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Matemática, estatística e alcoolismo: possíveis perspectivas Rosemari Viecili 1 Ana Márcia F.T. de Carvalho 2 Resumo Dada a importância de relacionar os conteúdos escolares com situações do cotidiano dos alunos, buscou-se nessa pesquisa tratar da interface matemática e estatística, analisando o desenvolvimento de tais conteúdos voltados para a questão do uso abusivo de álcool pelos adolescentes. Para isto, realizamos atividades com 26 alunos de uma primeira série do ensino médio de um colégio em um município situado no interior do estado do Paraná. Os alunos estudaram conteúdos relacionados à estatística partindo de levantamento de dados realizados por eles próprios sobre o uso de álcool. Através desta motivação simples, aumentou-se significativamente o envolvimento dos alunos com o assunto e alterou-se os resultados das avaliações. Concluímos que é importante relacionar os conteúdos de sala de aula com questões pertinentes ao cotidiano dos alunos ou a assuntos nos quais apresentem conhecimento prévio. Abstract The aim of the present work was to study the interface of mathematics and statistics, by considering the importance of relating the school contents to the everyday student’s situations, analyzing the development of such contents in relation with the abusive use of alcohol by teenagers. In order to do that, activities were done with twenty-six high school students from a county school situated in the countryside of Paraná state. The students studied statistical contents by using the survey they had done on the alcohol usage. Through that simple motivation, the student’s involvement with the subject was enhanced significantly and it altered the results of the evaluations. We concluded that it is important to relate classroom subjects with student’s daily situations or to contents which present previous knowledge. Palavras-chave: Ensino e aprendizagem. Educação Matemática. Estatística. Alcoolismo. 1 Autora: professora da rede pública do estado do Paraná, integrante do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional. Mestre em Educação Matemática pela UNICS – PR. E-mail: [email protected] 2 Co-autora: professora da UNIOESTE. Doutora em Educação Matemática pela UNESP - SP.

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Matemática, estatística e alcoolismo: possíveis perspectivas

Rosemari Viecili1 Ana Márcia F.T. de Carvalho2

Resumo

Dada a importância de relacionar os conteúdos escolares com situações do cotidiano dos alunos, buscou-se nessa pesquisa tratar da interface matemática e estatística, analisando o desenvolvimento de tais conteúdos voltados para a questão do uso abusivo de álcool pelos adolescentes. Para isto, realizamos atividades com 26 alunos de uma primeira série do ensino médio de um colégio em um município situado no interior do estado do Paraná. Os alunos estudaram conteúdos relacionados à estatística partindo de levantamento de dados realizados por eles próprios sobre o uso de álcool. Através desta motivação simples, aumentou-se significativamente o envolvimento dos alunos com o assunto e alterou-se os resultados das avaliações. Concluímos que é importante relacionar os conteúdos de sala de aula com questões pertinentes ao cotidiano dos alunos ou a assuntos nos quais apresentem conhecimento prévio.

Abstract

The aim of the present work was to study the interface of mathematics and statistics, by considering the importance of relating the school contents to the everyday student’s situations, analyzing the development of such contents in relation with the abusive use of alcohol by teenagers. In order to do that, activities were done with twenty-six high school students from a county school situated in the countryside of Paraná state. The students studied statistical contents by using the survey they had done on the alcohol usage. Through that simple motivation, the student’s involvement with the subject was enhanced significantly and it altered the results of the evaluations. We concluded that it is important to relate classroom subjects with student’s daily situations or to contents which present previous knowledge.

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem. Educação Matemática.

Estatística. Alcoolismo.

1 Autora: professora da rede pública do estado do Paraná, integrante do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional. Mestre em Educação Matemática pela UNICS – PR. E-mail: [email protected]

2 Co-autora: professora da UNIOESTE. Doutora em Educação Matemática pela UNESP - SP.

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Introdução

Em quase todas as áreas do conhecimento a matemática está

presente explícita e implicitamente. Pela sua relevância tanto para o

desenvolvimento do pensamento lógico quanto suporte instrumental das

diversas ciências, consta nos currículos escolares das Séries Iniciais à

Educação Superior. A questão que se nos depara é que essa relevância não

se tem evidenciado na aprendizagem da matéria por muitos alunos, que

mostram através, por exemplo, dos baixos rendimentos escolares ou

resultados de exames nacionais como ENEM (Exame Nacional do Ensino

Médio) ou SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) não saber os

conteúdos matemáticos. Também são freqüentes por parte dos alunos

afirmações como “não entendo” ou “não sou bom em matemática”. Por outro

lado, depoimentos como estes podem ser assumidos como verdadeiros por

alguns professores, cuja forma de ensino encobre possivelmente suas

dificuldades em lidar com a matemática.

