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PÓS-GRADUAÇÃO EM REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – EAD MÓDULO III – NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – DOS AGENTES PÚBLICOS. Data: 04/12/2014PROFESSOR Professor: Omar Chamon 1. Material pré-aula a. Tema Dano ao erário. Responsabilidade Civil, Administrativa e Penal dos Servidores Públicos. b. Noções Gerais Diversas espécies de responsabilidade podem ser atribuídas aos agentes públicos. A primeira delas é a responsabilidade funcional, denominada RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, que se verifica quando o servidor pratica conduta ilícita com repercussão interna, em geral, o descumprimento dos deveres e proibições. A responsabilidade administrativa enseja a abertura de processo disciplinar pela Administração, destinado à aplicação de sanções. Na Lei nº 8.112/90, são previstas como sanções administrativas aplicáveis ao servidor: Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. 1 1 Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm

Material aula 04.12.2014 - Dano ao Erario2.pdf

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  • PS-GRADUAO EM REGIME PRPRIO DE PREVIDNCIA SOCIAL EAD

    MDULO III NOES PRELIMINARES SOBRE REGIME PRPRIO DE PREVIDNCIA SOCIAL DOS AGENTES PBLICOS.

    Data: 04/12/2014PROFESSOR Professor: Omar Chamon 1. Material pr-aula

    a. Tema

    Dano ao errio. Responsabilidade Civil, Administrativa e Penal dos Servidores Pblicos.

    b. Noes Gerais

    Diversas espcies de responsabilidade podem ser atribudas aos agentes pblicos. A primeira delas a responsabilidade funcional, denominada RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA, que se verifica quando o servidor pratica conduta ilcita com repercusso interna, em geral, o descumprimento dos deveres e proibies. A responsabilidade administrativa enseja a abertura de processo disciplinar pela Administrao, destinado aplicao de sanes. Na Lei n 8.112/90, so previstas como sanes administrativas aplicveis ao servidor:

    Art. 127. So penalidades disciplinares: I - advertncia; II - suspenso; III - demisso; IV - cassao de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituio de cargo em comisso; VI - destituio de funo comissionada.1

    1 Presidncia da Repblica. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurdicos. LEI 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponvel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8112cons.htm

  • Porm, de outra parte, o servidor tambm tem RESPONSABILIDADE CIVIL, relacionada reparao dos danos eventualmente causados por suas condutas. Tal responsabilidade que de natureza subjetiva pode ocorrer quando o servidor lesa um bem do patrimnio da Administrao ou causa dano a um terceiro. Finalmente, h a RESPONSABILIDADE PENAL, verificada quando o servidor pratica crime ou contraveno. Passemos, agora, ao estudo aprofundado das trs espcies de responsabilidade acima indicadas. A responsabilidade civil possui carter patrimonial e decorre do artigo 186 do Cdigo Civil Brasileiro, que consagra a regra segundo a qual todo aquele que causa dano a outrem obrigado a repar-lo. Acerca do tema da responsabilidade civil, Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece: Analisando-se o disposto no artigo 186 do Cdigo Civil, verifica-se que, para configurar-se o ilcito civil, exige-se:

    1. ao ou omisso antijurdica; 2. culpa ou dolo; com relao a este elemento, s vezes de difcil comprovao, a lei admite alguns casos de responsabilidade objetiva (sem culpa) e tambm de culpa presumida; uma e outra constituem excees regra geral de responsabilidade subjetiva, somente sendo cabveis diante de norma legal expressa; 3. relao de causalidade entre a ao ou omisso e o dano verificado; 4. ocorrncia de um dano material ou moral.2

    Quando o prejuzo ocasionado por servidores pblicos, importante diferenciar as seguintes situaes: I) dano causado ao Estado; II) dano causado a terceiros. No primeiro caso, a responsabilidade apurada pela prpria Administrao, por meio da instaurao de processo administrativo, com as devidas garantias de defesa do servidor, conforme previsto no artigo 5, inciso LV, da Constituio. As leis estatutrias, em regra, trazem a previso de procedimentos especficos, pelos quais a Administrao poder descontar dos

    2 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 27 Edio. So Paulo: Atlas, 2014, p. 684.

  • vencimentos do servidor a importncia necessria ao ressarcimento dos prejuzos, respeitado o limite mensal fixado em lei. A reteno dos vencimentos, desde que prevista de forma especfica em lei, perfeitamente vlida e independe do consentimento do servidor, inserindo-se entre as hipteses de autoexecutoriedade dos atos administrativos.3 Por sua vez, quando o servidor pblico ocasiona danos a terceiros, aplica-se a norma do artigo 37, 6, da Constituio Federal, a qual prev que o Estado responde de forma objetiva, isto , independentemente de anlise de culpa ou dolo, mas ter direito de regresso contra o servidor que causou o dano, desde que este tenha cometido o ilcito agindo com culpa ou dolo. No que se refere responsabilidade administrativa, o servidor responder pelos ilcitos administrativos classificados no ordenamento estatutrio e que apresentam os mesmos elementos bsicos do ilcito civil, quais sejam: ao ou omisso contrria lei, culpa ou dolo e ocorrncia de dano. Contudo, nessa hiptese, a infrao ser apurada pela prpria Administrao Pblica, que dever instaurar procedimento adequado a esse fim, assegurando ao servidor a garantia ao exerccio do contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Os meios de apurao previstos nas leis estatutrias so os sumrios, compreendendo a verdade sabida e a sindicncia, e o processo administrativo disciplinar, impropriamente denominado inqurito administrativo4. Comprovada a prtica da infrao, o servidor ficar sujeito aplicao das penas disciplinares previstas, em mbito federal, no artigo 127 da Lei n 8.112/90, anteriormente mencionadas.

