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MISSÃO DOS ESPÍRITAS

3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 2

Painel 1

MISSÃO DOS ESPÍRITAS NA FAMÍLIA Andrea Mello Pontes

O DESAFIO DOS ESPÍRITAS FRENTE ÀS MUDANÇAS NA FAMÍLIA

Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família?

- Uma recrudescência do egoísmo. (KARDEC, LE, Q. 775)

Qual o maior obstáculo ao progresso?

- São o Orgulho e o Egoísmo (...) (KARDEC, LE, Q. 785)

Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?

- Já o dissemos muitas vezes: o Egoísmo. (...) (KARDEC, LE, Q. 913 )

Nas citações acima de “O Livro dos Espíritos” encontramos a importância do necessário debate sobre uma das mais importantes e complexas instituições sociais: a família. Pensar a família nos exige rediscutir a própria forma de compreender a dinâmica da sociedade, pois a família é uma das instituições de maior permanência na história da humanidade, expressa nas suas multiplicidades de formas e contextos culturais. É fundamental, portanto, considerá-la na sua heterogeneidade em qualquer contexto histórico e, na expressão como modos que os seres humanos organizaram a sua sobrevivência e a reprodução social.

Segundo Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. 4 – 08) existem

duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual.

Assim essa constituição espiritual/corporal da família fez com que ao longo da história ela se transformasse incessantemente obedecendo o influxo da lei do progresso.

A instituição família se constituiu num “Ator social”. Por conseqüência, não é passiva ou vítima e nem, exclusivamente produtora e causa do que se construiu nas sociedades e no planeta. Há, por conseguinte, uma interdependência entre família e sociedade. Neste sentido, é preciso considerá-la como instituição e como grupo que possui também uma historia interna - que continuamente reconstrói as regras e as formas das relações sociais e interpessoais. Para compreender as transformações vividas pela família nas sociedades contemporâneas faz-se necessário compreender as novas dimensões que podem dar lugar a muitas formas de família tais como:as dimensões Étnica, de Classe, de Gênero, de Papeis Sociais, de Territorialidade, Econômicas e no campo da Subjetividade. E ainda é forçoso compreender

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 3

grandes mudanças vindas do século XX que ainda estão afetando as configurações familiares quais sejam: o Patriarcalismo, o aumento da esperança de vida, o casamento, o Controle da fecundidade – contracepção, o aumento do número de divórcios, de uniões livres, de recomposições familiares, casamentos mais tardios, nascimentos também; não ser o casamento mais o único a instituir a família; a queda da natalidade, as relações intergeracionais, entre outras.

Essas mudanças deram lugar ao surgimento de novos modelos de família, que arrolamos a seguir:

- Família Conjugal - Nuclear – incluindo duas gerações, com filhos biológicos;

- Famílias extensas, incluindo três ou quatro gerações;

- Famílias monoparentais, chefiadas por pai ou mãe,

- Casais homossexuais com ou sem crianças;

- Famílias reconstituídas depois do divórcio; - Várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte compromisso mútuo.

Não foi sem inúmeros conflitos que estas novas formas de famílias se estabeleceram. Conflitos internos e externos agravados por situações de pobreza, exclusão e violências, o que as tornou mais vulneráveis. Vulnerabilidades estas que estão, portanto, dentro das famílias e fora delas, corroboradas por representações culturais consolidadas, como a desigualdade entre homens e mulheres, adultos e crianças,velhos e jovens que tornam mais complexa a vida em família.

Essas famílias articulam mudanças históricas e trajetórias biográficas assim como, a trajetória do Espírito, que por esse motivo expressam descontinuidades, rupturas que precisam ser incorporadas e reveladas pelo trabalho assistencial, como por exemplo, alguém que nasce de pais biológicos depois passa a uma família por afinidade e afetividade; isso é uma descontinuidade que é real e que precisa ser incorporada pela família. Por outro lado, a família também apresenta imagens contraditórias, ela é vista como refúgio e solidariedade, mas também é espaço de opressão, traição e violências.

