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TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO ANO LECTIVO 2009 / 2010 2 INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA COMUNICAÇÃO 1. CONCEITOS O QUE É A EXPRESSÃO? A expressão é a manifestação do pensamento ou das ideias. Como falantes da língua portuguesa, nós exprimimo-nos em português. O QUE É A COMUNICAÇÃO? A comunicação é um daqueles fenómenos mais fáceis de reconhecer do que definir. Ocorre com imensa frequência, nas mais diversas situações e assume diferentes formas: pelo olhar, através de gestos, de símbolos, mas sobretudo a través da palavra , no nosso dia a dia. Inúmeros livros foram escritos com o objectivo de definir e explicar a comunicação. No entanto, é possível delinearmos, em poucas palavras, o conceito de comunicação, se nos concentrarmos nas suas características essenciais Processo dinâmico e interactivo Engloba, pelo menos, duas partes Objectivo de transmitir informação Então, podemos afirmar que a comunicação é um processo dinâmico porque evolui. A seguir é possível constatar que esse processo é eminentemente interactivo, pois tem de existir neste processo pelo menos duas partes, que interajam uma com a outra. Finalmente, é perfeitamente legítimo dizer que o objectivo dessa interacção é a transmissão de informação. Não importa o conteúdo ou a essência da informação, o facto de ser longa ou breve, objectiva ou subjectiva, elementar ou elaborada. Então, tendo em conta essas quatro características, podemos partir para a nossa própria definição de comunicação: Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

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TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

ANO LECTIVO 2009 / 2010

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INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA COMUNICAÇÃO

1. CONCEITOS

O QUE É A EXPRESSÃO? A expressão é a manifestação do pensamento ou das ideias. Como falantes da língua portuguesa, nós exprimimo-nos em português. O QUE É A COMUNICAÇÃO? A comunicação é um daqueles fenómenos mais fáceis de reconhecer do que definir. Ocorre com imensa frequência, nas mais diversas situações e assume diferentes formas: pelo olhar, através de gestos, de símbolos, mas sobretudo a través da palavra, no nosso dia a dia. Inúmeros livros foram escritos com o objectivo de definir e explicar a comunicação. No entanto, é possível delinearmos, em poucas palavras, o conceito de comunicação, se nos concentrarmos nas suas características essenciais

Processo dinâmico e interactivo Engloba, pelo menos, duas partes Objectivo de transmitir informação

Então, podemos afirmar que a comunicação é um processo dinâmico porque evolui. A seguir é possível constatar que esse processo é eminentemente interactivo, pois tem de existir neste processo pelo menos duas partes, que interajam uma com a outra. Finalmente, é perfeitamente legítimo dizer que o objectivo dessa interacção é a transmissão de informação. Não importa o conteúdo ou a essência da informação, o facto de ser longa ou breve, objectiva ou subjectiva, elementar ou elaborada. Então, tendo em conta essas quatro características, podemos partir para a nossa própria definição de comunicação:

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2. CARACTERÍSTICAS DA COMUNICAÇÃO HUMANA

pcom as pessoas. E há até teorias, ainda não de todo comprovadas, que defendem que os vegetais também possuem a capacidade de comunicar. Há, no entanto, uma profunda diferença entre a comunicação dos seres humanos e a dos animais. Há cerca de 100 anos, o sábio austríaco Van Frish descobriu que uma abelha quando detecta uma fonte qualquer de açúcar, executa um rufar de asas específico, através do qual sinaliza às suas companheiras a existência de alimento. Após século decorrido, os estudiosos da vida das abelhas observam o mesmo fenómeno, executado da mesma forma. Se considerarmos que, em regra, os insectos não são animais de ciclo de vida muito longo, quantas e quantas gerações de abelhas terão vivido desde que as observações de Van Frish foram realizadas? E, no entanto, o agitar de asas é exactamente o mesmo. Paralelamente, ao longo destes mesmos 100 anos, a comunicação humana passou por enormes alterações.

