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MAURO ODORISSIO MISSA MISTÉRIO CELEBRAÇÃO ORGANIZAÇÃO

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MAURO ODORISSIO

MISSAMISTÉRIO • CELEBRAÇÃO • ORGANIZAÇÃO

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APRESENTAÇÃO

A necessidade fez com que dividíssemos o tempo, dedicado às nossas aulas de exegese, com atividades pastorais mais regulares, assumindo uma paróquia. Isto nos levou a dedicar um espaço maior e mais carinho à liturgia.

Falar de sua importância, quer na vida comunitária, quer na vida pessoal de cada paroquiano, é truísmo. Providenciamos cursos, estudos, encontros, biblioteca. Para facilitar aos interessados, foram elaboradas aposti-las que, usadas também em outros lugares com relativo êxito, levou-nos a pensar em publicação. Assim nasceu e cresceu nosso trabalho.

Missa, mistério – celebração – organização não pre-tende ser uma obra de investigação acadêmica nem trazer somente noções gerais. Pretende fornecer um mínimo de base aos interessados.

Antes de se falar especi�camente da Missa, se re�ete a natureza celebrativa do ser humano, tendo como pano de fundo as festas familiares.

Um aceno à Páscoa judaica é importante, para que se compreenda um pouco mais o que acontece na Missa.

Como a celebração eucarística, além de sua riqueza própria, adquire novos matizes conforme o lugar que ocupa no Ano Litúrgico, dedicamos a ela um espaço devido. Só a partir de então, se passa a falar da Missa

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e de cada uma de suas partes. Possivelmente, nestas alturas, a visão puramente ritualista já tenha sido superada.

Dedica-se um bom espaço à Equipe de Liturgia e aos diversos Grupos de serviço. Chegou-se a isto estudando com os cristãos leigos engajados.

Os Esquemas de Celebrações sem padre são fruto de solicitações. Poderão servir como pistas ou ilustrações.

Chamamos a atenção para o pequeno índice remis-sivo, assim como para a bibliogra�a, existentes no �nal do livro. Poderão ser de valia.

Queremos deixar bem patenteado nosso agrade-cimento às cultuadoras e amantes da liturgia, Iara A. Pecoraro e Ir. Maria Inez Marchesi, pelo estímulo, pela colaboração.

Esperamos servir os irmãos, facilitar a participação em tão santo mistério, assim como auxiliar os cursos de aprofundamento litúrgico.

MAURO ODORISSIO, CP

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Objetivo: Partindo de experiências em festas familiares penetrar o segredo da Missa. Descobrir que nas celebrações há sempre um mistério celebrado, que os ritos são necessários, e que a refeição ocupa lugar de destaque.

Tem melhores condições para compreender, viver e penetrar os mistérios de uma Missa quem experi-mentou as riquezas dos eventos no seio de uma família harmoniosa.

No decurso do ano, determinados acontecimentos envolvem todos os familiares: nascimentos, aniversários, casamentos, bodas. Nestas ocasiões cada coração se sente contagiado por um clima especial. Há expectativas, pre-parações, celebrações. No �nal de tudo, estreitamento de vínculos. A vida saiu da rotina e a família sentiu que se tornou mais família.

Nessas oportunidades existem elementos que me-recem especial atenção: o mistério, a celebração, o rito ou refeição.

Mistério

Ordinariamente se toma por mistério a capitulação da mente face a uma verdade impenetrável. Perante a di�culdade subjetiva em compreendê-la, ou ante a

ANTES, A LITURGIA FAMILIAR

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di� culdade objetiva em se fazer conhecida, ela é aceita resignadamente, sendo “engolida com casca e tudo” sob o rótulo: é um mistério.

Não é isso que se quer considerar agora. É que as coisas, além de serem o que são, são também o que sig-ni�cam. Em tudo existem sentidos mais amplos e profun-dos dos então conhecidos. Penetrar na amplidão desses sentidos é o que chamamos de mistério. É descobrir um mundo novo que vai além das aparências.

Tomamos, então, por mistério uma realidade que pode ser melhor revelada, mais participada, melhor comungada, mais aprofundada. Exemplo: o gesto em si, puramente mecânico, de se entregar uma rosa a alguém, como faz o vendedor ao comprador, recebe um signi�ca-do novo e rico por parte do noivo ao dá-la à noiva. Esta não só descobre de imediato tal sentido, como o vive intensamente. E por causa disto tudo, o amor cresce… Por mais repetitivo que venha a ser este gesto, ele sem-pre dirá algo novo ou, ao menos, algo mais profundo. É só ter coração para ler e descobrir. É que no gesto está oculto o mistério que em parte já é conhecido, mas que deve ser mais revelado, mais aprofundado, redescoberto e alimentado: o amor. Entregar a rosa à noiva é de certa maneira celebrar o mistério do amor.

