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Resíduos Sólidos
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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARA
CENTRO DE CINCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
JARDEL SOARES DA SILVA
APLICABILIDADE DO MODELO SWOT NA ANLISE DA SITUAO DOS
RESDUOS SLIDOS NA CIDADE DE GUARACIABA DO NORTE-CE
SOBRAL-CE
2014
JARDEL SOARES DA SILVA
APLICABILIDADE DO MODELO SWOT NA ANLISE DA SITUAO DOS
RESDUOS SLIDOS NA CIDADE DE GUARACIABA DO NORTE-CE
Monografia apresentada Universidade
Estadual Vale do Acara, como requisito
parcial para a obteno do grau de
Engenheiro Civil e Ambiental sob
orientao do Prof. Dr. Davis Pereira de
Paula.
SOBRAL-CE
2014
JARDEL SOARES DA SILVA
APLICABILIDADE DO MODELO SWOT NA ANLISE DA SITUAO DOS
RESDUOS SLIDOS NA CIDADE DE GUARACIABA DO NORTE-CE
Monografia apresentada ao Curso de graduao em Engenharia Civil, como parte do requisito
para a obteno do ttulo de Engenheiro Civil outorgado pela Universidade Estadual Vale do
Acara UVA, achando-se a disposio dos interessados na Biblioteca da referida instituio.
Data de Aprovao em:_____ / _____ / _____
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Prof. Dr. Davis Pereira de Paula (Orientador)
Universidade Estadual Vale do Acara UVA
_____________________________________
Prof. Dr. Luis Henrique Magalhes Costa
Universidade Estadual Vale do Acara UVA
___________________________________
Prof. Msc. Juscelino Chaves Sales
Universidade Estadual Vale do Acara UVA
Dedico este trabalho a Deus, nossa famlia e
a todos os amigos que compartilharam comigo
muitos momentos desses cinco anos.
AGRADECIMENTOS
Deus, por tudo que me concedeste, me iluminando a cada etapa da minha vida para
continuar a caminhada em busca dos meus objetivos.
A minha me Maria, meu pai Francisco e a minha Denise e ao meu irmo Roniel, por todo
amor, carinho, apoio e esforo para me proporcionar todas as condies necessrias para essa
conquista.
Ao meu Padrinho Francisco de Assis, por todo, incentivo e apoio.
Ao meu tio, padre Clodoaldo, por suas oraes e apoio nas horas mais difceis.
Ao prof. Msc. Audelis Marcelo Jnior, por suas palavras de incentivo.
Ao pr-reitor, prof. Dr. Petrnio Emanuel Timb Braga, por acreditar no meu potencial.
Ao professor orientador Dr. Davis Pereira de Paula, por todo incentivo, dedicao e ter
aceitado esse desafio de me orientar.
Ao coordenador prof. Msc. Caio Sander pelo apoio e luta.
A todos aqueles que participaram da minha caminhada e conquista.
A Universidade Estadual Vale do Acara que me proporcionou a chegar nessa etapa do meu
sonho.
RESUMO
A sociedade moderna vem enfrentando vrios problemas inerentes relao,
sociedade/natureza, seja representada pelo uso irracional dos recursos naturais, seja pela
poluio ambiental por falta de saneamento bsico ou at mesmo pela m gesto dos
mananciais hdricos, dentre as vrias questes ambientais, vale destacar o problema dos
resduos slidos, uma realidade dos grandes, mdios e pequenos centros urbanos. Nesse caso,
podemos inserir o municpio de Guaraciaba do Norte, como um exemplo de (in)gesto dos
resduos slidos urbanos. Logo, o objetivo desse trabalho elaborar um diagnostico
situacional do municpio de Guaraciaba do Norte, localizado no Noroeste do estado do Cear,
atravs da aplicao de um modelo SWOT (foras, fraquezas, oportunidade e ameaas) e
apresentar uma alternativa sustentvel com a implantao de um aterro sanitrio consorciado.
Em termos metodolgicos, em primeiro plano, o estudo fundamentado em literaturas
especficas de reas afins, livros, artigos cientficos, monografias e em segundo plano pode
ser caracterizado como descritivo e exploratrio conduzido sob a forma de um estudo de caso.
Os dados foram obtidos, a partir da realizao de pesquisas junto populao e ao poder
municipal. Verificou-se que esse estudo de fundamental importncia para o conhecimento
relacionado problemtica dos resduos slidos, possibilitando o uso dos resultados obtidos,
em futuras anlises para implantao de polticas publicas ligadas aos resduos slidos na
cidade de Guaraciaba do Norte - CE.
Palavras chave: SWOT, resduos slidos, diagnstico situacional, aterro sanitrio,
Guaraciaba do Norte.
ABSTRACT
The Modern society is facing several problems inherent to relation, society / nature, either she
represented by the use irrational of means natural, either by environmental pollution by lack
of basic sanitation or even by bad management of water manaciais, among the several
questions environmental, is important detach the problem of waste solid, a reality of the great,
middle and small urban centers. In which case, we can insert the city of North Guaraciaba, as
an example of not management of municipal solid waste. Soon, the objective of this
monograph, is elaborate a diagnosis situational the municipality of North Guaraciaba, located
northwest of the state of Cear, through application a model SWOT (strengths, weaknesses,
opportunities and threats) and show an sustainable alternative with the implantation a
syndicated sanitary landfill. In terms of methodology, in the first stage, the study is based the
specific literatures of related fields, books, scientific articles, monographs, and in the second
stage, can be characterized, as descriptive and exploratory, conducted in the form a case
study. The Data were obtained from the execution of research with the population and the
municipal power. It was found that this study is of fundamental importance for knowledge
related the problematic of the solid waste, enabling the use of results obtained, in future
analyzes for deployment of public policies related to solid waste in the city of North
Guaraciaba CE
Keywords : SWOT, solid waste, situational diagnosis, sanitary landfill, North Guaraciaba.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Situao dos resduos slidos no Brasil .................................................................16
Figura 2 - Vazadouro a cu aberto, Guaraciaba do Norte CE ..............................................17
Figura 3 - Grfico referente gerao RSU no Brasil entre os anos de 2012 e 2013.............20
Figura 4 Grfico referente destinao final dos RSU no Brasil ........................................20
Figura 5 Grfico referente aos RCD coletados nas regies no Brasil ..................................21
Figura 6 - Acondicionamento inadequado de resduos slidos perigosos...............................24
Figura 7- Catadores em lixo...................................................................................................25
Figura 8 Grfico referente destinao final de RSU (t/dia)...............................................27
Figura 9 Esquema representativo de um lixo......................................................................28
Figura 10 Esquema representativo de um aterro controlado................................................29
Figura 11 - Esquema representativo de um aterro sanitrio....................................................30
Figura 12 Esquema representativo da compostagem............................................................32
Figura 13 Lixo em terreno baldio, Guaraciaba do Norte CE.............................................34
Figura 14 - Rio poludo com resduos slidos.........................................................................35
Figura 15 Grfico referente coleta e gerao de RSU no Nordeste entre 2012-2013........39
Figura 16 Grfico referente destinao final de RSU na Regio Nordeste (t/dia).............41
Figura17 Grfico referente destinao Final de RSU no Estado do Cear (t/dia).............40
Figura 18 - Mapa demonstrativo da situao dos PMSB do estado do Cear em Maro de
2013...........................................................................................................................................42
Figura 19 Funcionamento do aterro sanitrio.......................................................................43
Figura 20 - Localizao de Guaraciaba do Norte - CE............................................................50
Figura 21 - Vazadouro cu aberto, Guaraciaba do Norte - CE.............................................53
Figura 22 Resduos de Construo e Demolio, Guaraciaba do Norte - CE......................54
Figura 23 Resduos slidos a serem coletado, Guaraciaba do Norte - CE...........................55
Figura 24 Disposio dos RSU em local indicado, Guaraciaba do Norte - CE....................56
Figura 25 Atividade de coleta dos RSU, Guaraciaba do Norte - CE....................................57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tabela referente quantidade de municpios por tipo de destinao adotada
2013.25......................................................................................................................................26
Tabela 2 Tabela referente estimativa da composio gravimtrica dos resduos slidos
coletados no Brasil entre 2000 e 2008......................................................................................31
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Classificao dos resduos slidos quanto origem. ...........................................22
Quadro 2 - Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade.................................23
Quadro 3 Quadro de critrios tcnicos para seleo da rea do aterro sanitrio segundo
ABNT 15849/10........................................................................................................................44
Quadro 4 Anlise de SWOT.................................................................................................47
Quadro 5 Quadro da anlise de SWOT................................................................................51
LISTA DE SIGLAS
ONU Organizao das Naes Unidas
ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais
RSU Resduos Slidos Urbanos
PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
RCD Resduos de Construo e Demolio
IPT Instituto De Pesquisas Tecnolgicas
IBAM Instituto Brasileiro de Administrao Municipal
SEBRAE Servio Brasileiro de apoio s Micro e Pequenas Empresas
SINIR Sistema Nacional de Informaes sobre a Gesto dos Resduos Slidos
SINISA Sistema Nacional de Informaes em Saneamento Bsico
PNMA Poltica Nacional de Meio Ambiente
PERS Plano Estadual de Resduos Slidos
PGIRS Plano de Gesto integrado de Resduos Slidos
PMSB Planos Municipais de Saneamento Bsicos
LNSB Lei de Diretrizes Nacionais de Saneamento Bsico
APRECE Associao de Municpios do Estado do Cear
ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear
CAGECE Companhia de gua e Esgoto do Estado do Cear
LP Licena Prvia
IT Instruo Tcnica
EIA Estudo de Impacto Ambiental
LI Licena de Instalao
LO Licena de Operao
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................................... 14
1.1 Objetivos ........................................................................................................................ 15
1.1.1 Geral ......................................................................................................................... 15
1.1.2 Especficos ............................................................................................................... 15
1.2 Justificativa .................................................................................................................... 16
1.3 Estrutura do trabalho ................................................................................................... 18
2 REFERENCIAL TERICO .............................................................................................. 19
2.1 Resduos slidos ............................................................................................................. 19
2.3 Classificao dos resduos slidos ................................................................................ 22
2.4 A problemtica dos resduos slidos ........................................................................... 23
2.5 As formas de destinao dos resduos slidos ............................................................ 25
2.5.1 Lixo ou (deposito a cu aberto) .............................................................................. 27
2.5.2 Depsito em aterro controlado ................................................................................. 28
2.5.3 Depsito em aterro sanitrio .................................................................................... 30
2.5.4 Compostagem ........................................................................................................... 31
2.4.5 Reciclagem ............................................................................................................... 32
2.5.6 O impacto ambiental decorrente da destinao final inadequada dos RSU ............. 33
2.5.7 Desenvolvimento sustentvel e resduos slidos ..................................................... 35
2.6 Resduos slidos e polticas pblicas ........................................................................... 36
2.6.1 A Poltica nacional de resduos slidos .................................................................... 37
2.6.2 Polticas estaduais e municipais de resduos slidos ................................................ 37
2.7 Aterro sanitrio ............................................................................................................. 42
2.8 Matriz SWOT anlise das foras e fraquezas, oportunidades e ameaas ......... 47
3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 49
3.1 Metodologia ................................................................................................................... 49
3.1.2 Caracterizao da amostra (Guaraciaba do Norte - CE) .......................................... 49
3.1.3 A Entrevista e Conduo .......................................................................................... 50
3.1.4 Aplicao da matriz SWOT ..................................................................................... 51
5.1.5 Local de aplicao .................................................................................................... 51
5.1.6 Amostra .................................................................................................................... 52
4 ANLISE DO RESULTADOS .......................................................................................... 53
4.1 Proposta, localizao e tipo de aterro ......................................................................... 57
5 CONCLUSO ...................................................................................................................... 58
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 59
ANEXO I QUESTIONRIO APLICADO POPULAO GERAL .......................... 63
ANEXO II QUESTIONRIO APLICADO AO PODER MUNICIPAL ....................... 65
14
1 INTRODUO
Define-se saneamento bsico como sendo um conjunto de servios, infraestruturas
e instalaes operacionais de abastecimento de gua potvel, esgotamento sanitrio, limpeza
urbana e manejo dos resduos slidos, drenagem urbana e manejo das guas pluviais que
englobam uma srie de atividades, visando sempre o controle do meio na qual possa exercer
condies insalubres ao ser humano (BRASIL, 2007).