Um grande desafio para nós professores é como chamar a atenção

do aluno quando este se mostra desinteressado durante as aulas.

Pesquisas apontam que é importante o ensino acontecer de forma

contextualizada, vinculado ao conhecimento que o aluno tem em seu

cotidiano. Por outro lado, “alguns dirão que a contextualização não é importante, que o

importante é reconhecer a matemática como a manifestação mais nobre do pensamento e da

inteligência humana” (D'AMBRÓSIO, 2005, p.77).

Além disso, embora tenhamos consciência que muitos conteúdos do

ensino médio permitem facilmente a contextualização, muitas vezes o

professor encontra-se alienado ao livro texto ou apostila nem percebendo

esta possibilidade.

Na presente pesquisa, escolheu-se desenvolver conteúdos

relacionados à Estatística partindo de situações relacionadas ao uso de

álcool pelos adolescentes, pois há indícios de que muitos alunos costumam

beber excessivamente e acreditamos que também é função da escola

apontar as responsabilidades individuais sobre ações sociais mais amplas.

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Estas questões levaram-nos a estabelecer como objetivo geral deste

trabalho:

• Tratar da interface matemática e estatística, analisando o

desenvolvimento de tais conteúdos voltados para a questão do uso

abusivo de álcool pelos adolescentes.

Tratando de tema de amplitude significativa, focamos, como objetivos

específicos:

• Despertar nos alunos maior interesse pelas aulas.

• Oportunizar situações significativas de aprendizagem.

• Relacionar o conhecimento escolar com situações do cotidiano dos

alunos.

• Conscientizar sobre a questão do uso abusivo de álcool na

adolescência.

Sobre a Matemática

Como a própria palavra diz, matemática que tem origem do grego

significa “o que se pode aprender – mathema significa aprendizagem” (MACHADO, 1991,

p.7). No dicionário, como suporte ao senso comum, temos que “a matemática é

a ciência que investiga relações entre entidades definidas abstrata e logicamente”

(FERREIRA,1988, p.1102). Outros autores ainda afirmam que matemática "é a

ciência da quantidade e do espaço...na sua forma mais simples, conhecidas por aritmética e

geometria" (DAVIS; HERSH, 1995, p.25). Para estes autores a aritmética trata dos

números, sua classificação, as formas de operações a estes possíveis e as

aplicações de tais operações. A geometria se detém às situações de

medidas do espaço. Peirce anunciou, em meados do século XIX, que "a

matemática é a ciência de inferir conclusões necessárias" (Apud DAVIS; HERSH, 1995, p.

26). No entanto, este ponto de vista recebeu muitas críticas, pois esta

definição não explicita o conteúdo matemático em si, ficando possível

enquadrar situações estranhas à matemática, como por exemplo, o trabalho

de investigação de um detetive. D'Ambrósio (1996), considera a matemática

como sendo estratégia que a espécie humana naturalmente inserida num

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contexto natural e cultural desenvolveu no decorrer da história para explicar,

entender, manejar e conviver com a realidade.

Como vemos, há diversas definições para a matemática. Cada

geração e cada autor toma-a conforme suas concepções e seu

entendimento. Há um contexto histórico-cultural para as concepções

matemáticas e suas aplicações.

Davis e Hersh (1995) referem-se a muitos teoremas desenvolvidos

na matemática “pura” como verdadeiros becos sem saída, sendo a maioria

deles inúteis. Reconhecem porém, que o tempo provoca alterações no que

diz respeito à utilidade dos teoremas, alguns se tornam úteis, ganham

reputação ficando importantes e conhecidos, outros, tendem a cair no

esquecimento.

Ponte (1992) argumenta que atualmente a tendência é ver a

matemática como um todo, sendo artificiosa e limitativa a distinção de

matemática pura e aplicada, pois as mesmas teorias podem ser vistas como

puras ou aplicadas dependendo apenas do ângulo que são olhadas, sugere

que o mais importante no que se refere à aprendizagem matemática é saber

lidar com as estruturas e regularidades matemáticas desenvolvendo a

capacidade de aplicá-las a situações exteriores.

