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 OS MAPAS DA GEOGRAFIA Marcello Martinelli Universidade de São Paulo Departamento de Geografia Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Av. General Cavalcante de Albuquerque, 960 05638 - 010 - SÃO PAULO - SP [email protected] RESUMO A reflexão sobre os mapas da geografia é tema de estudo. Interessa avaliar como, na história da socieda humana se deu, em determinado momento, a produção em franco desenvolvimento de mapas em solicitação da ciênc geográfica. Tivemos que esperar até a segunda metade do século XIX quando, a multiplicidade de fatores de renovação ciência cartográfica se incluiu em um novo contexto intelectual: o homem tornou-se objeto de ciência, passando a solicit sua representação, seja em respeito à sua distribuição na Terra, como em relação às suas atividades, constituindo-se num etapa histórica e epistemológica essencial na lucubração dos mapas da geografia. ABSTRACT The reflection about geography maps is a study theme. It is important to evaluate how, in the human socie story was done, in certain moment, the great maps production in response to geographic science request. We had to wait the second half of the eighteen century when the cartographic science renovation fact multiplicity was included in a new intellectual context: men was turned science object, soliciting his representation, as respect to his Earth distribution, as in relation to his activities, constituting a historical and epistemological stage in t geography maps lucubrating. Uma reflexão sobre a história social da cartografia e nesta a da cartografia temática nos fornece as  bases metodológicas seguras para um trabalho consistente no domínio dos mapas da geografia. Quando falamos em mapas, imediatamente os associamos à geografia. É um aspecto eminentemente cultural. Os mapas, portanto, representariam a geografia, o que é geográfico, eles seriam a própria geografia. Sinônimos.  Neste sentido, podemos verificar que os mapas sempre surgem como representações simbólicas da geografia. Isto parece se confirmar mais ainda em nossos dias. Organizações geográficas, eventos de geografia, instituições científicas ligadas à geografia, até mesmo empresas que lidam com intercâmbios comerciais entre as várias partes do mundo e operadoras de turismo marca sua presença mediante tal símbolo nos seus logotipo Tudo o que é geografia, em geral, tem como logoti  básico um planisfério  ou globo terrestre, mesmo que n se reflita ou discuta nada sobre mapas, nem acerca de s conteúdo político, ideológico, temático. Ademais, a geografia sempre se confundiu co os mapas. Na verdade, fazer geografia era fazer map Isto fica bem claro antes do final do século XIX, antes geografia se confirmar como discurso cultural univer (Lacoste, 1976).  Porém, os mapas surgiram há muito tempo. N albores de sua existência, o homem gravara em pedra em argila, pintara em pele de animais ou armara e estruturas diversas o seu lugar, o s

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OS MAPAS DA GEOGRAFIA

Marcello Martinelli Universidade de São Paulo

Departamento de Geografia

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências HumanasAv. General Cavalcante de Albuquerque, 96005638 - 010 - SÃO PAULO - SP

[email protected]  

RESUMO

A reflexão sobre os mapas da geografia é tema de estudo. Interessa avaliar como, na história da sociedahumana se deu, em determinado momento, a produção em franco desenvolvimento de mapas em solicitação da ciêncgeográfica.

Tivemos que esperar até a segunda metade do século XIX quando, a multiplicidade de fatores de renovação ciência cartográfica se incluiu em um novo contexto intelectual: o homem tornou-se objeto de ciência, passando a solicitsua representação, seja em respeito à sua distribuição na Terra, como em relação às suas atividades, constituindo-se numetapa histórica e epistemológica essencial na lucubração dos mapas da geografia.

ABSTRACT

The reflection about geography maps is a study theme. It is important to evaluate how, in the human sociestory was done, in certain moment, the great maps production in response to geographic science request.

We had to wait the second half of the eighteen century when the cartographic science renovation factmultiplicity was included in a new intellectual context: men was turned science object, soliciting his representation, as

respect to his Earth distribution, as in relation to his activities, constituting a historical and epistemological stage in tgeography maps lucubrating. 

Uma reflexão sobre a história social dacartografia e nesta a da cartografia temática nos fornece as

 bases metodológicas seguras para um trabalho consistenteno domínio dos mapas da geografia.

Quando falamos em mapas, imediatamente osassociamos à geografia. É um aspecto eminentementecultural. Os mapas, portanto, representariam a geografia, o

que é geográfico, eles seriam a própria geografia.Sinônimos.

  Neste sentido, podemos verificar que os mapassempre surgem como representações simbólicas dageografia. Isto parece se confirmar mais ainda em nossosdias. Organizações geográficas, eventos de geografia,instituições científicas ligadas à geografia, até mesmoempresas que lidam com intercâmbios comerciais entre as

várias partes do mundo e operadoras de turismo marcasua presença mediante tal símbolo nos seus logotipoTudo o que é geografia, em geral, tem como logoti

 básico um planisfério ou globo terrestre, mesmo que nse reflita ou discuta nada sobre mapas, nem acerca de sconteúdo político, ideológico, temático.