    3 O STF, analisando dispositivo da Lei n 8.112/90, j se posicionou em sentido contrrio ao desconto, sem consentimento do servidor, para ressarcimento de prejuzo. A deciso foi no sentido de que "5. a Administrao acha-se restrita s sanes de natureza administrativa, no podendo alcanar, compulsoriamente, as consequncias civis e penais. 6 . falta de prvia aquiescncia do servidor, cabe Administrao propor ao de indenizao para a confirmao, ou no, do ressarcimento apurado na esfera administrativa. 7. O art. 46 da Lei n 8.112, de 1 990, dispe que o desconto em folha de pagamento a forma como poder ocorrer o pagamento pelo servidor, aps sua concordncia com a concluso administrativa ou a condenao judicial transitada em julgado. 8. Mandado de Segurana deferido" (MS 24182/DF, Relator: Min. Maurcio Corra; julgamento: 12-2-04). In: PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 27 Edio. So Paulo: Atlas, 2014, p. 685. 4 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 27 Edio. So Paulo: Atlas, 2014, p. 686.

  • Ressalte-se, ainda, que a maior parte das infraes administrativas no definida de forma precisa, limitando-se a lei estatutria, especialmente, a falar em descumprimento dos deveres, falta de exao no cumprimento do dever, insubordinao grave, procedimento irregular, incontinncia pblica; etc. Em razo dessa carncia de exatido, a Administrao dispe de certa margem de apreciao no enquadramento da falta dentre os ilcitos previstos na lei. Porm, isso no significa possibilidade de julgamento arbitrrio, tendo em vista que a lei exige efetiva motivao da penalidade imposta. A partir desse momento, iremos estudar a responsabilidade penal do servidor pblico. Inicialmente, mencionamos que o servidor responder penalmente quando cometer qualquer conduta classificada como crime ou contraveno penal. Nesse sentido, trazemos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

    Existem, no ilcito penal, os mesmos elementos caracterizadores dos demais tipos de atos ilcitos, porm com algumas peculiaridades: 1. a ao ou omisso deve ser antijurdica e tpica, ou seja, corresponder ao tipo, ao modelo de conduta definido na lei penal como crime ou contraveno; 2. dolo ou culpa, sem possibilidade de haver hipteses de responsabilidade objetiva; 3. relao de causalidade; 4. dano ou perigo de dano: nem sempre necessrio que o dano se concretize; basta haver o risco de dano, como ocorre na tentativa e em determinados tipos de crime que pem em risco a incolumidade pblica. Para fins criminais, o conceito de servidor pblico amplo, mais se aproximando do conceito de agente pblico. O artigo 327 do Cdigo Penal, com a redao dada pela Lei n 9.983, de 13-7-00, considera "funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica". O 1 equipara a funcionrio "quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica". O sentido

  • da expresso entidade paraestatal, nesse dispositivo, tem sido objeto de divergncias doutrinrias, alguns entendendo que s abrange as autarquias, outros incluindo as empresas pblicas e sociedades de economia mista. Razo assiste aos que defendem este ltimo entendimento, pois, se o empregado de entidade privada considerado funcionrio pblico, para fins criminais, pelo fato de a mesma prestar atividade tpica da Administrao Pblica, com muito mais razo o empregado das sociedades de economia mista, empresas pblicas e demais entidades sob controle direto ou indireto do poder pblico, que fazem parte integrante da Administrao Pblica indireta.5

    A responsabilidade criminal do servidor pblico, diferentemente da responsabilidade administrativa, ser apurada pelo Poder Judicirio. Finalmente, importante destacar que as trs espcies de responsabilidade acima mencionadas so independentes isto , uma mesma conduta pode desencadear as trs espcies, e a absolvio em uma esfera no implica, necessariamente, a absolvio nas demais. Assim, o servidor pode sofrer punies pelas trs, sem que se configure bis in idem. Como regra geral, entretanto, se o servidor for absolvido na esfera penal por negativa do fato ou da autoria, dever ser absolvido nas esferas administrativa e civil com efeito, parte-se do pressuposto de que a instruo penal, que busca sempre a verdade material de determinado fato, mais acurada. Contudo, tal regra no se aplica se o servidor for absolvido por falta de provas, pois, neste caso, a absolvio no demonstra que ele no culpado, mas simplesmente que no h elementos concretos para sua condenao.

    c. Legislao

    - Constituio Federal. - Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990. - Cdigo Penal Decreto-Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940.