Enquanto que nas outras ciências somente a experiência dá

validade decisiva para um fato, na matemática esta prova pode ser obtida

pelo rigor do raciocínio. O poder de relacionar fatos aparentemente

discrepantes e desconexos, bem como a descoberta de fatos inusitados é

característico do conhecimento matemático.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio (BRASIL-

MEC, 1999) a matemática é apresentada como tendo valor formativo e

instrumental. Formativo porque colabora na estruturação do pensamento e

do raciocínio dedutivo do aluno, favorecendo o desenvolvimento de atitudes

pessoais como perseverança, concentração, decisão etc. Instrumental

porque permite ao aluno adquirir um conjunto de técnicas e estratégias que

são ligadas a outras áreas do conhecimento.

É importante que no Ensino Médio, o aluno “perceba que as definições,

demonstrações e encadeamentos conceituais e lógicos têm a função de construir novos

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conceitos e estruturas a partir de outros e que servem para validar intuições e dar sentido às

técnicas aplicadas" (BRASIL-MEC, 1999, p. 252).

Ponte (1992) considera também que os formalismos da

matemática disciplinam o raciocínio dando-lhe um caráter preciso e objetivo,

pois possibilitam a elaboração de uma imensa variedade de estruturas

intelectuais. Sendo que a natureza formalizada da matemática é também um

dos mais sérios obstáculos de aprendizagem. Algumas pesquisas apontam

que tratar inicialmente a matemática de maneira não formal pode ser uma

saída, outra é reconhecer a formalização como inevitável, mas procurar

formas de torná-la acessível aos alunos por meio de metodologias

alternativas de ensino.

Schwartz (Apud PONTE, 1992, p.201) lembra que:

a formalidade inerente à matemática permite explorar novas conexões e novos domínios. O senso comum está prisioneiro num leque de intuições relativamente curto. A matemática garante a validade de raciocínios muito mais longos e elaborados que o senso comum, é capaz de sair fora destes limites, transcendendo e corrigindo a intuição.

O conhecimento matemático apresenta três características

básicas, que são: a verificabilidade, que permite estabelecer consensos

acerca da validade de cada resultado, a universalidade, isto é, o seu caráter

trans-cultural e a possibilidade de o aplicar aos mais diversos fenômenos e

situações, e a generatividade, ou seja, a possibilidade de levar à descoberta

de coisas novas (PONTE, 1992).

Sobre o conhecimento matemático que uma pessoa possa ter, o

autor explica que o mesmo pode ser enquadrado em quatro níveis, que

denomina de Competências do Saber Matemático, sendo eles:

competências elementares, intermédias, avançadas e os saberes de ordem

geral.

As competências elementares abrangem simples processos de

memorização e execução, é o conhecimento elementar, simples se

comparado com os saberes dos níveis superiores. O domínio de processos

de cálculos bem como o conhecimento da linguagem matemática estão

presentes neste nível.

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As competências intermédias implicam complexidade nos

processos apesar de requererem pouca criatividade. A capacidade de

resolver problemas não muito complexos e argumentação matemática estão

presentes neste nível.

As competências avançadas exigem capacidade de lidar com

situações diferentes. Os saberes de ordem geral recebem influência dos

próprios saberes e concepções.

Na tabela abaixo, apresentamos as competências acima

descritas.

Competências

Elementares

Conhecimentos de fatos específicos e terminologia.

Identificação e compreensão de conceitos.

Capacidade de execução e procedimentos.

Domínio de processos de cálculo.

Capacidade de “leitura” de textos matemáticos

simples.

Comunicação de idéias matemáticas simples.Competências

Intermédias

Compreensão de relações matemáticas.

Compreeensão de argumentação matemática.

A resolução de problemas (nem triviais, nem muito

complexos).

A aplicação a situações simples.Competências Avançadas

(ou de Ordem Superior)

A exploração/investigação de situações: a formulação

e testagem de conjecturas.

A formulação de problemas.

A resolução de problemas (complexos).

Realização e crítica de demonstrações.

Análise crítica de teorias matemáticas.

A aplicação a situações complexas/modelação.Saberes de Ordem Geral Conhecimentos dos grandes domínios da matemática

e das suas inter-relações.

Conhecimento de aspectos da história da matemática

e das suas relações com as ciências, a cultura em

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geral.

Conhecimentos de momentos determinantes do

desenvolvimento da matemática (grandes problemas,

crises,).Tabela 1: Elementos constitutivos do saber matemático conforme Ponte

(1992, p.204).

