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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO MÓDULO: TEORIA GERAL DO ESTADO E DIREITO CONSTITUCIONAL Data: 07/03/2014 Professor: Lilian Almeida 1. Material pré-aula a. Tema “Organização dos Poderes” b. Noções Gerais Segundo lições de Alexandre de Moraes: A Constituição Federal, visando, principalmente evitar o arbítrio e o desrespeito dos Poderes do Estado e da Instituição do Ministério Público, independentes e harmônicos entre si, repartindo entre eles as funções estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que bem pudessem exercê-las, bem como, criando mecanismos de controles recíprocos, sempre como garantia da perpetuidade do Estado democrático de Direito. A divisão segundo o critério funcional é a célebre “separação de Poderes”, que consiste em distinguir três funções estatais, quais seja, legislação, administração e jurisdição, que devem ser atribuídas a três órgãos autônomos entre si, que as exercerão com exclusividade (...). (MORAES p.369) Roteiro da aula i. Poder Legislativo 1. Direito público subjetivo dos parlamentares à observância do devido processo legislativo constitucional. Controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo; 2. Condenação criminal transitada em julgado e cassação de mandato do parlamentar. Votação aberta; 3. Veto presidencial. Apreciação, pelo Congresso Nacional, do veto em votação aberta. Apreciação em ordem cronológica. 4. Temas controversos relacionados ao TCU ii. Poder Executivo 1. Nomeação, pelo Presidente da República, de membros de outros;

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  • PS-GRADUAO EM DIREITO PBLICO

    MDULO: TEORIA GERAL DO ESTADO E DIREITO CONSTITUCIONAL

    Data: 07/03/2014 Professor: Lilian Almeida 1. Material pr-aula

    a. Tema

    Organizao dos Poderes

    b. Noes Gerais

    Segundo lies de Alexandre de Moraes:

    A Constituio Federal, visando, principalmente evitar o arbtrio e o desrespeito dos Poderes do Estado e da Instituio do Ministrio Pblico, independentes e harmnicos entre si, repartindo entre eles as funes estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que bem pudessem exerc-las, bem como, criando mecanismos de controles recprocos, sempre como garantia da perpetuidade do Estado democrtico de Direito. A diviso segundo o critrio funcional a clebre separao de Poderes, que consiste em distinguir trs funes estatais, quais seja, legislao, administrao e jurisdio, que devem ser atribudas a trs rgos autnomos entre si, que as exercero com exclusividade (...). (MORAES p.369)

    Roteiro da aula

    i. Poder Legislativo 1. Direito pblico subjetivo dos parlamentares observncia do devido processo legislativo constitucional. Controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo; 2. Condenao criminal transitada em julgado e cassao de mandato do parlamentar. Votao aberta; 3. Veto presidencial. Apreciao, pelo Congresso Nacional, do veto em votao aberta. Apreciao em ordem cronolgica. 4. Temas controversos relacionados ao TCU

    ii. Poder Executivo

    1. Nomeao, pelo Presidente da Repblica, de membros de outros;

  • 2. Envio, pelo Presidente da Repblica ao Congresso Nacional, das propostas de oramento do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico; 3. Autotutela administrativa e cancelamento da naturalizao, exclusivamente pelo poder judicirio; 4. Discricionariedade, polticas pblicas e controle do Poder Judicirio.

    iii. Poder Judicirio 1. Ativismo Judicial; 2. Estatuto da Magistratura; 3. Temas controversos relacionados ao CJN; 4. Desjudicionalizao e desburocratizao do Direito; 5. Supremacia do Poder Judicirio perante os demais Poderes?

    iv. Funes essenciais justia 1. Ministrio Pblico a. Independncia funcional e unidade? b. Conselho Nacional do Ministrio Pblico; c. Poder de investigao do Ministrio Pblico; d. Ministrio Pblico e legitimidade para atuar perante o STF; 2. Advocacia Pblica a. Advocacia de Estado ou de Governo? b. Prerrogativas; c. Recebimentos de honorrios sucumbenciais; d. Cargos de provimento em comisso e assessoramento jurdico ao Poder Executivo. 3. Defensoria Pblica a. Recentes alteraes constitucionais; b. Autonomia administrativa; c. Defensoria Pblica Estadual e convnio obrigatrio e exclusivo com a respectiva seccional da OAB; d. Exerccio exclusivo da assistncia jurdica por rgo diverso da defensoria pblica.

  • c. Legislao e Smulas Constituio Federal: Ttulo IV Da organizao dos Poderes (art. 44 a 135). Smula vinculante n 3 (publicada em 30/05/2007). NOS PROCESSOS PERANTE O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO ASSEGURAM-SE O CONTRADITRIO E A AMPLA DEFESA QUANDO DA DECISO PUDER RESULTAR ANULAO OU REVOGAO DE ATO ADMINISTRATIVO QUE BENEFICIE O INTERESSADO, EXCETUADA A APRECIAO DA LEGALIDADE DO ATO DE CONCESSO INICIAL DE APOSENTADORIA, REFORMA E PENSO.

    d. Julgados e/ou Informativos

    ntegra dos respectivos acrdos em: http://stf.jus.br/portal/inteiroTeor/pesquisarInteiroTeor.asp

    MS 32033: Direito pblico subjetivo dos parlamentares observncia do devido processo legislativo constitucional. Controle jurisdicional de constitucionalidade preventivo. Em concluso, o Plenrio, por maioria, denegou mandado de segurana preventivo em que senador alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitao do Projeto de Lei - PL 4.470/2012 (Cmara dos Deputados), convertido, no Senado, no Projeto de Lei da Cmara - PLC 14/2013, que estabelece novas regras para a distribuio de recursos do fundo partidrio e de horrio de propaganda eleitoral no rdio e na televiso, nas hipteses de migrao partidria. (...)No mrito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discusso sobre a legitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequncias transcendentais, com reflexos para alm do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos Poderes. Reputou que o sistema constitucional ptrio no autorizaria o controle de constitucionalidade prvio de atos normativos, e que a jurisprudncia da Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaadas as demandas judiciais com essa finalidade. Delimitou haver duas excees a essa regra: a) proposta de emenda Constituio manifestamente ofensiva a clusula ptrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitao se verificasse manifesta afronta a

  • clusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Aduziu que, em ambas as hipteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudncia do STF. O vcio de inconstitucionalidade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuao legislativa. Nessas circunstncias, a impetrao de segurana seria admissvel porque buscaria corrigir vcio efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovao da norma. (Supremo Tribunal Federal. MS 32033/DF. Plenrio. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Redator do acrdo: Ministro Teori Zavascki. Julgado em 26/06/2013. Informativo n 711). AP 470/MG - Condenao criminal transitada em julgado e cassao de mandato do parlamentar O Plenrio concluiu julgamento de ao penal movida, pelo Ministrio Pblico Federal, contra diversos acusados pela suposta prtica de esquema a envolver crimes de peculato, lavagem de dinheiro, corrupo ativa, gesto fraudulenta e outras fraudes v. Informativos 673 a 685 e 687 a 692. Inicialmente, decidiu-se que, uma vez transitado em julgado o processo: a) por unanimidade, ficam suspensos os direitos polticos de todos os rus ora condenados, com base no art. 15, III, da CF (Art. 15. vedada a cassao de direitos polticos, cuja perda ou suspenso s se dar nos casos de: III - condenao criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos) e; b) por maioria, fica decretada a perda de mandato eletivo dos atuais deputados federais acusados na presente ao penal, nos termos do art. 55, VI e 3, da CF (Art. 55. Perder o mandato o Deputado ou Senador: ... VI - que sofrer condenao criminal em sentena transitada em julgado. ... 3 Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda ser declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofcio ou mediante provocao de qualquer de seus membros ou de partido poltico representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa). Assinalou-se que as hipteses de perda ou suspenso de direitos polticos seriam taxativas (CF, art. 15) e que o Poder Legislativo poderia decretar a perda de mandato de deputado federal ou senador, com fundamento em perda ou suspenso de direitos polticos, bem assim em condenao criminal transitada em julgado (CF, art. 55, IV e VI). (Supremo Tribunal Federal. AP 470/MG. Plenrio. Relator: Ministro

  • Joaquim Barbosa. Julgado em 17/12/2012. Informativo n 693.) AP 396 QO / RO - EMENTA: QUESTO DE ORDEM NA AO PENAL. CONSTITUCIONAL. PERDA DE MANDATO PARLAMENTAR. SUSPENSO E PERDA DOS DIREITOS POLTICOS. 1. A perda do mandato parlamentar, no caso em pauta, deriva do preceito constitucional que impe a suspenso ou a cassao dos direitos polticos. 2. Questo de ordem resolvida no sentido de que, determinada a suspenso dos direitos polticos, a suspenso ou a perda do cargo so medidas decorrentes do julgado e imediatamente exequveis aps o trnsito em julgado da condenao criminal, sendo desimportante para a concluso o exerccio ou no de cargo eletivo no momento do julgamento. (Supremo Tribunal Federal. AP 396 QO/RO. Plenrio. Relatora: Ministra Crmen Lcia. Ru: Natan Donadon. Julgado em 26/06/2013. DJ de 04/10/2013). AP 565/RO (...) Relativamente ao atual mandato de senador da Repblica, decidiu-se, por maioria, competir respectiva Casa Legislativa deliberar sobre sua eventual perda (CF: Art. 55. Perder o mandato o Deputado ou Senador: ... VI - que sofrer condenao criminal em sentena transitada em julgado. ... 2 - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato ser decidida pela Cmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocao da respectiva Mesa ou de partido poltico representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa). A relatora e o revisor, no que foram seguidos pela Min. Rosa Weber, reiteraram o que externado sobre o tema na apreciao da AP 470/MG. O revisor observou que, se por ocasio do trnsito em julgado o congressista ainda estivesse no exerccio do cargo parlamentar, dever-se-ia oficiar Mesa Diretiva do Senado Federal para fins de deliberao a esse respeito. O Min. Roberto Barroso pontuou haver obstculo intransponvel na literalidade do 2 do art. 55 da CF. O Min. Teori Zavascki realou que a condenao criminal transitada em julgado conteria como efeito secundrio, natural e necessrio, a suspenso dos direitos polticos, que independeria de declarao. De outro passo, ela no geraria, necessria e naturalmente, a perda de cargo pblico. Avaliou que, no caso especfico dos parlamentares, essa consequncia no se estabeleceria. No entanto, isso no