Ademais, a geografia sempre se confundiu co

os mapas. Na verdade, fazer geografia era fazer mapIsto fica bem claro antes do final do século XIX, antes geografia se confirmar como discurso cultural univer(Lacoste, 1976). 

Porém, os mapas surgiram há muito tempo. Nalbores de sua existência, o homem gravara em pedra em argila, pintara em pele de animais ou armara eestruturas diversas o seu lugar, o s

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ambiente e suas atividades. Ao fazer isto não sórepresentava a prática de suas relações espaciais, em terraou mar, como também expunha o conteúdo das relaçõessociais de sua comunidade (Kish, 1980).

Os desenhos ou estruturas apresentavam desdeentão uma forma original de interpretação acerca de seusterritórios ou domínios em mares, sempre servindo parasatisfazer necessidades que foram surgindo nas condiçõesdo trabalho humano, para demarcar vias de comunicação,definir lugares de ação e defesa, e outros (Salichtchev,1979)

Entretanto, a finalidade mais marcante em toda ahistória dos mapas, desde o seu início, teria sido aquela deestarem sempre voltados à prática, principalmente aserviço da dominação, do poder. Sempre registraram oque mais interessava a uma minoria, fato este que acabou

estimulando o incessante aperfeiçoamento deles.

A apreensão do espaço e a elaboração deestruturas abstratas para representá-lo sempre marcaram avida em sociedade dos homens. Este afã constanteacompanhou o empenho humano em satisfazer tambémexigências que foram surgindo nas condições de trabalho.

Os mapas, junto a qualquer cultura, sempreforam, são e serão formas de saber socialmenteconstruído; portanto, uma forma manipulada do saber.São imagens carregadas de julgamentos de valor. Não hánada de inerte e passivo em seus registros. (Harley, 1988).

Como linguagem, os mapas conjugam-se com a  prática histórica, podendo revelar diferentes visões demundo. Carregam, outrossim, um simbolismo que podeestar associado ao conteúdo neles representado.Constituem um saber que é produto social, ficandoatrelados ao processo de poder, vinculados ao exercícioda propaganda, da vigilância, detendo influência políticasobre a sociedade. (Harley, 1988) (Gould e Bailly, 1995).

Para a geografia, os mapas sempre a têm servidodesde a Antiguidade Clássica, junto ao pensamento grego,

 pois foi o responsável pela emancipação das lucubrações

acerca desta área do saber. Podemos constatar esta viva presença em Cláudio Ptolomeu, que escreveu um Tratadode Geografia, no qual incluía uma coletânea de mapas, aomodo de atlas, com um mapa-múndi e vinte e seisrepresentações elaboradas com dados do mundoconhecido da época.

O grande avanço da cartografia se deu centradona Europa, estando relacionado com o Renascimento

(séculos XIV e XVI), época que começaram a surgrelações capitalistas. Com a intensificação do comércentre Oriente e o Ocidente, exigindo o desenvolvimenda navegação, houve grande ímpeto na necessidade mapas, bem como a criação de meios para a respectivorientação - a bússola. Confirmaram-se os Portulanomapas para navegar, estabelecidos desde o fim da idadmédia, agora, já bastante corretos, porém, tendo em vdos atuais paralelos e meridianos uma rede de rosas-doventos entrelaçadas.

A invenção da imprensa foi um marco culturdo século XV que teve grande influência no progresso cartografia, porquanto possibilitou a fácil reprodução mapas, barateando seu custo unitário, permitindo maidifusão. Pode-se perceber, assim, a passagem do mapregistro, do mapa memória, para o mapa mercadoria. Poutro lado, o fato de reproduzir mapas por impressãreduzindo os erros dos copistas, desencadeou ummarcante revolução nesta atividade. Estabeleceu-se assima cartografia como ofício, dando-lhe nova definiçãexposição gráfica da informação geográfica. (Kish, 1980

Outro grande impulso à cartografia foi dad  pelos grandes descobrimentos (séc. XV e XVI). interesses pela expansão do mercantilismo europengendraram enorme revolução espacial. As novas rotmarítimas acabaram por motivar uma articulação entre várias partes do mundo de então. Desta feita, povos outros continentes tornaram-se submissos ao modo

  produção da burguesia européia. Navegacolonizadores e comerciantes exigiam mapas cada vmais corretos. A busca crescente de mapas para registrarmundo inteiro, bem como a procura de novos tipos representações para questões especificas forçaram entrada da cartografia na manufatura, passo decisivo paela integrar o processo capitalista de produção. Os mapconfirmaram-se como armas do imperialism

 promovendo a política colonial.