O referido autor considera ainda que as atividades básicas que

fundamentam o saber matemático são a ação e a reflexão e que além do

envolvimento do indivíduo, há outros fatores que condicionam o

desenvolvimento do conhecimento matemático, sendo eles de ordem

cultural, social, institucional (classe-social, família, micro-grupo em que está

o indivíduo, escola) e as capacidades de ordem individual.

Sabe-se que o incentivo da família é fundamental para que o aluno

atribua importância ao ato de aprender. Filhos de pais que acompanham o

dia-a-dia escolar geralmente apresentam maior desempenho nas aulas.

Também o grupo de convívio social é fator altamente influenciável para o

jovem, que pela própria fase etária tende a imitar o comportamento de

colegas.

Sobre a Estatística

Pode-se constatar o surgimento da estatística ainda por volta de

5.000 a.C. onde povos egípcios registravam através de contagem seus

presos de guerra. Em 2.000 a.C., a China já realizava censo populacional. A

história descreve inúmeros momentos nos quais os povos utilizavam essa

ciência ainda que de forma rudimentar.

A palavra estatística está associada com a “palavra latina Status (Estado)”,

pois seu uso inicial era restrito às questões sociais de interesse do Estado

(CORDEIRO, 2005, p.1). Define-se estatística, no senso comum, como sendo “a

parte da matemática em que se investigam os processos de obtenção, organização e análise

de dados sobre uma população ou sobre uma coleção de seres quaisquer, e os métodos de

tirar conclusões com base nesses dados” (FERREIRA, 1988, p.717).

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No início do século passado passou a ser amplamente desenvolvida

e utilizada (SMOLE; DINIZ, 2005). Na atualidade, suas aplicações são vastas: na

agricultura, economia, medicina, política, indústria etc.

O ensino e aprendizagem da estatística, nos ensino fundamental e

médio dão-se associados à disciplina de matemática, deparando-se com

desafios comuns à própria matemática, ainda mais se considerando que não

há como aprender estatística sem ter fundamentação em conhecimentos

matemáticos.

Gal (1995) atribui o insucesso do ensino de estatística ao fato dos

professores trabalharem o conteúdo de maneira fragmentada, fora de

problemas contextuais e isso contribui para que os alunos não consigam

relacionar a matemática com informações estatísticas que se deparam no

dia-a-dia .

Uma possibilidade apontada para contornar esta situação é o

professor rever sua prática metodológica e tentar incluir nas aulas de

estatística, atividades desenvolvidas em grupos, partindo do conhecimento

prévio que os alunos têm, como salientam pesquisadores (COBB,1993;

GARFIELD ,1993).

Para Sowey (1995), é possível realizar o ensino de estatística de forma

marcante para o aluno, desde que não esqueçamos de tratar tal conteúdo

enfatizando simultaneamente sua importância, estrutura, estímulo

intelectual, o desafio e a utilidade prática do mesmo.

Acredita-se obviamente que o professor nem sempre é o responsável

por uma aprendizagem que não acontece. Porém, é sua função propiciar

condições para que os alunos se apropriem do conhecimento científico

tendo que, “se um dos objetivos da educação é preparar os estudantes para a vida fora do

perímetro escolar, então os professores devem ser informados sobre como ensinar a resolver

problemas do dia-a-dia que envolvem informação estatística” (KOSONEN; WINNE, 1995,

p.33).

As DCEs - Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 2006, p.40)

sugerem que no Ensino Médio “o trabalho com Estatística se faça por meio de um

processo investigativo, pelo qual o estudante manuseie dados desde a sua coleta até os

cálculos finais.”

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Deming (apud MIECHUANSKI, 2000) trata sobre a importância de se

ensinar estatística em todos os níveis de ensino, a exemplo do Japão, onde

tal ensino inicia-se no nível fundamental, sendo uma disciplina tratada com

muita atenção devido ao fato de estar intimamente ligada aos métodos

estatísticos de controle amplamente utilizados pela indústria.

No Ensino Médio, de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais,

espera-se que sejam trabalhados os seguintes conteúdos de estatística:

Introdução e definição de termos estatísticos, freqüências, representação

gráfica, medidas de tendência central e medidas de dispersão.

A questão do uso abusivo de álcool pelos adolescentes

O consumo de drogas cresce mundialmente. Há cerca de 160 milhões

de pessoas que usam maconha, mais os que omitem contar. Os anúncios

que mais ouvimos são sobre bebidas e cigarros; sem falar na quantidade de

remédios prescritos para as mais diferentes doenças ou nas drogas mais

potentes como cocaína, LSD, entre outras. E “boa parte da comunidade escolar

ainda reluta em admitir que isso é parte da realidade” (DIDONÉ; MUTTINI, 2007, p.34).

