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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
INSTITUTO DE QUÍMICA
Mariane Barreto das Chagas
Prospecção química e microbiológica do óleo essencial de espécimens de M.
Urundeuva (aroeira-do-sertão) quimiotipos -3-careno e -ocimeno.
NATAL, RN
Dezembro/2015
Mariane Barreto das chagas
Prospecção Química e Microbiológica do óleo essencial de espécimens de M.
urundeuva (aroeira dosertão) quimiotipos -3-careno e -ocimeno
Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de bacharel em Química. Orientadora: Prof. Dra. Renata Mendonça Araújo Co-orientadora: Prof. Dra. Lívia Nunes Cavalcanti
NATAL, RN
Dezembro/2015
Mariane Barreto das chagas
Prospecção Química e Microbiológica do óleo essencial de espécimens de M.
urundeuva (aroeira-do-sertão) quimiotipos -3-careno e -ocimeno.
Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de bacharel em Química. Orientadora: Prof. Dra. Renata Mendonça Araújo Co-orientadora: Prof. Dra. Lívia Nunes Cavalcanti
Aprovada em :16 /12 /2015
_____________________________________
Prof. Dra. Lívia Nunes Cavalcanti
Co-orientadora
_____________________________________
Prof. Dr. Fabrício Gava Menezes
_____________________________________
Ms. Marcela de Castro N. D. Pontes
.... Ainda que eu ande pelo vale da
sombra da morte, não temerei mal algum,
porque tu estás comigo; a tua vara e o teu
cajado me consolam.
(Salmo 23)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, meu guia, pelo dom da vida, por me dá
força, saúde durante toda minha caminhada e pelo seu infinito amor, sem ele eu
nada seria.
A toda minha família, em especial os meus pais, Rosângela e Gustavo, que
sempre incentivaram meus estudos com apoio, carinho e dedicação. Às minhas
irmãs Bruna e Marina, e meus sobrinhos Gabriela e Luís Gustavo. Amo vocês.
Ao meu namorado Renato, pelo companheirismo e ajuda nos momentos de
dificuldade.
A minha orientadora, professora Renata Mendonça pelo empenho, amizade,
dedicação, companheirismo e pela oportunidade de crescimento profissional durante
o andamento do projeto, serei grata eternamente.
A aluna de doutorado do LISCO, Marcela de Castro pela amizade no
laboratório e por aceitar compor a da banca examinadora.
Aos colegas do laboratório LISCO que sempre estiveram dispostos a me
ajudar, passar conhecimentos, e pelos bons momentos no laboratório.
As amigas Virgínia e Ana Bonifácio, por me mostrar minha capacidade, que
eu estava no caminho certo, acreditando no meu potencial quando eu já não
acreditava mais.
Ao aluno mestrando Ítalo Diego (Ppg-Biologia pararasitária - UFRN, por
realizar os testes biológicos, sob supervisão da prof. Dra. Vânia Sousa Andrade
(UFRN).
Ao instituto de Química da UFRN, pela estrutura oferecida, e a todas as
pessoas que o compõe ajudando de alguma forma.
A UFRN, por ser uma universidade de ensino superior pública e de boa
qualidade, por sua estrutura física e por todos os recursos oferecidos aos alunos.
RESUMO
Myracrodruon urundeuva Fr. Allem. é uma árvore amplamente encontrada na
"Caatinga" e outras florestas secas do Brasil. Estudos anteriores sobre a
composição química do óleo essencial de M. Urundeuva mostram uma composição
química volátil constituída por monoterpenos de forma molecular C10H16, sendo eles:
cis e trans--ocimeno, -3-careno, limoneno, mirceno e -pineno. Em virtude deste
curioso resultado, foi realizada uma análise em uma região serrana, mais
precisamente na localidade de Araruna no estado da Paraíba, visando determinar a
composição química e realização de testes biológicos antimicrobianos de
espécimens de aroeira-do-sertão. O monoterpeno cis--ocimeno foi testado em uma
reação de epoxidação, visando testar metodologias para sua modificação estrutural
e atividade biológica. A análise cromatográfica do óleo essencial demonstrou que o
monoterpeno -3-careno é o constituinte majoritário, possuindo uma atividade
biológica mais eficiente em comparação com o monoterpeno cis--ocimeno e o seu
derivado epoxidado, evidenciando um alto poder terapêutico contra bactérias. O
grau de pureza do reagente de partida cis--ocimeno para a reação de epoxidação
foi determinado por RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR DE 1H. De acordo
com os testes biológicos o óleo essencial da aroeira do sertão revelou-se mais
potente que o chá da aroeira liofilizado, que apenas inibiu o crescimento da bactéria.
Isso evidencia que terpenos como constituintes voláteis são mais terapêuticas do
que outras substâncias naturais, como flavonoides e taninos, já que não estão
presentes na fase aquosa. Este estudo mostrou-se bastante promissor em relação
ao efeito dos óleos essenciais sobre as bactérias testadas e instiga novas pesquisas
para modificação estrutural dos mesmos.
Palavras chave: Myracrodruon urundeuva. Monoterpenos. Aroeira do sertão
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Estrutura química dos monoterpenos: Mirceno (1), -Pineno (2),
Limoneno (3), -3-Careno (4), Cis(5) eTrans--Ocimeno (6) ................17
Figura 2- Estrutura química dos monoterpenos Timol e Carvacrol.......................19
Figura 3- Estrutura química do isopreno................................................................23
Figura 4- Compostos contendo epóxidos na estrutura..........................................30
Figura 5- Estrutura química do mCPBA.................................................................30
Figura 6- Possibilidades de produtos da epoxidação do limoneno........................31
Figura 7- Fotografia de aroeira do sertão em seu habitat natural na
localidade de Araruna-PB......................................................................32
Figura 8- Dopaminérgico 6-Hidróxidopamina.........................................................33
Figura 9- Aparelho de Clevenger com o óleo essencial obtido..............................36
Figura 10- Condições experimentais de epoxidaçãodo cis--ocimeno....................37
Figura 11- Cromatograma CG/EM de OEAS1.........................................................41
Figura 12- Espectro de massa do constituinte -3-careno.......................................42
Figura 13- Espectro de massa do constituinte (2E) -3,4,4-Trimetil-
5-oxo-2-Ácido-hexenóico........................................................................43
Figura 14- Espectro de massa do constituinte 5-isoprenil-2-
metil-7-oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-ol...................................................43
Figura 15- Espectro de massa do constituinte 2-metilisoborneol............................43
Figura 16- Espectro de massa do constituinte (+) – Ledene...................................44
Figura 17- Espectro de massa do constituinte Globulol..........................................44
Figura 18- Cromatograma CG/EM de OEAS2.........................................................46
Figura 19- Espectro de massa do constituinte -3-careno.......................................46
Figura 20- Espectro de massa do constituinte 5,7, octadieno
3-ol,2,4,4,7-Tetrametil-, (E) ....................................................................47
Figura 21- Espectro de massa do constituinte
(2E) -3,4,4-Trimetil-5-oxo-2-Ácido-hexenóico........................................47
Figura 22- Espectro de massa do 2-Bornanol-2-metil..............................................47
Figura 23- Espectro de massa do constituinte 3- (2-Hidroxi-2-metil-propil)
-ciclohex-2-enona...................................................................................48
Figura 24- Espectro de massa do constituinte 2-metilisoborneol.............................48
Figura 25- Cromatograma CG/EM de OEAS3.........................................................50
Figura 26- Espectro de massa do constituinte -3-careno.......................................50
Figura 27- Espectro de massa do constituinte p-cimeno-8-ol..................................51
Figura 28- Espectro de massa do constituinte p-cimeno-8-ol..................................51
Figura 29- Espectro de massa do constituinte 5-isoprenil-2-
metil-7-oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-ol....................................................51
Figura 30- Espectro de massa do constituinte 4,7-Metanobenzofurano,
2,2-oxibis [octahidro- 7,8,8- trimetil].......................................................52
Figura 31- Espectro de massa do constituinte -Limoneno-diepóxido...................52
Figura 32- Espectro de massa do constituinte Globulol..........................................53
Figura 33- Espectro de massa do constituinte 2,7,10,15,19,23-
Hexametil-tetracosa-2,10,14,18,22-pentaeno-6,7-diol...........................53
Figura 34- Espectro de massa do constituinte [6.3.1.0(15) ]
dodecano-2,9-diol...................................................................................53
Figura 35- Estrutura química do cis--ocimeno.......................................................55
Figura 36- Espectro de RMN 1H de (CDCl3, 300 MHz) ............................................55
Figura 37- Formação do produto 4- (3,3-dimetiloxiran-2-il) -2-
(oxiran-2-il) butan-2-ol.............................................................................56
Figura 38- Cromatograma da reação de epoxidação do cis--ocimeno...................56
Figura 39- Espectro de massa do constituinte 4- (3,3-dimetiloxiran-2-il) -2-
(oxiran-2-il) butan-2-ol..............................................................................57
Figura 40- Espectro de massa do constituinte não elucidado...................................57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-Rendimento do óleo essencial de M. urundeuva................................40