    5 PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 27 Ed. So Paulo: Atlas, 2014, p. 686-687.

  • d. Julgados/Informativos

    SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

    Trata-se de recurso extraordinrio interposto contra acrdo assim: Ao Civil Pblica. Ressarcimento. Prescrio. A responsabilidade civil do servidor pblico apura-se em caso de dano causado ao Estado ou de dano causado a terceiro. Em se tratando de dano causado ao Estado, a ao de improbidade submete-se prescrio fixada em lei. Quando se trata de dano causado a terceiro, a ao de ressarcimento imprescritvel. Nega-se provimento ao agravo regimental (fl. 460). Neste RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituio, alega-se ofensa ao art. 37, 5, da mesma Carta. A Procuradoria-Geral da Repblica manifestou-se pelo provimento do recurso (fls. 497-499). A pretenso recursal merece acolhida. O acrdo recorrido est em desacordo com a jurisprudncia desta Corte no sentido de que as aes de ressarcimento ao errio so imprescritveis, conforme se observa do julgamento do MS 26.210/DF, de minha relatoria, que porta a seguinte ementa: MANDADO DE SEGURANA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. BOLSISTA DO CNPq. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAO DE RETORNAR AO PAS APS TRMINO DA CONCESSO DE BOLSA PARA ESTUDO NO EXTERIOR. RESSARCIMENTO AO ERRIO. INOCORRNCIA DE PRESCRIO. DENEGAO DA SEGURANA. (...). II - Precedente: MS 24.519, Rel. Min. Eros Grau. (...). IV - Segurana denegada. (...). O meu raciocnio realmente o de que, em se tratando de ressarcimento, as respectivas aes so imprescritveis. No mesmo sentido, menciono os precedentes seguintes: RE 542.467/MT, Rel. Min. Carlos Britto; RE 463.451/TO, de minha relatoria; AI 490.944/SP, Rel. Min. Maro Aurlio. Isso posto, conheo do recurso e dou-lhe provimento (CPC, art. 557, 1-A), para que, afastada a prescrio quanto ao ressarcimento ao errio, o TJ/MG d continuidade ao julgamento da ao. Publique-se. Braslia, 1 de fevereiro de 2010. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI- Relator. (STF - RE: 500497 MG, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 01/02/2010, Publicao: DJe-029) EMBARGOS DE DECLARAO - INOCORRNCIA DE CONTRADIO, OBSCURIDADE OU OMISSO - PRETENDIDO REEXAME DA CAUSA - CARTER INFRINGENTE - INADMISSIBILIDADE - RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO PODER PBLICO - ELEMENTOS ESTRUTURAIS - TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO - FATO DANOSO (MORTE) PARA O OFENDIDO (MENOR IMPBERE) RESULTANTE DE TRATAMENTO MDICO INADEQUADO EM HOSPITAL

  • PBLICO - PRESTAO DEFICIENTE, PELO DISTRITO FEDERAL, DO DIREITO FUNDAMENTAL A SADE, INDISSOCIVEL DO DIREITO VIDA - EMBARGOS DE DECLARAO REJEITADOS . - No se revelam cabveis os embargos de declarao, quando a parte recorrente a pretexto de esclarecer uma inexistente situao de obscuridade, omisso ou contradio vem a utiliz-los com o objetivo de infringir o julgado e de, assim, viabilizar um indevido reexame da causa. Precedentes. - Os elementos que compem a estrutura e delineiam o perfil da responsabilidade civil objetiva do Poder Pblico compreendem (a) a alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o eventus damni e o comportamento positivo (ao) ou negativo (omisso) do agente pblico, (c) a oficialidade da atividade causal e lesiva imputvel a agente do Poder Pblico que tenha, nessa especfica condio, incidido em conduta comissiva ou omissiva, independentemente da licitude, ou no, do comportamento funcional e (d) a ausncia de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. A omisso do Poder Pblico, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz responsabilidade civil objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos primrios que lhe determinam a obrigao de indenizar os prejuzos que os seus agentes, nessa condio, hajam causado a terceiros. Doutrina. Precedentes. - A jurisprudncia dos Tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil objetiva do Poder Pblico nas hipteses em que o eventus damni ocorra em hospitais pblicos (ou mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento mdico inadequado, ministrado por funcionrio pblico, ou, ento, resulte de conduta positiva (ao) ou negativa (omisso) imputvel a servidor pblico com atuao na rea mdica. - Configurao de todos os pressupostos primrios determinadores do reconhecimento da responsabilidade civil objetiva do Poder Pblico, o que faz emergir o dever de indenizao pelo dano pessoal e/ou patrimonial sofrido. (STF - AI: 734689 DF, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 26/06/2012, Segunda Turma, Data de Publicao: ACRDO ELETRNICO DJe-167 - 24-08-2012) RECURSO EXTRAORDINRIO COM AGRAVO. CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO CONTRA SERVIDOR. COMENTRIOS OFENSIVOS SUA HONRA. VALOR FIXADO A TTULO DE DANO MORAL. MATRIA DE FUNDO COM REPERCUSSO GERAL REJEITADA PELO PLENRIO DO STF NO ARE N 743.771.CONTROVRSIA DE NDOLE INFRACONSTITUCIONAL. 1. O valor fixado a ttulo de dano moral, quando aferido pelas instncias ordinrias, no revela repercusso geral apta a dar seguimento ao apelo extremo, consoante decidido pelo Plenrio virtual do STF, na anlise do ARE n 743.771,