O álcool é uma droga lícita, comercializada legalmente para pessoas

maiores de 18 anos, sendo responsável por aproximadamente 10% de toda

a mortalidade e morbidade que acontece no país.

É obtido através da fermentação de carboidratos oriundos de alguns

vegetais. Essa fermentação resulta em bebidas com até 10% de álcool puro

concentrado. Por meio do processo de destilação pode-se chegar a

concentrações maiores.

Dentre as inúmeras doenças ou complicações causadas pelo uso

indevido do álcool podemos citar: baixo peso ao nascimento, diversos tipos

de câncer, desencadeamento de depressão unipolar e outras desordens

psiquiátricas existentes, epilepsia, hipertensão arterial, isquemia miocárdia,

doença cérebro-vascular, diabetes, cirrose hepática, envolvimento em

acidentes com veículos, quedas, intoxicações e homicídios (MELONI;

LARANJEIRA, 2004).

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O uso de álcool causa efeito psicotrópico agindo como depressor do

Sistema Nervoso Central. Suas propriedades euforizantes e intoxicantes

datam remotamente do início da civilização.

Os efeitos que o álcool causa no organismo encontram-se fortemente

relacionados com o nível dessa substância encontrada no sangue, bem

como o tipo ingerido e a velocidade do consumo.

Apresentamos na tabela abaixo alguns desses efeitos salientando

que cada organismo responde de forma diferenciada em relação ao

consumo de bebidas alcoólicas.

Baixo Médio Alto - desinibição do

comportamento:

diminuição da

crítica, a pessoa ri

ou chora por

motivos poucos

significativos;

- certo grau de

não-coordenação

motora;

- Prejuízo das

funções sensoriais.

- Maior falta de

coordenação

motora;

- A fala torna-se

pastosa;

- Aumento da

sonolência;

- Prejuízo das

capacidades de

raciocínio e

concentração.

- Podem surgir

náuseas e

vômitos;

- Visão dupla;

- Pode chegar a

estado de

coma;

- Pode ocorrer

hipotermia e

morte por

parada

respiratória.Tabela 2 – Nível de álcool no sangue (BRASIL – MEC, 2006, p.72).

O uso de bebidas alcoólicas leva à tolerância, isto é, o organismo

necessita cada vez mais maiores quantidades para produzir os mesmos

efeitos. Há também a Síndrome de Abstinência, relacionada aos sintomas

desagradáveis que ocorrem ao cessar a ingestão dessa substância.

Os efeitos do álcool no cérebro de adolescentes são muito mais

devastadores se comparados ao cérebro de adultos, pois atinge regiões

ligadas a memória, aprendizado, autocontrole e motivação.

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Um estudo feito na universidade da Carolina do Norte concluiu que

ratos novos submetidos a quatro dias de bebedeira intensa apresentaram

danos cerebrais duas vezes maiores que nas cobaias adultas (SOARES, 2006).

Tiba (2006) levanta a questão da atratividade dos comercias de

cerveja, que vendem uma imagem feliz, descontraída e solta de quem bebe

e sugere que debates sejam realizados em sala de aula com algumas

pautas provocativas como: nos comerciais aparece alguém embriagado?

brigando? vomitando? tropeçando nas palavras? sendo atendido no pronto-

socorro?

Sugere ainda que “se não há como evitar o contato dos alunos com bebidas

alcoólicas, é melhor ensiná-los a administrá-las” (TIBA, 2006, p.170).

Como a maior parte dos alcoólatras começam a ingerir bebidas

alcoólicas ainda na fase de adolescência, ou até mesmo na infância,

momentos esses nos quais estão freqüentando sala de aula, tornam-se

possíveis ações educativas para informar e conscientizar os alunos sobre a

questão, este trabalho aponta neste sentido.

Descrição das atividades e discussão

A implementação desta pesquisa aconteceu nos meses de agosto e

setembro de 2008. Foram sujeitos 26 alunos de uma primeira série, período

matutino, de um colégio da rede pública de ensino de um município do

interior do estado do Paraná. Em relação ao gênero os sujeitos eram 15

rapazes e 11 moças com idades entre 14 e 21 anos.

Na matriz curricular do Ensino Médio, etapa final da Educação Básica,

na escola em que a pesquisa foi realizada, bem como na maioria das outras,

a matemática ocupa lugar privilegiado em relação à carga horária, sendo 4

horas-aula semanais de 50 minutos.