A gesto dos resduos slidos urbanos hoje se constitui como um grande desafio
para as cidades em relao ao desenvolvimento sustentvel. As polticas pblicas utilizadas
nas cidades, usualmente tratam sobre essa temtica de forma setorizada, obstrudo assim uma
viso sistmica do problema tornando essas polticas fragmentadas (DIAS, 2012).
De acordo com Dias (2012), para os gestores pblicos de todo o mundo, o
gerenciamento de resduos slidos se tornou, nas ltimas dcadas, um tema de preocupao.
Segundo a Organizao das Naes Unidas (ONU, 2012) citado por Dias (2012), a atual
gerao de resduos no mundo gira em torno de 12 bilhes de toneladas/ano e, at 2020, o
volume previsto de 18 bilhes de toneladas/ano. Segundo levantamento realizado pela
Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (ABRELPE,
2012) mostra que o volume de RSU gerado no Brasil foi de 60 milhes de toneladas/ano em
2010, 6,8% superior ao ano anterior.
O desafio atual controlar o desenvolvimento e o crescimento das cidades e da
populao com sustentabilidade e preservao. importante observar que os resduos slidos
constituem um problema que afeta os pequenos, mdios e grandes centros urbanos do pas.
(MURGO et al, 2010).
Segundo Morais (2003), citado por Rablo (2007), o modelo de gesto de resduos
slidos urbanos (RSU) utilizado atualmente na maioria das cidades brasileiras baseado na
coleta e afastamento dos resduos gerados e, em casos isolados, na disposio adequada dos
mesmos, constituindo-se em solues geralmente pontuais, tem se mostrado inadequado
necessitando de alternativas para destinao final.
Nesse contexto, a Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010 institui a Poltica
Nacional de Resduos Slidos (PNRS), com o objetivo de estabelecer princpios e diretrizes
relativas gesto integrada e ao gerenciamento dos resduos estabelecendo metas e diretrizes
aos entes envolvidos. Essa lei dispe sobre ampla temtica da gesto integrada de resduos
slidos nos municpios brasileiros que necessitam ser considerados luz de aspectos
socioambientais e comportamentais a ela relacionados (BRASIL, 2010).
15
A busca por um novo paradigma para a gesto dos resduos slidos certamente o
grande desafio para essa poltica, visto que a maioria dos municpios brasileiros enfrenta,
alm dos problemas de ordem ambiental, tambm problemas polticos para fazer a
implantao destas aes. Neste cenrio de descaso e por vez abandono de polticas pblicas
voltadas para o tratamento adequado de resduos slidos, encontra-se a cidade Guaraciaba do
Norte, situada na regio Noroeste do Estado do Cear, na qual so evidentes os problemas em
virtude da falta de planejamento e gesto adequada dos resduos slidos, bem como planos
sustentveis para uma perfeita homogeneizao da interao humana com a o meio ambiente.
Este trabalho demonstra os desafios encontrados para implantao de polticas
voltadas para o gerenciamento dos resduos slidos, um diagnstico local da cidade de
Guaraciaba do Norte CE, tendo como base a poltica do RSU implantada atualmente na
mesma, e as estratgias desenvolvidas para a implantao de um aterro sanitrio consorciado
como alternativa mais sustentvel na disposio final dos RSU.
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
Analisar a situao do municpio de Guaraciaba do Norte em relao produo e
disposio de resduos slidos urbanos, bem como a proposta de criao de um aterro
sanitrio consorciado.
1.1.2 Especficos
a) Diagnosticar a situao atual dos resduos slidos urbanos da sede distrital do
municpio de Guaraciaba do Norte - CE;
b) Identificar as aes desenvolvidas pelo municpio de Guaraciaba do Norte - CE
para se adequarem s normas impostas pela Lei 11.445 de 2007.
c) Identificar e caracterizar as melhorias na qualidade ambiental e social com a
implantao de um sistema sustentvel de tratamento dos resduos slidos.
16
1.2 Justificativa
Em muitos municpios brasileiros ainda no existe um espao apropriado para a
destinao final dos RSU. As dificuldades encontradas para a efetivao de um sistema de
gesto integrado nas regies do Brasil so evidentes, e a falta de polticas pblicas voltadas
para a implantao e fiscalizao na disposio final dos resduos so temas que nos ltimos
tempos trouxeram relevncia para o cenrio atual de melhoria contnua da qualidade de vida.
A busca por alternativas de tratamento dos RSU que se mostrem mais sustentveis
atualmente objeto de debates e discusses na busca por melhores solues.
Segundo a Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos
Especiais (ABRELPE, 2013) tendo como fonte Instituto Brasileiro de Geografia Estatstica
(IBGE, 2010), vlido destacar que a regio Nordeste do Brasil que possui menor
abrangncia de coleta de lixo (77,43%), situao que contrasta com as regies Sul, Sudeste e
Centro-oeste que possui abrangncia acima de 90% (figura 1), indicando um bom indicador
de coleta de lixo. Na mesma pesquisa, os institutos destacam que o grande problema no Brasil
se d na exposio e no tratamento do lixo urbano. Visto que, apenas 60% dos municpios
brasileiros possuem iniciativas para coleta seletiva dos resduos, no Nordeste esse percentual
abaixo de 30%, enquanto que na regio Sudeste ultrapassa os 80% (figura 1).
Figura 1 Situao dos resduos slidos no Brasil.
Fonte: Pesquisa Abrelpe, 2013.
17
A coleta seletiva permite o reaproveitamento de parte dos resduos gerados pela
populao, originando novos produtos a serem inseridos na cadeia econmica e produtiva do
pas.
Em Guaraciaba do Norte - CE a situao no parece ser diferente, a cidade produz
uma enorme quantidade de lixo diariamente que so levadas para um lixo (figura 2) como
destino final, o que acaba poluindo rios, mananciais, degradando o meio ambiente, trazendo
problemas de sade pblica e provocando poluio ambiental.
Figura 2 Vazadouro cu aberto, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: O autor, 2014.
Diante dessa situao este trabalho faz uma anlise da realidade atual da cidade de
Guaraciaba do Norte CE, mostrando um diagnstico do problema, bem como apresenta um
processo mais vivel de disposio final dos RSU a ser implantado pelo governo municipal.
18
1.3 Estrutura do trabalho
Este trabalho de concluso de curso se encontra dividido em cinco captulos. O
capitulo um, traz uma abordagem que retrata a problemtica dos resduos slidos,
contextualizando-a com o meio. O captulo dois faz um referencial terico sobre o assunto,
mostrando um embasamento completo a cerca da temtica, desde as formas de destinao dos
resduos slidos, permeando por polticas pblicas at a definio da ferramenta (matriz
SWOT) de anlise do trabalho. O capitulo trs, retrata o estudo de caso, nesse captulo feita
a aplicabilidade do modelo SWOT adotado, mostra os mecanismos aplicados na pesquisa. O
captulo quatro, apresenta os resultados da pesquisa, discutindo a realidade apresentada diante
da aplicao do modelo SWOT. Nessa capitulo tambm mostrado uma proposta de
implantao de uma alternativa sustentvel na cidade de Guaraciaba do Norte CE. O captulo
cinco apresenta a concluso do trabalho.
19
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 Resduos slidos
Os resduos slidos constituem-se hoje grande preocupao para a sociedade
moderna, visto que o rpido crescimento das cidades e o grande avano no desenvolvimento
tecnolgico, na qual incorporam cada vez mais novos insumos no processo produtivo geram
uma enorme quantidade de resduos ao fim de todos esses processos, os mesmos ainda em sua
grande maioria, sem uma destinao final adequada (MURGO et al, 2010) .