  • dispensaria o congressista de cumprir a pena. O Min. Ricardo Lewandowski concluiu que o aludido dispositivo estaria intimamente conectado com a separao dos Poderes. Vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Marco Aurlio, Celso de Mello e o Presidente, que reafirmavam os votos proferidos na ao penal j indicada. Reputavam ser efeito do trnsito em julgado da condenao a perda do mandato. (Supremo Tribunal Federal. AP 565/RO. Plenrio. Relatora: Ministra Carmen Lcia. Julgado em 08/08/2013. Ru: Ivo Cassol. Informativo n 714). MS 32326 - MANDADO DE SEGURANA. CONDENAO CRIMINAL DEFINITIVA DE PARLAMENTAR. RECLUSO EM REGIME INICIAL FECHADO POR TEMPO SUPERIOR AO QUE RESTA DE MANDATO. HIPTESE DE DECLARAO DE PERDA DO MANDATO PELA MESA (CF, ART. 55, 3).(Supremo Tribunal Federal. MS 32326 MC/DF. Relator: Ministro Roberto Barroso. Impetrante: Natan Donadon. Julgado em 02/09/2013. DJ de 04/09/2013). MS 31816 MC-AgR/DF: Veto presidencial. Apreciao, pelo Congresso Nacional, em ordem cronolgica. CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANA. LIMINAR. REQUISITOS. PROCESSO LEGISLATIVO. APRECIAO DE VETOS PRESIDENCIAI S (CF, ART. 66, 4 E 6). (...). 2. No caso, o que se pretende, na impetrao, provimento que iniba o Congresso Nacional de apreciar o Veto Parcial n. 38/2012, aposto pela Presidente da Repblica ao Projeto de Lei n. 2.565/2011, antes da votao de todos os demais vetos anteriormente apresentados (mais de 3.000 trs mil), alguns com prazo vencido h mais de 13 treze anos. 3. A medida liminar, que tem natureza antecipatria, no pode ir alm nem deferir providncia diversa da que deriva da sentena definitiva. Assim, no entender majoritrio da Corte, no h como manter a determinao liminar ordenando ao Congresso Nacional que se abstenha de deliberar acerca do Veto Parcial n 38/2012 antes que proceda anlise de todos os vetos pendentes com prazo de anlise expirado at a presente data, em ordem cronolgica de recebimento da respectiva comunicao. Isso porque se mostra pouco provvel que tal determinao venha a ser mantida no julgamento definitivo da demanda, especialmente pela gravidade das consequncias que derivariam do puro e simples reconhecimento, com efeitos ex tunc, da inconstitucionalidade da prtica at agora adotada pelo

  • Congresso Nacional no processo legislativo de apreciao de vetos presidenciais (ADI n 4.029/DF, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 27.06.2012). 4. Agravo regimental provido. (Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. MS 31816 MC-AgR/DF. Relator: Ministro Luiz Fux. Relator para o acrdo: Ministro Teori Zavascki. Julgado em 27/02/2013. DJ de 13/09/2013). MS 31344/DF: TCU e decadncia administrativa. O disposto no art. 54 da Lei 9.784/99 (Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f) aplica-se s hipteses de auditorias realizadas pelo TCU em mbito de controle de legalidade administrativa. Com base nesse entendimento, a 1 Turma reconheceu a decadncia e, por conseguinte, concedeu mandado de segurana para afastar a exigibilidade da devoluo de certas parcelas. Tratava-se de writ impetrado contra ato do TCU que, em auditoria realizada no Tribunal Regional Eleitoral do Piau, em 2005, determinara o ressarcimento de valores pagos em duplicidade a servidores no ano de 1996. Salientou-se a natureza simplesmente administrativa do ato. Dessa forma, a atuao do TCU estaria submetida Lei 9.784/99, sob o ngulo da decadncia e presentes relaes jurdicas especficas, a envolver a Corte tomadora dos servios e os prestadores destes. Consignou-se que a autoridade impetrada glosara situao jurdica j constituda no tempo. Aduziu-se que concluso em sentido diverso implicaria o estabelecimento de distino onde a norma no o fizera, conforme o rgo a praticar o ato administrativo. Destacou-se, por fim, que o caso no se confundiria com aquele atinente a ato complexo, a exemplo da aposentadoria, no que inexistente situao aperfeioada. (Supremo Tribunal Federal. 1 Turma. MS 31344/DF. Relator: Ministro Marco Aurlio. Julgado em 23/04/2013. Informativo n 703). MS 32761 MC/DF (...) 2. Percebam as balizas objetivas reveladas. O Tribunal de Contas da Unio, em auditorias, determinou Cmara dos Deputados e ao Senado Federal que adotassem providncias voltadas a regularizar o pagamento de remuneraes que ultrapassassem o teto constitucional. As Casas Legislativas, ao serem comunicadas dos atos, deliberaram, por meio das respectivas Mesa

  • Diretora e Comisso Diretora, pela observncia imediata do que consignado. Consoante esclarece o impetrante e corroboram as provas trazidas ao processo, a Cmara dos Deputados e o Senado Federal, em nenhum momento, intimaram os servidores potencialmente afetados pelo cumprimento das decises do rgo de controle a se manifestarem nos procedimentos internos destinados a atender ao que assentado. Em sntese, deixou-se de observar o contraditrio necessrio na via administrativa. A preservao de um Estado Democrtico de Direito reclama o respeito irrestrito ao arcabouo normativo. Descabe endossar, no af de se ter melhores dias, um recuo na concretizao dos ditames constitucionais, considerado o fato de rgos de envergadura maior olvidarem as garantias inerentes ao devido processo asseguradas na Carta da Repblica. Assim fiz ver ao implementar as medidas acauteladoras nos Mandados de Segurana n 32.588, impetrado por servidor da Cmara dos Deputados, e n 32.754, formalizado pela Associao dos Consultores Legislativos e de Oramento e de Fiscalizao Financeira da Cmara dos Deputados, com o objetivo de anular um dos atos atacados neste processo. 3. Ante a similitude entre as causas de pedir e os pedidos veiculados nos processos e presente o mesmo quadro que, naquelas oportunidades, motivou o acolhimento dos pleitos formulados no campo precrio e efmero, tudo recomenda a manuteno do entendimento. Defiro a liminar, sem prejuzo de virem a ser instaurados processos administrativos individuais, para ouvir os servidores alcanados pelas decises do Tribunal de Contas da Unio. (Supremo Tribunal Federal. MS 32761 MC/DF. Relator: Ministro Marco Aurlio. Julgado em 15/02/2014. DJ de 20/02/2014). MS 30312/RJ- TCU: coisa julgada e inoponibilidade. A 1 Turma desproveu agravo regimental de deciso do Min. Dias Toffoli, que concedera mandado de segurana, do qual relator, para cassar acrdo do TCU, que suspendera pagamento de penso por consider-la ilegal. No caso, deciso judicial transitada em julgado condenara a Unio ao pagamento do referido benefcio. Assinalou-se que questes referentes a regime de aposentao da impetrante, bem como a responsabilidade do INSS pelo pagamento, deveriam ter sido arguidas durante a discusso judicial e, eventualmente, aps o trnsito em julgado, pela via da ao

  • rescisria. Entretanto, descaberia avent-las no momento da anlise da legalidade da penso, perante o TCU. Afirmou-se que essa Corte de Contas no poderia, mesmo que indiretamente, alterar as partes alcanadas por deciso judicial j transitada em julgado. (Supremo Tribunal Federal. 1 Turma. MS 30312/RJ. Relator: Ministro Dias Toffoli. Julgado em 27/11/2012. Informativo n 690). MS 26000/SC: TCU e anulao de contratos administrativos. EMENTA Mandado de segurana. Ato do Tribunal de Contas da Unio. Competncia prevista no art. 71, IX, da Constituio Federal. Termo de sub-rogao e rerratificao derivado de contrato de concesso anulado. Nulidade. No configurao de violao dos princpios do contraditrio e da ampla defesa. Segurana denegada. 1. De acordo com a jurisprudncia do STF, "o Tribunal de Contas da Unio, embora no tenha poder para anular ou sustar contratos administrativos, tem competncia, conforme o art. 71, IX, para determinar autoridade administrativa que promova a anulao do contrato e, se for o caso, da licitao de que se originou" (MS 23.550, redator do acrdo o Ministro Seplveda Pertence, Plenrio, DJ de 31/10/01). Assim, perfeitamente legal a atuao da Corte de Contas ao assinar prazo ao Ministrio dos Transportes para garantir o exato cumprimento da lei. (...)4. Segurana denegada. (Supremo Tribunal Federal. 1 Turma. MS 26000/SC. Relator: Ministro Dias Toffoli. Julgado em 16/10/2012. DJ de 14/11/2012). MS 22934/DF: Quebra de sigilo bancrio e TCU. O TCU no detm legitimidade para requisitar diretamente informaes que importem quebra de sigilo bancrio. Ao reafirmar essa orientao, a 2 Turma concedeu mandado de segurana a fim de cassar a deciso daquele rgo, que determinara instituio bancria e ao seu presidente a apresentao de demonstrativos e registros contbeis relativos a aplicaes em depsitos interfinanceiros. Entendeu-se que, por mais relevantes que fossem suas funes institucionais, o TCU no estaria includo no rol dos que poderiam ordenar a quebra de sigilo bancrio (Lei 4.595/64, art. 38 e LC 105/2001, art. 13). Aludiu-se que ambas as normas implicariam restrio a direito fundamental (CF, art. 5, X: so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao), logo, deveriam ser

