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ITAITUBA / PA - 2008

Material de Apoio Informática Educativa

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Page 1: Material de Apoio Informática Educativa

ITAITUBA / PA - 2008

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PLANO DE ENSINO

CURSO: Licenciatura Plena em Pedagogia

PROFESSORA: Joelma Andrade Silva

DISCIPLINA: Informática Educativa

PERÍODO: 2° ANO LETIVO: 2008.2

CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 72h

1 .EMENTA

Analises das principais teorias da aprendizagem subjacentes às metodologias do

ensino por computador. Filosofia LOGO. Elaboração de programa na linguagem LOGO. Visitas a escolas que usam essa filosofia. Política da informática educativa. O computador como ferramenta de construção do conhecimento.

Histórico da informática na educação. Noções básicas do World, Excel e Power Point e Internet.

2 . OBJETIVOS:

2.1 GERAL

Permitir ao docente reconhecer as novas tecnologias como recurso

desencadeador de estratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma

significativa para o processo de construção do conhecimento.

2.2 ESPECIFICOS

Refletir sobre o contexto atual em que vivemos, a chamada Sociedade da

Informação, em especial sobre o papel da tecnologia, esclarecendo os

desafios que esse contexto coloca à nossa visão da educação e do papel da

escola.

Analisar o paradigma da educação como transmissão de informações.

Discutir a importância do computador como ferramenta de construção do

conhecimento.

3. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

Histórico do uso da informática como auxiliar do processo ensino /

aprendizagem.

Política da Informática Educativa

O computador como ferramenta de construção do conhecimento.

Formas de utilização do computador na educação.

O uso da Internet na educação.

Noções básicas para os programas de World, Excel e Power Point.

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4. METODOLOGIA

Será utilizada uma metodologia diversificada com o objetivo de incentivar a

participação ativa do aluno na construção do curso, como: apresentação de

temas para debates, estudos de textos, pesquisas na web, aulas expositivas e

apresentação de trabalhos.

5. RECURSOS

Textos; Data Show; Computador; Quadro;

6. AVALIAÇÃO

Será desenvolvida de forma contínua sobre todos os dados relevantes da realidade dos alunos, tais como:

Leitura e resumo de textos.

Debates em sala de aula.

Apresentação de trabalhos.

Trabalhos individuais. Sendo,

7. BIBLIOGRAFIA

OLIVEIRA, Ramon de. Informática educativa: Dos planos e discursos à sala de

aula. – Campinas, SP: Papirus, 1997. – (Coleção Magistério: Formação e

trabalho pedagógico).

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: Novas ferramentas

pedagógicas para o professor na atualidade. – 3ª ed. rev., atual. e ampl. – São

Paulo: Érica, 2001.

JONASSEN, D. O Uso das novas tecnologias na educação a distância e a

aprendizagem construtivista. Em Aberto: Brasília, ano 16 n. 70, abr /jun

1996 (p.70-88).

LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O futuro do pensamento na era

da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. 208p.

PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da

informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

TAREFAS PONTOS

Sínteses de textos 7.0

Debates em sala de aula 3.0

Apresentação de Trabalho em Power Point, Excel e

World.

10.0

TOTAL 20 / 2 = 10

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RIBEIRO, José G. da Cruz Gomes. Informática e a Criação de Ambientes de

Aprendizagem. Disponível na Internet em www.fapeal.br/nies/trab/

ambientes_aprendizagem.html 06/08/99

SANCHO, Juana (Org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre:

Editoras Artes Médicas Sul Ltda., 1998.

Complementar:

SILVA, Casturina J. A informática como um novo desafio ao professor. III

Congresso Ibero-americano de Informática na Educação, 1996.

THORNBURG, David. Tecnologias de Liberação e Habilidades de Pensamento

para o século XXI. Educação em revista, pp. 8-11. SINEPE/RS. Agosto 1997.

VALENTE, José A. Diferentes Usos do Computador na Escola. Em Aberto,

Brasília ano 12 nº 57 jan/mar 1993. p. 3-16.

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INFORMÁTICA EDUCATIVA

Ficha do Aluno

Nome: _________________________________________________________________________ Questionário: Em uma escala de 0 a 5 pontos, como você avalia o seu desempenho nos itens abaixo relacionados: Item Pontos

Ligar e desligar um computador

Conhecer sobre sistema operacional

Salvar um documento

Entrar em um programa

Renomear um arquivo

Recuperar um ou mais documentos da lixeira

Localizar um arquivo no disco rígido, disquete ou CD-ROM

Usar o Excel

Usar o Word

Usar o Power Point

Acessar a Internet

Utilizar sofware de busca na Internet

Tem computador em casa com acesso a Internet? __________________

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TEXTO “1”

Os Programas Governamentais e a Informática na Educação

A História da Informática na Educação Brasileira conta com cerca de 30 anos de existência. Conforme o artigo Visão Analítica da Informática na Educação no Brasil: A Questão da Formação do Professor (VALENTE e ALMEIDA), a Informática na Educação Brasileira teve início nos anos 70, a partir do interesse de alguns educadores de universidades brasileiras, tais como: Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS e Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. Educadores estes motivados por resultados verificados em outros países e a partir de então tem-se estabelecido a diversificação de atividades que permite uma identidade própria, raízes solidificadas e uma maturidade relativa. Mesmo com a evidência das qualidades do uso dos recursos da ciência computacional, a sua disseminação nas escolas está muito aquém do que se deseja ou anuncia, não se constata uma impregnação das idéias nos educadores e não se verifica a consolidação no sistema educacional brasileiro.

A Informática na Educação Brasileira, tem sua nascente a partir do interesse de alguns educadores e universidades, motivados por resultados que vinham sendo alcançados em outros países, como Estados Unidos da América e França. Apesar do contexto mundial de utilização de computador na educação ter sido um referencial para as decisões brasileiras, tem-se aqui no Brasil características muito particulares que requerem diferentes projetos. Mesmo com essas inúmeras divergências, os avanços pedagógicos estão quase emparelhados com os de outros países.

No Brasil, apesar da influência de outros países, na área de introdução da informática na educação, verifica-se uma peculiaridade nesta situação: procura-se reduzir os pontos negativos e realçar o lado positivo ao invés de ater-se ao modelo para uma simples reprodução acrítica.

Pode-se citar, dentre a variedade de projetos e atividades desenvolvidos no Brasil, algumas que tomaram vultos para a implantação de uma postura nacional favorável ao uso do computador na educação: PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação, EDUCOM, FORMAR sob a coordenação do NIED - Núcleo de Informática Aplicada à Educação /UNICAMP, e CIEd - Centro de Informática na Educação.

O projeto PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação, é um projeto a nível nacional que visa a alocação de computadores nas escolas sob a coordenação da Secretaria da Educação a Distância do Ministério da Educação e do Centro Experimental em Tecnologias Educacionais (CETE). Na realidade o programa PROINFO é um programa educacional que visa a introdução de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na escola pública como ferramenta de apoio ao processo ensino-aprendizagem, de iniciativa do MEC - Ministério da Educação, através da SEED - Secretaria de Educação a Distância, criado pela Portaria n.º 522, de abril de 1997, tendo como parceiros os governos estaduais e alguns municipais.

No site oficial do PROINFO, o texto O que é PROINFO diz que "a base tecnológica do ProInfo nos estados é o Núcleo de Tecnologia Educacional – NTE que é uma estrutura descentralizada de apoio ao processo de informatização das escolas, auxiliando tanto no processo de incorporação e planejamento da nova tecnologia, quanto no suporte técnico e capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas."

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A proposta elaborada por este órgão visa a aproximação da cultura escolar aos avanços que a sociedade desfruta, utilizando redes técnicas de armazenamento, transformação, produção e transmissão de informações.

Em conjunto com o PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação, a SEESP - Secretaria da Educação Especial desenvolveu o Curso de Capacitação de Multiplicadores em Informática na Educação, voltado para a Educação Especial, com o objetivo de proporcionar um complemento na formação dos multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional.

Pode-se citar outra iniciativa nessa área: o Projeto de Informática na Educação Especial - PROINESP. Visando promover o acesso à Informática, enquanto recurso pedagógico, o projeto contempla escolas especializadas no atendimento de alunos com necessidades especiais, em todo o país, incluindo o financiamento de equipamentos de informática para a implantação de um laboratório em cada escola. O projeto prevê a formação de professores em informática aplicada à Educação Especial.

O Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância - PAPED também é iniciativa da SEED tendo como parceria a CAPES. Seus principais objetivos são: incentivar a produção de conhecimentos no campo da educação a distância e da utilização de tecnologia; avaliação e divulgação das experiências de uso de novas tecnologias, incluindo TV Escola, Programa Nacional de Informática na Educação - PROINFO, Salto para o Futuro e Proformação.

Em 1997, o PAPED recebeu 23 projetos; em 1998, 36 propostas. A partir do 3º Edital em 27 de julho de 1999, 78 concorreram, como informações, disponíveis na home-page do Ministério da Educação e Cultura - MEC. Também de grande importância, o Projeto EDUCOM teve como objetivo principal o estímulo de pesquisas multidisciplinares como alvo a aplicação de tecnologias de informática no processo de ensino-aprendizagem. Mesmo encontrando dificuldades referentes à política específica de concessão e manutenção de bolsas de estudo, instalações inadequadas, falta de interação das instituições apresenta resultados em pesquisas realizadas, formação de recursos humanos, consultorias, desenvolvimento de software educativos, teses, dissertações, livros, conferências ensaios e publicação de artigos.

As ações do Ministério da Educação e Cultura - MEC destacam-se por contribuições de equipes auxiliares ao EDUCOM. Cita-se o Projeto FORMAR, coordenado pelo NIED/UNICAMP, e ministrado por pesquisadores e especialistas dos demais integrantes do EDUCOM. Primeiramente, visava-se a formação de profissionais para atuação nos vários centros de informática educativa em sistemas estaduais/municipais de educação. Para Valente, o material que o curso produziu, as experiências, currículo e conteúdo, passaram a servir de referências para o advento de outros cursos de formação equivalente no país.

Como segmento do Projeto FORMAR, implantaram-se CIEd's, um em cada estado da Federação, que passou, em maior parte dos estados a ser considerado como núcleo central, de coordenação pedagógica das atividades, criando subcentros e laboratórios. Estabeleceu-se que o CIEd seria de iniciativa estadual e não federal, cabendo ao MEC a orientação dos secretários de educação sobre a importância da área para implantação dos centros, inclusive cessão de equipamentos, recursos, custeio das atividades iniciais, passando a cargo do Estado a continuação do projeto.

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A Informática na Educação A educação formal é muito resistente à inovações, dificilmente se renova ou se

adapta aos desafios da vida moderna. A escola tradicional ignora a realidade tecnológica, não ensina a perceber o universo em que se vive, não está atenta às mudanças do mundo moderno. Entre a informática e a escola deve haver cooperação, criando assim, uma nova possibilidade de lidar com o trabalho educativo. Os alunos são os personagens centrais do século XXI, e o computador uma maneira nova de se pensar. É preciso que a escola brasileira tenha interesse pela cultura, princípios, fatos sociais, pela psicologia e pelos ideais da computação. Sua função básica é criar caminhos que levem os estudantes à aprendizagem.

As tecnologias de comunicação introduziram profundas alterações na sociedade contemporânea criando novas maneiras de ensinar e aprender, portanto para se manter como uma instituição mantenedora e delegadora do ensino a escola não pode ficar fora desta realidade. Os alunos devem estar preparados para conviver com as constantes mudanças da sociedade e para conduzi-lo a escola deve contribuir fornecendo o conhecimento sobre as novas tecnologias, proporcionando um ambiente que supra as suas necessidades. Juntamente com a tecnologia, a educação deve abrir caminhos, aperfeiçoando e desenvolvendo trajetos.

A partir da metodologia de ensino pode-se definir o tipo de ferramenta e a maneira de como conduzir o processo aluno-professor-aprendizagem. Neste momento o computador pode ser utilizado como suporte em função das necessidades e do que se deseja construir. O seu uso é vantajoso pois possibilita a integração com outros recursos, como por exemplo à robótica, que favorece simulações próximas da realidade.

Para que aconteça a implantação do uso do computador numa escola, é necessário o desenvolvimento de um projeto técnico-pedagógico, a compra de equipamentos, a escolha de softwares adequados e o treinamento de professores e funcionários. Isso tudo, na verdade, não é fácil levando-se em consideração o pouco recurso financeiro disponível que algumas escolas possuem; principalmente as escolas públicas. E os gastos não ficam por aí, não adianta somente melhorar o visual das escolas, as salas deverão apresentar uma estrutura mínima necessária, valorizar a educação, valorizar os educadores melhorando seus salários, investir no ensino, investir nos recursos tecnológicos que a sociedade apresenta, e ainda, mudar o conceito da escola e alterar seu currículo, para que esta não continue obsoleta e com uma sua metodologia de ensino ultrapassada.

Com a introdução do computador nas escolas, o problema quanto às freqüências certamente tenderá a diminuir, pois o mesmo provoca motivação e reaviva o interesse dos alunos em muitas disciplinas. Os professores também se sentem otimistas e entusiasmados com o crescente interesse dos alunos outrora desanimados. O computador contribui com a educação enriquecendo-a, tornando-a excitante e atrativa.

São muitas as decisões a tomar, qual estratégia adotar, por exemplo: o que ensinar ( informática, programas); como ensinar (o computador assistindo, administrando, como ferramenta ou instrumento etc.); a quem ensinar (individualmente ou em grupos etc.); quando ensinar (durante a aula, depois dela); e como formar os que ensinam (possivelmente o ponto mais difícil).

Quais os melhores softwares? Num processo educativo do que são capazes de realizar os estudantes? Que tempo seria necessário para tal realização? Qual programa se adaptaria melhor aos métodos usados? Ou o que se pode ensinar com este instrumento? A melhor decisão a ser tomada só chegará após a combinação das estratégias e dos métodos,

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que é um assunto complicado. Como organizar um programa, qual seu enfoque, o que vai conter o texto como um todo, qual sua ordem, como vai ser ensinado, e tantas outras; tudo isso vai depender do que vai ser adotado.

A participação dos estudantes na escolha de um processo mais adequado, identificando a melhor forma e o momento apropriado de se utilizar às diversas ferramentas disponíveis é muito importante. O computador é extremamente versátil, usado adequadamente contribuirá na realização de tarefas de forma relevante, ajudando em aplicações vinculadas a praticamente todas as áreas do currículo escolar; isto é se bem usado contribuirá para a interdisciplinaridade.

Os computadores têm chegado rapidamente em algumas escolas, mas o seu desenvolvimento tem ocorrido lentamente devido a várias dificuldades que a s mesmas enfrentam, tais como: o receio por parte de alguns educadores, a falta de profissionais capacitados, equipamentos desatualizados e a ausência de softwares de boa qualidade. A questão financeira, a despreparação das escolas e a falta de um planejamento estruturado são as causas principais do surgimento de todos os problemas e do fracasso da utilização deste recurso.

A fim de evitar esses empecilhos e buscar melhores resultados, deve-se projetar a implantação da informática, programar seu desenvolvimento, controlar seus resultados e definir os objetivos essenciais da educação com o intuito de usá-la da melhor maneira possível no auxílio do processo de ensino-aprendizagem. Analisar as condições para manter as máquinas necessárias, atualizando-as quando necessário, criar uma maneira eficiente para a utilização dos computadores, proporcionar treinamento aos professores e tantas outras situações devem ser analisadas.

Na educação o computador deve ser usado como uma ferramenta educacional, complementando, aperfeiçoando e mudando a qualidade de ensino. A informação domina e a escola que não quiser que seu ensino continue obsoleto, deve ser rápida e estar atenta às novas tecnologias. A capacitação dos professores, o desenvolvimento do material didático específico por disciplina, a escolha do equipamento adequado e o acompanhamento técnico especializado são muito importantes na interação computador-escola.

Para propiciar um ambiente tecnológico eficiente, a escola deve dispor de computadores suficientes para todos os alunos, incorporar os recursos da computação ao currículo escolar, fornecer tempo suficiente ao aluno para um contato maior com o computador e escolher programas adequados ao ensino úteis para cada disciplina. A utilização dos computadores é muito importante e a escola deve esforçar-se para merecer o título de informatizada.

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TEXTO “2”

O Computador e a Educação: uma análise sobre funções e competências

Quando se pensa em computador na educação, provavelmente pergunta-se: Como seria o uso inteligente dessa máquina na educação? Seria repetir o que o professor tradicional faz nas salas de aulas com uma lousa, isto é, passar as informações aos alunos, avaliar e administrar as atividades propostas e realizadas pelo aluno, como se o computador fosse um clone do professor; ou a utilização do computador na educação de forma inteligente, seria incluir mudanças no sistema atual de ensino, fazendo com que este fosse utilizado pelo aluno como uma ferramenta para a construção do conhecimento, possibilitando a ele criar, pensar e manipular a informação?

Para a análise destas perguntas, deve ficar claro que a utilização inteligente do computador, não é um atributo do mesmo, mas a maneira como é concebida a tarefa em que ele será utilizado. Certamente existem professores que participam de um sistema educacional mais conservador, que desejam ferramentas que tenham como característica o controle de diversas tarefas específicas do processo atual de ensino. Vários sistemas computacionais, foram e ainda estão sendo desenvolvidos com essas características, desempenhando tarefas que contribuíram para essa abordagem educacional e que serão, com certeza, muito valorizados por profissionais que compartilham dessa visão de educação. Por outro lado, existem profissionais que se enquadram em sistemas de ensino mais sofisticados que desejam sistemas computacionais com qualidades de inteligência; sendo possível a estes sistemas, identificar os erros cometidos pelos alunos e, mesmo, indicar tarefas de acordo com o nível de aprendizado do aluno. Então, fica claro que a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser executada sem que se faça considerações a respeito do contexto pedagógico no qual será utilizado. Um software só pode ser classificado como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Para que se faça a qualificação de um software é preciso ter muito claro a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. O uso inteligente do computador na educação deverá procurar promover mudanças na abordagem pedagógica vigente; e não apenas colaborar com o professor, para tornar mais eficiente o processo de transmissão de conhecimento. A utilização da informática na educação deve ser analisada como processo de modernização, renovação e troca de resultados. A partir daí será abordado sucintamente quais as características que um software deve ter para que ele promova o ensino ou auxilie no conhecimento. 1. O Uso do Computador na Educação O uso do computador na educação tem como papel ultrapassar as fronteiras do educar convencional, dando oportunidade às escolas de renovar a forma de se trabalhar os conteúdos programáticos. A informática na educação possibilita ao educando a construção do seu conhecimento, transformando a sala de aula num espaço real de interação, de troca de resultados, e adaptando os dados à realidade do educando. Segundo Valente: “À educação cabe hoje o papel norteador, para superação das crises do trabalho, transitando do homo studioso para homo universalis”. Não se discute mais, o uso ou não do computador nas escolas; pois a informática é uma realidade na vida social de praticamente senão todas as áreas. No entanto, a questão é como a informática pode ser utilizada de forma mais proveitosa?

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Para responder esta questão, é preciso resolver algumas diretrizes essenciais: vencer o preconceito com relação à máquina (computador); e, elaborar uma planilha que contenha as principais necessidades pedagógicas em sala de aula, esta listagem poderá ser resolvida com a ajuda de um especialista, e o computador terá como atendê-la. Os computadores nada mais são do que o meio e não o fim, isto é, eles são somente solucionadores de problemas; mas que sozinhos não fazem nada, e só podem se tornar úteis com a ajuda de um bom especialista - nesta situação, o professor pois é ele quem detém o conhecimento teórico. A introdução do computador, no ambiente escolar, é hoje uma necessidade para o crescimento de uma pedagogia inovadora, assentada na capacidade de educadores propensos a didáticas renovadas. E, a importância do papel do educador neste processo informatizado está em se conscientizar de que não é ele quem deve indicar o que é próprio de cada educando, mas sim é papel dele estar constantemente atento ao poder de cada um. Então, se o educador não se colocar dentro de seu tempo e caminhar em direção ao desenvolvimento, ficará muito difícil gerar uma atuação docente de qualidade. O educador aprendiz se defronta então, com uma nova concepção na construção de seu conhecimento, devendo ficar consciente de que a tecnologia computadorizada não se resume em mouse, teclado, CPU e software, mas sim em saber empregá-los numa realidade pedagógica existencial. Um componente muito importante neste processo é o educando, ele é antes de tudo o fim. É para ele que se aplica o desenvolvimento das práticas educativas, com objetivo de levá-lo a se inteirar e a construir seu conhecimento, através da interatividade com o ambiente de aprendizagem. O educando é participante ativo nesse processo de aprendizagem, interagindo e tendo claro os objetivos do aprendizado. Se o computador pode ser usado para auxiliar a transformação da escola, mesmo sabendo dos desafios que essa transformação apresenta, então essa solução é mais promissora e mais inteligente do que usar o computador para informatizar o processo de ensino. Tendo visto estas necessidades, as escolas devem promover um espaço de construção cooperativa dos conhecimentos, desenvolvendo no aluno uma consciência crítica e assim revolucionar o processo pedagógico, deixando-o mais interativo e com atualizações constantes. É preciso existir uma aliança na utilização de novas tecnologias, buscando a possibilidade de criar e transformar conhecimentos estimulando a comunicação entre as pessoas e visando a expansão da autonomia pessoal nos processos de aprendizado. Partindo destes pressupostos, a Internet também pode ser usada como um recurso que vem de encontro às expectativas de mudança, pois ela revoluciona o processo ensino-aprendizagem, no qual o aluno tem acesso às informações, tem autonomia na maneira de buscar o conhecimento e racionalizar o tempo. A transmissão do conhecimento acontece de forma diferente, ou seja, não precisa necessariamente acontecer em um ambiente restrito e estar em constante contato com o professor em sala de aula. Observa-se, também, que a Internet se apresenta como uma ferramenta indubitavelmente excelente na Educação. Ela deixa claro que não só a escola sairá ganhando com seu uso, mas também a sociedade, pois dispor-se-á de profissionais mais preparados, dotados de postura crítica e autocrítica, e com grande capacidade de pesquisa, de busca do conhecimento; visando assim, consciente e inconscientemente, um constante aprimoramento pessoal, profissional, cultural e de conhecimentos gerais. Só estes argumentos, necessários e suficientes, mostram que a Internet na Educação e a Educação

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na Internet propiciam um desenvolvimento (com base no conhecimento) amplo da sociedade como um todo, e justificam o emprego desta poderosa ferramenta. 2. Professor e Aluno: competências O uso destas tecnologia irá mudar o enfoque do processo escolar para o qual os usuários terão um crescimento intelectual e profissional de acordo com seus objetivos. O processo ensino-aprendizagem terá um novo enfoque, conforme cita Robert Branson:

O professor não será mais o detentor do conhecimento e o aluno simplesmente o receptor; mas professores e alunos irão interagir visando um maior aprimoramento, mudando assim o paradigma nos dias de hoje da educação.