Neste sentido ela se configura importante espaço de mediação entre o individuo e a sociedade. Ela é um espaço ético – político ( formação do Eu e do Nós ); é Espaço de Afetos, Os afetos são espaços de vivência ética, pois qualificam as ações e as relações humanas. Considerando, portanto, a enorme complexidade socioespiritual da Família, o trabalho assistencial espírita com foco na família deve ter como aspectos norteadores os seguintes:

1. O trabalho em rede potencializando os recursos disponíveis da sociedade civil e do poder público.

2. A centralidade da família como foco da ação.

3. Demarcar nossa tarefa, definindo uma espécie de identidade da nossa contribuição que deve ser parametrada pela metodologia do CRISTO e considerar a interferência do mundo espiritual na vida da família.

4. É preciso existir uma Horizontalidade do Olhar de quem assiste diante do “assistido”.

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 4

5. O Acolhimento, não julgar; nosso compromisso não é com o passado nem com o formato das famílias que atendemos, mas, com o presente e o futuro desses Espíritos e do planeta.

6. O Fortalecimento dos vínculos familiares como superação do EGOÍSMO.

7. O Servir como Paulo (...) “Não sou eu quem vive P mas o Cristo que vive em mim.” Levá-los a conhecer o Amor como expressão máxima de DEUS pela atitude de dar oportunidades de recomeço para quem assistimos e levá-los a conhecer Jesus pela fraternidade e convivência presentes em nossas atividades.

8. É preciso que haja um amadurecimento espiritual e psicológico do trabalhador espírita para nos dedicarmos ao atendimento do próximo, para que nos possamos nos solidarizar mais com a tarefa do Cristo.

9. Reconhecer nosso comprometimento e compromisso com os infortúnios das famílias e da sociedade, se isso não fosse verdade não seriamos contemporâneos desses problemas(violência, abandono, negligência , pobrezaP) eles nos espelham a alma.

10. E por fim, enxergar a humanidade terrena considerando as dimensões do UNIVERSO e o tempo como ETERNIDADE; por que aí, nos veremos como UMA GRANDE FAMÍLIA VIVENDO NA MESMA CASA E NESTE INSTANTE O AQUI E O AGORA.

Tal como nos fez ver Jesus: P tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te chamam - Ele lhes

respondeu: quem é minha mãe e quem são meus irmãos? - eis aqui minha mãe e meus

irmãos , pois todo aquele que faz a vontade de Deus, esse meu irmão, minha irmã e minha

mãe. (São Marcos 3:20-21)

Referências

CARVALHO, Célia Maria Rey (Org.). Família e Espiritismo. 6.ed. São Paulo: USE, 2000

FRANCO, Divaldo Pereira. Ditado pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Transição Planetária. Salvador: Leal, 2011.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 62ª. Edição. Rio de Janeiro: Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira, 1975.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 35ª. Edição. Rio de Janeiro: Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira, 1975.

PIRES, J. Herculano. O Espírito e o Tempo. 2ª. edição. São Paulo: Edicel Ltda., 1977.

XAVIER, Francisco Cândido, ditado pelo espírito Humberto de Campos. Boa Nova. 10ª. edição. Rio de Janeiro: FEB, 1971.

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MISSÃO DOS ESPÍRITAS

3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 5

Painel 2

MISSÃO DOS ESPÍRITAS NA SOCIEDADE Jason de Camargo

O ESPÍRITA E A CIDADANIA

Segundo as pesquisas, em torno de cinquenta por cento das pessoas já frequentaram os centros espíritas e mais de vinte milhões ainda procuram as nossas instituições para receberem o esclarecimento e o consolo para as suas vidas. Com isso, podemos afirmar que os espíritas já compõem uma força atuante na sociedade em que laboram. Isso implica em responsabilidade crescente de todos nós com vistas ao aprimoramento das organizações humanas.

a) Na área política:

O livro Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, faz as seguintes recomenda-ções comportamentais no que se refere ao setor político eleitoral:

- cabe-nos ter uma posição clara e definida nas aspirações de um mundo melhor;

- distanciar-se do partidarismo extremado. Paixão em campo, sombra em torno; para os espíritas

- não transformar a tribuna espírita em palanque de propaganda política;

- cumprir os deveres de cidadão e eleitor, escolhendo os candidatos aos postos eleti-vos, segundo os ditames da própria consciência e evitando o fanatismo. O discer-nimento é o caminho para o acerto.