  • interpretadas restritivamente. Precedente citado: MS 22801/DF (DJe de 14.3.2008). (Supremo Tribunal Federal. 2 Turma. MS 22934/DF. Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Julgado em 17/04/2012. Informativo n 662). MS 27867 AgR/DF: Responsabilidade por dano ao errio e PAD - EMENTA Agravo regimental em mandado de segurana. Tribunal de Contas da Unio. Violao dos princpios do contraditrio e da ampla defesa. No ocorrncia. Independncia entre a atuao do TCU e a apurao em processo administrativo disciplinar. (...) 2. (...) O Tribunal de Contas da Unio, em sede de tomada de contas especial, no se vincula ao resultado de processo administrativo disciplinar. Independncia entre as instncias e os objetos sobre os quais se debruam as respectivas acusaes nos mbitos disciplinar e de apurao de responsabilidade por dano ao errio. Precedente. Apenas um detalhado exame dos dois processos poderia confirmar a similitude entre os fatos que so imputados ao impetrante. (...) 4. Agravo regimental no provido. (Supremo Tribunal Federal. 1 Turma. MS 27867 AgR/DF. Relator: Ministro Dias Toffoli. Julgado em 18/09/2012. DJ de 04/10/2012) MS 30585: Nomeao, pelo Presidente da Repblica, de membros de outros Poderes. Ementa: MANDADO DE SEGURANA. PROMOO DE JUIZ FEDERAL PELO CRITRIO DE MERECIMENTO PARA O TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. AMPLA DISCRICIONARIEDADE DO PRESIDENTE DA REPBLICA FUNDADA EM INTERPRETAO LITERAL DO ART. 107 DA CF. INADMISSIBILIDADE. VINCULAO DA ESCOLHA PRESIDENCIAL AO NOME QUE FIGURE EM LISTA TRPLICA POR TRS VEZES CONSECUTIVAS OU CINCO ALTERNADAS. EXIGIBILIDADE. NECESSIDADE DE EXEGESE SISTEMTICA DAS NORMAS GERAIS APLICVEIS MAGISTRATURA NACIONAL. INCIDNCIA DO ART. 93, II, A, NA ESPCIE. ALTERAO INTRODUZIDA PELA EC 45/2004 NO INCISO III DO MENCIONADO DISPOSITIVO QUE NO ALTERA TAL ENTENDIMENTO. ORDEM CONCEDIDA, PREJUDICADO O AGRAVO REGIMENTAL. (Supremo Tribunal Federal. Tribunal Pleno. MS 30585. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Julgado em 12/09/2012. DJ de 28/11/2012). MS 31627/DF: Envio, pelo Presidente da Repblica ao Congresso Nacional, das propostas de oramento do Poder

  • Judicirio. CONSTITUCIONAL. PROCESSO LEGISLATIVO. LEI ORAMENTRIA ANUAL. MINISTROS DO STF. SUBSDIOS. REVISO ANUAL. MANDADO DE SEGURANA. PERDA SUPERVENIENTE DO OBJETO. WRIT PREJUDICADO. Deciso: Trata-se de mandado de segurana coletivo, com pedido de liminar, impetrado pela Associao dos Magistrados Brasileiros AMB, Associao Nacional dos Magistrados da Justia do Trabalho ANAMATRA e Associao dos Juzes Federais do Brasil AJUFE, apontando-se como autoridades coatoras a Presidente da Repblica, o Senado Federal e a Cmara dos Deputados, sob o fundamento de que a Presidente da Repblica, ao encaminhar o projeto de lei oramentria de 2013 ao Congresso Nacional, excluiu parte da proposta encaminhada por esta Corte relativa Reviso Geral Anual dos Subsdios dos Ministros do STF. Os impetrantes sustentam, nesse contexto, que o ato impugnado violou o direito lquido e certo que possuem os magistrados de ver observado o processo legislativo necessrio ao implemento da reviso geral anual dos subsdios dos Ministros do STF. Requerem, ao final, liminarmente, que se determine a suspenso da anlise do referido projeto de lei pelo Congresso Nacional at o julgamento final deste writ. Alternativamente, pedem seja a Presidente da Repblica instada a reenviar a proposta de lei oramentria de 2013 contemplando em seu texto a integralidade da proposta oramentria do Poder Judicirio. No mrito, postulam a concesso da ordem paraimpedir o Congresso Nacional de apreciar e votar a proposta de lei oramentria de 2013 (PL n. 24/2012-CN) que foi enviada pela Presidente da Repblica, bem ainda para impor Presidente da Repblica a obrigao de encaminhar a proposta de lei oramentria de 2013 com a integralidade da proposta encaminhada pelo Poder Judicirio, quando ento o Congresso Nacional poder apreciar e votar a nova proposta. o relatrio. Decido. Esta impetrao perdeu o objeto. Isso porque o Projeto de Lei que estima a receita e fixa a despesa da Unio para o exerccio financeiro de 2013encaminhado pela Presidncia da Repblica ao Congresso Nacional em 30/08/2012, embora no tenha contemplado integralmente a proposta de elevao de salrios do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico da Unio, indicou a possibilidade de reajuste equivalendo a 15,8% em trs anos, sendo 5% ao ano no perodo de 2013 a 2015. Nesse contexto, em 28/12/2012, a Presidente da Repblica sancionou a Lei 12.771, publicada no Dirio Oficial da Unio

  • em 31/12/2012, que prev o reajuste escalonado em trs anos, ao subsdio mensal de Ministro do Supremo Tribunal Federal, a ser implementado a partir de 1/01/2013. Ex positis, julgo prejudicado o presente mandado de segurana, diante da perda superveniente de seu objeto (art. 21, IX, do RI/STF). Publique-se. (Supremo Tribunal Federal. MS 31627/DF. Relator: Ministro Luiz Fux. Julgado em 01/08/2013. DJ de 08/08/2013). MS 27840/DF: Autotutela administrativa e cancelamento da naturalizao, exclusivamente, pelo Poder Judicirio Deferida a naturalizao, seu desfazimento s pode ocorrer mediante processo judicial (CF: Art. 12. ... 4 - Ser declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalizao, por sentena judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional). Essa a orientao do Plenrio que, ao concluir julgamento, por maioria, proveu recurso ordinrio em mandado de segurana no qual se discutia a possibilidade de o Ministro de Estado da Justia, por meio de ato administrativo, cancelar o deferimento de naturalizao quando embasada em premissa falsa (erro de fato) consistente, na espcie, em omitir-se a existncia de condenao em momento anterior a sua naturalizao v. Informativo 604. Asseverou-se que a clusula do inciso I do 4 do art. 12 da CF seria abrangente, a revelar que o cancelamento da naturalizao deveria ocorrer por sentena judicial. Ademais, ressaltou-se que a referncia feita na parte final do aludido preceito, ao apontar uma causa, seria simplesmente exemplificativa, haja vista a infinidade de situaes que poderiam surgir, a desaguarem no cancelamento da naturalizao. Por conseguinte, declarou-se a nulidade da Portaria 361/2008, do Ministro de Estado da Justia, de modo a restabelecer-se a situao do recorrente como brasileiro naturalizado em todos os rgos pblicos, sem prejuzo de que a condio de naturalizado fosse analisada judicialmente, nos termos do art. 12, 4, I, da CF. Assentou-se, ainda, a no recepo do art. 112, 2 e 3, da Lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) pela atual Constituio. (...) Vencido o Min. Ricardo Lewandowski, relator, que denegava o recurso por reputar possvel esse cancelamento pela via administrativa, quando descobertos vcios no seu processo. (Supremo Tribunal Federal. MS 27840/DF. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Relator para o acrdo: Ministro Marco Aurlio. Julgado em 07/02/2013. Informativo 694).

  • RE 581352 AgR/AM. EM E N T A: AMPLIAO E MELHORIA NO ATENDIMENTO DE GESTANTES EM MATERNIDADES ESTADUAIS DEVER ESTATAL DE ASSISTNCIA MATERNO-INFANTIL RESULTANTE DE NORMA CONSTITUCIONAL OBRIGAO JURDICO- -CONSTITUCIONAL QUE SE IMPE AO PODER PBLICO, INCLUSIVE AOS ESTADOS-MEMBROS CONFIGURAO, NO CASO, DE TPICA HIPTESE DE OMISSO INCONSTITUCIONAL IMPUTVEL AO ESTADO-MEMBRO DESRESPEITO CONSTITUIO PROVOCADO POR INRCIA ESTATAL (RTJ 183/818-819) COMPORTAMENTO QUE TRANSGRIDE A AUTORIDADE DA LEI FUNDAMENTAL DA REPBLICA (RTJ 185/794-796) A QUESTO DA RESERVA DO POSSVEL: RECONHECIMENTO DE SUA INAPLICABILIDADE, SEMPRE QUE A INVOCAO DESSA CLUSULA PUDER COMPROMETER O NCLEO BSICO QUE QUALIFICA O MNIMO EXISTENCIAL (RTJ 200/191-197) O PAPEL DO PODER JUDICIRIO NA IMPLEMENTAO DE POLTICAS PBLICAS INSTITUDAS PELA CONSTITUIO E NO EFETIVADAS PELO PODER PBLICO A FRMULA DA RESERVA DO POSSVEL NA PERSPECTIVA DA TEORIA DOS CUSTOS DOS DIREITOS: IMPOSSIBILIDADE DE SUA INVOCAO PARA LEGITIMAR O INJUSTO INADIMPLEMENTO DE DEVERES ESTATAIS DE PRESTAO CONSTITUCIONALMENTE IMPOSTOS AO ESTADO A TEORIA DA RESTRIO DAS RESTRIES (OU DA LIMITAO DAS LIMITAES) CARTER COGENTE E VINCULANTE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS, INCLUSIVE DAQUELAS DE CONTEDO PROGRAMTICO, QUE VEICULAM DIRETRIZES DE POLTICAS PBLICAS, ESPECIALMENTE NA REA DA SADE (CF, ARTS. 196, 197 E 227) A QUESTO DAS ESCOLHAS TRGICAS A COLMATAO DE OMISSES INCONSTITUCIONAIS COMO NECESSIDADE INSTITUCIONAL FUNDADA EM COMPORTAMENTO AFIRMATIVO DOS JUZES E TRIBUNAIS E DE QUE RESULTA UMA POSITIVA CRIAO JURISPRUDENCIAL DO DIREITO CONTROLE JURISDICIONAL DE LEGITIMIDADE DA OMISSO DO ESTADO: ATIVIDADE DE FISCALIZAO JUDICIAL QUE SE JUSTIFICA PELA NECESSIDADE DE OBSERVNCIA DE CERTOS PARMETROS CONSTITUCIONAIS (PROIBIO DE RETROCESSO SOCIAL, PROTEO AO MNIMO EXISTENCIAL, VEDAO DA PROTEO INSUFICIENTE E PROIBIO DE EXCESSO) DOUTRINA PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE IMPLEMENTAO DE POLTICAS PBLICAS DELINEADAS NA CONSTITUIO DA