Desta maneira, o professor assumirá várias funções como: estimular a pesquisa em rede; servir de base para alcançar objetivos; colaborar com apoio multidisciplinar; incentivar a interação entre alunos; coordenar trabalhos; fornecer endereços interessantes na Internet; leitor e crítico; autor de textos e verificador de metas. Por sua vez, o aluno irá participar lendo, escrevendo e auxiliando no intercâmbio de informações entre ele, os professores e os demais colegas. O sistema educacional estará assim estimulando a criatividade, dinamizando o ensino em sala de aula, tendo resultados sempre aprimorados. Partindo deste princípio, a metodologia educacional fará com que o professor passe constantemente por uma reciclagem, saindo da rotina em que possivelmente poderá se encontrar. E, o aluno não será mais passivo e desinteressado dentro do processo educacional, deixando-se afetar por estratégias diferentes de aprendizagem como por descoberta, coletividade e simulações da realidade. O aluno terá também a vantagem de trabalhar de maneira organizada quando não estiver no ambiente educacional sem que perca o interesse e a estimulação, mas desenvolvendo-os por conta própria. 3. Conclusão A participação do computador dentro das salas de aulas, pode ser visto como um mundo muito novo, onde conceitos podem ser ensinados aos alunos de formas nunca antes imaginados através de sistemas audiovisuais, utilizando-se de sons e imagens, transformando assim a sala de aula em um laboratório virtual. A partir deste novo contexto de ensino-aprendizagem, tanto o aluno quanto o professor obtêm resultados positivos; o aluno através da diversidade, da dinâmica de exploração das informações e do intercâmbio de informações e idéias com outros alunos de outras escolas e outras culturas e, já o professor através da possibilidade de reciclagem de conhecimentos, ampliação de conceitos e de sua didática. Observa-se que, o uso da tecnologia pode contribuir para ajudar e viabilizar o ensino, criando novas possibilidades principalmente como apoio pedagógico e em cursos de Educação à Distância. A Internet é uma ferramenta pedagógica que facilita a comunicação e a troca de opiniões entre todos em geral; aproximando as pessoas, geograficamente distantes, no mundo, sem distinção de credo, raça ou ideologia com o objetivo primeiro de discussão para o crescimento em conjunto.

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TEXTO “3”

Classificação e Uso de Softwares Educacionais

1. Introdução O software é tão ou mais importante que o equipamento a ser utilizado na área de

Informática Educacional. Uma forma de se usar o computador como instrumento didático, é

utilizando um ou mais softwares educacionais. Estes softwares têm o objetivo de auxiliar o

professor no processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que o mesmo tenha a seu dispor

valiosos recursos para ajudá-lo no ensino de sua disciplina. Este tipo de software também pode ser

utilizado para auxiliar no treinamento dos funcionários de uma empresa, nas mais diversas tarefas.

O objetivo deste texto é ressaltar a importância do software educacional como ferramenta

para a educação, desde que seja avaliado, de acordo com os objetivos a que se propõem. É

importante ressaltar, também, que o professor deve estar sempre atento para suprir as deficiências

do software educacional escolhido.

2. Formas de Classificação do Software Educacional De acordo com Taylor [TAY80], o uso educacional do computador pode ser classificado nas

seguintes categorias: Tutor, Ferramenta e Tutelado.

É importante mencionar que existem várias maneiras de se classificar um software

educativo, mas as categorias de Taylor [TAY80] e Valente [VAL93] são suficientemente gerais

para abranger as mais variadas formas de uso do computador.

Software Educacional é todo e qualquer software utilizado com finalidade educativa, ou

seja, como se apresentou anteriormente, independente do software escolhido, se pode utilizar todos,

ou quase todos, os programas em salas de aulas. Como exemplo tem-se o Word 7.0 que pode ter

uma finalidade bastante educativa, apesar de não ter sido programado com este propósito.

Dando continuidade aos estudos, será apresentado, adiante, algumas considerações dos tipos

de Softwares Educativos quanto sua utilização pelo computador.

2.1. Tutor Como Tutor, o computador desempenha o papel de professor, ou seja, ele praticamente

dirige o aluno. Este tipo de utilização foi e, ainda, é bastante usado, pois, foi desenvolvido em cima

de pressupostos de Instrução Programada. A este tipo de modalidade também se apresenta o termo

CAI (Computer Aidded Instruction), ou seja, instrução assistida por computador. Um software

educacional tutor pode ser dividido em:

a) Software de apresentação Este tipo de software funciona como um livro-eletrônico, apresentando ao aluno o conteúdo

a ser ministrado. A apresentação do conteúdo é beneficiada, pois o software pode utilizar recursos

audiovisuais para realizar sua tarefa (sons, imagens, textos, animações), retendo a atenção do aluno

e estimulando-o.

b) Software de Exercício e Prática (Drill and Practice) É o programa mais fácil de desenvolver e usar. É também o mais criticado pelos

construtivistas, pois estes acreditam que os alunos devem construir seu próprio conhecimento. Por

outro lado, a capacidade de ajudar o aluno com problemas de memorização, fixação e verificação

do conhecimento não pode deixar de ser destacada. Muitos destes programas são simplesmente

versões eletrônicas dos exercícios da sala de aula, porém, com algumas diferenças fundamentais. Na

tela do computador os exercícios podem ser animados, ficam mais coloridos, falam e brincam, sem

Page 14: Material de Apoio Informática Educativa

contar com a paciência do computador que nunca se cansa e sempre que o aluno erra, diz: - não

desista, você consegue. Ou seja, sempre estimula o aluno.

c) Tutoriais Ensinam e controlam o processo de aprendizado. É uma forma tecnológica de dar ao aluno

um tutor individual e paciente, adequado às necessidades do aluno infatigável. Algumas vezes

aparecem como total substituto do professor. Em uma sala de aula comum, o professor trabalha com

um grupo de alunos e, não tem condições de adaptar o ensino às necessidades individuais de cada

um, nem propiciar interação e participação a todos. De forma geral, para os professores, existem

muitos problemas em se trabalhar satisfatoriamente com grupos de 35 alunos e, alguns problemas

podem ser resolvidos, em parte, pelo uso de bons tutoriais.

É evidente que apesar da capacidade do computador de interagir apresentando imagens,

cores, movimento e sons, esses tipos de programas nada mais fazem que reproduzir a sala de aula

convencional, ainda que de forma mais interessante que muitos professores.

O uso deste tipo de Software Educativo tem sido percebido como uma concepção de

Educação para Reprodução, em que é adotado um único ponto de vista, não se preocupando em

desenvolver o espírito crítico do aluno.

d) Tutoriais Inteligentes – Sistemas Especialistas Explorando técnicas de IA (Inteligência Artificial), os tutores inteligentes são considerados

como uma nova forma de usar computadores no ensino. Eles se baseiam na idéia de que a maneira

mais natural para aprender é no contexto do fazer, através de um ambiente de resolução de

problemas, numa situação de tutor-tutelado. São sistemas muito novos e que praticamente ainda não

estão a venda; porém, se pode citar um exemplo de software que apesar de não ser classificado

como Sistema Especialista, foi desenvolvido em cima de tópicos de IA - os ITS (Intelligent

Tutoring Systems) ou também chamados STI's, estes utilizam técnicas de inteligência artificial e

teorias pedagógicas para conduzir o aluno.

O STI é um software capaz de tutorar uma pessoa em um determinado domínio. Ele sabe o

que ensinar, como ensinar e, ainda, aprende informações relevantes sobre o aluno que está sendo

tutorado. É composto de quatro modelos: Interface, Domínio, Aprendiz e Tutoramento. Através da

interação desses modelos, o STI é capaz de julgar o que o aluno sabe, e como ele está progredindo.

e) Simulações As simulações alcançaram um estágio sofisticado como resultado da capacidade do

computador de reproduzir fenômenos visuais e auditivos com alta qualidade e realismo; e, podem

apoiar a aprendizagem permitindo o estudo de processos, procedimentos e fenômenos que

dificilmente poderiam ser ensinados em outras circunstâncias ou pelo uso de métodos do ensino

tradicional. É um tipo dinâmico e divertido e certamente um tipo de programa que atrai e desperta

muito interesse. São seguros, apresentando menor risco que em situações reais, eliminado o perigo

da manipulação de substâncias ou equipamentos que podem significar riscos para o aluno.

Eles simulam o mundo real de forma mais simples. Este tipo de software permite que o aluno

seja inserido em um espaço, onde ele pode explorar e aprender vários princípios. O aluno é

colocado diante de várias situações, onde ele pode desenvolver hipóteses, testá-las e, assim, analisar

os resultados. O aluno percebe o resultado de sua ação, e a modifica, caso o resultado observado

não tenha sido o esperado. Existem vários tipos de simulações, como:

manipulação de materiais e substâncias que oferecem riscos de explosão, de contaminação,

etc.;

situações onde o aluno possui uma tarefa, como: pilotar um avião, gerenciar uma cidade,

etc.;

situações de desastres, como: enchentes, tornados, terremotos, etc.; e

situações de alto custo, como: tomar decisões de custos em uma viagem ao redor do mundo.

Page 15: Material de Apoio Informática Educativa

As simulações também podem ser interdisciplinares como as que apresentam ambientes de

negócios ou da sociedade. Uma simulação pode permitir além do uso de laboratórios, também,

operar um reator nuclear, controlar uma rede de hospitais, hotéis, lojas, participar de eventos

históricos, controlar a poluição ambiental, explorar sistemas estelares, continentes, oceanos, etc.

f) Jogos Educativos Este tipo de software possui muitos pontos em comum com as simulações e, apresentam

grande potencial para contribuir com a aprendizagem; destacando-se os jogos por computador,

educativos, é claro. O jogo educativo é um jogo que se propõe a ensinar algum conteúdo ao aluno,

ou até, somente, a desenvolver capacidades intelectuais do jogador. É importante que este tipo de

software seja bem elaborado, para que o aluno não seja deslocado do objetivo educacional do

mesmo, e fique interessado somente na competição.

Fornecendo ao aluno um ambiente de aprendizagem rico e complexo, propiciam exercícios

de resolução de problemas que exigem a aplicação de regras lógicas. O aluno aprende a fazer

inferências e testar hipóteses, a antecipar resultados, a planejar estratégias alternativas e a negociar

com os membros do grupo baseado no processamento da informação.

2.2. Ferramenta Já como Ferramenta, os alunos aprendem a usar o computador para adquirir e manipular

informações. Essa forma de utilização reflete as formas como os computadores são usados na vida

real, levando a reduzir a importância dada ao ensino apoiado no computador, e a utilizar aplicativos

de uso geral em outras áreas, como: processadores de texto, bancos de dados e planilhas eletrônicas.

a) Processadores de Texto, Bancos de Dados, Planilhas Eletrônicas, Editores Gráficos, Editores

de Música O uso dos microcomputadores torna-se cada vez mais fácil, pela ênfase dada ao

planejamento de programas para usuários com pequena ou nenhuma experiência, o que favorece a

utilização dos aplicativos de uso geral por adultos e crianças. Dentre os aplicativos mais utilizados

em educação, encontram-se os editores de textos que juntamente com os programas de correção

ortográfica e gramatical e os de editoração eletrônica, facilitam a criação e o refinamento de textos.

Propiciam um ambiente em que, individualmente ou em grupo, redigir, revisar e editar textos,

tornam-se tarefas mais simples e agradáveis, motivando os alunos à escrever com maior interesse e

correção do que ocorre com os meios convencionais.

A ferramenta de uso mais comum no mundo dos negócios, e que teve seu uso ampliado na

educação é a planilha eletrônica; a qual propicia um ambiente de resolução de problemas

matemáticos, em que a exigência de conhecimentos da área não é muito grande, e todos os alunos

podem estabelecer fórmulas para solucionar problemas específicos com maior rapidez e precisão e,

até mesmo simular diferentes resultados, pela simplicidade com que podem alterar os números ou

as fórmulas de uma planilha.

Os sistemas de gerenciamento de banco de dados são ferramentas de apoio ao

desenvolvimento cognitivo, permitindo a manipulação de dados, propiciando um ambiente

exploratório para a aprendizagem através da descoberta; pois as possibilidades de incluir os dados

coletados, organizá-los, levantar hipóteses, testar novas idéias e avaliar resultados é que levam à

construção do conhecimento.

Por isso, o hipertexto, uma aplicação da tecnologia de banco de dados, vem despertando um

grande interesse na área educacional, pelo seu enorme potencial para o processo ensino-

aprendizagem. Um hipertexto é geralmente definido como uma forma não linear de examinar

informações.

Os editores gráficos, sejam para estatística, usados juntamente com as planilhas eletrônicas e

os bancos de dados ou com os editores para desenho artístico ou técnico estão ajudando no

desenvolvimento da criatividade e tornando mais eficaz a comunicação de idéias, fazendo até com

Page 16: Material de Apoio Informática Educativa

que os alunos que se consideram sem talento artístico, se animem a produzir cartazes e ilustrações

no computador. Também o uso de editores de músicas pela facilidade que oferecem, propiciam

ambientes que incentivam à composição.

O Hipertexto Hipertexto é uma forma não-linear de acessar informações. Por exemplo, um livro é, na

maioria das vezes, uma forma linear de acessar as informações; pois, se duas pessoas começarem a

ler um determinado livro, pode-se afirmar, com um certo grau de certeza, que estas pessoas

passarão pelos capítulos 1, 2 e daí por diante.

Porém, com o advento do hipertexto, surge uma nova forma de acessar a informação. Por exemplo,

veja um hipertexto na prática dado pela figura 1:

Fig. 1 - Representação de um Hipertexto.

Na tecnologia de hipertexto, existem os links, que são palavras em que ao clicar obtêm-se

informações sobre o tópico desejado.

Por exemplo, ao clicar no link Hífen, mostrado pela figura 2, obtêm-se informações, contendo

textos e imagens, como mostra a figura 3:

Fig. 2 - Representação de links em um Hipertexto.

Page 17: Material de Apoio Informática Educativa

Fig. 3 - Representação do resultado de um link.

Normalmente, estes softwares também apresentam tópicos de busca, que auxiliam na

pesquisa de determinadas informações. Daí, conclui-se que se duas pessoas forem acessar uma

informação utilizando a forma hipertextual, pode ser que cada uma clique em um tópico diferente.

Aí está representado o conceito de não-linearidade.

Com o advento da multimídia, pode-se dizer que existe um termo que tem dado um pouco de “dor-

de-cabeça” na mente de alguns especialistas: a Hipermídia.

A Hipermídia O conceito de hipermídia é uma extensão do conceito de hipertexto, na medida em que se

tem a possibilidade de utilização de diferentes mídias, ou seja, multimídias (vídeo, som e imagem)

para apresentação da informação. Enquanto o conceito de hipermídia só faz sentido dentro de um

ambiente computacional, para se ter uma multimídia não é necessário que este ambiente se faça

presente; por exemplo, a simples apresentação de um vídeo ou mesmo de uma aula com o recurso

de transparências já se encaixam no conceito de multimídia. Além disso, não se tem embutido na

multimídia o conceito da não-linearidade, que é uma característica intrínseca da hipermídia.

Concluindo, a Hipermídia = Hipertexto + Multimídia.

b) Sistemas de Autoria Os Sistemas de Autoria desenvolvem a criatividade do aluno; como o próprio nome indica,

trabalha praticamente como um autor. É um software em que o computador é classificado como

ferramenta para desenvolver tanto um ambiente algorítmico quanto um heurístico; ou seja, através

dele, se pode trabalhar tanto com a instrução (exposição) quanto com a construção (descoberta) do

conhecimento.

Alguns especialistas confundem esta modalidade de software em que o aluno desenvolve o

seu sistema com algumas linguagens de programação. Por exemplo, existem pessoas que dizem que

a linguagem de programação LOGO é um sistema de autoria. O LOGO realmente, proporciona um

ambiente de autoria, só que nele é necessário que se trabalhe com a linguagem, ao contrário do

VISUAL CLASS ou do TOOLBOOK, ferramentas genuinamente de autoria, onde não se é

necessário desenvolver nenhuma linha de código para montar um sistema.

c) Sistemas de Rede

Page 18: Material de Apoio Informática Educativa

A colaboração propiciada pelos Sistemas de Rede, além da utilização do hipertexto, começa

a ser explorada para o estabelecimento de comunidades eletrônicas, que podem envolver

administradores, pesquisadores, professores e alunos; criando ambientes onde se desenvolve, não só

a compreensão de outras culturas, mas também a cooperação, até de nível internacional, em

pesquisa e educação. A Internet é um belo exemplo de sistemas de rede, só que numa concepção

bem mais ampla, pois, não se trata de um software e sim de uma grande rede mundial. Portanto,

esta classificação envolve uma série de softwares e estaria melhor representada como um ambiente

de ensino-aprendizagem.

2.3. Tutelado Na forma de Tutelado, os alunos se beneficiam do processo de ensinar o computador, o que

também pode contribuir para o desenvolvimento do processo cognitivo.

a) Linguagens de Programação A linguagem para representação de solução de problemas pode, em princípio, ser qualquer

linguagem de programação: Basic, Pascal, C, etc. No entanto, o objetivo não é ensinar programação

de computadores e sim como representar a resolução de um problema segundo uma linguagem

computacional. Ela é um veículo para expressão de uma idéia e não objetivo de estudo.

Nestas circunstâncias, pode se afirmar que a linguagem LOGO é a mais conhecida. O LOGO foi

desenvolvido por Seymour Papert na década de 60 e, passou por vários períodos de altos e baixos.

Trata-se de uma linguagem muito mais voltada para o ensino do que para resolver problemas

práticos. É uma linguagem estruturada e, que se assemelha muito a linguagem executada no dia-a-

dia. Por exemplo: para frente, para trás, limpa, novo, etc. O LOGO foi introduzido no Brasil pela

Universidade de Campinas e já se encontra bastante difundido, apresentando um enorme fluxo de

pesquisas e publicações.

Seus defensores consideram que a principal vantagem dessa linguagem é fornecer um micromundo,

no qual os alunos possam desenvolver importantes conceitos matemáticos. A geometria da tartaruga

abre novas possibilidades para o desenvolvimento cognitivo, pois a exploração de um ambiente

matemático para resolução de problemas propicia a aquisição e a utilização de estratégias

fundamentais na construção do conhecimento, através de exercícios de fortes conseqüências

educativas.

3. A Multimídia na Educação

Constatando-se que os jovens aprendem mais da metade do que sabem a partir de informação visual

e considerando que a geração atual quase não lê, percebe-se a importância do uso, na comunicação,

de elementos de imagem, animação e som. Imagens são excelentes formas para transmitir emoções

e, isto é, especialmente importante na tele-educação, onde não haverá a relação face-a-face com a

freqüência com que ocorre no ensino presencial. Portanto, é necessário dominar ao menos algumas

habilidades básicas para criar imagens e animação a fim de agregá-las ao ambiente de ensino-

aprendizagem adequado a tele-educação.

4. O professor

Diante de tantas transformações pelas quais a escola vem passando com a introdução dos

computadores no ensino, a formação do profissional capaz de mediar a interação aluno-computador

é realmente um componente fundamental. A utilização da informática no quadro do ensino

possibilita que o professor seja um parceiro, que se encontra no centro do dispositivo pedagógico,

que juntamente com o aluno, vai em busca do conhecimento.

Page 19: Material de Apoio Informática Educativa

As mudanças estão ocorrendo tanto no relacionamento professor e aluno, quanto nos

objetivos e nos métodos de ensino, e nesse processo de transformação cabe ao professor buscar

saber qual é o seu novo papel de forma crítica, consciente e participativa.