  • Rel. Min. Gilmar Mendes. 2. In casu, o acrdo recorrido assentou: RESPONSABILIDADE CIVIL. ILEGALIDADE DE CERTIDO LAVRADA POR SERVIDORA PBLICA. INSTAURAO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO CONTRA O SERVIDOR OBJETO DA CERTIDO. COMENTRIOS OFENSIVOS SUA HONRA. INDENIZAO POR DANO MORAL DEVIDA. 3. Agravo DESPROVIDO. Trata-se de agravo nos prprios autos interposto por ADRIANO ALMEIDA LEAL, com fundamento no art. 544 do Cdigo de Processo Civil, objetivando a reforma da deciso que inadmitiu seu recurso extraordinrio manejado com arrimo na alnea a do permissivo Constitucional, contra acrdo assim do: RESPONSABILIDADE CIVIL. ILEGALIDADE DE CERTIDO LAVRADA POR SERVIDORA PBLICA. INSTAURAO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO CONTRA O SERVIDOR OBJETO DA CERTIDO. COMENTRIOS OFENSIVOS SUA HONRA. INDENIZAO POR DANO MORAL DEVIDA. 1. A determinao de remessa de peas autoridade competente para instaurao de procedimento administrativo destinado apurao de eventual falha em conduta de servidor pblico, em regra, configura regular exerccio do dever de autoridade administrativa que tomou conhecimento de fatos em princpio irregulares, no configurando ilegalidade capaz de ensejar a reparao por danos morais. Hiptese em que, todavia, a ordem questionada, sem prvia sindicncia, decorreu exclusivamente de certido, lavrada por servidora pblica, na qual omitido fato juridicamente relevante. 2. Circunstncias do caso concreto evidenciam que, do ato ilegal (certido), decorreu muito mais do que mero aborrecimento ao Autor. Sua reputao foi abalada e o fato a ele imputado por servidora pblica, descrito sem fidedignidade na certido, tiveram publicidade em seu ambiente de trabalho. Responsabilidade civil do Estado que embasa a obrigao de reparar os danos morais decorrentes de ato ilegal de servidora pblica (CF, art. 37, 6). 3. Apelao da Unio Federal e remessa oficial a que se nega provimento. 4. Apelao do Autor a que se d provimento (fl. 55 do volume 2). Nas razes de apelo extremo, sustenta a preliminar de repercusso geral e, no mrito, aponta violao aos artigos 1, III, 5, X, 37, 6, e 93, IX, da Constituio Federal. O Tribunal a quo negou seguimento ao recurso extraordinrio por entender que a anlise do apelo dependeria do reexame do conjunto ftico-probatrio constante dos autos. o relatrio. DECIDO. No merece prosperar o recurso. O valor fixado a ttulo de dano moral, quando aferido pelas instncias ordinrias, no revela repercusso geral apta a dar seguimento ao apelo extremo, consoante decidido pelo Plenrio virtual do STF, na anlise do ARE n 743.771, da Rel. Min. Gilmar Mendes, o qual possui a seguinte ementa: DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. VALOR FIXADO A TTULO DE INDENIZAO POR DANOS

  • MORAIS. REEXAME DO ACERVO FTICO-PROBATRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE. INCIDNCIA DO ENUNCIADO 279 DA SMULA DO STF. AUSNCIA DE REPERCUSSO GERAL. Ex positis, DESPROVEJO o agravo, com fundamento no artigo 21, 1, do RISTF. Publique-se. Braslia, 31 de maro de 2014. Ministro LUIZ FUX. Relator. (STF - ARE: 800699 DF, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 31/03/2014, Data de Publicao: DJe-067; PUBLIC 04/04/2014) RECURSO EXTRAORDINRIO COM AGRAVO. DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSO. PENALIDADE APLICADA. REVISO. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FTICO PROBATRIO. SMULA 279/STF. REPERCUSSO GERAL NO EXAMINADA EM FACE DE OUTROS FUNDAMENTOS QUE OBSTAM A ADMISSO DO APELO EXTREMO. 1. O processo administrativo disciplinar, quando sub judice a controvrsia cuja soluo depende do confronto entre as condutas imputadas ao servidor e as tipificaes da lei que rege o processo administrativo disciplinar, demanda a anlise da legislao infraconstitucional que disciplina a espcie e do conjunto ftico-probatrio dos autos, o que inviabiliza o extraordinrio, a teor da Smula 279/STF, que dispe, verbis: Para simples reexame de prova no cabe recurso extraordinrio. Precedentes: RE 395.831-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Primeira Turma, DJ de 18/11/2005, e AI 825.321-ED-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJ de 15/6/2011. 2. Os princpios da ampla defesa e do contraditrio nos procedimentos administrativos, quando aferidos pelas instncias ordinrias, no podem ser revistos por esta Corte em razo do bice da Sumula 279. Precedente: ARE 751.360-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 12/9/2013.3. A repercusso geral pressupe recurso admissvel sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso inadmissvel por outro motivo, no h como se pretender seja reconhecida a repercusso geral das questes constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, 3, da CF). 4. In casu, o acrdo recorrido assentou: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - APELAO CVEL - AO DE NULIDADE DE ATO JURDICO E REINTEGRAO - DEMISSO DE SERVIDOR PBLICO APS REGULAR PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - OBEDINCIA AOS PRINCPIOS DA AMPLA DEFESA, CONTRADITRIO, RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - PNA COMPATVEL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 5. Agravo DESPROVIDO. Deciso: Trata-se de agravo nos prprios autos interposto por Rosa Virgnia Lopes de Abreu Silva com o objetivo de ver reformada a