- repelir acordos políticos em troca de votos. O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos;

- não condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrati-vas de interesse público, mas, sim, orar em favor deles. O auxílio da prece é melhor do que o látego da crítica;

- impedir palestras e discussões de ordem política nas sedes das instituições doutri-nárias;

- a rigor não há representantes oficiais do Espiritismo em setor algum da política humana.

b) Na responsabilidade social

Visando o melhor para a sociedade humana cabe-nos destacar alguns itens de real importância para a boa sobrevivência social:

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- Relação com a natureza : a Terra é um organismo que sustenta a vida. A manutenção equilibrada de seus nutrientes eterniza a fonte geradora da estabilidade planetária. Quando ocorre uma integração harmoniosa entre uso e não abuso, entre plantar e colher no ecossistema, a vida torna-se mais exuberante, mais bela em todos os seus elementos. Por isso, a essência maior da questão é a percepção de que a Terra é o nosso ”habitat”, é o nosso lar onde aprendemos a conviver. É a nossa escola majestosa e gigantesca que abriga em torno de vinte bilhões de espíritos encarnados e desencarnados, onde se ensina e se aprende. Também é o nosso local de trabalho e de experiências variadas, buscando sempre o aperfeiçoamento de tudo e de todos.

Os interesses deverão voltar-se sempre para a preservação de quem nos sustenta a vida, isto é, conquistar o ponto de equilíbrio das reais necessidades humanas com o da preservação salutar de nosso bioma. O que nos adiantará as conquistas pueris se depredarmos o lar que nos abriga e nos mantém.

O conceito de globalização se aplica muito bem no que se refere não só ao ecossistema mas, também, à sociedade como um todo. Tornar-se-á crítico que desmatamento inconsequente num lugar, por exemplo, abrirá feridas no organismo vivo da Terra e todos sentirão os efeitos danosos dessa inconsequência. Todo o ser vivo quando se fragiliza fica propenso às mais variadas etiologias e, a Terra, não é diferente. Por ela ter maior porte, não significa que não sofrerá a produção continuada de alterações depredatórias e imprevidentes. Os gases tóxicos, as poluições de toda a ordem, a redução das florestas e dos rios, os artefatos atômicos, diminuem o esplendor natural de nosso planeta.

Deus é o criador do universo, mas nós somos os co-criadores do local que habitamos e temos condições de modificarmos muitas coisas. Logo, o cuidado, a preservação, a beleza, as alterações , correm por nossa conta. Não esqueçamos nunca que um jardineiro previdente e zeloso terá sempre um jardim com belas e perfumadas flores.

Respeite a Terra. De seu útero nasce o alimento para as árvores e para as flores, para os peixes e para os pássaros, para as crianças e para os homens.

- Relação com os animais: a essência divina criada por Deus habita em todos os seres. Aprendemos na Doutrina Espírita que o princípio inteligente experiencia através dos reinos da natureza até configurar-se no homem. Dessa forma, os animais são nossos irmãos em franco progresso em seu reino, tal qual nos encontramos no nosso. No futuro próximo, como consta no “O Livro dos Espíritos”, não haverá mais a necessidade de matá-los para a sobrevivência humana. Por isso, cabe-nos respeitá-los, amá-los e protegê-los.

