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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE CANDEIAS-BA MARIA DALVA GONÇALVES, brasileira, solteira, agente administrativo, residente e domiciliada à Fazenda Boa Esperança, 65, Urbis II, Candeias BA, inscrita no CPF sob o n. 424.101.345-72, portadora do RG n. 03.042.538-71, filha de Elizabeth Gonçalves, vem perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado infrafirmado, conforme instrumento de mandato anexo, com endereço na Avenida Tancredo Neves, nº620, Ed. Mundo Plaza, Salas 1114/1115, Caminho das Árvores, Salvador - BA, CEP 41820-020, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face do MUNICÍPIO DE CANDEIAS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o n. 13.830.336/0001- 23, por seu representante legal, com endereço para 1

Maria Dalva Goncalves

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Page 1: Maria Dalva Goncalves

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO

TRABALHO DE CANDEIAS-BA

MARIA DALVA GONÇALVES, brasileira, solteira, agente

administrativo, residente e domiciliada à Fazenda Boa Esperança, 65,

Urbis II, Candeias BA, inscrita no CPF sob o n. 424.101.345-72,

portadora do RG n. 03.042.538-71, filha de Elizabeth Gonçalves, vem

perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado infrafirmado,

conforme instrumento de mandato anexo, com endereço na Avenida

Tancredo Neves, nº620, Ed. Mundo Plaza, Salas 1114/1115, Caminho

das Árvores, Salvador - BA, CEP 41820-020, propor

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face do MUNICÍPIO DE CANDEIAS, pessoa jurídica de direito

público, inscrita no CNPJ sob o n. 13.830.336/0001-23, por seu

representante legal, com endereço para intimações no Paço

Municipal Conselheiro Luiz Viana, s/n., Ouro Negro, Candeias-BA, em

razão dos seguintes fatos e fundamentos:

DA JUSTIÇA GRATUITA

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Inicialmente, requer os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da

Lei n. 1.060/50, por ser pobre na forma da lei, não podendo arcar com

as custas processuais sem prejuízo da própria subsistência e de sua

família.

DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO PARA

PROCESSAR E JULGAR O PRESENTE FEITO

Conforme a pacífica e reiterada jurisprudência do Tribunal Regional

do Trabalho da 5ª Região, tendo a Reclamante celebrado contrato

de trabalho com o Município-Reclamado antes da Constituição de

1988, e não tendo jamais se submetido a qualquer concurso público,

celetista é o vinculo jurídico decorrente desta relação:

“VÍNCULO CELETISTA ANTERIOR À

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO E

VALIDADE DO VÍNCULO. Incontroverso nos autos

que a Autora firmou com o Município vínculo

celetista anterior a 05 de outubro de 1988

(vigência da CF/88) e que em nenhum momento se

submeteu a concurso público, fica atestada a

competência desta especializada para processar e

julgar os pleitos exordiais (art. 114 da CF/88), ao

tempo em que se torna insubsistente qualquer alegação

de nulidade contratual, notadamente quando a Lei

Municipal que institui o Regime Jurídico do Município

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preveja expressamente a existência de quadro

suplementar temporário celetista para estas hipóteses.”

(TRT5, 4ª. TURMA, RECURSO ORDINÁRIO Nº

0073600-66.2009.5.05.0651RecOrd, Rel. Des.

VALTÉRCIO DE OLIVEIRA, julgado em 02/12/2010)

Grifou-se.

Face ao exposto, evidenciada esta a competência desta Justiça

Especializada para processa r julgar a presente reclamação

trabalhista.

DO CONTRATO CELEBRADO ANTES DA CONSTITUIÇÃO DE

1988. VALIDADE RECONHECIDA. PRECEDENTES DO TRT DA

5ª REGIÃO.

Uma vez que a celebração do contrato de trabalho da Reclamante

deu-se antes da Constituição de 1988, ainda sob o regime celetista,

sem que houvesse a sua aprovação posterior em concurso público, a

validade de seu contrato é reconhecida pelo Tribunal Regional do

Trabalho da 5ª Região:

“CONTRATO DE TRABALHO. NULIDADE.