  • REPBLICA (RTJ 174/687 RTJ 175/1212-1213 RTJ 199/1219-1220) POSSIBILIDADE JURDICO-PROCESSUAL DE UTILIZAO DAS ASTREINTES (CPC, ART. 461, 5) COMO MEIO COERCITIVO INDIRETO EXISTNCIA, NO CASO EM EXAME, DE RELEVANTE INTERESSE SOCIAL AO CIVIL PBLICA: INSTRUMENTO PROCESSUAL ADEQUADO PROTEO JURISDICIONAL DE DIREITOS REVESTIDOS DE METAINDIVIDUALIDADE LEGITIMAO ATIVA DO MINISTRIO PBLICO (CF, ART. 129, III) A FUNO INSTITUCIONAL DO MINISTRIO PBLICO COMO DEFENSOR DO POVO (CF, ART. 129, II) DOUTRINA PRECEDENTES RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. (Supremo Tribunal Federal. RE 581352 AgR/AM. Relator: Ministro Celso de Mello. Julgado em 29/10/2013. DJ de 22/11/2013). RE 440028/SP dever do Estado-membro remover toda e qualquer barreira fsica, bem como proceder a reformas e adaptaes necessrias, de modo a permitir o acesso de pessoas com restrio locomotora escola pblica. Com base nessa orientao, a 1 Turma deu provimento a recurso extraordinrio em que discutido: a) se o ato de se determinar Administrao Pblica a realizao de obras significaria olvidar o princpio da separao dos Poderes, porquanto se trataria de ato discricionrio; b) se necessrio o exame de disponibilidade oramentria do ente estatal. Consignou-se que a Constituio (artigos 227, 2, e 244), a Conveno Internacional sobre Direitos das Pessoas com Deficincia, a Lei 7.853/1989; e as Leis paulistas 5.500/1986 e 9.086/1995 asseguram o direito das pessoas com deficincia ao acesso a prdios pblicos. Frisou-se o dever de a Administrao adotar providncias que viabilizassem essa acessibilidade. Pontuou-se presente o controle jurisdicional de polticas pblicas. Asseverou-se a existncia de todos os requisitos a viabilizar a incurso judicial nesse campo, a saber: a natureza constitucional da poltica pblica reclamada; a existncia de correlao entre ela e os direitos fundamentais; a prova de que haveria omisso ou prestao deficiente pela Administrao Pblica, inexistindo justificativa razovel para esse comportamento. (...) (Supremo Tribunal Federal. RE 440028/SP. Relator: Ministro Marco Aurlio. Julgado em 29/10/2013. Informativo n 726). MS 25747 Remoo de magistrado: publicidade e fundamentao de ato administrativo. O Plenrio reafirmou

  • jurisprudncia no sentido da desnecessidade de lei complementar para dar efeitos ao art. 93, X, da CF, em face de sua autoaplicabilidade e, em consequncia, denegou mandado de segurana impetrado contra deciso do CNJ, que revogara atos administrativos do Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina remoo voluntria de magistrados por terem sido editados em sesso secreta e desprovidos de motivao. Aquele conselho determinara que os atos fossem revogados e repetidos em conformidade com o ordenamento jurdico vigente. Afastou-se o argumento de que a deciso impugnada fundamentara-se na Resoluo 6/2005, do CNJ, que disporia sobre promoo, enquanto a situao de fato constituir-se-ia em remoo de juzes. Asseverou-se que a referncia a norma mencionada que estabelecera obrigatoriedade de sesso pblica e votao nominal, aberta e fundamentada para a promoo por merecimento de magistrados , apresentar-se-ia como argumento de reforo afirmao da necessidade dos mesmos parmetros para as deliberaes a respeito das remoes voluntrias dos membros do Poder Judicirio. Precedentes citados: ADI 189/DF (DJU de 22.5.92); ADI 1303 MC/SC (DJU de 1.9.2000); RE 235487/RO (DJU de 21.6.2002). (Supremo Tribunal Federal. MS 25747. Plenrio.Relator: Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 17/05/2012. Informativo n 666). MS 27958 Juzes substitutos e inamovibilidade. Em concluso, o Plenrio, por maioria, concedeu mandado de segurana impetrado por juiz substituto contra ato do CNJ, para anular deciso, que julgara improcedente pedido de providncias por ele formulado, sob o fundamento de que o instituto da inamovibilidade (CF, art. 95, II) no alcanaria juzes substitutos, ainda que assegurados pela vitaliciedade. Ademais, tambm por votao majoritria, invalidou ato da Presidncia do Tribunal de Justia do Estado de Mato Grosso, ao qual vinculado o magistrado, que determinara sua remoo e que resultara no pedido de providncias respectivo, mantidos os atos j praticados at a data da anulao. Na espcie, o juiz alegava que, ao ingressar na magistratura estadual, fora lotado em determinada comarca, mas, posteriormente, tivera sua lotao alterada, vrias vezes, para comarcas distintas v. Informativo 614. Asseverou-se que a Constituio, ao tratar de juzes, faria referncia s garantias da magistratura, condicionando apenas a vitaliciedade, no primeiro grau, a dois anos de

  • exerccio. Dessa forma, a irredutibilidade de subsdio e a inamovibilidade estariam estabelecidas desde o ingresso do magistrado na carreira, ou seja, aplicar-se-iam imediatamente. Em seguida, tendo em conta o que disposto na Loman (LC 35/79) quanto inamovibilidade (Art. 30 - O Juiz no poder ser removido ou promovido seno com seu assentimento, manifestado na forma da lei, ressalvado o disposto no art. 45, item I. Art. 31 - Em caso de mudana da sede do Juzo ser facultado ao Juiz remover-se para ela ou para Comarca de igual entrncia, ou obter a disponibilidade com vencimentos integrais. ... Art. 45 - O Tribunal ou seu rgo especial poder determinar, por motivo de interesse pblico, em escrutnio secreto e pelo voto de dois teros de seus membros efetivos: I - a remoo de Juiz de instncia inferior;), reputou-se que a regra seria o juiz que ostentasse o predicamento da inamovibilidade ser removido apenas com seu assentimento, consistindo exceo isso ocorrer quando, por escrutnio secreto, o tribunal ou seu rgo especial assim o determinar por motivo de interesse pblico. (Supremo Tribunal Federal. MS 27958. Plenrio. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Julgado em 17/05/2012. Informativo n 666). RE 587371- Incorporao de quintos aos vencimentos de magistrado e regime jurdico anterior. vedada a incorporao de quintos, aos vencimentos de magistrados, decorrente de exerccio de funo comissionada em cargo pblico, ocorrido em data anterior ao ingresso na magistratura. Com base nessa orientao, o Tribunal, por maioria, deu parcial provimento a recurso extraordinrio em que se discutia, luz dos artigos 2, 5, XXXVI, e 93 da CF, a ocorrncia de direito adquirido incorporao da mencionada vantagem. (...)No mrito, o Tribunal recordou expressivo nmero de recursos em que assentado no haver direito adquirido a regime jurdico. Aduziu que a Constituio asseguraria ao titular de direito adquirido a garantia de sua preservao, inclusive em face de lei nova, a incluir a faculdade de exerc-lo no devido tempo. Ponderou que esses direitos subjetivos somente poderiam ser gozados nos termos em que formados. Alm disso, deveriam estar de acordo com a estrutura que lhes conferira o correspondente regime jurdico no mbito do qual adquiridos e em face daqueles que teriam o dever jurdico de entregar a prestao. Consignou que somente no mbito deste regime que o titular do direito adquirido estaria habilitado a exigir a

  • correspondente prestao. Registrou, ademais, que o direito pleiteado no estaria revestido de portabilidade a permitir que os recorridos pudessem exerc-lo fora da relao jurdica de onde se originaram, ainda mais quando no subsistente essa vinculao. Observou que, inexistente o vnculo funcional, no haveria sentido em afirmar a sobrevivncia de certa parcela remuneratria dessa relao jurdica desfeita. Lembrou que, considerada a vedao constitucional de se acumular cargos remunerados, no seria legtimo possuir, em um dos cargos, vantagem devida pelo exerccio de outro. Assinalou no haver direito a se formar regime jurdico hbrido, de carter pessoal e individual, que acumulasse, em um dos cargos, vantagem prpria e exclusiva de outro. Aduziu que a garantia de preservao de direito adquirido no serviria para sustentar a criao e o exerccio de um direito de tertium genus, composto de vantagens de dois regimes diferentes, cujo exerccio cumulativo no teria amparo na lei ou na Constituio. Concluiu pela inexistncia de direito adquirido dos recorridos em continuar a receber os quintos incorporados, aps a mudana de regime jurdico. Preservou, no entanto, os valores da incorporao j percebidos em respeito ao princpio da boa-f. (Supremo Tribunal Federal. RE 587371/DF. Plenrio. Relator: Ministro Teori Zavascki. Julgado em 14/11/2013. Informativo n 728) CNJ: PAD e punio de magistrado. Em concluso, o Plenrio denegou mandado de segurana impetrado por juza de direito contra deciso proferida pelo CNJ, que instaurara Processo Administrativo Disciplinar - PAD contra ela, a despeito de a Corte local, qual vinculada, haver determinado a no instaurao de procedimento. A impetrante sustentava nulidade do ato impugnado, visto que: a) o CNJ somente teria competncia para rever decises proferidas ao trmino de PAD; (...) No mrito, reportou-se ao que discutido na sesso de 2.6.2011. Considerou-se no haver ciso ontolgica ou compartimentalizao entre o PAD e a respectiva sindicncia precedente. Afirmou-se que o resultado da sindicncia integraria a motivao do ato de instaurao do PAD ou sinalizaria a inrcia do rgo correcional. Portanto, a competncia para controlar a validade da tramitao e do resultado do PAD tambm incluiria o controle de sua motivao, em outras palavras, da sindicncia e de seu resultado. Ademais, se o CNJ somente pudesse examinar os processos disciplinares efetivamente instaurados, sua funo seria reduzida de rgo revisor de

