11
Material de apoio de FARMACOTÉCNICA PÓS MEDICAMENTOSOS MICROMERÍTICA 1 Definição: ciência que estuda o as partículas; abrangendo várias características como forma, tamanho (principalmente), distribuição das partículas, ângulo de repouso, porosidade, volume real, massa de volume, densidade aparente e massa. Partículas : qualquer unidade de matéria com dimensões físicas definidas. 2 TAMANHO DAS PARTÍCULAS: As técnicas mais utilizadas são: a) Método de microscópio : pode incluir a contagem de, no mínimo, 200 partículas num único plano, com uma ocular calibrada do microscópio. b) Tamisação : utilizase um conjunto de tamises, empilhados em ordem, nos tamanhos desejados e o pó é colocado em cima desta pilha, posteriormente, agitada e a quantidade de pó retida em cada tamis é pesada . Exemplo: Tamis N. Abertura média (mm) Peso retido (g) % retida % retida X Abertura média 20/40 0,630 15,5 14,3 9,009 40/60 0,335 25,8 23,7 7,939 60/80 0,214 48,3 44,4 9,502 80/100 0,163 15,6 14,3 2,330 100/120 0,137 3,5 3,3 0,452 c) Outros métodos : “Pipeta de Andreasen”, decantação, centrifugação, permeação, adsorção, zona elétrica sensível (Coulter Counter) e obstrução luminosa. 3 ÂNGULO DE REPOUSO: Técnica que estima a capacidade de fluxo de um pó. Determinase, experimentalmente, fazendose com que o pó flua por um funil e caia, livremente, sobre uma superfície. A altura (h) e o diâmetro do cone (r/2) resultante são medidos e o ângulo de repouso (q) pode ser calculado por: tanq = h/r . 4 POROSIDADE, VÁCUO E VOLUME APARENTE: As partículas de um pó tendem a se aglomerar e sua forma influencia no tipo de aglomeração que sofrerão. Quando isto ocorre, recebem o nome de grânulos. Por exemplo, se forem partículas esféricas sofrerão uma aglomeração mais coesa, formando, entre elas (vácuo = espaço entre as partículas), ângulos de 60 e 120, que são comuns. Este vácuo constituído resulta em porosidade do pó. Além disso, se as partículas não forem uniformes, as áreas de vácuo constituído serão menores; o que influenciará no tamanho do recipiente ao qual o pó será acondicionado, no fluxo de granulados, na eficácia das máquinas de enchimento durante os processos de preparação de comprimidos.

Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Farmacotécnica - material de apoio

Citation preview

Page 1: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

Material de apoio de FARMACOTÉCNICA

PÓS MEDICAMENTOSOS

MICROMERÍTICA

1­ Definição: ciência que estuda o as partículas; abrangendo várias características como forma, tamanho (principalmente), distribuição das partículas, ângulo de repouso, porosidade, volume real, massa de volume, densidade aparente e massa. Partículas: qualquer unidade de matéria com dimensões físicas definidas.

2­ TAMANHO DAS PARTÍCULAS: As técnicas mais utilizadas são:

a) Método de microscópio : pode incluir a contagem de, no mínimo, 200 partículas num único plano, com uma ocular calibrada do microscópio.

b) Tamisação: utiliza­se um conjunto de tamises, empilhados em ordem, nos tamanhos desejados e o pó é colocado em cima desta pilha, posteriormente, agitada e a quantidade de pó retida em cada tamis é pesada . Exemplo:

Tamis N.°

Abertura média (mm)

Peso retido (g) % retida % retida X Abertura média

20/40 0,630 15,5 14,3 9,009 40/60 0,335 25,8 23,7 7,939 60/80 0,214 48,3 44,4 9,502 80/100 0,163 15,6 14,3 2,330 100/120 0,137 3,5 3,3 0,452

c) Outros métodos: “Pipeta de Andreasen”, decantação, centrifugação, permeação, adsorção, zona elétrica sensível (Coulter Counter) e obstrução luminosa.

3­ ÂNGULO DE REPOUSO: Técnica que estima a capacidade de fluxo de um pó. Determina­se, experimentalmente, fazendo­se com que o pó flua por um funil e caia, livremente, sobre uma superfície. A altura (h) e o diâmetro do cone (r/2) resultante são medidos e o ângulo de repouso (θ) pode ser calculado por: tanθ = h/r .