Tabela 2-Composição do óleo essencial OAS-1................................................42
Tabela 3-Composição do óleo essencial OAS-2................................................45
Tabela 4- Composição do óleo essencial OAS-3................................................49
Tabela 5- Resultados de IC50 em testes microbiológicos....................................58
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1- Biosíntese dos terpenos..................................................................23
Esquema 2- Mecanismo proposto para interconversão dos
Monoterpenos de M. urundeuva......................................................24
Esquema 3- Exemplos de reações clássicas de alcenos....................................29
Esquema 4- Mecanismo de epoxidação de alcenos............................................31
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CCD- Cromatografia de camada delgada
CDCl3- Clorofórmio deuterado
CH2Cl2- Diclorometano
CH3OH- Metanol
CHCl3- Clorofórmio
CG/ME- Cromatografia gás/líquido acoplada à espectroscopia de massa
D- Dubleto
D-D- Dubleto-Dubleto
DMAPP- Dimetilalil difosfato
DMSO- Solvente utilizado para realização de testes antimicrobianos
FPP- Farnesil difosfato
GPP- Geranil difosfato
GGPP- Geranil Geranil difosfato
H2O2- Peróxido de hidrogênio
IPP- Isopentenil difosfato
mCPBA- Ácido meta-cloroperoxibenzóico
Na2SO4- Sulfato de sódio anidro
RMN 1H- Ressonância magnética nuclear de hidrogênio
S- Singleto
T- Tripleto
6- OHDA- Dopaminérgico 6-Hidróxidopamina
δ- Deslocamento químico
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................16
1.1 PRODUTOS NATURAIS...................................................................................18
1.2 METABÓLITOS SECUNDÁRIOS: CONSTITUINTES FIXOS E VOLÁTEIS.....19
1.3 ÓLEOS ESSENCIAIS........................................................................................20
1.4 TERPENOS.......................................................................................................22
1.5 MONOTERPENOS DE AROEIRA.....................................................................24
1.6 ATIVIDADES BIOLÓGICAS DOS CONSTITUINTES DE M. URUNDEUVA.....24
1.7 ATIVIDADES BIOLÓGICAS COMUNS EM ÓLEOS ESSENCIAIS...................27
1.8 MODIFICAÇÃO ESTRUTURAL DOS MONOTERPENOS DE AROEIRA-
REATIVIDADE DE ALCENOS..........................................................................29
1.9 REAÇÕES DE EPOXIDAÇÃO COM MONOTERPENOS..................................31
2 MYRACRODRUON URUNDEUVA.....................................................................32
3 OBJETIVOS.........................................................................................................35
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..............................................................................35
4 EXPERIMENTAL..................................................................................................36
4.1 MATERIAL BOTÂNICO......................................................................................36
4.2 EXTRAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DA AROEIRA..........................................36
4.3 ANÁLISE DO ÓLEO ESSENCIAL, ANÁLISE PRODUTO DE
REAÇÃO DO CIS--OCIMENO POR CG/EM E ANÁLISE
DO CIS--OCIMENO POR RMN 1H....................................................................37
4.4 REAÇÃO DE EPOXIDAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL
QUIMIOTIPO CIS--OCIMENO COM MCPBA...................................................38
4.5 PURIFICAÇÃO DA REAÇÃO DE EPOXIDAÇÃO DO CIS--OCIMENO...........39
4.6 TESTES ANTIMICROBIANOS COM AS BACTÉRIAS
STHAPHYLOCOCUS AUREUS E ESCHECHERIA COLI DO
ÓLEO ESSENCIAL DE AROEIRA, CIS--OCIMENO,
CHÁ LIOFILIZADO DA AROEIRA E DO PRODUTO
DE REAÇÃO DE EPOXIDAÇÃO DO CIS--OCIMENO.......................................39
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................40
5.1 RENDIMENTO DO ÓLEO ESSENCIAL.............................................................40
5.2 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DA AROEIRA............41
5.3 REAÇÃO DE DERIVATIZAÇÃO DO CIS--OCIMENO.....................................54
5.3.1- Caracterização do material de partida
Cis--Ocimeno por RMN 1H...........................................................................54
5.4 CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO DE REAÇÃO DE EPOXIDAÇÃO
DO Cis--OCIMENO POR CG/ME....................................................................56
5.5 TESTES ANTIMICROBIANOS COM AS BACTÉRIAS
STHAPHYLOCOCUS AUREUS E ESCHECHERIA COLI DO ÓLEO
ESSENCIAL DE AROEIRA, CIS--OCIMENO, CHÁ LIOFILIZADO DA
AROEIRA E DO PRODUTO DE REAÇÃO DE EPOXIDAÇÃO
DO CIS--OCIMENO.........................................................................................58
6 CONCLUSÕES....................................................................................................59
REFERÊNCIAS..........................................................................................................60
16
1 INTRODUÇÃO
Myracrodruon urundeuva Fr. Allem. (Anacardiaceae, Sinônimo: Astronium
urundeuva) é uma árvore amplamente encontrada na "Caatinga" e outras florestas
secas do Brasil, sendo mais abundante no nordeste do país, onde é conhecida
popularmente como "aroeira-do-sertão" ou "aroeira", abreviação de "araroeira" o que
significa árvore de araras (LORENZI; MATOS, 2000).
Estudos anteriores sobre a composição química dos óleos essenciais a partir
de M. urundeuva mostraram resultados divergentes. De acordo com Flag (1993), as
folhas de um espécimen selvagem de M. urundeuva revelou o sesquiterpeno trans-
cariofileno (38,6%) como constituinte majoritário, enquanto que as mudas de 20,0
cm e 40,0 cm de plantas cultivadas, têm o monoterpeno-3-careno como o principal
constituinte (67,2% e 48,3%, respectivamente). De acordo com Maia e
colaboradores (2012) os óleos de dois espécimens diferentes de aroeira-do-sertão,
coletadas nos estados do Maranhão e Tocantins, apresentaram o monoterpeno -3-
careno como principal constituinte químico (78,1% e 56,3%, respectivamente).
Estudos realizados pelo grupo de pesquisa em plantas medicinais da
Universidade Federal do Ceará (LAFIPLAM-UFC) e pelo grupo de pesquisa em
produtos naturais e síntese orgânica (LISCO) da UFRN, demonstraram que óleos
essenciais das folhas de 63 espécimens de "aroeira-do-sertão" coletadas nos
estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, apresentam uma
composição química volátil constituída por monoterpenos de forma molecular C10
H16, sendo eles: cis e trans--ocimeno, -3-careno, limoneno, mirceno e -pineno.
Foi observado que esta espécie produz sempre um monoterpeno majoritário, com
mais de 50 % de rendimento, e os demais constituintes são os outros 5
monoterpenos, o que permitiu a caracterização de seis diferentes quimiotipos para
M. urundeuva, revelando um maior nível de variação química intra-específica para a
espécie.
Esta variabilidade química pode ocorrer devido à influência da temperatura, à
umidade relativa, à duração total de exposição ao sol e ao regime de ventos, mas
até o momento não foi identificado o fator que determina a variação química no óleo
essencial de aroeira-do-sertão.
17
Figura 1- Estrutura química dos monoterpenos: Mirceno (A), -Pineno (B), Limoneno (C), -3-Careno (D), Cis (E) e Trans--Ocimeno (F).
Fonte: Autor, 2015
Em virtude do curioso resultado para esta espécie e da necessidade de
algumas respostas para esse sistema enzimático tão específico de M. urundeuva, a
análise foi estendida para uma região serrana na localidade de Araruna no estado
da Paraíba. Este trabalho visa determinar a composição química de dois
espécimens de aroeira-do-sertão coletadas nesta região e realizar testes biológicos
antimicrobianos, buscando uma possível aplicação destes óleos como fitoterápico.
Pesquisas recentes mostram que antibióticos causam muitos efeitos
colaterais aliados a resistência do organismo a essas drogas e infecções em
pacientes com sistema imunológico deficiente. Há a necessidade de substituir
antibióticos por novas moléculas com atividades biológicas contra infecções e que
apresentem baixa toxicidade (CARS et al., 2011).
O tratamento de doenças bacterianas com antibióticos não tem sido eficaz,
pois alguns pacientes costumam apresentar resistência ao medicamento, resultando
assim em um problema no sistema de saúde (CARS et al., 2011). Essa resistência
aumenta a taxa de mortalidade em pacientes infectados e gera alto custo para o
sistema de saúde (COUTINHO et al., 2005). Nesse contexto, é necessário o
desenvolvimento de novas drogas antibacterianas eficientes no tratamento de
infecções (MICHELIN et al., 2005).
Considerando os bons rendimentos de monoterpenos obtidos do óleo de
aroeira-do-sertão, um dos objetivos do LISCO é também desenvolver metodologias
para derivatização destes compostos, e realizar testes biológicos com os mesmos
visando potencializar os efeitos destes compostos. O monoterpeno cis--ocimeno foi
testado neste trabalho em uma reação de epoxidação.
18
1.1 Produtos Naturais
A utilização de plantas como medicamento é tão antiga quanto a própria
existência do homem. Diversas pesquisas são feitas atualmente para a
determinação da atividade biológica dos seus componentes, o que diferencia o seu
uso na antiguidade, em que apenas pelo senso comum as plantas medicinais eram
utilizadas (CATÃO et al., 2006).
Fitoterapia é uma ciência em que o tratamento das doenças é feito através de
plantas medicinais, com substâncias isoladas de uma ou mais plantas, obedecendo
à legislação para preparação e prescrição (DI STASI, 2007). Sua utilização se dá de
diversas formas, como comprimidos, soluções, pomadas e infusões (FRANCISCO,
2010).
