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Matemática, Monstros, Significados e Educação Matemática Seminário apresentado por Andréa Thees baseado no texto de Rômulo Campos Lins UFF – Especialização Matemática Disciplina: Prática Pedagógica – Educação Matemática Prof.: Wanderley Maio / 2006

Matemática, Monstros e Significados

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Matemática, Monstros, Significados e Educação Matemática

Seminário apresentado por Andréa Thees baseado no texto de Rômulo Campos Lins

UFF – Especialização Matemática

Disciplina: Prática Pedagógica – Educação Matemática

Prof.: WanderleyMaio / 2006

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1. Apresentando o quadro geral

Dificuldade de alguns alunos para passar de ano em Matemática;

A correlação entre gostar ou não de cada “matéria” e gostar ou não do professor;

A Matemática da escola só existe dentro da escola, influenciando na sua aceitação ou rejeição, associada a gostar ou não do professor.

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A Matemática do cotidiano...

Traz a vida real para as aulas de Matemática;

Utiliza recursos pedagógicos como Modelagem Matemática, Etnomatemática e contextualizações;

Diminui a distância entre as salas de aula e a vida das pessoas;

Usa o lema: não basta aprender primeiro e aplicar depois.

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O estranhamento entre a Matemática acadêmica e a Matemática da rua

IGNORA

DESAUTORIZA

Na prática, o aluno chega à escola e deixa sua vivência do lado de fora da sala de aula.

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A “Teoria dos Monstros”

Conjunto de idéias que se desenvolveu no âmbito da literatura que tem monstros entre seus personagens (Drácula, Frankstein, etc.);

Foi abraçada por pensadores da área de Estudos Culturais para estudo das culturas através dos monstros que ela gera;

Rômulo utiliza a teoria para examinar de que forma monstros podem ter um papel de regulador da diferença entre duas “culturas”: da Matemática do matemático – da escola – e da Matemática da rua.

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Traçando o plano geral

Esse estranhamento é construído por processos de produção de significado.

MONSTROS DE ESTIMAÇÃO

JARDIM DO MATEMÁTICO

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O argumento do autor

O fracasso de tantos com relação à Matemática escolar não é um fracasso de quem não consegue aprender embora tente, e sim um sintoma de uma recusa em sequer se aproximar daquelas coisas.

Uma espécie de auto-exclusão induzida.

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2. A Matemática do matemático

É resultado de um esforço (processo histórico) de colar significados a significantes;

Define objetos, onde não cabe discussão sobre suas aplicações;

É internalista, teórica e abstrata; Tem-se a idéia de ser uma ciência das

situações possíveis ou hipotéticas.

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Um pouco de História...

A Matemática dos matemáticos não é resultado de um progresso linear;

Antes do século XIX, a Matemática servia a quem dela precisasse;

Todo mundo se sentia autorizado a dar palpites – de certo modo era como é a educação hoje;

Em meados do século XIX, surge um processo de depuração profissional.

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E a partir do século XX...

A Matemática foi profissionalizada; A autoridade está constituída na existência de

uma instituição cultural; Ficou estabelecido quem pode falar disso

propriamente; O internalismo coloca o matemático na posição

de um deus; Confirma a existência do “portão da diferença”.

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3. Monstros

São familiares na cultura popular; Eles não são deste mundo; Não seguem regras deste mundo; Não sabemos como eles funcionam; Nos deixam paralisados, por serem diferentes e

monstruosos.

É a partir do mundo humano que produzimos significado para o mundo das coisas, e não ao contrário.

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Como podemos comunicar a nossos colegas educadores...

Que desistimos de pensar em uma ação educativa efetiva? Sem sugerir o desânimo?

Que toda intenção de melhoria vai escorrer por entre nossos dedos? Não importa se é para melhorar?

MONSTROS...

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3.1. O corpo do monstro é um corpo cultural

Ao encontrar o monstro, não estamos preparados, nem pela vida, nem pela escola a lidar com essa situação;

Um encontro crítico, assim como o encontro do professor com os alunos é crítico para o professor;

Apesar desse monstro não ser familiar pode tornar-se, por ser cultural.