  Na seqüência, um significativo avanço cartografia foi dado no século XVIII, com a instituição academias científicas, marcando assim o início da ciênccartográfica moderna. Grandes inovações foram propost

 pelo astrônomo francês Cesar-François Cassini de Thu(1714/1784), que elaborou a primeira série sistemática mapas topográficos para a França.

Entretanto, o maior impulso imprimido amapeamentos, como apoio aos novos conhecimentos, dá com o avanço do imperialismo, no fim do século XIXCada potência necessitaria de um inventário cartográfi

  preciso para as novas incursões exploratóincorporando assim, também esta ciência, às su

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investidas espoliativas nas áreas de dominação. (Palsky,1984).

Contribuiu também para isto, o florescimento esistematização dos diferentes ramos de estudos operadoscom a divisão do trabalho científico, no fim do século

XVIII e início do século XIX, fazendo com que sedesenvolvesse, mediante acréscimos sucessivos, outrotipo de cartografia, a Cartografia temática, domínio dosmapas temáticos.

Esta crescente vocação emergente da cartografiaem busca de uma especialização vai se operando comuma gradativa libertação do registro eminentementeanalógico, passando a considerar temas que

  paulatinamente se adicionam à topografia. Esta novaconstrução mental na cartografia fica evidente com a

 preocupação do mapeamento do uso da terra e coberturado solo: o mapa topográfico vai sendo enriquecido com

acréscimos temáticos. (Robinson, 1982).

Outro exemplo também significativo deste novoencaminhamento é dado pelos mapas mineralógicos doséculo XVIII, como o Mapa mineralógico de Buache,datado de 1746. Símbolos acerca das informações dosubsolo são superpostos à base cartográfica além decontar como o registro das ocorrências geológicas emmanifestação zonal, para faixas arenosas, marnosas existosas.

Com a afirmação da cartografia temática, já em  pleno século XIX, provinda de um amadurecimento

 progressivo desde os séculos XVII e XVIII e aglutinando,também, as representações quantitativas, romperam-se osesquemas clássicos de mapeamento cristalizados desde oRenascimento voltados essencialmente aos registrosgerais topográficos e hidrográficos.

O desenvolvimento da cartografia temática tevemuito a ver com o avanço do raciocínio abstrato humano.Um momento inicial, extremamente excepcional foi o daconcepção da Terra como esférica feita por Aristóteles.Outro, pode ser considerado aquele que induziu arepresentar fenômenos geográficos mediante o arranjo designos no espaço bidimensional de um suporte. (Robinson

, 1982).

Entretanto, apesar de todo este progresso, antesdo fim do século XVIII a cartografia temática ignoravarepresentar os fenômenos econômicos ou demográficos,muito menos se preocupava com a dimensão quantitativa

  junto às ciências do homem, como a geografia. Istoaconteceu com atraso, permitindo que somente após 1820se consolidassem as representações quantitativas dasociedade.

É exatamente nesta época, início do século XIXque podemos assistir à sistematização do conhecimengeográfico, momento em que se somavam determinadcondições históricas em processo de consolidaçãcristalizando-se na emancipação e domínio das relaçõcapitalistas de produção. (Moraes, 1981).

O aprimoramento da cartografia, além de outr  pressupostos, teve forte participação na consolidação Geografia. A navegação, a economia global de então,exploração dos territórios coloniais, a possibilidade representação dos fenômenos observados e a próprimprensa colaboraram para esta efetivação.

É no século XIX que eclode a geografia, sendque para tanto, contribuíram Humboldt e Ritter.

  primeiro, com uma geografia da natureza e o segundcom uma geografia regional e antropocêntrica.

Com a geografia Humana de Ratzel, de 188voltada à pesquisa da influência que as condiçõnaturais exerciam sobre a humanidade, mostrava-claramente a possibilidade de os mapas participarem destudos da formação dos territórios, da difusão dhomens – as migrações, as colonizações – da distribuiçãdos povos, incluindo também estudos monográficos dáreas habitadas. Tal autor elaborou suas pesquisas e

  base empírica, legitimando a vontade expansionista Estado alemão recém estruturado. (Moraes, 1981).

  Na França, por volta da década de 1870, VidDe La Blache propõe uma nova visão de geografia a par

de críticas feitas a Ratzel. Centraliza-se na relação home- natureza projetada na paisagem . Na sua obra, a nature passa a ser vista como possibilidades para a ação humanCom seu trabalho - a Geografia Universal - festabelecido o conceito que balizaria a geografia frances- o de região. É uma unidade de análise geográfica qexprimirá a maneira de os homens organizarem o espaçapresentando certa individualidade. Assim, a regi

  passou a ser compreendida como um processo históride organização. É a partir da região que se firma Geografia Regional, forma de estudo que envolmonografias para se chegar a um conhecimento cada vmais profundo da realidade. (Moraes, 1981).