A área de produtos naturais tem diversos segmentos, agregando profissionais
de diversas áreas, entre elas, etnobotânica, isolamento, caracterização,
farmacologia, química sintética, estudo das atividades biológicas e operação de
formulações (MACIEL, 2002).
O Brasil é o país com a maior diversidade vegetal do mundo aliado a
pesquisas que comprovam cientificamente a eficácia nos tratamentos de uso popular
(CARTAXO, 2010).
É importante informar a população à cerca do uso indiscriminado de plantas
medicinais, que podem apresentar efeitos colaterais, mesmo aquelas com
comprovada atividade farmacológica, como o chá verde (Camellia sinensis,
Theaceae), seu uso em excesso pode causar danos ao fígado, interações
medicamentosas e arritmia (SOUZA, 2012).
Segundo COUTINHO et. al., 2008, substâncias isoladas de plantas podem ser
eficazes na substituição de antibióticos. Pesquisadores avaliam o potencial das
plantas na modificação da atividade antibacteriana e sua eficácia direta (COUTINHO
et al., 2010). Para o estudo dos princípios ativos é necessário avaliar as classes de
compostos químicos presente na planta para a identificação dos metabólitos
secundários e realizar estudos farmacológicos (FIGUEREIDO et al., 2013).
19
Antimicrobianos naturais tem se destacado em esfera global por sua eficácia
contra diversas patologias. Timol e carvacrol (Figura 2) são monoterpenos fenólicos
encontrados em plantas que demonstraram atividades anticancerígena (COIMBRA
et al., 2011), antimicrobiana (GÁRCIA et al., 2011; RIVAS et al., 2010; LAI et al.,
2012; AHMAD et al., 2010), antioxidantes (UNDENGER et al.,2009) e anti-
inflamatórias (FACHINI-QUEIROZ et al., 2012).
Figura 2- Estrutura química dos monoterpenos Timol e Carvacrol
Fonte: Autor, 2015
1.2 Metabólitos secundários: Constituintes fixos e voláteis
Metabólitos secundários são substâncias orgânicas que não são
obrigatoriamente necessárias para o desenvolvimento das plantas. Apesar da
ausência de metabólitos secundários não resultar na morte da planta,
desempenham tarefas a longo prazo, agem na defesa contra herbívoros, ataque de
patógenos, dispersores de sementes e defesa contra micro-organismos
oportunistas, afetando assim a sua sobrevivência. Desempenham também tarefas
de defesa das plantas relacionada a fatores climáticos e ambientais, como proteção
contra raios ultravioleta e mudanças de temperatura. Os metabólitos secundários
são divididos em três grupos distintos: terpenos, compostos fenólicos e alcalóides
(PEREZ, 2004).
Compostos orgânicos voláteis são substâncias químicas que possuem
pressão de vapor alta o suficiente para se vaporizar à temperatura ambiente (DING
et al., 2009). Óleos essenciais são compostos voláteis de origem vegetal isolados
através de processos físicos de destilação ou outro método adequado (BRASIL,
2007). O que diferencia os óleos essenciais dos fixos, é que estes nunca se
evaporam ou volatizam totalmente, sendo em geral, misturas de substâncias
20
lipídicas, extraídas de semente de plantas, como mamona e girassol (SIMÕES;
SPTIZER, 2003).
1.3 Óleos essenciais
Os óleos essenciais são compostos naturais voláteis com cheiro forte, extraídos
de plantas aromáticas como metabólitos secundários. Sua forma de obtenção se dá
por arraste de vapor ou hidrodestilação, metodologia desenvolvida pela primeira vez
na idade média pelos árabes. Há uma grande variedade de metodologias para
extração de óleos essenciais, como extração por fluído supercrítico, micro-ondas, e
principalmente destilação por arraste de vapor, como os óleos essenciais possuem
atividades antimicrobianas e utilização na proteção do equilíbrio ecológico, a
extração por destilação é mais recomendada já para a indústria de perfumes a
extração com solventes lipofílicos ou com dióxido de carbono supercrítico é
favorecida. Apresenta atividades antimicrobianas, analgésicas, sedativas, anti-
inflamatórias, anestésicas e como conservante de alimentos. Ao longo do tempo
essas características permanecem, mas os mecanismos de ação antimicrobianos
antes desconhecidos surgem no cenário como metodologias importantes na
medicina natural. Os óleos essenciais atuam na defesa das plantas e na atração de
insetos para dispersão de pólens e sementes. Eles são extraídos de plantas
aromáticas, localizadas em países tropicais. São caracterizados por serem líquidos,
voláteis, límpido, raramente coloridos, lipossolúveis e solúveis em solventes
orgânicos, de densidade menor que a água (MASOTTI et al., 2003; ANGIONINI et
al., 2006).
Os óleos essenciais podem ser extraídos de todas as partes das plantas,
como flores, folhas, cascas, tronco, galhos, raízes, frutos ou sementes. Apesar de
todas essas partes possuírem óleos, algumas são mais concentradas que outras
(SIMÕES et al., 2000). Quando extraídos de uma mesma parte da planta podem
apresentar características diferentes, mesmo apresentando cor e aspecto
semelhante (ROBERS et al., 1997). A composição química da sua extração depende
de diversos fatores, como época da coleta, pois algumas plantas aromáticas têm
maior concentração de óleos voláteis em épocas ou dias específicos, condições
climáticas e de solo (SIMÕES; SPITZER, 2003).
21
Os óleos essenciais vêm se destacando na área de produtos naturais, pois
muitos deles apresentam a eficácia produtos sintéticos, sem apresentar os mesmos
efeitos colaterais. No entanto, há uma necessidade de conhecimento da ação
biológica para novas aplicações na medicina, agricultura e meio ambiente
(CARSON; RILEY, 2003).
Com relação às propriedades dos óleos essenciais, fica claro que eles são
misturas complexas de várias moléculas, e segundo a literatura o seu potencial
biológico não é efeito de todas as moléculas e sim os componentes presentes em
níveis mais altos de acordo com a análise cromatográfica. Os componentes
principais são isolados para uma melhor análise das características biofísicas e
biológicas (IPEK et al., 2005).
Um estudo na área de óleos essenciais que não foi totalmente elucidado diz
respeito à especificidade dos diferentes tipos de óleos essenciais, essa necessidade
surge da idéia de melhorar os efeitos terapêuticos destes, isso tem sido
demonstrado por BAKKALI et al., 2005, 2006.
A constituição química dos óleos essenciais é proveniente do metabolismo
secundário (SILVA; CASALI, 2000). Apresentam hidrocarbonetos terpênicos, álcoois
simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos,
furanos, ácidos orgânicos, lactonas e compostos sulfurados. Esses compostos
químicos distribuem-se em diferentes concentrações, de acordo com a planta
(SIMÕES; SPITZER, 2003).
Os óleos essenciais são formados a partir dos terpenos, derivados do ácido
mevalônico, ou de fenilpropanóides, oriundos do ácido chiquímico (GUENTHER,
1977; SIMÕES et al., 2000). Diversas substâncias vegetais compreendem os
terpenos, sendo designado assim para as substâncias que são formadas a partir da
rota Biosintética do isopreno (Figura 3), formado a partir do ácido mevalônico. Os
compostos que são encontrados em maiores quantidades nos óleos essenciais são
os monoterpenos e o sesquiterpenos. Outros terpenos também são encontrados nos
óleos voláteis, embora em menor quantidade e extraídos com solventes orgânicos,
devido à sua alta temperatura de volatilização (SIMÕES; SPITZER, 2003).
22
Terpenos e fenilpropanóides são duas classes distintas presente nos óleos
essenciais, com terpenos sendo os constituintes majoritários, contudo os
fenilpropanóides proporcionam sabor e odor relevantes para o óleo (SANGWAN et
al.,2001).
1.4Terpenos
Os terpenos são compostos presentes em todas as plantas e uma classe de
metabólitos secundários com diversas estruturas (RAVEN et al., 2001). Sua
formação se dá através da junção de unidades isoprênicas de cinco carbonos (TAIZ;
ZEIGER, 2004).
Os terpenos são classificados de acordo com o número de carbonos da sua
estrutura: hemiterpenos (C5), monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos
(C20), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40) (OLIVEIRA et al., 2003). Os
hemiterpenos são o menor grupo, o isopreno é a sua molécula mais relevante,
sendo liberado de tecidos fotossinteticamente ativos (CROTEAU et al., 2000).
Os monoterpenos são formados por duas unidades de isopreno, tendo baixo
peso molecular. O primeiro monoterpeno a ser isolado foi a “tupertina” (C10H16), na
década de 1850 na Alemanha. Aproximadamente 1.000 monoterpenos naturais são
caracterizados atualmente, com aplicações em diversos ramos industriais. Os
Sesquiterpenos (C15) são encontrados nos óleos essenciais e em hormônios
vegetais, constituindo a maior classe de terpenos (OLIVEIRA et al.,2003).
Os terpenos são biossintetizados a partir de metabólitos primários pela rota
do mevanolato (Esquema 1), onde três moléculas de acetil-CoA são ligadas,
formando o ácido mevalônico, um intermediário de 6 carbonos, que passa por
etapas de pirofosforilação, descarboxilação e desidratação para produzir o
isopentenil difosfato (IPP), unidade básica na formação dos terpenos (TAIZ;ZEIGER,
2004).