Define-se por resduos slidos como aqueles que esto:
Nos estados slido e semi-slido, que resultam de atividades de origem
industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de
varrio. Ficam includos nesta definio os lodos provenientes de sistemas
de tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de
controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades
tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou corpos de
gua, ou exijam para isso solues tcnica e economicamente inviveis em
face melhor tecnologia disponvel (ASSOCIAO BRASILEIRA DE
NORMAS TCNICAS, 2004, p. 07).
De acordo com a Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010, da Poltica Nacional de
Resduos Slidos, em seu artigo terceiro inciso XVI dispe sobre resduos slidos como
sendo:
Material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades
humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope
proceder ou se est obrigado a proceder, nos estados slido ou semi-slido,
bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades
tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos
d'gua, ou exijam para isso solues tcnica ou economicamente inviveis
em face da melhor tecnologia disponvel (BRASIL, 2010, p.02).
A gerao dos resduos slidos cresce simultaneamente ao aumento do
consumismo do ser humano, quanto mais produtos so incorporados no cotidiano das pessoas,
mas recursos naturais so utilizados e trazem como decorrncia uma grande gerao de lixo.
Segundo a ABRELPE (2013), entre os anos de 2012 e 2013, houve aumento nas taxas de
gerao de RSU no Brasil, um aumento de 4,1%, ndice superior ao crescimento populacional
do pas (figura 3).
20
Figura 3 - Grfico referente gerao RSU no Brasil entre os anos de 2012 e 2013.
Fonte: Pesquisa ABRELPE 2013.
Borgonovi e Marcelino (2009) afirmam que, em consequncia desse aumento
crescente na produo de lixo, ainda sem uma disposio ideal, possvel observar nas
pequenas e mdias cidades muitos casos de contaminao do solo, do ar, da gua, bem como a
proliferao de agentes transmissores de doenas, entupimento em rede drenagem urbana, que
por sua vez provocam enchentes, alm da degradao do meio ambiente. Segundo Abrelpe
(2013), mais de 40% dos RSU gerados no possuem destinao adequada no Brasil, esse
quadro no apresentou alteraes significativas entre 2012 e 2013 (figura 4).
Figura 4 Grfico referente destinao final dos RSU no Brasil.
Destinao final em 2013 (t/dia) Destinao final em 2012 (t/dia)
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2013.
Gerao de RSU Gerao de RSU per capita
(t/dia) (kg/hab/dia)
201.058 209.208
1.041
1.037
4,10% 0,39%
2012 2013 2012 2013
Nota: Os ndices per capta referentes a 2013 e 2012 foram calculados
com base na papulao total dos municpios
21
Outra preocupao emergente observada nos ltimos anos recai sobre os resduos
de construo e demolio (RCD), que entre 2012 e 2013 apresentaram um crescimento de
4,6%. Vale destacar que no papel dos agentes pblicos coletarem (figura 5) e destinarem
esse tipo de resduo, via de regra geral, coletam apenas RSU lanados nos logradouros
pblicos (figura 5). Deste modo, os RCDs constituem uma preocupao real e precisam ser
alvo de discusso, pois podem e devem ser na maioria das vezes reaproveitado pela
construo civil. Alm dos RCDs tambm h uma preocupao com os resduos hospitalares
ou da rea de sade (RSS), que so de responsabilidade dos geradores. Contudo, em diversos
municpios os resduos de unidades pblicas de sade so coletados pelas prefeituras.
Figura 5 Grfico referente aos RCD coletados nas regies no Brasil.
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2013.
Tudo que foi destacado anteriormente acaba refletindo na qualidade de vida dos
seres humanos, visto que o bem estar, a sade est intrinsecamente relacionado s condies
de saneamento bsico que o mesmo est inserido. Essa contextualizao torna vidente a
complexidade e diversidade dos resduos slidos urbanos (RSU), fazendo-se urgente uma
reviso dentro da tica de espao autossustentvel, uma vez que dele depende a existncia do
ser humano.
11%
19%
4%
14%
52%
Porcentagem de toneladas dirias de RDC
coletados nas regies
Centro -Oeste Nordeste Norte Sul Sudeste
22
2.3 Classificao dos resduos slidos
Segundo A Lei n 12.305, em seu captulo I, artigo 13, os resduos slidos
apresentam uma classificao dividida em duas classes (BRASIL, 2010).
A primeira classe dividida quanto origem, que ficou dividida da seguinte
forma (quadro 1). A segunda classificao classifica quanto periculosidade (quadro 2).
Quadro 1 Classificao dos resduos slidos quanto origem.
Tipo de resduos Origem
Resduos domiciliares Os originrios de atividades domsticas em residncias urbanas;
Resduos de limpeza
urbana
Os originrios da varrio, limpeza de logradouros e vias
pblicas e outros servios de limpeza urbana;
Resduos slidos urbanos Os englobados nos resduos domiciliares e de limpeza urbana
Resduos de
estabelecimentos
comerciais e prestadores de
servios: os gerados nessas
atividades, excetuados os
seguintes resduos de
Limpeza urbana, servios s de saneamento bsico, servios de
sade, construo civil e servios de transporte
Resduos dos servios de
saneamento bsico
Os gerados nessas atividades, excetuados os resduos slidos
urbanos.
Resduos industriais Os gerados nos processos produtivos e instalaes industriais;
Resduos de servios de
sade
Os gerados nos servios de sade, conforme definido em
regulamento ou em normas estabelecidas pelos rgos do
Sisnama e do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria;
Resduos da construo
civil
Os gerados nas construes, reformas, reparos e demolies de
obras de construo civil, includos os resultantes da preparao
e escavao de terrenos para obras civis;
Resduos
agrossilvopastoris:
Os gerados nas atividades agropecurias e silviculturais,
includos os relacionados a insumos utilizados nessas
atividades;
Resduos de servios de
transportes
Os originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios,
rodovirios e ferrovirios e passagens de fronteira;
Resduos de servios de
transportes
Os originrios de portos, aeroportos, terminais alfandegrios,
rodovirios e ferrovirios e passagens de fronteira;
Resduos de minerao Os gerados na atividade de pesquisa, extrao ou
beneficiamento de minrios;
Fonte: BRASIL, 2010.
23
Quadro 2 - Classificao dos resduos slidos quanto periculosidade.
Tipos de Resduos Periculosidade
Resduos perigosos
Aqueles que, em razo de suas caractersticas de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade,
patogenicidade, carcinogenicidade , teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco sade pblica
ou qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou
norma tcnica;
Resduos no perigosos Aqueles no enquadrados nos resduos perigosos.
Fonte: Brasil, 2010.
Dependendo do tipo de classificao cada resduo slido possui sua destinao
mais adequada em decorrncia da tentativa de diminuir os impactos ambientais causados.
2.4 A problemtica dos resduos slidos
Segundo Sabadia et al (2008), o notrio processo de crescimento vivenciado pelos
pases desenvolvidos e em desenvolvimento fazem surgir transformaes profundas no
cotidiano das pessoas. Os problemas ambientais, sociais e os de sade pblica, so
consequncias da busca do que se entende hoje por praticidade e melhor qualidade de vida, na
qual em muitas situaes viola o meio ambiente, dando origem a uma maior diversidade,
quantidade e qualidade de embalagens e produtos, como o que acorre nas grandes cidades em
que o preo pelo pago alto consumismo evidenciado pelos vrios problemas, sendo um dos
mais graves a exorbitante quantidade de lixo sem destinao adequada.
O alto consumismo, estimulado pelas prticas capitalistas que valorizam o ter, o
possuir, influenciado por um ambiente moderno, que joga o ser humano a uma busca
desenfreada por novas aquisies, tem como uma de suas grandes consequncias a gerao de
resduos, que a cada descarte incorpora ao meio ambiente materiais diferentes, exigindo para
este um tratamento mais adequado (RIBEIRO; MORELLI 2009). Nesse sentido, ainda sem a
aplicao efetiva de tecnologias para o tratamento adequado desses novos resduos gerados, o
meio ambiente e o prprio ser humano so vtimas da falta de um correto sistema de
gerenciamento de resduos slidos.
Os resduos slidos, em termos tanto de sua composio como de seu volume,
esto presentes em todos os estgios das atividades desenvolvidas pelo homem e variam em
24
funo da prtica de consumo e dos mtodos de produo e podem ser encontrados desde
resto de animais mortos at baterias de carro de ltima gerao. Atualmente as principais
preocupaes esto nas conseqncias que estes podem causar sobre a sade humana e sobre
o meio ambiente (solo, gua, ar e paisagem). (RIBEIRO; MORELLI, 2009)
Ribeiro e Morelli (2009) apontam que entre os graves problemas associados existncia de
resduos slidos est
a eminncias da ocorrncia de acidentes ambientais. Estes acidentes podem
se manifestar de diversas formas, envolvendo: descarte de resduos ou
produtos qumicos em vias pblicas, disposio indevida sob o solo, bem
como o armazenamento inadequado destes em indstrias, galpes de
armazenamento, massas falidas, terrenos baldios e instituies de ensino, o
que coloca em risco a sade pblica e meio ambiente (figura 6) (RIBEIRO;
MORELLII, 2009, p.36).
Figura 6 - Acondicionamento inadequado de resduos slidos perigosos.
Fonte: http://www.alexandergomes.com.br/artigos/residuos-classe-i-e-classe-ii-voce-sabe-identificar/.
Acesso em: 16. Set. 2014.
De acordo com o IBGE (2010), diariamente, so coletadas no Brasil entre 180 e
250 mil toneladas de resduos slidos urbanos. A impreciso nessa estimativa se deve a
diferentes metodologias empregadas nos levantamentos realizados e s dificuldades inerentes
a essa avaliao. Observa-se ainda que a produo de resduos est em franca ascenso, com
crescimento estimado em 7% ao ano, valor bastante superior a 1% anual observado para o
crescimento da populao urbana no pas recentemente. Apesar das grandes diferenas
regionais, a produo de resduos tem crescido em todas as regies e estados brasileiros. A
25
gerao mdia de resduos slidos urbanos prxima de 1 Kg por habitante/dia no pas,
padro j similar ao de alguns pases da Unio Europia.