É nesta proposta que vai ser estimulada umampla aplicação da estatística, da estatística gráfica, e

 própria cartografia temática quantitativa. A conclusão d pesquisas geográficas, em geral, era constituída por umcoletânea de mapas temáticos, cada um resumindo ucapítulo. Na superposição destes, encontrar-se-ia síntese, que espelharia a dinâmica da vida regional, dandassim, uma visão global da realidade. (Claval e Wiebe1969)

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A profusão destes estudos motivouespecializações, que através do levantamento deelementos específicos levaram ao estabelecimento devários ramos da geografia: Geografia agrária, Geografiaurbana, Geografia das indústrias, da população, docomércio; cada um deles demandando mapas temáticos

 particulares. (Mores, 1981).

O surgimento de mapas temáticos se processa a partir da transformação dos mapas de difusão restrita emmapas que passam a se constituir num instrumental decompreensão e controle do espaço. Isto se dá consoanteaos progressos sócio-econômicos, políticos e tecnológicosque transformam a Europa das monarquias agráriasnaquela dos estados nação, industrializados, exigindo umacartografia prática, moderna e analítica, capas de colocar às claras os traços complexos e imbricados do espaçonatural e social (Konvitz, 1980).

Mais marcante, ainda, foi o fato de que estesfatores de renovação se incluíam em um novo contextointelectual: o homem tornara-se objeto de ciência,

  passando a solicitar sua representação, seja na suadistribuição como em suas atividades. (Palsky, 1996).

Para Petchenik (1979), baseada na construçãointelectual do espaço, o mapa topográfico traduziria aexperiência de se encontrar num lugar, enquanto que otemático exprimiria o conhecimento a respeito do espaço.

  No primeiro caso, o mapa designa a referência. Nosegundo, indica distribuições, padrões espaciais de umfenômeno. São dois níveis graduais da experiência do

espaço, sendo que o segundo é um estágio dedesenvolvimento cognitivo mais avançado. Entretanto,esta postura teórica deve ser colocada pari-passu a todo o

 processo de desenvolvimento do conhecimento humano.É neste ponto que alguns autores não compartilhaminteiramente destas colocações.

Clutton (1983) dá um passo além. Para ele “omapa temático apresenta uma organização mental doespaço: ela generaliza e reordena as informações além deseus limites originais, para exprimir visualmentevariedades mais abstratas”.

Segundo estas idéias, os mapas temáticos devemexprimir um saber científico coerente, isto é, devemrestituir categorias mentalmente e não visualmenteorganizadas.

Podemos considerar como movimento quedeslanchou a cristalização de uma metodologia para acartografia temática, a apresentação de uma primeiraclassificação dos métodos de representação estabelecidosdurante o século XIX ao Terceiro Congresso

Internacional de Estatística realizado em Viena, em 185idealizado, como outros, por Quételet.

 Nesta comunicação, os métodos de representaçãforam organizados em correspondência às grandcategorias do conhecimento em resposta às questões – “

quê?”, “quanto?”, “onde?” e “quando?” Ela contemplocomo formas de representação, tanto mapas comgráficos, abarcando, além das representações estatísticas demais formas gráficas, inclusive aqueleminentemente topográficas.

Em 1874, Mayr apresenta uma contribuiçfundamental para a clareza da cartografia temática. Eclassifica as representações gráficas distinguindo dforma cristalina aquelas que são feitas mediante gráficdaquelas realizadas através de mapas.

Uma série de inovações seguiu-se até noss

dias. Vários autores, em pleno século XX, como Rimbe(1964, 1968, 1990), Brunet (1967, 1987), Robinson e Sa(1969), Claval e Wieber (1969), Cuenin (1972), Imh(1972), Bertin (1973, 1977), Libault (1975), Bon(1975), Joly (1976), Arnberger (1977), Lawrence (1979Salichtchev (1979, 1984), Muehrcke (1983), Dent (1985Ratajski (1989), Bonin e Bonin (1989), Anson e Ormelin(1993), Béguin e Pumain (1994), Mac Eachren e Tayl(1994), Mac Eachren (1995), Paslawski (1998apresentaram consistentes propostas metodológicaLucubrações mais recentes voltam-se especificamente

 participação da tecnologia computacional nas realizaçõcartográficas de toda espécie.

Temos convicção que, em base a todas contribuições que vieram desde o evento internacional 1857 até a atualidade, podemos assumir uma proposta orientação metodológica com uma estrutura lastreada nseguinte postura: os mapas temáticos podem sconstruídos levando-se em conta vários métodos; cada umais apropriado às características e às formas dmanifestação (em pontos, em linhas, em áreas) dfenômenos da realidade considerados em cada tema, sena abordagem qualitativa, ordenada ou quantitativPodemos empreender também uma apreciação sob

 ponto de vista estático, constituindo a cartografia estátic

ou dinâmico, estruturando a cartografia dinâmicDevemos salientar, ainda, que os fenômenos qucompõem a realidade a ser representada em mapa podeser vislumbrados dentro de um raciocínio analítico ou síntese. Neste sentido teremos, de um lado umcartografia analítica – abordagem dos temas em mapanalíticos, atentando para seus elementos constitutivomesmo que cheguem à exaustão, através de justaposiçõou superposições –, e de outro, uma cartografia de sínte

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  – abordagem temática em mapas de síntese, tendo emvista a fusão dos seus elementos constitutivos em “tipos”.