4­ POROSIDADE, VÁCUO E VOLUME APARENTE: As partículas de um pó tendem a se aglomerar e sua forma influencia no tipo de

aglomeração que sofrerão. Quando isto ocorre, recebem o nome de grânulos. Por exemplo, se forem partículas esféricas sofrerão uma aglomeração mais coesa, formando, entre elas (vácuo = espaço entre as partículas), ângulos de 60° e 120°, que são comuns. Este vácuo constituído resulta em porosidade do pó.

Além disso, se as partículas não forem uniformes, as áreas de vácuo constituído serão menores; o que influenciará no tamanho do recipiente ao qual o pó será acondicionado, no fluxo de granulados, na eficácia das máquinas de enchimento durante os processos de preparação de comprimidos.

Page 2: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

Este é um dos principais fatores de se trabalhar com partículas fisicamente definidas, essencialmente na questão tamanho. Porosidade: Inicialmente, obtém­se, experimentalmente, o volume ocupado por um determinado peso de pó (Volume aparente). O espaço ocupado por um pó, excluindo­se os espaços maiores que o intramolecular, é denominado de Volume real. Assim:

Vácuo = Vaparente ­ V Porosidade = Vaparente – V X 100 Vaparente Vaparente

Vaparente = Volume real + Porosidade

5­ UMIDADE: Geralmente a umidade dos pós medicamentosos é menor que 8%. Quando estiver acima desse valor, deve­se proceder a secagem do mesmo, por:

­ secagem a 10 ­ 105°C, até peso constante; ­ arrastar a umidade através de vapor de tolueno ou xilol; ­ usar o Método de KARL – FIECHES : reação entre a água e uma solução de iodo

e anidrido sulfuroso em piridina e metanol. (término se vê pela mudança de cor amarelo para âmbar);

­ balança com lâmpada infravermelha.

6­ DENSIDADE APARENTE, DENSIDADE REAL E MASSA: Densidade aparente = Peso da amostra

Vaparente

Densidade real = Peso da amostra V

Massa (M) = 1/ densidade aparente

OBS.: os pós com baixa densidade aparente e grande volume aparente são considerados “leves”. E os pós com alta densidade aparente e pequeno volume aparente são considerados “pesados”.

REGRAS PARA A PREPARAÇÃO DE PÓS COMPOSTOS

1. Cada componente do pó composto deve ser pulverizado separadamente.

2. Os pós simples constituintes da fórmula devem apresentar a mesma tenuidade; no entanto, certas drogas apresentam uma densidade muito mais elevada que a dos componentes restantes do pó composto, sendo aconselhável, nestes casos, pulverizá­ las mais finamente, para evitar a diferença de densidades, o que poderia causar estratificação.

3. As substâncias moles, como as gomas e as resinas, devem ser pulverizadas por Intermédio. Os pós devem ser misturados, sucessivamente, principiando­se pelos que ocupem menor volume. Do mesmo modo, deve­se recorrer ao uso de Intermédios, quando for difícil homogeneizar 2 ou mais componentes da fórmula.

Page 3: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

4. Quando um pó composto contém: essências, tinturas, extratos fluidos ou outras substâncias voláteis; devem ser usados os pós mais adsorventes na mistura para fixar essas substâncias. Às vezes, é necessário que se inclua compostos não indicados na fórmula, para esse fim (ex.: fosfato de cálcio, carbonato de cálcio, caulim, etc.).

5. Na mistura de 2 pós que entrem numa fórmula em quantidade muito desiguais, deve­ se triturar, primeiramente, a droga que está em menor quantidade com igual quantidade do pó diluente. A operação se repete, adicionando­se à mistura, de cada vez, um volume do pó diluente aproximadamente igual ao volume que a mistura já ocupa, até que todo o diluente seja consumido. A este processo, dá­se o nome de Método da diluição geométrica, o qual deve ser também empregado na obtenção de pós compostos constituídos por vários componentes.

6. Se, num pó composto, existirem princípios muito ativos, estes devem ser corados antes de serem diluídos nos pós restantes, para assegurar, por simples observação visual, a sua perfeita homogeneidade de distribuição. Habitualmente, utiliza­se o corante na forma de pó, na quantidade de 0,1 a 0,25% para pós brancos. Quando se utiliza o corante em solução, deve­se escolher um solvente não reativo e facilmente vaporizável.