Afora os problemas de origem fsica, qumica e biolgica intrinsecamente ligados
s questes ecolgicas e sanitrias, o lixo tambm gera problemas de ordem social, como a
atividade da catao de produtos aproveitveis para a venda ou para o uso prprio. Esta
atividade, geralmente, realizada por mulheres e crianas de baixa condio scio-cultural
econmica (figura 7) (MARCELINO; BORGONOVI, 2009).
Figura 7- Catadores em lixo.
Fonte: http://vivoverde.com.br/wp-content/uploads/2011/03/small_lixao-ceu-
aberto.jpg. Acesso em: 16. Set. 2014.
2.5 As formas de destinao dos resduos slidos
Com a expanso crescente das cidades, o desafio atualmente da limpeza urbana
no se constitui apenas remover ou simplesmente afastar o lixo de logradouros e edificaes,
mas principalmente, em dar um destino final adequado aos resduos coletados.
Existem diversas formas de descarte dos resduos slidos, como a compostagem, a
1incinerao,
2esterilizao, aterro sanitrio, aterro industrial, aterro controlado, lixo, porm
1 Ao de reduzir as cinzas (http://www.dicio.com.br/incineracao/, 2014).
2 Desinfeco (http://www.dicio.com.br/desinfeco/, 2014).
26
nem todas so adequadas podendo acarretar problemas sade pblica, como a proliferao
de doenas, gerando tambm a poluio dos solos e das guas atravs do 3chorume (MURGO
et al, 2010).
No Brasil a soluo mais adequada para a disposio dos resduos slidos so os
aterros sanitrios, apesar de exigir investimentos considerveis, por muitos, como caros e de
custo operacional elevado, o que pode ser considerado uma das causas de ainda existir na
maioria das cidades o descarte do lixo ser feito em vazadouros a cu aberto (MURGO et al,
2010).
A nova lei da poltica nacional de resduos slidos em seu artigo 3, inciso VIII,
discorre como disposio final ambientalmente adequada
a distribuio ordenada de rejeitos em aterros, observando normas
operacionais especficas de modo a evitar danos ou riscos sade pblica e
segurana e a minimizar os impactos ambientais adversos. (BRASIL,
2010, p. 02).
Segundo a ABRELPE (2013), observa-se que na destinao dos resduos slidos,
os vazadouros a cu aberto (lixes) constituram o destino nal em aproximadamente 28,2%
dos municpios brasileiros (Tabela 1). Constata-se tambm que na destinao final dos
resduos slidos os vazadouros a cu aberto representam 17,4% em 2013, o que representa um
avano pouco significativo em relao o ano anterior (figura 8).
Tabela 1 - Quantidade de municpios por tipo de destinao adotada 2013.
Destinao Final 2013 - Regies e Brasil
Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil
Aterro Sanitrio 92 453 161 817 703 2.226
Aterro
Controlado 111 504 148 645 367 1.775
Lixo 247 837 158 206 121 1569
Brasil 450 1794 467 1668 1191 5570
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2013.
3 Lquido encontrado no lixo, resultante da decomposio da matria orgnica
(http://www.dicio.com.br/chorume/, 2014).
27
Figura 8 Grfico referente destinao final de RSU (t/dia).
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2013.
Nesse sentido algumas das principais formas de destinao final sero apresentadas a
seguir.
2.5.1 Lixo ou (deposito a cu aberto)
O lixo (figura 9) uma forma inadequada de disposio final de resduos slidos,
que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteo ao meio
ambiente ou sade pblica. O mesmo que descarga de resduos a cu aberto (IPT - SP,
2010).
Segundo o site Ache Tudo e Regio (2014), os lixes tambm so depsito de lixo
sem nenhum tratamento. Esses depsitos causam poluio do solo, das guas que bebemos e
do ar, pois as queimas constantes acabam exalando gases que contamina mesmo. A disposio
do lixo nesses locais inadequados atingem muitos quilmetros em volta, ou at mais, j que as
guas e o ar que o mesmo contamina, movimentam-se.
110.232
105.111
46.041
43.881
32.946
32.296
2012 2013 2012 2013 2012 2013
58,0% 58,3% 24,2% 24,3% 17,8% 17,4%
Aterro ControladoAterro Sanitrio Lixo
28
Figura 9 Esquema representativo de um lixo.
Fonte: http://ambientalsustentavel.org/wp-content/uploads/2011/08/lixaoxaterro1.jpg. Acesso: 20.
Ago. 2014.
Segundo o IBAM (2001), os lixes, alm de problemas sanitrios como a
proliferao de vetores de doenas, apresentam tambm problemas de ordem social, dentre
estes se destacam o fato de que o mesmo acaba atraindo famlias que, por no terem aonde
trabalhar e morar, fazem da catao do lixo um meio de sobrevivncia e acabam por formar
comunidades no local de trabalho, apresentando uma forma sub-humana de sobrevivncia, um
dos casos mais graves que podemos observar neste aspecto, a insero do trabalho infantil
nos lixes, pois muitas crianas abandonam a escola para ajudar seus pais com as despesas da
famlia.
2.5.2 Depsito em aterro controlado
Aterro controlado uma tcnica de disposio de resduos slidos urbanos no
solo, sem causar danos ou riscos sade pblica e a segurana, minimizando os impactos
ambientais. Esse mtodo utiliza princpios de engenharia para confinar os resduos slidos,
cobrindo-os com uma camada de material inerte na concluso de cada jornada de trabalho.
Esta forma produz, em geral, poluio localizada, pois similarmente ao aterro sanitrio, a
29
extenso da rea de disposio minimizada. Porm, geralmente no se dispe de
impermeabilizao de base (comprometendo a qualidade das guas subterrneas), nem
sistemas de tratamento de chorume ou de disperso dos gases gerados. (IPT, 2010)
A utilizao de aterro controlado no faz uso de medidas mitigadoras do que diz
respeito ao combate poluio, pois no incorpora em sua infraestrutura nenhum material
impermeabilizante ideal antes da deposio de lixo. As atividades do aterro controlado ficam
expostas ao ambiente, no possuindo nenhuma cobertura vegetal. Esse processo acaba
causando poluio do solo e do lenol fretico. Nesse tipo de disposio tambm no se faz de
forma integral, a coleta e o tratamento do chorume, nem a coleta e queima do biogs (figura
10) (MURGO et al, 2010).
Figura 10 Esquema representativo de um aterro controlado.
Fonte: http://ambientalsustentavel.org/wp-content/uploads/2011/08/aterrocontrolado.jpg. Acesso em:
20. Set. 2014.
A funo do aterro controlado no prevenir a poluio em sua forma integral e sim
minimizar os efeitos ao meio ambiente. Esta forma de disposio
produz em geral, poluio localizada, pois similarmente ao aterro sanitrio, a
extenso da rea de disposio minimizada. Porm, geralmente no dispe
de impermeabilizao de base (comprometendo a qualidade das guas
subterrneas), nem sistemas de tratamento de chorume ou de disperso dos
gases gerados. Este mtodo prefervel ao lixo, mas, devido aos problemas
ambientais que causa e aos seus custos de operao, a qualidade inferior ao
aterro sanitrio. (IPT-SP, 2010, p. 143).
30
2.5.3 Depsito em aterro sanitrio
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de So Paulo (CETESB, 2014)
o aterro sanitrio uma tcnica que era utilizada pelo homem antigamente, chamada de
aterramento e foi aprimorada para servir ao descarte de seus resduos na atualidade.
Modernamente, uma obra de engenharia que tem como objetivo acomodar no solo, resduos
no menor espao prtico possvel, causando o menor dano possvel ao meio ambiente ou
sade pblica.
Murgo et al (2010), afirma que, esta tcnica consiste resumidamente na
compactao dos resduos no solo, colocando-os em camadas que so repetidamente cobertas
com terra ou outro material inerte, formando clulas de modo a se ter uma alternncia entre os
resduos e o material de cobertura (figura 11).
Figura 11 - Esquema representativo de um aterro sanitrio.
Fonte: http://ambientalsustentavel.org/wp-content/uploads/2011/08/aterro-sanit%C3%A1rio.jpg.
Acesso: 20. Set. 2014.
O aterro sanitrio considerado como a alternativa mais adequada na disposio
final do lixo urbano, ainda que sendo um mtodo mais simples e seguro. Essa tcnica exige
cuidados especiais e tcnicas apuradas a serem seguidas em todas as suas etapas, desde a
seleo e preparo da rea at sua operao e monitoramento.
31
Foi realizada uma abordagem mais aprofundada sobre aterro sanitrio no captulo
4.
2.5.4 Compostagem
Dar-se o nome de compostagem ao processo biolgico de decomposio da matria
orgnica contida em restos de origem animal ou vegetal. Esse processo tem como resultado
final um produto o composto orgnico que pode ser aplicado ao solo para melhorar suas
caractersticas, sem ocasionar riscos ao meio ambiente (IPT, 2010).
Ainda segundo IPT (2010, p. 123), A compostagem a decomposio aerbia da
matria orgnica que ocorre por ao de agentes biolgicos microbianos na presena de
oxignio e, portanto, precisa de condies fsicas e qumicas adequadas para levar a formao
de um produto de boa qualidade.
Essa tcnica permite reduzir de forma significativa a quantidade de resduos que
so conduzidos a aterros, visto que a metade do lixo gerado composto de matria orgnica,
tornando assim essa tcnica muito vantajosa. A tabela 2 mostra a estimativa mdia da
composio gravimtrica dos resduos coletados no Brasil.
Tabela 2 Estimativa da composio gravimtrica dos resduos slidos coletados no Brasil entre 2000
e 2008.
Materiais Participao
Quantidade
2000 2008
% t/dia t/dia
Material reciclvel 31,9 47.558,50 58.527,40
Metais 2,9 4.301,50 5.293,50
Papel, papelo e tetrapak 13,1 19.499,90 23.997,40
Plstico 13,5 20.191,10 24.847,90
Vidro 2,4 3.566,10 4.388,60
Matria orgnica 51,4 76.634,50 94.309,50
Outros 16,7 24.880,50 30.618,90
Total coletado 100 49.094,30 183.481,50
Fonte: IBGE, 2010.