Assim, nas famílias se celebra o amor nos casa-mentos, o dom da vida nos aniversários, a �delidade e doação nas bodas. Em cada celebração há ou deve haver um mistério oculto e revelado, ao mesmo tempo, e que é a alma de cada festa familiar.

Celebração

Celebrar ou festejar não é o mesmo que divertir-se. Em ambos os casos, são suspensas as atividades produ-tivas e pessoais. Só que na diversão visa-se o passatempo como passatempo, o prazer como prazer. Sempre em

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caráter individual, embora às vezes se precise do concur-so de outras pessoas: assistir a um �lme, jogar xadrez. Na diversão o objetivo é a satisfação, o prazer, estando ausente outro sentido mais profundo e comunitário.

Na celebração (ou festa), o mistério está necessaria-mente presente, embora não seja percebido por todos. E é ele que motiva e dá vida à celebração. É ao derredor dele que as pessoas se unem; há sempre um mínimo de comunhão entre os participantes. Nesses encontros são observados determinados ritos, normas mais ou menos �xas e aceitas por todos, e que constituem uma espécie de língua comum por meio da qual há comunicação. Tais ritos podem ser cânticos, danças, discursos improvisados, bate-palmas.

O interessante é que nunca faltam os comes e bebes, por mais frugais que sejam. Todos sabem que ninguém come ou bebe para “matar a fome ou a sede”, ou mes-mo por puro prazer. Sabe-se, ao menos vagamente, que aquela refeição é consumida para celebrar. Tanto o lauto banquete como o simples pedaço de bolo têm o mesmo sentido, e uma espécie de sentido sagrado.

Refeição

Uma vez que a refeição tem lugar de destaque nas celebrações domésticas (nascimentos, casamentos, bati-zados, visitas etc.), merece considerações, estudos, pois tem signi�cados que vão além do que ordinariamente recebe. Comemos para repor energias. Mas comemos, também, por puro prazer. Se a ciência se colocou a serviço da boa alimentação, da alimentação sadia, completa e nutritiva, agora é a vez da arte culinária fazendo de tudo para que a comida seja atraente, apetitosa.

Porém, o importante é considerar que comemos e bebemos também para celebrar. O reencontro de dois amigos é celebrado com um cafezinho ou com alguma

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bebida. O mesmo acontece quando pessoas amigas se visitam. São celebrações feitas sempre ao derredor da mesa. Compreende-se que comer e beber numa festa de casamento, num aniversário etc., não é um ato sem maior sentido. Os comes e bebes podem ser muito par-cimoniosos; porém, terão o mesmo sentido do banquete re�nado. É que repartir o pão com alguém signi�ca com ele partilhar de seus sentimentos.

Por isso as grandes religiões têm refeições ou ban-quetes sagrados como o ponto alto em suas celebrações litúrgicas.

Em grupos

1 - O que se entende por “mistério”?2 - Por que é usual convidar amigos para tomar refei-

ções em casa?3 - Qual o sentido dos comes e bebes nos casamentos,

aniversários?4 - O que diferencia a diversão da celebração?5 - Comentar as afirmações: “é impossível celebrar sem

mistério” e “é impossível um mistério sem celebração”.6 - Comentar os lances, anteriores, durante e posterio-

res, de uma celebração familiar: aniversário, casamento, bodas…

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Objetivo: Mostrar que a Missa é continuação, aperfeiço-amento, assim como complementação da ceia pascal judaica. Na Páscoa, os judeus celebravam a libertação do povo eleito. Na Missa se celebra a libertação total de todos os povos por Cristo.

O judeu descobriu o especial amor de Javé para com o povo, não tanto re�etindo a beleza e a harmo-nia do mundo criado, e sim, partindo da maravilhosa libertação da escravidão do Egito. Este mistério de amor gratuito (Dt 7,7-8) que vinculou o povo a Deus e este ao povo por força de uma aliança (Ex 19,4-6) se-ria celebrado anualmente durante e por meio de uma refeição: Ex 12, 1-20.