ESTRUTURA METODOLÓGICA DACARTOGRAFIA TEMÁTICA

RACIOCÍNIO DE ANÁLISE

Apreciação estáticarepresentações qualitativas: pontos, linhas, áreasrepresentações ordenadas: pontos, linhas, áreasrepresentações quantitativas: pontos, linhas,áreas

Apreciação dinâmicaVariações no tempo

- representações qualitativas: pontos,linhas, áreas- representações ordenadas: pontos,linhas, áreas- representações quantitativas: pontos,

linhas, áreasMovimentos no espaço

- representações qualitativas: linhas- representações ordenadas: linhas- representações quantitativas: linhas

RACIOCÍNIO DE SÍNTESE

Apreciação estáticarepresentações qualitativas: pontos, linhas, áreasrepresentações ordenadas: pontos, linhas, áreasrepresentações quantitativas: pontos, linhas,

áreas

Apreciação dinâmicaVariações no tempo- representações qualitativas: pontos,linhas, áreas- representações ordenadas: pontos,linhas, áreas- representações quantitativas: pontos,linhas, áreas

Movimentos no espaço- representações qualitativas: linha- representações ordenadas: linhas- representações quantitativas: linhas

As primeiras formas de representação temáticase confundem com o que a cartografia topográfica jáestabelecera: símbolos pontuais, lineares e zonais parainventariar ocorrências, nas formas seletiva, ordenada,relacionadas com o mundo visível, concreto, fixo edurável que se exibe sobre a superfície da terra. (Cuenin,1972).

Podemos considerar como marco inicial doestabelecimento de métodos para a cartografia temática, o

trabalho realizado por Edmund Halley. Ao fazer o Mapdos ventos oceânicos e das monções, tido como primeimapa temático, em 1686, teria lançado as bases para o qdepois veio se cristalizar como Método dos fluxos. E, compor o Mapa das declinações magnéticas para Oceano Atlântico, em 1701, teria inventado o Métodisarítmico, que traça linhas de igual valor – as isolinha

  Não seriam exatamente mapas da geografia como entendemos hoje, mas tinham a ver com o conhecimenda terra em geral. Este método foi, mais tarde, explorad

  pelo eminente geógrafo alemão Humboldt, estabeleceu em 1817 as isotermas para avaliar o padrão distribuição das temperaturas no globo, iniciando, assima criação de mapas climatológicos, o que favoreceria

  posterior confirmação da climatologia como ciêncAssim, todos os componentes climáticos têm na isaritma certeza de uma consistente visualização.

O Método isarítmico levou também à idealizaçda curva de nível para a representação do relevo. A

  primeiras tentativas para sua concepção foempreendidas há muito tempo, no fim do século XVI, forma de linhas de igual profundidade, para o Rio Spaarndos Países Baixos por Bruinsz, em 1584. Posteriormentforam aplicadas para o Rio Merwede, no mesmo país pCruquius, em 1729.

A representação do relevo por curvas de nívteve início mais precisamente em 1780 com Dupain-Trique publicou um volume sobre a proposta de Du Carla,

  primeiro a sugerir o uso da curva de nível pararepresentação do relevo emerso.

Com a inclusão de cores nas faixas de altitudem 1798, Dupain-Triel publica o primeiro maphipsométrico. Entretanto, foi só na metade do século XIque as curvas de nível se generalizaram na representaçãdo relevo, tendo pronta aplicação nos grandmapeamentos sistemáticos da França.

Podemos perceber que com estas representaçõedá-se claramente o início da ruptura com o mundo visíve a busca da exploração da variação perceptiva eterceira dimensão visual dissociada do espaço em dudimensões intrínseca ao mapa como figura do terren

como é feito na cartografia topográfica.

Por outro lado, outra questão que deve ssalientada é que, a quantificação de uma maneira madecisiva ainda não aparece. Os mapas vão registrar distribuição e a extensão dos lugares habitados, mas seexprimir a ordem de grandeza da sua população. quantificação começa timidamente, apondo ao lugar dígito do número de seus habitantes ou incluindo junaos mapas quadros estatísticos.

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O mapa que introduz pela primeira vez afiguração da grandeza é obra de um anônimo, queconcebeu em 1726 a Carte générale des Sévennes. Não ofez pelo número de pessoas, mas sim, pelo número dehabitações, as quais foram representadas mediantesímbolos iconográficos de valores unitários cumulativos:uma casinha para cada 10 habitações. Sua representação éconsiderada como precursora do Método dos pontos decontagem.