  • r. deciso que inadmitiu o recurso extraordinrio, manejado com arrimo na alnea a do permissivo Constitucional, contra acrdo, assim do: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - APELAO CVEL - AO DE NULIDADE DE ATO JURDICO E REINTEGRAO - DEMISSO DE SERVIDOR PBLICO APS REGULAR PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR - OBEDINCIA AOS PRINCPIOS DA AMPLA DEFESA, CONTRADITRIO, RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE - PNA COMPATVEL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. Trata -se, na origem, de ao de anulao de processo administrativo que resultou em demisso de servidor pblico, sob a alegao de cerceamento de defesa. II - O processo administrativo disciplinar um instrumento pelo qual a Administrao Pblica exerce seu poder-dever para apurar as infraes funcionais e aplicar penalidades aos seus agentes pblicos e queles que, com ela, possuem um a relao jurdica, ou seja, o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infrao praticada no exerccio de suas atribuies, ou que tenha relao com as atribuies do cargo em que se encontre investido (Lei n. 8.112/90, art. 148). III - No caso em questo, verifica-se que houve todo o procedimento necessrio regular tramitao do processo administrativo ao qual a ora apelante teve que responder, sendo a mesma, desde o primeiro momento, informada de todos os atos e deles, oportunamente, podendo responder, contestar ou concordar, sempre por intermdio de seus advogados legalmente habilitados. IV- No trouxe a parte autora qualquer demonstrao de que houve, de fato, cerceamento de defesa ou no lhe fora possibilitado o contraditrio, tendo em vista que houve a tramitao regular de todas as fases previstas no processo administrativo. V- A corrente majoritaria e do S.TJ entende que, ainda que se possa fazer uma anlise superficial do processo administrativo, no cabe ao Poder Judicirio ingressar no mrito da deciso ao analisar as provas, devendo se restringir ao controle de legalidade e regularidade do procedimento. VI - Recurso conhecido e improvido. Nas razes do apelo extremo, sustenta a preliminar de repercusso geral e, no mrito, aponta violao ao artigo 5, LV, da Constituio Federal. O tribunal de origem negou seguimento ao recurso extraordinrio por entender que a anlise do presente caso demandaria o exame de matria ftica, incidindo a Smula n 279/STF. o relatrio. DECIDO. Ab initio, a repercusso geral pressupe recurso admissvel sob o crivo dos demais requisitos constitucionais e processuais de admissibilidade (art. 323 do RISTF). Consectariamente, se o recurso inadmissvel por outro motivo, no h como se pretender seja reconhecida a repercusso geral das questes constitucionais discutidas no caso (art. 102, III, 3, da CF). O agravo no merece prosperar. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que o processo administrativo disciplinar,

  • quando sub judice a controvrsia cuja soluo depende do confronto entre as condutas imputadas ao servidor e as tipificaes da lei que rege o processo administrativo disciplinar, demanda a anlise da legislao infraconstitucional que disciplina a espcie e do conjunto ftico-probatrio dos autos, o que inviabiliza o extraordinrio, a teor da Smula n 279/STF, que dispe, verbis: Para simples reexame de prova no cabe recurso extraordinrio. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO FEDERAL. PENA DE DEMISSO. CONFRONTO ENTRE AS CONDUTAS IMPUTADAS E AS TIPIFICAES PREVISTAS NA LEI N 8.112/90. AUSNCIA DE PREVISO LEGAL PARA A APLICAO DA PENALIDADE MXIMA, DETECTADA PELO TRIBUNAL A QUO. NECESSIDADE DE REVOLVER MATRIA FTICA E INTERPRETAR DIREITO INFRACONSTITUCIONAL. EXAME DE LEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. A controvrsia cuja soluo depende do confronto entre as condutas imputadas ao servidor e as tipificaes da lei que rege o processo administrativo disciplinar se situa no mundo dos fatos e no campo infraconstitucional, o que impede a abertura da via extraordinria. No exerccio do controle de legalidade do ato administrativo, incumbe ao Judicirio observar, alm da competncia de quem o praticou e do cumprimento das formalidades legais que lhe so intrnsecas, tambm os respectivos pressupostos de fato e de direito. O exame desses aspectos implica a verificao da existncia de previso legal da causa apontada como motivadora da demisso do servidor pblico; isto , a verificao da previsibilidade legal da sano que lhe foi aplicada. Precedentes: RE 75.421-EDv, Relator Ministro Xavier de Albuquerque. RE 88.121, Relator Ministro Rafael Mayer; AR 976, Relator Ministro Moreira Alves; e MS 20.999, Relator Ministro Celso de Mello. Agravo Regimental desprovido (RE 395.831-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, Primeira Turma, DJ de 18/11/2005). AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANA. EFEITOS. APLICAO DA SMULA 271 DO STF. MATRIA INFRACONSTITUCIONAL. AGRAVO IMPROVIDO. I - A discusso acerca da produo de efeitos patrimoniais em relao ao perodo pretrito impetrao do mandado de segurana, demandaria o reexame de normas infraconstitucionais aplicveis espcie. II - Agravo regimental improvido (AI 825.321-ED-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJ de 15/6/2011). Demais disso, os princpios da ampla defesa e do contraditrio nos procedimentos administrativos, quando aferidos pelas instncias ordinrias, no podem ser revistos por esta Corte em razo do bice da Sumula n 279. Nesse sentido: ARE 751.360-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 12/9/2013, assim ementado: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