Evocando o amor libertador do passado, ele seria concretizado no presente, para que tanto o amor como a libertação fossem de�nitivos no futuro. Esta celebração, em que pese sua singeleza e até sua aparente ine�cácia, pois era celebrada no recôndito dos lares e de lares quase sempre banidos da própria pátria, fez com que o povo judeu permanecesse idêntico a si mesmo, embora atravessasse dilatados períodos de história bastante adversa.

A ceia pascal era um memorial para os judeus. Mas, para eles, fazer memória não é simplesmente evocar a li-bertação do Egito e sim, recordando a libertação passada, criar com Javé condições para uma liberdade mais perfeita no presente, até a libertação plena, total, no futuro.

DO JUDAÍSMO AO CRISTIANISMO

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Foi precisamente numa dessas celebrações, quando se comia o cordeiro pascal, que o verdadeiro Cordeiro de Deus, Cristo Jesus, instituiu a Eucaristia, memorial da Paixão. A nova aliança, selada com o sangue do Mes-tre, substituía a antiga, selada com sangue de animais. A libertação de Jesus, que liberta todo ser humano e o ser humano todo, seria recordada também por meio de uma refeição: Lc 22,19-20.

Por meio dessa celebração, o mistério redentor seria revivido e cada vez mais concretizado até a comunhão de�nitiva com tudo e com todos: 1Cor 15,28. A celebração eucarística se tornou a grande refeição cristã. O mistério celebrado é o incomensurável amor de Deus e que deve ser vivido por todos os discípulos de Cristo: Jo 15,12-13, e Cristo, o verdadeiro cordeiro pascal, é o que tira o pecado do mundo.

Para os Sinóticos a última ceia foi uma refeição pascal: Mt 26,17ss; Mc 14,12ss; Lc 22,7ss. João, porém, deixa claro que o povo não tinha comido a Páscoa por ocasião da morte de Jesus: Jo 18,28; 19,31. Para o dis-cípulo amado era importante mostrar que o Senhor é o novo e de�nitivo cordeiro pascal. Então fez coincidir a morte do Mestre com o momento em que os judeus, no templo, imolavam os animais para a celebração ju-daica aconteceria poucas horas depois: Jo 19,36. Deste modo, a �gura (cordeiro imolado) era substituída pela realidade (Cristo), sacri�cado no Calvário a poucas centenas de metros.

Mesmo pagando o tributo à morte, ressuscitando, Cristo a venceu. E na ressurreição do Senhor está também a nossa ressurreição: Ef 2,6. Este é o grande mistério que os cristãos celebram. A Páscoa judaica cedeu lugar à Páscoa cristã.

Nos primeiros tempos os discípulos procuraram par-ticipar da liturgia judaica. Iam ao templo: At 3,1. Logo,

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porém, isto se tornou impossível: eram tão diferentes os mistérios celebrados, e, além disto, passaram a ser perseguidos pela �delidade a Jesus.

Não demorou para que se �rmasse o primeiro dia da semana como o tempo mais adaptado para os encontros comunitários. E havia razão para isto: o Senhor não só tomara posição forte contra o legalismo sabático, como ressuscitara naquele dia: Mc 16,2; At 20,1; Ap 1,10; 1Cor 16,2. Tudo con�rmado por documentos antiquíssimos como Didaquê 14,1. En�m, era o dia da vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal.

O primeiro dia da semana (não demorou a ser chamado de “domingo”, que signi�ca dia do Senhor) se tornou o dia da celebração do mistério da redenção. Cada domingo era uma Páscoa, era o dia da ceia cristã, dia da celebração do mistério.

Não demorou muito e os cristãos acharam interes-sante não só celebrar o mistério pascal, mas celebrá-lo na data certa da Páscoa. Foi escolhido o 1º domingo depois da lua cheia da primavera (conforme o hemisfério norte): Ex 12,2-3. De imediato se pensou em reservar a sexta-feira anterior como o dia da Paixão e Morte de Jesus. Seguindo o mesmo critério, passou-se a festejar Pentecostes no 50º dia da Páscoa: Lv 23,15-16. Estavam sendo dados os primeiros passos para a formação do Ano Litúrgico.

Em grupos

1 - O que celebram os judeus na Páscoa e por que ce-lebram?

2 - Como é a celebração?3 - O que se celebra na Páscoa cristã, como e para quê?4 - Por que os cristãos passaram a ter vida litúrgica

distinta da dos judeus?5 - Explicar a origem do domingo.

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Objetivo: Conhecer a formação e a atual constituição do período ou da unidade onde são celebrados todos os mistérios cristãos.