7. Se a quantidade de princípio ativo for da ordem de mg, em geral difícil de se pesar com exatidão, devem ser utilizadas diluições do princípio ativo em pós inertes (lactose, amido, manitol, etc.).

8. Se dois ou mais constituintes de uma mistura de pós reagirem entre si, em presença de umidade, deverá executar­se, separadamente, a pulverização de cada substância, secar os pós obtidos (40 ­ 50°C) e, só depois, proceder­se à sua mistura.

9. Quando, num pó composto, houver substâncias que formem misturas eutéticas, devem ser adicionados, à fórmula, compostos absorventes (carbonato de cálcio, fosfato tricálcico, lactose, carbonato e óxido de magnésio, pó de alcaçuz, sulfato de sódio anidro, etc.).

10. Se uma mistura de pós contiver extratos moles ou substâncias pastosas, estas deverão ser incorporadas em compostos absorventes, a fim de se fixar a sua umidade.

11. No caso de misturas explosivas, as substâncias devem ser pulverizadas separadamente e misturadas, com cuidado, num gral ou sobre uma folha de papel, usando­se, para isso, uma espátula de osso. A mistura deverá ser tamisada através de musseline ou gaze.

12. Para o caso de substâncias dificilmente miscíveis entre si, deve­se utilizar um Intermédio (álcool ou éter), que depois se evaporará.

13. No caso de misturas de pós irritantes ou tóxicos, deve­se trabalhar, utilizando­se máscara protetora para os olhos e vias respiratórias. A operação deverá ser conduzida, preferencialmente, em almofariz tampado.

Page 4: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

SOLUÇÕES: Principais solventes utilizados

­ Requisitos de um solvente para uso farmacêutico • ser atóxico; • não ser irritante das mucosas; • fisiologicamente inertes; • ser compatível com os componentes da formulação.

1­ ÁGUA: ­ é o solvente mais utilizado: dissolve inúmeras substâncias, é constituinte dos tecidos. ­ alta constante dielétrica (80,4): dissolve compostos polares (ácidos e bases minerais, sais),

compostos orgânicos semi­polares com radicais hidrófilos (­OH, ­CHO, ­CHOH, ­CH2OH, ­ COOH, ­NO2, ­NH2 e –SO3H).

­ é miscível com vários compostos: possibilidade de associações de solventes (soluções hidroalcoólicas, hidroglicerinadas e hidrogliceroalcoólicas).

­ É essencial a todos os seres vivos: pode­se contaminar com fungos, bactérias, etc. (eventualmente, deve­se adicionar substâncias antimicrobianas).

­ Favorece hidrólises e oxidações (O2, metais pesados) de P.A. (procaína, sulfamidas, barbitúricos, aspirina, penicilinas, etc). Oxidação: adrenalina, estreptomicina, vit. A, morfina, etc.

­ Água potável: líquido límpido e perfeitamente transparente, sem odor. ­ sabor: sem características tais como: salgado (Cl ­ ), adocicado, adstringente (Fe ++ ), amargo (Mg ++ ). O sabor deve ser fresco e agradável. Características normais da água potável: a) fresca, límpida, incolor, inodora e agradável ao paladar; b) arejada (O2 dissolvido em quantidade maior que no ar atmosférico); c) isenta de NH3, NO2

­ , S ­ 2 ­ ; d) isenta de matéria orgânica; e) cloro até 0,5ppm; f) sais minerais abaixo de 300ppm; g) isenta de microorganismos (principalmente coliformes fecais: Shigella e/ou Salmonella).

­ Água purificada: ­ Água destilada: líquido incolor, límpido, inodoro e insípido, preparada pela destilação da

água potável. Sólidos totais abaixo de 0,001%, reações negativas a Cl ­ , SO4 ­­ , NH3, CO2,

Ca, metais pesados. Conservação: em frascos fechados de boa qualidade, ao abrigo do ar (dissolução de O2 e CO2 abaixa o pH; microorganismos do ar). Água bidestilada: obtida por destilação de água destilada, com adição de 0,1% de Ba(OH)2, para fixar o CO2. Água deionizada: água desmineralizada por adsorção. É menos pura, do ponto de vista de microorganismos. É preparada por resinas trocadoras de íons ou por eletro­osmose.