  • EXTRAORDINRIO COM AGRAVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. ALEGADA VIOLAO AOS PRINCPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITRIO. REEXAME DO CONJUNTO FTICO-PROBATRIO. SMULA 279 DO STF. INCIDNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I - Para dissentir da concluso adotada pelo acrdo recorrido quanto ausncia de violao ampla defesa e ao contraditrio no processo administrativo disciplinar ao qual foi submetido o ora agravado, necessrio seria o reexame do conjunto ftico-probatrio constante dos autos, o que atrai a incidncia da Smula 279 do STF. Precedentes. II - Agravo regimental improvido. Ex positis, DESPROVEJO o agravo, com fundamento no disposto no artigo 21, 1, do RISTF. Publique-se. Braslia, 12 de novembro de 2014. Ministro LUIZ FUX. Relator. Documento assinado digitalmente. (STF - ARE: 845096 PI, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de Julgamento: 12/11/2014, Data de Publicao: DJe-227; PUBLIC 19/11/2014) Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINRIO. ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR EM RELAO AOS SEUS DEVERES. AUTONOMIA DAS ESFERAS CVEL, PENAL E ADMINISTRATIVA. ABSOLVIO NA ESFERA PENAL POR AUSNCIA DE PROVAS. CONDENAO ADMINISTRATIVA PERDA DO CARGO. INCABVEL O REEXAME DE FATOS E PROVAS. SMULA 279. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - A jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal firme no sentido da autonomia das esferas cveis, penais e administrativas no que concerne imputao de responsabilidade de servidor pblico em relao aos seus deveres funcionais. II - O julgamento na esfera administrativa no se vincula deciso que, no processo-crime, absolveu o ru por ausncia de provas. Invivel, nesta sede, o reexame do conjunto ftico-probatrio. Smula 279 do STF. III - Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - RE: 785677 SP, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 05/08/2014, Segunda Turma, Data de Publicao: DJe-157; PUBLIC 15-08-2014) SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

    ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. FRAUDES CONTRA O INSS. SERVIDOR PBLICO QUE SE VALERA DESSA CONDIO PARA CONCEDER BENEFCIOS PREVIDENCIRIOS IRREGULARES. AES PENAIS AJUIZADAS PARA APURAO DE RESPONSABILIDADE CRIMINAL. PRESCRIO DAS

  • SANES DISCIPLINARES. CLCULO PELA SANO PENAL EM ABSTRATO. 1. Na origem, o Parquet moveu Ao de Improbidade Administrativa imputando ao ru a prtica de fraudes que acarretaram ao INSS prejuzos estimados em R$ 859.190,33, tendo em vista que o ora recorrente, valendo-se da condio de servidor pblico, concedeu 53 (cinquenta e trs) benefcios previdencirios irregulares, mediante a utilizao de informaes laborais falsas, falsificao de documentos e manipulao do sistema informatizado do INSS. Tais fatos resultaram na instaurao de Procedimento Administrativo voltada apurao de responsabilidade penal pela prtica dos delitos de corrupo passiva e ativa. 2. "A disposio da lei de que a falta administrativa prescrever no mesmo prazo da lei penal, leva a uma nica interpretao possvel, qual seja, a de que este prazo ser o mesmo da pena em abstrato, pois este, por definio originria, o prazo prprio prescricional dos crimes em espcie" (REsp 379.276/SP, Rel. Ministra Maria Thereza De Assis Moura, Sexta Turma, DJ 26/02/2007, p. 649). No mesmo sentido: RMS 15.648/SP, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJ 3/9/2007, p. 221 e RMS 18.901/RJ, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJ 13/03/2006, p. 338. 3. Recurso Especial no provido. (STJ - REsp: 1386162 SE 2013/0170794-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento: 25/02/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicao: DJe 19/03/2014) RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO FEDERAL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR CONDUTA DOLOSA OU CULPOSA CAUSADORA DE DANO AO ERRIO. COBRANA NA VIA ADMINISTRATIVA POR MEIO DA EMISSO DE GRU. AUSNCIA DE AUTORIZAO EXPRESSA E FORMAL. NECESSIDADE DE PROCESSO JUDICIAL. PRECEDENTES. 1. Em se tratando de responsabilidade civil de servidor pblico por conduta dolosa ou culposa causadora de dano ao errio, somente se houver sua autorizao formal ser possvel a realizao de descontos em seus vencimentos de valores devidos a ttulo de ressarcimento, nos termos do art. 46 da Lei n 8.112/90, ou de sua cobrana por meio da emisso de GRU, como no caso. Se no houver, contudo, sua expressa anuncia, necessrio o ajuizamento de ao judicial pela Administrao com a finalidade de, apurada sua responsabilidade civil subjetiva, conden-lo a ressarcir o prejuzo causado ao errio. 2. "O Estatuto do Servidores Pblicos prev a responsabilizao civil do servidor pblico, quando este causar prejuzo ao errio ou a terceiros, porm, a via adequada para apurao do dano causado e conseqente aplicao da pena de restituio do prejuzo deve ser o processo judicial regular."