  • decises desfavorveis a magistrados, pois a deciso negativa de instaurao de PAD pelos tribunais teria eficcia bloqueadora de qualquer iniciativa do CNJ. Reafirmou-se que o entendimento pela instaurao de PAD no mbito das corregedorias locais no seria pressuposto necessrio, pelo CNJ, do exerccio da competncia para rever, de ofcio ou mediante provocao, os processos disciplinares de juzes e membros de tribunais julgados h menos de um ano. Reputou-se inexistente a alegada violao legalidade, consistente na ausncia de autorizao especfica no RICNJ para determinar a instaurao de processo disciplinar. Salientou-se que esse diploma deveria limitar-se a regulamentar a estrutura administrativa e o trmite interno necessrio ao exerccio das atribuies outorgadas pela Constituio. Assim, o RICNJ no poderia aumentar a competncia constitucional, nem reduzi-la. Declarou-se que o CNJ teria o poder-dever de exercer o controle externo da atividade administrativa dos tribunais, sem que se permitisse ao rgo dispor de seus encargos. Frisou-se decorrer dessa indisponibilidade e da regra da legalidade que o rgo no poderia ser impedido de rever pronunciamentos administrativos contrrios abertura de PAD. Alm disso, inexistiria autodeterminao do rgo para imunizar decises de rejeio de incio de PAD. Do contrrio, em regra, o CNJ atuaria precipuamente em processos nos quais houvesse deciso desfavorvel ao magistrado. No tocante aos argumentos defensivos aduzidos perante o CNJ, sublinhou-se que o atendimento do pleito dependeria de ampla instruo probatria, incabvel na via eleita. Acresceu-se que a deciso proferida pelo CNJ estaria fundamentada, ainda que com ela no concordasse a impetrante. (Supremo Tribunal Federal. MS 28102/DF. Plenrio. Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Julgado em 14/06/2012. Informativo n 670). ADI 4638 Referendo-MC/DF: Resoluo 135/2011 do CNJ e uniformizao de procedimento administrativo disciplinar. O Plenrio iniciou julgamento de referendo em medida cautelar em ao direta de inconstitucionalidade ajuizada, pela Associao dos Magistrados Brasileiros - AMB, contra a Resoluo 135/2011, do Conselho Nacional de Justia - CNJ. O diploma adversado dispe sobre a uniformizao de normas relativas ao procedimento administrativo disciplinar aplicvel aos magistrados, acerca dos ritos e das penalidades, e d outras providncias. (...) O Tribunal deliberou pela anlise de cada um dos dispositivos da norma

  • questionada. Quanto ao art. 2 (Considera-se Tribunal, para os efeitos desta resoluo, o Conselho Nacional de Justia, o Tribunal Pleno ou o rgo Especial, onde houver, e o Conselho da Justia Federal, no mbito da respectiva competncia administrativa definida na Constituio e nas leis prprias), o STF, por maioria, referendou o indeferimento da liminar. Consignou-se que o CNJ integraria a estrutura do Poder Judicirio, mas no seria rgo jurisdicional e no interviria na atividade judicante. Este Conselho possuiria, primeira vista, carter eminentemente administrativo e no disporia de competncia para, mediante atuao colegiada ou monocrtica, reexaminar atos de contedo jurisdicional, formalizados por magistrados ou tribunais do pas. Ressaltou-se que a escolha pelo constituinte derivado do termo Conselho para a instituio interna de controle do Poder Judicirio mostrar-se-ia eloquente para evidenciar a natureza administrativa do rgo e para definir, de maneira precisa, os limites de sua atuao. Sublinhou-se que o vocbulo Tribunal contido no art. 2 em tela revelaria to somente que as normas seriam aplicveis tambm ao Conselho Nacional de Justia e ao Conselho da Justia Federal. O Min. Ayres Britto ressalvou que o CNJ seria mais do que um rgo meramente administrativo, pois abrangeria o carter hibridamente poltico e administrativo de natureza governativa. (...) Referendou-se o indeferimento da liminar quanto ao art. 3, V, da mencionada resoluo (Art. 3 So penas disciplinares aplicveis aos magistrados da Justia Federal, da Justia do Trabalho, da Justia Eleitoral, da Justia Militar, da Justia dos Estados e do Distrito Federal e Territrios: ... V - aposentadoria compulsria). Repeliu-se a alegao de que o preceito impugnado excluiria o direito ao recebimento dos vencimentos proporcionais em caso de aposentadoria compulsria. (...) No que concerne ao 1 desse mesmo artigo (As penas previstas no art. 6, 1, da Lei n 4.898, de 9 de dezembro de 1965, so aplicveis aos magistrados, desde que no incompatveis com a Lei Complementar n 35, de 1979), referendou-se, por maioria, o deferimento da liminar. Elucidou-se que, embora os magistrados respondessem disciplinarmente por ato caracterizador de abuso de autoridade, a eles no se aplicariam as penas administrativas versadas na Lei 4.898/65, porquanto submetidos disciplina especial derrogatria, qual seja, a Lei Orgnica da Magistratura Nacional - Loman. (...), no tocante ao art. 4 da aludida resoluo (O magistrado negligente, no

  • cumprimento dos deveres do cargo, est sujeito pena de advertncia. Na reiterao e nos casos de procedimento incorreto, a pena ser de censura, caso a infrao no justificar punio mais grave), referendou-se, por maioria, o indeferimento da liminar. Afastou-se a assertiva de que a supresso da exigncia de sigilo na imposio das sanes de advertncia e censura deveriam ser aplicadas nos moldes preconizados na Loman. (...) No que diz respeito ao art. 20 (O julgamento do processo administrativo disciplinar ser realizado em sesso pblica e sero fundamentadas todas as decises, inclusive as interlocutrias), o qual estaria estreitamente ligado ao art. 4, referendou-se o indeferimento da cautelar. Ressaltou-se que o respeito ao Poder Judicirio no poderia ser obtido por meio de blindagem destinada a proteger do escrutnio pblico os juzes e o rgo sancionador, o que seria incompatvel com a liberdade de informao e com a ideia de democracia. (...)Na sequncia, o Plenrio atribuiu interpretao conforme a Constituio aos artigos 8 e 9, 2 e 3 da citada resoluo (Art. 8 O Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, o Presidente ou outro membro competente do Tribunal, nos demais casos, quando tiver cincia de irregularidade, obrigado a promover a apurao imediata dos fatos, observados os termos desta Resoluo e, no que no conflitar com esta, do Regimento Interno respectivo. Pargrafo nico. Se da apurao em qualquer procedimento ou processo administrativo resultar a verificao de falta ou infrao atribuda a magistrado, ser determinada, pela autoridade competente, a instaurao de sindicncia ou proposta, diretamente, ao Tribunal, a instaurao de processo administrativo disciplinar, observado, neste caso, o art. 14, caput, desta Resoluo. Art. 9 A notcia de irregularidade praticada por magistrados poder ser feita por toda e qualquer pessoa, exigindo-se formulao por escrito, com confirmao da autenticidade, a identificao e o endereo do denunciante. 1 Identificados os fatos, o magistrado ser notificado a fim de, no prazo de cinco dias, prestar informaes. 2 Quando o fato narrado no configurar infrao disciplinar ou ilcito penal, o procedimento ser arquivado de plano pelo Corregedor, no caso de magistrados de primeiro grau, ou pelo Presidente do Tribunal, nos demais casos ou, ainda, pelo Corregedor Nacional de Justia, nos casos levados ao seu exame. 3 Os Corregedores locais, nos casos de magistrado de primeiro grau, e os presidentes de Tribunais, nos casos de

  • magistrados de segundo grau, comunicaro Corregedoria Nacional de Justia, no prazo de quinze dias da deciso, o arquivamento dos procedimentos prvios de apurao contra magistrados), com o fim de que, onde conste Presidente ou Corregedor, seja lido rgo competente do tribunal. (...) Ato contnuo, em juzo meramente delibatrio, o Supremo, por maioria, conferiu interpretao conforme a Constituio ao art. 10 do ato em tela [Das decises referidas nos artigos anteriores caber recurso no prazo de 15 (quinze) dias ao Tribunal, por parte do autor da representao] para, excluindo a expresso por parte do autor da representao, entender-se que o sentido da norma seria o da possibilidade de recurso pelo interessado, seja ele o magistrado contra o qual se instaura o procedimento, seja ele o autor da representao arquivada. (...) No que se refere ao art. 12, caput e pargrafo nico, da Resoluo 135/2011 do CNJ (Art. 12. Para os processos administrativos disciplinares e para a aplicao de quaisquer penalidades previstas em lei, competente o Tribunal a que pertena ou esteja subordinado o Magistrado, sem prejuzo da atuao do Conselho Nacional de Justia. Pargrafo nico. Os procedimentos e normas previstos nesta Resoluo aplicam-se ao processo disciplinar para apurao de infraes administrativas praticadas pelos Magistrados, sem prejuzo das disposies regimentais respectivas que com elas no conflitarem). O Plenrio, por maioria, negou referendo liminar e manteve a competncia originria e concorrente do referido rgo para instaurar procedimentos administrativos disciplinares aplicveis a magistrados. Para o Min. Joaquim Barbosa, a EC 45/2004, ao criar o CNJ, no se limitara a criar mais um rgo para exercer, concomitantemente, atribuies exercidas com deficincia por outros rgos. A referida emenda teria requalificado, de maneira substantiva, uma dada funo, ao atribuir ao novo rgo posio de proeminncia em relao aos demais. Explicou que essa primazia decorreria, em primeiro lugar, do fato de que a prpria Constituio teria concedido ao CNJ extraordinrio poder de avocar processos disciplinares em curso nas corregedorias dos tribunais. Aduziu no se conferir poder meramente subsidirio a rgo hierarquicamente superior, que teria a prerrogativa de tomar para si decises que, em princpio, deveriam ser tomadas por rgos hierarquicamente inferiores. (...) Haveria, portanto, a necessidade de compatibilizar a concepo da competncia do rgo com a necessidade de no prejudicar, como

  • determinaria a Constituio, a competncia das corregedorias. (...) negou-se, por maioria, referendo cautelar quanto aos 3, 7, 8 e 9 da cabea do art. 14; aos incisos IV e V da cabea do art. 17; e ao 3 do art. 20 do ato questionado (Art. 14. Antes da deciso sobre a instaurao do processo pelo colegiado respectivo, a autoridade responsvel pela acusao conceder ao magistrado prazo de quinze dias para a defesa prvia, contado da data da entrega da cpia do teor da acusao e das provas existentes ... 3 O Presidente e o Corregedor tero direito a voto ... 7 O relator ser sorteado dentre os magistrados que integram o Pleno ou o rgo Especial do Tribunal, no havendo revisor. 8 No poder ser relator o magistrado que dirigiu o procedimento preparatrio, ainda que no seja mais o Corregedor. 9. O processo administrativo ter o prazo de cento e quarenta dias para ser concludo, prorrogvel, quando imprescindvel para o trmino da instruo e houver motivo justificado, mediante deliberao do Plenrio ou rgo Especial ... Art. 17 Aps, o Relator determinar a citao do Magistrado para apresentar as razes de defesa e as provas que entender necessrias, em 5 dias, encaminhando-lhe cpia do acrdo que ordenou a instaurao do processo administrativo disciplinar, com a respectiva portaria, observando-se que: ... IV - considerar-se- revel o magistrado que, regularmente citado, no apresentar defesa no prazo assinado; V - declarada a revelia, o relator poder designar defensor dativo ao requerido, concedendo-lhe igual prazo para a apresentao de defesa ... Art. 20 ... 3 O Presidente e o Corregedor tero direito a voto). (...)No que concerne ao 1 do art. 15 (O afastamento do Magistrado previsto no caput poder ser cautelarmente decretado pelo Tribunal antes da instaurao do processo administrativo disciplinar, quando necessrio ou conveniente a regular apurao da infrao disciplinar), o Colegiado referendou, tambm por votao majoritria, a liminar concedida. Aduziu-se tratar-se de nova hiptese cautelar de afastamento de magistrado do cargo. Realou-se que eventual restrio s garantias da inamovibilidade e da vitaliciedade exigiria a edio de lei em sentido formal e material, sob pena de ofensa aos princpios da legalidade e do devido processo. (...) Na sequncia, relativamente ao pargrafo nico do art. 21 (Na hiptese em que haja divergncia quanto pena, sem que se tenha formado maioria absoluta por uma delas, ser aplicada a mais leve, ou, no caso de duas penas alternativas, aplicar-se- a mais