A utilização do computador no ensino, tem por objetivo: atuar como agente de

transformação da educação, e o professor deve descobrir o lugar didático desta tecnologia; para

tanto o professor precisa ser capacitado a assumir o papel de facilitador da construção do

conhecimento pelo aluno e não mais somente um transmissor de informações. Para que isso ocorra

o professor deve procurar se capacitar tanto no aspecto computacional, no que diz respeito ao

domínio do computador e dos demais diferentes softwares educacionais, quanto no aspecto de fazer

interações do computador com os conteúdos a serem trabalhados e nas atividades que envolvem a

disciplina.

Essa formação tem recebido muita atenção por parte dos pesquisadores da área. Diversas

monografias e teses de mestrado e doutorado têm abordado esse tema; todos os Centros de

Informática Educativa (CIEd) têm programas de formação de profissionais na área e as escolas que

têm interesse em implantar a informática no processo de ensino-aprendizagem investem na

formação dos professores.

Para que o processo de Informática Educativa seja inserido nas escolas de uma forma bem

sucedida, acredita-se que a escola necessite de alguém com conhecimentos na área de Informática e

que este, juntamente com os professores das disciplinas, possam realizar um trabalho onde o

potencial, tanto do aluno quanto do computador, sejam utilizados ao máximo. Neste processo

devem ser promovidos encontros para que haja uma grande troca de informações entre o

profissional de informática e os professores. Todo o processo deve ser também acompanhado por

diretores e ou supervisores pedagógicos, e estes devem intervir e orientar sempre que julgarem

necessário para que a proposta pedagógica seja alcançada.

Com base neste estudo pode-se afirmar que o computador por si só não melhora o ensino

apenas por estar ali presente na sala de aula; a informatização da escola só será eficiente e com bons

resultados se for conduzida por profissionais preparados e motivados, e que saibam quais objetivos

pretendem alcançar.

Geralmente, a capacitação de profissionais na área de informática em educação tem sido

realizada através de cursos de pós-graduação, mestrado ou doutorado ou ainda através de cursos de

sensibilização, extensão, aperfeiçoamento e especialização. A nível de graduação em alguns cursos

é ofertada a disciplina de Informática na Educação, e a nível de pós-graduação algumas

instituições oferecem o curso de Informática na Educação, sendo que este tem sido apontado como

uma nova e boa proposta de trabalho. O importante é que esses cursos sobre o uso do computador

na educação incluam atividades que mostrem aos professores participantes, quais são as reais

possibilidades de seu uso nas mais diversas áreas de ensino, durante o seu trabalho do dia-a-dia e

também na criação de perspectivas futuras de aplicação.

5. Avaliação de Softwares Educacionais Muito se tem falado a respeito do uso de recursos de informática no processo educacional, e,

quando se tenta vislumbrar qual a forma adequada deste uso, torna-se importante abordar a questão

de avaliação do software a ser utilizado. Esta preocupação, vem da necessidade de otimizar os

esforços e recursos despendidos na área, tanto na pesquisa acadêmica e nos investimentos

educacionais públicos ou privados, quanto no trabalho dos professores que atuam diretamente no

sistema educacional.

Falar em avaliação de software educacional exige que de imediato se defina um padrão de

qualidade para o mesmo, pois avaliar é uma atividade na qual comparamos a "realidade" com um

modelo "ideal", designado pelo padrão. Esta questão passa necessariamente pela definição do

paradigma educacional subjacente à prática pedagógica levada a efeito. Logo, leva ao

questionamento, fundamental e imprescindível, da própria escola que se tem hoje e de quais as

propostas pedagógicas nela em voga. Especificamente ao tentar esclarecer o que é um bom software

Page 20: Material de Apoio Informática Educativa

educativo, deve-se fazer também uma profunda reflexão, tentando vislumbrar qual o papel da

tecnologia da informática na educação.

No momento, numerosas empresas oferecem produtos tecnologicamente avançados como:

som, animação, cores e uma infinidade de recursos; contudo, freqüentemente, o conteúdo e a prática

pedagógica são deixados em segundo plano.

6. Análise de Alguns Softwares Educacionais

O link análise de software, mostra uma análise de três softwares educativos e, também uma

proposta de trabalho com cada um deles. O link softwares educativos apresenta uma relação de

softwares educativos em diversas áreas de atuação.

7. Conclusão A utilização de computadores nas escolas é um fato concreto. Além de atender aos mais

variados propósitos dentro de uma instituição de ensino, tem-se verificado um aumento

considerável no emprego dessa tecnologia como instrumento de interação direta do aluno. O avanço

dessa tecnologia tem exigido a elaboração de softwares educativos que consigam tratar

adequadamente as questões psicopedagógicas, transmitindo aos alunos um conteúdo compatível

com suas necessidades de aprendizagem.

Há uma concepção equivocada de que a simples apresentação de um material educacional

pelo computador traz benefícios ao processo de aprendizagem. O resultado disso está no

desenvolvimento de softwares educativos ineficientes, o que implica numa crescente necessidade de

ferramentas educativas que sejam realmente completas e eficazes. Sendo assim, deve-se investir

sempre em pesquisas e avaliações de softwares adequados, para que as adoções dos mesmos sejam

cada vez mais, mais acertadas.

Na maioria das vezes, o despreparo dos profissionais da educação para com a área

tecnológica, faz com que não se tenha uma possibilidade de avaliação satisfatória dos softwares

utilizados na educação; em conseqüência, softwares que não possuem boa aplicação didática são

adquiridos, mas freqüentemente, por constatação de sua baixa qualidade, não são utilizados.

Fazendo assim com que das escolas adquiram softwares que ficarão ociosos para os laboratórios de

informática.

Observa-se, também, que a Internet se apresenta como uma ferramenta indubitavelmente

excelente na Educação. Ela deixa claro que não só a escola sairá ganhando com seu uso, mas

também a sociedade, pois dispor-se-á de profissionais mais preparados, dotados de postura crítica e

autocrítica, e com grande capacidade de pesquisa, de busca do conhecimento; visando assim,

consciente e inconscientemente, um constante aprimoramento pessoal, profissional, cultural e de

conhecimentos gerais. Só estes argumentos, necessários e suficientes, mostram que a Internet na

Educação e a Educação na Internet propiciam um desenvolvimento (com base no conhecimento)

amplo da sociedade como um todo, e justificam o emprego desta poderosa ferramenta.

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TEXTO “4” A utilização da informática como recurso pedagógico

Ronaldo Garcia Almeida*

Eu nunca ensino aos meus alunos. Somente tento criar condições nas quais eles possam aprender.

Albert Einstein

Estamos vivendo uma época de constantes mudanças, de informações rápidas em que o conhecimento chega até as pessoas de forma muito mais acelerada do que há alguns tempos atrás.

A educação passa pelas mesmas mudanças da sociedade. São diversas as reestruturações, novas propostas pedagógicas, tudo para fazer com que a educação acompanhe o ritmo da evolução e atenda melhor os alunos.

E os alunos já chegam às escolas submersos pelas informações, pela tecnologia proveniente das mídias, da internet e dos games. Essas fontes são estimulantes, atrativas e educativas? Educativas? De que modo?

É possível dizer que a tecnologia auxilia na educação, porém não podemos esquecer o papel do educador nesse processo. A televisão, a internet, o computador em si, trazem muitas coisas boas, mas também, por outro lado, informações inaproveitáveis e de difícil interpretação.

O papel do educador surge neste aspecto como facilitador, mediador entre as informações e os alunos, sendo um auxílio para que eles cheguem até o conhecimento científico, ultrapassando o senso comum. Como afirma Veiga:

É preciso evoluir para se progredir, e a aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia alternativa, o que muitas vezes auxilia o processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de transmitir informações, é o de facilitador, mediador da construção do conhecimento. Então, o computador passa a ser o ‘aliado’ do professor na aprendizagem, propiciando transformações no ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar ( 2001, p.2).

Diante desse quadro, é possível defendermos a utilização da informática como recurso pedagógico, tanto da internet, para a realização de pesquisas direcionadas pelo educador e para a comunicação por meio de e-mails, quanto no uso de softwares educacionais de diversos gêneros.

Para José Armando Valente (2002), pesquisador e escritor sobre novas tecnologias na educação, os computadores estão propiciando uma verdadeira revolução no processo ensinoaprendizagem, devido à variedade de softwares para auxílio deste processo, assim como a sua utilização tem provocado vários questionamentos a respeito dos métodos de ensino utilizados. Estes questionamentos são evidentes e talvez já esperados. Afinal, que professor não substituiria um método de aula expositiva, dominando a transmissão de conhecimentos e ensinando o que lhe parece importante, por uma aula atrativa, utilizando o computador, com a oportunidade de interagir com a máquina por meio de sites, softwares e jogos educacionais, ou de viajar pelo mundo pela internet, adquirindo conhecimento sem sair da sala de aula?

A informática é um importante instrumento, que pode ser muito bem aproveitado quando o educador mostrar-se capacitado para a sua utilização como um apoio pedagógico, trazendo a ferramenta tecnológica para proporcionar uma aprendizagem mais interativa, com significado e com os alunos construindo o conhecimento.

Page 23: Material de Apoio Informática Educativa

De acordo com Valente, o educador deve conhecer o que cada ferramenta tecnológica tem a oferecer e como pode ser explorada em diferentes situações educacionais. A experiência educacional é fundamental e permitirá que sejam selecionadas as ferramentas tecnológicas e as formas de trabalho com o objetivo de uma atuação pedagógica de qualidade.

Quando o educador estiver familiarizado com as questões técnicas da tecnologia, estará capacitado a explorar a informática em atividades pedagógicas com a interação entre os conteúdos de ensino, a desenvolver projetos educacionais com a utilização da informática como apoio pedagógico e saberá desafiar os alunos para que, a partir do projeto que cada um desenvolver, seja possível atingir os objetos pedagógicos que foram determinados em seu planejamento de ensino. Segundo Moran:

O primeiro passo é procurar de todas as formas tornar viável o acesso freqüente e personalizado de professores e alunos às novas tecnologias, notadamente à Internet. É imprescindível que haja salas de aulas conectadas, salas adequadas para a pesquisa, laboratórios bem equipados. (2004, p. 44).

Ainda segundo Moran (2004, p. 44), o computador “[...] nos permite pesquisar, simular situações, testar conhecimentos específicos, descobrir novos conceitos, lugares, idéias”.

Neste aspecto, cabe ao educador direcionar o uso da informática em busca de uma aprendizagem significativa, como o uso de jogos educativos e sites educacionais, e não apenas como uma fonte de recreação.

Desta forma, podemos crer que a informática é um incrível recurso no processo ensino-aprendizagem. Por meio dela é possível realizar ações, desenvolver idéias e construir conhecimentos que, em uma aula tradicional, talvez não fossem desenvolvidos.

A informática é um meio de trabalho atraente, com diversas possibilidades de interação, de comunicação e de crescimento pessoal e educacional. Porém, é responsabilidade do educador, conhecedor e integrado com seu instrumento de trabalho, proporcionar uma interação entre a tecnologia e seus alunos de maneira eficaz, fazendo que eles construam conhecimentos planejados de forma dinâmica e satisfatória.

É inaceitável que existam educadores que se recusam a adaptar seus métodos didáticos com a utilização das novas tecnologias, já que esta se mostra tão eficiente como recurso pedagógico, como reforçam Moran (2004) e Valente (2002).

O fato de alguns educadores não aceitarem a informatização, mostra o despreparo e o medo do novo que permeia as suas didáticas ou talvez a pretensão de acreditarem que seus métodos tradicionais produzem melhores resultados, já que afirmam que o computador dispersa a aprendizagem.

Contudo, é preciso que os educadores entendam a informática na educação como um apoio pedagógico e não como um novo método de ensino; que entendam que com a utilização da informática na sua ação docente será capaz de ampliar o seu papel de propiciar a construção do conhecimento pelos seus alunos.

Podemos citar um caso positivo na utilização da informática o uso do Visual Class como apoio pedagógico: um aluno do 2º ano do ensino fundamental tinha muita dificuldade de aprendizagem em sala de aula. Mas, para surpresa da sua professora, durante as aulas de informática o seu desempenho ultrapassava os seus limites, porque durante as aulas não desenvolveria e nem participava das atividades solicitadas pela professora; e nas aulas de informática, utilizada como complemento pedagógico, realizava as atividades e era um dos primeiros a terminá-las. Em algumas situações, a professora elaborou a mesma atividade aplicada em sala de aula e na informática e o aluno

Page 24: Material de Apoio Informática Educativa

desenvolveu as atividades somente na informática. Questiona-se: seriam os recursos tecnológicos (som, imagem, música etc.) um estímulo a esse aluno? Esse testemunho foi dado pela sua professora durante uma reunião pedagógica, com a minha participação, com o intuito de fazermos uma auto-avaliação com os docentes em relação à utilização da informática na educação.

Nesse projeto, o professor elabora as suas aulas de informática e conta com o apoio do núcleo de informática educacional, ressaltando, que antes da implantação do projeto, todos os professores foram capacitados. E, para Valente (2002), o docente deve trabalhar nas aulas de informática e não um técnico.

Moran (2004, p. 46) afirma que o professor: [...] de educador, que dita conteúdo, transforma-se em orientador de aprendizagem,

em gerenciador de pesquisa e comunicação, dentro e fora da sala de aula... Espero poder compartilhar esta conversa com meus colegas de profissão, para que

reflitam a respeito da utilização da informática como recurso pedagógico e que os mesmos tenham a disposição para aventurar-se em “mudanças construtivas”, visando a uma transformação, pois, como diz Paulo Freire, somos seres inacabados, portanto em busca constante de aperfeiçoamento. REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. 11. ed. São Paulo : Paz e Terra, 1992.

MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadora com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: Moran, José Manuel, MASETTO, Marcos Tarciso, BEHRENS, Marilda A. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8. ed. Campinas : Papirus, 2004. p. 11-63.

VALENTE, José Armando. O computador como ferramenta educacional. Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/publicacoes/separatas/sep4.pdf> Acesso em 19 abr. 2007.

VALENTE, José Armando. Computadores e Conhecimento: Repensando a Educação. Campinas : Nied, 1995. p. 21-76. VEIGA, Marise Schmidt. Computador e Educação? Uma ótima combinação. In: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em foco. Petrópolis – RJ, 2001. Disponível em : <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/ineud01.htm> Acesso em: 19 abr. 2007.

* Ronaldo Garcia Almeida é Bacharel em Ciência da Computação (UNIMAR), Especialista em Informática na Educação (UEL), aluno especial do Mestrado em Educação (UEL), Docente das Faculdades Ranchariense e Coordenador de Informática Educacional da Prefeitura de Quatá/SP.

Page 25: Material de Apoio Informática Educativa

TEXTO “5” José Armando Valente*

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO:

INSTRUCIONISMO X CONSTRUCIONISMO

As abordagens instrucionista e construcionista

O computador pode ser usado na educação como máquina de ensinar ou como

máquina para ser ensinada. O uso do computador como máquina de ensinar consiste na

informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedagógico esse é o

paradigma instrucionista. Alguém implementa no computador uma série de informações e

essas informações são passadas ao aluno na forma de um tutorial, exercício-e-prática ou

jogo. Além disso, esses sistemas podem fazer perguntas e receber respostas no sentido de

verificar se a informação foi retida. Essas características são bastante desejadas em um

sistema de ensino instrucionista já que a tarefa de administrar o processo de ensino pode

ser executada pelo computador, livrando o professor da tarefa de correção de provas e

exercícios. O esquema abaixo ilustra a abordagem instrucionista de uso do computador na

educação.

Embora nesse caso o paradigma pedagógico ainda seja o instrucionista, esse uso do

computador tem sido caracterizado, erroneamente, como construtivista, no sentido

piagetiano, ou seja, para propiciar a construção do conhecimento na "cabeça" do aluno.

Como se o conhecimento fosse construído através tijolos (informação) que devem ser

justapostos e sobrepostos na construção de uma parede. Nesse caso, o computador tem a

finalidade de facilitar a construção dessa "parede", fornecendo "tijolos" do tamanho mais

adequado, em pequenas doses e de acordo com a capacidade individual de cada aluno.

Com o objetivo de evitar essa noção errônea sobre o uso do computador na

educação, Papert denominou de construcionista a abordagem pela qual o aprendiz

constrói, por intermédio do computador, o seu próprio conhecimento (Papert, 1986). Ele

usou esse termo para mostrar um outro nível de construção do conhecimento: a

construção do conhecimento que acontece quando o aluno constrói um objeto de seu

interesse, como uma obra de arte, um relato de experiência ou um programa de

computador. Na noção de construcionismo de Papert existem duas idéias que contribuem

para que esse tipo de construção do conhecimento seja diferente do construtivismo de

Piaget. Primeiro, o aprendiz constrói alguma coisa, ou seja, é o aprendizado por meio do

fazer, do "colocar a mão na massa". Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo

do seu interesse e para o qual ele está bastante motivado. O envolvimento afetivo torna a

aprendizagem mais significativa.

Page 26: Material de Apoio Informática Educativa

Entretanto, na minha opinião, o que contribui para a diferença entre essas duas

maneiras de construir o conhecimento é a presença do computador -- o fato de o aprendiz

estar construindo algo usando o computador (computador como máquina para ser

ensinada). Nesse caso, o computador requer certas ações que são bastante efetivas no

processo de construção do conhecimento (Valente, 1993).

Para explicar o que acontece nessa interação com o computador vou me concentrar,

inicialmente, na tarefa de programar o computador para resolver um desenho usando o

Logo gráfico (Tartaruga).

Quando o aluno usa o Logo gráfico para resolver um problema, sua interação com o

computador é mediada pela linguagem Logo, mais precisamente, por procedimentos

definidos usando a linguagem Logo de programação. Essa interação é uma atividade que

consiste de uma ação de programar o computador ou de "ensinar" a Tartaruga a como

produzir um gráfico na tela. O desenvolvimento do programa (procedimentos) se inicia

com uma idéia de como resolver o problema ou seja, como produzir um determinado

gráfico na tela. Essa idéia é passada para a Tartaruga na forma de uma seqüência de

comandos do Logo. Essa atividade pode ser vista como o aluno agindo sobre o objeto

"computador". Entretanto, essa ação implica na descrição da solução do problema usando

comandos do Logo (procedimentos Logo).

O computador, por sua vez, realiza a execução desses procedimentos. A Tartaruga

age de acordo com cada comando, apresentando na tela um resultado na forma de um

gráfico. O aluno olha para a figura que está sendo construída na tela e para o produto final

e faz uma reflexão sobre essas informações.

Esse processo de reflexão pode produzir diversos níveis de abstração, os quais, de

acordo com Piaget (Piaget, 1977; Mantoan, 1991), provocarão alterações na estrutura

mental do aluno. O nível de abstração mais simples é a abstração empírica, que permite ao

aluno extrair informações do objeto ou das ações sobre o objeto, tais como a cor e a forma

do objeto. A abstração pseudo-empírica permite ao aprendiz deduzir algum conhecimento

da sua ação ou do objeto. A abstração reflexiva permite a projeção daquilo que é extraído

de um nível mais baixo para um nível cognitivo mais elevado ou a reorganização desse

conhecimento em termos de conhecimento prévio (abstração sobre as próprias idéias do

aluno).

O processo de refletir sobre o resultado de um programa de computador pode

acarretar uma das seguintes ações alternativas: ou o aluno não modifica o programa

porque as suas idéias iniciais sobre a resolução daquele problema correspondem aos

resultados apresentados pelo computador, e, então, o problema está resolvido; ou depura

o programa quando o resultado é diferente da sua intenção original. A depuração pode ser

em termos de alguma convenção da linguagem Logo, sobre um conceito envolvido no

problema em questão (o aluno não sabe sobre ângulo), ou ainda sobre estratégias (o aluno

não sabe como usar técnicas de resolução de problemas).

A atividade de depuração é facilitada pela existência do programa do computador.

Esse programa é a descrição das idéias do aluno em termos de uma linguagem simples,

precisa e formal. Os comandos do Logo gráfico são fáceis de serem assimilados, pois são

similares aos termos que são usados no dia-a-dia. Isso minimiza a arbitrariedade das

Page 27: Material de Apoio Informática Educativa

convenções da linguagem e a dificuldade na expressão das idéias em termos dos

comandos da linguagem. O fato de a atividade de programação em Logo propiciar a

descrição das idéias como subproduto do processo de resolver um problema, não é

encontrado em nenhuma outra atividade que realizamos. No caso da interação com o

computador, à medida que o aluno age sobre o objeto, ele tem, como subproduto, a

descrição das idéias que suportam suas ações. Além disso, existe uma correspondência

direta entre cada comando e o comportamento da Tartaruga. Essas características

disponíveis no processo de programação facilitam a análise do programa de modo que o

aluno possa achar seus erros (bugs). O processo de achar e corrigir o erro constitui uma

oportunidade única para o aluno aprender sobre um determinado conceito envolvido na

solução do problema ou sobre estratégias de resolução de problemas. O aluno pode

também usar seu programa para relacionar com seu pensamento em um nível

metacognitivo. Ele pode analisar seu programa em termos de efetividade das idéias,

estratégias e estilo de resolução de problema. Nesse caso, o aluno começa a pensar sobre

suas próprias idéias (abstração reflexiva).

Entretanto, o processo de descrever, refletir e depurar não acontece simplesmente

colocando o aluno em frente ao computador. A interação aluno-computador precisa ser

mediada por um profissional que conhece Logo, tanto do ponto de vista computacional,

quanto do pedagógico e do psicológico. Esse é o papel do mediador no ambiente Logo.