A tcnica da compostagem em um pas com caractersticas tropicais como o
Brasil, associado a sua grande produo diria de resduos orgnicos reverte-se de grande
importncia e necessidade. Trata-se de uma medida que atende a vrios objetivos sejam eles
sanitrios, eliminao de doenas, de vetores, aspectos ambientais, sociais entre outros. uma
32
tcnica simples que ao final gera um material estabilizado e seguro (figura 12) (PEREIRA
NETO, 1996).
Como se pode observar para eficcia desse processo, a conscientizao e
sensibilizao ambiental, imprescindvel para garantir uma soluo vivel para esta
problemtica.
Figura 12 Esquema representativo da compostagem.
Fonte: http://www.altogagreen.com/pt/compostagem.htm. Acesso em 20. Set. 2014.
2.4.5 Reciclagem
A reciclagem o resultado de uma serie de atividades utilizadas no processo de
segregao dos materiais que se tornariam lixo, ou esto no lixo. Eles so desviados,
coletados, separados e processados para serem usados como matria-prima, na manufatura de
novos produtos (IPT, 2010).
Nos termos da Lei Federal 12.305 (2010), a reciclagem o processo de
transformao dos resduos envolvendo a alterao de suas propriedades fsicas, fsico-
qumicas ou biolgicas, com vistas transformao destes em insumos ou novos produtos.
Essa atividade foi inserida como uma das aes prioritrias no princpio da hierarquia na
gesto de resduos.
33
De acordo com o Manual de Educao para o Consumo Sustentvel (2005), a
reciclagem uma das alternativas de tratamento de resduos slidos muito vantajosa, tanto do
ponto de vista ambiental como do social. Ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa
energia e ainda diminui o volume de lixo a ser destinado a aterros, e conseqentemente, a
poluio. Alm disso, quando h um sistema de coleta seletiva bem estruturado, a reciclagem
pode ser uma atividade econmica rentvel. Pode gerar emprego e renda para as famlias de
catadores de materiais.
O IPT (2010, p.156), define a coleta seletiva como um sistema de recolhimento
de materiais reciclveis, tais como papis, plsticos, vidros, metais, e orgnicos,
previamente separados na fonte geradora. A ABRELPE (2013, p. 119) afirma a que coleta
seletiva, por sua vez, ainda no se tornou uma prtica no pas, apesar de ser um elemento
indispensvel para viabilizar a recuperao dos materiais descartados e seu posterior
encaminhamento para processos de reciclagem e aproveitamento.
As maiores vantagens da reciclagem so a minimizao da utilizao de fontes
naturais, muitas vezes no renovveis; a minimizao da quantidade de resduos que
necessitam de tratamento final como aterramento ou incinerao (MURGO et al, 2010).
2.5.6 O impacto ambiental decorrente da destinao final inadequada dos RSU
Segundo Mucelin e Bellin (2007) afirmam que nas cidades brasileiras na qual um
servio de coleta que no prev a segregao dos resduos na fonte comum observarmos
hbitos de disposio final inadequados de lixo. Materiais sem utilidade se amontoam
indiscriminada e desordenadamente, muitas vezes em locais indevidos como lotes baldios
(figura 13), margens de estradas, fundos de vale e margens de lagos e rios (figura 14).
As descobertas dos inmeros danos ambientais resultantes das prticas
inadequadas das disposies dos resduos tm aumentado o conhecimento e a preocupao da
populao do planeta sobre esta questo. Nos ltimos anos, esta preocupao tem sido
manifestada e concretizada, atravs da promulgao de uma srie de legislaes federais,
estaduais e municipais (MAZZER; CAVALCANTI, 2004).
34
Figura 13 Lixo em terreno baldio, Guaraciaba do Norte CE.
Fonte: Autor, 2014.
Entre os diversos problemas ambientais existentes, os dos resduos slidos tem se
tornado um dos maiores desafios da atualidade.
Entre os impactos ambientais negativos que podem ser originados a partir do
lixo urbano produzido esto os efeitos decorrentes da prtica de disposio
inadequada de resduos slidos em fundos de vale, s margens de ruas ou
cursos dgua. Essas prticas habituais podem provocar, entre outras coisas, contaminao de corpos d gua, assoreamento, enchentes, proliferao de vetores transmissores de doenas, tais como ces, gatos, ratos, baratas,
moscas, vermes, entre outros. Some-se a isso a poluio visual, mau cheiro e
contaminao do ambiente (MUCELLI; BELLINI, 2007, p 03).
Segundo Mucelin e Bellin (2007, p.03), a vivncia cotidiana muitas vezes
mascara circunstncias visveis, mas no perceptveis. Nesse sentido mesmo possuindo
informaes a respeito de conseqncias de alguns hbitos cotidianos, contemplando casos de
agresses ao ambiente, muita coisa concorre para que o morador urbano no reflita sobre os
males de tais hbitos.
35
Figura 14 - Rio poludo com resduos slidos.
Fonte: http://ferreirafatima1.blogspot.com.br/2010/11/producao-de-texto.html. Acesso em: 16. Set.
2014.
Mazzer e Cavalcanti (2004, p.10), concluram que os resduos slidos, se
descartados inadequadamente no ambiente, podem provocar alteraes intensas no solo, na
gua e no ar, alm da possibilidade de causarem danos a todas as formas de vida, trazendo
problemas que podem comprometer as futuras geraes.
Ainda segundo Mazzer e Cavalcanti (2004), caso as autoridades pblicas e a
sociedade civil no se mobilizem para que medidas necessrias e urgentes sejam tomadas, o
futuro reservar humanidade srios problemas relacionados ao meio ambiente,
principalmente com a escassez da gua e o excesso de lixo.
2.5.7 Desenvolvimento sustentvel e resduos slidos
O grande desafio da atualidade promover o desenvolvimento de forma
sustentvel, ou seja um processo de evoluo capaz de satisfazer as necessidades presentes
sem no entanto comprometer de alguma forma as necessidades das prximas geraes. O
conceito de desenvolvimento sustentvel estar ligado preocupao na manuteno e na
existncia de recursos naturais para a continuidade das geraes futuras. Ainda que a idia de
sustentabilidade esteja vinculada a diferentes interpretaes sob vrias pticas apresentando
36
assim, diferentes interpretaes, elas devero ter como objetivo comum a centralizao das
ideias, inerente ao conceito de desenvolvimento sustentvel e nas estratgias necessrias para
sua execuo (COSTA, 2011).
Segundo o Servio Brasileiro de apoio s Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE/MS, 2012), o surgimento de conceitos como da sustentabilidade e do
ambientalmente correto tem mudado a forma como as pessoas se comportam em sociedade. A
idia de que o seu consumismo deve estar ligado tambm hbitos ecolgicos tem se mostrado
cada vez mais necessrio para a sua prpria qualidade de vida. certo que falta ainda muita
coisa em termos de adoo de prticas ambientais, mas a incorporao de aes ligadas ao
tema, pelas novas geraes traz a perspectiva crescente de responsabilidade em relao s
questes ambientais.
Ainda segundo o SEBRAE/MS (2012), necessrio um ambiente favorvel,
conhecimentos de prticas eficazes, a coordenao de atividades para desenvolvimento
sustentvel local e regional que estejam em conjunto com setor privado e as instncias
estadual e federal em consonncia com a Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS). Os
gestores pblicos, afirmam que, torna-se imperativo adequar-se a novos modelos para destino
do lixo e para a dinamizao econmica a partir da produo. O mesmo caderno afirma ainda
que para transformar os municpios em cidades sustentveis, possvel acessar fontes de
recursos e incentivos para a instalao de estrutura adequada para a gesto dos resduos e
melhor aproveitamento energtico, transformando os lixes em aterros sanitrios, desde que a
estratgia seja participativa e represente incluso produtiva.
Nesse sentido, para uma gesto de desenvolvimento adequada, deve-se aliar a
utilizao responsvel dos recursos naturais disponveis com as expectativas econmicas,
gerando assim um cenrio de benefcios para ambas s dimenses. Assim, a idia que se
discute sobre desenvolvimento sustentvel, junta-se com a deciso de custo versus benefcios.
Isto retoma a necessidade de repensar como produzir e aproveitar de forma eficiente os
recursos disponveis.
2.6 Resduos slidos e polticas pblicas
Buscando sempre solues para os problemas demandados pela sociedade, os
governos traam aes metas e planos visando sempre o bem estar da mesma e o interesse
pblico. Nesse sentido, as polticas publicas podem ser definidas como um campo de
37
conhecimento que busca colocar o governo em ao e se necessrio promover mudanas nos
rumos dessas aes (MALLMANN, 2013).
2.6.1 A Poltica nacional de resduos slidos
Historicamente no Brasil, algumas leis e resolues relacionadas a aspectos
ambientais e sobre resduos slidos j haviam sido criadas, mas o grande marco da gesto
ambiental no Brasil foi a criao da lei que estabelece a PNRS, vindo esta de encontro a uma
viso moderna na luta contra um dos maiores problemas do Planeta: O lixo urbano.
Segundo a Lei n 12.305, de 02 de agosto de 2010, os governos municipais e
estaduais tm prazo de dois anos para elaborar um plano de resduos slidos, com diagnstico
da situao lixo e metas para reduo e reciclagem, alm de dar um fim aos lixes e buscar
solues consorciadas com outros municpios. Devem tambm identificar os principais
geradores de resduos, calcular melhor os custos e criar indicadores para medir o desempenho
do servio pblico nesse campo.
A Lei n 12.305 em seu artigo 8, tambm estabelece instrumentos a fim de
estruturar a PNRS na qual, pode-se citar com maior destaque os planos de resduos slidos; as
ferramentas relacionadas implementao da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos; o monitoramento e a fiscalizao ambiental, sanitria e agropecuria; a
pesquisa cientfica e tecnolgica; os incentivos financeiros, fiscais e creditcios; o Sistema
Nacional de Informaes sobre a Gesto dos Resduos Slidos (SINIR); o Sistema Nacional
de Informaes em Saneamento Bsico (SINISA); e os instrumentos da Poltica Nacional de
Meio Ambiente (PNMA), no que couber (BRASIL, 2010).
