Click here to load reader
View
22
Download
1
Embed Size (px)
UNIVERSIDADE JOSE DO ROSA RIO VELLANO CURSO DE DIREITO CAMPUS LI BANO (BH)
UNIFENAS
MATERIAL DE APOIO:
PROCESSO PENAL III
Professora Mary Mansoldo
Belo Horizonte MG
2014
MATERIAL DE APOIO: PROCESSO PENAL III Professora Mary Mansoldo - 2014
SUMRIO
1 PROCESSO E PROCEDIMENTO 3
1.1 TIPOS DE PROCEDIMENTOS 3
2 PROCEDIMENTO COMUM ORDINRIO 4
2.1 CONDIES DA AO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 5
2.2 CITAO DO RU 8
2.2.1 FORMAS DE CITAO 9
2.3 RESPOSTA ACUSAO 12
2.4 ABSOLVIO SUMRIA 14
2.5 AUDINCIA DE INSTRUO E JULGAMENTO 15
3 PROCEDIMENTO COMUM SUMRIO 22
3.1 PROCEDIMENTO SUMRIO - ARTS. 531 A 540 22
4 PROCEDIMENTO COMUM SUMARSSIMO 26
4.1 DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS 26
4.2 PROCEDIMENTO SUMARSSIMO 34
5 PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JRI 38
5.1 A ORIGEM DO TRIBUNAL POPULAR 38
5.2 O TRIBUNAL DO JRI NO BRASIL 40
5.3 PRINCPIOS BSICOS DO TRIBUNAL DO JRI 42
5.4 PROCEDIMENTOS DO TRIBUNAL DO JRI 44
5.4.1 PRIMEIRA FASE 45
5.4.2 SEGUNDA FASE 48
BIBLIOGRAFIA E REFERNCIAS LEGISLATIVAS 54
3
1 PROCESSO E PROCEDIMENTO
Processo: o instrumento pelo qual se manifesta a jurisdio, tendo sempre a finalidade de
alcanar um provimento final, que solucionar a controvrsia e cumprir os objetivos de
concretizao do Direito e pacificao social.
Observaes sobre jurisdio (CF art. 5, LIII):
atividade e expresso do Poder Pblico.
a jurisdio una, no sentido de se tratar de interveno do Estado junto aos
jurisdicionados;
todos os atos e decises judiciais proferidos pelos rgos investidos de jurisdio
configuram a manifestao do poder estatal jurisdicional;
o processo penal um instrumento da jurisdio que viabiliza a aplicao da lei penal.
A titularidade da pretenso punitiva reservada ao prprio Estado, via Ministrio
Pblico (excees ao penal privada e ao penal subsidiria da pblica).
Procedimento: rito processual. Mera sequncia de atos processuais, ordenadamente
encadeados, vistos da perspectiva externa, sem qualquer preocupao com o seu destino
(PACELLI, 2011, p. 657).
Concluindo:
o processo entendido como o contedo e o procedimento como sua embalagem;
ao procedimento reservado o papel de operacionalizao. a exteriorizao do
processo, que varivel em funo da natureza e a gravidade da infrao penal;
o processo pode ser considerado um gnero e os diversos e diferentes
procedimentos as espcies.
1.1 Tipos de procedimentos
O procedimento comum, previsto no CPP, ser aplicado de modo residual, ou seja, sempre que
no houver nenhum procedimento especial previsto no CPP ou lei extravagante.
O procedimento especial todo aquele previsto, tanto no CPP quanto em leis extravagantes, para
hipteses legais especficas, que, pela natureza ou gravidade, merecem diversa tramitao
processual. utilizado para determinados tipos penais:
4
crimes dolosos contra a vida (procedimento do Tribunal do Jri);
crimes contra a honra;
crimes praticados pelo funcionalismo pblico;
crimes falimentares;
crimes contra a Propriedade Imaterial.
2 PROCEDIMENTO COMUM ORDINRIO
A Lei 11.719/08 fez alteraes relevantes no CPP. Vejamos alguns apontamentos iniciais:
a) critrio de determinao de ritos. Ou seja, a partir da nova lei o rito definido pela pena
mxima do crime (art. 394, 1).
b) defesa escrita. Em todos os procedimentos, comuns e especiais, ressalvados o procedimento
do Jri e o dos juizados especiais, haver resposta escrita da defesa, aps a citao do ru. O
ru ter o prazo de 10 dias para apresentar a defesa escrita (art. 396).
c) audincia una. Os atos instrutrios so concentrados em apenas uma audincia, na qual
tambm ser proferida a sentena, salvo quando houver a necessidade probatria complexa que
demande exame mais cuidadoso, quando, ento, ser permitida a apresentao de memoriais
pelas partes e se fixar novo prazo para a sentena (art. 403, 3).
O procedimento comum pode ser dividido em trs, a depender da quantidade da pena cominada
em abstrato para o delito (art. 394, 1):
ordinrio aplicvel para os crimes com pena mxima igual ou superior a 04 anos.
sumrio aplicvel para os crimes com pena mxima inferior a 04 anos.
sumarssimo aplicvel para os crimes de menor potencial ofensivo da Lei 9.099/95 (pena
mxima no superior a 02 anos) ou contravenes penais.