Além disso, o aluno, como um ser social, está inserido em um ambiente social que é

constituído, localmente, pelo seus colegas, e globalmente, pelos pais, amigos e mesmo a

sua comunidade. O aluno pode usar todos esses elementos sociais como fonte de idéias, de

conhecimento ou de problemas a serem resolvidos através do uso do computador.

As ações que o aluno realiza na interação com o computador e os elementos sociais

que permeiam e suportam a sua interação com o computador estão mostrados no

diagrama abaixo.

Page 28: Material de Apoio Informática Educativa

O que é informática na educação?

O termo "Informática na Educação" tem assumido diversos significados

dependendo da visão educacional e da condição pedagógica em que o computador é

utilizado. Os pesquisadores do NIED e do CED têm atuado segundo uma abordagem de

uso do computador na educação onde o termo "Informática na Educação" significa a

inserção do computador no processo de aprendizagem dos conteúdos curriculares de

todos os níveis e modalidades de educação.

A Informática na Educação de que estamos tratando enfatiza o fato de o professor

da disciplina curricular ter conhecimento sobre os potenciais educacionais do computador

e ser capaz de alternar adequadamente atividades tradicionais de ensino-aprendizagem e

atividades que usam o computador. No entanto, a atividade de uso do computador pode

ser feita tanto para continuar transmitindo a informação para o aluno e, portanto, para

reforçar o processo instrucionista, quanto para criar condições para o aluno construir seu

conhecimento por meio da criação de ambientes de aprendizagem que incorporem o uso

do computador.

A abordagem que usa o computador como meio para transmitir a informação ao

aluno mantém a prática pedagógica vigente. Na verdade, o computador está sendo usado

para informatizar os processos de ensino que já existem. Isso tem facilitado a implantação

do computador na escola pois não quebra a dinâmica por ela adotada. Além disso, não

exige muito investimento na formação do professor. Para ser capaz de usar o computador

nessa abordagem basta ser treinado nas técnicas de uso de cada software. No entanto, os

resultados em termos da adequação dessa abordagem no preparo de cidadãos capazes de

enfrentar as mudanças que a sociedade está passando são questionáveis. Tanto o ensino

tradicional quanto sua informatização preparam um profissional obsoleto.

Por outro lado, o uso do computador na criação de ambientes de aprendizagem que

enfatizam a construção do conhecimento apresenta enormes desafios. Primeiro, implica

em entender o computador como uma nova maneira de representar o conhecimento

provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e

compreensão de novas idéias e valores. Usar o computador com essa finalidade requer a

análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender bem como demanda rever o papel

do professor nesse contexto. Segundo, a formação desse professor envolve muito mais do

que prover o professor com conhecimento sobre computadores. O preparo do professor

não pode ser uma simples oportunidade para passar informações, mas deve propiciar a

vivência de uma experiência. É o contexto da escola, a prática dos professores e a presença

dos seus alunos que determinam o que deve ser abordado nos cursos de formação. Assim,

o processo de formação deve oferecer condições para o professor construir conhecimento

sobre as técnicas computacionais e entender por que e como integrar o computador na sua

prática pedagógica.

Page 29: Material de Apoio Informática Educativa

Questões para serem discutidas:

Como o ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-descrição pode ser usado para

explicar o que acontece quando o aprendiz usa um software de multimídia, um

processador de texto, um software de autoria (software para o aprendiz construir

sua própria multimídia)?

Quais são as teorias (ou parte das teorias) de aprendizagem que estão presentes no

ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-descrição?

Como o ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-descrição pode ser usado em

um processo de formação de professores?

Quais são os princípios da Interdisciplinaridade que estão presentes no ciclo

descrição-execução-reflexão-depuração-descrição?

Referências Bibliográficas

MANTOAN, MTE. (1991). O processo de conhecimento - tipos de abstração e

tomada de consciência. NIED-Memo, Campinas, São Paulo.

PAPERT, S. (1986). Constructionism: A new opportunity for elementary science

education. A proposal to the National Science Foundation, Massachusetts Institute

of Technology, Media Laboratory, Epistemology and Learning Group, Cambridge,

Massachusetts.

PIAGET, J. (1977). Recherches sur l'abstraction réfléchissante. Études

d'épistemologie génétique. PUF, tome 2, Paris.

VALENTE, JA (1993). Computadores e conhecimento: repensando a educação.

Campinas: Gráfica da UNICAMP.

Outras Referências

MORAES, MC (1997). Informática educativa no Brasil: uma história vivida e várias

lições aprendidas. Revista Brasileira de Informática na Educação, Sociedade

Brasileira de Informática na Educação, nº 1, pp. 19-44.

MORAES, MC (1997). O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus.

VALENTE, JA & ALMEIDA, FJ (1997). Visão analítica da informática na educação:

a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação,

Sociedade Brasileira de Informática na Educação, nº 1, pp. 45-60.

VALENTE, JA (1996). O professor no ambiente Logo: formação e atuação.

Campinas: Gráfica da UNICAMP.

*José Armando Valente ([email protected]) é coordenador do núcleo de

informática aplicada à educação da Unicamp. Vice-presidente da SIBE - Sociedade

Brasileira de Informática Educacional.

Fonte: http://www.futurarte.com.br/artigos/valente2

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Desafio: Imagine que a sua escola/instituição está querendo implantar um laboratório de Informática e precisa desenvolver um projeto justificando a importância do uso do computador na instituição.

EXEMPLO: PROJETO PARA IMPLANTAÇÃO DE UM LABORATÓRIO

Este projeto foi desenvolvido com base numa escola que, inicialmente voltada para

cursos de Ensino Superior, visa usar o computador como ferramenta pedagógica porém com intuito interdicisplinar. Para isso será necessário conceber uma sala de laboratório seguindo rigorosos estudos ergométricos, e oferecer consequentemente aos alunos maior conforto quanto à disposição dos computadores, móveis e iluminação para que haja o melhor aproveitamento das atividades de ensino.

Sei que será necessário um número maior de laboratórios e com características um pouco diferentes das aqui citadas, mas um dos objetivos deste trabalho é atender uma (01) suposta turma de alunos do Centro Universitário do Triângulo. I) Identificação da Escola Nome da escola: Unit - Centro Universitário do Triângulo Endereço: Rua Rafael Marino Neto, 600 Bairro: Jardim Karaíba Cidade: Uberlândia UF: MG Número de Alunos por Turma: 30 Horários de Funcionamento: integral II) Objetivos Os principais objetivos para a implantação de laboratórios de informática são:

apoiar e dinamizar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos; permitir trabalhar a interdisciplinalidade usando softwares educativos, criando nos

alunos a capacidade de expressar suas idéias através de trabalhos, fazendo conhecer tanto a informática - cursos básicos e avançados - quando as demais disciplinas curriculares de acordo com o estado de entendimento do aluno;

auxiliar o professor a instigar o interesse no aluno, levando-o a desenvolver sua criatividade e sua faculdade de inventar. Tornando o aluno uma pessoa independente através de um processo de busca, investigação, de descoberta e invenção;

auxiliar o aluno a utilizar o software educativo num aprendizado individualizado ou conjunto, mas promovendo a interatividade aluno-computador, favorecendo a informação prévia do assunto, capacidade de assimilação, revelando a inteligência, temperamento e caráter dos alunos, satisfazendo suas necessidades;

possibilitar comunicação entre educadores e pesquisadores de diversas partes do mundo.

III) Justificativa

As novas técnicas educacionais quando usadas de maneira colaborativa e interdisciplinar, estimulam a renovação pedagógica e a qualificação contínua do processo de ensino-aprendizagem. Assim, o computador, quando usado corretamente, poderá ser uma ferramenta muito importante para a educação, diversificando os métodos de ensino,

Page 32: Material de Apoio Informática Educativa

aperfeiçoando os recursos já existentes na escola convencional, possibilitando o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento abstrato e motivando o aluno ao aprendizado, e ajudando-o na construção do próprio conhecimento.

O uso do computador é de grande valia também na organização e na gerência das instituições de ensino. São aliados dos professores, auxiliando-os na preparação de aulas e cursos. Para isso se requer uma nova visualização dos processos educacionais e uma mudança em geral na postura dos professores e alunos; a fim de que se estabeleça um processo contínuo de desenvolvimento pessoal e profissional fundamentado no acesso à base de dados atualizadas e a fóruns de debates com professores, alunos e pesquisadores geograficamente próximos ou distantes.

IV) Estrutura Básica e Necessária para a Implantação de um único Laboratório

Espaço Físico e Móveis necessários à sala: o Sala: 5m x 6m com uma porta no fundo da sala o iluminação adequada o ar condicionado o 01 quadro-branco com pincel atômico o bancadas em U, com computadores interligados em rede o 31 cadeiras com encosto reclinável e braço o 01 lixeira o 01 quadro de avisos o 01 quadro de energia geral

Material Humano necessário o 01 estagiário ou monitor o 01 professor

Equipamentos de hardware: o acesso à Internet para todos os computadores o sistema de rede local (LAN e WAN) o 31 computadores Pentium III / 550mhz / 32 Mb de RAM (ou mais) com kit

multimídia e câmeras de vídeo, sendo 01 para o professor o 01 servidor com a maior configuração do momento o 01 impressora jato de tinta o 01 canhão de projeção o 01 retroprojetor o 01 modem

Softwares: o sistema operacional Windows/UNIX; o educativos e multidisciplinares; o chat; o videoconferência; o browser; o diversos para auxiliar desde a redação de uma página HTML até

compactação de arquivos. V) Análise e Resultados Esperados

O professor deve ficar atento quanto à qualidade pedagógica dos softwares, porque muitas das vezes o conteúdo trabalhado nos softwares educacionais não é compatível com a linha de ensino adotada pela escola ou pelo mesmo. E, estes softwares educativos devem

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apresentar conteúdos valiosos para o desenvolvimento do aluno; assim, os resultados de seu aproveitamento serão notados tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.

Na verdade, uma proposta pedagógica do uso correto do computador como ferramenta de ensino-aprendizagem aumenta a importância da figura dos profissionais educadores na sala de aula; ao contrário do que muitos pensam o computador não tomará o lugar do professor. O professor tem um papel fundamental, o de conduzir o aprendizado utilizando os recursos do computador. Assim, o professor, inicialmente, deve ser orientado sobre como adequar seus conhecimentos na área de informática para torná-los aplicáveis em suas aulas, de acordo com a metodologia adotada pela instituição de ensino. E, o monitor deverá ser preparado tecnicamente para auxiliar professores e alunos, tanto no uso do software quanto no uso de hardware, e como também no conteúdo a ser discutido.

E a utilização de um laboratório adequado com certeza influenciará no processo de ensino-aprendizado de todos aqueles que estejam trabalhando com aprendizagem em ambientes que facilitem a produtividade. É claro que o ideal, para um futuro não distante, seria um microcomputador em cada carteira e na própria sala de aula, para que o aluno não tenha que se deslocar.

O uso de tecnologias adequadas irá mudar o enfoque do processo escolar para o qual os usuários terão um crescimento intelectual e profissional de acordo com seus objetivos. O professor não será mais o detentor do conhecimento e o aluno simplesmente o receptor; mas professores e alunos irão interagir visando um maior aprimoramento, mudando assim o paradigma nos dias de hoje da educação.

Desta maneira, o professor assumirá várias funções como: estimular a pesquisa em rede; servir de base para alcançar objetivos; colaborar com apoio multidisciplinar; incentivar a interação entre alunos; coordenar trabalhos; fornecer endereços interessantes na Internet; leitor e crítico; autor de textos e verificador de metas. E, o aluno, por sua vez, irá participar lendo, escrevendo e auxiliando no intercâmbio de informações entre ele, os professores e os demais colegas. O monitor seria um suporte técnico aos alunos; desempenharia praticamente as mesmas funções do professor. No entanto, o monitor poderia auxiliar os alunos em horários extra sala de aula.

O sistema educacional estará assim estimulando a criatividade, dinamizando o ensino em sala de aula, tendo resultados sempre aprimorados. Partindo deste princípio, a metodologia educacional fará com que o professor passe constantemente por uma reciclagem, saindo da rotina em que possivelmente poderá se encontrar.

E, o aluno não será mais passivo e desinteressado dentro do processo educacional, deixando-se afetar por estratégias diferentes de aprendizagem como por descoberta, coletividade e simulações da realidade. O aluno terá também a vantagem de trabalhar de maneira organizada quando não estiver no ambiente educacional sem que perca o interesse e a estimulação, mas desenvolvendo-os por conta própria.

___________________________ Silvia Fernanda Martins Brandão, MSc.

Professora de ensino superior no curso de Ciência da Computação do Unit - Centro Universitário do

Triângulo. Uberlândia/MG. [email protected] .

Page 34: Material de Apoio Informática Educativa

EXEMPLO: PROPOSTA DE AULA PARA A DISCIPLINA DE MATEMÁTICA

I) Dados de Identificação

Escola: Colégio Nossa Senhora

Cidade: Uberlândia UF: MG

Número de Alunos: 40 Turno: diurno

Público alvo: 8a. série do ensino fundamental

Disciplina: Matemática

Professora: Silvia Fernanda Martins Brandão

II) Objetivo Geral da Disciplina

Desenvolver no aluno a capacidade de pesquisar, analisar, relacionar, comparar, classificar,

ordenar, sintetizar, avaliar, abstrair e raciocinar.

III) Tema da Aula

Será proposto um desafio matemático, com possíveis biografias de autores matemáticos,

envolvendo a área de figuras planas.

IV) Número de aulas

Serão necessárias 8 horas-aulas divididas em quatro dias, ou seja, 2 horas-aulas diárias.

V) Objetivos Específicos

O aluno deverá ser capaz além de explorar os objetivos especícicos ao conteúdo propriamente

dito, de:

trabalhar em grupo de 4 alunos;

usar o computador como ferramenta pedagógica na disciplina de Matemática;

adquirir informações na Internet sobre o assunto proposto, porém já visto em sala de aula;

visitar portais dedicados ao ensino de Matemática;

verificar se existe alguma história matemática para o desafio proposto;

procurar interagir com os professores, seus colegas e o próprio computador;

opinar sobre o tema da aula contribuindo para a construção do seu próprio conhecimento e

do conhecimento do grupo;

propor exercícios de fixação para toda a sala sobre a teoria estudada;

resolver os exercícios propostos.

VI) Metodologia

Recursos necessários:

Para o desenvolvimento desta aula serão necessários os seguintes recursos:

sites de busca na Internet;

o software Visual Class;

o correio eletrônico para troca de informações entre os grupos e os professores, fora dos 4

momentos necessários ao desenvolvimento da aula;

Page 35: Material de Apoio Informática Educativa

o próprio professor de Matemática e um professor de Informática; os quais deverão, nestes

dia, atuar como suporte técnico aos alunos.

Metodologia do Trabalho:

Inicialmente, a turma será dividida em grupos de no máximo 4 alunos. Portanto deveremos

ter ao todo 10 grupos.

Num primeiro momento, os grupos deverão consultar sites de busca na Internet e localizar

material bibliográfico suficiente, sobre o tema da aula; a fim de construir um trabalho teórico de

aproximadamente um página sobre o assunto, utilizando o software Visual Class.

Os alunos deverão copiar, no corpo do trabalho, os links encontrados como suporte à

referência bibliográfica do trabalho.

Num segundo momento, após terem concluído a pesquisa em links diversos e possivelmente

haver visitado também alguns portais educacionais voltados ao tema do trabalho proposto; os

alunos se reunirão em 4 grupos de 10 alunos (grupos mistos) e deverão juntar os textos, com o

auxílio dos professores, revisando-os em um único documento e, utilizando para isso ainda o

software Visual Class a fim de dar continuidade ao trabalho.

Num terceiro momento cada grupo de 10 alunos, com apoio dos professores, usando o

software Visual Class, irá propor exercícios de fixação para os alunos dos outros grupos.

Os professores ficaram responsáveis por aplicarem estes exercícios, num quarto momento, a

cada um dos 40 alunos.

VII) Resultados Esperados

Espera-se ao término destas 8 horas-aulas que o aluno tenha atingido os objetivos

específicos relacionados ao tema da aula, propriamente dito, como a compreensão dos conceitos de

superfície de um polígono e o cálculo das áreas do: retângulo, quadrado, paralelogramo, triângulo,

losango, trapézio, polígono regular e do círculo. Além de alcançar os objetivos propostos para esta

aula

E, que tanto aluno quanto professores se sensibilizem da importância do uso do computador

de forma inteligente. Onde o professor proporcione ao aluno, através de ferramentas

computacionais, um ambiente interativo, propício à contrução de novos conhecimentos.

VIII) Avaliação

A avaliação deverá ser feita tanto de maneira qualitativa, levando em conta participação e

contribuição dos alunos, quanto de forma quantitativa, verificando os resultados obtidos pelos

alunos nos exercícios de fixação.

IX) Referências Bibliográficas

Leituras Obrigatórias:

O próprio livro-texto utilizado em sala de aula, tanto para a disciplina de Matemática quanto

para a disciplina de Informática.

Leituras Complementares:

URLs de sites de busca, os quais poderão ser indicados a princípio pelo professor de

Informática. E, URLs de portais dedicados ao ensino de Matemática, já visitados anteriormente,

poderão ser propostos pelo professor de Matemática.

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INFORMÁTICA EDUCATIVA NO BRASIL: UMA HISTÓRIA VIVIDA, ALGUMAS LIÇÕES APRENDIDAS*

Maria Candida Moraes** Profª. de Pós-Graduação***

em Educação (SUC) - PUC/SP Coordenadora Geral do PROINFO/MEC

abril/1997 *O ponto de vista da autora, bem como suas opiniões, não representam necessariamente a visão oficial ou as opiniões do Ministério da Educação e do Desporto . ** A Autora foi coordenadora das atividades de informática na educação desenvolvidas pelo MEC no período de 1981 - 1992. ***Os meus agradecimentos à colaboração dos professores e alunos do Curso de pós-graduação em Educação (SUC), do Núcleo de Formação de Professores e Currículo, PUC/SP. AS PRIMEIRAS INICIATIVAS

De acordo com o livro Projeto EDUCOM (Andrade, P. F., & Albuquerque Lima, M. C. M., 1993), documento referencial que resgata a história e consolida os diferentes fatos que caracterizam a cultura de informática educativa existente no país, as primeiras iniciativas na área tiveram suas raízes plantadas na década de setenta, quando, pela primeira vez, em 1971, discutiu-se o uso de computadores no ensino de Física, em seminário promovido em colaboração com a Universidade de Dartmouth/USA. Informa, também, que as primeiras demonstrações do uso do computador na educação, na modalidade CAI, Computer Aided Instruction, ocorreu no Rio de Janeiro, em 1973, na I Conferência Nacional de Tecnologia Aplicada ao Ensino Superior.

Nessa mesma época, o Brasil iniciava os seus primeiros passos em busca de um caminho próprio para a informatização de sua sociedade, fundamentado na crença de que tecnologia não se compra, mas é criada e construída por pessoas. Buscava-se construir uma base que garantisse uma real capacitação nacional nas atividades de informática, em benefício do desenvolvimento social, político, tecnológico e econômico da sociedade brasileira. Uma capacitação que garantisse autonomia tecnológica, tendo como base a preservação da soberania nacional.

Na busca de maior garantia de segurança e desenvolvimento da nação, o Brasil, a partir de meados da década de setenta, estabeleceu políticas públicas voltadas para a construção de uma indústria própria. Tais políticas condicionaram a adoção de medidas protecionistas adotadas pela área.

Desta forma o Governo Brasileiro deu origem à CAPRE - Comissão Coordenadora das Atividades de Processamento Eletrônico, a DIGIBRÀS - Empresa Digital Brasileira e a própria SEI - Secretaria Especial de Informática, que nasceu como órgão executivo do Conselho de Segurança Nacional da Presidência da República, em plena época da ditadura militar. Este órgão tinha por finalidade regulamentar, supervisionar e fomentar o desenvolvimento e a transição tecnológica do setor.

Com a criação da SEI, como órgão responsável pela coordenação e execução da Política Nacional de Informática, buscava-se fomentar e estimular a informatização da sociedade brasileira, voltada para a capacitação científica e tecnológica capaz de promover a autonomia nacional, baseada em princípios e diretrizes fundamentados na realidade

Page 37: Material de Apoio Informática Educativa

brasileira e decorrentes das atividades de pesquisas e da consolidação da indústria nacional. Entretanto, para o alcance de seus objetivos seria preciso estender as aplicações da informática aos diversos setores e atividades da sociedade, no sentido de examinar as diversas possibilidades de parceria e solução aos problemas nas diversas áreas intersetoriais, dentre elas educação, energia, saúde, agricultura, cultura e defesa nacional.

Naquela época, já havia um consenso no âmbito da SEI/CSN/PR de que a educação seria o setor mais importante para construção de uma modernidade aceitável e própria, capaz de articular o avanço científico e tecnológico com o patrimônio cultural da sociedade e promover as interações necessárias.

Mediante articulação da SEI, o Ministério da Educação tomou a dianteira do processo, acreditando que o equacionamento adequado da relação informática e educação seria uma das condições importantes para o alcance do processo de informatização da sociedade brasileira. A partir desta visão, em 1982, o MEC assumiu o compromisso para a criação de instrumentos e mecanismos necessários que possibilitassem o desenvolvimento de estudos e o encaminhamento da questão, colocando-se à disposição para implementação de projetos que permitissem o desenvolvimento das primeiras investigações na área.