ADMISSÃO ANTERIOR À PROMULGAÇÃO DA

CF/1988. Somente com a promulgação da

Constituição Federal de 1988, estabeleceu-se a

exigência de concurso público para a investidura

em cargo ou emprego público. Destarte, não se

reconhece qualquer nulidade do contrato de

emprego de servidor admitido antes da atual Carta

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sem a prévia aprovação em certame público”

(TRT5, Processo 0030400-69.2009.5.05.0631 RecOrd,

ac. nº 030646/2010, Relatora Desembargadora

MARIZETE MENEZES, 3ª. TURMA, DJ 11/10/2010.)

“SERVIDOR PÚBLICO CONTRATADO SEM

CONCURSO ANTES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DE 1988 - REGIME JURÍDICO - IMPOSSIBILIDADE

DE CONVERSÃO - Comprovado que o servidor foi

contratado em 1985, quando não havia exigência

de prévia aprovação em concurso para

preenchimento de empregos públicos, é válido seu

contrato de trabalho. Assim, reconhecida a

condição de celetista do empregado e não tendo o

reclamado comprovado o recolhimento do FGTS,

correta a decisão que determina seu recolhimento

na conta vinculada do empregado.” (TRT5, Processo

0000883-58.2010.5.05.0251 RecOrd, ac. nº

045943/2011, Relatora Desembargadora NÉLIA NEVES,

4ª. TURMA, DJ 01/02/2011.) Grifou-se.

De igual sorte, o mesmo TRT5 tem decidido que o servidor admitido

regularmente sem concurso público antes da promulgação da CF/88

não pode sofrer alteração de regime celetista para estatutário:

“PRESCRIÇÃO BIENAL. ENTE PÚBLICO. VÍNCULO

CELETISTA INICIADO ANTES DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL DE 1988. PUBLICAÇÃO POSTERIOR DE

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LEI MUNICIPAL INSTITUINDO O REGIME

JURÍDICO ESTATUTÁRIO. AUSÊNCIA DE

SUBMISSÃO DO SERVIOR A CONCURSO PÚBLICO.

IMPOSSIBILIDADE DE TRANSMUDAÇÃO DO

REGIME. MANUTENÇÃO DO VÍNCULO SOB A

ÉGIDA DA CLT. NÃO-CONFIGURAÇÃO DA PRESCRIÇ

ÃO. A publicação de lei local instituindo regime

jurídico estatutário para os servidores do ente

público municipal não tem o condão de transmudar

a natureza do vínculo celetista que existia entre as

partes, ainda que iniciado antes da Constituição

Federal de 1988, isso se não houve prévia

submissão e aprovação do servidor em concurso

público, como o exige o §1º do art. 19 do ADCT,

razão pela qual, cogitando-se de contrato único,

não há que se falar em prescrição bienal, haja vista

que, da data da extinção do vínculo até o momento

da propositura da ação não havia decorrido mais de

dois anos.” (TRT5, Processo 0000577-

29.2010.5.05.0271 RecOrd, ac. nº 046116/2011,

Relatora Desembargadora DÉBORA MACHADO, 2ª.

TURMA, DJ 04/02/2011.)

“SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL - MUDANÇA DE

REGIME - IMPOSSIBILIDADE - O servidor público

admitido regularmente sem concurso público antes

do advento da Constituição Federal de 1988, não

pode sofrer alteração de regime celetista para

estatutário, em razão de não deter a qualidade de

servidor efetivo.” (TRT5, Processo 0000250-

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Page 6: Maria Dalva Goncalves

75.2010.5.05.0371 RecOrd, ac. nº 041670/2010, Relator

Desembargador LUIZ TADEU LEITE VIEIRA, 1ª.

TURMA, DJ 10/12/2010.) Grifou-se.

Assim, cristalina está a plena validade do contrato de trabalho

celebrado entre as partes.

DA ADMISSÃO, DESPEDIDA E FUNÇÃO

A Reclamante foi admitida em 15 de Julho de 1985 conforme

assinatura na sua CTPS, exercendo a função de agente

administrativo até a presente data, com remuneração no montante

equivalente ao piso nacional da categoria.

.

DO FGTS

O Reclamado não realizou devidamente os depósitos do FGTS durante

todo o vinculo empregatício, devendo a Reclamante ser indenizada

pela omissão do Réu.

