Upload
william-santana-santos
View
29
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
peça bega maetrelinck
Citation preview
INTERIOR pela luz e pelo vu indeciso da~ ja.. tambm; e as irms so jovens-de..f(1894) nelas. O velho e o estrangeiro en.. mais. .. E todos a amavam como '
tram com cuidado no jardim. no se amar mais. " Eu nunca ti..Maurice Maeterlinck nha visto uma casa to feliz ...
O VELHO - Estamos ~a parte No, no, no se aproxime da ja..Traduo de Ftima Saadi 1 do jardim que se estende nos fun.. nela; isso-seria pior que. i . Mais
dos da casa. Eles nunca vm aqui. vale anunci-lo o mais simplesmen..As portas ficam do outro lado - es- te que conseguirmos, como se fosseto fechadas eos postigos cerrados. um acontecimentocomum; enopa..Mas no h postigos por aqui e ~u recer tristedemais senoa dor delesvi luz. .. , eles ainda esto reuni.. vai querer ultrapassar a sua dor edos luz do candeeiro. Felizmente nosaber entooque fazer mais...no nos ouviram; seno a meou as Vamos pelo outro lado do jardim.
PERSONAGENS jovens talvez sassem e a o que te.. Bateremos porta e entraremosramos que fazer! como se nada tivesse acontecido.
No jardim O ESTRA NGEIRO - O que vamos Entrarei primeiro; no se surpreen.. -\OVelho fazer? I dero aome ver; venho s vezes, O Estrangeiro O VELHO - Primeiro eu queria Inoite, trazer-lhes flores ou frutos eMar~a e } netas do Velho ver se eles estotodos na sala. Ds- passar algumas horas com eles. .Mana tingo o pai sentado ao p do fogo. OESTRANGEIRO _ Por que queUm campons Ele ~spera , .as mos nos joelhos. .. devoacompanh-lo?V sozinho; es..Amultido a mae apia os cotovelos sobre a . h EIperara que me c amem .. . es
m~a . S INa casa O E El nunca me VIram... ou apenas a..STRANGEIRO - a nos .
Ih guem que passa; sou um estran..OPai o a.. . .
OVELHO - No, ela no sabegelro.. .
A Me OVELHO - melhor no estarAs duas filhas o que olha; seus olhos no piscam. sozinho. Uma desgraa que no seEla no nos pode ver; estamos sobAcriana I a sombra das grandes rvores. Mas traz sozinho menos ntida e me..personagens mudos nos pesada.. . Cismava nisso en..no se aproxime mais ... As duasUm velho jardim comsalgueiros. irms da morta tambm esto na
quanto vinha para c. .. Se eu en..sala. Elas bordam lentamente e a trar s, terei que falar desde o pri..Aofundo, uma casa com as trs ia..criancinha adormeceu. So noveho.. meiro instante; eles sabero tudo emnelas do andar trreo iluminadas.ras no relgioqueest no canto... algumas palavras e no terei nadaDistingue..se claramente uma fam'"eles no desconfiam de nada e no mais a dizer - e eu tenho medo dolia reunida parao sero luzdeumfalam. silncio que segue as ltimas pala.. ,candeeiro. O pai estsentado ao p t,
do fogo. A me, cotovelo sobre a O ESTRANGEIRO - Se pudsse..mes; olha no vazio. Duas jovens, mos atrair a ateno do pai e fa..
1 Esta traduo integra o trabalhovestidas de branco, bordam, sonham zer..lhe algumsinal? Ele viroua ca.. de assessoria terica desenvolvido para ae sorriem na tranqiiiiidade da sala. bea para esse lado. Quer que eu encenao de A princesa branca ,- cenaUma criana dormita, a cabea so.. bata a uma das janelas? preciso beira-mar, de Rainer Maria Rilke, dire-bte O ombro esquerdo da me. que um deles saiba antes dos o de ngela Leite Lopes, estria a 15
de outubro de 1988, no Salo LeopoldoQuando algum deles se levanta, outros...Miguez, da Escola Nacional de Msica,OVELHO...... Nosei quem esco..anda ou faz -umgesto, seus movi.. como parte do projeto Silncio, desenvol-
men so graves, lentos, rarose como Iher ... Todo cuidado ' pouco... vido pelo Forum de Cincia e ultuta da jque espiritualizados pela distncia, Opai est velhoedoente . . Ame Universidade Federal do Rio de Janeiro.