SOLVENTES NÃO AQUOSOS 1­ ACETONA: líquido incolor, inflamável, miscível com água, álcool, éter, clorofórmio, óleos

essenciais, gorduras, resinas, etc.. P.E.= 55,5 ­ 57°C. Raramente utilizado (somente para uso externo ou para extrações).

2­ ÁLCOOIS: Monoálcoois: a) ÁLCOOL BENZÍLICO: tem propriedades bacteriostáticas e anestésicas locais (é

adicionado a soluções injetáveis oleosas). Mistura­se a óleos e a água. b) ÁLCOOL ETÍLICO: é o 2. ° solvente mais utilizado. Apresenta propriedades microbicidas

(suas soluções não são invadidas por microorganismos). Normalmente, apresenta­se a 95,1 – 96,9 °GL (% em volume). P.E.= 78­79°C. Densidade = 0,8080 – 0,8123 (20°C). É

Page 5: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

líquido incolor, volátil, de odor característico e sabor ardente. Miscível em água, acetona, éter, clorofórmio, benzeno e glicerina. O álcool absoluto é 99,4°GL. As misturas hidroalcoólicas são utilizadas para a obtenção de soluções extrativas.

c) ÁLCOOL ISOPROPÍLICO: É MUITO CARO. Usado somente para soluções de uso externo ou como auxiliar em determinados processos (revestimentos, etc.).

Poliálcoois (não são completamente inertes) a) ETILENOGLICOL: glicol; 1,2­etanodiol; incolor, inodoro, higroscópio (completamente

miscível com a água). É facilmente oxidado, dando ácido oxálico. b) PROPILENOGLICOL: 1,2­propanodiol. Incolor, sabor adocicado, miscível com água,

álcool, acetona, clorofórmio, em todas as proporções. Dissolve várias substâncias: alcalóides, antibióticos, barbitúricos, sulfamidas, etc..

c) GLICERINA: propanotriol. É utilizada tanto pelo seu poder dissolvente, como pelo seu poder edulcorante. Apresenta propriedades anti­sépticas e umectantes (higroscopia). É um líquido viscoso ( a 15°C, d= 1,25 –1,26), incolor, inodoro, sabor adocicado. Miscível em água e em álcool. Decompõe­se a 150°C, produzindo acroleína. Usada para soluções de uso interno e externo (a viscosidade confere certa aderência).

d) SORBITOL: é um sólido (P.F. = 110 ­ 112°C). Usado em solução a 70%. É mais barato que a glicerina. Usado como edulcorante e umectante.

3­ ÁLCOOIS­ÉTERES a) DIETILENOGLICOL: HOCH2CH2OCH2CH2OH. Líquido incolor, inodoro, higroscópico, de

sabor muito doce. Usado somente para soluções de uso externo. b) POLIETILENOGLICÓIS (PEG): as propriedades variam com o grau de polimerização.

São solúveis em água, álcool, acetona, benzeno. Insolúveis nos outros solventes apolares. Comercialmente, recebem o nome de: Carbowax, Citrol, Estaxa, Emulgente N31, Macrogol, Pologol, Polynal.

c) CARBITÓIS: éteres do dietilenoglicol. O carbitol é o monoetiléter do dietilenoglicol. Usados como solventes dos ésteres da celulose.

d) CELLOSOLVE: éter monoetílico do etilenoglicol. Usado como solvente para óleos, resinas e ceras.

4­ OUTROS a) CLOROFÓRMIO: líquido incolor, volátil, não inflamável, de sabor doce. Miscível com

álcool, benzeno, éter, óleos essenciais. Muito pouco solúvel em água. Usado na Água Cloroformada (0,5%) e para a obtenção de extratos (Genciana, Grama).

b) ÉTER DE PETRÓLEO: constituído por frações de baixos P.E. da destilação do petróleo (pentanos e hexanos). Muito volátil, altamente inflamável, insolúvel em água, miscível em álcool absoluto, benzeno, clorofórmio, éter, tetracloreto de carbono, óleos. É um solvente altamente apolar, sendo usado para desengorduramento de certas drogas ou extratos.

c) ÉTER ETÍLICO (SULFÚRICO): incolor, muito volátil, inflamável, miscível em álcool, benzeno, clorofórmio, óleos, essências. Pouco solúvel em água: 6,5% (p/p) a 25°C. Dissolve gorduras e resinas.