- Relações humanas: Na questão 621 de “O Livro dos Espíritos” Allan Kardec questiona onde se encontra inscrita a lei de Deus. A resposta foi precisa e eloquente: “Na consciência”. É o seu despertar gradativo do sono letárgico dos séculos que produzirá o fruto sazonado da boa convivência humana. Está, pois, no censo interior de cada um a solução para todos os problemas sociais. A verdade está no âmago do homem e não na periferia. As leis mais profundas estão no íntimo, estão na

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 7

consciência. É o conhecimento gradativo das mesmas que produzirão a paz definitiva nas relações humanas. Quanto mais cedo a consciência despertar, mais cedo as mudanças ocorrerão, justamente porque a consciência é o agente das mudanças pessoais. Se eu não tiver a consciência de que sou egoísta, como eu me tornarei mais fraterno e solidário? Numa consciência desperta a ignorância comportamental e a belicosidade serão coisas do passado. Você passará a ver tudo com a alma e a ver a todos com o coração. A essência divina que habita no outro é a mesma que está em você, logo, a empatia é a rainha das relações sociais. Você entrar no sentimento do outro para compreendê-lo melhor e respeitá-lo nas suas dificuldades.

c) Ética e coerência na conduta

Quando assimilamos o ensinamento espírita, nós percebemos que não se pode servir a Deus e a Mamon. Jesus nos alerta para não sermos vacilantes. Quando entramos num templo de orações, nós adoramos a Deus, mas quando saímos dali, modificamos o nosso comportamento e nem parecemos, muitas vezes, aquela pessoa que há pouco estava em prece. Ora servimos a Deus, ora servimos ao império da materialidade perniciosa. Essa frase serve bem para o momento atual de nossa sociedade. É comum as pessoas se deixarem levar pelos modismos, pelos desejos impostos por uma sociedade ainda despreparada. Observamos essas vacilações a todo instante, ora são os vícios que enchem de nuvens as famílias, ora são as opções pela sensualidade barateada, ora nos deixamos levar pelos impulsos negativos, produzidos por espíritos infelizes que se comprazem com nossas vacilações.

A firmeza de atitudes, onde quer que estejamos, é imprescindível para o nosso crescimento espiritual. O vigiai e orai, proposto por Jesus, cai muito bem para a época de grandes definições como a que passamos na atualidade. Por falta de vigilância deixamos de perdoar ou ferimos o nosso próximo. Por falta de vigilância gastamos o que não podemos ou nos deixamos arrastar pelos descaminhos comportamentais.

Completando essa assertiva de Jesus, constatamos que ele estabelece como necessidade para estarmos atentos e para não cairmos em tentação, a prece do fundo do coração. O “orai para não serdes surpreendidos” é o estabelecimento de mecanismos mentais de proteção vibratória, evitando, assim, aborrecimentos que possam surgir de várias maneiras e lugares.

Quando os valores nobres desabrocham na alma, o indivíduo é uno em qualquer lugar. O seu comportamento resplandece dentro e fora das organizações espíritas. A generosidade, a mansuetude, o perdão, a fraternidade, o amor, a humildade, elevam a pessoa para degraus espirituais que não lhes permitem mais a conduta tíbia e oscilante.

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 8

Painel 3

MISSÃO DO VOLUNTARIADO ESPÍRITA Jason de Camargo

PREPARAÇÃO DO VOLUNTÁRIO ESPÍRITA

No processo de evolução humana o trabalho é uma de suas molas propulsoras. Ele faz parte integrante da natureza do homem, cujos objetivos de progresso material e espiritual o impele a realizações constantes. Achamos que a melhora gradativa do espírito se encontra estreitamente vinculado ao trabalho que ele consiga realizar no tempo. Com o tempo, as pessoas não trabalharão visando apenas o seu bem-estar, mas acrescentarão também uma visão mais social do trabalho solidário. Essa visão mais ampla e consciente é que irá, aos poucos, transformando o homem egoísta em uma pessoa mais feliz, mais generosa, e fará com que menos indivíduos continuem desprovidos do esclarecimento e do consolo. Não existe nenhum espírito sublimado que tenha chegado a esse patamar sem o concurso do trabalho solidário. Chico Xavier disse com sabedoria que a questão mais aflitiva para o espírito no além é a consciência do tempo perdido. Seja jovem ou idoso, pobre ou rico, culto ou não, desta ou daquela profissão, sempre aparece oportunidades para se realizar alguma coisa no trabalho voluntário e, o centro espírita, é um desses lugares santificados que nos possibilitará auxiliar o próximo e a nós mesmos.