Naquele mesmo ano, foram elaboradas as primeiras diretrizes ministeriais para o setor, estabelecidas no III Plano Setorial de Educação e Cultura - III PSEC, referente ao período de 1980/1985. Essas diretrizes apontavam e davam o devido respaldo ao uso das tecnologias educacionais e dos sistemas de computação, enfatizando as possibilidades desses recursos colaborarem para a melhoria da qualidade do processo educacional, ratificando a importância da atualização de conhecimentos técnico-científicos, cujas necessidades tinham sido anteriormente expressas no II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND, referente ao período de 1975 -1979. OS PRECURSORES

De acordo com o livro Projeto EDUCOM, as entidades responsáveis pelas primeiras investigações sobre o uso de computadores na educação brasileira foram as universidades Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Estadual de Campinas - UNICAMP e Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS.

Os registros apontam como instituição pioneira na utilização do computador em atividades acadêmicas a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Departamento de Cálculo Científico, criado em 1966, e que deu origem ao Núcleo de Computação Eletrônica - NCE. Nessa época, o computador era utilizado como objeto de estudo e pesquisa, dando ensejo a uma disciplina voltada para o ensino de informática. A partir de 1973, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional - NUTES/CLATES, dessa mesma universidade, iniciavam, no contexto acadêmico, o uso da informática como tecnologia educacional voltada para a avaliação formativa e somativa de alunos da disciplina de química, utilizando-a para o desenvolvimento de simulações.

Ainda em 1973, surgiram as primeiras iniciativas na UFRGS, suportadas por diferentes bases teóricas e linhas de ação. Segundo o documento anteriormente citado, o primeiro estudo utilizava terminais de teletipo e display num experimento simulado de física para alunos do curso de graduação. Destacava-se também o software SISCAI, desenvolvido pelo Centro de Processamento de Dados - CPD, voltado para a avaliação de alunos de pós-graduação em educação. Estas e outras experiências foram sendo realizadas

Page 38: Material de Apoio Informática Educativa

até 1980, utilizando equipamentos de grande porte. O computador era visto como recurso auxiliar do professor no ensino e na avaliação, enfocando a dimensão cognitiva e afetiva ao analisar atitudes e diferentes graus de ansiedade dos alunos em processos interativos com o computador.

Em 1975, um grupo de pesquisadores da UNICAMP, coordenado pelo Prof. Ubiratan D'Ambrósio, do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação, escreveu o documento Introdução de Computadores nas Escolas de 2º Grau, financiado pelo Acordo MEC-BIRD, mediante convênio com o Programa de Reformulação do Ensino (PREMEN/MEC), atualmente extinto.

Em julho daquele mesmo ano e do ano seguinte, a UNICAMP receberia as visitas de Seymour Papert e Marvin Minsky para ações de cooperação técnica. Em fevereiro-março de 1976, um grupo de pesquisadores da UNICAMP visitou o MEDIA-Lab do MIT/USA, cujo retorno permitiu a criação de um grupo interdisciplinar envolvendo especialistas das áreas de computação, lingüística e psicologia educacional, dando origem às primeiras investigações sobre o uso de computadores na educação, utilizando a linguagem Logo. Iniciava-se, naquela oportunidade, uma profícua cooperação técnica internacional com os renomados cientistas Papert e Minsky, criadores de uma nova perspectiva em inteligência artificial, e que até hoje vem refletindo na qualidade dos trabalhos desenvolvidos na UNICAMP.

A partir de 1977, o projeto passou a envolver crianças, sob a coordenação de dois mestrandos em computação. No início de 1983, foi instituído o Núcleo Interdisciplinar de Informática Aplicada à Educação - NIED/UNICAMP, já com apoio do MEC, tendo o Projeto Logo como o referencial maior de sua pesquisa, durante vários anos.

Ainda no final da década de 70 e princípios de 80, novas experiências surgiram na UFRGS apoiadas nas teorias de Jean Piaget e nos estudos de Papert, destacando-se o trabalho realizado pelo Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto do Psicologia - LEC/UFRGS, que explorava a potencialidade do computador usando a Linguagem Logo. Esses trabalhos foram desenvolvidos, prioritariamente, com crianças da escola pública que apresentavam dificuldades de aprendizagem de leitura, escrita e cálculo, procurando compreender o raciocínio lógico-matemático dessas crianças e as possibilidades de intervenção como forma de promover a aprendizagem autônoma dessas crianças. OS PRIMEIROS SUBSÍDIOS

Enquanto isso, a SEI vinha realizando estudos sobre a aplicabilidade da informática na educação, acompanhando as pesquisas brasileiras em desenvolvimento, e, ao mesmo tempo, enviando técnicos para o exterior.

A busca de alternativas capazes de viabilizar uma proposta nacional de uso de computadores na educação, que tivesse como princípio fundamental o respeito à cultura, aos valores e interesses da comunidade brasileira, motivou a constituição de uma equipe intersetorial que contou com a participação de representantes da SEI, MEC, CNPq e FINEP, como responsáveis pelo planejamento das primeiras ações na área.

Como princípio fundamental do trabalho desenvolvido, a equipe reconheceu como prioritário a necessidade de consulta permanente à comunidade técnico-científica nacional, no sentido de discutir estratégias de planejamento que refletissem as preocupações e o interesse da comunidade nacional. Para tanto, optou pela realização do I Seminário Nacional de Informática na Educação, na Universidade de Brasília, no período de 25 a 27 de agosto de 1981, e que contou com a participação de especialistas nacionais e

Page 39: Material de Apoio Informática Educativa

internacionais, constituindo-se no primeiro fórum a estabelecer posição, destacando a importância de se pesquisar o uso do computador como ferramenta auxiliar do processo de ensino-aprendizagem. Deste seminário surgiram várias recomendações norteadoras do movimento e que até hoje continuam influenciando a condução de políticas públicas na área.

Dentre as recomendações, destacavam-se aquelas relacionadas à importância de que as atividades de informática na educação fossem balizadas por valores culturais, sócio-políticos e pedagógicos da realidade brasileira, bem como a necessidade do prevalecimento da questão pedagógica sobre as questões tecnológicas no planejamento de ações. O computador foi reconhecido como um meio de ampliação das funções do professor e jamais como forma de substituí-lo.

Foi nesse seminário que surgiu a primeira idéia de implantação de projetos-piloto em universidades, cujas investigações ocorreriam em caráter experimental e deveriam servir de subsídios à uma futura Política Nacional de Informatização da Educação. Nesse evento, foi recomendado que as experiências atendessem aos diferentes graus e modalidades de ensino e deveriam ser desenvolvidas por equipes brasileiras em universidades de reconhecida capacitação nas áreas de educação, psicologia e informática. Isto, de certa forma, evidencia que o Projeto EDUCOM, teve suas origens a partir desse fórum.

Para melhor caracterização das ações na área, o MEC, a SEI e o CNPq promoveram, em agosto de 1982, na Universidade Federal da Bahia, o II Seminário Nacional de Informática na Educação, visando coletar novos subsídios para a criação dos projetos-piloto, a partir de reflexões dos especialistas das áreas de educação, psicologia, informática e sociologia.

Importantes recomendações norteadoras da Política de Informática na Educação decorreram desse valioso encontro. Dentre elas, a necessidade de que a presença do computador na escola fosse encarada como um recurso auxiliar ao processo educacional e jamais como um fim em si mesmo. Para tanto, propunha-se que o computador deveria submeter-se aos fins da educação e não determiná-los, reforçando assim a idéia de que o computador deveria auxiliar o desenvolvimento da inteligência do aluno, bem como possibilitasse o desenvolvimento de habilidades intelectuais específicas requeridas pelos diferentes conteúdos. Recomendou-se ainda que suas aplicações não deveriam se restringir ao 2º grau, de acordo com a proposta inicial do Governo Federal, mas que procurassem atender a outros graus e modalidades de ensino, acentuando a necessidade do caráter interdisciplinar que deveria existir nas equipes dos centros-piloto, como condição importante para garantir a abordagem adequada e o sucesso da pesquisa.

Outra diretriz relevante norteadora da implantação dos centros-piloto do Projeto EDUCOM foi a adoção de metodologia de planejamento participativo na organização, realização e avaliação das experiências de informática na educação no Brasil. Isto implicou, quando necessário e oportuno, em consulta e envolvimento de representantes da comunidade técnico-científico nacional, compreendendo também professores das secretarias de educação, bem como da equipe técnico-administrativa, tentando-se evitar marginalizações e possíveis discriminações.

Considerando o contexto governamental onde tiveram origem as ações de desenvolvimento da informática educativa no Brasil, ou seja, ainda no período de Governo Militar, tanto a preocupação com a adoção dos enfoques interdisciplinar e humanista quanto a participação da comunidade nas tomadas de decisão, são fatores que merecem o seu devido destaque. Ainda mais se observarmos que os militares, acostumados à

Page 40: Material de Apoio Informática Educativa

centralização do poder, tinham por formação e tradição adotarem procedimentos absolutamente autoritários, em termos de planejamento e implantação de programas e projetos governamentais. Os projetos de teleducação daquela época, por sua vez, adotavam a abordagem tecnicista, eram planejados e desenvolvidos sem ouvir a comunidade interessada, descontextualizados, desvinculados de uma realidade política e social, sem conhecer os agentes locais, as necessidades de seus beneficiários, bem como a capacidade técnico-operacional das organizações envolvidas no subsistema de utilização dos programas e projetos governamentais.

É importante registrar que com o EDUCOM foi diferente e procurou-se respeitar as recomendações da comunidade científica nacional, pois a equipe coordenadora do Projeto acreditava que a abordagem interdisciplinar permitiria analisar a multidimensionalidade dos problemas envolvidos na questão, examinar os aspectos educacionais em sua complexidade e não apenas sob os enfoques educacional e tecnológico.

Após a realização do primeiro seminário, foi criado um grupo de trabalho intersetorial com representantes do MEC, da SEI, do CNPq e da FINEP, para elaboração de subsídios para a um futuro Programa de Informática na Educação que possibilitasse a implantação dos centros-piloto sugeridos nos referidos encontros e colaborasse no delineamento dos principais instrumentos de ação. OS PRIMEIROS PASSOS

Em dezembro de 1981, foi divulgado o documento Subsídios para a Implantação do Programa Nacional de Informática na Educação (Brasil, 1982b), que apresentou o primeiro modelo de funcionamento de um futuro sistema de informática na educação brasileira elaborado pela equipe intersetorial. Esse documento recomendava que as iniciativas nacionais deveriam estar centradas nas universidades e não diretamente nas secretarias de educação, pois era necessário construir conhecimentos técnico-científicos para depois discuti-los com a comunidade nacional. Buscava-se a criação de centros formadores de recursos humanos qualificados, capazes de superar os desafios presentes e futuros então vislumbrados.

Esse documento destacava a necessidade de combinação adequada dos fatores de produção em educação, de forma a viabilizar um sistema de ensino realmente adequado às necessidades e realidades regionais, com flexibilidade suficiente para o atendimento às situações específicas, ao aumento da efetividade no processo de ensino-aprendizagem, à elaboração de uma programação participativa a partir dos interesses do usuário Acreditava-se que desta forma estaria sendo garantido o impacto motivacional do programa e o emprego de metodologias inovadoras capazes de melhorar a qualidade da educação brasileira. Esse documento propunha a ampliação e acumulação de conhecimento na área mediante a realização de pesquisas para a capacitação nacional, o desenvolvimento de software educativos balizados por valores culturais, sócio-políticos e pedagógicos da realidade brasileira, e a formação de recursos humanos de alto nível. Para operacionalização da proposta, sugeria a criação de uma Comissão Oficial, sob a égide do MEC, com representantes da SEI, CNPq, FINEP e uma Comissão Executiva para exercer a função mediadora entre a comissão oficial e a comunidade acadêmica, os centros-piloto e demais instituições de ensino e pesquisa interessadas. Para o início dos trabalhos o documento sugeria, em função dos parcos recursos disponíveis, a seleção de cinco universidades representativas das diversas regiões brasileiras para a implantação

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dos referidos centros, bem como o acompanhamento e a avaliação por parte do poder público e posterior divulgação de seus resultados.

Em janeiro de 1983, foi criada, no âmbito da SEI, a Comissão Especial nº 11/83 - Informática na Educação, através da Portaria SEI/CSN/PR nº 001/83. Essa Comissão tinha por finalidade, dentre outros aspectos, propor a orientação básica da política de utilização das tecnologias da informação no processo de ensino-aprendizagem, observando os objetivos e as diretrizes do Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto, da Política Nacional de Informática e do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do país, além de apoiar a implantação de centros-piloto, funções estas intrinsecamente afetas ao setor educacional.

Em março de 1983, a Secretaria-Executiva da referida Comissão, atendendo recomendações propostas, apresentava o documento Projeto EDUCOM, que consubstanciou uma proposta interdisciplinar voltada para implantação experimental de centros-piloto como infra-estruturas relevantes para o desenvolvimento de pesquisas, objetivando a capacitação nacional e coleta de subsídios para uma futura política setorial. Após sua aprovação, a SEI divulgou o Comunicado SEI/SS nº15/83, informando o interesse governamental na implantação de centros-piloto em universidades interessadas no desenvolvimento dessas pesquisas, mediante ações integradas com escolas públicas, preferencialmente de 2º grau, estabelecendo, inclusive, critérios e formas de operacionalização do projeto.

Entretanto, pouco tempo antes, em novembro de 1982, foi criado o Centro de Informática do MEC - CENIFOR, subordinado à Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa - FUNTEVÊ, hoje Fundação Roquette Pinto, cujas atribuições regimentais foram posteriormente reformuladas em março/84, para melhor cumprimento dos requisitos indispensáveis ao desenvolvimento e à coordenação das atividades na área, tendo em vista o interesse da Secretaria Geral do MEC em assumir a coordenação do projeto. Coube ao CENIFOR a responsabilidade pela implementação, coordenação e supervisão técnica do Projeto EDUCOM, cujo suporte financeiro e delegação de competência foram definidos em Protocolo de Intenções assinado entre MEC, SEI, CNPq, FINEP e FUNTEVÊ, em julho de 1984.

A partir desse momento, o MEC assumiu a liderança do processo de informatização da educação brasileira, procurando organizar-se para o cumprimento de suas novas obrigações. Um dos argumentos utilizados para a transferência do Projeto EDUCOM para o MEC, era o de que informática na educação tratava de questões de natureza pedagógica relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem, envolvendo escolas públicas brasileiras e universidades, na busca de subsídios para uma futura política para o setor educacional. Pesava, também, nessa decisão a questão financeira, pois apesar do acordo firmado entre os organismos governamentais e o próprio estímulo para a implantação do Projeto ter se originado na própria SEI, esta secretaria não havia previsto no seu orçamento o montante de recursos capazes de dar a devida sustentação financeira ao projeto, em termos de contrapartida negociada com o MEC. Assim, coube ao Ministério da Educação, apesar de inúmeras dificuldades, garantir a sua operacionalização.

Em 3 de outubro de 1984, foram firmados os primeiros convênios para o início das atividades de implantação dos centros-piloto, entre a FUNTEVÊ/MEC e as Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Estadual de Campinas.

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Entretanto, em março de 1985, com a finalização do governo militar, profundas alterações funcionais ocorreram na administração federal com conseqüentes mudanças de orientação política e administrativa.

Nessa época, a nova administração da FUNTEVÊ/MEC iniciou a operação desmonte do CENIFOR, alegando o seu desinteresse na pesquisa, relegando os centros-piloto do Projeto EDUCOM a uma situação financeira difícil e insustentável. A partir desse momento, começou o descumprimento da sustentação financeira do projeto por parte do próprio MEC, iniciando um processo de disputa interna de órgãos que pretendiam assumir a coordenação do setor.

Lamentavelmente, desde o início do EDUCOM, e em decorrência de alterações funcionais e interferências de grupos interessados em paralisar a pesquisa em favor de uma possível abertura do "mercado educacional" de software junto às secretarias de educação, a questão do suporte financeiro transformou-se no maior problema, prejudicando, nos mais diferentes momentos, a continuidade do projeto. Apesar dos percalços, interesses velados, e tentativas de obstrução da pesquisa, o Projeto EDUCOM cumpriu o seu papel, como pode ser observado no documento anteriormente referenciado. Na realidade, se mais não foi feito, foi porque os organismos governamentais deixaram de cumprir parte de suas obrigações financeiras, apesar dos diversos protocolos firmados e do interesse e iniciativa de implantação do Projeto partir do próprio Governo Federal. PROGRAMA DE AÇÃO IMEDIATA EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

Em fevereiro de 1986, logo após a criação do Comitê Assessor de Informática na Educação - CAIE/MEC, presidido pelo secretário-geral do MEC, iniciou-se uma nova fase. Este Comitê foi constituído por elementos de reconhecida competência técnico-científica no país, provenientes de diferentes seguimentos da sociedade.

Em abril do mesmo ano, o Comitê recomendou a aprovação do Programa de Ação Imediata em Informática na Educação de 1º e 2º graus (Brasil, 1987a), objetivando a criação de uma infra-estrutura de suporte junto às secretarias estaduais de educação, a capacitação de professores, o incentivo à produção descentralizada de software educativo, bem como a integração de pesquisas que vinham sendo desenvolvidas pelas diversas universidades brasileiras. Pretendia-se, também, a consignação de recursos financeiros no orçamento do Ministério da Educação, para o exercício de 1987, necessários ao suporte operacional e à continuidade das ações em desenvolvimento.

O Programa de Ação Imediata, utilizando a abordagem sistêmica no planejamento de suas ações, apresentou um elenco de projetos voltados para o atendimento às funções básicas referentes ao uso /aplicação da tecnologia, à produção, à pesquisa, ao desenvolvimento de recursos humanos, além do atendimento às funções de apoio relativas ao fomento, à disseminação e à divulgação da tecnologia de informática educativa. Como importante estratégia de ação, propunha a convergência de esforços do setor educacional em busca de autonomia tecnológica no país e capacitação nacional para que a sociedade brasileira fosse capaz de assumir o comando do seu próprio processo de informatização, colaborando para o pleno desenvolvimento do país.

Uma das primeiras ações decorrentes do lançamento desse Programa, em 1986, foi recomendar a avaliação do Projeto EDUCOM, e que foi realizada por uma comissão de especialistas de alto nível. Ao final do relatório, a comissão alertava que os centros-piloto vinham desenvolvendo as atividades que se propuseram, não havendo dúvidas quanto às suas reais possibilidades para a consecução de suas metas, não obstante os atrasos no

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repasse das verbas, a descontinuidade da oferta de bolsas por parte do CNPq, a falta de apoio financeiro da FINEP e SEI que haviam se retirado do processo, além dos descompassos existentes no nível de coordenação administrativa do Projeto.

O relatório solicitava a manutenção e o revigoramento do apoio técnico e financeiro aos centros-piloto, maior intercâmbio entre os pesquisadores e que as atividades de pesquisa fossem a tônica principal desses centros, na busca de conhecimentos seguros que subsidiassem futuras decisões políticas e possibilitassem condições de respostas na antecipação de problemas e no reconhecimento de seus limites.

Em maio de 1987, a Secretaria de Informática do MEC assumiu a responsabilidade de condução das ações de informática na educação e, conseqüentemente, a coordenação e supervisão técnica do Projeto EDUCOM. Em julho de 1987, após um período de total ausência de financiamento, foram transferidos recursos para as entidades gestoras dos centros-piloto depois de um longo período de carência.

A implementação do Programa ocorreu, portanto, a partir de 1986, mediante a alocação de novos recursos para a pesquisa, o lançamento do 1º Concurso Nacional de Software Educativo e a implementação do Projeto FORMAR, operacionalizado através de dois cursos de especialização em informática na educação, em nível de pós-graduação lato sensu, realizados na UNICAMP, em 1987 e 1989, dedicados aos professores das diversas secretarias estaduais de educação e das escolas técnicas federais.

A partir desse novo período, vislumbrou-se a possibilidade de acelerar o desenvolvimento do setor, sob as bênçãos do novo Comitê, aproveitando o apoio e interesse do então secretário-geral do Ministério. Desta forma, iniciou-se um novo período de consultas à comunidade, motivado pela necessidade de elaborar um plano para a área. Isto deu ensejo à realização da Jornada de Trabalho de Informática na Educação (Brasil, 1987b), em Florianópolis, em novembro de 1987, que contou com a participação de profissionais envolvidos com a pesquisa e produção na área, bem como com profissionais de escolas e empresas que atuavam no setor. Como resultado desse profícuo encontro foi produzido um documento com recomendações para formulação da política trienal para o setor, posteriormente submetida à aprovação do Comitê Assessor do MEC.

O fato do país não dispor de conhecimento técnico-científico nessa área fez com que o Ministério da Educação optasse por iniciar as atividades mediante o desenvolvimento de pesquisa nas universidades, para posterior disseminação de seus resultados, mediante capacitação dos professores dos sistemas estaduais de ensino público. O inicio da capacitação dos professores foi feito pelo Projeto FORMAR, através da UNICAMP e que contou com a colaboração dos vários centros-piloto do Projeto EDUCOM. Os professores formados tiveram como compromisso principal projetar e implantar, junto à secretaria de educação que o havia indicado, um Centro de Informática Educativa - CIEd, a ser implementado mediante apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação que, por sua vez, não pretendia impor mecanismos e procedimentos, apenas oferecer o devido respaldo técnico-financeiro necessário à consecução dos objetivos colimados.