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Após termos tratado sobre as definições de estatística básica

pedimos aos alunos que elencassem perguntas relacionadas ao uso de

álcool. Posteriormente, organizamos essas perguntas em forma de

questionário e distribuímos aos sujeitos solicitando-se que fossem

respondidas individualmente e sem identificação nominal. Os resultados

foram tabulados e utilizados nas aulas para desenvolver os conteúdos

mencionados anteriormente como obrigatórios nesta fase de escolarização.

Observou-se que tanto a atividade de elaboração das perguntas,

como as entrevistas e organização dos dados despertaram a atenção dos

alunos. O fato de estarem opinando e serem ouvidos foi extremamente

motivador para a maioria, de modo que podemos ter certeza que o

envolvimento real do aluno com o conteúdo tratado é fator condicionante

para a aprendizagem acontecer.

A turma foi muito receptiva durante as aulas apesar de ser

considerada pelos professores da escola em questão como indisciplinada.

Em poucos momentos houve a necessidade de chamar a atenção de alunos

devido a conversas paralelas ou distrações.

Ao término de cada aula os alunos eram solicitados a fazer alguma

atividade em casa, mas aproximadamente menos de 30% faziam. Após

conversarmos com a professora tomamos conhecimento que também

durante as aulas regulares a maioria não cumpria as atividades extra-classe.

Também não costumavam trazer calculadora para as aulas.

Inicialmente havíamos planejado a construção dos gráficos

estatísticos no computador com o programa software excel, porém nos

deparamos com alguns obstáculos, primeiro, o laboratório de informática da

escola não era disponibilizado para os alunos usarem, segundo, somente

três alunos tinham conhecimento do programa mencionado e a grande

maioria não tinha computador em casa. Então, para contornar o problema,

os gráficos foram feitos no caderno com lápis, régua, compasso e

transferidor. Ainda sobre o uso desses materiais, muitos alunos

apresentaram dificuldades de manuseio. Verificou-se que alguns não sabem

medir ângulos e mesmo com o auxílio de régua não conseguiam construir

um gráfico de boa aparência.

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Outro fato que nos chamou a atenção foi a dificuldade apresentada

para aplicar a regra de três direta, sendo que este conteúdo é tratado ainda

no Ensino Fundamental, como apontam as Diretrizes, o que reforça a idéia

de que os conteúdos precisam ser constantemente retomados para que haja

fixação. Observamos também que alguns alunos possuíam dificuldades para

escrever corretamente. Tal fato evidencia que as deficiências de

aprendizagem não se limitam às disciplinas de matemática e estatística,

abrangem também outras áreas do ensino.

Devido ao fato de alguns alunos fazerem uso freqüente de bebidas

alcoólicas (50% dos entrevistados), num primeiro momento, propriamente

nas primeiras aulas, os colegas diziam piadas e riam. Com o

desenvolvimento do conteúdo e considerando a seriedade dispensada ao

tema, que pode ser considerado um problema, foi solucionado.

Também já nas primeiras aulas os alunos mostraram-se interessados

nas questões de avaliação relacionadas às atividades. Questionaram se

haveria ou não avaliação do conteúdo. Houve, nesta, 21 alunos tiraram nota

superior a 6,0, que é a média exigida para aprovação, 4 nota inferior a 6,0 e

houve 1 faltante. Porém, após revisão da prova, 18 se propuseram a fazer

nova avaliação com a intenção de aumentar a nota obtida, sendo que destes

apenas 4 obtiveram nota maior na segunda avaliação. Questão essa que

nos leva a acreditar que o quesito “nota da prova” é muito importante ou o

principal objetivo da maioria dos alunos. As questões relacionadas à

avaliação, embora consideradas por nós da maior relevância, não

constituíram objeto de investigação nesta pesquisa.

Pela importância, e por ser parte constituinte do tema, não podemos

deixar de elencar os resultados da pesquisa estatística realizada entre a

turma: 50% dos alunos têm alguém alcoólatra na família; também 50% dos

entrevistados fazem uso freqüente de bebidas alcoólicas; 20% já esteve em

estado de embriaguez; 70% acreditam que o principal motivo que leva um

jovem a beber é a influência de amigos e a necessidade de ser aceito no

grupo onde existe o consumo de álcool; a maior parte dos alunos

aconselharia um amigo se acaso ele bebesse em excesso; a cerveja é a

bebida mais utilizada; dos que bebem, 31% costumam tomar em casa com

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os familiares e 69% em bailes e outros eventos sociais; 31% já presenciaram

acidentes de trânsito onde um ou os condutores apresentavam-se

embriagados; 84% dos entrevistados declararam comprar facilmente

bebidas alcoólicas, pois os estabelecimentos comerciais não respeitam a lei

que proíbe a venda de bebidas a menores de 18 anos e 92% dos pais

sabem que os filhos usam bebidas alcoólicas, sendo que 38% não

concordam.