Para qualquer atividade de auxílio social, há necessidade de uma preparação adequada para que o auxílio chegue ao próximo com a maior presteza e eficiência possível. No meio espírita, por exemplo, é imprescindível a frequência ao Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita devido às características do trabalho que se desenvolve nos centros espíritas. Isso foi muito bem colocado pela Federação Espírita Brasileira quando lançou o ESDE:

Conhecer mais - para servir melhor

Não podemos permanecer apenas na área do conhecimento das várias atividades de nossas instituições temos, também, que nos aprimorar moralmente para que o auxílio ao semelhante seja mais efetivo. Allan Kardec nos alertava sobre a necessidade da qualificação de nossos sentimentos. As vibrações, as energias espirituais de nossas instituições, são correspondentes às emanações não só dos espíritos desencarnados, mas também, daquelas que emanamos sistematicamente no recinto que laboramos.

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MISSÃO DOS ESPÍRITAS

3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 9

ATUAÇÃO DO VOLUNTÁRIO NA SEARA ESPÍRITA

É muito importante o comprometimento do voluntário nas atividades que ele abraçou. Sem o comprometimento com a causa abraçada ocorrerão certas fissuras nos diversos trabalhos da instituição. Nas diversas pesquisas realizadas, até no meio empresarial, ficou constatado que nas organizações com maior comprometimento de seus funcionários o progresso era mais significativo.

Um outro tópico de atuação refere-se a uma visão sistêmica das atividades no centro espírita, ou seja, temos que considerar que não há uma tarefa mais importante do que a outra. Todos os departamentos ou setores são revestidos da mesma importância e, para tanto, o zelo do voluntário deve ser o mesmo com todas as atividades em que labora.

Painel 4

OBREIROS DO SENHOR Andrea Mello Pontes

Conta Humberto de Campos, no livro Boa Nova ditado através da mediunidade lúcida e amorosa de Chico Xavier no capitulo “Bom Ânimo”, que Bartolomeu era um dos discípulos mais dedicados do Cristo, desde os primeiros tempos. Diz-nos ainda o mesmo autor que: “Ele empregava todas as suas possibilidades em acompanhar o Mestre (...) vezes inúmeras o Senhor o surpreendia em Meditações Profundas e Dolorosas” (56).

Segue o autor espiritual revelando-nos o diálogo de Jesus com Bartolomeu em uma noite Efetivamente esse diálogo é de fundamental importância para os dias atuais, pois, vivendo um contexto em que nossas escuridões parecem turvar a conexão com o Cristo, ainda que haja chegado o tempo em que ele esteja mais próximo, muito mais revelado - seja pela multiplicidades de religiões como até pela Ciência e inclusive convivendo conosco, as noites nos assombram de dúvidas e angustias!

Os dias atuais tornam-se muitas vezes de difícil compreensão suas transformações, seus valores; o mal e suas facetas, a negatividades e suas práticas. Mas também o bem e suas luzes, o amor e suas ações. Vemos os dois se entrelaçando e nos enovelando; nascem a esperança e arrancam-se as mesmas esperanças... E assim, em varias noites nos vemos em profundas angustias.

Conta-nos Humberto de Campos que Jesus aproveitou alguns instantes para “lhe falar mais demoradamente ao coração”. É importante considerar a frase anterior, porque certos

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 10

aspectos da vida, principalmente os diretamente ligados a DEUS, não podem ser capturados na pressa e nem somente com o Cérebro ou, tão somente com a Razão, é preciso que o coração compreenda, é preciso sentir a verdade, intuí-la, é preciso compreendê-la ao ser tocado de compaixão...