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3.2. O monstro sempre escapa

Quem persegue o monstro até o final? É mais fácil dar aulas expositivas e manter

os monstros de lado; É quando ocorre um processo de seleção e

exclusão exercido pela Matemática.

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3.3. O monstro é o arauto da crise de categorias

O monstro aparece porque já era possível; O encontro com o monstro é algo que já

existia, era concebido, mas não totalmente; É a crise no sistema de categorias, sua

falência de fazer o mundo ter um sentido mais confortável;

Não conseguimos produzir significados familiares.

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3.4. O monstro mora nos portões da diferença

Criamos os monstros e queremos que eles fiquem “para lá”, para além dos portões da diferença;

Como o monstro não é universal, para alguém talvez ele nem seja monstro;

Inversão de conceitos: o monstro que eu mesmo crio pode estar a serviço de mais alguém que não apenas eu – possibilidade de existir sucesso.

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3.5. O monstro policia as fronteiras do possível

O monstro policia a entrada no Jardim do Matemático e, o que era limite, agora é obstáculo;

O monstro não policia a normalidade, ele está no terreno de outro, policiando a racionalidade de outro;

Quem me impede de entrar lá sou eu mesmo, pois fico parado e digo a mim mesmo: “não sei o que fazer”

“Que não entre aqui aquele que é ignorante da Geometria” (frase no portal da entrada da Academia de Euclides)

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3.6. O medo do monstro é realmente uma espécie de desejo

Efeito de atração que cria uma importância para o matemático;

A lógica do desejo – aquilo é desejável porque poucos têm;

O desejo não consumado – manter segredo sobre os monstros de estimação;

Será que a Matemática receberia tanta atenção, se fôssemos todos inteligentes e freqüentadores do Jardim do Matemático?

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3.7. O monstro está situado no limiar do tornar-se

Em Educação Matemática, o tal estranhamento vai contra a intenção de “facilitar” a vida escolar do aluno;

Limiar do tornar-se – a aceitação da diferença e a possível admissão do diferente;

Para o aluno, isto quer dizer ser ouvido; para o professor, isto quer dizer ouvir (ou olhar para alguém com a intenção de fazer algo a respeito – a hyouka, dos professores japoneses).

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4. Significados

Objeto – é algo a respeito de que se pode dizer algo;

Significado – é aquilo que se pode e efetivamente se diz de uma coisa no interior de uma atividade;

Como é que uma coisa, um monstro, pode ser duas coisas diferentes? Uma para quem freqüenta e outra para quem não freqüenta o Jardim do Matemático?

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Algumas considerações

Os matemáticos criaram e ainda criam uma reserva de mercado;

Uma mesma “coisa” pode ter significados diferentes, sendo um monstro monstruoso e um monstro de estimação;

O estranhamento causado pela enorme distância entre alguns “fatos” matemáticos e a vida comum;

A reprovação acaba sendo um recurso adotado para aliviar a pressão sobre o professor.

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Existe a necessidade de discutir quem, e de que forma, controla o discurso;

Em relação à produção de significado, o que o matemático diz não pode ser dito por qualquer um;

Nem sempre o matemático foi um matemático – ele tornou-se um.

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5. Educação Matemática

Propõe transformar o monstro monstruoso em monstro de estimação;

Reconhece que existe uma gradação no grupo que “não consegue”;

Cria um ambiente em sala de aula que permite o tornar-se possível;

Permite lidar com a diferença e tratar dela; Exercer uma educação através da Matemática,

escolhendo conteúdos úteis nessa empreitada e não apenas uma escolha “do que deve ser ensinado”.

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Debate e reflexão

Das 7 teses apresentadas, qual teve mais significado para você?

Você já esteve passeando pelo Jardim do Matemático? E fora dele?

Será que estamos conseguindo transformar os monstros monstruosos em monstros de estimação para nossos alunos?

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FIM

Tantos monstros quanto possamos ter em nossa sala de aula. É isso que precisamos ter em mente. Não como um objetivo único, mas como uma direção interessante e frutífera.