vras que anunciam uma desgraa. .. .no rio, porque eramais claro que a ento que o corao se dilsce- ' estrada, quando vi algo estranho ara. .. Se entrarmos juntos, digo.. dois passos de uma moita de cani..Ihes, por exemplo, depois de au- os. . . Aproximei.me e percebi suatos rodeios: foi encontrada assim. .. cabeleira .que se tinha elevado quaseFlutuava no rio, as mos juntas. .. emcrculo, por sobre sua cabea e
OESTRANGEIRO - As mos dela que volteava assim, segundo a cor-no estavam juntas; os braos ,pen. rente. .. (Na sala as duas jovensdam ao longo do corpo. voltam a cabea na direo da ja.
O VELiw -- Est vendo... as nela.)palavras escapam. E a desgraa se O VELHO ,- Viu tremerem so-perde nos detalhes... se eu entrar bre os ombros os cabelos das duass, s primeiras palavras, tais como irms1as conheo, seria horrvel e Deus O ESTRANGEIRO - Elas volta.sabe o que aconteceria ... Mas se ram a cabea em nossa direo...falarmos um de cada vez, eles nos Elas simplesmente voltaram a ca-escutaro ~ no pensaro em enca- bea. Talvez eu tenha falado mui.rar a m notcia ... No esquea to alto. (As duas jovens retomamque a me estar l e que sua vida a primeira posio.) Mas elas jest por um fio .. . bom que a no olham mais ... Entrei na 'guaprimeira vaga se quebre contra ai. ' at a cintura e pude ton-la pelagumas palavras inteis ... pred- mo e lev-la, sem e~for~o , para aso que se fale um pouco volta dos marge~ ..~ Ela era tao linda quan-desgraados e que eles estejam an- to as irnas ...parados. Os mais indiferentes car- O VELHO - Talvez mais ...regam, sem saber, uma parte da No sei por que perdi toda a co.dor. .. Assim, ela se divide sem ba- ragem...rulho e sem esforos, como o ar ou I OESTRANGEIRO _ Est falandoa luz... . de que coraqem? Fizemos tudo o
O ESTRANGEIRO - Suas roupas que um homem pode fazer... Elaesto encharcadas epingam na laje. estava morta h mais de uma hora.
O VELHO - S'a barra do meu O VELHO _ Vivia ainda essacapote mergulhou na gua. O se- manh. Enccnttei-a ao sair da igre.
nhor parece estar com frio. Seu pei- j ... Disse-ne que ia partir; ia verto est coberto de terra ... No ti a av do outro lado 'desse rio ondenha reparado durante o caminho o senhor a encontrou.. , Ela nopor causa da escurido.. . sabia quando eu iria rev-la ...
O ESTRANGEIRO - Entrei na Creio que estava a ponto de me pe-gua at a cintura. dir algo; depois, no ousou 'e dei.
OVELHO - Quando eu cheguei, xou-me bruscamente. Mas s agorao senhor j a tinha encontrado h pensonisso E eu no tinha per..muito tempo? cebido nada Ela sorriu como sor-
O ESTRANGEIRO - H alguns riemos que querem se calar ou tminstantes, apenas. Eu ia para a al- medo de no serem compreendidos.dea, j era tarde e as margens es- Esperar, para ela, parecia ' ser ape..cureciam. Eu caminhava, olhoslixos nas sofrimento... seus olhos no
, estavam lmpidos e quase no meolharam .. .
O ESTRANGEIRO - Alguns cam..poneses me disseram que viram-naa errar pela margem at o entarde..cer, Acharam que ela estava pro"cura de flores. .. Pode ser que suamorte...
OVELHO - No se sabe... Eoque que se sabe. " Ela talvez Ios-se como os que no querem dizernada, e cada um traz em si mais deuma razo para no mais viver. '..No se v na alma como se v nestasala. Elas so todas assim. " S di.zem coisas banais e' ningum des-confia. .. Vive"se durante mesesao lado de algum que no maisdesse mundo e cuja alma no podemais se inclinar; respondemos semsequer imaginar isso e veja o queacontece. '. Elas tm um ar de bo-necas imveis e tantos acontecimen"tos lhes passam na alma.. . Elasmesmas no sabem oque so. " Elateria vivido como vivem as outras...Ela teria dito at a morte: "Senhor,senhora, vai chover pela manh" ouento: "Vamos almoar, seremostreze mesa" ou ainda: "Os frutosainda no amadureceram." Elas Ia-Iam sorrindo de flores que caram echoram na penumbra.. . Nem um
"anjo veria o que preciso ver; e 6homem s compreende depois...Ontem noite ela estava a, luzdo candeeiro, como as irms e, seisso no tivesse acontecido, o se"nhor no as veria como precisov-las ... Parece que as vejo pelaprimeira vez. " preciso acresceu-tar alguma coisa vida cotidianapara poder compreend.la... Elasesto junto dens, nossos olhosno as deixam e s nos apercebe"mos delas no momento em que elas 25
partem: para' sempre. .. E.entretan-to, que pequena e estranha alma eladevia ter, uma pobre e ingnua einesgotvel almazinha que ela teve,minha criana, se ela disse oque eladeve ter dito, se ela fez o queela deve ter feito! ...