Mudou, ampliou-se, cresceu em conteúdo e enriqueceu na forma È exactamente nestas alterações que reside a colossal diferença entre a comunicação humana e a animal. Os animais transmitem informações e processam-nas, tal como o Homem, mas só ele tem capacidade para armazenar as informações, enriquecê-las e transmiti-las novamente, já completamente enriquecidas. Assim, podemos afirmar que só o ser humano:

Transmite

Processa

Armazena

Enriquece

Reproduz a informação já enriquecida

3. CONCEITO DE CULTURA A transmissão e o enriquecimento da informação ocorrem entre as pessoas de forma ininterrupta. Estamos permanentemente a receber informação, a ampliá-la e a retransmiti-la. A esse ciclo giratório denominamos de Cultura. Frequentemente utilizamos o vocábulo no seu sentido mais limitado, quando nos referimos ao património artístico e científico acumulado pelo género humano. Mas a cultura é muito mais: todos os hábitos, usos e costumes, formas de estar no mundo e de sentir e interpretar a realidade circundante constituem a cultura de uma colectividade. Actualmente, a revolução tecnológica pela qual o mundo tem passado, com enormíssimas consequências no plano da comunicação, tende a

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atenuar a diferença entre as culturas. Mas as diferenças ainda existem e certamente é utópico supor que, num futuro próximo, a humanidade venha a possuir uma e uma só cultura. E ainda bem que assim é: diferentes formas de pensar e de estar contribuem para o enriquecimento do património comum da humanidade. Favorecem o ciclo de captação, de ampliação e retransmissão da informação que antes referimos. Dissemos que esse ciclo é ininterrupto e é esse motor contínuo que mantém a cultura viva. Quando pára de rodar o ciclo de transmissão enriquecimento transmissão da informação, a cultura fica estagnada e morre. E não é por outra causa que civilizações passadas (babilónios, egípcios, aztecas e tantas mais) produziram culturas notáveis que, no entanto, por condicionantes diversas, deixaram um dia de evoluir, foram assimiladas por outras culturas que mantêm vivo o seu dinamismo ou simplesmente Se quiséssemos representar plasticamente esse processo de transmissão enriquecimento transmissão da informação, poderíamos utilizar a figura de uma roda sempre a girar. Porém, seria mais exacto servirmo-nos do exemplo do punhado de neve que se desprende do cimo da montanha e que rola sem parar em direcção ao fundo do vale. Sempre a rolar e sempre a crescer de tamanho, transformando-se numa grande bola de neve, que pode assumir proporções enormes.

A questão da globalização cultural

extensão planetária dos meios

de comunicação social de massa, os mass media, com a correspondente transformação de tudo em

informação imediata e universalmente disponível

O termo indú los pensadores da Escola de Frankfurt, Adorno e

Horkheimer, para designar a indústria mediática que estes autores entendiam como sendo a

indústria de produção simbólica de cariz capitalista. De acordo com estes teóricos os produtos

culturais contribuem para criar, reproduzir e manter não apenas uma ideologia dominante numa

sociedade mas também a própria estrutura dessa sociedade. Esta recria-se e reproduz-se

constantemente de acordo com a base ideológica dominante, em parte devido à força dos produtos

culturais, que pela sua produção em massa se tornariam estandardizados e homogéneos (37). Para

este autor, globalização cultural produz uniformidade, mas também diversidade. Esta última apenas

será prejudicada se, quando o alargamento da área de oferta de um determinado bem implica o

desaparecimento de um outro bem ponto convém frisar que mesmo numa

sociedade aparentemente homogénea e muito linear se assistem, com frequência,

a emergências singulares. No caso das indústrias culturais isso também é verdade. No universo

mais-do-mesmo com que habitualmente somos brindados também aparecem pequenas pérolas.