2.6.2 Polticas estaduais e municipais de resduos slidos
A elaborao do Plano Estadual de Resduos Slidos (PERS), nos termos
previstos no artigo 16 da Lei n 12.305/2010, condio para os Estados terem acesso a
recursos da Unio, a partir de 2 de agosto de 2012, (O texto da medida provisria 651/14
ampliou o prazo para 2016 para os estados e municpios elaborarem seus planos de resduos
slidos) esse destinados a empreendimentos e servios relacionados gesto de resduos
slidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de
crdito ou fomento para tal finalidade (MMA, 2014).
38
A Lei n 12.305, em seu artigo 45 estimula a formao de consrcios de
municpios para viabilizar a descentralizao e a prestao de servio facilitando a execuo
da gesto integrada (BRASIL, 2010).
Os Planos estaduais devem prever zonas favorveis para a localizao das
unidades de tratamento de resduos slidos ou disposio final de rejeitos, alm da
recuperao das reas degradadas em razo da disposio inadequada de resduos slidos
(SEBRAE/MS, 2012).
A Lei n 12.305 em seu artigo 18 dispe sobre a elaborao dos Planos
Municipais, determinando que
condio para o Distrito Federal e os Municpios terem acesso a recursos
da Unio, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e
servios relacionados limpeza urbana e ao manejo de resduos
slidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos
de entidades federais de crdito ou fomento para tal finalidade (BRASIL,
2010, p. 10).
Os Planos Municipais so planos mais detalhados, que devem incluir a
identificao de reas favorveis para disposio final ambientalmente adequada de rejeitos,
assim como a identificao das possibilidades de implantao de solues consorciadas ou
compartilhadas com outros municpios (BRASIL, 2010).
Em se tratando da situao da regio Nordeste, segundo dados ABRELPE (2013),
os 1.794 municpios dos nove Estados da regio Nordeste geraram, em 2013, a quantidade de
53.465 toneladas/dia de RSU, das quais 78,2% foram coletadas. Os dados indicam
crescimento de 4,5% no total coletado e aumento de 3,4% na gerao de RSU em relao ao
ano anterior (figura 15).
A comparao entre os dados relativos destinao adequada de RSU no
apresentou evoluo de 2012 para 2013 na regio. Dos resduos coletados na regio, cerca de
65%, correspondentes a 27.116 toneladas dirias, ainda so destinados para lixes e aterros
controlados que, do ponto de vista ambiental, pouco se diferenciam dos prprios lixes, pois
no possuem o conjunto de sistemas necessrios para proteo do meio ambiente e da sade
pblica (figura 16) (ABRELPE, 2013).
39
Figura 15 Grfico referente coleta e gerao de RSU no Nordeste entre 2012-2013.
Fonte: Pesquisa Abrelpe, 2013.
Figura 16 Grfico referente destinao final de RSU na Regio Nordeste (t/dia).
Fonte: Pesquisa Abrelpe, 2013.
Em uma situao mais local, no caso do Estado do Cear que ainda no concluiu a
seu Plano Estadual de Resduos Slidos (PERS), estando o mesmo ainda em fase de
anteprojeto e disponvel para consulta popular no stio do Governo do Estado (LEITE et al,
2014).
O estado do Cear, segundo o IBGE (2010), possui uma populao de 8.452.381
habitantes, com uma rea territorial de 148.920,472 km, com um total de 184 municpios,
subdivididos em 33 microrregies e no que concerne ao destino dos RSU, cerca de 24,9% do
mesmo, tem como destino final, os lixes como pode ser observado na figura 17 abaixo.
Coleta de RSU Gerao de RSU
(t/dia) (t/dia)
40.021 41.820
53.465
51.689
4,50% 3,40%
2012 2013 2012 2013
14.704
14.161
13.824
13.221
13.292
12.639
2012 2013 2012 2013 2012 2013
35,4% 35,2% 33,0% 33,0% 30,6% 31,8%
Aterro ControladoAterro Sanitrio Lixo
40
Figura17 Grfico referente destinao Final de RSU no Estado do Cear (t/dia).
Fonte: Pesquisa ABRELPE, 2013.
Em abril de 2005, o governo federal regulamentou a Lei n 11.107, que dispe
sobre normas gerais para unio, os estados o distrito federal e os municpios contratarem
consrcios pblicos para realizao de suas metas de interesse (MORAES, 2012).
A Lei n 12.305/2010 em seu artigo 45, trata de incentivos financeiros e sugere
que:
Os consrcios pblicos constitudos, nos termos da Lei n 11.107, de 2005,
com o objetivo de viabilizar a descentralizao e a prestao de servios
pblicos que envolvam resduos slidos, tm prioridade na obteno dos
incentivos institudos pelo Governo Federal (BRASIL, 2010, p.20).
No estado do Cear as iniciativas individuais de destinar os resduos para aterros
no conseguem se desenvolver, acabando por transformar o espao antes projetado, em lixes
com agresso direta ao meio ambiente e a sade pblica. Pesadas multas vm sendo aplicadas
pelos rgos de controle e ambiental como forma de punir tal agresso, onerando cada vez
mais os municpios. Para minimizar esta problemtica, estudos apontaram a necessidade de
se dividir o Estado em 30 consrcios regionais, englobando os 184 municpios, para essa
finalidade especfica (MORAES, 2012).
A Lei federal n 11.445/2007, conhecida como a Lei de Diretrizes Nacionais de
Saneamento Bsico (LNSB), regulamentada pelo decreto federal n 7.217/2010, estabelece
em seu artigo 2 a universalizao da prestao dos servios como um de seus princpios
3264
3171
2208
2147
1814
1778
2012 2013 2012 2013 2012 2013
44,6% 44,8% 30,2% 30,3% 25,2% 24,9%
Aterro ControladoAterro Sanitrio Lixo
41
fundamentais. A Lei define universalizao como sendo a ampliao progressiva do acesso de
todos os domiclios ocupados ao saneamento bsico (GALVO JNIOR, 2013).
Galvo Jnior (2013) afirma que a LNSB estabeleceu vrios instrumentos a fim
de alcanar o acesso universal aos servios de saneamento bsicos, alm de fortalecer outros
j existentes, entre os quais o planejamento, o controle social, a regulao e o exerccio da
titularidade. Nesse sentido a poltica pblica municipal deve ser formulada de tal forma que a
universalizao da prestao dos servios seja o foco principal, sendo o PMSB o instrumento
de definio de estratgias e de diretrizes.
Os municpios devem elaborar seus planos com prazo para concluso at
dezembro de 2013 (O decreto 8.211/2014 altera para 31 de dezembro de 2015 o prazo final
para a elaborao dos PMSBs). Uma vez elaborados, cabero s entidades reguladoras a
verificao do cumprimento dos planos.
Segundo Galvo Jnior (2014), no incio de 2014 apenas 35 municpios dos 184
tinham seus PMSB concludos e a perspectiva segundo o mesmo era que at o final do
referido ano tero no mximo 50% dos planos finalizados.
Como se pode observar na figura 18, na regio Noroeste do estado do Cear, mais
precisamente na Regio da Serra da Ibiapaba, dentre os 09 municpios que a compe, so
poucos os que tm seus PMSB definidos, pode-se destacar a cidade de Graa, Croat,
Mucambo como exemplo. Em Guaraciaba do Norte, cidade circunvizinha s citadas
anteriormente, no existe PMSB, evidenciado a ausncia de planejamento e gesto no que
concerne a polticas publicas ligadas a saneamento.
Assim, o PMSB configura-se como uma ferramenta estratgica de planejamento e
de gesto, com vistas a alcanar a melhoria da qualidade e da cobertura dos servios de
saneamento bsico, com impactos positivos nas condies ambientais, de sade e na
qualidade de vida da populao (GALVO JUNIOR, 2013).
42
Figura 18 - Mapa demonstrativo da situao dos PMSB do estado do Cear em Maro de 2013.
Fonte: ARCE, 2013
2. 7 Aterro sanitrio
A NBR 8419 (ABNT, 1992), Apresentao de Projetos de Aterros Sanitrios de
RSU, define como aterro sanitrio a:
Tcnica de disposio de resduos slidos urbanos no solo, sem causar danos
sade pblica e sua segurana, minimizando os impactos ambientais,
mtodo este que utiliza princpios de engenharia para confinar os resduos
slidos menor rea possvel e reduzi-los ao menor volume permissvel,
cobrindo-os com uma camada de terra na concluso de cada jornada de
trabalho, ou a intervalos menores, se necessrio (ABNT, 1983, p. 01).
43
O aterro sanitrio, entre outros requisitos, deve ser construdo de acordo com os
critrios e as normas de engenharia. Segundo Arajo (2008), em regra deve possuir duas
unidades, que so as seguintes: operacional; e, apoio.
Esta tcnica consiste basicamente na compactao dos resduos no solo, dispondo-
os em camadas que so periodicamente cobertas com terra ou outro material inerte, formando
clulas de modo a se ter uma alternncia entre os resduos e o material de cobertura (figura19)
(MURGO et al, 2010).
Figura 19 Funcionamento do aterro sanitrio.
Fonte: http://desenvolvimentosustentavelcienciasgcu.blogspot.com.br/. Acesso em 26. Set. 2014.
H trs formas de aterro sanitrio para a disposio dos resduos slidos, so elas:
os aterros sanitrios, para onde so levados os resduos de origem urbana, os industriais, na
qual so utilizados para o tratamento de matrias com origem industrial, classificados como
perigosos, e os aterros controlados.
A escolha de uma rea para instalao de aterro sanitrio no uma tarefa
simples, uma vez que o alto grau de utilizao das cidades acabou por no disponibilizar
terrenos prximos aos geradores de lixo e com as dimenses tcnicas almejadas (ARAJO,
2008).