  • (REsp 669953/RJ, Rel. Ministro FELIXFISCHER, QUINTA TURMA, DJ 06/12/2004). 3. Recurso especial improvido. (STJ - REsp: 1163855 RJ 2009/0212126-8, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 01/09/2011, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicao: DJe 19/09/2011) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AO CIVIL PBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. EX-MOTORISTA DA COMPANHIA DE GUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE. SUBTRAO DE CARTO DE ABASTECIMENTO DE VECULOS PERTENCENTES CAERN, QUE ESTAVA SOB A RESPONSABILIDADE DE UM SERVIDOR DA COMPANHIA, EM HORRIO DE ALMOO. AUSNCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA ILEGAL E O EXERCCIO DAS FUNES INERENTES RELAO EMPREGATCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ILICITUDE APENASMENTE ADMINISTRATIVA, QUE J OBTEVE REGULAR E PROPORCIONAL PENALIDADE NO MBITO INTERNO DA CAERN (SUSPENSO DE 29 DIAS E IMPOSIO DE DEVOLUO DA QUANTIA DE R$ 159,90, INDEVIDAMENTE DEBITADA NO REFERIDO CARTO). AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTE ASPECTO, DESPROVIDO. 1. A mera alegao de ofensa aos arts. 1., 9, 10 e 11 da Lei 8.429/92, sem que haja demonstrao do em que consiste a violao aos referidos dispositivos legais, atrai o bice da Smula 284 do STF. 2. In casu, o rgo Ministerial Estadual ajuizou Ao Civil Pblica de Improbidade Administrativa contra a parte recorrida (motorista da Companhia de guas e Esgotos do Rio Grande do Norte CAERN), imputando-lhe a conduta de ter subtrado carto de abastecimento da Companhia, destinado ao abastecimento do veculo Mercedes 608, placa MYC 9488, de responsabilidade do servidor Francisco Pinto Ferreira Neto, quando este se encontrava em horrio de almoo, apontando, ainda, que a conduta do recorrente causou prejuzo ao Errio no importe de R$ 159,90, decorrente da utilizao indevida do carto mencionado. 3. Irretocvel se mostra o entendimento exarado pelo Tribunal a quo, que desproveu a Apelao do Ministrio Pblico, concluindo pela impossibilidade da procedncia do pleito constante na exordial, por no ter o recorrido poder de gesto de bens ou recursos pblicos, sequer realizando o ato no exerccio de suas atividades laborais, o que inviabiliza a incidncia da Lei de Improbidade Administrativa ao caso em exame. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, neste aspecto, desprovido. (STJ - REsp: 1406267 RN 2011/0202207-3, Relator: Ministro NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 08/10/2013, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicao: DJe 24/10/2013)

  • PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO CIVIL. PENALIDADE DISCIPLINAR E RESSARCIMENTO AO ERRIO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. NECESSIDADE. INQURITO POLICIAL MILITAR. INSTRUMENTO INADEQUADO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. O Inqurito Policial Militar instrumento inadequado para a apurao da responsabilidade administrativa de servidor pblico civil. O art. 148 da Lei 8.112/90 estabelece o processo administrativo disciplinar como instrumento prprio para a averiguao da responsabilidade de servidor pblico por infrao praticada no exerccio de suas funes. 2. O art. 141 da Lei 8.112/90 prev, por outro lado, as autoridades competentes para a aplicao das penalidades disciplinares. As determinaes nele contidas devem ser observadas em ateno ao princpio do juiz natural (art. 5, LIII, da Constituio Federal), que deve ser respeitado tambm nos processos administrativos. 3. O desconto em folha de pagamento, para fins de ressarcimento ao errio, deve ser precedido de autorizao do servidor pblico ou procedimento administrativo em que sejam assegurados o contraditrio e a ampla defesa, sob pena de violao aos arts. 153 da Lei 8.112/90 e 5, LV, da Constituio Federal. 4. O mero depoimento do servidor acusado na qualidade de testemunha representa ofensa s garantias do contraditrio e da ampla defesa, o que acarreta a nulidade do procedimento administrativo que culminou na sua punio e na exigncia de ressarcimento ao errio. 5. Recurso especial conhecido e improvido. (STJ - REsp: 671348 RJ 2004/0122732-3, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julgamento: 10/05/2007, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicao: DJ 28.05.2007 p. 387) ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INSTAURAOCONTRA EX-SERVIDOR. POSSIBILIDADE. APURAO DE IRREGULARIDADESPRATICADAS QUANDO DO EXERCCIO DAS FUNES PBLICAS. OBRIGATORIEDADEDA APURAO PELA AUTORIDADE PBLICA. 1. De acordo com o regramento legal, ao qual a Administrao Pblica est jungida em face da obedincia ao Princpio da Legalidade, a responsabilidade civil-administrativa do servidor pblico federal, resultante de sua atuao no exerccio do cargo, deve ser obrigatoriamente apurada pelo respectivo Ente Pblico, por meio da instaurao de sindicncia ou do processo administrativo disciplinar, nos termos do art. 143 da Lei n. 8.112/90; sob pena de a autoridade competente incorrer no crime de condescendncia criminosa, capitulado no art. 320 do

  • Cdigo Penal. Precedentes. 2. Na apurao da responsabilidade administrativa do servidor pblico, outros desdobramentos, diferentes da penalidade administrativa, podem advir, tais como: remessa do relatrio ao Ministrio Pblico para eventual propositura de ao penal, obrigatoriedade de a Advocacia-Geral da Unio de ingressar com ao de reparao de danos civis e registro nos assentamentos funcionais, para efeito de reincidncia no caso de reingresso no servio pblico. 3. O simples fato de o Indiciado em processo administrativo disciplinar no mais ostentar a condio de servidor pblico, por j ter sido anteriormente demitido, no implica o cessamento da apurao de irregularidades por ele praticadas quando do exerccio de suas funes relativas ao cargo ocupado. 4. Segurana denegada. (STJ - MS: 13916 DF 2008/0234641-5, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 08/02/2012, S3 - TERCEIRA SEO, Data de Publicao: DJe 23/02/2012) ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO ESTADUAL. INVESTIGADOR DE POLCIA. PROCESSO DISCIPLINAR. DEMISSO. SENTENA PENAL CONDENATRIA TRANSITADA EM JULGADO. REPERCUSSO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. COMPETNCIA. CHEFE DO EXECUTIVO. LEGALIDADE DO ATO IMPUGNADO. RECURSO NO PROVIDO. 1. Discute-se na demanda a repercusso da sentena penal condenatria transitada em julgado sobre o processo administrativo disciplinar, bem como a amplitude dos poderes do Chefe do Executivo, nos casos em que o Conselho Superior de Polcia absolve o servidor policial de fatos apenados com demisso. 2. Reconhecida a existncia e a autoria dos fatos por sentena criminal transitada em julgado, h repercusso dessas concluses no processo disciplinar instaurado para apurar a mesma conduta, nos termos preconizados no art. 935 do Cdigo Civil e no art. 126 da Lei 8.112/90, esse ltimo de aplicao subsidiria aos demais entes federativos. 3. A norma contida no art. 119, 2, da Lei Estadual 7.366/80 (Estatuto dos Policiais Civis), a qual preceitua que o processo disciplinar ser arquivado quando o Conselho Superior de Polcia manifestar-se pela absolvio, no impede o controle do ato administrativo pelo Chefe do Executivo. 4. Nos termos da legislao estadual de regncia, a penalidade de demisso do policial civil poder-dever do Governador do Estado, possuindo o Conselho Superior de Polcia to somente a prerrogativa de sugerir essa sano. 5. O art. 280 da Lei Complementar Estadual 10.098/94 estabelece que apenas permanecem em vigor as disposies da Lei 7.366/80 que no lhe forem conflitantes. Logo, sendo consagrada naquele normativo a competncia do Chefe do Executivo para aplicar a sano disciplinar,