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Só para dar um exemplo, o cinema de massas hollywoodesco e uniforme é frequentemente espicaçado

pelo cinema independente, de baixo custo e que aposta na diversidade. Esta situação foi melhorada e

expandida a outros sectores com as potencialidades das novas tecnologias, em especial o multimédia,

largo território de exploração cultural e comercial

mudou bastante as condições de entrada e sucesso no sector empresarial da cultura

Boaventura Sousa Santos recorda o especial relevo que assumiu o conceito de globalização cultural

nos anos 80 lembrando os valores, os artefactos culturais e os universos simbólicos que se

globalizam são ocidentais , a propósito de autores como Ritzer que preferem falar de

ocidentalização ou americanização. Em todo este processo intervêm quer factores económicos e de

mercado, quer políticos. Para além de outros factores como os MCS, direito, educação ou entidades

policiais, Sousa Santos lembra que os Estados-nação não estão isentos de responsabilidade em todo

têm sido os arautos da diversidade cultural, da autenticidade da

cultura nacional a homogeneização e a uniformidade, esmagando

a rica variedade de culturas locais existentes no território nacional

(2001:54).

4. OS SIGNOS A comunicação é estabelecida por signos. Um signo é algo que representa uma realidade, algo que contém uma informação. Algo que estabelece a relação lógica entre o significante (aquilo que vemos, que captamos, como um conjunto de sons, imagens ou os próprios grafemas da escrita) e o significado (a ideia, o conceito mental ou a interpretação que fazemos do que captamos ou vemos).

No signo linguístico apresentado vamos distinguir:

Significante: conjunto de sons percebido pelo ouvido que se materializa graficamente na palavra ROSAS.

Significado: conceito ou interpretação mental que temos do que é

uma rosa.

Alguns signos são, por assim dizer naturais. Nós homens apenas aprendemos a estabelecer a relação lógica. Assim, por exemplo, quando avistamos uma nuvem de fumo concluímos a existência de fogo. Atribuímos ao fumo o carácter de signo do fogo. O mesmo acontece quando vemos alguém bocejar e concluímos que a pessoa tem sono: o bocejo é o significante, cujo significado é o sono. Mas para além dos signos naturais, há inúmeros que foram concebidos integralmente pelo ser humano. Estes têm as características de serem arbitrários e convencionais. Nenhuma relação obrigatória se estabelece entre ele e a realidade; cada língua recorre a um conjunto de sons diferentes (palavras diferentes) para referir um mesmo objecto. Por exemplo: os franceses dizem

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convencionado. Arbre, tree e árvore têm o mesmo significado, mas diferem obviamente no significante. Tomemos como outro exemplo um semáforo de trânsito, onde cada uma das luzes é signo de uma realidade: obrigação de parar, possibilidade de seguir e necessidade de ter atenção. Numa partida de futebol, verificamos que há toda uma série de signos que são usados: os uniformes que sinalizam equipas diferentes, os cartões de que o árbitro se serve e os silvos que emite com o apito assumem significados específicos convencionados pelo próprio Homem. 5. A PALAVRA De todos os signos de que nos servimos para comunicar, o mais importante é a palavra porque:

É o que apresenta, em geral, maior exactidão de significado;

É o que se presta a quase todas as situações de comunicação e, por conseguinte,

É o de utilização mais frequente

Mesmo que não tenhamos consciência disso, estamos permanentemente a utilizar as palavras. Como consequência, quanto melhor utilizarmos as palavras, melhor e mais exacta será a nossa comunicação; quanto mais eficiente for a nossa expressão verbal, mais eficaz será a nossa comunicação. O uso da palavra está sujeito a determinadas regras. E o conjunto dessas regras denominamos por linguagem. Existem diferentes registos de linguagem. Na verdade, há a linguagem gestual, a da expressão facial, a da música e inúmeras outras.

Convém então destacar dois grandes tipos de linguagem Verbal Não verbal

LINGUAGEM VERBAL: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras);

LINGUAGEM NÃO - VERBAL: as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação.

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Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma cultura para outra e de época para época.

A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma reacção involuntária ou um acto comunicativo propositado.

Alguns psicólogos afirmam que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e encadear as interacções sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais.

a) Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a partir da sua expressão fisionómica. Por vezes os rostos transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas tentam inibir a expressão emocional.

b) Movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça, provocação.

Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode transmitir a ideia de submissão como a de desinteresse.

c) Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens.

d) Postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.

e) Comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade, velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens mais claras do que uma voz agitada.

f) A aparência: a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através do vestuário, penteado, maquilhagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de falar, etc., as pessoas criam uma projecção de como são e de como gostariam de ser tratadas. As relações interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projecção particular e se os outros respeitarem essa projecção.