44
Os aspectos econmicos e financeiros tambm so fatores de forte relevncia uma
vez que a eficincia na disposio final lixo, depende das disponibilidades dos recursos e so
fundamentais para que todas as exigncias tcnicas sejam satisfeitas.
Estudos gerais so realizados a fim de identificar a melhor rea dentre as
potencialmente existentes.
O levantamento de dados gerais feito junto Administrao Pblica municipal e
busca saber aspectos relacionados ao nmero de habitante; classificao do lixo; e,
informaes referentes coleta e transporte.
A partir da analise e interpretao das informaes coletadas com o estudo para
viabilizao das reas pr selecionadas, possvel definir a rea que mais tecnicamente
atende a instalao do aterro (ARAJO, 2008).
Ainda na determinao da rea, devem-se levar em considerao parmetros
tcnicos contidos nas normas e diretrizes federais, estaduais e municipais, os aspectos legais
das trs instncias governamentais, planos diretores dos municpios envolvidos, plos de
desenvolvimento locais e regionais, e os aspectos polticos e sociais. (MURGO et al, 2010).
Todos os condicionantes tcnicos para a escolha da rea do aterro sanitrio a ser
implantado esto definidos em normas da ABNT. O quadro 3 abaixo define esses critrios:
Quadro 3 Critrios tcnicos para seleo da rea do aterro sanitrio segundo ABNT 15849/10
citado por IBAM (2001).
Uso do solo As reas tm que se localizar numa regio onde o uso do
solo seja rural (agrcola) ou industrial e fora de
qualquer Unidade de Conservao Ambiental.
Proximidades a cursos d'gua
relevante
As reas no podem se situar a menos de 200 metros de
corpos d'gua relevantes, tais como rios, lagos, lagoas e
oceano. Tambm no podero estar amenos de 50 metros
de qualquer corpo d'gua, inclusive valas de drenagem que
pertenam ao sistema de drenagem municipal ou estadual.
Proximidades a ncleos
residenciais urbanos
As reas no devem se situar a menos de mil metros de
ncleos residenciais urbanos que abriguem 200 ou mais
habitantes.
Proximidade a aeroportos As reas no podem se situar prximas a aeroportos ou
aerdromos e devem respeitar a legislao em vigor.
45
Distncia do lenol fretico As distncias mnimas recomendadas pelas normas federais
e estaduais so as seguintes:
Para aterros com impermeabilizao inferior atravs de manta plstica sinttica, na distncia do lenol
fretico manta no poder ser inferior a 1,5
metros.
Para aterros com impermeabilizao inferior atravs de camada de argila, a distncia do lenol fretico
camada impermeabilizante no poder ser inferior a
2,5 metros e a camada impermeabilizante dever ter
um coeficiente de permeabilidade menor que 10-6
cm/s
Vida til mnima desejvel que as novas reas de aterro sanitrio tenham,
no mnimo, cinco anos de vida til.
Permeabilidade do solo natural desejvel que o solo do terreno selecionado tenha certa
impermeabilidade natural, com vistas a reduzir as
possibilidades de contaminao do aqufero. As reas
selecionadas devem ter caractersticas argilosas e jamais
devero ser arenosas.
Extenso da bacia de drenagem A bacia de drenagem das guas pluviais deve ser pequena,
de modo a evitar o ingresso de grandes volumes de gua de
chuva na rea do aterro.
Facilidade de acesso de veculos
pesados
O acesso ao terreno deve ter pavimentao de boa
qualidade, sem rampas ngremes e sem curvas acentuadas,
de forma a minimizar o desgaste dos veculos coletores e
permitir seu livre acesso ao local de vazamento mesmo na
poca de chuvas muito intensas.
Disponibilidade de material de
cobertura
Preferencialmente, o terreno deve possuir ou se situar
prximo a jazidas de material de cobertura de modo a
assegurar a permanente cobertura do lixo a baixo custo.
Fonte: IBAM, 2001.
Para a implantao de um aterro sanitrio ser necessrio o processo de
licenciamento da rea que deve comear to logo a liberao que seja assinada o contrato pra
a execuo do servio e compreendem algumas etapas. Segundo IBAM (2001), o
licenciamento ambiental deve seguir alguns critrios.
importante que todo o procedimento administrativo seja feito de forma
encadeado de tal forma que enquadre a atividade dentro dos padres ambientais permitidos. O
licenciamento ambiental deve ser elaborado de tal forma que possa por um lado, evitar a
46
degradao ambiental quando puder ser previamente identificada e, por outro, minimizar o
dano quando no for possvel contorn-lo (ARAJO, 2008).
No que concerne aos projetos bsicos e executivos, os mesmos so fundamentais
para a instalao do aterro sanitrio. Uma vez elaborado e aprovado o projeto bsico, passa-se
para o projeto executivo. S aps isso, pode-se iniciar a obra de instalao do aterro sanitrio
(ARAJO, 2008).
A NBR n 8.419, de 1992 da ABNT estabelece os critrios de apresentao de
projetos de aterros sanitrios de resduos slidos urbanos.
O projeto executivo do aterro sanitrio deve ser desenvolvido tendo como
objetivo maximizar a vida til da rea disponvel, assegurando, no mnimo, um perodo de
atividade de cinco anos (IBAM, 2001).
Com a licena ambiental concedida e os projetos executivos aprovados, dar-se
inicio a implantao do aterro sanitrio. As etapas dos servios devem seguir todas as
especificaes tcnicas contidas no projeto executivo, bem como diretrizes de normas da
ABNT e de rgo ambientais responsveis pela fiscalizao, Ministrio do Trabalho, alm de
recomendaes e padres das concessionrias de servios pblicos.
Quanto operao de aterros mdios e grandes, Arajo (2008), afirma que o
processo utilizado para operao de aterros sanitrios leva em considerao aspectos
correlacionado a topografia do terreno selecionado para a implantao, o material adequado
para a cobertura e a profundidade do lenol fretico. Estes mtodos podem ser: os seguintes
(1) rampa; (2) trincheira; e, (3) rea.
Depois de escolhido o mtodo que se encaixe com perfil da rea pr-selecionada e
executadas todas as etapas na fase de implantao do aterro sanitrio, inicia-se sua operao.
A operao propriamente dita comea com o recebimento de lixo a portaria do
aterro, quando o caminho pesado, em balana rodoviria localizada, antes e depois da
descarga para se ter o controle dirio/mensal. Aps esse momento o caminho deve ser
vistoriado por tcnicos devidamente treinados para inspecionar, classificar e direcion-lo para
o local onde ser disposto (IPT, 2010).
Depois desse processo, o lixo deve ser regularizado e compactado por uma
mquina especfica, um trator de esteira. Aps a concluso da clula, os resduos devem ser
cobertos com o material devido. Esse procedimento de cobertura do lixo tem como finalidade
evitar que o vento araste-o, evita tambm a atividade de catao e a proliferao de vetores. O
cobrimento do lixo tambm ajuda no deslocamento dos veculos assim como dificulta a
infiltrao de gua precipitado no solo (IPT, 2010).
47
2.8 Matriz SWOT anlise das foras e fraquezas, oportunidades e ameaas
A anlise de SWOT uma ferramenta de grande importncia para as empresas,
pois visa formulao de estratgias que auxiliam na permanncia e desenvolvimento da
organizao no mercado competitivo existente na atualidade. Possibilitando realizao de uma
minuciosa anlise do ambiente interno da organizao e atravs disso identificar as foras e
fraquezas da empresa, o que permite sugerir quais as oportunidades e ameaas externas
(SOUSA et al, 2012).
Sousa et al (2012) afirma que SWOT uma sigla que indica a primeira letra das
palavras Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats (Foras, Fraquezas, Oportunidades e
Ameaas) e uma definio das fraquezas e fortalezas de uma empresa, bem como as
oportunidades e ameaas inseridos em seu ambiente interno e externo.
Quadro 4 Anlise de SWOT.
Fonte: Sousa, 2012.
De acordo com o quadro 4 pode-se constatar que:
a) Foras: So os recursos que a organizao dispe.
b) Fraquezas: Determina as fraquezas da organizao, tanto do ponto de vista de quem
analisa, como dos clientes.
c) Oportunidades: Determinar como a organizao pode continuar a crescer dentro de seu
48
mercado.
d) Ameaas: So fatores externos que esto fora de nosso controle. vital estar preparado e
enfrentar as ameaas durante situaes de turbulncia.
Nesse sentido a anlise da Matriz SWOT uma ferramenta essencial para uma
organizao, uma vez que atravs dela que as organizaes consegue ter uma viso clara e
objetiva sobre quais so suas foras e fraquezas no ambiente interno e suas oportunidades e
ameaas no ambiente externo, os gerentes conseguem assim, traar estratgias para obter
vantagens e melhorar o desempenho organizacional (SOUSA et al, 2012).
49
3 ESTUDO DE CASO
3.1 Metodologia
O objeto de estudo compreende uma anlise do municpio de Guaraciaba do Norte
- CE em relao produo e disposio de resduos slidos, diagnstico da situao do
mesmo no que concerne polticas pblicas voltadas ao tratamento de resduos slidos, e
apresenta alternativas sustentveis para disposio final. Este trabalho foi dividido em duas
etapas, sendo que a primeira consta de uma reviso bibliogrfica sobre resduos slidos, na
qual foram feitas pesquisas em livros, artigos, monografias e sites de internet no intuito de
obter um embasamento terico para que possibilitasse a avaliao tcnica.
Em um segundo momento, foi realizado um levantamento das informaes
primrias mediantes entrevistas dirigidas ao poder municipal e a populao em geral em que
foi preparado um subsdio para que as informaes geradas pela observao direta ganhem
respaldo e sejam reforadas facilitando na aplicao de um modelo aplicvel de gesto de
resduos slidos. Nesse sentido, criou-se um modelo propositivo, por meio de uma anlise de
SWOT (foras, fraquezas, oportunidade e ameaas) com sugesto aos pontos fracos
encontrados, alm da manuteno dos fortes.