5­ ÓLEOS ­ os mais usados são os de milho, algodão, amendoim, sésamo e o oleato de etila.

Utilizados em soluções para uso externo ou interno, inclusive por via oral e parenteral (exceto endovenosa). Dissolvem essências, terpenos, ácidos orgânicos, ésteres, vitaminas, hormônios, alcalóides. Para sua neutralização ou desacidificação (eliminação dos ácidos livres), usa­se carbonato de sódio. São susceptíveis de sofrerem hidrólises, ranço cetônico, ranço por auto­oxidação.

Page 6: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

T I N T U R A S

As tinturas são medicamentos líquidos resultantes da extração de drogas vegetais ou animais. São preparados na temperatura comum por PERCOLAÇÃO ou por MACERAÇÃO. Os líquidos extratores são o álcool e a água, o éter alcoolizado e a acetona.

PREPARAÇÃO:­ As tinturas podem ser preparadas por percolação ou maceração, operando­se de acordo com os dois processos gerais seguintes:

PROCESSO GERAL P – Percolação ­ Umedeça a droga ou drogas pulverizadas, indicadas na fórmula, com q.s. do líquido extrator prescrito e deixe em maceração durante 6 horas em vaso tampado; passe, então, o pó umedecido pelo tamis n.°11. Introduza­o num percolador, comprimindo­o suficientemente. Junte­lhe mais do líquido extrator e, de acordo com as regras de percolação (Veja parte geral), proceda ao esgotamento da droga, até obter 1.000 cm 3 de tintura.

Quando a tintura tiver de ser doseada, percole até obter somente 950 cm 3 de percolado, seguindo exatamente o processo indicado na fórmula e, determinada a quantidade de alcalóides nela existentes. Calcule a totalidade de alcalóide do resto do percolado e junte a este q.s. do líquido extrator para que a tintura finalizada contenha exatamente a percentagem de alcalóides exigida.

PROCESSO GERAL M – Maceração ­ Faça macerar a droga ou drogas pulverizadas, indicadas na fórmula, em vaso bem fechado, em lugar fresco e pouco iluminado, na temperatura ambiente, em 850 cm 3 do dissolvente prescrito (salvo se for indicada outra quantidade na fórmula), agitando freqüentemente. Após 8 dias, deite a mistura num filtro e, quando todo o líquido tiver passado, lave aos poucos o resíduo restante no filtro com q.s. do dissolvente para obter 1.000 cm 3 de tintura e misture bem.

As tinturas são chamadas SIMPLES ou COMPOSTAS, conforme são preparadas com uma ou várias substâncias. As TINTURAS SIMPLES recebem o nome da droga que encerram; as TINTURAS COMPOSTAS recebem algumas denominações especiais “Tintura de ópio canforada” (Elixir paregórico), “Tintura de Jalapa composta” (Aguardente alemã), etc .

As drogas vegetais ou animais empregadas devem ser convenientemente pulverizadas e secas, obedecendo o grau de pulverização indicado em cada tintura.

(Extraído da FARMACOPÉIA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, 2 ª ed., p. 829).

DROGA Q(g) TENUIDADE L.EXTRATOR Q(g) P.MAC.(d) Referência Aniz estrelado 20 Pó grosso Etol 85°GL 100 10 F.P.IV Bálsamo de Tolu

20 Etol 96°GL 100 08 F.Bras.II

Boldo 20 Droga contundida

Etol 80°GL 100 10 F.Fr.VII

Camomila 20 Pó grosso Etol 65°GL 100 10 F.P.IV Canela 20 Pó Etol 80°GL 100 10 F.Fr.VII Mirra 20 Droga

contundida Etol 90°GL 100 07 B.Ph.1973

Ruibarbo 20 Pó grosso Etol 65°GL 100 10 F.P.IV

Page 7: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

EXCI PIENTES PARA SUPOSITÓRIOS

1­ EXCIPIENTES LIPOSSOLÚVEIS (GRAXOS OU LIPÓFILOS) A ­ MANTEIGA DE CACAU: é uma mistura de glicerídeos (estearina, palmitina, oleína,