Nessa proximidade de coração a coração, Bartolomeu disse a Jesus: “não saberia nunca explicar-vos minhas tristezas amargurosas”, Quando Bartolomeu conheceu Jesus uma nova coragem lhe invadiu o coração, mas... o quanto é difícil caminhar com essa coragem quando “por toda parte é a vitoria do crime”, diz Bartolomeu. Respondeu-lhe Jesus:

(...) Já viste Bartolomeu uma boa noticia não produzir alegria? (...) não quero senão acender o bom ânimo no espírito de meus discípulos. E Jesus deixa claro a Bartolomeu que Ele reconhece que apesar de saber que a Boa nova traz a verdadeira felicidade, não pode deixar de considerar todo o investimento que ainda se faz necessário para que, primeiramente, ela floresça na alma das criaturas, para depois frutificar no espírito dos povos”.

A mensagem do evangelho será semeada em muitos tipos de solo, hora cairá em terreno pedregoso, onde não criará raízes, hora será semeada onde há espinhos e estes crescendo a abafarão, porém, haverá terrenos férteis nos quais, ao caírem às sementes, produzirão em dobro seus frutos. O Mestre sabe do quão difícil é a luta do Cristão que moureja na Terra, mas sabe que esse é o caminho que nos fará transcender a cruz do nosso passado, como Ele nos exemplificou, assim como também, Jesus sabe que é, por e através d’Ele, que espiritualizaremos a matéria: “A vida na terra é uma estrada pedregosa que conduz aos braços amorosos de Deus. Em geral os homens abusam desse ensejo(...). Na obcecação de sua vontade própria, ferem a fronte nas pedras da estrada, cerram os ouvidos às verdades espirituais, vendam os olhos com a sombra da rebeldia... sem enxergarem a fonte cristalina.”

Mas Bartolomeu mergulhado em sua noite de tormentas internas, segue falando de suas inquietações: “Mestre o evangelho exige de nós a fortaleza permanente?”

Responde Jesus: A verdade não EXIGE, TRANSFORMA o evangelho não clama por estados especiais de seus discípulos, é preciso considerar, que a alegria, a coragem e a esperança devem ser traços constantes de suas atividades de cada dia. Por que nos firmarmos no pesadelo de uma hora, se conhecemos a realidade gloriosa da eternidade! Na verdade “não temos que”, as pessoas “não tem que, transformando a sombra em luz a cada experiência ela, a experiência, se torna fácil e suave, se torna um julgo leve, o bem sofrer e o fardo que melhora as forças.

Muitas vezes entre os tarefeiros do senhor, posto que muito diferente, é o tarefeiro do obreiro, vê-se, um peso ao seguir o Cristo, entre estes, mais importantes são as contendas, mais importante é ter razão, do que ser feliz nos colocamos como adoradores da palavra e o guardião do templo do cristo onde mais importante é a igreja do que a caridade e isso é uma falsa profecia, o que tanto nos alerta a doutrina Espírita: “haverão Falsos Profetas” A boa nova transforma e se transforma, não saímos os mesmos de cada ação no bem, caso saiamos os mesmos é um sinal de que apenas cumprimos a tarefa do dia.

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3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 11

Segue o diálogo inquietante e buscador, um diálogo que pesca em si mesmo o alimento para as áreas sombrias. Diz Bartolomeu: E quando os negócios do mundo nos são adversos? E quando tudo parece em luta contra nós? Responde Jesus: Qual o melhor negocio do mundo Bartolomeu? Será a aventura que se efetua a peso de ouro? Não será na adversidade dos negócios do mundo um convite amigo para a criatura semear com mais amor?

Poderíamos dizer que esta pergunta é a mesma coisa que afirmar: onde está teu tesouro ai está teu coração. Onde estão os verdadeiros motivos que nos movem na vida, em direção a que, nos movemos? Qual o foco da nossa existência?