Conclusão: na interacção pessoal, tanto os elementos verbais como os não-verbais são importantes para que o processo de comunicação seja eficiente.

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Mas a que mais directamente nos interessa é a linguagem verbal. Estudada de forma consistente por L. Wittgenstein, que entretanto se baseou em estudos anteriores, e depois desenvolvida por vários outros teóricos da matéria, a linguagem é:

Um conjunto de signos

Cuja utilização é subordinada a determinadas regras impostas por cada língua,

Cuja finalidade é dar suporte à comunicação

Palavras

Poucas pessoas têm verdadeira consciência da importância da palavra. Quando afirmo isso, não estou me referindo apenas à sua importância como meio de comunicação ou na sua dimensão

pergunta: O que quer? O que pode esta língua? As línguas querem ser objeto de comunicação, condição fundamental para que as sociedades existam e a cultura possa ser transmitida de uma para outra geração. Mas, a segunda questão proposta de forma inteligente pelo compositor pode e deve produzir uma ampla discussão. O que pode uma língua? Pode se transformar em arte e, nessa dimensão, trazer o sentimento, a reflexão sobre as questões existenciais mais profundas, a crítica da realidade, a denúncia da injustiça e a busca da compreensão da vida, do mundo, do outro. Parece muito, mas, há um detalhe significativo que é preciso atentar: A língua é formada de palavras e palavra é energia que pode se materializar. As pessoas de uma maneira geral, não têm cuidado com esse detalhe, tão significativo. O que pensamos e o que falamos termina, dependendo da impressão que essas palavras provoquem no nosso psiquismo, se materializando no nosso dia a dia. Portanto, muitas vezes somos vítimas de nós mesmos, quando inadvertidamente, expressamos algo desagradável ou negativo em relação a nós ou aos outros. Se observarmos e examinarmos nossa própria vida, veremos que muitas coisas que nos aconteceram ou que acontecem são manifestações ou materializações de nossas palavras. Por isso é fundamental ter mais cuidado e, principalmente utilizar a palavra para produzir bem estar.

Esclarecer

Por Luciana Gouvêa

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5.1 A SINTAXE E A SEMÂNTICA

Na linguagem verbal, as regras a que nos referimos são de duas naturezas: regras de sintaxe e de semântica. Quando desejamos aprender uma língua, necessitamos antes de mais de um dicionário, pois este dá-nos o significado das palavras; permite que interpretemos correctamente os signos. No dicionário encontramos o conteúdo semântico da língua, na medida em que a semântica estuda o significado das palavras e das frases. Porém, ainda que nos fosse possível conhecer todas as palavras contidas no dicionário, ainda assim não estaríamos aptos a dominar a língua. Isto porque nos faltaria conhecer a forma adequada de articular os diferentes signos, de forma a dar um conteúdo lógico ao que dizemos ou escrevemos. O uso da Língua não se faz através de palavras soltas. Temos a necessidade de organizá-las em frases. Neste plano precisamos de recorrer a uma gramática. É com a gramática que aprendemos como concatenar correcta e adequadamente as palavras. É a gramática que nos ensina a sintaxe da língua, pois é a ciência que estuda as relações e funções das palavras nas frases. Em conclusão, podemos afirmar que quanto maior for o domínio que tenhamos quer da semântica, quer da sintaxe da língua, mais adequadamente poderemos comunicar-nos através dessa língua. 6. MODELOS DE COMUNICAÇÃO Diversos foram os autores que se preocuparam em explicar como é que ocorre o fenómeno da comunicação humana. A essas explicações chamamos modelos, pois são representações esquematizadas do processo de comunicação. Desses modelos, os mais conhecidos foram os desenvolvidos por Schramm e por Lasswell.