Apresentamos nos gráficos a seguir esses resultados. A leitura e

interpretação destes dados, conhecido como tratamento da informação, foi

realizada nas aulas.

Gráfico 1:

Tem alguém alcoólatra em sua família?

13 13

0

5

10

15

Sim Não

entr

evis

tad

os

Gráfico2:

Você consome bebidas alcoólicas?

50%50%

Sim

Não

14

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Gráfico 3:

5

21

0

20

40

entrevistados

Sim Não

Você já esteve em estado de embriaguez?

Gráfico 4:

107

13

8

0

5

10

Inf luência de

amigos

Vontade própria Problemas não

resolvidos

Inf luência de

familiares

Para estar

incluso no grupo

Na sua opinião, qual o principal motivo que leva um jovem a beber?

Gráfico 5:

17

8

0

10

20

entrevistados

Tentaria conversarcom ele sobre o

problema

Ficaria na sua

Se tivesse um amigo que bebesse exageradamente o que você faria?

15

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Os gráficos a seguir expressam apenas a opinião dos alunos que

fazem uso de bebidas alcoólicas:

Gráfico 6:

0

5

10

entrevistados

Cerveja Vinho Caipirinha

Bebidas utilizadas com maior frequência

Gráfico 7:

9

4

0

5

10

Bailes e outros eventos sociais Com a f amília, em casa

Dos entrevistados que bebem, frequentemente usam bebidas alcoólicas em:

Gráfico 8:

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Já presenciou algum acidente de trânsito onde um ou os condutores

apresentavam-se embriagados?

31%

69%

Sim

Não

Gráfico 9:

0 2 4 6 8 10

Sim

Não

Não sei, sou maior de 18 anos

Os estabelecimentos comerciais respeitam a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para

menores de 18 anos?

Gráfico 10:

Os pais dos alunos que usam bebidas alcoólicas sabem que estes o fazem?

38%

31%

23%

8%

Sim e nãoconcordamSim, mas pensamque bebo puucoSim e concordam

Não sabem

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Conclusão

Sabemos que tanto a importância de saber matemática, bem como a

dificuldade de aprendê-la, datam de um período remoto. Platão (427 – 347

a.C.), em certa ocasião na qual foi interrogado sobre a importância da

formação matemática respondeu que:

Não se pode de modo algum passar sem essa ciência, pois esta obriga a mente a conhecer a verdade. Você já reparou que os que já nascem bons calculadores, mostram em geral, grande aptidão para o estudo de todas as ciências? E que até os espíritos que se mostram tardos, pesadões, após se terem instruído e exercitado no cálculo, adquirem, pelo que se pode observar, maior capacidade de penetração em tudo mais? Por fim, devo dizer que é difícil encontrar outras ciências cuja prática mais custe adquirir (Apud CYRINO, 1986, p.24).

A proposta inicial desta pesquisa foi tratar da interface da matemática e

da estatística, analisando o desenvolvimento de tais conteúdos voltados

para a questão do uso abusivo de álcool pelos adolescentes. Traçamos os

objetivos dentro dos seguintes parâmetros: verificar se por meio de

situações reais os alunos apresentam maior interesse pela aprendizagem

matemática e estatística e investigar como está a questão do uso de bebidas

alcoólicas.

Para relacionar o conteúdo de estatística com a questão do uso de

álcool tivemos que dispor de criatividade e disponibilidade. Isso acontece

porque recebemos os assuntos acabados para repassar aos alunos, de

maneira que nos limitamos a ensinar sempre por meio da mesma

metodologia.

Confirmamos que o ensino e aprendizagem da matemática e da

estatística tornam-se mais interessantes quando acontecem por meio de

metodologias que partem de situações concretas. Os alunos participaram

intensamente das atividades expressando curiosidade e interesse.

É conveniente acrescentar, como bem se apresenta nas DCEs -

Diretrizes Curriculares Estaduais (PARANÁ, 2006), que não se trata de limitar o

ensino às questões do cotidiano, porque assim estaremos correndo o risco

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de ter alunos que não vão além do senso comum. Mas sim, fazer uso de

temas cotidianos para ensinar os conteúdos curriculares.