laurina, linoleína, araquidina), normalmente triesterificados, contendo pequenas quantidades de ésteres do glicerol e ácidos butírico, acético e fórmico. 40% dos ácidos graxos presentes são insaturados (38% de ac. oléico, 2% de linoléico e 0,2% de linolênico). São abundantes os glicerídeos mistos (oleopalmitoestearina = 41,57% e oleodiestearina = 18,5 – 27%). P.F. = 30 °C, P.S. = 23 ­ 25°C, tS = 7 min, I Refr (40°C) = 1,4537 – 1,4578, IS = 192 – 204, d(15°C) = 0,950 – 0,956. O aquecimento à temperatura superior ao PF, causa o aparecimento de modificações alotrópicas dos seus glicerídeos, com abaixamento do PS do excipiente e do PF da massa que solidificou e aumento do tF. A forma estável é designada β (34,5°C) e as metaestáveis são γ (18,9°C), α (23°C) e β + (28°C). O aparecimento de formas metaestáveis deve­se à ocorrência de isômeros cis­trans nos ácidos insaturados componentes dos glicerídeos.

B ­ SEBO DE BORNÉU: é uma mistura de gorduras obtidas de várias espécies do gênero Shorea. Contém 5% de palmitoestearina, 3% de palmitodioleína, 31% de oleopalmitoestearina, 8% de oleodipalmitidina e 13% de estearinodioleína. PF = 34 – 36,5°C, I Refr (40°C) = 1,457, IS= 165 – 194, consistência semelhante ou superior à da manteiga de cacau. É menos susceptível de rançar que a manteiga de cacau e, por fundir à temperatura mais elevada, é possível a sua utilização em países de clima tropical. Sofre modificações alotrópicas por aquecimento à fusão, dando formas estáveis (β) e metaestáveis (vítrea α, β ’ e β’’). Apresenta outro inconveniente, que é a sua coloração, que vai do amarelo­esverdeado ao castanho­ esverdeado.

C ­ COPRAOL: é um óleo de coco especial, isento de glicerídeos, obtidos a partir de PF mais baixos. Apresenta glicerídeos dos ácidos palmítico, oléico, mirístico e láurico, com predominância de triésteres saturados. Apresentam , também, vitamina E, esteróides e hidrocarbonetos. PF = 34 ­ 37°C e PS = 30°C. Tem a vantagem de apresentar um coeficiente de retração que permite a não lubrificação dos moldes e um poder de absorção de água de 50 – 60%.

D ­ EXCIPIENTES SEMI­SINTÉTICOS: incluem os excipientes obtidos a partir de ácidos graxos saturados, extraídos de gorduras vegetais, que esterificam diversos poliálcoois, como a glicerina e os polioxietilenoglicóis, ou que são preparados por introdução de radicais graxos ou polioxietilenoglicólicos em álcoois cíclicos, ou ainda, que se obtêm por simples mistura de glicerídeos purificados com convenientes agentes emulsivos. Apresentam, de lote para lote, características idênticas. PF límpido mais nítido e solidificam­se facilmente. Não mostram fenômenos de polimorfismo e podem Ter poder absorvente de água, poder emulsionante convenientes. Dispensam a lubrificação de moldes e são menos ácidos e oxidáveis que os excipientes naturais.

E ­ GLICERÍDEOS SEMI­SINTÉTICOS: são misturas de glicerídeos de ácidos graxos saturados C10 – 18, contendo variáveis quantidades de mono e diésteres. Conhecidos pelos nomes de “Adeps neutralis”, “Adeps solidus” e Massa Estearínica. PF = 34 ­ 36°C, PS = 32°C.

F ­ ESTARINUM: são excipientes preparados por Edelfettwerke (R.F.ª), constituídos por misturas de mono, di e triglicerídeos de ácidos graxos saturados de C12 – 18, sendo obtidos a partir do óleo de palmiste. Existem sob vários tipos. Estarinum B: considerado como excipiente universal para supositórios com prazo de validade inferior a 2 anos. Estarinum BC: ideal para supositórios com altas concentrações de fármacos muito densos. Suporta, sem fendilhamento ou quebra, resfriamento a baixas temperaturas. É conveniente para supositórios com glicerina e propilenoglicol (absorve 50% de seu peso dessas substâncias). O tF aumenta com o período de armazenagem. Estarinum E: excelente emulsivo da água (absorve 30%), da glicerina (absorve 40 – 45%) e dos extratos fluidos (absorve 20% de etanol). Estarinum T: usado em supositórios para tratamento local, como em hemorróidas, ou para uso em países tropicais.