Segundo Schramm, o acto comunicacional tem início num Emissor, alguém que define não só o que vai comunicar como também o Código ( ou seja a linguagem) que vai utilizar, razão pela qual é chamado de Codificador. A essência da comunicação, isto é, aquilo que é informado, denomina-se de Mensagem. O envia a mensagem codificada através de um via, também da sua escolha (que poderá ser, por exemplo, a via oral ou a via escrita, ou outra). Essa via é o Canal, através do qual a mensagem é recebida pelo destinatário o Receptor a quem compete descodificá-la. Por isto, o receptor é conhecido também por Descodificador. Este modelo de Schramm, assim definido, confere ao emissor todo o protagonismo, todo o trabalho activo do processo de comunicação. Os seus seguidores, contudo, cedo se aperceberam de que não era exactamente assim, pois também o receptor realiza um papel importante nesse processo. Como vimos, a comunicação é eminentemente interactiva e, portanto, só se completa quando, depois de receber a mensagem, o Receptor reage, escolhendo também um código e um canal, através dos quais enviará ao Emissor original a sua Retroacção ou Resposta. Mas, na verdade, não é só através da resposta que se evidencia a importância do Receptor. Ela já se faz sentir antes mesmo da mensagem ser enviada, pois quer o código, quer o canal são escolhidos pelo Emissor tendo em conta quem é o Receptor. Por exemplo: um Emissor nunca escolherá como código a língua japonesa se o Receptor não conhecer esse idioma, nem elegerá como canal a via oral se o Receptor é totalmente surdo.

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No modelo de Schramm devemos ainda ressaltar um elemento importante: o Ruído. Quer isto dizer, a possibilidade poderem ocorrer ruídos (interferências que distorcem o sentido e, consequentemente, a compreensão da comunicação) quer aquando do envio da mensagem, quer durante a resposta. Uma das fontes mais frequentes de ruído é a má utilização da linguagem, que pode fazer com que a mensagem captado pelo Receptor não seja aquela que efectivamente o Emissor desejava enviar. Portanto o perfeito domínio da linguagem é que nos dá o conforto de vermos substancialmente reduzido o risco de uma interpretação incorrecta das mensagens que emitimos.

O modelo de Lasswell é uma decorrência, ou antes, uma simplificação do elaborado por Scrhamm. Focaliza exactamente os mesmos aspectos, mas, ao invés de recorrer a terminologia específica e a uma estrutura esquemática, expressa-se apenas através de cinco perguntas simples:

Quem?

Diz o quê?

Por que via?

A quem?

Com que efeito?

A essas cinco perguntas correspondem como resposta os cinco termos básicos do modelo de Schramm: Emissor, Mensagem, Canal, Receptor e Retroacção.

(Textos elaborados com base em apontamentos do Prof. João Pinto e Castro)

PASSOS PARA UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ

Escolher adequadamente o código e o canal tendo em conta o receptor;

A mensagem deve ser pensada e organizada seguindo os critérios de clareza, correcção e harmonia;

Considerar os aspectos que dizem respeito ao contexto, isto significa que devemos atender aos aspectos situacionais, culturais, sociais, psicológicos, etc.;

Não esquecer que comunicamos não apenas através de palavras (palavras em si e tom de vo

Só avaliamos plenamente a eficácia da nossa comunicação ao recebermos o feedback / resposta do receptor, só assim saberemos se a nossa mensagem foi bem compreendida.

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MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Meios de comunicação são instrumentos ou formas utilizados para a realização do processo comunicacional. Quando referidos à comunicação de massas, podem ser considerados como sinónimo de media.

(ou interpessoais) Exemplos:

Sonoros: telefone, rádio;

Escritos: jornais, revistas;

Audiovisuais: televisão, cinema;

Multimédia: diversos meios simultaneamente (como escrita e audiovisual).

transmissão de cultura? Todo. Ou pelo menos algum. Falar de Meios de Comunicação Social (MCS) enquanto elementos

de regulação cultural é abarcar num só desígnio uma série de dimensões tão díspares quanto

semelhantes da sociedade. É pelos MCS que se sabe o que se passa no mundo, que se conhecem e

visualizam outras culturas, que se sabe o que existe, o que se publica ou que se faz. É também

através dos MCS que fruímos cultura, ou pelo menos alguma, independentemente da sua qualidade.