OESTRANGEIRO - Neste nomen-to eles sorrie'm em silncio na sala...
O VELHO,":, Eles esto tranqii-los. " No a esperavam essa no-te ...
O ESTRANGEIRO - Eles sorriemsem se mover. . . mas eis que o paipe um dedo sobre os lbios ...
OVELHO - Ele mostra a crian-a adormecida sobre o corao dame ...
O ESTRANGEIRO - Ela no ousalevantar os olhos com medo de per"turbar o seu sono...
OVELHO - Elas no trabalhammais. Reina um grande silncio.
OESTRANGEIRO .: Elas deixaramcair o bordado de seda branca ...
OVELHO - Eles olham a cran-a ...
O EsTRANGEIRO - No sabemque outros os olham...
O VELHO - Tambm nosolham ...
OESTRANGEIRO - Levanaram osolhos...
O VELHO - E entretanto nopodem ver nada ...
O EsTRANGEIRO - Parecem feli-zes e entretanto no se sabe o queh ...
OVELHO - Pensam estar a sal-vo... Fecharam as portas e as ja-nelas tm qradesde ferro ... Refor-aram os muros da velha casa; pu"seram ferrolhos nas trs portas decarvalho. .. Previram tudo o que
I se pode prever ...
; .O EsTRANGEIRO - Ser precisoacabar por dizer... Algum pode-ria vir anunci-lo bruscamente...Havia uma multido de camponesesno prado onde est' a morta... Seum deles batesse porta ...
O VELHO - Marta e Maria es-to com a pequena morta. Os cam-poneses iam fazer uma padiola defolhagens e eu disse mais velhapara nos vir prevenir, a toda pressaassim que eles se pusessem a cami-nho. Esperemos que ela venha; elame acompanhar... No podera-mos olh-los assim... Eu achavaque era s bater porta; entrar sim-plesmente; buscar algumas frases edizer... Mas eu os yi viver tempodemais luz do candeeiro. (EntraMaria.)
MARIA - Eles esto vindo, av.OVELHO - voc! Onde que
eles esto!MARIA - Esto embaixo das l-
timas colinas.O VELHO ..... Viro em silncio!MARIA - Disse-lhes que rezas-
sem em voz baixa. Marta vem comeles ...
O VELHO ..... So muitos!MARIA - Ovilarejo todo vem
volta- dos que carregam. .. Eles .ti-nham trazido luzes. Disse-lhes queas apagassem .
O VELHO Por onde estovindo?. M~RIA - Vm pelos pequenos
atalhos. Caminham lentamente .O VELHO - J hora de .MARIA - Osenhor j disse, av?O VELHO ..... Bem v que no
dissemos nada... Eles esperamainda luz do candeeiro... Olhe,minha criana, olhe: ver algumacoisa da vida ...
MARIA ..... Como eles parecemtranqilos!. .. con se eu os vis;.se em sonho...
O EsTRANGEIRO - Cuidado, vias duas irms sobressaltarem-se .
O VELHO ..... Elas levantam .OESTRANGEIRO ..... Acho que elas
vm em direo s janelas... (Umadas irms aproxima-se neste mo-mento da primeira janela; a outra,da terceira; e, apoiando as ' moscontra as vidraas, olham longa-mente no escuro.)
O VELHO ..... Ningum chega janela do meio... .
MARIA ..... Elas' olham... Es-cutam...
O VELHO"'" Amais velha sorripara o que ela no v...
O EsTRANGEIRO ..... E a segundatem os olhos cheios de medo...
O VELHO"'" Tomem cuidado;no se sabe at onde a alma se es-praia em torno dos homens ... (Umlongo silncio. Maria se encolhe con-tra o peito do velho e beija-o.)