O procedimento comum ordinrio o rito padro utilizado no Processo Penal. Possui as
seguintes fases:
a. Oferecimento da denncia ou queixa. Recebimento ou rejeio pelo juiz;
b. Citao do ru;
c. Resposta acusao;
d. Absolvio sumria (art. 397);
e. Audincia de instruo e julgamento.
5
2.1 Condies da ao e pressupostos processuais
a) Petio inepta
CPP - Art. 41. A denncia ou queixa conter a exposio do fato criminoso, com todas as suas
circunstncias, a qualificao do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identific-lo, a
classificao do crime e, quando necessrio, o rol das testemunhas. Porm, observa-se que,
conforme o artigo 569 do CPP: As omisses da denncia ou da queixa, da representao, ou,
nos processos das contravenes penais, da portaria ou do auto de priso em flagrante, podero
ser supridas a todo o tempo, antes da sentena final. Mas, de qualquer forma, pode o juiz rejeitar
a denncia ou a queixa, quando no houver possibilidade da questo ser suprida.
c) Condies da ao
As condies da ao foram apresentadas pelo terico Enrico Tlio Liebman processualista
italiano. Distinguem o direito de petio (constitucionalmente assegurado aos cidados) e o direito
de ao (abstratamente assegurado a todos).
Interesse de agir interesse/ utilidade
EXEMPLO: quando no inqurito policial for verificada a impossibilidade ftica de imposio, ou
seja, que no final do processo a pena no atingiria o mnimo legal, possvel, desde logo,
concluir pela inviabilidade da ao penal a ser proposta, assim, sendo intil a atividade
processual portanto, no sendo atendido o elemento da condio de ao interesse de agir.
Obs. Trata-se de um entendimento diverso do Processo Civil onde a via jurisdicional, para ser
acionada, exigiria o esgotamento prvio e anterior de todas as possibilidades possveis de
autocomposio.
Legitimidade
Legitimidade ativa - A titularidade da pretenso punitiva reservada ao prprio Estado, via
Ministrio Pblico (excees ao penal privada e ao penal subsidiria da pblica). Assim,
imposta ao Processo Penal a exigncia de legitimidade ativa para a promoo e o
desenvolvimento de atividade persecutria (com exceo do habeas corpus e da reviso
criminal).
6
Mas, existem atribuies ao parquet conforme a matria, ou seja:
instaurao de ao penal perante a justia federal Ministrio Pblico federal;
propositura de ao perante a justia estadual promotor de justia.
Legitimidade passiva, por sua vez, trata-se da pessoa a quem se imputa a prtica do
comportamento ilcito-tpico, sujeito imposio de uma pena.
Possibilidade jurdica do pedido
Exemplos: pedido de pena de morte ao acusado (ou seja, ausncia da previsibilidade da
providncia requerida); a denncia ou queixa que atribua ao denunciado a prtica de um crime de
furto, mas que descreva a subtrao, pelo denunciado, de coisa prpria, que no estava em
poder legtimo de terceiro, por estar fundada em fato atpico, merece ser rejeitada por ausncia
de possibilidade jurdica; de igual forma, a imputao fundada em legislao revogada por
exemplo, o crime de adultrio -, ou que no se encontrava em vigor quando da prtica da
conduta, se afigura impossvel de tutela penal.
Falta de justa causa
Compreendida pelos tericos (antes mesmo da incluso feita pela Lei n. 11.719/08) como a
quarta condio da ao. Ou, tambm, como legtimo interesse ou seja, interesse de agir.
Tambm a jurisprudncia j vinha admitindo a justa causa como condio da ao. A justa causa
representada por um lastro mnimo de prova que justifique a viabilidade da pretenso punitiva.
Condies de procedibilidade - Condies especficas do processo penal (para casos de crimes
especficos). Exemplos de condies de procedibilidade:
a entrada do agente no territrio nacional no caso de crime praticado no exterior (art. 7,
2, "a" do CP);
a requisio do Ministro da Justia nos crimes contra a honra previstos no Cdigo Penal
contra o Presidente da Repblica, ou contra chefe de governo estrangeiro (art. 145,
pargrafo nico, do CP);
a representao do ofendido em determinados crimes (arts. 130, 140, c.c. 141, II, 147, 151
etc., do CP);
o trnsito em julgado da sentena que anula o casamento, no crime definido no artigo 236
etc.
7
c) Pressupostos processuais
Enquanto as condies da ao referem-se ao exerccio da ao penal (direito de exigir o
pronunciamento jurisdicional no campo penal so condies que se referem ao direito material),
e que, inexistentes, levam carncia do direito da ao, existem outras condies, denominadas
de pressupostos processuais, que dizem respeito existncia do processo e validade da
relao processual.
A teoria dos pressupostos processuais nasceu com o reconhecimento do processo como relao
jurdica (Oskar Von Blow), autnoma da relao de direito material. I