O isopentenil difosfato e seu isômero, o dimetil difosfato (DMAPP) são
unidades pentacarbonadas ativas na biossíntese dos terpenos que se unem para
formar moléculas maiores. Os terpenos com maior quantidade de carbonos formam-
se com a junção do GPP (10 carbonos), com uma mólecula de IPP, formando o
23
farnesil difosfasto (FPP) com 15 carbonos. A adição de outra molécula de IPP forma
o geranilgeranil difosfato (GGPP). FPP e GGPP podem dimerizar para formar
triterpenos e tetraterpenos, respectivamente (TAIZ; ZEIGER, 2004).
Figura 3- Estrutura química do isopreno
Fonte: Autor, 2015
Esquema 1- Biossíntese de terpenos
Fonte: (TAIZ; ZEIGER, 2004)
24
1.5 Monoterpenos de aroeira
É interessante ressaltar que todos os monoterpenos que caracterizam os 5
quimiotipos podem ser interconvertidos quimicamente através de rearranjos
intramoleculares (Esquema 2).
Esquema 2- Mecanismo proposto para interconversão dos monoterpenos de M. urundeuva
1
2
3
4
5
6
78 9
10
Mirceno
1
2
3
4
5
6
78
9
10
limoneno
1
2
3
4
5
6
78 9
10
1
2
3
4
5
6
78 9
10
- ocimeno
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
-pineno-3-careno
Fonte: Autor, 2015
Esta variabilidade química pode ocorrer devido à influência da temperatura, à
umidade relativa, à duração total de exposição ao sol e ao regime de ventos,
caracterizando quimiotipos (QT), que ocorrem naturalmente em plantas silvestres.
QT é um termo aplicado a plantas de mesmo gênero e espécie, com a mesma
aparência externa, mas que diferem, às vezes consideravelmente, em sua
composição química.
1.6Atividades biológicas dos constituintes de M. urundeuva
O limomeno (Figura 1) é um monoterpeno extraído de diversas plantas, como
Citrus máxima, Citrus sinensis (SINGH et al., 2010), Typha latifólia (PARRA et al.,
2004), Polygonum minus (YACOOB, 1990) e Nelumbo nucifera (OMATA et al.,
1990). De acordo com a comissão Europeia (BURT, 2004), o limoneno se destaca
como aromatizante em indústria cosmética e de alimentos. Uma de suas aplicações
industriais é a sua utilização na substituição de solventes aromáticos tóxicos,
favorecendo assim o meio ambiente (GARCIA et al., 2009; SHIN; CHASE, 2005),
segundo LOHRASBI et al., 2010; POURBAFRANI et al., 2010, ele é eficiente
também como biocombustível, uso medicinal (GURGEL DO VALE et al., 2002), e
pesticidas (HEBEISH et al., 2008). O limoneno apresenta atividade antimicrobiana
contra diversos microorganismos, entre eles, Trichoderma viride, Cladosporium
25
herbarum e Aspergilus flavus (MOUREY; CANILLAC, 2002; OZTURK; ERCISLI,
2006; SINGH et al., 2010). O limoneno apresenta atividades inseticidas e
antimicrobianas, apresenta também aplicações na indústria farmacêutica devido
conter propriedades de permitir a penetração de aditivos na pele (KATTAN et al.,
2001 e KRISHNAIAH, 2008). Pesquisas diversas têm relatado a capacidade do
limoneno em impedir a proliferação de células melanona (RAPHAEL, KUTTAN,
2003; ZHAN et al 2004). Outra aplicação do limoneno é o seu potencial contra
células tumorais. Ele cessa o crescimento de células tumorais em modelos in vivo e
in vitro (CROWELL, 1999; RAPHAEL; KUTTAN, 2003; ZHAN etal., 2004). Além de
possuir segurança no procedimento quimiopreventivo (CROWELL, 1999; MO;
ELSON, 2004). A atividade do limonenocontra Leishmania e eficácia no
tratamentode Leishmaniose induzida foi estudada e comprovada (ARRUDA et al.,
2009).
-mirceno (Figura 1) é um monoterpeno encontrado em diversas plantas,
como Lemongrass, Lúpulo e Verbena (GUNTHER; ALTAUSEN, 1948), na forma de
óleo essencial (MORAES et al., 2009). Ele é bastante utilizado na fabricação de
cervejas, indústria de alimentos e de cosméticos (LEUNG, 1980).
No estudo realizado por BONAMIN e colaboradores (2014), o monoterpeno -
mirceno foi testado em testes de atividade anti-úlceras como forma de proteção,
enquanto o mirceno, constituinte minoritário age protegendo úlceras, devido não
conter na literatura aplicações na indústria farmacêutica, apenas aplicações na
indústria cosmética e de alimentos. Em comparação ao mirceno, o limoneno,
constituinte majoritário da extração do óleo essencial de Citrus aurantium também foi
testado. A atividade de proteção gástrica do limoneno está relacionada à ação sobre
o muco gástrico, a mucosa duodenal, e sua atividade ainda vão além, porque
envolve a ativação de antioxidantes importantes, exercendo assim, uma relevante
atividade anti-úlcera. Mirceno e limoneno são monoterpenos com estrututuras
semelhantes, porém pequenas diferenças podem causar diferentes atividades
biológicas de acordo com MORAES et. al.,2009. A atividade anti-úlcera e o potencial
antioxidante do mirceno foi demonstrado pela primeira vez, descoberta que sugere a
combinação do mirceno com outras substâncias para efeito antioxidante e melhora
do quadro de doenças causadas por estresse (BONAMIN et al., 2014).
26
-Pipeno (Figura1) é um monoterpeno que pode ser extraído de muitas
plantas coníferas, como o pinheiro. O pipeno é um material de partida para
síntese da cânfora, e é encontrado também no óleo essencial de eucalipto
(SIMOSEN, 1957). Há relatos na literatura que o pipeno possui propriedades anti-
inflamatória (MARTIN et al., 1993; ZHOU et al., 2004). Este monoterpeno melhora o
quadro de pancreatite por inibir a lesão tecidual e por produzir enzimas digestivas
(BAE et al., 2012).
Há muitos relatos na literatura da atividade antimicrobianos de óleos
essenciais, mas pouco estudo comparativo de componentes isolados. Um dos
principais componentes do óleo essencial de Alecrim segundo WONK; KITT, 2006 é
o -pipeno. Neste trabalho, o óleo essencial foi testado contra os microorganismos
Bacillus subtilis, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, Eschecheria coli,
Cândida albicans e Aspergillus niger e indicou que o -pipeno possui atividade
contra esses microorganismos, mas o óleo essencial de Alecrim possuiu uma
atividade maior do que o -pipeno isolado, sendo difícil atribuir o efeito
antimicrobiano para um princípio ativo isolado (JIANG et al., 2013).
O gênero Dyciclophora pertence à família Apiaceae. Sua única espécie é a
Diciclophora pérsica, sendo uma espécie endêmica encontrada na província do Irã
(MOZAFFARIAN, 1996). Nos estudos sobre a composição dos óleos essenciais e
atividade biológica de plantas aromáticas (SOMBOLI et al., 2005), foi relatada a
composição e a atividade antimicrobiana do óleo essencial de Dyciclophora pérsica
contra bactérias e fungos (SALEHI; SONBOLI; MOHAMMADI, 2005). Foram
identificados 45 constituintes, com monoterpenos como constituintes majoritários
com o total de 86,3 % do óleo total, dentre eles cis--ocimeno (Figura 1), (23%), -
pipeno (31,5%), trans--ocimeno (Figura 1) (5,4%) (SALEHI; SONBOLI;
MOHAMMADI, 2005). O óleo essencial inibiu fortemente o crescimento de Bacillus
legendagem, Staphylococus aureus e Staphylococus epidermidis. Já para os
microorganismos Enterococus faecalis, Eschecheria coli e Klebsiella pneumoniae o
óleo obteve uma atividade bacteriana moderada. Pseudomonas aeruginosa se
mostrou resistente ao óleo e para o fungo Aspergillus niger uma zona de inibição de
26 mm foi observada, com um valor de MIC igual a 0,6 mg/ml (SALEHI; SONBOLI;
MOHAMMADI, 2005).
27
O -Pinenoe o -Ocimeno foram testados isoladamente a fim de obsevar se eles
são responsáveis pela atividade antibacteriana do óleo essencial de Diciclophora
pérsica, e os resultados mostraram que eles são eficazes para a inibição do
crescimento de microorganismos (SALEH; SONBOLI; MOHAMMADI, 2005).
-3-Careno (Figura 1) é um monoterpeno bicíclico (BUCK-INGHAM, 1998),
uma olefina incomum, encontrada na terebintina de várias espécies coníferas
(NORIN, 1972; RUDLOFF, 1975). O -3-Careno foi isolado pela primeira vez a partir
de Douglas fir (Pseudotsuga menziessi) e de lodgepole pine (Pinus contorta) e foi
demonstrado que ele possui propriedades cinéticas de outros monoterpenos de
coníferas (SAVAGE; CROTEAU, 1993).