MARIA ..... Av!. ..O VELHO ..... No chore, ininha
criana... tambm conosco accnte-cer... (Um silncio.)
O ESTRANGEIRO ..... Elas olhamdemoradamente .
O VELHO Elas olhariam cemmil anos sem nada perceber, pobresirms. .. a noite escura demais ...Elas olham por aqui epor l quea desgraa vem...
O ESTRANGEIRO ..... Felizmenteelas olham por aqui... No sei oque vem do lado dos campos.
MARIA ..... Acho que a multi-do ... Esto to longe que maIospodemos distinguir.
O ESTRANGEIRO ..... Eles seguemas ondulaes do atalho... reapa-recem junto a uma moita iluininadapela lua...
.,
.l
.~
(
I,(
(
t1
(
tf1
,,I
r
(
(
(
r
f
T'I
I
i.......
. .MARIA ';" Oh! Como parecem nu..merosos... Quando eu vim, elesacorrian at mesmo dos arredoresda cidade... Esto fazendo umlongo desvio.
,O VELHO - Eles viro, apesarde tudo, e eu tambm os vejo: Ca..minham atravs dos campos. Pare..cem to pequenos que quase no sepode v..los entre a vegetao ...So quase como crianas que brin..cassem ao luar e se elas os vissemno compreenderiam ... intil elasvoltarem..lhes as costas. Cada passoos aproxima e a.desgraa cresce hmais de duas horas e eles no po..dem imped..la de crescer, os que atrazem no podem mais estanc..la...Adesgraa sua soberana e pre..cso servi-la.i. Ela tem seu obje..tivo e segue seu caminho... in..fatigv.el e tem apenas um idia ... preciso que eles lhe emprestemsua fora. Eles esto tristes masvm. .. Eles tm piedade, mas de..vem avanar ...
MARIA - A mais velha no sorrimais, av ...
O ESTRANGEIRO - Elas abando-nam as janelas ...
MARIA - Beijam a me .. .OESTRANGIRO - A mais velha
acarinhou os anis dos cabelos dacriana que .no acorda ...
MARIA - Oh! O pai tambmquer um beijo.
OESTRANGEIRO - Agora o siln..cio ...
MARIA - Elas voltam para pertoda me ...
OESTRANGEIRO - Eopai seguecom os olhos o grande pndulo dorelgio.
MARIA - Parecem que elas re..zam sem saber o que fazem ...
OESTRANGEIRO - Parece que O'VELHO' ''':' Tems piedade de"elas escutam a prpria al~a. " (Um les,minha criana, mas no h 'pe-silncio.) dade par ns. ., . ..". .'.
MARIA - Av, no lhes diga essa MARIA - Fale amanh, av, falenotel. . . quando estiver claro.. ; Eles no fi"
caro to tristes ...OVELHO -Est vendo que O VELHO _ Talvez voc tenha
tambm perdeu a coragem... Eu razo. " Seria melhor deixar tudosabia que era melhor no olhar. Te- isso na noite. E a luz ' doce paranho perto de oitenta e trs anos e com a dor... Mas oque diro ama..a primeira vez que a vida me toca. nha? A desgraa traz O ,cime eNo sei por que tudo o que fazem aqueles que ela toca querem seraparece..me to estranho 'e tora- avisados antes dos estranhos. Elesve, .. Eles esperam a noite, sinples- no gostam que a"desgraa seja en..mente, luz do candeeiro, como ns tregue a.mos desconhecidas ... Se"sob a nossa luz e entretanto creio ria como se lhes furtssemos algu~v-los do alto de um outro mundo ma COlSporque eu sei uma pequena verdade O ESTRANGEIRO - No maisque eles ainda no sabem ... isso, tempo de devaneios,' j escuto ominhas crianas? Diqaa-ne dor que mrmrio das preces.vocs tambm esto to plidos? H MARIA - Esto a... Passamtalvez alguma 'outra coisa que no por trs das cercas... (Entrase pode definir e que nos faz cho- Marta.)rar1 Eu no sabia que houvesse algo MARIA - Eis-me, Conduzi-osde to triste na vida eque faz medo at aqui. Disse-lhes que esperassemtambm a esperaramos, como eles, ' na estrada. (Escutam"se gritos deaos que a olham ... E tudo o que crianas.) Ah!as crianas continuamacontecesse me causaria medo ao a gritar. Eu as tinha proibido dev-los to tranqilos... Eles tm vir. " Mas elas tambm querem verconfiana demais nesse mundo... e as mes no obedeciam ... VouEles esto a, separados do ini- dizer-lhes, .. No; eles se calammigo por pobres janelas... Acre.. - ~t tudo pr~nt01 - Trouxe oditam que nada acontecer porque aneIzmho que fOI enc~nt~ado pertofecharam a .porta e no sabem que d~la. .. Eu mesma delt~.a na ~a"sempre se passa algo nas almas e dola EI~ parece dormir. " Tive
