC

(%

)

tempo (min)

Figura 32. Perfil de Liberação in vitro da TC (20 mg) em comprimidos contendo 50 mg de derivados

N-acilados da O-CMQts na forma salina co-secados por nebulização em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

Tabela 15. Proporção de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo dispersão sólida (20 mg de TC e 50 mg de derivados O-CMQts-N-Lauril na forma salina).

Proporção (%) Lotes

Q15min Q30min Q240min

SDAC1T 6,94 16,53 93,65

SDAC2T 9,87 22,28 87,93

SDAC3T 94,87 89,99 89,3

TC 17,87 24,63 46,71

Os comprimidos SDAC1T e SDAC2T apresentaram um perfil de liberação

diferente do perfil de liberação desenvolvido pelos comprimidos contendo os

mesmos derivados misturados físicamente com a TC. Foi verificada uma redução

significativa da quantidade de TC liberada nos comprimidos preparados a partir das

dispersões sólidas. Este comportamento provavelmente está relacionado com a

incorporação do fármaco na obtenção das partículas por nebulização, levando a

obtenção de comprimidos contendo sistemas micropartículados, que no meio de

dissolução promoveram uma liberação modificada devido às propriedades de

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112

intumescimento e difusão da parte hidrofílica da cadeia polimérica. Estes

comprimidos liberaram entre 16 e 20% do fármaco em 30 min e, praticamente, todo

fármaco foi liberado em 240 minutos de análise (Tabela 15).

O comprimido SDAC3T apresentou perfil de liberação imediata quando

comparado com o perfil do fármaco livre ou com os comprimidos contendo os

demais derivados como excipiente. Foi verificada a liberação de 94,87 % do fármaco

nos primeiros 15 minutos de ensaio. Este perfil de liberação obtido com o

comprimido contendo dispersão sólida foi semelhante ao observado com os

comprimidos obtidos a partir da mistura física (polímero/TC).

A diferença do perfil de liberação do comprimido SDAC3T em relação aos

demais comprimidos contendo dispersão sólida está provavelmente relacionada com

o GS do derivado, já que o derivado AC3 apresenta o maior GS (aproximadamente

50 %). Seu caráter mais hidrofóbico pode ter dificultado sua dispersão em água e

consequentemente não permitindo a formação de micropartículas contendo o

fármaco incorporado durante o processo de nebulização.

Conforme observado nas análises morfológicas, a dispersão sólida do

derivado AC3 apresentou partículas com morfologia irregular, podendo ser indicativo

da presença da simples mistura física do polímero com o fármaco. Os comprimidos

contendo este produto quando colocados no meio de liberação, desintegram-se

rapidamente levando a liberação imediata do fármaco.

Através da Tabela 15 foi possível confirmar que os comprimidos contendo

dispersão sólida de derivados com baixo GS modificaram mais a liberação da TC

que os comprimidos contendo a mistura física (derivado/TC) que apresentaram perfil

de liberação mais rápida.

Além disso, assim como os comprimidos contendo mistura física, foi

possível observar na Figura 32, o aumento significativo da solubilidade do fármaco

em comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados N-acilados. Os

comprimidos contendo dispersão sólida (TC/derivados) liberam mais de 85 % da TC

o que não acontece quando a TC é liberada livre, pois em 240 minutos foi liberado

apenas 46 % de TC.

Também foi analisado o perfil liberação da TC em comprimidos contendo 66

mg de derivados N-acilados na forma salina como excipiente e 4 mg de TC

misturados físicamente. O ensaio com comprimidos nessa concentração foi

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113

realizado para observar a liberação do fármaco em comprimidos contendo derivados

N-acilados em maior concentração (Figura 33).

Com exceção do comprimido AC3T, os demais comprimidos contendo

derivados N-acilados apresentaram um perfil de liberação semelhante.

0 50 100 150 200 250 3000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

AC1T AC2T AC3T AC4T TC

TC

(%

)

tempo (min)

Figura 33. Perfil de Liberação in vitro da TC (4 mg) em comprimidos contendo 66 mg de derivados N-

acilados da O-CMQts na forma salina misturados físicamente em meio gástrico simulado (HCl 0,1 M) sem reposição do meio.

