1
Masculinização do peixe beta, Betta splendens, utilizando hormônios bioencapsulados em nauplios de Artemia Padrão, D.H.B. 1 , Cerozi, B.S. 1 ,Sanches, G.S. 1 , Bicudo, A.J.A. 1 , Azevedo-Filho, A. 2 , Cyrino, J.E.P. 1 1 Setor de Piscicultura – Departamento de Zootecnia – ESALQ/USP 2 Departamento de Economia, Administração e Sociologia – ESALQ/USP 1. Objetivos Na espécie ornamental beta, Betta splendens, os machos são mais coloridos e com nadadeiras maiores que as fêmeas, características essas que tornam o macho mais valorizado e sua produção mais interessante economicamente. O presente trabalho objetivou desenvolver um protocolo para incrementar a freqüência de machos monossexo na população. 2. Material e Métodos Larvas de beta (3,21±0,2 mm) com três dias de idade, foram alojadas em aquários de oito litros (5 larvas L -1 ) e alimentadas ad libitum por 40 dias com náuplios de artêmia enriquecidos. A metodologia para enriquecimento foi adaptada de Martin-Robichaud et al. (1994). Cistos de artêmia desencapsulados foram incubados em água 25‰ por 24h, filtrados, lavados, divididos e mantidos em 6 tubos tipo falcon (50 mL) contendo diferentes concentrações de 17α- metiltestosterona (0, 5, 10, 20, 30, 40 mgL -1 ) durante 12h. Aos 220 dias após o final do período de reversão sexual, os peixes foram anestesiados (90 mg benzocaína L -1 ), medidos sob microscópio estereoscópio e classificados em dois grupos: machos (M) e fêmeas (F) e não identificados (N). Os critérios para determinação do sexo foram comprimento da nadadeira caudal, ventral e anal, presença de ovopositor e conformação do corpo. Quando necessário os peixes eram sacrificados e tinham as gônadas analisadas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (n=4). Os dados foram analisados através de regressão com variável dependente qualitativa (Logito) e regressão múltipla (Agresti, 2002). 3. Resultados e Discussão A freqüência de machos aumentou (P<0,001) com o aumento das doses de 17α-MT utilizadas para enriquecimento dos náuplios. (Figura 1). Martin-Robichaud et al. (1994), também obtiveram sucesso no controle da sexualidade em Cyclopterus lumpus através da utilização de hormônios bioencapsulados. As doses de hormônio utilizadas não influenciaram (P>0,05) a sobrevivência. O comprimento padrão final foi influenciado negativamente (P<0,001) pela dose de hormônio utilizada e pela sobrevivência. Esse resultado corrobora o obtido por Kirankumar e Pandian (2002). Figura 1 – Freqüência estimada de machos, fêmeas e não identificados (B.splendens) em função dos trata- mentos com doses de 17α-MT bioencapsulado 4. Conclusão O fornecimento de 17α-MT bioencapsulado em náuplios de Artêmia sp. foi efetivo no aumento da proporção de machos de B. Splendens. Novos estudos devem ser conduzidos para determinar a dose efetiva para produção de lotes monossexo desta espécie. 5. Bibliografia Agresti, A. 2002. Categorical Data Analysis. 2ed. Wiley- Interscience, J. Wiley & Sons, New York, NY. Kirankumar,S., and T.J. Pandian,T.J., 2002. Effect on growth and reproduction of hormone immersed and mas- culinized fighting fish Betta splendens. Journal of Ex- perimental Zoology 293: 606-616. Martin-Robichaud, D.J.; R.H. Peterson, T.J. Benfey, and LW. Crim. 1994. Direct feminization of lumpfish, Cyclop- terus lumpus L., using 17b-oestradiol-enriched Artemia as food. Aquaculture 123: 137-151.