Uma pesquisa com óleos essenciais da espécie Salvia stenophylla da África
do Sul contém principalmente como constituinte majoritário do óleo essencial, o -3-
Careno com cerca de 22% do óleo total. A maioria das espécies de salvia possui
muitos tricomas glandulares peltados nos quais o óleo essencial é produzido
(KINTZIOS, 2000).
Utilizando cDNA sintetizado a partir de ARNm isolado a partir de tricomas
glandulares de Salvia stenophylla, e uma estratégia de clonagem baseada em
homologia, um cDNA foi isolado, codificando uma pré-proteína, assemelhando-se ao
processo de síntese de monoterpenos em sequência. A expressão heteróloga do
gene em Eschecheria coli desencandeou uma enzima solúvel capaz de catalisar a
conversão do difosfato de geranilo para -3-careno (HOELSCHER et al., 2002).
1.7 Atividade biológica comuns em óleos essenciais
Os óleos essenciais e seus extratos têm ganhado cada vez mais espaço nas
indústrias de alimentos, cosméticos e fármacos, devido seus efeitos não causarem
efeitos colaterais, aceitação pelos consumidores e seu uso para diversas aplicações
(RIAHI et al., 2013). Especificamente, os óleos essenciais são usados na medicina
humana como anticâncer, anticonceptivo, antiflogístico, antimicrobiano e por suas
propriedades antioxidantes (BUCHBAUER, 2010).
28
Dictamnus angustifolius (Rutaceae), conhecida como um forte cheiro de erva
perene, nativa da província de Xinjang na China, tem sido utilizada na medicina
popular. Ela é utilizada nos processos de reumatismo, sangramento, coceira,
icterícia, hepatite e doenças dermatológicas (AKHMEDZHANOVA et. al., 1978; HU
et al., 1989; SUN et al., 2013). Além de suas propriedades antinflamatória e como
desintoxicante. Algumas pesquisas revelam que extratos metanólicos de Dictamnus
angustifolius possuem atividade antiplaquetária e relaxamento vascular (WU et al.,
1999).
Do primeiro estudo da caracterização química e biológica do óleo essencial
de Dictamnus angustifolius, concluíram que o óleo essencial possui atividade
antioxidante e atividade antimicrobiana (SUN et al., 2015).
Uma aplicação importante dos óleos essenciais são suas propriedades
citotóxicas, não somente contra patógenos, como também para a conservação de
diversos produtos. Óleos essenciais e seus componentes são terapêuticos contra
diversos microorganismos, como bactérias (HOLLEY; DAVAL, 2005; BASILE et al.,
2006, SHELZ et al., 2006; BASER et al., 2006), vírus (DUSCHATZKY et al., 2005),
fungos (HAMMER et al., 2002; SOYLU et al., 2006), protozoários (MONZOTE et al.,
2006), ácaros (RIM; JEE et al., 2006), larvas (MORAIS et al., 2006), vermes e
insetos (LIU et al., 2006; CHENG et al., 2007) e moluscos (LAHLOU;BERRADA,
2001).
Com relação às aplicações medicinais, SYLVESTRE et al., 2005,2006
relataram que o óleo essencial de Myrica gale tem atividade anticâncer no cólon e
pulmão. Segundo YOO et. al., 2005, o eugenol do óleo essencial de Eugenia
Caryophyllata inibe a proliferação de células cancerígenas, e geraniol inibe células
do câncer de cólon. CARNESECCHI et al., 2004 também demonstrou a atividade do
geraniol contra câncer de cólon e além disso ele mostrou que o geraniol inibe a
síntese do DNA. MAZIÈRES et al., 2003,2004 mostraram que o farnesil e granil-
geranil evitam a formação de tumores, devido à modificação genética de células
cancerígenas.
Cernes de Criptoméria japônica, Cunninghamia lanceolata, Cryptomerioides
Taiwania e Calocedrusformosana foram plantas em que seus óleos essências foram
avaliados com atividade inseticida. A atividade larvicida do óleo essencial de Hyptis
29
fruticosa, Hyptis pectinata e Lippia Gracillis foi demonstrada (SILVA et al., 2008).
1.8 Modificação Estrutural dos Monoterpenos de aroeira - Reatividade de
Alcenos
Como todos os compostos dessa classe, os monoterpenos de aroeira
possuem em sua estrutura química o grupo funcional alceno, ou seja, são
hidrocarbonetos contendo ao menos uma ligação dupla carbono-carbono. Por causa
desta ligação pí, um alceno possui menos hidrogênios que um alcano com o mesmo
número de carbonos, sendo designado como insaturado. Esta insaturação fornece a
estas espécies uma reatividade especial, onde irão atuar majoritariamente como
nucleófilos nas chamadas reações de adição eletrofílica(Esquema 3) onde diversos
eletrófilos podem ser utilizados (SOLOMONS, 2009). Tais reações irão fornecer
estruturas bastante diversificadas e podem ser envisionadas para funcionalização
dos monoterpenos obtidos a partir do óleo essencial da aroeira e dentre estas
possíveis transformações temos: adição de HX, hidratação, adição de X2,
dihidroxilação e epoxidação.
Esquema 3: Exemplos de reações clássicas dos alcenos
Fonte: Autor, 2015
Em especial alguns compostos contendo epóxidos (Figura 4), são medicamentos
aprovados e possuem atividade antifúngica e antibacteriana, ademais epóxidos de
terpenos foram identificados como constituintes de hormônios de insetos e
30
feromônios (WATANABE et al., 2004; SERRA; FUNGATI, 2006). Devido a sua
importância, as reações de epoxidação serão discutidas mais detalhadamente no
próximo tópico. A ligação dupla carbono-carbono é rica em elétrons e pode doar um
par de elétrons para um eletrófilo (ácido de Lewis) (SOLOMONS, 2009).
Figura 4- Compostos com atividade biológica contendo epóxido na estrutura
Fonte :Autor,2015
Reações de epoxidação
A epoxidação de alcenos é bastante estudada na literatura e pode ocorrer
com a uitlização de diversos reagentes, sendo os mais comuns os oxidantes de
peróxidos e seus derivados. Dentre eles, o peróxido de hidrogênio, por ter maior
disponibilidade comercial, além de ser economicamente mais viável é o composto
mais utilizado nestas reações. Contudo, este é um reagente de epoxidação
nucleofílica e precisa de grupos fortemente retiradores de elétrons na estrutura do
alceno para que reaja de maneira satisfatória (GOTOR et al., 1988). Para suprir este
problema os reagentes do tipo perácidos, ou seja, ácidos carboxílicos que possuem
um grupo peróxido (-OOH) vêm sendo bastante utilizados (WOITISKI et al., 2004),
em especial, o ácido meta-cloroperbenzóico (mCPBA) (Figura 5) é um dos
compostos mais utilizados na síntese de epóxidos devido a sua maior estabilidade e
eletrofilicidade.
Figura 5- Estrutura química do mCPBA
Fonte: Bisol, 2011
A reação de epoxidação com mCPBA ocorre através de um mecanismo
concertado (Esquema 4), ou seja, a ligação dupla é quebrada ao mesmo tempo em
31
que a ligação C-O do epóxido é formada (BISOL, 2011), formando epóxidos com
estereoquímica relativa sin.
Esquema 4- Mecanismo de epoxidação de alcenos
Fonte: Bisol, 2011
1.9 Reações de epoxidação com monoterpenos
Reações de epoxidação com monoterpenos obtidos de produtos naturais
utilizando peróxido de hidrogênio como oxidante na presença de catalisadores
metálicos são bastante descritas na literatura (RUDLER et al., 1998, FERREIRA
et al., 2011, CAPAPÉ et al., 2008, FERREIRA et al., 2001; KUHN et al., 1999,
ROMÃO et al., 1997, NABAVIZADEH 2005; WINBERG, 1978, OLIVEIRA et al.,
2009). Em todos os exemplos o maior problema associado é sempre a baixa
seletividade da reação, sendo observada a formação de diversos produtos de
epoxidação e/ou oxidação. Por exemplo, na epoxidação do limoneno é
frequentemente relatada a produção de uma mistura contendo: óxido de 1-2
limoneno, dióxido dipentano, entre outros produtos secundários como o óxido de
limoneno e os dióis correspondentes dos epóxidos formados (Figura 6).
Figura 6- Possibilidades de produtos da epoxidação do limoneno
Fonte:MICHEL, 2012.
32
2 MYRACRODRUON URUNDEUVA
Myracrodruon urundeuva (Figura 7) é uma planta medicinal da família
Anacardiaceae, conhecida popularmente como aroeira, aroeira do sertão ou
araroeira. É limitada à América do Sul e no Brasil é encontrada mais comumente no
semi-árido nordestino, na vegetação da caatinga e do cerrado. É uma planta
caducifólia, heliófita e seletivamente xerófila. É uma árvore de grande porte,
chegando a medir mais de 6,5 m de altura (LORENZI; MATOS, 2002). Segundo
SOUZA e colaboradores (2007) a casca do seu caule tem uso ginecológico
difundido, em especial como medicação pós-parto, devido às propriedades
analgésicas e anti-inflamatória desta planta medicinal. Já SCHOFIELD; PELL, 2001,
afirmam que a presença de taninos protege a planta de sua degradação natural e as
chalconas diméricas contribuem para sua aplicação medicinal.