Tabela 16. Porcentagem de TC liberada em diferentes tempos durante o ensaio de liberação in vitro dos comprimidos contendo 4 mg de fármaco e 66 mg de derivados (O-CMQts-N-Lauril) na forma salina

Proporção (%) Lotes

Q15min Q30min Q300min

AC1T 65,21 89,34 91,83

AC2T 66,83 78,91 81,50

AC3T 16,91 16,99 31,37

AC4T 29,43 59,35 91,69

TC 64,03 80,04 89,55

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114

O comprimido AC3T apresentou perfil de liberação modificada, liberando

16,91 % de TC em 15 minutos e apenas 31,37 % do fármaco em 300 minutos de

ensaio, diferente dos demais comprimidos que liberaram mais de 80 % do fármaco

no mesmo período de tempo. Esse comportamento provavelmente está relacionado

com o GS do derivado e a proporção fármaco:polímero na matriz.

O derivado AC3 possui o maior GS (aproximadamente 50 %), sendo assim

o derivado que apresenta o caráter mais hidrofóbico dos derivados N-acilados

sintetizados. Outra possibilidade que pode estar diretamente relacionada é a não

desintegração do comprimido AC3T em mais de 400 minutos de ensaio.

Esse comportamento difere do comportamento observado no comprimido

MFAC3T, que se desintegrou rapidamente e liberou 83,19 % de TC em 240 min. O

comprimido MFAC3T possui maior concentração de fármaco na matriz, e assim,

apresenta maior quantidade de fármaco o que pode auxiliar na desintegração do

mesmo.

Os comprimidos contendo os outros derivados N-acilados (AC1, AC2 e

AC4) não modificaram significativamente a liberação do fármaco. Em 30 minutos de

análise liberaram mais que 50 % do fármaco (Tabela 16).

O comprimido AC2T liberou em 15 minutos de ensaio 66,83 % de TC. Esse

perfil de liberação provavelmente está relacionado ao baixo GS, pois o derivado

apresenta proporção hidrofílica maior do que hidrofóbica na cadeia polimérica. O

derivado AC4 apresentou um perfil semelhante ao do derivado AC2, porém liberou o

fármaco mais lentamente, em 15 minutos liberou apenas 29,43 % de TC, liberando

59,35 % em 30 minutos do ensaio.

De maneira geral, independente do perfil de liberação, da concentração de

TC, do GS do derivado e do processo de pré-compressão (mistura física e co-

secagem), todos os comprimidos contendo derivados O-CMQts-N-Lauril

aumentaram consideravelmente a solubilidade do fármaco modelo (TC) no meio de

dissolução gástrico simulado.

Os resultados dos perfis de liberação foram avaliados por modelos método

dependentes e independentes. O cálculo do fator de diferença (f1) e a eficiência de

dissolução (ED) foram utilizados como modelos método independente de análise.

Como parâmetros método dependentes foram avaliados a ordem/modelo de cinética

de dissolução.

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115

Existem vários modelos dependentes para representar os perfis de

liberação dos fármacos, que incluem cinética de ordem zero, cinética de 1a ordem,

modelo de Higuchi, de Hixon Crowell, de Korsmeyer-Peppas, de Baker-Lonsdale,

entre outros (COSTA, 2002).

Na escolha do modelo matemático adequado para estudar o fenômeno de

dissolução/liberação de fármaco, o parâmetro empregado para análise é o

coeficiente de correlação (r2), sendo que os modelos em que o coeficiente de

correlação corresponde a r2 < 0,99, o ajuste é considerado deficiente (MANADAS;

PINA; VEIGA, 2002).

Baseado nisso, os Quadros 02, 03 e 04 apresentam os coeficientes de

correlação para os diferentes modelos matemáticos aplicados no estudo da cinética

de liberação da TC nos comprimidos contendo derivados com diferentes processos

de pré-compressão: Mistura física e Spray-dryed.

Os comprimidos obtidos apenas da mistura física dos derivados (AC1, AC2,

AC3 e AC4) na forma salina (50 mg) com 20 mg de TC apresentaram perfil de

liberação modificado, o que possibilitou a aplicação dos modelos matemáticos

(Quadro 02). Os perfis de liberação da TC nos comprimidos MF contendo derivados

na forma salina apresentaram maior ajuste ao modelo de Korsmeyer-Peppas, pois

os coeficientes de correlação (r2) foram os mais próximos de 1.

Quadro 02. Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos contendo mistura física dos derivados na forma salina (50 mg) com 20 mg de TC, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

Coeficiente de Correlação (r2)

Modelos Matemáticos MFAC1T MFAC2T MFAC3T MFAC4T

Korsmeyer-Peppas 0,6759

(n= 0,027)

0,9582

(n= 0,059)

0,9666

(n= 0,18)

0,9090

(n= 0,28)

Baker- Lonsdale NA* NA* 0,7393 0,8639

Hixon Crowell NA* NA* NA* 0,4296

Higuchi NA* NA* NA* 0,7461

Cinética de Ordem Zero 0,3423 0,8091 0,7735 0,7308

Cinética 1ª Ordem NA* NA* 0,4880 0,6295

*NA - não segue o modelo matemático.