  • leve que tiver obtido o maior nmero de votos), o Tribunal, por maioria, deu interpretao conforme a Constituio para entender que deve haver votao especfica de cada uma das penas disciplinares aplicveis a magistrados at que se alcance a maioria absoluta dos votos, conforme preconizado no art. 93, VIII, da CF. Salientou-se que essa soluo evitaria que juzo condenatrio fosse convolado em absolvio ante a falta de consenso sobre qual a penalidade cabvel. (Supremo Tribunal Federal. ADI 4638 Referendo-MC/DF. Plenrio. Relator: Ministro Marco Aurlio. Julgado em 08/02/2012. Informativo n 654). Mandado de segurana: CNJ e participao da Unio. A Unio pode intervir em mandado de segurana no qual o ato apontado como coator for do Conselho Nacional de Justia - CNJ. Essa a concluso do Plenrio em dar provimento, por maioria, a agravo regimental interposto de deciso do Min. Marco Aurlio, em que indeferido pleito formulado pela Unio, agravante, em mandado de segurana do qual relator. A agravante postulava a intimao pessoal do Advogado-Geral da Unio do acrdo concessivo da ordem e a abertura de prazo para eventual interposio de recurso. Cuida-se de writ impetrado contra ato do CNJ que anulara concurso pblico realizado por Tribunal de Justia estadual para preenchimento de cargos em serventias extrajudiciais de notas e de registros. Assinalou-se que o aludido Conselho seria rgo de extrao constitucional, destitudo de personalidade jurdica e que integraria a estrutura institucional da Unio. Sublinhou-se que o pedido encontraria suporte, inclusive, no diploma que regularia o mandado de segurana. Por fim, considerou-se necessrio intimar a Unio (Lei 12.016/2009: Art. 7 Ao despachar a inicial, o juiz ordenar: ... II - que se d cincia do feito ao rgo de representao judicial da pessoa jurdica interessada, enviando-lhe cpia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito).O Min. Ricardo Lewandowski acentuou que, sendo o ato atacado do CNJ, deveria ser defendido pela Advocacia-Geral da Unio. O Min. Luiz Fux enfatizou que o estado-membro poderia pedir sua interveno. O Min. Celso de Mello sublinhou que a expresso pessoa jurdica interessada designaria a pessoa em cujo nome aquele ato fora praticado. Acrescentou que a Unio responderia por rgos federais perante a jurisdio. Vencido o Min. Marco Aurlio, que desprovia o agravo. Salientava que, em se tratando de certame regional,

  • a pessoa jurdica interessada seria o estado-membro, uma vez que o nus da feitura do concurso recairia sobre a Corte local. (Supremo Tribunal Federal. MS 25962 AgR/DF. Plenrio. Relator originrio: Ministro Marco Aurlio. Relatora para o acrdo: Ministra Rosa Weber. Julgado em 11/04/2013. Informativo n 701). CNMP: MS 28827/SP: CNMP e competncia revisional. EMENTA: MANDADO DE SEGURANA. OFICIAL DE PROMOTORIA DO MINISTRIO PBLICO DE SO PAULO. ILCITOS ADMINISTRATIVOS. PROCEDIMENTO DISCIPLINAR DO MINISTRIO PBLICO ESTADUAL: PENA DE DEMISSO. IMPUGNAO AO CONSELHO NACIONAL DO MINISTRIO PBLICO: ANULAO DA PENALIDADE. LEGITIMIDADE ATIVA AUTNOMA DO MINISTRIO PBLICO ESTADUAL PARA ATUAR ORIGINARIAMENTE NESTE SUPREMO TRIBUNAL. INCOMPETNCIA DO CONSELHO NACIONAL DO MINISTRIO PBLICO PARA REVISAR PROCESSOS DISCIPLINARES INSTAURADOS CONTRA SERVIDORES DO MINISTRIO PBLICO. MANDADO DE SEGURANA CONCEDIDO. 1. O Ministrio Pblico estadual tem legitimidade ativa autnoma para atuar originariamente neste Supremo Tribunal, no desempenho de suas prerrogativas institucionais relativamente a processos em que seja parte. 2. A competncia revisora conferida ao Conselho Nacional do Ministrio Pblico limita-se aos processos disciplinares instaurados contra os membros do Ministrio Pblico da Unio ou dos Estados (inc. IV do 2 do art. 130-A da Constituio da Repblica), no sendo possvel a reviso de processo disciplinar contra servidores. Somente com o esgotamento da atuao correicional do Ministrio Pblico paulista o ex-servidor apresentou, no Conselho Nacional do Ministrio Pblico, reclamao contra a pena de demisso aplicada. 3. A Constituio da Repblica resguardou o Conselho Nacional do Ministrio Pblico da possibilidade de se tornar instncia revisora dos processos administrativos disciplinares instaurados nos rgos correicionais competentes contra servidores auxiliares do Ministrio Pblico em situaes que no digam respeito atividade-fim da prpria instituio. 4. Mandado de segurana concedido, prejudicados os recursos interpostos contra o deferimento da liminar. (Supremo Tribunal Federal. MS 28827/SP.1 Turma. Relatora: Ministra Crmen Lcia. Julgado em 28/02/2012. DJ de 09/10/2012).

  • MS 28028/ES: CNMP e reviso de ato homologatrio de TAC. A 2 Turma concedeu mandado de segurana impetrado por Ministrio Pblico estadual contra ato do Conselho Nacional do Ministrio Pblico - CNMP, para invalidar deciso deste rgo. Na espcie, o Conselho Superior do Ministrio Pblico estadual negara homologao a termo de ajustamento de conduta - TAC proposto por promotor de justia. O CNMP, aps reclamao de membro do parquet, apesar do entendimento de que no seria de sua competncia adentrar na atividade-fim daquele Colegiado estadual, anulara a deciso e mantivera o TAC. Consignou-se tratar-se de interferncia indevida na autonomia administrativa e funcional do rgo estadual, no passvel de apreciao pelo CNMP. Ademais, ressaltou-se a existncia de sistema de controle interno na legislao local de cada Ministrio Pblico, a cargo Conselho de Procuradores Regionais, sem prejuzo da fiscalizao jurisdicional. (Supremo Tribunal Federal. MS 28028/ES.2 Turma. Relatora: Ministra Crmen Lcia. Julgado em 30/10/2012. Informativo n 686). RHC 97926/GO: Poder de investigao do Ministrio Pblico A 2 Turma iniciou julgamento de recurso ordinrio em habeas corpus em que se discute a nulidade das provas colhidas em inqurito presidido pelo Ministrio Pblico. (...)No caso, as investigaes que antecederam o oferecimento da denncia por homicdio culposo foram realizadas pela Curadoria da Sade do Ministrio Pblico. Segundo os autos, a filha da vtima noticiara ao parquet a ocorrncia de possvel homicdio culposo por impercia de mdico que operara seu pai, bem como cobrana indevida pelo auxlio de enfermeira durante sesso de hemodilise.O Ministro Gilmar Mendes, relator, negou provimento ao recurso. Entendeu que ao Ministrio Pblico no seria vedado proceder a diligncias investigatrias, consoante interpretao sistmica da Constituio (art. 129), do CPP (art. 5) e da Lei Complementar 75/93 (art. 8). Afirmou que a jurisprudncia do STF acentuara reiteradamente ser dispensvel, ao oferecimento da denncia, a prvia instaurao de inqurito policial, desde que evidente a materialidade do fato delituoso e presentes indcios de autoria. Considerou que a colheita de elementos de prova se afiguraria indissocivel s funes do Ministrio Pblico, tendo em vista o poder-dever a ele conferido na defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses

  • sociais e individuais indisponveis (CF, art. 127). Frisou que seria nsito ao sistema dialtico de processo, concebido para o estado democrtico de direito, a faculdade de a parte colher, por si prpria, elementos de provas hbeis para defesa de seus interesses. Da mesma forma, no poderia ser diferente com relao ao parquet, que teria o poder-dever da defesa da ordem jurdica. Advertiu que a atividade investigatria no seria exclusiva da polcia judiciria. O prprio constituinte originrio, ao delimitar o poder investigatrio das comisses parlamentares de inqurito (CF, art. 58, 3), encampara esse entendimento. Raciocnio diverso exclusividade das investigaes efetuadas por organismos policiais levaria concluso de que tambm outras instituies, e no somente o Ministrio Pblico, estariam impossibilitadas de exercer atos investigatrios, o que seria de todo inconcebvel. Por outro lado, o prprio CPP, em seu art. 4, pargrafo nico, disporia que a apurao das infraes penais e sua autoria no excluiria a competncia de autoridades administrativas a quem por lei fosse cometida a mesma funo. Prosseguindo, o Ministro Gilmar Mendes reafirmou que seria legtimo o exerccio do poder de investigar por parte do Ministrio Pblico, mas essa atuao no poderia ser exercida de forma ampla e irrestrita, sem qualquer controle, sob pena de agredir, inevitavelmente, direitos fundamentais. Mencionou que a atividade de investigao, seja ela exercida pela polcia ou pelo Ministrio Pblico, mereceria, pela sua prpria natureza, vigilncia e controle. Aduziu que a atuao do parquet deveria ser, necessariamente, subsidiria, a ocorrer, apenas, quando no fosse possvel ou recomendvel efetivar-se pela prpria polcia. Exemplificou situaes em que possvel a atuao do rgo ministerial: leso ao patrimnio pblico, excessos cometidos pelos prprios agentes e organismos policiais (vg. tortura, abuso de poder, violncias arbitrrias, concusso, corrupo), intencional omisso da polcia na apurao de determinados delitos ou deliberado intuito da prpria corporao policial de frustrar a investigao, em virtude da qualidade da vtima ou da condio do suspeito. Sublinhou que se deveria: a) observar a pertinncia do sujeito investigado com a base territorial e com a natureza do fato investigado; b) formalizar o ato investigativo, delimitando objeto e razes que o fundamentem; c) comunicar de maneira imediata e formal ao Procurador-Chefe ou Procurador-Geral; d) autuar, numerar e controlar a distribuio; e) dar publicidade a todos os atos, salvo sigilo