Figura 7- Fotografia de aroeira do sertão em seu habitat natural na localidade de Araruna-PB
Fonte: Autor, 2015
Antioxidantes naturais, encontrados na aroeira, como fenóis, flavonóides e
taninos estão sendo pesquisados em ciências médicas, devido a sua eficácia na
redução de danos oxidativos causado por radicais livres, que podem ocasionar
lesões no DNA, câncer, envelhecimento e inflamações (GUPTA; CHARMA, 2006).
33
Compostos fenólicos são metabólitos secundários eficazes na defesa da
planta contra predadores, atração de polinizadores e proteção contra raios UV
(BRAVO, 1998; PARR; BOLWEEL, 2000). Esses compostos são constituídos de
fenóis na sua estrutura básica, sendo diferente dos taninos, que compreendem
diversas classes (KING; YOUNG, 1999).
Pela primeira vez foi demonstrado por Calou et al., 2014 que Myracrodruon
Urundeuva tem propriedades neuroprotetoras, devido a conter as frações de
chalconas pertencente à classe dos flavonóides na casca do seu caule, que são
encontrados em diversas plantas (JÚNIOR; OLIVEIRA; MAIA et al., 2009). A fração
de chalcona isolada de Myracrodruon Urundeuva mostrou-se eficaz na doença de
Parkinson em testes com ratos, através da morte celular neuronal de 6-OHDA
(Figura 8) que foi induzida nas células dos ratos. O 6-OHDA foi o primeiro
dopaminérgico descoberto e empregue amplamente em modelos in vivo e in vitro.
Ele age induzindo a neurotoxicidade, sendo seletivo para estas células (LUTHMAN
et al., 1989, HERNANDÉZ et al., 2004).
Figura 8- Dopaminérgico 6-Hidróxidopamina
Fonte: Autor, 2015
Em um estudo feito para regredir a proliferação do mosquito da dengue (A.
aegypti), lectinas foram avaliadas como substâncias biodegradáveis (COELHO et al.
2009, SÁ et al 2009). Com o aumento de pessoas infectadas com o vírus da dengue,
é necessário fazer cessar a reprodução do mosquito, com inseticidas adequadas ao
ambiente (Organização mundial de saúde 2009). Segundo SÁ et al., 2008, lectinas
isoladas do cerne e casca de M. urundeuva demostram atividades inseticidas.
Muitas plantas são constituídas de lectinas, que são proteínas hemaglutinantes
(SANTOS et al., 2005). CHENG et al., 2003 demonstra que os óleos essenciais de
plantas são avaliados para uma possível aplicação inseticida.
34
Segundo MENEZES (1986), extratos hidroalcoólicos da casca do caule de M.
urundeuva são eficazes em tratamentos anti-inflamatórios, por inflamações agudas e
semi-agudas. Os extratos hidroalcoólicos também são eficientes na proteção
hepática, úlcera e diarréia (MORAIS et al., 1999). Chalconas e hidrochalconas
isoladas de Myracrodruon Urundeuva pertencente à classe dos flavonoides
revelaram atividades antioxidantes eficientes no tratamento de hematomas,
sangramentos e hemorragias nasais, mostraram-se eficazes também no
sangramento menstrual anormal, efeito anti-inflamatório devido à ação dos
flavonóides, que agem impedindo a ação de enzimas que promovem alguns
sintomas como dores de cabeça, erupções cutâneas e dores nas articulações
(ZUANAZZI, 1999).
35
3 OBJETIVOS
O objetivo central do presente trabalho consiste na caracterização química dos
oléos essenciais de dois espécimens de Myracrodruon urundeuva coletada em
Araruna-PB e realização de testes antimicrobianos.
Testar metodologia para modificação estrutural de monoterpenos.
3.1 Objetivos específicos:
Extração do óleo essencial de M. urundeuva por hidrodestilação.
Caracterização do óleo essencial por CG/EM.
Caracterização do quimiotipocis--Ocimeno por RMN 1H.
Liofilização do chá da aroeira.
Preparação de derivados monoterpênicos via reação de epoxidação com o
reagente quimiotipo cis--Ocimeno.
Testes antimicrobianos com as bactérias Eschecheria coli e Staphylococus
aureus
36
4 EXPERIMENTAL
4.1 Material botânico
As folhas frescas de Myracrodruon Urundeuva foram coletadas,no estado da
Paraíba, mais precisamente na localidade de Araruna no parque Estadual da Pedra
da Boca. A identificação foi realizada por comparação com a exsicata (No. 48904)
depositada no Herbário Prisco Bezerra(EAC) do Departamento de Biologia da
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza , Ceará,Brasil.
4.2 Extração do óleo essencial de Aroeira
O método de extração utilizado neste trabalho foi a Hidrodestilação. Foram
realizadas 3 extrações das folhas frescas de aroeira (Myracrodruon Urundeuva), a
primeira contendo 200 g, a segunda 300 g e a terceira 400 g. A cada extração as
folhas foram adicionadas em um balão de destilação com a adição de 1 L de água
destilada e aquecido em uma manta, as folhas ficaram completamente mergulhadas
na água. Em seguida, o balão foi acoplado ao aparelho tipo Clevenger modificado
por Gottlieb (Figura 9) (GOTTLIEB; MAGALHÃES, 1960). A extração ocorreu
durante 2 horas após a água entrar em ebulição. Ao final da extração o óleo foi
coletado com uma pipeta e tratado com clorofórmio (CHCl3). Para purificar o óleo de
resíduos de água, foi adicionado o sulfato de sódio anidro (Na2SO4), um agente
dessecante, e depois ocorreu a filtração com algodão e uma micropipeta. O óleo foi
armazenado na geladeira, e posteriormente analisado pela técnica de cromatografia
gasosa acoplada à espectroscopia de massa (CG/EM) para identificação e
quantificação dos constituintes.
Figura 9- Aparelho de Clevenger com o óleo essencial obtido
Fonte: Autor, 2015
37
4.3 Reação de epoxidação do óleo essencial quimiotipo cis--ocimeno com
mCPBA
Inicialmente foi feito o teste de reação, com a metodologia descrita (Figura
10) por MAJETICK, 2003.
Figura 10- Condições experimentais de epoxidação do cis--ocimeno
Fonte: MAJETICK, 2003
Em um balão de fundo redondo foram adicionados cis--ocimeno (0,2 mmol,
27 mg) e CH2Cl2 (2 mL). A esta solução foi adicionada o mCPBA (0,3 mmol, 56 mg,
1,5 equiv). A reação foi mantida sob agitação à 0ºC (banho de gelo) por 5 minutos.
Após este tempo, foi feita uma análise por CCD, usando como eluente
hexano/acetato de etila (3:1). A análise de CCD mostrou que não houve consumo do
material de partida e a reação foi aquecida para a temperatura ambiente e agitada
por 1 h. Novamente, a análise de CCD revelou que o cis--ocimeno não reagiu. Para
forçar a reação a ocorrer, foi adicionado m-CPBA (0,3 mmol, 56 mg, 1,5 equiv.) e
após 1 h foi, enfim, constatado que houve consumo do reagente, evidenciando a
necessidade do uso de mCPBA em grande excesso.
Baseado nestes resultados, uma nova reação de epoxidação foi realizada, em
uma escala maior e com 3 equivalentes de m-CPBA.
Em um balão de fundo redondo foram adicionados cis--ocimeno (2 mmol,
272 mg) e CH2Cl2 (40 mL). A esta solução foi adicionada o m-CPBA (6 mmol, 1,7 g,
3,0 equiv). A reação foi mantida por agitação por 1 hora e o material de partida foi
totalmente consumido como evidenciado por análise de CCD. A reação foi
transferida para um funil de separação, onde foram adicionados 20 ml de H2O e 10
ml de CH2Cl2, as fases orgânicas foi separada e a fase aquosa extraída com CH2Cl2
novamente. A fase aquosa foi descartada. As fases orgânicas combinadas foram
38
secas (Na2SO4), filtradas (filtração simples com papel de filtro e funil de vidro) e o
solvente evaporado no rota evaporador. O produto bruto, obtido como um sólido
branco foi coletado com uma espátula e armazenado em recipiente adequado para
posteriormente passar por testes antimicrobianos e caracterização química.
4.4 Análise do óleo essencial, análise produto de reação de epoxidação do cis-
-ocimeno por CG/EM eanálise do cis--ocimeno por RMN 1H
Os óleos essenciais foram submetidos a análises qualitativas por
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e Cromatografia Gasosa acoplada a
Espectrometria de Massa (CG-EM), e análises quantitativas por Cromatografia
Gasosa com Detector de Ionização de Chama (CG-DIC).
As análises foram realizadas em CG-EM da marca Shimadzu, modelo GCMS-
QP2010 Plus. As análises foram realizadas em coluna capilar RTx-5 (30 m x 0,25
mm e espessura de filme 0,25µm), sendo utilizado hélio (He) como gás de arraste,
em fluxo de 1,0 mL/min. A injeção em modo splitless foi realizada com injetor a 220
ºC. A temperatura da fonte de íons e da interface foi de 240 ºC. O forno foi
programado para uma temperatura de 60 ºC, com posterior incremento de 3 ºC/min
até 240 ºC.
Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de Próton (RMN 1H) foram
obtidos em espectrômetros Bruker, modelo Avance DRX-500, foram aplicadas
frequências de 300 MHz.