G ­ WITEPSOL: estes excipientes eram conhecidos, inicialmente, pelo nome de Massas Inhausen. Apresentam­se sob 4 tipos: H, W, S e E; cada um deles com vários sub­tipos. As

Page 8: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

massas do tipo H (H­12, H­15 e H­19) são caracterizadas por um teor reduzido de mono e diésteres (baixo índice de OH) e são duras, pouco elásticas, apresentando um intervalo de fusão muito curto, com rápida solidificação. Witepsol H­15: é um excipiente de uso universal para a preparação da quase totalidade dos supositórios. O PS é muito próximo do PF, o que evita a sedimentação dos farmacossuspensos, quando a mistura é vertida nos moldes. É indispensável o arrefecimento e até deve­se evitá­lo.

2­ EXCIPIENTES HIDROSSOLÚVEIS (HIDRÓFILOS OU MUCILAGINOSOS) São excipientes ideais para favorecerem a liberação de fármacos oleossolúveis. Resistem,

sem fundir ao aquecimento, a temperatura superior a 37°C, sendo, portanto, recomendado o seu uso em países tropicais. O tempo necessário para a fusão é quase sempre maior que o necessário para a fusão das massas lipossolúveis. Considerando­se 2 tipos fundamentais: A) Compostos de baixo PM, que originam, em presença de água, soluções verdadeiras. Como exemplo, tem­se açúcares, misturas secas dos ácidos cítrico e tartárico com o bicarbonato de sódio; B) Compostos de elevado PM, que produzem, em presença de água, géis mais ou menos mucilaginosos. É o caso da glicerina gelatinada, pectina, ágar­ágar, géis sacarosos e polioxietilenoglicóis.

A ­ GLICERINA GELATINADA: é uma mistura de gelatina, glicerol e água, com ou sem conservantes, sendo preparada em diversas concentrações de seus componentes, apresentando, também, diferentes consistências, conforme o processo de obtenção usado. A escolha do tipo de gelatina é baseada no pH e na carga elétrica dos fármacos e/ou adjuvantes que entrarão em contato com ela. Para fármacos ácidos, usa­se a gelatina tipo Pharmagel­A e para fármacos básicos, Pharmgel­B. Apresentam as propriedades laxativas e de irritação local da glicerina, o que restringe o seu uso. Apresentam­se higroscópicos, devido à sua composição química.

B ­ EXCIPIENTES COM POLIOXIETILENOGLICÓIS: são constituídos por polímeros do óxido de etileno com cadeias alcoólicas primárias. Não são tóxicos e mais bem tolerados, a medida que cresce o PM. Usados para veicular soluções anti­sépticas. São estáveis frente a eletrólitos, ácidos minerais, soluções alcalinas e compostos de amônio quaternário. Incompatíveis com iodo, KI, fenóis, cresóis, resorcina, taninos e AAS.

__________________________________________________________________

AGENTES SUSPENSORES MAIS UTILIZADOS

1­ PARA VEÍCULOS AQUOSOS: A ­ GOMA ARÁBICA: usada, geralmente, em suspensões orais, na concentração de 5­15%. Origina soluções ácidas (a 1,5% em água pH=2,6). Sua viscosidade não varia com o pH, compreendido entre 4 e 10. Deve ser utilizada com conservantes, como os parabenos. Incompatibilidades: fármacos alcalinos, precipita em presença de metais pesados e taninos e soluções alcoólicas superiores a 35%. B ­ GOMA ADRAGANTE: uso em suspensões de uso interno e externo, na concentração de 1­2%. Apresenta viscosidade máxima a pH 5, podendo ser usada na faixa de 4 a 6%. Incompatibilidades: precipita em presença de soluções alcoólicas superiores a 40%. Solidifica em presença de subnitrato de bismuto e ânions trivalentes como fosfato do ácido ou citrato sódico. C ­ ALGINATO DE SÓDIO: sal sódico do ácido algínico, de caráter aniônico, usado em suspensões para uso interno e externo. Apresenta viscosidade máxima a pH igual ou maior que 5, com boa estabilidade na faixa 4 a 11,6. É solúvel em água e álcool diluído, dando géis sólidos a 5%. Em álcool diluído dá soluções mais viscosas que na água. É aconselhável o uso de conservantes. Incompatibilidades: em pH menor que 3, decompõem­se liberando o ácido algínico. Precipita em soluções alcoólicas a 30­