Coube a cada secretaria de educação definir os rumos de sua proposta, de acordo com a capacidade técnico-operacional de sua equipe e possibilidades de formação de recursos humanos. Ao Ministério da Educação, competiu o repasse dos recursos necessários, a cooperação técnica entre os pesquisadores dos centros-piloto do Projeto EDUCOM e os professores das secretarias de educação, além do fornecimento dos equipamentos necessários, de acordo com as especificações propostas pelo Comitê Assessor do MEC.

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No período de 1988 e 1989, dezessete CIEd foram implantados em diferentes estados da Federação. Atualmente existem 20 CIEd, sendo que cada centro coordena subcentros e laboratórios. Cada CIEd além de coordenar a implantação de outras unidades, também cuidava da formação de recursos humanos para a implementação das atividades no âmbito estadual. Além de atribuições administrativas, esses centros se transformaram em ambientes de aprendizagem informatizados integrados por grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e especialistas, suportados por programas computacionais de uso aplicação da informática na educação e tinham como propósito atender a alunos e professores de 1º e 2º graus e de educação especial, além de possibilitar o atendimento à comunidade em geral. Os CIEd constituíram-se em centros irradiadores e multiplicadores da tecnologia da informática para as escolas públicas brasileiras, os principais responsáveis pela preparação de uma significativa parcela da sociedade brasileira rumo a uma sociedade informatizada.

Ao final de 1988, a Organização dos Estados Americanos - OEA, através de seu Departamento de Assuntos Educativos, reconhecendo o esforço brasileiro nesta área, convidou o Ministério da Educação a apresentar um projeto de cooperação multinacional envolvendo outros países latino-americanos. Iniciava-se, então, naquela época, a primeira cooperação técnica internacional com o México, financiada pela OEA, para avaliação do projeto de informática educativa na área de educação básica: Projeto COEEBA.

Uma das primeiras ações de cooperação internacional proposta pelo Brasil foi a realização de uma Jornada de Trabalho Luso Latino-Americana de Informática na Educação, realizada em Petrópolis, em maio de 1989, para identificação de possíveis áreas de interesse comum relacionadas à pesquisa e formação de recursos humanos, capazes de subsidiar um futuro projeto internacional sob a chancela da OEA. Essa jornada adotou como princípios norteadores do trabalho a participação, integração, solidariedade e adequação das propostas às realidades de cada país, bem como o respeito à multiculturalidade e diversidade cultural, como requisitos fundamentais de qualquer iniciativa de cooperação na área. Estiveram presentes representantes de 15 países, incluindo Portugal e países africanos que, mesmo não estando sob a jurisdição americana, solicitaram participação.

As recomendações obtidas foram consubstanciadas em documento próprio e serviram de base à elaboração de um projeto multinacional de Informática Aplicada à Educação Básica, envolvendo oito países americanos e que foi apresentado à OEA, em 1989, em Washington, e aprovado para o período 90-95. Cumpre esclarecer que o projeto ficou paralisado após 1992, tendo em vista a falta de pagamento da quota anual brasileira que, por sua vez, condiciona a participação do Brasil, impossibilitando, assim, a realização das atividades previstas e acordadas com os demais países, prejudicando a liderança latino-americana conquistada pelo Brasil, o que foi muito lamentado pelos países integrantes do Acordo de Cooperação Técnica firmado. PROGRAMA NACIONAL DE INFORMÁTICA EDUCATIVA

A partir de todas essas iniciativas foi estabelecida uma sólida base para a criação de um Programa Nacional de Informática Educativa - PRONINFE, o que foi efetivado em outubro de 1989, através da Portaria Ministerial nº 549/GM. O PRONINFE tinha por finalidade: "Desenvolver a informática educativa no Brasil, através de projetos e atividades, articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica sólida e

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atualizada, de modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos."

Apoiado em referências constitucionais, capítulos III e IV da atual Constituição Brasileira, referentes às áreas de educação, ciência e tecnologia, o Programa visava apoiar o desenvolvimento e a utilização da informática nos ensinos de 1º, 2º e 3º graus e educação especial, o fomento à infra-estrutura de suporte relativa à criação de vários centros, a consolidação e integração das pesquisas, bem como a capacitação contínua e permanente de professores.

Propunha, também, a criação de uma estrutura de núcleos distribuídos geograficamente pelo país, a capacitação nacional através de pesquisa e formação de recursos humanos, mediante um crescimento gradual em busca de competência tecnológica referenciada e controlada por objetivos educacionais.

Simultaneamente à criação do PRONINFE, cuja coordenação passou a ser exercida por uma Comissão Geral de Coordenação subordinada à Secretaria Geral do MEC, foram iniciadas gestões junto à Secretaria Especial de Informática do Ministério de Ciência e Tecnologia - SEI/MCT, visando a inclusão de metas e objetivos do Programa como parte integrante do II PLANIN, Plano Nacional de Informática e Automação, para o período de 1991 a 1993. O PLANIN foi aprovado pelo Conselho Nacional de Informática e Automação - CONIN, um colegiado que era constituído pelos ministros de Estado das diferentes áreas setoriais e representantes da indústria nacional, e, posteriormente, transformado em lei. A inclusão de objetivos, metas e estratégias no PLANIN ocorreu no final de 1990. Acreditava-se que a política de informática na educação deveria também estar em consonância com os objetivos e diretrizes da política educacional da área de ciência e tecnologia, como subsistemas interligados e interdependentes. A inclusão das ações do PRONINFE foi importante para viabilização de financiamentos de diferentes tipos de bolsas de estudos e outros benefícios decorrentes. A área de Informática Educativa passou então a ser um dos destaques do Programa de Capacitação de Recursos Humanos em áreas Estratégicas - RHAE, do Ministério de Ciência e Tecnologia.

Em seu documento referencial, o PRONINFE fundamentava-se na necessidade de intensa colaboração entre as três esferas do poder público, onde os investimentos federais seriam canalizados, prioritariamente, para a criação de infra-estrutura de suporte em instituições federais, estaduais e municipais de educação, para a capacitação de recursos humanos e busca de autonomia científica e tecnológica para o setor. Seus objetivos e metas atendiam, também, aos preceitos constitucionais referentes à área de ciência e tecnologia, solicitando tratamento prioritário à pesquisa científica básica voltada ao bem-público e ao progresso da ciência na busca de soluções aos problemas brasileiros. Seus objetivos, metas e estratégias vieram também a integrar o Plano Nacional de Educação, o Plano Plurianual de Investimentos, desdobrando-se, posteriormente, em metas e atividades de alguns planos estaduais e municipais de educação, na tentativa de assegurar a sua operacionalização junto às bases estaduais e municipais na esperança de maior fluência de recursos financeiros por parte das instituições governamentais. Dentre suas ações prioritárias destacavam-se as atividades voltadas para capacitação de professores e técnicos dos diferentes sistemas de ensino, desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada, implantação de centros de informática educativa, produção, aquisição, adaptação e avaliação de softwares educativos. Pretendia-se, também, facilitar a aquisição de equipamentos computacionais por parte dos sistemas de educação pública, implantação de rede pública de comunicação de dados, incentivo à cursos de pós-graduação na área, bem como acompanhamento e avaliação do Programa.

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Em 1990, o Ministério da Educação aprovou o 1º Plano de Ação Integrada -PLANINFE, para o período de 1991 a 1993, com objetivos, metas e atividades para o setor, associados a um horizonte temporal de maior alcance. O PLANINFE, assim como o PRONINFE, destacava, como não poderia deixar de ser, a necessidade de um forte programa de formação de professores, acreditando que as mudanças só ocorrem se estiverem amparadas, em profundidade, por um intensivo e competente programa de capacitação de recursos humanos, envolvendo universidades, secretarias, escolas técnicas e empresas como o SENAI e SENAC.

A partir de 1992, em função de gestões realizadas em anos anteriores e de uma firme determinação do Ministro da Educação daquela época, foi criada uma rubrica orçamentária específica no Orçamento da União, para o financiamento das atividades do setor. Esta foi uma luta batalhada por mais de cinco anos pela coordenação do Programa, que acreditava em sua importância para a consolidação das atividades planejadas na área, para que não ficassem à mercê de possíveis injunções políticas, como de fato ocorreram. CRONOLOGIA

DATAS FATOS

Agosto/81 Realização do I Seminário de Informática na Educação, Brasília/DF, UNB. Promoção MEC/SEI/CNPq.

Dezembro/81 Aprovação do documento: Subsídios para a implantação do programa de Informática na Educação - MEC/SEI/CNPq/FINEP.

Agosto/82 Realização do II Seminário Nacional de Informática na Educação, UFBa/Salvador/Bahia.

Janeiro/83 Criação da Comissão Especial Nº 11/83- Informática na Educação, Portaria SEI/CSN/PR Nº 001 de 12/01/83.

Julho/83 Publicação do documento: Diretrizes para o estabelecimento da Política de Informática no Setor de Educação, Cultura e Desporto, aprovado pela Comissão de Coordenação Geral do MEC, em 26/10/82

Agosto/83 Publicação do Comunicado SEI solicitando a apresentação de projetos para a implantação de centros-piloto junto as universidades.

Março/84 Aprovação do Regimento Interno do Centro de Informática Educativa CENIFOR/FUNTEVÊ_, Portaria nº 27, de 29/03/84.

Julho/84 Assinatura do Protocolo de Intenções MEC/SEI/CNPq/FINEP/ FUNTEVÊ_ para a implantação dos centros-piloto e delegação de competência ao CENIFOR.

Julho/84 Expedição do Comunicado SEI/SS nº 19, informando subprojetos selecionados: UFRGS, UFRJ, UFMG, UFPe e UNICAMP.

Agosto /85 Aprovação do novo Regimento Interno do CENIFOR , Portaria FUNTEVÊ_ nº246, de 14/08/85.

Setembro/85 Aprovação Plano Setorial: Educação e Informática pelo CONIN/PR.

Fevereiro/86 Criação do Comitê Assessor de Informática na Educação de 1º e 2º graus - CAIE/SEPS.

Abril/86 Aprovação do Programa de Ação Imediata em Informática na Educação.

Maio/86 Coordenação e Supervisão Técnica do Projeto EDUCOM é transferida para a

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SEINF/MEC.

Julho/86 Instituição do I Concurso Nacional de "Software" Educacional e da Comissão de Avaliação do Projeto EDUCOM:

Abril/86 Extinção do CAIE/SEPS e criação do CAIE/MEC.

Junho/87 Implementação do Projeto FORMAR I, Curso de Especialização em Informática na Educação, realizado na UNICAMP.

Julho/87 Lançamento do II Concurso Nacional de Software Educacional.

Novemb./87 Realização da Jornada de Trabalho de Informática na Educação: Subsídios para políticas, UFSC, Florianópolis/SC.

Novemb./87 Início da Implantação dos CIEd.

Setembro/88 Realização do III Concurso Nacional de Software Educacional .

Janeiro/89 Realização do II Curso de Especialização em Informática na Educação - FORMAR II

Maio/89 Realização da Jornada de Trabalho Luso Latino-Americana de Informática na Educação, promovida pela OEA e INEP/MEC, PUC/Petrópolis/RJ.

Outubro/89 Instituição do Programa Nacional de Informática Educativa PRONINFE na Secretaria-Geral do MEC.

Março/90 Aprovação do Regimento Interno do PRONINFE.

Junho/90 Restruturação ministerial e transferência do PRONINFE para a SENETE/MEC.

Agosto/90 Aprovação do Plano Trienal de Ação Integrada - 1990/1993.

Setembro/90 Integração de Metas e objetivos do PRONINFE/MEC no PLANIN/MCT.

Fevereiro/92 Criação de rubrica específica para ações de informática educativa no orçamento da União.

Abril/ 1997 Lançamento do Programa Nacional de Informática na Educação PROINFO.

O MODELO PROPRIAMENTE DITO

Tanto o Programa de Ação Imediata quanto o PRONINFE, em termos de organização e funcionamento, visavam a capacitação contínua e permanente de professores dos três níveis de ensino para o domínio dessa tecnologia em ambientes de ensino e pesquisa, a utilização da informática na prática educativa e nos planos curriculares, além da integração, consolidação e ampliação das pesquisas e socialização de conhecimentos e experiências desenvolvidos.

Para tanto, foi prevista a criação de uma infra-estrutura de núcleos ou centros distribuídos geograficamente pelo país, localizados em universidades, secretarias de educação e escolas técnicas federais. Esses núcleos, chamados de centros de informática na educação, tiveram atribuições de acordo com os seus diferentes campos de atuação, em função da vocação institucional de sua clientela, constituindo-se em centros de informática na educação superior - CIES, centros de informática na educação de 1º e 2º graus - CIEd e centros de informática na educação técnica - CIET.

Em termos de organização e funcionamento, o Centro de Informática na Educação Superior - CIES - ficou vinculado a uma universidade, destinando-se à realizar pesquisa científica de caráter interdisciplinar, formar recursos humanos, oferecer suporte aos CIEd e CIET, além de supervisionar experiências educativas em andamento nos colégios de

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aplicação. O Centro de Informática na Educação de 1º e 2º graus - CIEd - ficou subordinado à uma secretaria estadual ou municipal de educação, ao Colégio Pedro II, ao Instituto de Educação de Surdos e ao Instituto Benjamim Constant, tendo como função atender aos professores e alunos de 1º e 2º graus, alunos de educação especial e comunidade interessada. O Centro de Informática na Educação Técnica, o CIET, foi vinculado à uma escola técnica federal ou a um centro federal de educação tecnológica - CEFET, destinando-se à formação de recursos humanos, realização de experiências técnico-científicas e atendimento à alunos e professores da escola na qual estava inserido. Pretendia-se com esses centros a criação de novos ambientes que possibilitassem novas dinâmicas sociais de aprendizagem, no sentido de resgatar algo que a educação se propunha há muito tempo e pouco vinha realizando, ou seja, os atos de pensar, aprender, conhecer e compreender, a partir do uso de novos instrumentos. Planejou-se então a criação de ambientes que, por um lado, possibilitassem o uso de recursos tecnológicos, usufruindo da interatividade e interconectividade que a máquina faculta, mas, ao mesmo tempo, associados a processos de desenvolvimento humano, que estimulassem autonomia, cooperação, criticidade, criatividade e capacidade decisória, possibilitando, assim, mudanças no paradigma educacional vigente.

A multiplicação desses ambientes para atendimento à clientela de Educação Básica foi planejada para ser difundida e realizada através dos CIEd. Em termos de planejamento, coube aos CIEd, seus subcentros e laboratórios, a adoção de um processo de crescimento gradual e constante, a responsabilidade pela formação da demanda nacional de professores e alunos, em colaboração com as universidades, visando a introdução da informática no processo de ensino-aprendizagem. Foram concebidos como centros multiplicadores e difusores da tecnologia de informática para as escolas públicas e, possivelmente, os maiores responsáveis pela disseminação da semente catalisadora dos processos de preparação de uma sociedade informatizada no Brasil.

Ao CIET competia realizar experiências técnico-científicas, capacitar o corpo docente de educação tecnológica para o uso-aplicação da tecnologia da informática, colaborar na profissionalização do aluno em sua área de especialização, propiciar uma melhor preparação para o mercado de trabalho, favorecer o surgimento de pesquisas visando o desenvolvimento de novas metodologias para o ensino tecnológico, além de promover a definição e criação de sistemas, incluindo ambientes, modelos e programas computacionais necessários à educação tecnológica em suas diversas áreas de atuação.

Ao CIES ou NIES competia realizar estudos e pesquisas científicas de caráter interdisciplinar para a ampliação das bases científicas e tecnológicas na área, em consonância com as necessidades da comunidade nacional. Pressupunha a construção de ambientes de aprendizagem enriquecidos e adequados ao desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo dos alunos, visando a apropriação das novas tecnologias pelas novas gerações. Implicava em modernizar os laboratórios, em desenvolver software utilizando técnicas de inteligência artificial, interfaces ergonômicas homem-computador, pesquisar o desenvolvimento de funções cognitivas nos indivíduos, criar e desenvolver micro-mundos lingüísticos com linguagens artificiais, estudar processos cognitivos e afetivos dos alunos e várias outras atividades. Competia ainda aos CIES ou NIES o aperfeiçoamento contínuo da formação profissional, técnica e científica na graduação, pós-graduação e extensão universitária, oferecendo cursos de especialização e atualização aos professores da rede pública de ensino que não tinham condições de aprofundar seus conhecimentos sem o amparo e a integração com a comunidade universitária. Dessa forma, o Programa

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Nacional de Informática Educativa - PRONINFE definiu um modelo de organização e funcionamento para a capacitação das atividades em todas as áreas da educação nacional. Para coordenação e gerenciamento de suas atividades foi criada uma Comissão Central de Coordenação junto à Secretaria-Geral do Ministério da Educação, constituída por representantes de todas as secretarias-fim do MEC, além do INEP e da CAPES. Sua finalidade era criar um centro de gerenciamento nacional das atividades desenvolvidas por uma estrutura produtiva de núcleos espalhados por todo país. O Programa buscava, além de fomentar as atividades na área, incentivar, sobretudo, a integração dos diversos centros constitutivos do sistema, promovendo e articulando os processos de cooperação técnica e financeira para o setor.

De acordo com seus documentos, em termos de organização e funcionamento, o PRONINFE adotava como princípios de ação a descentralização funcional e geográfica nos diversos níveis de organização; o crescimento gradual baseado na experimentação e análise dos resultados obtidos, orientado pela capacidade de formação dos professores; a importância à pesquisa & desenvolvimento centrados nas universidades e escolas técnicas federais e a busca de competência tecnológica permanentemente referenciada e controlada por objetivos educacionais.

Para sua operacionalização apresentava uma estrutura matricial com duas vertentes. Uma relacionada às funções produtivas de pesquisa, produção, uso-aplicação, desenvolvimento de recursos humanos e disseminação. Outra, em função da clientela, determinava a criação de cinco subprogramas destinados ao ensino fundamental, à educação especial, ao ensino médio, ao ensino superior e à educação não-formal. Para cada uma de suas funções havia uma série de recomendações sinalizando diretrizes importantes a serem observadas no desenvolvimento das atividades.

Na área da pesquisa, por exemplo, o documento recomendava o desenvolvimento prioritário da pesquisa básica e aplicada a ser desenvolvida por equipes interdisciplinares, cujos recursos deveriam ser canalizados para a construção de ferramentas computacionais adequadas ao processo de ensino-aprendizagem, estudos de avaliação do impacto da informática no setor educacional, bem como levantamento do "estado da arte".

Em termos de capacitação de recursos humanos, o Programa dava prioridade à propostas que fossem democratizantes e não determinadas por interesses industriais e mercadológicos; baseadas na conscientização e não no adestramento, envolvendo maior participação da universidade e de outras instituições de ensino superior, enquanto centros de excelência de ensino, pesquisa e extensão. Recomendava atenção prioritária à formação e aperfeiçoamento de pesquisadores, preferencialmente articulados aos programas de pós-graduação. Sugeria, ainda, que os programas promovessem a articulação entre secretarias de educação, universidades e instituições como SENAI e SENAC, fortalecendo mecanismos de cooperação, intercâmbio, bolsas e estágios no Brasil e Exterior.

De modo geral, na área de produção de software, o PRONINFE estabelecia como uma de suas diretrizes a criação de equipes interdisciplinares de produção e avaliação de programas educativos computacionais, devidamente qualificadas para análise de questões sociológicas, psicopedagógicas e epistemológicas. Recomendava, também, a produção de sistemas do tipo ferramenta, a aquisição de software educativos por parte dos órgãos públicos, mas devidamente avaliados por grupos de pesquisa com experiência comprovada na área de produção e /ou avaliação de programas computacionais. Propunha incentivos à produção e introdução no mercado educacional de software educativos de qualidade provenientes de grupos de pesquisa de reconhecida competência,

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no sentido de gerar padrões de qualidade, além da criação de catálogos, banco de dados e glossários para disseminação de informações e consultas na área.

No que se refere aos equipamentos, o PRONINFE buscava uma configuração básica de custo reduzido, que pudesse ser expandida modularmente e capaz de suportar a implantação dos laboratórios das escolas. Pretendia, também, incentivar discussões e divulgações de tendências pedagógicas baseadas na utilização de equipamentos produzidos pela indústria nacional, obedecendo padrões próprios, buscando, portanto, a definição do equipamento a ser utilizado pela informática educativa no Brasil, em consonância com a política de reserva de mercado vigente naquela época. Propunha, ainda, que o MEC atuasse como mediador e indutor do processo de informatização da educação brasileira, incentivando a indústria nacional a adequar os seus equipamentos aos padrões que viessem a ser definidos pela comunidade científica nacional em função de objetivos pedagógicos.

O Programa apresentava como estratégias importantes a padronização dos equipamentos, visando conectabilidade, compatibilidade e portabilidade dos sistemas de informações, a criação de mecanismos que permitissem o conhecimento do processo de informatização da sociedade e participação da comunidade. Recomendava o desenvolvimento de estudos conjuntos com o Ministério das Comunicações para diferenciação tarifária e a criação de núcleos regionais ligados por rede pública de comunicação de dados.