  • decretado de forma fundamentada; f) juntar e formalizar todos os atos e fatos processuais, em ordem cronolgica, principalmente diligncias, provas coligidas, oitivas; g) garantir o pleno conhecimento dos atos de investigao parte e ao seu advogado, consoante o Enunciado 14 da Smula Vinculante do STF; h) observar os princpios e regras que orientam o inqurito e os procedimentos administrativos sancionatrios; i) respeitar a ampla defesa e o contraditrio, este ainda que de forma diferida; e j) observar prazo para concluso e controle judicial no arquivamento. O Ministro Gilmar Mendes consignou, ainda, que, na situao dos autos, o Ministrio Pblico estadual buscara apurar a ocorrncia de erro mdico em hospital de rede pblica, bem como a cobrana ilegal de procedimentos que deveriam ser gratuitos. Em razo disso, o procedimento do parquet encontraria amparo no art. 129, II, da CF (So funes institucionais do Ministrio Pblico: ... II zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Pblicos e dos servios de relevncia pblica aos direitos assegurados nesta Constituio, promovendo as medidas necessrias a sua garantia). Asseverou que seria inegvel a necessidade de atuao do Ministrio Pblico, pois os fatos levados a seu conhecimento sinalizariam ofensa poltica pblica de sade. Reputou, assim, legtima a sua atuao. (...) Aps o voto do Ministro Gilmar Mendes, pediu vista o Ministro Ricardo Lewandowski. (Supremo Tribunal Federal. RHC 97926/GO. 2 Turma. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 01/10/2013. Informativo n 722). Rcl 6239 AgR-AgR/RO: Ministrio Pblico do Trabalho e legitimidade para atuar perante o STF EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. ATUAO PERANTE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ATRIBUIO DO PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA. ILEGITIMIDADE DO MINISTRIO PBLICO DO TRABALHO. Incumbe ao Procurador-Geral da Repblica, na condio de custos legis ou na hiptese em que o Ministrio Pblico da Unio seja parte, atuar perante este Supremo Tribunal Federal, consoante entendimento jurisprudencial consagrado luz dos arts. 128, 1, da Constituio da Repblica e 46, caput, da Lei Complementar 75/93. Ausncia de legitimidade do Ministrio Pblico do Trabalho para recorrer de deciso proferida no mbito desta Suprema Corte. Precedentes. Agravo regimental conhecido e no provido. (Supremo Tribunal Federal. Rcl 6239 AgR-AgR/RO. Plenrio. Relator:

  • Ministro Luiz Fux. Julgado em 23/05/2012. DJ de 24/10/2013). - ADI 2729/RN: Prerrogativas dos Procuradores de Estado O Tribunal iniciou julgamento de ao direta de inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado do Rio Grande do Norte contra o inciso I e os 1 e 2 do art. 86, e os incisos V, VI, VIII e IX do art. 87, e o art. 88, todos da Lei Complementar 240/2002, do referido Estado-membro, que outorgam a garantia de vitaliciedade aos Procuradores do Estado, criam ao civil para decretao de perda de cargo destes, conferem-lhes privilgio quanto priso especial, forma de depoimento, prerrogativa de foro, bem como a eles autorizam o porte de arma independentemente de qualquer ato formal de licena ou autorizao. Por unanimidade, o Tribunal declarou a inconstitucionalidade do inciso I e 1 e 2 do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87, da lei em questo. Entendeu-se que a garantia da vitaliciedade no se coaduna com a estrutura hierrquica a que se submetem as Procuradorias estaduais, diretamente subordinadas aos Governadores de Estado. Assim, em face da inconstitucionalidade da concesso de vitaliciedade, por arrastamento, declarou-se a inconstitucionalidade dos preceitos relativos s hipteses de perda do cargo e de ao civil para decretao da perda do cargo. Quanto s questes concernentes priso cautelar e forma de depoimento em inqurito ou processo, considerou-se que, com exceo do depoimento perante a autoridade policial - no qual h competncia legislativa concorrente, por se tratar de procedimento em matria processual -, os demais incisos usurpam a competncia privativa da Unio para legislar sobre matria processual (CF, art. 22, I). Julgou-se inconstitucional, da mesma forma, o preceito que trata da prerrogativa de foro, por afronta ao 1 do art. 125 da CF, que estabelece que a competncia dos tribunais ser definida na Constituio do Estado-membro. Em relao ao art. 88, que autoriza o porte de arma, o Min. Eros Grau, relator, tambm julgou procedente o pedido, no que foi acompanhado pelo Min. Carlos Velloso, por entender que o dispositivo viola o art. 22, I, da CF, porquanto a iseno regra que define a ilicitude penal s pode ser concedida por norma penal. Quanto a esse ponto, o julgamento foi suspenso em virtude do pedido de vista do Min. Gilmar Mendes. Em concluso, o Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao direta para declarar a

  • inconstitucionalidade da expresso com porte de arma, independente de qualquer ato formal de licena ou autorizao, contida no art. 88 da Lei Complementar 240/2002, do Estado do Rio Grande do Norte. A norma impugnada dispe sobre garantias e prerrogativas dos Procuradores do Estado. Na sesso de 16.11.2005, o Plenrio assentou a inconstitucionalidade do inciso I e 1 e 2 do art. 86, e dos incisos V, VI, VIII e IX do art. 87 da aludida lei v. Informativo 409. Na presente assentada, concluiu-se o exame do pleito remanescente relativo ao art. 88, que autoriza o porte de arma aos integrantes daquela carreira. Asseverou-se que, se apenas Unio fora atribuda competncia privativa para legislar sobre matria penal, somente ela poderia dispor sobre regra de iseno de porte de arma. Em acrscimo, o Min. Gilmar Mendes ressaltou que o registro, a posse e a comercializao de armas de fogo e munio estariam disciplinados no Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003). Esse diploma criara o Sistema Nacional de Armas - Sinarm e transferira polcia federal diversas atribuies at ento executadas pelos estados-membros, com o objetivo de centralizar a matria em mbito federal. Mencionou precedentes da Corte no sentido da constitucionalidade do Estatuto e da competncia privativa da Unio para autorizar e fiscalizar a produo e o comrcio de material blico (CF, art. 21, VI). Aduziu que, no obstante a necessidade especial que algumas categorias profissionais teriam do porte funcional de arma, impenderia um dilogo em seara federal. Precedentes citados: ADI 3112/DF (DJe 26.10.2007); ADI 2035 MC/RJ (DJU de 1.8.2003); ADI 3258/RO (DJU de 9.9.2005). (Supremo Tribunal Federal. ADI 2729/RN. Plenrio. Relator originrio: Ministro Luiz Fux. Relator para o acrdo: Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 19/06/2013. Informativos n 409 e 711). RE 380538: recebimento de honorrios sucumbenciais. EMENTA Embargos de declarao em recurso extraordinrio monocraticamente decidido. Converso em agravo regimental, conforme pacfica orientao desta Corte. Procuradores municipais. Artigo 42 da Lei municipal n 10.430/88. Teto remuneratrio. No recepo pela Constituio Federal de 1988. Honorrios advocatcios. Precedentes. 1. A jurisprudncia desta Corte firmou entendimento no sentido de que o art. 42 da Lei Municipal n 10.430/88 no foi recepcionado pela Constituio Federal de

  • 1988 no ponto em fixou teto para a remunerao bruta, a qualquer ttulo, dos servidores pblicos municipais. 2. Os honorrios advocatcios devidos aos procuradores municipais, por constiturem vantagem conferida indiscriminadamente a todos os integrantes da categoria, possuem natureza geral, razo pela qual se incluem no teto remuneratrio constitucional. 3. Agravo regimental no provido. (Supremo Tribunal Federal. RE 380538 ED/SP. 1 Turma. Relator: Ministro Dias Toffoli. Julgado em 26/06/2012. DJ de 15/08/2012). ADI 4261/RO Cargos de provimento em comisso e assessoramento jurdico ao Poder Executivo. EMENTA: CONSTITUCIONAL. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ANEXO II DA LEI COMPLEMENTAR 500, DE 10 DE MARO DE 2009, DO ESTADO DE RONDNIA. ERRO MATERIAL NA FORMULAO DO PEDIDO. PRELIMINAR DE NO-CONHECIMENTO PARCIAL REJEITADA. MRITO. CRIAO DE CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSO DE ASSESSORAMENTO JURDICO NO MBITO DA ADMINISTRAO DIRETA. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Conhece-se integralmente da ao direta de inconstitucionalidade se, da leitura do inteiro teor da petio inicial, se infere que o pedido contm manifesto erro material quanto indicao da norma impugnada. 2. A atividade de assessoramento jurdico do Poder Executivo dos Estados de ser exercida por procuradores organizados em carreira, cujo ingresso depende de concurso pblico de provas e ttulos, com a participao da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, nos termos do art. 132 da Constituio Federal. Preceito que se destina configurao da necessria qualificao tcnica e independncia funcional desses especiais agentes pblicos. 3. inconstitucional norma estadual que autoriza a ocupante de cargo em comisso o desempenho das atribuies de assessoramento jurdico, no mbito do Poder Executivo. Precedentes. 4. Ao que se julga procedente. (Supremo Tribunal Federal. ADI 4261/RO. Plenrio. Relator: Ministro Ayres Britto. Julgado em 02/08/2010. DJ de 20/08/2010). ADI 3965/MG. Autonomia administrativa. Por reputar caracterizada afronta ao disposto no 2 do art. 134 da CF, includo pela EC 45/2004, o Plenrio julgou procedente pedido formulado em ao direta, ajuizada pelo Procurador-Geral da Repblica, para declarar a inconstitucionalidade da