Page 9: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

40%. Íons metálicos (cátions Ca, Al e Cu), originam espessamento das soluções, por formação de sais insolúveis. D ­ METILCELULOSE: mais utilizada para suspensões orais. No comércio existem 6 tipos, com as seguintes viscosidades médias (em cet centipoise) : 15, 25, 100, 400, 1.500, 4.000 (soluções a 2%). Prefere­se, na prática, as de alta viscosidade. São estáveis em pH 2­12, incrementando sua viscosidade na faixa alcalina. Incompatibilidades: fenóis, taninos, eletrólitos. E ­ CARBOXIMETILCELULOSE: utilizada em suspensões para uso externo e interno. No comércio, apresenta­se em 3 tipos:

Alta viscosidade........1500 cP (sol 1% a 20°C) Média viscosidade.....400 a 600 cP (sol 2% a 20°C) Baixa viscosidade......25 a 50 cP (sol2% a 20°C)

Apresenta boa estabilidade em pH 3 – 11,5. Incompatibilidades: por seu caráter aniônico é incompatível com detergentes e conservantes catiônicos. Precipita por ação dos ácidos e sais de Hg, Cr, Fe, Al, Ag, Pb; por aquecimento a 60 °C. F ­ CARBOPOL 934: polímero carboxivinílico aniônico de elevado peso molecular. Facilmente dispersível em água, originando soluções ácidas (sol. A 1% pH=3). Sua neutralização (carbonato de sódio, hidróxido de sódio) origina soluções concentradas, viscosas, límpidas. Como conservantes habituais, usa­se os parabenos, benzalcônio, mertiolate, etc. . Incompatibilidades: precipita por ação do ácido benzóico e seu sal sódico. As dispersões neutralizadas sofrem oxidações em presença de luz. Eletrólitos como Zn ++ e Bi ++ , interferem com a estabilidade das suspensões. G ­ SÓLIDOS FINAMENTE DIVIDIDOS:

ARGILA: dispersões tixotrópicas viscosas. ­ BENTONITE: silicato de alumínio hidratado coloidal. Uso: 2­5%. Suspensões

orais e dermatológicas. A viscosidade máxima em pH alcalino. Incompatibilidades: por seu caráter aniônico é incompatível com substâncias catiônicas (cloreto de benzalcônio, vitamina B1).

­ HECTORITE: silicato de magnésio com pequenas quantidades de alumínio. Uso: 1,5 a 2,5%, em suspensões orais e dermatológicas. VEEGUM: hectorite purificada. Estável em pH 1 a 11.

H ­ OUTROS: gelatina catiônica e aniônica, álcool polivinílico (P.V.A.), polivinilpirrolidona (PVP), amido, glicerina, sorbitol, solução de sacarose, etc. .

2­ PARA VEÍCULOS OLEOSOS: Lanolina a 5­6% em óleos vegetais. Cera branca a 1%. Óleo de rícino: origina suspensões de elevada viscosidade, principalmente em injetáveis e oftálmicos. Monoestearato de alumínio a 2% em suspensões injetáveis.

Page 10: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

Aglutinante Forma de uso Observações SACAROSE Xarope aquoso 50­67% ou pó GLICOSE Xarope aquoso ou pó Grande poder adesivo LACTOSE Xarope ou pó Efeito moderado AMIDO Goma 10­30% aquosa ou pó Bom poder adesivo GOMA ARÁBICA E GOMA ADRAGANTE

Mucilagem 10 – 35% ou Pó

Bom poder aglutinante, mas ↓ a velocidade de desagregação.

GELATINA Solução aquosa 2­4% ou pó Bom poder aglutinante = granulação resistente.

POLIVINILPIRROLIDONA (PVP) Solução alcoólica/aquosa 10­30% Ótimos resultados. Polivitaminas ALGINATO DE SÓDIO Solução aquosa 3­5% Resultados excelentes. Auxiliam a

desagregação METILCELULOSE Dispersão aquosa 2­5% ETILCELULOSE Solução alcoólica 2­4% Ótimo poder aglutinante

Page 11: Material  de  apoio  de  FARMACOTÉCNICA

CARBOXIMETILCELULOSE Dispersão aquosa 1­4% HIDRÓXIPROPILMETILCELULOSE Dispersão aquosa, hidro­alcoólica

ou clorofórmica 1­4%