  • vedada qualquer tcnica interpretativa que exclua dessa autoridade a prtica de ato de sua incumbncia. 6. Por outro lado, a deciso absolutria do Conselho Superior de Polcia, no caso, est fundamentada na inexistncia de provas da conduta investigada, situao que no subsiste diante do que foi apurado na seara criminal, a qual foi conclusiva quanto ao fato de que o servidor solicitou dinheiro para deixar de investigar a prtica de crime. 7. Nesse contexto, no h ilegalidade no ato apontado como coator, porquanto o Governador do Estado atuou nos estritos limites de sua competncia, exercendo adequadamente o poder-dever punitivo, aplicando a pena de demisso de maneira motivada, consoante previsto na legislao disciplinar. 8. Recurso ordinrio em mandado de segurana a que se nega provimento. (STJ, Relator: Ministro OG FERNANDES, Data de Julgamento: 22/05/2014, T2 - SEGUNDA TURMA)

    e. Leitura sugerida - AGOSTINHO, Theodoro Vicente. SALVADOR, Sergio Henrique. Elementos do Direito Direito Previdencirio. Editora RT, 2013. (Captulo 9 REGIME PRPRIO DE PREVIDNCIA SOCIAL RPPS) - ANYFANTIS, SPIRIDON. Responsabilidade disciplinar do servidor pblico por atos praticados na vida privada. In: Carta Forense, Publicado em 02/12/2010. Disponvel em: http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/responsabilidade-disciplinar-do-servidor-publico-por-atos-praticados-na-vida-privada/6320 - ARAUJO, Renata Elisandra de. Os principais aspectos da Lei de Improbidade Administrativa. Disponvel em file:///C:/Users/Roberta%20Milare/Downloads/os_principais_aspectos_da_lei_de_improbidade_administrativa_-_renata_elisandra_de_araujo.pdf - CARVALHO FILHO, Jos dos Santos. Responsabilidade dos Servidores Pblicos. In. Manual de Direito Administrativo. 27ed. Atlas, 2014. P.776/787. - GOMES, Reginaldo Gonalves. Responsabilidade administrativa, penal e civil no Direito Administrativo Disciplinar. In: mbito Jurdico, Rio Grande, XVI, n. 119, dez 2013. Disponvel em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=14020&revista_caderno=4

  • - MEIRELLES, Hely Lopes; Aleixo, Dlcio Balestero; Burle Filho, Jos Emmanuel. Direito administrativo brasileiro. 40 Edio. Malheiros Editores, 2014. (Captulo VII SERVIDORES PBLICOS) - PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 27 Edio. So Paulo: Atlas, 2014. (Captulo 13 SERVIDORES PBLICOS)

    f. Leitura complementar - BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. 6 ed. So Paulo: Editora LTR. 2012. - BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corra. Manual de Direito Administrativo. 1. ed. Belo Horizonte: Editora Frum, 2005.

    - BRIGUET, Magadar Roslia Costa; VICTORINO, Maria Cristina Lopes; HORVATH JNIOR, Miguel. Previdncia Social - Aspectos Prticos E Doutrinrios Dos Regimes Jurdicos Prprios. 1 ed. So Paulo: Atlas, 2007. - CAMPOS, Marcelo Barroso Lima Brito de. Regime Prprio de Previdncia Social dos Servidores Pblicos. 4 ed. Juru Editora, 2012. - CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, Joo Batista. Manual de Direito Previdencirio. 16 ed. Forense, 2014. - IBRAHIM, Fabio Zambitte. Curso de Direito Previdencirio. 19 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014. - MADEIRA, Jos Maria Pinheiro. Servidor Pblico na Atualidade. 8 ed. Editora Campus Jurdico, 2009. - OLIVEIRA, Antnio Flvio de. Servidor Pblico - Temas Polmicos. 1 ed. Editora Frum, 2008. - PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di, Fabrcio Motta, Luciano de Arajo Ferraz. SERVIDORES PBLICOS NA CONSTITUIO DE 1988. 2 Ed. So Paulo: Atlas, 2014. - VIANNA, Joo Ernesto Aragons. Curso de Direito Previdencirio. 6 ed. So Paulo: Atlas, 2013.