do n b I . muito trabalho: seus cabelos nodas o mun o nao ac~ a"na so eira queriam obedecer-me... Mandei co..as casas. .. Eles esto tao seguros Ih id E' t . t "h
d 'd' h ".. er margan as... rIS e, nao a"e sua VI in a, e nao maqnam que . t fi O ' . " VJa ou ras ores... "que e que
tantos outros sabem ainda nais so- vocs esto fazendo aqui! Por 'quebre .ela;.e q~,e eu, pobre velho, estou esto junto deles? " (Ela olha paraaqui, a dOIS passos de 'sua porta, as janelas.) Eles no choram1 ...com sua mida felicidade entre mi- eles ... vocs ainda no falaram1nhas velhas mos, que no ouso O VELHO _ Marta, Marta, habrir. . . vida demais em sua alma, voc no
MARIA - Tenha piedade, av. .. pode compreender. . . 27
MARTA ,...., Por que que eu nocompreenderia? (Depois de um si..lncio e num tem de reprovaomuito grave.) O senhor no podiafazer isso, av . ..
O VELHO ,...." Marta, voc nosabe .. .
MARTA,...., Sou eu que vou dizer.O VELHO,...., Fique aqui, minha
criana, e olhe um instante.MARTA""" Oh! Como so des..
graados!. .. Eles no podem maisesperar.. .
OVELHO,...., Por quiMARTA,...., No sei... mas no
. . '11e mais pOsslve .. . .OVELHO,...., Venha, minha crian..
a .. .MARTA ,...., Que pacincia eles
tm ...OVELHO,...., Venha,minha crian..
a .. .MARTA (voltando..se) ,...., Onde
est o senhor, av? Sou to infelizque no o vejo mais. .. Eu mesmaj no sei mais o que fazer ...
O VELHO ,...., No os olhe mais,at que eles saibam tudo ...
MARTA ,...., Quero ir com o se..nhor . ..
O VELHO ,...., No, Marta, fiqueaqui. " Sente..se junto de sua irm,nesse velho banco de pedra, encos..tado parededa casa eno olhe ...Voc muito jovem, no podermais esquecer. .. Voc no deve sa..ber o que um rosto no momentoem que a morte lhe passar pelosolhos. .. Haver gritos, talvez ...No se volte... Talvez no hajanada, " Sobretudo no se volte seno escutar nada ... No se sabecomantecedncia a rota da dor ...Alguns pequenos soluos de razesprofundas e S, em geral... Eu
!8 mesmono sei oque serei capaz de
fazer ao escut..los. " Isso no per..teacemais a esta vida. .. d..me umbeijo, minha criana, antes que euv...
omurmrio das preces aproxi..mou..se gradualmente. Uma parteda multido invade o jardim. Es..euta..se correr a passos surdos e fa ..lar em voz baixa.
O ESTRANGEIRO (para a multi..do) ,...., Fiquem aqui... no seaproximem das janelas. .. OndeestA elai
UM CAMPONS""" Quen] ..O ESTRANGEIRO ,...., Os outros ...
os que carregam...OCAMPONS ,...., Esto chegando
pela al ia que conduz porta.Ovelho se afasta. Marta e Ma..
ria estosentadas no banco, de cos..tas para as janelas. Rumores discre..tos na multido.
O ESTRANGEIRO ,...., Silncio!...No falem.
A mais velha das duas irms le..vanta-se e vai passar o ferrolho naporta.
MARTA,...., Est abrindo?OESTRANGEIRO ,...., Ao contrrio,
est fechando. (Um silncio.)MARTA,...., O av no entrou?O ESTRANGEIRO ,...., No ... -Ela
volta e senta..se ao lado da me...os outros no semovemea crianacontinua dormindo... (Umsilncio.)
MARTA ,...., Irmzinha, d asmaos...
MARIA ,...., Marta!... (Elas seabraame trocam um beijo.)