  • alnea h do inciso I do art. 26 da Lei Delegada 112/2007 e da expresso e a Defensoria Pblica constante do art. 10 da Lei Delegada 117/2007, ambas do Estado de Minas Gerais [LD 112/2007: Art. 26. Integram a Administrao Direta do Poder Executivo do Estado, os seguintes rgos autnomos: I - subordinados diretamente ao Governador do Estado: ... h) Defensoria Pblica do Estado de Minas Gerais; LD 117/2007: Art. 10. A Polcia Militar, a Polcia Civil, o Corpo de Bombeiros Militar e a Defensoria Pblica do Estado de Minas Gerais subordinam-se ao Governador do Estado, integrando, para fins operacionais, a Secretaria de Estado de Defesa Social]. Observou-se que, conquanto a Constituio garantisse a autonomia, os preceitos questionados estabeleceriam subordinao da defensoria pblica estadual ao Governador daquele ente federado, sendo, portanto, inconstitucionais. (Supremo Tribunal Federal. ADI 3965/MG. Plenrio. Relatora: Ministra Carmen Lcia. Julgado em 07/03/2012. Informativo n 657). ADI 4056/MA O Plenrio julgou procedente pleito manifestado em ao direta, proposta pelo Procurador-Geral da Repblica, para declarar a inconstitucionalidade: i) do inciso VII do art. 7; ii) do termo Defensor Geral do Estado constante do caput e do pargrafo nico do art. 16; e iii) do excerto Defensoria Pblica do Estado contido no 1 do art. 17, todos da Lei 8.559/2006, do Estado do Maranho (Art. 7 Integram a Administrao Direta: ... VII - Defensoria Pblica do Estado - DPE; ... Art. 16. O Poder Executivo, exercido pelo Governador do Estado, auxiliado pelo Secretrio Chefe da Casa Civil, Procurador Geral do Estado, Defensor Geral do Estado, Auditor Geral do Estado, Presidente da Comisso Central de Licitao, Corregedor Geral do Estado, Secretrios de Estado, inclusive os Extraordinrios e os cargos equivalentes. Pargrafo nico. O Secretrio Chefe da Casa Civil, o Procurador Geral do Estado, o Defensor Geral do Estado, o Corregedor Geral do Estado, o Auditor Geral do Estado, o Presidente da Comisso Central de Licitao, o Chefe da Assessoria de Comunicao Social, o Chefe da Assessoria de Programas Especiais, o Secretrio Chefe do Gabinete Militar e os Secretrios de Estado Extraordinrios so do mesmo nvel hierrquico e gozam das mesmas prerrogativas e vencimentos de Secretrio de Estado; ... Art. 17 ... 1 Integram, ainda, a Governadoria, a Controladoria Geral do Estado, a Corregedoria Geral do Estado, a Comisso Central de Licitao e a Defensoria

  • Pblica do Estado). Prevaleceu o voto do Min. Ricardo Lewandowski, relator, que os reputou inconstitucionais, porquanto a autonomia funcional, administrativa e financeira da defensoria pblica estaria consignada na prpria Constituio (CF, art. 134, 2). Acentuou que, tendo em conta a sistemtica constitucional referente aos ministros de Estado, os secretrios estaduais tambm seriam demissveis ad nutum. Por conseguinte, o defensor pblico-geral perderia autonomia medida que fosse equiparado a secretrio de Estado-membro. Avaliou ter havido, na espcie, inteno de se subordinar a defensoria ao comando do governador. Por sua vez, o Min. Gilmar Mendes ressalvou que o fato de se outorgar status de secretrio a defensor geral no seria, por si s, base constitutiva para declarao de inconstitucionalidade. Precedente citado: ADI 2903/PB (DJe de 19.9.2008). (Supremo Tribunal Federal. ADI 4056/MA. Plenrio. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Julgado em 07/03/2012. Informativo n 657). ADI 4163/SP: Defensoria Pblica Estadual e convnio obrigatrio e exclusivo com a respectiva seccional da OAB EMENTA: (...) 2. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Impropriedade da ao. Converso em Argio de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF. Admissibilidade. Satisfao de todos os requisitos exigidos sua propositura. Pedido conhecido, em parte, como tal. Aplicao do princpio da fungibilidade. Precedente. lcito conhecer de ao direta de inconstitucionalidade como arguio de descumprimento de preceito fundamental, quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em caso de inadmissibilidade daquela. 3. INCONSTITUCIONALIDADE. Ao de descumprimento de preceito fundamental ADPF. Art. 109 da Constituio do Estado de So Paulo e art. 234 da Lei Complementar estadual n 988/2006. Defensoria Pblica. Assistncia jurdica integral e gratuita aos necessitados. Previses de obrigatoriedade de celebrao de convnio exclusivo com a seo local da Ordem dos Advogados do Brasil OAB-SP. Inadmissibilidade. Desnaturao do conceito de convnio. Mutilao da autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria. Ofensa consequente ao art. 134, 2, cc. art. 5, LXXIV, da CF. Inconstitucionalidade reconhecida norma da lei complementar, ulterior EC n 45/2004, que introduziu o 2 do art. 134 da CF, e interpretao conforme

  • atribuda ao dispositivo constitucional estadual, anterior emenda. Ao direta de inconstitucionalidade conhecida como ADPF e julgada, em parte, procedente, para esses fins. Voto parcialmente vencido, que acolhia o pedido da ao direta. inconstitucional toda norma que, impondo a Defensoria Pblica Estadual, para prestao de servio jurdico integral e gratuito aos necessitados, a obrigatoriedade de assinatura de convnio exclusivo com a Ordem dos Advogados do Brasil, ou com qualquer outra entidade, viola, por conseguinte, a autonomia funcional, administrativa e financeira daquele rgo pblico. (Supremo Tribunal Federal. ADI 4163/SP. Plenrio. Relator: Ministro Cezar Peluso. Julgado em 29/02/2012. DJ de 01/03/2013). ADI 3892/SC e ADI 4270/SC: Exerccio exclusivo da assistncia jurdica por rgo diverso da Defensoria Pblica O Plenrio, por maioria, julgou procedente pedido formulado em duas aes diretas, ajuizadas pela Associao Nacional dos Defensores Pblicos da Unio - ANDPU e pela Associao Nacional dos Defensores Pblicos - Anadep, para declarar, com eficcia diferida a partir de doze meses, a contar desta data, a inconstitucionalidade do art. 104 da Constituio do Estado de Santa Catarina e da Lei Complementar 155/97 dessa mesma unidade federada. Os dispositivos questionados autorizam e regulam a prestao de servios de assistncia judiciria pela seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em substituio defensoria pblica. (...) No mrito, observou-se o fato de a lei complementar adversada resultar de iniciativa do Poder Legislativo, o que seria suficiente para a declarao de inconstitucionalidade formal, tendo em conta a regra constante do art. 61, 1, II, d, da CF (Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinrias cabe ... 1 So de iniciativa privativa do Presidente da Repblica as leis que: ... II disponham sobre: ... d) organizao do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica da Unio, bem como normas gerais para a organizao do Ministrio Pblico e da Defensoria Pblica dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios) e o princpio da simetria. Acrescentou-se que os dispositivos em comento tambm violariam os artigos 5, LXXIV, e 134, caput este ltimo em sua redao original , ambos da CF. Consignou-se que possveis dvidas a respeito do atendimento ao comando constitucional teriam sido esclarecidas pela LC 80/94, que disporia sobre normas gerais obrigatrias para a organizao da defensoria pblica pelos Estados-membros.

  • Asseverou-se, ainda, que o modelo catarinense no se utilizaria de parceria da OAB como forma de suplementar a defensoria pblica ou suprir eventuais carncias desta, mas, naquele ente federativo, a seccional supostamente cumpriria o papel designado defensoria l inexistente , ao indicar advogados dativos. Enfatizou-se que o constituinte originrio no teria se limitado a fazer mera exortao genrica quanto ao dever de prestar assistncia judiciria, porm descrevera, inclusive, a forma a ser adotada na execuo deste servio, sem dar margem a qualquer liberdade por parte do legislador estadual. O Min. Celso de Mello registrou que o Estado de Santa Catarina incorreria em dupla inconstitucionalidade: por ao ao estabelecer essa regra na sua Constituio e ao editar legislao destinada a complement-la ; e, por inrcia uma vez que decorridos mais de 22 anos sem que criada a defensoria pblica naquela localidade. Por outro lado, no que concerne ao art. 27 da Lei 9.868/99, o Min. Ricardo Lewandowski explicitou que o STF no obrigaria que a entidade federativa legislasse, e sim modularia temporalmente, pro futuro, a presente deciso. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurlio, que pronunciava a inconstitucionalidade com eficcia ex tunc. (Supremo Tribunal Federal. ADI 3892/SC. ADI 4270/SC. Plenrio. Relator: Ministro Joaquim Barbosa. Julgado em 14/03/2012. Informativo n 658).

    e. Leitura obrigatria - BRANCO, Paulo Gustavo Gonet; MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. So Paulo: Saraiva, 2013 (Captulo 9). - LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 17 ed. So Paulo: Saraiva, 2013 (Captulo 9 a 12). - TAVARES, Andr Ramos. Curso de Direito Constitucional. So Paulo: Saraiva, 2013 (Captulos LXVI a LXX; captulo LXXIII).

    f. Leitura complementar - ALMEIDA, Lilian Barros de Oliveira. A Atividade Consultiva da Advocacia-Geral da Unio na Promoo dos Direitos Fundamentais. Revista da AGU, v. 32, p. 7-50, 2012.

  • - BARROSO, Lus Roberto. Judicializao, Ativismo Judicial e Legitimidade Democrtica. In: Revista Consultor Jurdico, 22 de dezembro de 2008. Disponvel em: http://www.conjur.com.br/2008-dez-22/judicializacao_ativismo_legitimidade_democratica - CIRNE, Mariana Barbosa; FERREIRA, Victor Hugo Passos Ferreira. Desvendando alguns sentidos sobre o veto presidencial. In: A & C : revista de direito administrativo & constitucional, v. 13, n. 51, p. 205-232, jan./mar. 2013. - CLVE, Clmerson Merlin; BARROSO, Lus Roberto (org.). Doutrinas Essenciais: Direito Constitucional. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, Volume IV (Organizao dos poderes); - CLVE, Clmerson Merlin. Atividade Legislativa do Poder Executiva. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. - GUEDES, Jefferson Cars; Luciane Moessa de Souza (Coord.). Advocacia de Estado: Questes Institucionais para a Construo de um Estado de Justia. Belo Horizonte: Editora Frum, 2009. - RIBEIRO, Digenes V. Hassan. Judicializao e desjudicializao: entre a deficincia do Legislativo e a insuficincia do Judicirio. In: Revista de informao legislativa, v. 50, n. 199, p. 25-33, jul./set. 2013. - MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Funes essenciais justia. In: Tratado de direito constitucional. So Paulo: Saraiva, 2010, v. 1, p. 990-1016.