Na realidade, cultura e comunicação são dois termos que se interpenetram desde o surgimento dos

primeiros meios de comunicação social. Apesar da existência de outros agentes mediadores e

transmissores de cultura, como a Educação ou a Família, é inegável o poder que os media exercem

sobre um número elevado de indivíduos. Para Breton, os media passaram a ser o único lugar onde

estão as informações que hão-de permitir descodificar os diferentes universos em que evoluímos

(1994:123), transferindo para os MCS o poder de orientação dos indivíduos na sociedade. Tal como

a comunicação não é um produto, mas um processo de troca simbólica

generalizada, processo de que se alimenta a sociabilidade, que gera os laços

sociais que estabelecemos com os outros

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mediatizada por símbolos concebidos, elaborados e

legados por gerações sucessivas belecem e estreitam os laços

sociais. Ainda mais quando promovidas pelos meios de comunicação que, pela sua rapidez e

para o alargamento da nossa experiência do mundo muito para além do

espaço delimitado pelas fronteiras territoriais que nos rodeiam

não acarreta necessariamente uma

desterritorialização generalizada, não faz com que toda a humanidade passe a ter as mesmas

representações da realidade e a fazer parte de

uma mesma área cultural clara alusão e rejeição de que todos os indivíduos

sejam atingidos ou venham a reagir do mesmo modo aos conteúdos emanados dos MCS.

a noção de meios de comunicação de massa faz referência a um sistema

tecnológico, não a uma forma de cultura, a cultura de massa (2002: 441), distinguindo claramente

que MCS se referem aos meios tecnológicos e que os conteúdos editados ou emitidos por esses

meios é que podem ser enquadrados numa cultura a maior parte dos

nossos estímulos simbólicos vem dos meios de comunicação (2002:442). Para Castells, a

existência de mensagens fora dos media limita-se às redes interpessoais e, no caso do efeito

televisivo ão representa apenas dinheiro ou poder. É aceitar ser misturado num texto multi-

semântico, cuja sintaxe é extremamente imprecisa. Assim, informação, entretenimento, educação e

propaganda, (442-443).

Para Edgar Morin a cultura de massa é produzida de acordo com as normas massivas de fabricação

industrial, difundida por técnicas de difusão maciça e que se dirigem a uma massa social alargada.

Do mesmo modo Umberto Eco defende que:

sentido imaginado pelos críticos apocalípticos das comunicações

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EXPRESSÃO VERBAL ORAL E ESCRITA

A mensagem pode ser processada por via oral e/ou escrita implicando diferenças notórias. A mensagem oral processa-se na conversação, exigindo a presença de, pelo menos, duas pessoas

que alternam sucessivamente os papéis de emissor e de receptor, que se encontram no mesmo referente situacional, bastando um gesto para clarificar elementos relativos a esse referente. A mensagem escrita (texto escrito), exige a descrição do referente situacional, ou seja, do ambiente.

Observemos no quadro que se segue as principais diferenças.

LINGUAGEM ORAL LINGUAGEM ESCRITA

Além do emissor, exige a presença activa

do receptor.

A emissão e a receção sucedem-se,

mudando sucessivamente de sentido.

A mensagem é facilitada pela presença

dos referentes situacionais.

Os referentes situacionais são revelados

por gestos e pelas entoações mais ou

menos intensas.

A descrição está quase ausente.

Uso frequente de pausas e entoação.

Texto menos extenso com frases

maioritariamente coordenadas.

Uso de frases curtas, repetições,

solecismos, anacolutos e frases

incompletas.

O recetor encontra-se geralmente ausente.

Entre a emissão e a receção da mensagem

interpõem-se um espaço mais ou menos longo.

A ausência dos referentes situacionais

obriga a que se apresentem por descrição.

Os referentes situacionais são apresentados

pela descrição do ambiente.

A descrição é frequente.

Uso dos sinais de pontuação.

Texto mais extenso com frases

maioritariamente subordinadas.

Uso de frases mais longas com construção

frásica mais elaborada e vocabulário mais

rico evitando as repetições desnecessárias.

NOTA: Considerando a relação língua falada e língua escrita, chegamos à conclusão que um falante de cultura rudimentar terá um discurso oral e um discurso escrito muito semelhante; mas se se tratar de um falante culto, haverá uma grande diferença entre o seu discurso oral e o seu discurso escrito.

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