Desta maneira, também estamos cumprindo uma das funções da

escola: fazer com que os alunos tomem conhecimento das ciências

desenvolvidas pelas diferentes civilizações no decorrer da história,

procurando suas aplicações práticas e/ou procurando solucionar problemas

inerentes a elas.

Consideramos complexa e grave a questão do uso de álcool pelos

adolescentes. Enquanto educadores, cabe-nos conscientizar os envolvidos,

e procurar apresentar a questão de modo a que possa ser tratada

cientificamente em sala de aula. A tarefa que consideramos mais árdua,

supervisionar e exigir do jovem posicionamento a respeito do assunto, é sem

dúvida responsabilidade da família. Se “as drogas, lícitas ou ilícitas, nos ajudam a

negar as constantes evidências do nosso empobrecimento afetivo” (KALINA, 1986, p.16), é

importante que os pais destinem tempo para dar atenção aos filhos,

ouvindo-o e aconselhando-o na solução de seus problemas, conhecendo

seus amigos e interesses, demonstrando amor, tocando-o e abraçando-o

(CABRAL, 2002).

Como educadores, sabemos que muitos alunos mesmo que

aprovados não se apropriam devidamente dos conhecimentos propostos

pela escola. Pois assumimos a premissa de que a complexidade que

envolve o processo de ensino e aprendizagem da matemática e da

estatística abrange fatores externos e internos ao ambiente escolar, de

modo que a responsabilidade, tanto do sucesso como do fracasso, não pode

ser atribuída unicamente à atitude dos alunos ou dos professores, uma vez

que não existem, e não existirão, fórmulas prontas infalíveis que garantam a

aprendizagem dos alunos e o desejo de aprender.

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Referências

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GARFIELD, J. Teaching Statistics using small-group cooperative learning.

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MACHADO, Nilson José. Matematica e realidade. 2.edição. São Paulo:

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MELONI, José N.; LARANJEIRA, Ronaldo. Revista Brasileira de

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MIECHUANSKI, Denize Cureau. O Ensino da Matemática através de

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PONTE, João Pedro. Educação Matemática: Temas de Investigação.

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TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa. Novos paradigmas. São

Paulo: Integrare, 2006.

ANEXO I – Modelo de questionário aplicado

Prezado(a) aluno(a),

O presente questionário apresenta as perguntas sobre uso de álcool

realizadas pela sua turma. É uma atividade integrante do Projeto de

Pesquisa sobre Metodologia do Ensino de Estatística, que estou

desenvolvendo no programa PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional) junto a Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

Colabore e responda as questões expressando sua verdadeira

opinião sobre o tema.

Obrigada,

Professora Rosemari Viecili

Idade:____________

Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino

1) Tem alguém alcoólatra em sua família?( ) Sim ( ) Não

2) Você já esteve em estado de embriaguez?( ) Sim( ) Não

3) Já presenciou algum acidente de trânsito onde um ou os condutores apresentavam-se embriagados?

( ) Sim

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( ) Não

4) Se tivesse um amigo que bebesse exageradamente o que você faria?( ) Tentaria conscientizá-lo sobre as conseqüências do uso indevido do álcool.( ) Se afastaria.( ) Ficaria na sua, afinal o problema não é seu.

5) Na sua opinião, qual o principal motivo que leva um jovem a beber?( ) Influência de amigos.( ) Vontade própria.( ) Problemas não resolvidos.( ) Influência de familiares.( ) Porque sem bebidas não há diversão.( ) Para não sentir-se excluído do grupo de amigos.

6) Você consome bebidas alcoólicas?( ) Sim( ) Não

Responda as questões a seguir somente se sua resposta para a questão 6 foi AFIRMATIVA.

7) Aonde você costuma beber?( ) Em bares e lanchonetes.( ) Bailes e outros eventos sociais.( ) Com a família, em casa.( ) Outro local. Qual?______________

8) Qual bebida que você ingere com maior freqüência?( ) Cerveja( ) Wisky( ) Vinho( ) Outra. Qual?______________

9) Seus pais sabem que você ingere bebidas alcoólicas?( ) Sim e não concordam.( ) Sim, mas pensam que bebo pouco.( ) Sim e concordam.( ) Não sabem.

10)Os estabelecimentos comercias respeitam a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos?

( ) Sim.( ) Não, pois tenho menos de 18 anos e compro bebidas freqüentemente em vários locais, como por exemplo ________________________ ( ) Não sei, sou maior de 18 anos.

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