3.1.2 Caracterizao da amostra (Guaraciaba do Norte - CE)
A cidade de Guaraciaba do Norte (figura 20) localiza-se no Noroeste do Cear,
tem como municpios limtrofes: ao Norte, Graa, So Benedito, Sobral; ao Sul, Croat, Ip;
ao Oeste, Carnaubal, Estado do Piau, Croat. A rea absoluta de 611,46 km, altitude 902,4
m, a distncia capital de 257 km, tendo como coordenadas geogrficas: latitude (S): 4 10
01; Longitude (WGR): 40 44 51. Apresentando: Clima: Tropical Quente Semi-rido;
Pluviosidade (mm): 1273,0; Temperatura Mdia (c): 24 a 26; Perodo Chuvoso: Janeiro a
Maio. E caracterstica ambientais como: relevo da Ibiapaba; solos Areias Quartzosas
Distrficas e Latossolo Vermelho-Amarelolo; vegetao tipo Carrasco e Floresta
Subpereniflia Tropical Pluvio-Nebular. Possuindo a bacia hidrogrfica do Parnaba. (IPECE,
2013). Segundo IBGE (2010) em 47,09% dos domiclios o lixo era coletado, isso representa
4806 domiclios atendidos, superior ao ano de 2000 quando esse ndice representava 25,39%,
cerca de 2023 domiclios.
50
Figura 20 - Localizao de Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Google Earth, 2014.
Segundo o IBGE (2010), o aspecto demogrfico, Guaraciaba do Norte apresenta
as seguintes caracterstica: mulheres: 19115 (50,60 %); homens: 18660 (49,40 %); Rural:
20372 (53,93 %); Urbana: 17403 (46,07%), totalizando 37.775 habitantes e densidade
demogrfica de 61,78 hab/km.
3.1.3 A Entrevista e Conduo
A escolha da entrevista foi feita por um modelo:
a) Estruturada: A entrevista foi feita com base em perguntas diretivas, no-diretivos.
Onde ela desencadeia-se atravs de uma relao fixa;
b) Dirigido e Padronizado: Promovendo a aplicao de um questionrio predeterminado
com uma maioria de perguntas abertas e com um papel ativo do entrevistador na em
algumas pergunta caso o entrevistado no demonstrasse conhecimento que
possibilitasse a continuao do questionrio.
51
3.1.4 Aplicao da matriz SWOT
Atravs da aplicao do mtodo de analise acima descrito, na gesto dos resduos
slidos urbanos do municpio de Guaraciaba do Norte, estado do Cear, foi possvel
estabelecer a analise SWOT (quadro 4). Em anexo I consta o modelo de questionamento
dirigido populao e anexo II, ao pode municipal, a fim de compor a analise SWOT.
Quadro 5 Quadro da anlise de SWOT.
STRENGS (FORAS) OPPORTUNITIES (OPORTUNIDADES)
- Nvel de conhecimento da populao
sobre o assunto
- Participao da populao para minimizar a
gerao de RSU
- Plano diretor participativo com leis
voltadas para a participao de resduos - Criao de Aterro Sanitrio consorciado
- Periodicidade da coleta de lixo - Criao de cooperativas de catadores e
beneficiadores de resduos
- Local de destinao dos RSU
- Coleta de entulhos e materiais de
construo
WEAKNESSES (FRAQUEZAS) THREATS (AMEAAS)
- Responsabilidade da gesto dos RSU
segundo a populao
- Efeitos que falta de tratamento adequado dos
RSU causam, sob ptica da populao.
- Ausncia de gesto socialmente integrada - Manejo inadequado nos processo de coleta e
disposio dos resduos
- Ausncia de reciclagem - Impactos ambientais
- Uso de alternativa de incinerao
- Uso de alternativa de compostagem
Fonte: Autor, 2014
5.1.5 Local de aplicao
Os questionrios foram aplicados em domiclios por escolha aleatria tentando
percorrer os mais diversos pontos dos bairros da cidade Guaraciaba do Norte - CE, e assim
como ao poder pblico responsvel.
52
5.1.6 Amostra
Seguindo um modelo de amostragem aleatria, onde se deseja conhecer a opinio
da populao sobre o assunto saneamento bsico mais especificamente resduos slidos e
retratar a vida dessas pessoas associadas a esse tema. A amostra definida nessa pesquisa foi de
30 entrevistados tendo como a populao em geral e o poder municipal sendo possvel assim
montar um relatrio da analise SWOT. Foram estabelecidas 5 (cinco) perguntas direcionadas
ao pblico geral e ou 10 (dez) ao poder pblico municipal.
53
4 ANLISE DO RESULTADOS
Strengths (Foras)
Diante dos questionamentos os resultados mostraram que a maior parte da
populao associa saneamento bsico ao tratamento de esgoto, abastecimento de gua e em
alguns casos a resduos slidos. Quanto ao nvel de conhecimento sobre resduos slidos, a
maioria o define como aquilo que sobrou aps a utilizao dos produtos, e mesmo a lixo.
Quanto periodicidade da coleta de lixo, segundo o poder municipal, a cidade est entre as
184 dos municpios cearenses que pratica a coleta de lixo contnua. A mesma realizada
diariamente na sede do municpio intercalada com os distritos e alguns stios conforme o
calendrio de coleta. A cidade no possui plano diretor que prev aes voltadas para resduos
slidos, sua implantao est sendo estudada e sua elaborao consta no plano Plurianual
2014/2017. A cidade tambm no possui PMSB desenvolvido, evidenciando a ausncia de
planejamento e gesto inadequada para os RSU. Quanto destinao dos resduos slidos, os
mesmos so direcionados a um vazadouro cu aberto (figura 21), no passando por nenhum
tratamento especifico antes do lanamento. Em relao coleta dos RDC (figura 22), a
prefeitura afirma que a sua coleta de responsabilidade do proprietrio da obra, ficando a
cargo da mesma apenas a fiscalizao. Os resduos de origem hospitalar segundo o poder
municipal so incinerado.
Figura 21 - Vazadouro cu aberto, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Autor, 2014.
54
Figura 22 Resduos de Construo e Demolio, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Autor, 2014.
Weaknesses (Fraquezas)
A populao entrevistada em sua grande maioria, quase totalidade, apontaram que
a responsabilidade pelo tratamento adequado do poder municipal (figura23), mas que deve
ser compartilhada com a prpria populao. Quanto gesto socialmente integrada, remete-se
a participao da populao em iniciativas, como campanha em coleta seletiva, de reciclagem,
educacionais. Nesse sentido o poder municipal afirma que realiza palestras educativas e que
alguns programas esto em processo de implantao. Quantos aos processos reciclagem,
incinerao e compostagem, o poder municipal afirma que sero ampliados com a
implantao do aterro sanitrio consorciado.
55
Figura 23 Resduos slidos a serem coletado, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Autor, 2014.
Opportunities (Oportunidades)
Quando questionada a populao sobre o que ela fez, ou faz para contribuir para a
reduo na gerao de resduos slidos, as respostas variaram muito, a maioria apontou que
procura coletar e destinar em local indicado (figura 24), na lixeira da rua, mas algumas
pessoas disseram que no fazem nada para reduzir, em alguns casos que reutilizam por
exemplo o lixo orgnico para outros fins, outros que procuram orientar as pessoas do bairro.
A criao de aterro que fazem o controle e tratamento de guas percoladas, bem como biogs
fundamental em todo aterro sanitrio. Segundo o poder municipal existe um projeto de
aterro consorciado a ser implantado na cidade, o consrcio formado por algumas cidades da
Serra do Ibiapaba. O poder municipal afirma que j foi assinado um consrcio, porm o que
falta implantao seria um projeto que atenda a realidade dos municpios e a definio de
quais municpios iro realmente participar do consrcio. Tendo em vista as necessidades
econmicas da regio, que so muito ligados a agricultura e ao comrcio, seria uma forma de
parte da populao aumentar sua renda, a criao de cooperativas de catadores, mas segundo
o poder municipal na cidade no possui nenhuma iniciativa para a implantao dessa poltica.
56
Figura 24 Disposio dos RSU em local indicado, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Autor, 2014.
Threats (Ameaas)
Em relao s consequncias que a ausncia de um tratamento adequado de RSU
pode ocasionar, a maioria da populao afirmou que essa negligncia causa doenas, ameaa
sade pblica, outros afirmaram que polui o solo, o lenol fretico. Em relao forma de
coleta, de acordo com o exposto pelo poder municipal, esse processo atende as normas para
insalubridade dos trabalhadores, os funcionrios utilizam todos os materiais de segurana
necessrios, EPIs, fardamento, o que no foi constatado (figura 25). notrio que o
municpio de Guaraciaba do Norte CE, no pratica iniciativas sustentveis para minimizar
os impactos decorrentes da destinao inadequada do RSU, no existe no municpio nenhuma
implantao de medida mitigadora.
57
Figura 25 Atividade de coleta dos RSU, Guaraciaba do Norte - CE.
Fonte: Autor, 2014.
4.1 Proposta, localizao e tipo de aterro
Uma forma eficiente para amenizar o problema evidenciado at ento, est na
construo de um aterro sanitrio consorciado, cujos impactos causados ao meio ambiente
com a sua implantao so pequenos e de fcil controle, se comparado com os benefcios que
o mesmo capaz de proporcionar ao municpio ao investir neste tipo de sistema, alm do fato
do consrcio minimizar os custos de implantao e operao do aterro, atendendo assim a
realidade local. Contudo a escolha da rea para implantao de aterros sanitrios deve contar
com estudos tcnicos criteriosos que ajudem a apontar quais as consequncias futuras para
cada rea considerando as caractersticas especficas de cada local, os critrios tcnicos,
econmicos, polticos e sociais, bem como a legislao do rgo regulamentador.
Aterro sanitrio um sistema eficaz para o descarte dos resduos e que auxiliar
na preservao do meio ambiente na cidade de Guaraciaba do Norte - CE. Um aterro sanitrio
representa uma evoluo e uma soluo em relao deposio incorreta do lixo urbano
atualmente encontrada, porque consiste numa forma de disposio controlada de resduos.
58
5 CONCLUSO
Na cidade de Guaraciaba do Norte -