OESTRANGEIRO ,...., Ele deve tertocado. .. Eles levantaram a cabe..a ao mesmo tempo... Entre..olham-se .. .
MARTA,...., Oh!oh! pobre irm...Vou chorar tambm... (~la abafaos soluos no ombro da irm.)
O ESTRANGEIRO ,...., Ele deve tertocado..me de novo... O pai olhaa hora. Levanta.
MARTA - Minha irm, minhairm, quero entrar tambm... Elesno podem mais ficar ss .. .
MARIA,...., Marta, Marta! (Ela aretm.)
O ESTRANGEIRO r: Opai est porta. .. Puxa os ferrolhos. " Abrecautelosamente. ','
MARTA ,...., Oh! o senhor no estvendo o...
O ESTRANGEIRO ,...., O'qulMARTA - Os que carregam...O ESTRANGEIRO ,...., Ele entreabre
apenas... S vejo uma 'parte dogramado e o chafariz... Ele nolarga a porta... ele recua.i. Pa-
di "Ah" h I "rece tzer: . e o sen or... .Ele levanta os braos. Volta a Ie..char a porta com cuidado. Seu aventrou na sala ... (A multidoaproximou..se das janelas. Marta eMaria levantam..se um pouco, depoisaproximam..se tambm, fortementeabracadas. V..se o velhoentrar na.sala. As duas irms da morta levan..tem-se; a me levanta..se tambm,depois de ter posto, com cuidado,a criana na poltrona de onde aca..bou de levantar-se~ de tal maneiraque, de fora, veja..se o menino dor..mir, a cabea um pouco inclinada,no centro da sala. A me caminhaemdireco ao velho e estende..lhe.a mo, mas desiste antes que eletenha tempo de cumpriment-la.Uma das jovens quer tirar o ca..pote do visitante e a outra ofere..ce-lhe uma poltrona. Mas o velhofaz um pequeno gesto de recusa.O pai sorri comum ar espantado. ....~
II
,..
.i .
....
o velho olha para o lado das ja..nelas.)
OEsTRANGEIRO ..- Ele no ousafalar ... ele olhou para ns ... (Ru..mor na multido.) .,
O ESTRANGEIRO ..- Calem..se ...(O velho, vendo rostos nas janelas,desviou rapidamente os olhs. Comouma das jovens continua a ofere..cer..lhe a mesma poltrona, ele acabapor s,entar e passa a mo direitapela testa diversas vezes.)
O ESTRANGEIRO ..- Ele senta (As outras pessoas que esto nasala sentam..se tambm~ enquanto opai fala com volubilidade. Enfim, ovelho abre a boca e o som da suavoz parece atrair a ateno. Mas opai interrompe..o. Ovelho .retoma apalavra e pouco a pouco os outrosimobilizam..se. De repente, a meestremece e levanta.)
MARTA ..- Oh! Ame vai enten..derl. .. (Ela se volta e. esconge orosto nas mos. Novo rumor namultido. As pessoas se empurram.As crianas pedem para serem car..regadas; tambm querem ver. Amaior parte das mes obedece.
O ESTRANGEIRO ..- Silncio! Eleainda no disse... (V..se que ame interroga o velho com angstia.Ele diz mais. algumas palavras; de..pois, bruscamente, todos os outrostambm se levantam e parecem in..terpel..lo. Ele faz ento, com a ca..bea, um lento sinal afirmativo.)
O ESTRANGEIRO ..- Ele disse...Ele disse de repente! ...
VOZES NA MULTIDO ..- Ele dis..se! ... Ele disse! ...
OESTRANGEIRO ..- No se escutanada... (O velho tambm se le.. vanta e, sem se voltar, aponta paraa porta que est s suas costas. Ame, o pai e as duas jovens ali..
ram..se para a porta que o pai noconsegue abrir imediatamente. Ove..lho quer impedir a me de sair.)
VOZES NA MULTIDO ..- Estosaindo! Esto saindo!... (Empur..ra..empurra no jardim. Todos se pre..cipitam para o outro lado da casaedesaparecem, exceto oEstrangeiroque fica perto das janelas. Na sala,a porta enfim se abre completamen..te; todos saem ao mesmo tempo.V..se o cu estrelado, o gramadoe o chafariz ao luar, enquanto nomeio da sala abandonada a crianacontinua adormir tranqilamente napoltrona. Silncio. )
OESTRANGEIRO ..- Acriana noacordou!... (Ele tambm sai.)
29
D