De certa forma, o pioneirismo na invenção de ummétodo quantitativo é devido a Charles de Fourcroy, aocompor o Essai d’une table poléométrique,em 1782. Eleusa quadrados com tamanhos proporcionais pararepresentar e comparar quantitativamente as superfíciesurbanas das cidades da França.

Entretanto, para dar um enorme, seguro edefinitivo salto na metodologia das representações

temáticas com mais atenção à quantificação, teve queentrar em cena o escocês William Playfair. Ele inventoua “aritmética linear” para ilustrar suas obras de 1786 e1801.

Com isto, ele lança as bases para posterioreslucubrações sobre métodos de representação para acartografia temática. Foi de sua idealização os círculos detamanhos proporcionais para representar a extensão de

 países, como gráficos, bem como a divisão do círculo emsetores: o setograma.

A partir deste impulso dado às quantificações

gráficas concretiza-se a primeira proposta para ummétodo de representação quantitativa, o Métodocoroplético.

A moção surge como primeira idealização domapa estatístico. Foi concebido por obra de Dupin em1826. Trata-se do mapa Carte figurative de l’instruction

  populaire de la France. Nele, o autor faz corresponder uma ordem visual – do claro para o escuro – a umaseqüência de dados agrupados em classes significativas deuma série estatística. Com sua invenção temos, pela

  primeira vez, a idéia de representar quantidades por variações visuais dissociadas do significado de

localização das duas dimensões do plano do mapa.

O mais importante a ser ressaltado nesta proposição é o fato dela colocar em evidência a relaçãoentre a instrução popular e o desenvolvimento econômico.A oposição claro-escuro torna-se símbolo, colocandofrente a frente uma França já esclarecida contra umaFrança ainda no obscurantismo. Assim, este mapaconstituiu uma imagem eloqüente em favor da indústria edas doutrinas inglesas de civilização econômica e política.

Esta cartografia temática se associou, desta maneira, adiscurso do capitalismo industrial e liberal emergent(Palsky, 1996).

O Método coroplético encontrou firme aplicaçna Geografia sendo recomendado para valores relativo

com ampla difusão na representação da densidademográfica, tema central da Geografia da PopulaçãOutros valores relativos, como os índices e as taxas sãigualmente apresentados desta forma. Variações relativno tempo encontram, por sua vez, segura representaçãquando se faz corresponder aos agrupamentos de dado

  positivos se opondo aos negativos, duas ordens visuaopostas.

São os trabalhos de Levasseur que vão trazerestatística para a geografia e com ela a representaçestatística, enaltecendo a posição dos mapas temáticquantitativos diante dela. Como principal contribuiç

deste estudioso tem-se a exaltação da noção de densidaddemográfica para a geografia. O “método Levasseuestipula oito classes, quatro acima e quatro abaixo dmédia, representadas mediante duas ordens visuaopostas. Ao trazer a estatística para o estudo demografia, o mesmo autor propõe outras representaçõcoropléticas para números relativos, como a taxa durbanização.

Discípulos de Vidal de La Blache, comEmmanuel de Martonne, com sua Geografia Física e JeBrunhes, com sua Geografia Humana, deram início análises feitas através de mapas temáticos quantitativo

tomando por base as propostas de Levasseur. (Morae1981) (Palsky, 1996).

Outro autor que merece destaque é ElisReclus, que baseado em Minard propos a cartografia densidade demográfica por quadrículas, bem como representação da população urbana por círcul

  proporcionais, que foram aplicados em sua o“Nouvelle géographie universelle”.

Apesar de toda esta euforia com as estatísticauma reflexão crítica teve início, na época, acerca validade dos registros numéricos oficiais. Os geógraf

começaram a perceber que as representações que aproximavam da exatidão das estatísticas eram puramennuméricas, se afastando, portanto, da geografia. A críti

  passava a ser feita sobre o fato de que os númeracabavam substituindo os fenômenos propriamente ditomascarando o conteúdo concreto e social, perdendo-assim o caráter geográfico das pesquisas. (Palsky, 1996)

  Nas primeiras décadas do século XIXinventado o Método dos pontos de contagem por obra d

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Frère de Montizon. O autor o aplica à Carte philosophiquefigurant la population de la France de 1830 para mostrar adistribuição por pontos do efetivo demográfico emvalores absolutos. Os pontos, além de possuírem um valor de localização, se implantados no endereço certo,apresentam um efeito visual convincente. A imagemressaltará o padrão de distribuição. A representaçãoganhou adesão indiscutível por parte da geografia, noestudo da população em particular, daquela dispersa, a

  população rural. Além das populações humanas, estemétodo é aplicado com sucesso às populações de animais,como bovinos, eqüinos, bufalinos, etc. Eles estariam emsuas áreas de pastagem, fornecendo uma imagem clara deuma eventual sobrecarga.