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116

O modelo de Korsmeyer-Peppas baseia-se na equação semi-empírica, esta

equação é utilizada para analisar a liberação de formas farmacêuticas poliméricas,

quando o mecanismo de liberação não é conhecido ou quando possam estar

envolvidos mais de um tipo de mecanismo de liberação aparententemente

independentes. Sendo um devido ao transporte do fármaco (transporte fickiniano) e

outro relacionado aos fenômenos de intumescimento e relaxamento das cadeias

poliméricas (MANADAS; PINA; VEIGA, 2002; LOPES; SOUZA; COSTA, 2005).

Para modelos derivados da equação Korsmeyer-Peppas é o valor de n que

caracteriza o mecanismo de liberação do fármaco, dependendo da forma geométrica

da partícula (LOPES; SOUZA; COSTA, 2005).

Dependendo do valor de n (expoente de liberação) de melhor ajuste ao

perfil de difusão/liberação de um fármaco em sistema matricial, é possível

estabelecer, segundo o tipo de comportamento observado, uma classificação em

modelo fickiniano (caso 1), e modelos não fickinianos (caso anômalo, caso II e

super-caso II) (LOPES; SOUZA; COSTA, 2005).

Segundo os valores do expoente de liberação (n) o mecanismo de

transporte da TC pelos comprimidos contendo derivados (O-CMQts-N-Lauril) na

forma salina pode ser caracterizado por difusão clássica (difusão fickiniana), que

consiste de uma elevada velocidade de difusão do solvente para o interior da matriz

e uma baixa velocidade de relaxamento polimérica, que induz a formação de um

gradiente de penetração de solvente.

Os comprimidos MF contendo 20 mg de derivados na forma ácida

apresentaram coeficientes de correlação mais próximo do 1 em modelos

matemáticos diferentes, porém com valores de r2 menor do que 0,99. O perfil de

liberação dos comprimidos de AC4 seguiram o modelo de Hixon Crowell e os

comprimidos contendo derivados AC1 seguiram o mesmo modelo matemático e o

mesmo mecanismo de liberação dos comprimidos contendo derivados na forma

salina, pois apresentaram r2 mais próximo do 1 no modelo matemático de

Korsmeyer-Peppas com expoente de liberação de 0,097 (difusão clássica).

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Quadro 03. Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos obtidos a partir dos derivados AC4 e AC1 na forma ácida preparados após MF, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

Coeficiente de correlação (r2)

Modelos Matemáticos MFAC4T MFAC1T

Korsmeyer-Peppas 0,9585

(n= 0,85)

0,8863

(n= 0,097)

Baker- Lonsdale 0,8796 NA*

Hixon Crowell 0,9682 NA*

Higuchi 0,9041 NA*

Cinética de Ordem Zero 0,9545 0,5970

Cinética 1ª Ordem 0,9627 NA*

*NA - não segue o modelo matemático.

A equação matemática do modelo de Hixon-Crowell aplica-se a formas

farmacêuticas como os comprimidos, onde a dissolução ocorre em planos que são

paralelos a superfície da forma farmacêutica, e esta superfície diminui

proporcionalmente com o passar do tempo, de tal maneira que a forma geométrica

se mantém basicamente constante durante todo o tempo, este modelo descreve o

mecanismo de liberação dos fármacos como um processo de difusão baseado na lei

de Fick, estando dependente da raiz quadrada do tempo (AGNES; GONZÁLVEZ,

2003; LOPES; SOUSA; COSTA, 2005).

No entanto os comprimidos contendo dispersão sólida dos derivados com

TC apresentaram coeficientes de correlação mais próximos do 1 em modelos

matemáticos diferentes (Quadro 04).

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Quadro 04. Valores de coeficiente de correlação obtidos pela análise do perfil de liberação dos comprimidos contendo dispersão solida dos derivados, através da aplicação de diferentes modelos matemáticos. E valores de n obtidos com aplicação dos dados do perfil do fármaco nos comprimidos no modelo matemático de Korsmeyer-Peppas.