O Ego e o Self, todos os dias nos convidam, o primeiro é sedutor, dissimula a verdade, nos faz sentir grande e protegido, mas sua proteção é como construir a casa em um terreno resvaladiço, desmorona ao primeiro impacto, ele, o Ego, nos cansa por que é impossível alcançar suas exigências, até porque as exigências do Ego são normalmente de auto piedade. Para ele a exigência é sempre para o outro, é sempre o outro que deveria ter feito certo para que eu tivesse feito certo, na voz do Ego, é preciso primeiro melhorar o mundo para que eu possa melhorar o Ego exige compensações para agir, por que ele não considera que agir no Bem é própria compensação, para nós que ainda nos encontramos com tanta identificação com o Ego e não com o Self, a compensação é um resultado, tanto para uma boa atitude quanto para um equivoco, o erro parece nos trazer uma conseqüência posterior, por isso a nossa noção de punição faz parecer à lei de causa e efeito algo tão sem sentido,... Por que parece que está tão distante o erro das suas conseqüências, quando nos equivocamos, quando ferimos, isso é em si, uma auto punição. Por isso Jesus fala a Bartolomeu sobre as ilusões do mundo que deturpam a verdade de Deus.

E Por ultimo Bartolomeu, faz a pergunta que habita nosso ser com tanta agudeza... Não será justificável a tristeza quando perdemos um ente amado? Responde-lhe o Mestre : mas quem estará perdido, se Deus é o Pai de todos nós? A morte do corpo abre as portas de um mundo novo para a alma. Eis por que todo discípulo do evangelho tem de ser um semeador da PAZ.

Os obreiros do Senhor por tanto, se diferem dos que são os “tarefeiros do senhor” por que operar com o Cristo é revelar Deus em si mesmo, é converter os desalentos num cântico de alegria!

O Obreiro do Senhor, segundo Emmanuel não se esquece que a vida é um campo imenso para a lavoura do bem.

Não espera facilidades na plantação:

Suportará, naturalmente, obstáculos e perigos de toda sorte na, preparação da colheita futura.

Repara ao redor de si.

Melindres e suscetibilidades são pragas e vermes roedores, destruindo-te a sementeira.

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MISSÃO DOS ESPÍRITAS

3º Encontro Bienal – 14ª URE/FEC 12

Cólera e irritação constituem granizo e vento, arrasando-te as leiras frágeis.

Compromissos com a sombra simbolizam vigorosos cipoais, asfixiando-te os esforços.

Indolência e desânimo são ervas parasitárias, aniquilando-te a produção.

Leviandade e maledicência representam enxurro e detritos, sufocando-te as melhores promessas.

Perversidade e crítica expressam aridez e secura, capazes de arruinar-te a esperança.

Lembra: cada dia é tempo abençoado de trabalhar e não confies a enxada de tua oportunidade à ferrugem da negação.

Recorda que o tempo voa, que tudo se transforma e que a própria Terra, onde se alonga a tua esfera de ação turbilhona em pleno Céu à procura da perfeita comunhão com a Grande Luz.

Não relaciones desapontamentos e mágoas, não te percas nas pedras do caminho e nem te fixes no espinheiro, que te servem por medida à fé e à serenidade.

Se te candidatas a servir com Jesus, toma-o por padrão vivo e incessante, buscando-lhe a Vontade para que os teus caprichos sejam esquecidos.

E, pautando nossas atividades sobre as normas que Lhe caracterizavam o exemplo, contemplaremos, ditosos, a colheita farta, a surgir da lama terrestre, colheita essa que nos enriquecerá de bênçãos o celeiro do coração para a Vida Eterna (Emmanuel)

Como Francisco de Assis nos mostrou, o obreiro do senhor é aquele que quer ser um

Santo Integrado e não o Santo Perfeito, já que o santo perfeito é fruto da mortificação do corpo e o Santo Integrado é fruto do serviço no bem que integra a sombra na luz, que no serviço de iluminação se auto ilumina, é aquele que reconhece as dúvidas e as angustias, mas busca suas respostas no Cristo, na Boa Nova. Obrigada!

Andrea Mello Pontes

Florianópolis, 27 Outubro de 2013