Com a Revolução Industrial consolida-se umacartografia para o estabelecimento das ferrovias, missãodos engenheiros. A representação do relevo por curvas denível ofereceu um rebatimento geométrico perfeito doterreno no plano do mapa. Temos como conseqüência oaparecimento de uma ansiedade pela busca da avaliaçãoda mobilidade dos homens e das mercadorias por estasvias. As redes de circulação constituem um fator básicona geração de riqueza e desenvolvimento. É nestecontexto que Minard propõe uma cartografia econômica,abordado a dinâmica espacial e temporal. Inventa, assim,em 1850 o Método dos fluxos. É a variável visualtamanho, isto é, a largura dos corpos da flechas que vãofazer saltar aos olhos as proporções entre os dadosnuméricos e assim oferecer um instrumental de prontaaplicação nas questões de planejamento. Taisrepresentações refletem a lógica da economia política aorevelar as dinâmicas espaciais e temporais dos

fenômenos. Este método encontrou largo uso em váriossetores científicos, dentre os quais a geografia, que viunele um meio seguro para o entendimento da articulaçãodos sistemas de cidades no espaço regional e nacional.

É bom ressaltar que este método se desenvolveua partir de representações em gráfico, onde todas assecções dos fluxos ao longo de uma rota se distribuíam,com as respectivas ordenadas sobre o eixo das abscissas.

O Método dos fluxos teve forte difusão em todasas áreas da geografia científica e até mesmo da aplicada,mormente no planejamento, quando se impunha anecessidade de visualizar o dinamismo dos movimentos.A busca da síntese regional teve nesta representação umgrande aliado no momento da confecção derepresentações analíticas das relações dinâmicas entrecidades, indicadoras das tipologias de relações espaciais.

Embora a primeira expressão quantitativa por tamanhos proporcionais é creditada a Fourcroy, com seuTableau Poléométrique de 1872 e confirmada por 

Playfair, com seus círculos proporcionais de 1801, ambmanifestações vistas como gráficos, como adiantamos,sua aplicação ao mapa foi levada a efeito pioneiramen

  por Harness e Bollain para a cartografia da populaçentre 1837 e 1844.

Porém, o crédito definitivo da efetivação dMétodo das figuras geométricas proporcionais é dadoMinard em 1851, ao aplicá-lo a fenômenos econômicocomo também à própria contagem da população na surepresentação em mapas.

Mais tarde, em 1855, Minard apresenta umvariante deste método. Explora a representação com divisão do circulo em setores proporcionais a parcelas dtotal, coloridos seletivamente conforme a espécie dcomponentes considerados. Esta proposta acaboconcretizando a aplicação da idéia do setograma Playfair ao mapa.Sem dúvida alguma, é sob o impulso

Minard que se consolida a cartografia quantitativa.

O Método das figuras geométricas proporcionasendo mais recomendado para valores absolutos, tevlarga aceitação entre os estudiosos dos vários setores dGeografia. Com a divisão do círculo proporcionofereceu-se a oportunidade para a representação analítide inúmeras estruturas.

Pela grande difusão do emprego do métodgráfico na estatística confirma-se a estatística gráfica quacabou participando de inúmeros trabalhos no quadinstitucional aplicados à administração pública. Sã

exemplos convincentes os mais variados álbuns dstatistique grafique elaborados no último quartel dséculo XIX, na França, consolidando de vez

  participação de uma cartografia estatística  planejamento.

 No final do século XIX, a cartografia temática munida de um consistente leque de métodos drepresentação extravasa uma restrita aplicação científicatécnica para tornar-se progressivamente um meio educação e de informação geral. Ela passa a ser utilizanos atlas geográficos, nos livros texto de geografia, e amesmo na imprensa, engendrando uma verdadei

revolução cartográfica.

Um único método de representação teve o méride ter sido inventado no século passado. Deveu-se Bertin, que em 1973 o apresentou como solução ide

  para a expressão quantitativa de fenômenos cmanifestação zonal. Mostra uma certa similaridade commétodo dos pontos de contagem idealizado por Montizoem 1830. É o Método da distribuição regular de pontos tamanhos crescentes, que os coloca regularmen

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dispostos em toda a extensão da superfície de ocorrência. Não teve grande difusão como os outros métodos.

Este procedimento leva imediatamente a umadupla percepção: a das densidades, fornecida pela imagem

  binária construída mediante a relação entre o preto dos

 pontos em contraste com o fundo branco do papel, e a dasquantidades, obtidas multiplicando o valor numérico do  ponto pelo número deles existentes no interior de cadaunidade espacial. Tem a grande vantagem de excluir completamente a interferência do tamanho da áreaobservacional. É neste tópico que Bertin defende asupremacia deste método de representação quantitativo

 para fenômenos com ocorrência zonal, sobre os demais jáinventados.