A quantificação dos constituintes dos óleos essenciais foi realizada em
cromatógrafo gasoso da marca Shimadzu, modelo GC-2010-FID. As análises foram
realizadas em coluna capilar RTx-5 (30 m x 0,25 mm e espessura de filme 0,25 µm),
sendo utilizado hidrogênio (H) como gás de arraste, em fluxo de 1,0 mL/min. A
injeção em modo splitless foi realizada com injetor a 200 ºC. A temperatura do
detector foi de 230 ºC e o forno foi programado para uma temperatura de 60 ºC, com
posterior incremento de 3 ºC/min até 240 ºC.
39
4.5 Purificação da reação de epoxidação do cis--ocimeno
Devido a utilização do mCPBA em excesso, o reagente ficou misturado com o
produto, impedindo assim a caracterização, sendo necessário uma purificação por
cromatografia em coluna, utilizando uma sephadex LH-20, com eluente metanol. As
frações foram coletadas e colocadas no banho de areia com aquecimento de 100ºC
durante 24 horas para a secagem do solvente. Foram analisadas 3 frações por CCD,
utilizando como eluente o hexano/acetato de etila na proporção 3:1.
4.6 Testes antimicrobianos com as bactérias Eschecheria coli e
Sthaphylococus aureus do óleo essencial de aroeira, cis--ocimeno, chá
liofilizado da aroeira e do produto de reação de epoxidação do cis--ocimeno
Os testes microbiológicos foram realizados no laboratório de ensaios
Imunológicos, Antimicrobianos, e de Citoxicidade/ DMP/CB/UFRN. As amostras
foram codificadas em 1- Liofilizado (chá das folhas de M. urundeuva) – 94mg/ml, 2-
Ocimeno (óleo M. urundeuva) – 822mg/ml, 3-Óleo de M. urundeuva – 208mg/ml, 4-
Epoxi (produto de reação de epoxidação do ocimeno) – 22mg/ml. As amostras foram
testadas com as bactérias Eschecheria coli ATCC 25922 – Bactéria Gram-negativa
e Staphylococcus aureus ATCC 25923 – Bactéria Gram-positiva. A metodologia
utilizada para a obtenção da concentração Inibitória mínima (CIM) foi o teste de
microdiluição em caldo- Mueller hinton (MH), 2X concentrado e para a obtenção da
concentração bactericida mínima (CBM) foi utilizado o método de semeio em spot
em ágar BHI. Em todos os testes a metodologia utilizada foi realizada em triplicata.
O solvente utilizado para diluir as amostras foi o DMSO.
40
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os constituintes voláteis das folhas de dois espécimens de M. urundeuva
foram analisados. Os óleos essenciais foram obtidos por hidrodestilação em
aparelho doseador do tipo Clevenger, modificado por Gottlieb (GOTTLIEB;
MAGALHÃES, 1960). O rendimento do óleo foi calculado de acordo com a
Farmacopeia brasileira (1988). A análise qualitativa dos seus constituintes químicos
foi realizada por cromatografia gás-líquido acoplada a espectrometria de massas
(CG/EM) e RMN. A identificação dos compostos presentes nestes óleos foi realizada
pela análise de seus espectros de massas, comparação com dados de espectroteca
padrão (banco de dados), combinada com os tempos de retenção e os índices de
Kovats (ADAMS, 2001; CRAVEIRO et al., 1984).
5.1 Rendimento do óleo essencial
De acordo com a Farmacopeia brasileira, o rendimento de um óleo essencial
é calculado em % volume/massa, ou seja, volume (ml) do óleo por massa (g) do
material vegetal seco. Foram realizadas 3 extrações, a 1ª e a 2ª de um espécime e a
3ª de outro indivíduo (Tabela 1).
Tabela 1: Rendimento do óleo essencial de M. urundeuva
Extração Massa de folha Volume de óleo Rendimento
1ª (OEA1) 200 g 0,3 ml 0,15 %
2ª (OEA2) 300 g 0,5 ml 0,16 %
3ª (OEA3) 400 g 1,0 ml 0,25 %
Fonte: Autor, 2015
Na 1ª e 2ª extração o rendimento do óleo essencial manteve-se quase
constante, aumentando o rendimento apenas na 3ª extração.
5.2 Caracterização química do óleo essencial da aroeira
Comparando-se a constituição dos óleos essenciais das folhas de M.
urundeuva citadas na literatura, observa-se que os óleos têm composição química
semelhante a maioria dos relatos, principalmente quanto a composição majoritária, o
constituinte -3-careno.
41
A composição química minoritária foi determinada pela análise de CG/EM, na
qual os cromatogramas indicam os diferentes constituintes do óleo essencial da
aroeira e cada pico representa um constituinte diferente, tendo assim para cada um
tempo de retenção associado. Através da comparação com o banco de dados
NIST08s.LIB o constituinte é identificado. Abaixo estão apresentados nas Figuras 12
a 34, os espectros de massa, para cada constituinte volátil pertencente às amostras
analisada, assim como a estrutura química correspondente.
Figura 11- Cromatograma CG/EM de OEAS1
42
Tabela 2-Composição do óleo essencial OAS-1
CONSTITUINTES TEOR NO ÓLEO
(%)
TEMPO DE RETENÇÃO
(MIN)
-3-Careno 51.91 10.161
(2E) -3,4,4-Trimetil-5-oxo-2-
Ácido hexanóico 10,13 23,925
5-Isopropenil-2-metil-7-
oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-
ol
12,00 24,690
2-Metilisoborneol 4,79 26,435
2-Metilisoborneol 9,68 26,985
(+) - Ledene 3,38 27,190
Globulol 8,11 29,890
100
Figura 12- Espectro de massa do constituinte -3-careno
43
Figura 13- Espectro de massa do constituinte (2E) -3,4,4-Trimetil-5-oxo-2-Ácido-hexenóico
Figura 14- Espectro de massa do constituinte 5-isoprenil-2-metil-7-oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-ol
Figura 15- Espectro de massa do constituinte 2-metilisoborneol
44
Figura 16- Espectro de massa do constituinte (+) - Ledene
Figura 17- Espectro de massa do constituinte Globulol
45
Tabela 3- Composição do óleo essencial AOS-2
CONSTITUINTES TEOR NO ÓLEO (%) TEMPO DE
RETENÇÃO (MIN)
-3-Careno 54,43 10.164
5,7, octadieno-3-
ol,2,4,4,7-Tetrametil, (E) 11,42 24,015
(2E) -3,4,4-Trimetil-5-
oxo-2-Ácido hexanóico 13,40 24,786
2-Bornanol,2-metil 6,13 26,524
3- (2-Hidroxi-2-
metil-propil) -ciclohex-2-
enona
4,96
26,560
2-Metilisoborneol 9,66 27,148
100
46
Figura 18- Cromatograma CG/EM de OEAS2
Figura 19- Espectro de massa do constituinte 3-careno
47
Figura 20- Espectro de massa do constituinte 5,7, octadieno-3-ol,2,4,4,7-Tetrametil-, (E)
Figura 21- Espectro de massa do constituinte (2E) -3,4,4-Trimetil-5-oxo-2-Ácido-hexenóico
Figura 22- Espectro de massa do 2-Bornanol-2-metil
48
Figura 23- Espectro de massa do constituinte 3- (2-Hidroxi-2-metil-propil) -ciclohex-2-enona
Figura 24- Espectro de massa do constituinte 2-metilisoborneol
49
Tabela 4-Composição do óleo essencial OAS-3
CONSTITUINTES TEOR NO ÓLEO
(%)
TEMPO DE RETENÇÃO
(MIN)
-3-Careno 43,56 10.151
P-cimeno-8-ol 8,24 16,447
P-cimeno-8-ol 6,29 16,591
5-Isopropenil-2-metil-7-
oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-ol 9,38 16,721
4,7-
Metanobenzofurano, 2,2-
oxibis[octahidro-7,8,8- trimetil
3,91 20,933
-Limoneno diepóxido 15,25 26,570
Globulol 6,98 30,021
2,7,10,15,19,23-Hexametil-
tetracosa-2,10,14,28,22-
pentaeno-6,7-diol
3,41 36,154
4,4,8-
Trimetiltriciclo[6.3.1.0(15) ]
dodecano-2,9-diol
2,97 37,189
100
50
Figura 25- Cromatograma CG/EM de OEAS3
Figura 26- Espectro de massa do constituinte-3-careno
51
Figura 27- Espectro de massa do constituinte p-cimeno-8-ol
Figura 28- Espectro de massa do constituinte p-cimeno-8-ol
Figura 29- Espectro de massa do constituinte 5-isoprenil-2-metil-7-oxabiciclo [4.1.0] heptan-2-ol
52
Figura 30- Espectro de massa do constituinte 4,7-Metanobenzofurano,2,2´-oxibis [octahidro- 7,8,8- trimetil]
Figura 31- Espectro de massa do constituinte -Limoneno diepóxido
Figura 32- Espectro de massa do constituinte Globulol
53
Figura 33-Espectro de massa do constituinte 2,7,10,15,19,23- Hexametil-tetracosa-2,10,14,18,22-pentaeno-
6,7-diol
Figura 34- Espectro de massa do constituinte [6.3.1.0(15) ] dodecano-2,9-diol
De acordo com as análises cromatográficas do óleo essencial de aroeira, o
constituinte majoritário é o monoterpeno -3careno, que de acordo com pesquisas
anteriores, é um dos constituintes majoritários do óleo essencial da aroeira. Os
outros monoterpenos constituintes apresentaram-se em menor proporção como o 5-
Isopropenil-2-metil-7-oxabiciclo[4.1.0] heptano-2-ol que é um álcool monoterpênico;
e o alfa-limoneno-diepóxido, um monoterpeno epoxidado. Depois dos
monoterpenos, os constituintes mais presentes nos óleos essências são os
sesquiterpenos, que foram identificados na análise como o (+) – Ledene, um
monoterpeno constituído de apenas carbono e hidrogênio e o Globulol, um álcool
sesquiterpênico, o 4,4,8-Trimetiltriciclo[6.3.1.0(15) ]dodecano-2,9-diol, um álcool
sesquiterpênico, o 2,7,10,15,19,23-Hexametil-tetracosa-2,10,14,28,22-pentaeno-6,7-
54
diol, o único álcool triterpênico.