Ademais, não seria possível à Reclamante produzir prova negativa do

não recolhimento do FGTS no período do vínculo, razão pela qual o

entendimento pacífico e reiterado do Tribunal Superior do

Trabalho é que compete ao empregador o ônus de provar que

realizou os depósitos fundiários devidos. Neste sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

REVISTA. FGTS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA

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Page 7: Maria Dalva Goncalves

PROVA. O atual entendimento desta Corte é no

sentido de que incumbe ao empregador a prova da

inexistência de diferenças a título de recolhimento

de FGTS, já que é da empresa a obrigação legal de

efetuar tais depósitos na conta vinculada do

empregado. Precedentes. Agravo de instrumento

conhecido e não provido. (TST - AIRR:

7834720115050032 783-47.2011.5.05.0032, Relator:

Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 21/08/2013,

8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/08/2013)

EMENTA: FGTS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA

PROVA DO EMPREGADOR. A empregadora, ao

sustentar a regularidade dos depósitos fundiários,

atrai para si o ônus de demonstrar o fato extintivo

do direito do autor (art. 818 da CLT), cabendo-lhe,

assim, comprovar que recolheu mensalmente o

FGTS, pois detém maior aptidão para tanto,

bastando trazer aos autos as guias respectivas. Não

se desvencilhando desse encargo, deve ser

condenada a depositar diferenças de FGTS de todo

o período contratual. (TRT-1 - RO:

15220920115010007 RJ , Relator: Rildo Brito, Data de

Julgamento: 11/12/2012, Oitava Turma, Data de

Publicação: 2013-01-15)

Portanto, deverá ser condenado o Município-Reclamado ao

recolhimento do FGTS da Reclamante correspondente a todo vínculo

laboral.

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Page 8: Maria Dalva Goncalves

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Dispõe o Enunciado 219 do TST:

“TST Enunciado nº 219 - Res. 14/1985, DJ

19.09.1985 - Incorporada a Orientação

Jurisprudencial nº 27 da SBDI-2 - Res. 137/2005,

DJ 22, 23 e 24.08.2005.

Justiça do Trabalho - Condenação em Honorários

Advocatícios.

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao

pagamento de honorários advocatícios, nunca

superiores a 15% (quinze por cento), não decorre

pura e simplesmente da sucumbência, devendo a

parte estar assistida por sindicato da categoria

profissional e comprovar a percepção de salário

inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-

se em situação econômica que não lhe permita

demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da

respectiva família. (ex-Súmula nº 219 - Res. 14/1985,

DJ 26.09.1985)

II - É incabível a condenação ao pagamento de

honorários advocatícios em ação rescisória no processo

trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº

5.584/70. (ex-OJ nº 27 da SBDI-2 - inserida em

20.09.2000) Grifou-se.

Uma vez que a Reclamante encontra-se assistida pelo advogado

do Sindicato dos Servidores Públicos de Candeias, além de

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Page 9: Maria Dalva Goncalves

receber salário inferior ao dobro do mínimo legal, presentes estão os

requisitos do Enunciado n.219 do TST.

DOS PEDIDOS

Assim, requer a Vossa Excelência que seja conhecida e julgada

totalmente procedente a presente reclamação trabalhista para que

seja determinada:

a- a citação do Reclamado para contestar a presente

reclamação, sob pena de confissão e revelia;

b- a concessão da gratuidade da justiça, nos termos da Lei n.

1060/50;

c- o reconhecimento da validade do contrato de trabalho

celebrado entre as partes para todos os efeitos legais;

d- a comprovação do depósito das parcelas devidas a título

de FGTS pelo Reclamado ou o depósito pelo Reclamado

do valor correspondente na conta vinculada da

Reclamante, ou ainda a indenização compensatória dos

valores devidos à Reclamante a titulo do Fundo de

Garantia, ao longo de toda relação de emprego, desde a

sua admissão ;

e- a condenação do Reclamado ao pagamento das custas

processuais e honorários advocatícios, estes no

equivalente a 15% do total da condenação.

f- o pagamento de correção monetária e juros de mora.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito

admitidos, em especial a oitiva de testemunhas que serão

oportunamente arroladas.

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Dá-se à causa o valor de R$ 30.000,00 (Trinta mil reais).

Nestes Termos

Pede Deferimento.

Salvador para Candeias, 29 de Janeiro de 2015.

Jerônimo Luiz Plácido de Mesquita Bruno

Augusto da Cruz

OAB-BA 20.541 OAB-BA

39.503

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