A legenda será dupla. Os tamanhos escolhidoscomo referenciais se reportarão seja às quantidades, sejaàs densidades. Sua exploração é limitada pelo fato de ter 

tido pouca assimilação além de proporcionar uma leituracombinada, encontrando, por conta disto, dificuldades noentendimento pelo público em geral.

A cartografia de síntese tem sido explorada pelaGeografia desde o início de sua sistematização, quandocolocada como ciência empírica, principalmente ao se

  preocupar com a conclusão de trabalhos científicos, noafã de classificar os fatos referentes ao espaço, propondotipologias formais. Esta era obtida a partir de uma análise

  por indução da realidade que se expõe ao domínio dossentidos em seus aspectos visuais, mensuráveis,

 palpáveis.

Como já adiantamos oportunamente, na propostade Vidal de La Blache, da década de 1870, os estudos deGeografia Regional culminariam com uma tipologia, umasíntese, expressão da dinâmica da vida regional.

Para Max Sorre, na década de 1940, numageografia humana vista como desdobramento daconcepção de La Blache, entendida como um Estudo daEcologia Humana, a cartografia era vista comoimprescindível para compor a base de seus estudos. Coma sobreposição de dados da observação, num determinadoespaço tomado na seqüência histórica da formação de

seus elementos, sejam da natureza como da sociedade,compor-se-ia um quadro de situação atual, que ofereceriaum lastro adequado para o estudo de seu funcionamento.

Ainda na geografia dita tradicional, Cholley, nadécada de cinqüenta do século passado, estudaria ascombinações existentes na superfície da terra, onde osmapas, sejam analíticos como de síntese, fariam parte desua proposta metodológica.

Junto ao movimento de renovação da Geografieclodido na década de cinqüenta e consolidado a partir d1970, os mapas ganharam status de modelos, analíticos osintéticos, principalmente na sua vertente pragmáticPelo fato desta postura vislumbrar um fim utilitário, junà Geografia Quantitativa, informando a ação d

  planejamento mediante um diagnóstico, sempre sela por uma síntese, não se podia fazer a menos dos mapaos quais forneciam um conhecimento acerca da área equestão, permitindo a escolha de estratégias intervenção.

Porém a crítica a esta abordagem, vista cominstrumental da dominação burguesa, um aparato dEstado Capitalista, fez brotar a outra vertente macontenciosa da geografia, a da Geografia Crítica. Nesta,

  proposta se colocava na luta em prol de uma sociedamais justa, deixando de lado as aparências na busca dessência, tendo na Geografia um instrumental dominação da burguesia. Portanto, os mapas teriam quter um compromisso social, não bastando participar dexplicações das regiões, apenas mostrando as formassua funcionalidade. Eles deveriam revelar as contradiçõsociais presentes e tornarem-se meios de luta. perfeito dterreno

Assim, todos os métodos da cartografia temátideverão fazer jus à produção de mapas, sejam estáticos odinâmicos, analíticos ou de síntese para um espaço maigualitário organizado para os interesses da sociedad(Moraes, 1981).

Atualmente, a cartografia entra na era informática. A automação se introduziu na cartografatravés das fases mais matemáticas do procescartográfico, graças ao aparecimento dos computadore

 por volta de 1946. As primeiras aplicações são feitas acálculos astronômicos e geodésicos, ao estabelecimendas projeções e, mais tarde, aos tratamentos estatísticos dados. Mas é a partir da década de sessenta que podemconsiderar uma cartografia assessorada por computadohoje a geomática, a qual passa a ser operacional em todas etapas da elaboração dos mapas. Na cartograftemática, em especial, ela tem grande avanço em funçãdo sensível progresso da geografia quantitativa, a partir década de 50. É pelo fato da crescente necessidade de trabalhar uma grande massa de dados, bem como uma bvariedade de parâmetros específicos para uma consistenanálise matemática e estatística, que se buscam

 processos computacionais. (Joly, 1990).

Hoje, a cartografia de síntese conta com grandaliados – os Sistemas de Informação Geográfica. Elapresentam um conjunto de funções voltadas à integraçãde dados. Cada mapa analítico de um conjunto d

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componentes da realidade é um layer distinto que entra nosistema em formato vetorial. O passo seguinte se dá jádentro do ambiente de trabalho do SIG, convertendo cadamapa armazenado para o formato raster. No

 processamento das informações mapeadas deve ser feitoum controle de redundância entre mapas para eliminar omesmo dado referente a um mesmo conjunto de pixels, oque será empreendido pela Análise dos ComponentesPrincipais. Os mapas que significam os componentes

  principais escolhidos submeter-se-ão a uma Análise deAgrupamento, que fornecerá os grupos mais importantesde pixels que irão corresponder aos tipos espaciais.(Ferreira, 1997).

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