Os constituintes não terpênicos foram o 2-metilisoborneol, um álcool bicíclico
derivado de borneol; o (2E) -3,4,4-Trimetil-5-oxo-2-Ácido hexanóico, um ácido
carboxílico; 2-Bornanol,2-metil, derivado do borneol; 3- (2-Hidroxy-2-metil-propil) -
ciclohex-2-enona, uma cetona; p-cimeno-8-ol, um álcool aromático.
Conclui-se que os constituintes presentes na extração em triplicata do óleo
essencial de aroeira são os monoterpenos, sesquiterpenos, triterpenos, álcoois,
ácido carboxílico e cetonas. Embora a classe de fenilpropanóides constituírem os
óleos voláteis, não foram identificados no óleo essencial da aroeira.
5.3 Reação de derivatização do cis--ocimeno
O cis--ocimeno utilizado para derivatização foi extraído anteriormente de um
espécimen de M. urundeuva, coletada no jardim botânico de Porto Alegre (Rio
Grande do Sul). Este constituinte foi selecionado inicialmente para o teste de
reatividade em reações de epoxidação, devido sua estrutura ser simples e de fácil
obtenção.
5.3.1- Caracterização do material de partida cis--ocimeno por RMN 1H
Foi realizada a análise por RMN 1H para verificar o grau de pureza do
reagente. O espectro de RMN 1H (Figura 36) do cis--ocimeno (300 MHz, CDCl3)
(Figura 35), apresentou sinais característicos de esqueleto terpênico poli-insaturado,
compatível com derivado de geranila, devido aos sinais de hidrogênios olefínicos em
δ 5,12 (H3, t, J = 6,9 Hz), 5,36 (H5, t, J = 7,0 Hz) e 6,81 (H1, d-d, J = 16,0 e 10,5 Hz)
e de hidrogênios vinílicos diastereotópicos em δ 5,12 (H6, d, J = 10,0 Hz) e 5,22 (H6,
d, J = 16,0 Hz). Foram observados também os sinais referentes aos hidrogênios
metilênicos em δ 2,86(H4, t, J = 7,0 Hz) e as três metilas em δ 1,83 (H8, s),1,71 (H10,
s), e 1,65 (H9, s).
Além da estrutura molecular, a estereoquímica dos componentes dos óleos
essenciais determina, notavelmente, o tipo de resposta olfativa provocada pelos
compostos. Os isômeros geométricos cis/trans são em muitos casos prontamente
distinguidos tanto no que se refere à qualidade quanto à intensidade do odor
(ROBBERS et al.,1997). A diferença entre o trans e cis--ocimeno é observada pela
55
diferença no deslocamento químico de H-1, que é 6,39 e 6,82, respectivamente, este
dado também pode ser observado no espectro a seguir, que contem cis--ocimeno
como constituinte majoritário e trans como impureza.
Figura 35- Estrutura química do cis--ocimeno
Fonte: Autor, 2015
Figura36- Espectro de RMN 1H do cis--Ocimeno (CDCl3, 300 MHz)
1
2
3
4
5
6
78 9
10
- ocimeno
56
5.4 Caracterização do produto de reação de epoxidição do cis--ocimeno por
CG/EM
A análise do produto reacional foi realizada por cromatografia gás-líquido
acoplada a espectrometria de massas (CG/EM), que indicou a formação do
composto 4- (3,3-dimetiloxiran-2-il) -2- (oxiran-2-il) butan-2-ol (Figura 37), do ácido
para clorobenzóico, que é um subproduto clássico desta reação e outro produto não
elucidado.
Figura 37- Formação do produto 4- (3,3-dimetiloxiran-2-il) -2- (oxiran-2-il) butan-2-ol
O O
OHmCPBA (exc.)
Fonte: Autor, 2015
Figura 38-Cromatograma da reação de epoxidação do cis--ocimeno
57
Figura 39- Espectro do constituinte 4- (3,3-dimetiloxiran-2-il) -2- (oxiran-2-il) butan-2-ol
Figura 40- Espectro do constituinte não elucidado da reação de epoxidação do cis--ocimeno
5.5 Testes antimicrobianos com as bactérias Sthaphylococus aureus e
Eschecheria coli do óleo essencial de aroeira, cis--ocimeno, chá liofilizado da
aroeira e do produto de reação de epoxidação do cis--ocimeno
O extrato aquoso liofilizado das folhas (A), o óleo essencial quimiotipo cis--
ocimeno (B), o óleo de essencial quimiotipo -3-careno (C) e o produto de reação de
epoxidação (D), obtidas de M. urundeuva, foram investigadas acerca de suas
atividades microbiológicas sobre as bactérias Eschecheria coli ATCC 25922
(Gram-negativa) e Staphylococcus aureus ATCC 25923 (Gram-positiva) (Tabela
5). Os resultados de CI50 demonstraram que para S. aureus, o extrato liofilizado das
folhas de M. urundeuva (A) teve apenas efeito bacteriostático, ou seja, apenas inibiu
58
a bactéria, no entanto não teve ação bactericida. O óleo essencial quimiotipo -
ocimeno (B), matou a bactéria (bactericida) até a conc. de 0,8 mg/ml. No entanto,
em 0,4 mg/ml, a amostra tem um efeito apenas de inibição (bacteriostático). O óleo
de essencial quimiotipo -3-careno (C) na concentração testada (104mg/ml), tanto
inibiu quanto matou a bactéria. O produto de reação de epoxidação do óleo de M.
urundeuva (D) tanto inibiu, quanto matou a bactéria apenas na concentração
máxima de 22mg/ml.
Já para E. coli o extrato liofilizado das folhas de M. urundeuva (A) também
apresentou apenas efeito bacteriostático e não teve ação bactericida. O óleo
essencial quimiotipo -ocimeno (B), teve ação bactericida até a concentração de
102,7 mg/mL e ação bacteriostática em 51,3 mg/ml. O óleo de essencial quimiotipo
-3-careno (C) na concentração testada (104mg/ml), tanto inibiu quanto matou a
bactéria. O produto de reação de epoxidação do óleo de M. urundeuva (D)
apresentou apenas ação bacteriostática na concentração de 11 mg/ml.
Tabela 5- Resultados de IC50 em testes microbiológicos
Código da fração
Testada
Linhagens de células (IC50 mg/mL)
Staphylococcus
aureus
Eschecheria coli
A 1,46 23,5
B 0,4 51,3
C 104,0 104,0
D 22,0 11,0
Fonte: Autor, 2015
59
6 CONCLUSÃO
O estudo fitoquímico das folhas de dois espécimes deM. urundeuva permitiu a
obtenção dos óleos essenciais e de um extrato aquoso. A composição química dos
óleos essenciais é constituída basicamente por monoterpenos e sesquiterpenos, e
apresenta um constituinte em maior proporção o monoterpeno -3-careno, sendo
este o quimiotipo mais comum na literartura, o que sugere, que o clima ameno da
região serrana de Araruna não é um fator determinante para a variação
intraespecífica dos constituintes voláteis de aroeira do sertão. As frações obtidas
foram submetidas a testes de atividade microbiológica frente as bactérias
Eschecheria coli e Staphylococcus aureus. O óleo apresentou efeito bacteriostático
e bactericida, mas o extrato liofilizado apresentou apenas efeito bacteriostático e não
teve ação bactericida, o que indica que os monoterpenos são os responsáveis pela
atividade microbiológica testada, já que eles não são encontrados em extratos
aquosos.
Uma amostra de óleo essencial quimiotipo cis--ocimeno foi submetida a
reação de epoxidação, rendendo um produto epoxidado, mas com baixo rendimento
na metodologia testada. Estas frações também foram testadas frente as bactérias E.
coli e S. aureus. O constituinte cis--ocimeno foi mais eficaz contra S. aureus do
que frente à E.coli. Já a amostra epoxidada foi mais eficaz visivelmente contra, a
amostra foi capaz de matar S. aureus na máxima concentração, e não foi capaz de
matar E. coli, que foi apenas inibida.
Este estudo mostrou-se bastante promissor em E. coli, uma vez que
apresentou CIM menor em relação à apresentada contra S. aureus. E instiga
também o desenvolvimento de novas metodologias de oxidação destes óleos, haja
vista que o composto epoxidado teve bons resultados de inibição bacteriana, e
podemos chegar numa metodologia eficaz para produção de compostos oxidados
puros, e em larga escala, para realização de novos testes biológicos.
60
REFERÊNCIAS
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