Masculinização do peixe beta, Betta splendens, utilizando hormônios bioencapsulados em nauplios de Artemia

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Masculinização de Bettas com pliosbioencapsulação com náuplios de artemia salina

Citation preview

Page 1: Masculinização do peixe beta, Betta splendens, utilizando hormônios bioencapsulados em nauplios de Artemia

Masculinização do peixe beta, Betta splendens, utilizando hormônios bioencapsulados em nauplios de Artemia

Padrão, D.H.B. 1, Cerozi, B.S. 1,Sanches, G.S.1, Bicudo, A.J.A. 1,

Azevedo-Filho, A.2, Cyrino, J.E.P. 1 1Setor de Piscicultura – Departamento de Zootecnia – ESALQ/USP

2Departamento de Economia, Administração e Sociologia – ESALQ/USP

1. Objetivos Na espécie ornamental beta, Betta splendens, os machos são mais coloridos e com nadadeiras maiores que as fêmeas, características essas que tornam o macho mais valorizado e sua produção mais interessante economicamente. O presente trabalho objetivou desenvolver um protocolo para incrementar a freqüência de machos monossexo na população.

2. Material e Métodos Larvas de beta (3,21±0,2 mm) com três dias de idade, foram alojadas em aquários de oito litros (5 larvas L

-1) e alimentadas ad libitum por 40

dias com náuplios de artêmia enriquecidos. A metodologia para enriquecimento foi adaptada de Martin-Robichaud et al. (1994). Cistos de artêmia desencapsulados foram incubados em água 25‰ por 24h, filtrados, lavados, divididos e mantidos em 6 tubos tipo falcon (50 mL) contendo diferentes concentrações de 17α-metiltestosterona (0, 5, 10, 20, 30, 40 mgL

-1)

durante 12h. Aos 220 dias após o final do período de reversão sexual, os peixes foram anestesiados (90 mg benzocaína L

-1), medidos

sob microscópio estereoscópio e classificados em dois grupos: machos (M) e fêmeas (F) e não identificados (N). Os critérios para determinação do sexo foram comprimento da nadadeira caudal, ventral e anal, presença de ovopositor e conformação do corpo. Quando necessário os peixes eram sacrificados e tinham as gônadas analisadas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (n=4). Os dados foram analisados através de regressão com variável dependente qualitativa (Logito) e regressão múltipla (Agresti, 2002).

3. Resultados e Discussão A freqüência de machos aumentou (P<0,001) com o aumento das doses de 17α-MT utilizadas para enriquecimento dos náuplios. (Figura 1).

Martin-Robichaud et al. (1994), também obtiveram sucesso no controle da sexualidade em Cyclopterus lumpus através da utilização de hormônios bioencapsulados. As doses de hormônio utilizadas não influenciaram (P>0,05) a sobrevivência. O comprimento padrão final foi influenciado negativamente (P<0,001) pela dose de hormônio utilizada e pela sobrevivência. Esse resultado corrobora o obtido por Kirankumar e Pandian (2002).

Figura 1 – Freqüência estimada de machos, fêmeas e não identificados (B.splendens) em função dos trata-mentos com doses de 17α-MT bioencapsulado

4. Conclusão

O fornecimento de 17α-MT bioencapsulado em náuplios de Artêmia sp. foi efetivo no aumento da proporção de machos de B. Splendens. Novos estudos devem ser conduzidos para determinar a dose efetiva para produção de lotes monossexo desta espécie.

5. Bibliografia

Agresti, A. 2002. Categorical Data Analysis. 2ed. Wiley-Interscience, J. Wiley & Sons, New York, NY.

Kirankumar,S., and T.J. Pandian,T.J., 2002. Effect on growth and reproduction of hormone immersed and mas-culinized fighting fish Betta splendens. Journal of Ex-perimental Zoology 293: 606-616.

Martin-Robichaud, D.J.; R.H. Peterson, T.J. Benfey, and LW. Crim. 1994. Direct feminization of lumpfish, Cyclop-terus lumpus L., using 17b-oestradiol-enriched Artemia as food. Aquaculture 123: 137-151.