O PRONINFE ainda apresentava uma série de linhas de ações relacionadas a cada uma das funções básicas estabelecidas. Na área de pesquisa, por exemplo, objetivava o apoio técnico e financeiro a projetos de pesquisas básica e aplicada a serem desenvolvidas em centros-piloto do Projeto EDUCOM e em outros centros de informática na educação superior e escolas técnicas federais. Incentivava a produção de conhecimento interdisciplinar capaz de suportar a formação de recursos humanos, o uso-aplicação da tecnologia e a avaliação de seus resultados, visando a validação dos sistemas desenvolvidos. Destacava, também, a importância do conhecimento da realidade como um fator preponderante para o sucesso dos projetos, a cooperação técnico-científica em âmbito nacional e internacional, além do incentivo a possíveis parcerias entre indústrias e universidades para o desenvolvimento de produtos compatíveis com as necessidades brasileiras do setor.

Na função produção, pretendia desenvolver ações voltadas para a especificação de equipamentos, sistemas e programas computacionais necessários à operacionalização do projeto, promover o incentivo à sua industrialização, bem como a interação entre as universidades e escolas técnicas com o sistema gerador de produtos e serviços de informática. Pretendia-se, também, a criação de modelos de funcionamento de ambientes informáticos em educação.

Na função uso-aplicação de tecnologia, o Programa propunha a financiar a implantação de centros de informática em todos os níveis e modalidades de ensino, o desenvolvimento e implantação de bases informacionais destinadas a interligar os diversos núcleos entre si. No desenvolvimento de recursos humanos, pretendia apoiar cursos nas mais diversas modalidades, nos níveis de aperfeiçoamento, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de mecanismos complementares tais como seminários, estágios, oficinas, etc. Foi também prevista a necessidade de articulação intensa entre organismos nacionais e internacionais de cooperação técnico-científica, buscando oferecer bolsas de estudos para os especialistas da área. Em suas linhas de ação objetivava o apoio técnico e financeiro para disseminação dos produtos, realização de congressos, seminários,

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simpósios e encontros, bem como editoração de livros e demais publicações de interesse da comunidade científica da área.

Tanto o PRONINFE quanto o PLANINFE destacavam a necessidade de um forte programa de formação de professores e técnicos na área de informática educativa, acreditando que nenhuma mudança tecnológica ocorreria se não estivesse profundamente amparada por um intensivo programa de capacitação de recursos humanos. O PLANINFE recomendava, ainda, que a formação de professores e técnicos para a utilização desta tecnologia em educação, levasse em conta o exame das possibilidades e limites do uso da informática no sistema educacional considerando os aspectos da realidade escolar, as diferenças regionais, o desemprego tecnológico e a baixa condição de vida. Recomendava uma avaliação crítica do significado da informática na educação, a análise das conseqüências gerais da informatização enquanto o uso de tecnologias não neutras e comprometidas com determinado modo de concepção da sociedade. Reforçava, também, a idéia de que tecnologia à disposição da educação poderia colaborar para a compreensão dos processos cognitivos do indivíduo ao desenvolver conhecimentos, e como pode, a partir dessa tecnologia, poderia ser gerado o novo conhecimento científico e crescer em espiral. Promulgava a necessidade de mudanças nos papéis da escola, do aluno e professor, e, conseqüentemente, nos conteúdos, processos e materiais de ensino-aprendizagem, alegando que não se poderia incorporar o novo, sem reformular o antigo. PRINCIPAIS PROJETOS

Na realidade, dentre os vários projetos e atividades desenvolvidos no país, integrantes dos referidos Planos e Programas anteriormente descritos, os mais importantes para a criação de uma cultura nacional sobre o uso do computador na educação foram os projetos EDUCOM, FORMAR e CIEd.

As contribuições do Projeto EDUCOM foram importantes e decisivas para a criação e desenvolvimento de uma cultura nacional de uso de computadores na educação, especialmente voltada para realidade da escola pública brasileira. De acordo com os livros: Projeto EDUCOM (Andrade, P. F.& Albuquerque Lima, M.C.M. 1993) e Projeto EDUCOM: realizações e produtos, que descrevem o processo e as principais realizações dos centros-piloto integrantes do Projeto, confirmou-se a correção da opção governamental em iniciar a informatização da educação brasileira a partir do desenvolvimento da pesquisa e formação de recursos humanos realizados nas universidades.

Apesar dos percalços e problemas surgidos na caminhada dos vários centros - em sua maioria relacionados à incerteza quanto a disponibilidade de recursos, indefinições quanto à política específica de concessão e manutenção de bolsas de estudo, instalações físicas nem sempre adequadas ao trabalho a ser realizado, falta de maior integração inter e intra-institucional - muito foi realizado em termos de pesquisa, formação de recursos humanos, consultoria, produção de software educativos, teses, dissertações, livros, conferências, ensaios e artigos publicados.

De acordo com os relatórios de pesquisas, o EDUCOM produziu num período de 5 anos 4 teses de doutorado, 17 teses de mestrados, 5 livros, 165 artigos publicados, mais de duas centenas de conferências e palestras ministradas, além de vários cursos de extensão, especialização e treinamento de professores. Sistemas de autor e vários software educacionais foram desenvolvidos, dos quais alguns foram os primeiros colocados em concursos nacionais. Assessoramentos técnicos foram prestados às várias secretarias estaduais e municipais de educação, aos comitês assessores de programas ministeriais,

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bem como desenvolvidos programas de cooperação técnica, nacional e internacional, promovidos pela OEA e UNESCO. Para maior conhecimento da amplitude e qualidade do acervo produzido, recomendamos a leitura dos documentos citados no parágrafo anterior, que registram os principais produtos desenvolvidos e que nos redime da necessidade de nos estendermos em maiores detalhamentos. O que queremos salientar é que as principais ações empreendidas pelo Ministério da Educação, nos últimos dez anos, decorreram das contribuições das equipes integrantes dos centros-piloto do Projeto EDUCOM e que ainda continua presente trabalhando na área.

Dentre essas ações, destacam-se o Projeto FORMAR, destinado à capacitação de professores da rede pública; os projetos CIEd e CIET, voltados para a implantação de centros de informática educativa para atendimento às escolas de 1º e 2º graus da rede pública de ensino e às escolas técnicas federais; as jornadas de trabalho para o estabelecimento da política educacional para a área, bem como os concursos anuais de software. Enfim, todas estas atividades somente foram possíveis graças ao conhecimento gerado no berço do Projeto EDUCOM.

Cabe, ainda, esclarecer que a institucionalização do núcleo de pesquisa interdisciplinar em cada universidade que participou do EDUCOM, foi um fato importante para preenchimento de uma lacuna que existia na pesquisa nacional. A medida do sucesso do empreendimento e das pesquisas realizadas pode ser verificada a partir da incorporação de cada centro piloto na universidade hospedeira, transformando-se em núcleo, coordenadoria ou centro, de acordo com as alternativas regimentais de cada instituição universitária, demonstrando, assim, o reconhecimento efetivo da comunidade universitária ao empenho e dedicação de todos aqueles que envidaram esforços para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa.

O Projeto FORMAR, implementado em 1987, foi criado por recomendação do Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação - CAIE/MEC, sob a coordenação do NIED/UNICAMP, e ministrado por pesquisadores e especialistas dos demais centros-piloto integrantes do projeto EDUCOM. Destinava-se, em sua primeira implantação, à formação de profissionais para atuarem nos diversos centros de informática educativa dos sistemas estaduais /municipais de educação. Tratava-se de um curso de especialização de 360 h, planejado de forma modular, ministrado de forma intensiva ao longo de 9 semanas (45 dias úteis), com 8 horas de atividades diárias. Seus conteúdos foram distribuídos em 6 disciplinas, constituídas de aulas teóricas e práticas, seminários e conferências.

A formação de profissionais propiciada por este projeto foi realizada através de três cursos e atingiu cerca de 150 educadores provenientes das secretarias estaduais e municipais de educação, escolas técnicas, profissionais da área de educação especial, bem como professores de universidades interessadas na implantação de outros centros.

Com a escolha do nome Projeto FORMAR, tínhamos em mente marcar uma transição importante em nossa cultura de formação de professores. Ou seja, pretendíamos fazer uma distinção entre os termos formação e treinamento, mostrando que não estávamos preocupados com adestramento, ou em simplesmente adicionar mais uma técnica ao conhecimento que o profissional já tivesse, mas, sobretudo, pretendíamos que o professor refletisse sobre a sua forma de atuar em sala de aula e propiciar-lhe condições de mudanças em sua prática pedagógica, na forma de compreender e conceber o processo ensino-aprendizagem, levando-o a assumir uma nova postura como educador.

Alguns artigos analisando a experiência do FORMAR foram escritos, tanto sob o ponto de vista docente quanto discente, relatando os aspectos positivos e negativos deste

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trabalho. Todos foram unânimes em ponderar que os cursos propiciaram uma visão ampla dos aspectos envolvidos na informática educativa, no que se refere às questões pedagógicas e informáticas, possibilitando a cada participante escolher, dentre as diferentes abordagens apresentadas aquela com a qual tivesse maior afinidade intelectual. O material produzido no curso, as experiências realizadas e, principalmente, o currículo e o conteúdo, segundo Valente, passaram a ser usados como referências para o desenvolvimento de outros cursos de formação no país. Sabemos que a prática desenvolvida e a natural evolução do conhecimento dela decorrente em si, requerem, hoje, modificações em termos de planejamento, metodologias e conteúdos, tendo em vista também a rápida evolução do setor que demanda as adaptações necessárias.

Após a realização do Projeto FORMAR, dezessete CIEd foram implantados, um em cada estado da Federação. A partir de um crescimento gradual cada CIEd podia criar subcentros e laboratórios, alguns nas capitais e outros no interior dos estados. Um CIEd tinha, em média, 15 a 30 microcomputadores por centro. De um centro inicialmente voltado para o atendimento aos alunos, à comunidade em geral e à formação de professores, o CIEd passou, na maioria dos estados, a ser também um núcleo central de coordenação pedagógica das atividades desenvolvidas, a partir da criação de subcentros e laboratórios.

Como estratégia da política ministerial ficou estabelecido que o CIEd deveria ser uma iniciativa do Estado e não do Governo Federal. Ao MEC caberia, além da formação inicial dos professores indicados pelas secretarias de educação, sensibilizar os secretários de educação, destacando a importância da área e informando-lhes do interesse do Ministério da Educação na implantação dos referidos centros, da possibilidade de cessão de equipamentos e recursos para custeio das atividades iniciais, alertando, entretanto, que caberia a cada Estado verificar seus interesses e condições de levar adiante tal empreendimento. A manutenção do CIEd e a formação continuada de professores multiplicadores seriam atribuições do Estado, de acordo com a própria capacidade de gestão de seus recursos humanos, financeiros e materiais.

Sua concepção foi inspirada no modelo pioneiro desenvolvido pelo Centro de Preparação e Iniciação à Ciência da Informática - CEPIC, da Secretaria de Educação e Cultura de Novo Hamburgo, no Rio Grande do SUL, que foi, durante um certo tempo, um campus avançado de pesquisa e extensão do Projeto EDUCOM/LEC/UFRGS. Tendo em vista o momento de implantação dos CIEd, a pouca disponibilidade de recursos humanos, financeiros e materiais, esta foi a forma mais aberta e democrática para o início das atividades no setor, num país com uma demanda muito grande de alunos e professores a serem atendidos. Um laboratório normalmente está localizado dentro de uma escola, tendo suas atividades restritas apenas à clientela de sua unidade escolar, o centro foi concebido para estar aberto à outras escolas e à comunidade em geral. RESULTADOS PARCIAIS

A título de ilustração, apesar das várias dificuldades apresentadas durante todo o desenvolvimento dos projetos de informática na educação, reconhecemos que a estratégia de implantação adotada mostrou-se adequada, tendo em vista a própria capacidade de disseminação e multiplicação dos subcentros e laboratórios por parte de alguns estados e municípios brasileiros. Em Novo Hamburgo/RS, por exemplo, temos hoje, 1 centro e 21 subcentros e laboratórios que vêm atendendo quase toda a população de educação básica

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do município. No Rio Grande do Sul, além do CIEd Central, existem 56 subcentros e laboratórios, além de 414 professores capacitados atuando na área.

Na região Norte, destaca-se o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Estado do Pará, onde 35 escolas públicas, da capital e interior, já desenvolvem atividades de informática na educação, sendo que 436 professores já estão capacitados na área. Deste total, a Secretaria Municipal de Educação de Belém implantou 21 laboratórios nas escolas públicas, que vêm atendendo um total de 6 400 alunos. Os projetos desenvolvidos pelas escolas paraenses visam a melhoria da qualidade do processo de aprendizagem, tendo como objetivo converter a informática num instrumento a serviço da inteligência, do raciocínio e da criatividade dos alunos.

Na região Sudeste, o Estado de Minas Gerais vem desenvolvendo um trabalho significativo, onde o CIEd supervisiona 20 laboratórios de informática educativa instalados em escolas públicas, e somente nestes dois últimos anos foram treinados mais de 300 professores da rede pública estadual, em convênio com o CIES da Universidade Federal de Minas Gerais, gerado no berço do projeto EDUCOM.

Na cidade de São Paulo, existe o projeto Informática Educativa da rede municipal de educação, que iniciou os seus trabalhos em 1987. Em 1989, foi redirecionado em termos pedagógicos, na administração do Prof. Paulo Freire., Hoje, este projeto encontra-se em plena expansão. O setor de Informática Educativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, atende 91 420 alunos, em mais de 200 unidades escolares, tendo cada laboratório em média 20 microcomputadores. Entretanto, em função da qualidade dos trabalhos desenvolvidos, dos resultados pedagógicos obtidos, do interesse de alunos e professores, a referida Secretaria está implantando outros 300 laboratórios em escolas de Educação Básica e mais 100 para educação infantil, prevendo a possibilidade de atendimento a mais de 400 mil alunos da rede municipal de ensino. Até o final de 1997, segundo relato do coordenador do projeto, pretende-se que todas as escolas públicas tenham seu laboratório de informática educativa em funcionamento, o que significa a possibilidade de atendimento a quase 800 mil alunos, o que equivale toda a população da rede municipal de ensino de uma das maiores cidades do planeta.

No Espírito Santo as atividades de informática educativa foram iniciadas em 1989, a partir da implantação de um CIEd na capital, que gradativamente foi coordenando a implantação de mais 13 laboratórios na capital e no interior. Atualmente, o estado possui 90 professores especializados na área, atendendo 9 111 alunos.

Na região Centro-Oeste, destaca-se o trabalho do Distrito Federal e do Estado de Goiás, sendo que neste último as atividades foram iniciadas somente a partir de 1993, mediante a implantação do primeiro CIEd que, em apenas um ano de atividade, coordenou a instalação de mais 16 laboratórios em escolas do interior e da capital e que estão atendendo a 6 150 alunos de educação básica, com 188 professores capacitados. No Distrito Federal foram implantados, nos últimos 10 anos, 1 CIEd e mais 30 laboratórios nas escolas, possuindo 300 professores formados e 30 000 alunos sendo atendidos.

Esses dados demonstram que, apesar das dificuldades que certamente ocasionaram maior lentidão ao processo, muita coisa foi realizada no país. E isto não deve ser ignorado pela comunidade educacional brasileira em função da falta de tradição na realização de levantamentos estatísticos na área. A falta de informações não indica a inexistência de resultados, ou facilidades para pré-julgamentos, ignorando dados, experiências e trabalhos em andamento e conhecimento da realidade nacional.

De um modo geral, este foi o modelo de informatização da educação brasileira proposto pelo Ministério da Educação até 1995. Em sua essência mais profunda, o modelo

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buscava, desde o primeiro momento, a criação de ambientes de aprendizagem, nos quais professores e alunos pudessem experienciar o que é o processo pessoal e coletivo de aprendizagem, usando as novas ferramentas oferecidas pela cultura atual. Seja através da pesquisa, da formação de recursos humanos e criação dos diferentes centros e subcentros, a grande preocupação da comunidade educacional foi a busca de um novo paradigma educacional capaz de sinalizar mudanças mais profundas tanto na arte de ensinar quanto de aprender. ALGUMAS LIÇÕES APRENDIDAS

Como pode ser observado, a década de 80 caracterizou-se pela produção de conhecimento técnico-científico na área, mediante o desenvolvimento de experimentos-piloto em universidades brasileiras e implantação de centros de informática educativa junto aos diversos sistemas de educação do país, o que permitiu a criação de uma sólida base teórica nacional fundamentada na realidade da escola pública brasileira. Esta fase experimental, desenvolvida por mais de 10 anos, gerou a cultura nacional de uso de computadores na educação brasileira, oferecendo as condições necessárias para que a gestão atual do Ministério da Educação promova ações de maior envergadura nesta área. O conhecimento adquirido, a partir dos resultados até então alcançados traduzidos em pesquisas, metodologias, software, sistemas de autoria e outros produtos, é desconhecido por grande parte do publico brasileiro e, principalmente, pela imprensa nacional que continua cobrando, através de seus editoriais, a necessidade de desenvolvimento de uma fase piloto na área.

Cabe ao Ministério da Educação esclarecer à população brasileira que a fase experimental, piloto, já teve uma duração maior do que o necessário e que existem resultados desenvolvidos pelo sistema educacional brasileiro, cujos números não são tão inexpressivos quanto se poderia imaginar, o que nos impõe, neste momento, a conquista de um patamar mais elevado e nos credencia para o desenvolvimento de ações de grande envergadura nesta área.

Mas a história vivida durante mais de uma década de nossa vida profissional exclusivamente dedicada à esta área, nos ensina algumas lições importantes e que valem a pena ser levadas em consideração neste momento. O PASSADO CONTRIBUI PARA A CONSTRUÇÃO DO PRESENTE

Toda construção do passado é que permite a reorganização de uma nova etapa ou estágio de maior desenvolvimento ou complexidade, o que pode ser traduzido, hoje, no lançamento do PROINFO, com metas ambiciosas, avançadas e oportunas e que prevêem a formação de 25 mil professores e o atendimento a 6,5 milhões de alunos, no qual a compra de 100 mil computadores é apenas um requisito necessário para a operacionalização das atividades e não a sua finalidade maior.

Neste momento, acreditamos que é oportuno lembrar que "o futuro evolui a partir do presente (e do passado) e depende das interações que aconteceram e continuam acontecendo." (Doll,1997) Segundo, Piaget a essência do crescimento está na interação com o meio ambiente, com a realidade. Tanto na nova biologia, quanto nas mais diferentes áreas, seja ela educacional ou empresarial, incluindo aqui a construção do próprio conhecimento, o desenvolvimento decorre de uma sucessão ecológica em que o estágio atual prepara e inicia o próximo. O passado contribui parcialmente para o estágio seguinte. Disto,

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podemos inferir que o conhecimento produzido no âmbito do Projeto EDUCOM, permitiu a realização do Projeto FORMAR que, por sua vez, possibilitou a implantação dos vários CIEd, subcentros e laboratórios atualmente existentes no país.

O diálogo entre o construto presente e os problemas da realidade atual é que determinarão o próximo estágio do PROINFO, o estágio emergente, que permitirá a ampliação de suas futuras metas. O tempo, segundo, Prigogine, é irreversível. Conseqüentemente, o passado é irreversível, e por sua vez, direciona a evolução rumo a uma perfeição maior ou a uma complexidade de ordem superior. Para Prigogine (1996) "o tempo e a realidade estão ligados irredutivelmente (...) Negar o tempo, negar o passado, pode ser um consolo ou parecer um triunfo da mente humana, mas é sempre uma negação da realidade".

Os resultados parciais apresentados anteriormente esclarecem a existência de uma cultura nacional de informatização da educação centrada na realidade da escola pública brasileira, e mais - é uma cultura de sucesso. Isto pode ser facilmente observado à partir da análise das propostas de informática na educação apresentadas pelos Estados, que já possuíam centros, subcentros e laboratórios funcionando adequadamente e que apresentaram propostas de qualidade superior, em termos filosóficos, pedagógicos e operacionais, o que, no mínimo, era de se esperar.

As metas ambiciosas do atual PROGRAMA somente estão sendo possíveis graças à cultura existente, gerada em função da competência, criatividade e capacidade de resistência e sobrevivência dos profissionais de nossas universidades e secretarias de educação, que desenvolveram pesquisas, implementaram projetos contextualizados voltados para os interesses e necessidades de nossa comunidade. Ignorar ou desmerecer este fato é um grande equívoco.

Cumpre lembrar que, desde 1976, profissionais brasileiros que trabalham nesta área, vêm mantendo um intensivo programa de cooperação técnica com o exterior, acompanhando os acertos e desacertos de projetos desenvolvidos na França, Canadá, Estados Unidos, Costa Rica, México, Argentina, Chile, Venezuela, Espanha, Grécia; Inglaterra, Rússia, dentre outros. Da mesma forma, especialistas nacionais vêm prestando consultoria e cooperação técnica, apresentando soluções a problemas de projetos internacionalmente reconhecidos, como é o caso de Costa Rica, cujo acompanhamento e formação de professores vêm sendo realizados por pesquisadores brasileiros da Universidade do Rio Grande do Sul. Em 1987, foi prestada cooperação técnica ao Projeto COEEBA da Secretaria de Educação do Governo Mexicano, e nos anos seguintes, aos Ministérios de Educação de Costa Rica, Uruguai, Colômbia, Paraguai e Chile. É importante reconhecer todos os esforços despendidos em cada época e compreender que a evolução ocorre a partir da troca de energia entre os diferentes estágios de desenvolvimento que caracterizam um empreendimento. O RESPEITO À DIVERSIDADE CULTURAL

Outra variável importante para sucesso de atividades na área educacional e que foi uma das tônicas principais de nossos projetos, foi o reconhecimento e o respeito aos valores culturais, sócio-políticos e pedagógicos da realidade nacional, incluindo aqui a representatividade das diversas regiões do país. Os projetos foram contextualizados, desenvolvidos em sintonia com os interesses das comunidades locais e regionais. Desde o início, acreditava-se que sistemas educacionais têm maneiras distintas de organizar um processo de inovação. Um país de dimensões continentais como o Brasil, de grande diversidade regional, cultural e profundas desigualdades sociais, não comporta

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alternativas únicas e modelos idênticos na formulação de políticas e estratégias para o desenvolvimento de projetos inovadores em educação. Apesar do Ministério ter proposto a implantação de um modelo organizacional do tipo centro, no caso o CIEd, para todos os estados da Federação e não propriamente a implantação de laboratórios dentro de cada escola, na realidade, cada Estado ou município é que construía o seu projeto, de acordo com a capacidade operacional das próprias secretarias de educação, em termos de formação de professores, capacidade de atendimento aos alunos, proposta pedagógica e manutenção dos equipamentos.