Coeficiente de Correlação (r2) Modelos Matemáticos

SDAC1T SDAC2T SDAC3T

Korsmeyer-Peppas 0,9988

(n= 1,05)

0,9976

(n= 0,97)

0,9762

(n= 0,56)

Baker- Lonsdale 0,8708 0,8828 0,9411

Hixon Crowell 0,9808 0,9881 0,9985

Higuchi 0,9038 0,9133 0,9721

Cinética de Ordem Zero 0,9991 0,9974 0,9377

Cinética 1ª Ordem 0,9674 0,9773 0,9956

Os comprimidos SDAC3T seguiram o modelo de Hixon Crowel. Já os

comprimidos SDAC2T apresentaram r2 mais próximo do 1 no modelo matemático de

Korsmeyer-Peppas. O modelo cinética de ordem zero foi o modelo mais adequado

para descrever o perfil de liberação dos comprimidos SDAC1T.

Os comprimidos contendo dispersão sólida do derivado AC2 com TC

seguiram o mesmo modelo matemático que os comprimidos contendo a mistura

física do mesmo derivado, o modelo de Korsmeyer-Peppas. Porém, segundo o valor

do expoente de liberação (n) o mecanismo de liberação da TC pode ser

caracterizado por transporte anômalo, neste caso a velocidade de difusão do

solvente e do relaxamento do polímero são da mesma magnitude.

O modelo da cinética de ordem zero apresenta uma dissolução de fármacos

contidos em formas farmacêuticas não desagregáveis e que liberam o fármaco muito

lentamente. As formas farmacêuticas que apresentam esse perfil de liberação são

próprias de sistemas idéias de liberação prolongada, sendo o mecanismo de

liberação por difusão (COSTA, 2002; AGNES; GONZÁLVEZ, 2003).

Lopes e colaboradores (2005) levam em consideração diversos critérios

para classificar os sistemas matriciais. Como: estrutura da matriz, a cinética de

liberação, os mecanismos para controlar a liberação (erosão, difusão,

intumescimento), a natureza química e as propriedades dos materiais utilizados. E

indicam a cinética de ordem zero como a cinética ideal de liberação. A erosão, a

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difusão e o intumescimento das matrizes são os vários mecanismos pelos quais os

sistemas matriciais podem controlar a liberação das substâncias ativas, onde a

predominância de um destes mecanismos depende invariavelmente das

propriedades do polímero empregado no sistema.

Na Tabela 17 estão descritos os valores do fator de diferença (f1) dos

comprimidos. Comprimidos obtidos da mistura física dos derivados na forma ácida

e/ou salina (50 mg) com 20 mg do fármaco (TC), comprimidos obtidos da co-

secagem por spray-dryed do fármaco (TC) com os derivados na forma salina e os

comprimidos do MF na forma salina quando comparados com os comprimidos SD.

Tabela 17. Fatores de diferença (f1) dos comprimidos contendo 50 mg do derivado na forma ácida e/ou salina e 20 mg TC misturados fisicamente e/ou obtidos através da co-secagem por nebulização.

Comprimidos Fator de diferença (f1)

MFAC1Tsalina X MFAC1Tácido 9,45

MFAC4Tsalina X MFAC4Tácida 77,19

MFAC3T X MFAC1T 13,19

MFAC3T X MFAC2T 16,07

MFAC1T X MFAC2T 7,69

SDAC3T X SDAC2T 46,42

SDAC3T X SDAC1T 51,95

SDAC2T X SDAC1T 11,11

SDAC3T X MFAC3T 21,42

SDAC2T X MFAC2T 90,70

SDAC1T X MFAC1T 105,83

De acordo com os resultados obtidos na comparação do perfil de liberação

dos diferentes lotes, os perfis de liberação são diferentes entre si (Figura 18), com

exceção do MFAC1T x MFAC2T, MFAC1Tsalina x MFAC1Tácida, SDAC2T x

SDAC1T e MFAC3T x MFAC1T. O MFAC3T é o que mais se afasta do MFAC1T

embora ainda sejam considerados como comprimidos que não são diferentes.

Quando comparamos os métodos de pré-compressão, os valores de f1 ficam

ainda mais distantes do limite de similaridade (Tabela 17).

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A Eficiência de dissolução (ED) dos comprimidos foi analisada em 180

minutos. Foram analisados tanto os comprimidos contendo mistura física dos

derivados na forma salina (MFAC1T, MFAC2T, MFAC3T e MFAC4T) e ácida

(MFAC1T e MFAC4T) quanto os comprimidos com dispersão sólida, como:

SDAC1T, SDAC2T, SDAC3T e SDAC4T.

Através do valor de ED foi possível verificar que o comprimido MFAC1T

contendo o derivado na forma salina (77,87 %) se parece com o comprimido

MFAC1T contendo derivado na forma ácida (77,87 %). Diferente dos comprimidos

MFAC4T na forma ácida e salina que apresentam valores distantes, o comprimido

MFAC4T contendo derivado na forma ácida aprensenta ED de 40,59 % contra ED de

68,07 % do comprimidos MFAC4T contendo derivado na forma salina.