Portanto, o respeito à autonomia didático-pedagógica dos sistemas educacionais foi sempre uma condição importante para que surgissem soluções diversificadas, flexíveis, capazes de incorporar ajustes e reformulações adaptadas às necessidades dos diferentes segmentos sociais e alunados tão heterogêneos. De certa forma, foi isto que ocorreu com a maioria dos subprojetos integrantes do EDUCOM, onde cada grupo apresentou a sua proposta, tendo como base o elenco de recomendações oferecidas pela comunidade acadêmica e que serviram como referencial para análise e julgamento das propostas. No conjunto dos projetos de pesquisa coexistiram diferentes possibilidades e alternativas de uso/aplicação da informática na educação e que foram sendo redirecionadas em função da evolução dos próprios grupos de trabalho. A gerência nacional do Projeto não impediu o surgimento de diferentes visões, na esperança de que os especialistas pudessem experimentar, comparar, diferenciar e confrontar as diversas concepções. A IMPORTÂNCIA DE UM MODELO CONSTRUCIONISTA CONTEXTUALIZADO*

_____________________________ * termo criado por José Armando Valente/ Prof . da UNICAMP e da PUC/SP.

Como foi gerada a cultura nacional? Primeiro, seu surgimento deve-se, dentre

outras razões, à participação, em momentos oportunos, da comunidade acadêmica-científica nacional na definição de políticas e estratégias a serem adotadas pelo setor. Segundo, a construção de conhecimento baseado na realização de algo concreto, de uma experiência concreta, vinculada à realidade da escola pública, ou seja, ela nasceu no local onde o produto seria utilizado. O fato da construção de um projeto de inovação educacional ter partido da pesquisa integrada à extensão, antes de sua implementação em larga escala, foi de fundamental importância, o que possibilitou, não a importação de modelos, mas sim a construção de um modelo construcionista contextualizado.

Existem, portanto, resultados de pesquisas desenvolvidas no pais por universidades brasileiras e compete ao MEC, neste momento, solicitar esses dados às universidades, às secretarias de educação de Novo Hamburgo, São Paulo, Campinas, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Belém e outras secretarias de educação que desenvolvem trabalhos relevantes na área. Cabe ao Ministério da Educação desenvolver, no país, um levantamento do estado da arte e divulgar amplamente os seus resultados, tanto no âmbito nacional como internacional.

Por que o projeto EDUCOM sobreviveu mesmo sem o aporte de recursos prometidos pelo governo federal? Além da abnegação, competência e dedicação dos pesquisadores nele envolvidos, uma das razões encontra-se no fato do EDUCOM ter sido um projeto de pesquisa aplicada, reivindicado pela comunidade acadêmica, no qual os pesquisadores reconheciam suas próprias contribuições, além de sua implementação estar contextualizada na escola pública. Foi aí que foram geradas as metodologias de trabalho e

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não nos gabinetes ministeriais, permitindo que o projeto sobrevivesse em condições profundamente adversas, em termos financeiros. A comunidade participou de sua concepção, implementação, acompanhamento e avaliação.

Da mesma forma, uma das razões pelas quais o sistema francês de informática na educação apresentou um resultado global decepcionante, envolvendo também a compra de 100 mil computadores para serem distribuídos para todos os liceus franceses, estava no fato das decisões terem sido tomadas em gabinetes ministeriais e, de acordo com P. Lévy (1993) foi "escolhido material de pior qualidade, perpetuamente defeituoso, fracamente interativo, pouco adequado aos usos pedagógicos (...) limitando-se aos rudimentos de um certo estilo de programação, como se fosse este o único uso possível do computador." O autor ainda adverte que, "em vez de conduzir um verdadeiro projeto político, ao mesmo tempo acompanhado e avaliado, um certo ministro quis mostrar imagens de modernização, e não obteve, efetivamente, nada além de imagens".

Uma das grandes lições a aprender é que nada está decidido a priori. Para Lévy (1993), um dirigente precavido sabe que estratégias vitoriosas passam pelos mínimos detalhes técnicos e que são inseparavelmente políticos e culturais, ao mesmo tempo, em que são técnicos. UMA BOA TEORIA NEM SEMPRE GARANTE UMA PRATICA ADEQUADA

Aprendemos também que uma boa teoria, muita vezes, fracassa na prática e que nem sempre o que funciona, na prática, para uns, funciona para outros. Da mesma forma, o que é bom para um país pode não ser adequado para o outro. O mesmo ocore para um estado, região, município, ou mesmo, para uma escola. Daí a importância e necessidade dos projetos serem contextualizados, especialmente no que se refere à capacitação de professores.

Disto decorre que, a análise das experiências desenvolvidas no país e no exterior alertam para o fato de que, qualquer inovação educacional, para ser aceita, necessita ser planejada a partir de interesses, necessidades e aspirações de sua comunidade. Os projetos precisam ser contextualizados, estar em sintonia com os interesses de comunidades regionais e locais, incluindo aqui a proposta pedagógica. O respeito aos valores culturais, sócio-políticos e pedagógicos da realidade é condição "sine qua non" para garantia de sucesso de qualquer empreendimento. O produto de qualquer empresa para ser aceito, precisa responder aos interesses de sua clientela. "SMALL IS BEAUTIFUL"

O reconhecimento por parte do MEC de que as propostas dependem do interesse de cada Estado, em função das condições de formação de suas equipes, da capacidade de manutenção de equipamentos e envolvimento de outras instituições colaboradoras, foi um fator importante nessa parceria. Procurou-se, desta forma, atender a uma das recomendações da comunidade acadêmica no sentido de começar pequeno e crescer gradualmente em função da capacidade operacional de cada secretaria de educação e das possibilidades de capacitação de professores requeridas por esse tipo de trabalho. Vale a pena esclarecer que a expansão dos projetos de informática educativa foi sempre solicitada pelo Estado e não uma imposição do Governo Federal.

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COOPERAÇÃO, DIALOGO E CO-CRIAÇÃO A experiência desenvolvida no país, alerta-nos para a importância do diálogo que

deverá existir entre as três esferas do poder público e a compreensão de que a transição, independente da natureza do empreendimento, seja empresarial ou educacional, requer mudanças de valores, ou melhor uma transformação em nossos valores, em busca de uma melhor compreensão da qualidade dos relacionamentos, já que o novo paradigma, a partir de sua visão sistêmica, exige o funcionamento em rede. Uma rede de relações, uma teia de conexões e interações. Qualquer administrador que tentar permanecer em posições rígidas, pouco flexíveis e dialógicas, dificilmente alcançará o sucesso desejado. Um projeto de inovação tecnológica requer uma mudança essencial na visão de mundo subjacente à toda estrutura educacional envolvida no processo. Por outro lado, não adianta o MEC dialogar ou construir uma proposta em conjunto com as secretarias estaduais de educação, se essas mesmas secretarias não adotam essa mesma postura em relação às secretarias municipais e às escolas.

O modelo científico da atualidade lembra que qualquer construção é sempre coletiva, que nossa evolução é e será sempre coletiva, em todos os níveis áreas, destacando a importância de se adotar novos conceitos e princípios de administração voltados para a cooperação, a solidariedade, o respeito e a atenção entre os parceiros alinhados em torno de uma visão comum e de objetivos compartilhados.

A mudança de valores implica em abertura, diálogo, flexibilidade, horizontalidade nos processos, consciência de qualidade, orientação voltada para o atendimento aos interesses do aluno, além do reconhecimento da dimensão estratégica do tempo, reforçando a importância do reconhecimento do momento em que as oportunidades acontecem.

Independente do porte ou dimensão de qualquer projeto educacional, para que haja garantia de sucesso, Ministério da Educação, universidades, secretarias, escolas e comunidades de pais e professores devem ser vistos como parceiros, co-autores, co-criadores do processo. Todas essas organizações existem para oferecer à sociedade os serviços educacionais que elas necessitam, mas um serviço de qualidade. A parceria implica em que as decisões devam ser tomadas em consenso, mediante uma comunicação aberta e franca, onde todos somos aprendizes de algo que não conhecemos.

A imagem autoritária do líder como "chefe que dá ordens" é simplista e inadequada ao momento presente. Está fora do paradigma atual, é velha e arcaica. A liderança está entrelaçada à formação de cultura. Daí a importância de reconhecermos a cultura existente em qualquer organização, dar forma à sua evolução como condição essencial para que a liderança ocorra. Novos papéis de liderança exigem novas habilidades de lideranças para a construção de uma visão de totalidade, o que também requer o reconhecimento de que tudo está em movimento, em processo, algo que não tem fim. O compromisso com o sucesso do empreendimento não pode ocorrer somente entre alguns níveis de uma organização, mas deve envolver todos os participantes nos mais diferentes níveis, desde dirigentes ministeriais, estaduais e municipais, equipes técnicas, professores, até alunos e comunidades de pais. SEM VONTADE E DECISÃO POLÍTICA AS COISAS NÃO ACONTECEM

Uma das lições duramente aprendidas, embora possa parecer óbvia para muitos, é que não adianta termos um belo planejamento no papel, modelos sistêmicos bem elaborados, belas teorias fundamentando o projeto, rubrica orçamentária disponibilizando recursos, pois as mudanças e transformações dependem também de um campo individual e não-material de energia viva, como nos alerta o bioquímico Rupert Shaldracke. Palavras

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e números no papel são componentes materiais, enquanto idealismo, vontade, decisões e compromissos políticos, envolvem aspectos imateriais, algo que está no indivíduo e são estas coisas que movimentam o mundo, que o leva adiante, que coloca as energias necessárias em movimento para que as mudanças ocorram. Se o dirigente tem visão míope, é descompromissado com a comunidade, ou sem visão estratégica em relação à direção em que o mundo se movimenta, não adianta ter recursos financeiros disponíveis, pois fatalmente serão desviados para outras atividades mais condizentes com o seu grau de miopia e interesses pessoais. Por outro lado, não adianta ter vontade política sem poder de decisão sobre a alocação de recursos. Uma coisa depende da outra.

Foi o que observamos também no acompanhamento de todo este processo, pois apesar de existir uma política de informatização da educação brasileira concebida sistemicamente, preocupada com questões relacionadas à contextualização dos projetos e atividades, prevendo conexões e possibilidades de integração entre os vários subsistemas, envolvendo ações de cooperação técnica e o reconhecimento internacional, na prática, tudo isto não garantiu uma adequada operacionalização do Programa. O mesmo ocorreu após a conquista de uma rubrica no orçamento da União, que ficou à disposição dos interesses de novos dirigentes, na maioria das vezes insensíveis à questão, nem sempre preocupados com a educação. Se muita coisa deixou a desejar nesta área, deve-se, sobretudo ao descompromisso e visão míope de alguns dirigentes ministeriais, além de interesses velados de empresas nacionais e estrangeiras procurando desestabilizar o desenvolvimento da pesquisa nacional e a operacionalização das ações em andamento, em função de interesses mercadológicos. A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO É ENDÓGENA AO SISTEMA

Ao optar pelo investimento em pesquisa, buscou-se construir um processo de mudança mediante o desenvolvimento de um progresso lógico que fosse da descoberta de um modelo à sua utilização. Um modelo que integrasse teoria e prática, possibilitando processos de descoberta, elaboração, produção e difusão do conhecimento gerado. Partiu-se do pressuposto de que a universidade deveria postar-se diante dos fatos, puxar a história, construir conhecimentos próprios adequados à nossa realidade, que ajudassem a planejar e avaliar as chances de sucesso em relação à entrada de computadores na escola pública brasileira. Acreditava-se que a universidade deveria estabelecer o primeiro diálogo crítico e criativo com a nossa escola, elaborar um modelo próprio com propostas de intervenção baseadas em processos emancipatórios, de acordo com a realidade nacional. E foi isto que aconteceu. Diferentes modelos foram construídos, implementados e testados em várias secretarias de educação, universidades e escolas técnicas federais, e que, além de sobreviverem, também se multiplicaram, independentes da ausência de aportes técnicos e financeiros por parte do Ministério da Educação, que durante grande parte do tempo, após sua implantação, ausentou-se do processo.

E mesmo assim, os centros sobreviveram e foram se multiplicando. Novos professores foram sendo formados e engajando-se no processo. As secretarias foram aumentando, ou mesmo, dobrando anualmente sua capacidade de atendimento, como o que ocorreu nas secretarias de educação das prefeituras municipais de Belém do Pará e São Paulo. Tal fato denota uma grande mudança por parte dos órgãos responsáveis pela política governamental, se compararmos com a forma de operacionalização dos programas de teleducação, desenvolvidos até 1985 e financiados pelo Ministério da

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Educação, cujos telepostos eram imediatamente fechados na ausência dos recursos federais.

O que se observa é que, nos projetos de informática na educação, a inovação não originou nos gabinetes governamentais, não teve origem externa, mas sim interna ao sistema. Cada estado, município ou escola é que elaborava a sua proposta. A motivação era endógena ao sistema educacional, pois partia de suas necessidades e interesses. E qual foi o resultado desta nova postura de planejamento educacional?

A demanda aumentou e o número de pedidos para implantação de centros e laboratórios recebidos pelo MEC, era absolutamente maior do que as próprias agências financiadoras haviam previsto. Foi o próprio Governo Federal que não teve condições de honrar os compromissos assumidos, em função da falta de recursos financeiros e de várias mudanças de ministros ocorridas no período, oito em dez anos, com conseqüente alterações de prioridades. A TRAVESSIA DE FRONTEIRAS EXTERNAS PERMITE MAIOR VISIBILIDADE INTERNA

Outro aspecto relevante e que muito colaborou para a sobrevivência do PRONINFE foi o apoio técnico e financeiro e o reconhecimento por parte de organismos internacionais, no caso a Organização dos Estados Americanos - OEA, com a qual o Programa manteve, durante vários anos, projetos de cooperação técnica internacional. O lançamento de tentáculos para além da comunidade nacional foi muito importante para o Programa, permitindo, às vezes, aumentar a arrecadação interna de recursos para a área, além de dar cumprimento aos acordos de cooperação técnica firmados com outros países. Tal aspecto, por incrível que pareça, embora tenha proporcionado maior visibilidade externa, aumentou sensivelmente o reconhecimento interno ao Programa, em momentos significativos de mudança ministerial, permitindo maior divulgação dos trabalhos dentro do próprio Ministério, em função de compromissos internacionais assumidos.

Outro fator importante para a sobrevivência do Programa foi a articulação com outros órgãos setoriais de política científica e tecnológica, possibilitando, assim, novas fontes de financiamentos a projetos de pesquisa e capacitação de recursos humanos. A integração com a SEI e o CNPq foi de fundamental importância para a sobrevivência das atividades de pesquisa na área, o que evitou, em certas épocas, a paralisação total dos financiamentos, já que outros programas intersetoriais como o RHAE, do Ministério de Ciência e de Tecnologia, destinou recursos financeiros para o desenvolvimento de pesquisas e formação de recursos humanos e reconheceu a validade do PRONINFE, a partir da inclusão dos seus objetivos e metas no PLANIN.

Apesar das dificuldades que sempre estiveram presentes na operacionaliação deste Programa, na realidade, essas estratégias foram ajudando as universidades e secretarias de educação a encontrarem novas formas de sobrevivência, mantendo a esperança acesa e esperando a chegada de "melhores ventos". CONCLUSÃO

É importante destacar que decorridos mais de quinze anos do início de sua história, a informática educativa brasileira reflete, hoje, um estágio de consistência alcançado pelas atividades que nela se desenvolvem. Parte dos resultados obtidos, sem dúvida, devem ser creditados às pesquisas desenvolvidas no âmbito do Projeto EDUCOM, cujos fatos que o

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circunstanciaram se confundem com a formação histórica da Informática na Educação desenvolvida no Brasil, considerando que em torno dele gravitaram os fatos mais importantes. Outra parte deve-se ao trabalho, esforço e dedicação dos técnicos das várias secretarias de educação que duramente se dedicaram à implantação dessa tarefa junto ao professorado da escola pública.

Hoje, após a institucionalização dos vários centros-piloto do Projeto EDUCOM, reconhecendo o papel relevante que desempenhou na capacitação de recursos humanos na área, compreendemos sua importância para a criação de uma cultura nacional, possibilitando a liderança do processo de informatização da educação brasileira centrada na realidade da escola pública. E desta forma, ele plantou as primeiras sementes - cuja simbologia de profundo recolhimento explica sempre o novo começo - dando origem às ações que hoje integram a atual política de informatização da educação brasileira. O poder de reconhecer as boas sementes é uma faculdade superior.

Levando em consideração as condições da realidade brasileira no início da década de 80, traduzidas pela ausência de conhecimento técnico-científico na área, capazes de subsidiar políticas e estratégias a serem adotadas, três aspectos foram fundamentais para o desenvolvimento da Informática Educativa no Brasil. Primeiro, a participação da comunidade acadêmica-científica nacional na definição de políticas e estratégias adotadas pelo setor. Segundo, a opção de iniciar a construção de modelos de informatização da educação partindo do desenvolvimento de pesquisa aplicada, e não promovendo tentativas de implantação direta de projetos pelas secretarias estaduais de educação, como, inicialmente, também havia sido cogitado. Terceiro, o assessoramento prestado ao Ministério de Educação por um Comitê Assessor de alto nível, com especialistas brasileiros de renome nacional e internacional e que muito colaboraram para análise, discussões e proposições de políticas e estratégias para o setor.

Estes fatores foram fundamentais para garantia da qualidade do trabalho desenvolvido no país, bem como do apoio da comunidade nacional em momento importantes do desenvolvimento de todo o processo. Todos estes aspectos repercutiram muito seriamente no desenrolar das ações posteriores. Se mais não foi realizado, não foi, com certeza, por incompetência técnica, mas sim, por falta de interesse e visão por parte de alguns dirigentes do próprio Ministério da Educação, associado à tentativas de interferências na paralisação da pesquisa por parte de grupos interessados na abertura antecipada do mercado educacional de software e equipamentos, que se comparado com outros mercados mundiais, percebe-se claramente que o mercado brasileiro é extremamente significativo.

Acreditamos que a verdade deva estar presente em todas as nossas atitudes e guiar os nossos passos. Este relato representa o nosso compromisso com a história, com a verdade, pois é verdade que torna a obra duradoura.

O importante, neste momento, é reconhecer estamos transitando em direção a uma nova etapa do processo de informatização da educação brasileira. Estamos vivendo um outro momento histórico, uma situação absolutamente inédita no país. Depois do período pioneiro de 1981-1985, da visão ampla do secretário-geral da época e de sua equipe de assessores, que reconheceram a importância desta área para o desenvolvimento nacional e decidiram por sua implementação, é a primeira vez que o Ministério da Educação adota uma postura corajosa e ambiciosa, sem precedentes na história brasileira, no sentido de ampliar significativamente os investimentos nesta área, acreditando ser este o passaporte para a modernidade, reconhecendo que o mundo mudou, que o conhecimento gera capital, que este expande o conhecimento e produz o desenvolvimento.

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Depois de mais de dez anos, é a primeira vez que se compreende a importância dos recursos da informática e das telecomunicações como facilitadores da transição entre a era materialista - centrada no capital, no acúmulo de bens materiais - e a sociedade do conhecimento. É a primeira vez que, em termos de política ministerial, na prática se reconhece que o computador poderá melhorar a qualidade da educação, e ao mesmo tempo preparar o indivíduo para o exercício da cidadania, para que ele não se sinta um estranho no mundo, embora cada dia mais ele venha se sentindo um estranho na escola. Desenvolvimento, hoje, implica em aprendizagem, em informações disponíveis e conhecimento construído e distribuído por uma significativa parcela da população.

A consciência da relevância deste momento para o desenvolvimento da educação nacional é de fundamental importância, o que requer o engajamento e a contribuição de todos que trabalham na área, que participam da construção de sua história e acreditam, com fé e esperança, na possibilidade de um amanhã numa perspectiva moderna e própria de desenvolvimento, capaz de oferecer uma educação mais adequada aos dias atuais, permitindo o manejo e a produção de conhecimento, para que possamos ser contemporâneos do futuro, construtores da ciência e participantes da reconstrução do mundo.

Lembrando o mestre Prigogine (1996): "O tempo é construção (....) Não podemos ter esperanças de predizer o futuro, mas podemos influir nele(...) Há pessoas que temem utopias, eu temo a falta de utopias". BIBLIOGRAFIA

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