Os comprimidos contendo derivados na forma salina MFAC2T e MFAC3T

também apresentam valores próximos, o comprimido MFAC2T na forma salina

apresenta ED de 74,37 % contra 75,74 % do comprimido MFAC3T na forma salina

em 180 minutos.

Já os comprimidos SDAC2T e SDAC3T apresentam os valores próximos

(61,92 e 88,80, respectivamente). O comprimido que mais se difere dos demais foi o

SDAC1T que apresentou ED de 119,66 % em 180 minutos.

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CONCLUSÕES

Os quatro lotes de derivados O-CMQts sintetizados na forma salina através

do método direto e inverso apresentaram um rendimento superior a 90 % e serviram

de material de partida para a síntese dos derivados N-acilados.

O GC dos derivados variou de 11,87 a 22,51%. Sendo o menor GC do

derivado AC4 sintetizado através do método inverso.

O método para determinação do GS desenvolvido no presente trabalho com

diferentes polímeros comprovou a eficiência (acima de 95 %). O derivado AC3 (1:5)

apresentou o maior GS (aproximadamente 50 %) e o AC2 (1:0,5) o menor GS

(aproximadamente 9 %).

Na síntese dos derivados N-acilados houve uma relação direta entre a

proporção molar de cloreto de lauroíla e o GS quando utilizado o método direto.

Todos os derivados N-acilados sintetizados possuem propriedades de fluxo

aceitáveis para uso farmacêutico. Quando confrontados os resultados dos derivados

N-acilados obtidos com os descritos da Qts e da O-CMQts, apresentaram uma

melhora significativa.

O estudo interação polímero/fármaco comprovou que existe uma

incorporação do fármaco pelo polímero, e que está relacionada com a concentração

do fármaco na dispersão e o GS. A presença do grupo hidrofóbico favorece a

incorporação do fármaco no polímero.

As dispersões sólidas fármaco/polímero apresentaram tamanho médio de

partícula menor dos que os derivados de partida (> que 50 µm) assim como

melhoraram o aspecto morfológico de todos os derivados.

Os comprimidos contendo 20 mg TC apresentaram resistência física

superior aos comprimidos sem o fármaco e de modo geral os comprimidos

preparados com derivados com maior GS apresentaram maior dureza.

A principal característica dos comprimidos preparados com os polímeros foi

o aumento da solubilidade do fármaco. O perfil de liberação da TC foi dependente do

GS e do método de incorporação do fármaco na matriz.

Os comprimidos obtidos da mistura física fármaco (20 mg)/polímero (50 mg)

na forma salina e ácida apresentaram perfil de liberação que segue o mesmo

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modelo matemático, todos os comprimidos seguiram o modelo de Korsmeyer-

Peppas com o mesmo mecanismo de liberação do fármaco (n < 0,5) que consiste na

difusão Fickiniana (difusão clássica). Com exceção do comprimidos MFAC4T que

contém 50 mg de derivado na forma ácida que apresentou perfil de liberação

ajustável ao modelo de Hixon Crowell.

No entanto os comprimidos contendo dispersão sólida (SDAC1T, SDAC2T e

SDAC3T) apresentaram perfil de liberação ajustáveis para diferentes modelos

matemáticos. O comprimido SDAC1T apresentou perfil de liberação que segue o

modelo de cinética de ordem zero. Já o comprimido SDAC2T apresentou perfil de

liberação ajustável ao modelo de Korsmeyer-Peppas com n= 0,97 (transporte

anômalo). O modelo de Hixon Crowell parece ser o modelo mais adequado para

representar o perfil de liberação da TC nos comprimidos SDAC3T.

A eficiência de dissolução em concordância com os resultados obtidos na

análise de fator de diferença dos perfis de liberação, o comprimido MFAC1T

contendo derivado na forma salina apresenta perfil semelhante ao MFAC1T

contendo derivado na forma ácida (77,87 %). No caso dos comprimidos contendo

dispersão sólida os comprimidos SDAC2T e SDAC3T apresentam valores de

eficiência de dissolução semelhantes (61,92 e 88,80, respectivamente).

A partir dos resultados mostrados neste trabalho podemos concluir que os

derivados apresentam características que permitem a sua utilização na preparação

de comprimidos para a liberação de medicamentos. Estas características estão

relacionadas com o GS e a forma de incorporação do fármaco no derivado.

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REFERÊNCIAS

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