Ano Litúrgico é o complexo das celebrações através das quais são re�etidos, orados e celebrados todos os mis-térios cristãos. Nele se considera um Deus prometido que é esperado, esse mesmo Deus feito homem e que depois morre numa cruz e ressuscita, assim como ensinamentos e exemplos que nos deixou: caridade, perdão, oração.

O Ano Litúrgico segue uma ordem lógica: encarna-ção, nascimento de Jesus, seu ministério, paixão, mor-te, ressurreição etc. Por meio dele se re�ete a ação da Santíssima Trindade na vida dos homens. Mas há ainda espaço para que se celebre a colaboração dada ao plano de Deus por parte de tantas criaturas de escol: Maria, José, João Batista, os apóstolos. Trata-se de uma cami-nhada catequética, teológica, espiritual, tendo em vista a parusia ou a liturgia na vida eterna: Ap 21–22.

É interessante que se considere, embora brevemente, a formação do Ano Litúrgico e seu estado atual.

Formação do Ano Litúrgico

A formação foi lenta, mas contínua. O ponto de par-tida foi a Páscoa que era celebrada todos os domingos,

ANO LITÚRGICO

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isto é, o “primeiro dia da semana”: At 20,7ss. Uma vez �xada sua data pascal para celebrá-la com mais soleni-dade (p. 13), automaticamente foram surgindo os dias das festas a ela relacionadas: Ascensão (40 dias após a ressurreição – At 1,5); Pentecostes (50 dias depois da comemoração pascal – Lv 23,15-16; At 2,1ss.). Do mesmo modo foram escolhidos os dias para Ramos, Úl-tima Ceia, Paixão e Morte de Jesus. A Quaresma surgiu para dar oportunidade aos catecúmenos de melhor se prepararem para o batismo, na Páscoa.

Mas existem outros mistérios difíceis de ser precisa-dos no calendário, ligados à vida do Senhor. Por exemplo: a comunidade cristã estava interessada em celebrar o nascimento de Jesus, e os evangelistas não disseram uma palavra a respeito do dia e do ano. Tinham consciência de que não escreviam a biogra�a do Mestre; então, mais que dados cronológicos, se interessaram pelo mistério do Deus-conosco. Circunstâncias históricas levaram a escolher o dia 25 de dezembro como a data natalícia de Jesus. Na ocasião, os romanos celebravam o solstício do inverno. Para eles, aquela noite começava a ser menos longa. Era a vitória da luz sobre as trevas. Havia, então, uma festa pagã de Natalis invicti, isto é, do deus-menino-sol que nascia e crescia para impor o domínio da luz. O signi�cado se prestava para a mensagem do Natal: Jesus, o sol da justiça (Ml 4,2 ou 3,20), Jesus, a luz do mundo: Jo 8,12. Deste modo, a festa pagã foi cristianizada e se passou a celebrar o nascimento do Senhor no dia 25 de dezembro.

As primeiras notícias que temos dessa celebração estão no Cronógrafo de 354.

Como consequência lógica, é escolhido o dia 25 de março para a Anunciação de Nossa Senhora (Lc 1,26ss.) e outros dias, perto do Natal, para celebrações como: a Maternidade de Maria no primeiro dia do ano, Magos (Mt 2,1ss.) no dia 6 de janeiro, Sagrada Família.

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Mais ou menos da mesma maneira foram sendo escolhidos dias especiais para se comemorar São José, São João Batista e outros Santos.

Assim foi se formando o atual Ano Litúrgico.

Ano Litúrgico, hoje

A natureza repete anualmente as quatro estações e, repetindo, parece renovar-se. É uma caminhada cíclica onde se sente a retomada de forças e de energias. Por meio destas estações se penetra mais no mistério da vida e de suas manifestações. A vida se repete anualmente, mas não de maneira idêntica: ela traz sempre algo novo. É como repassar num mesmo lugar, porém num plano mais elevado e sempre a caminho do in�nito.

Assim acontece com o Ano Litúrgico. Ele volta sempre ao ponto de partida. Anualmente é apresentado o mesmo mistério; por exemplo, o Natal. Só que cada vez ele é iluminado diferentemente pelos diversos evangelistas: Ano A = Mateus; Ano B = Marcos; Ano C = Lucas. João preenche determinados espaços vazios deixados pelos Sinóticos. Exemplo: só o IV Evangelho fala do Lava-pés, passagem proclamada na Quinta-feira Santa: Jo 13,1ss.

Além disso, o cristão que hoje medita deverá estar mais enriquecido do que quando o fez no ano anterior, pois a Palavra de Deus não deixa de produzir o seu fru-to: Is 55,10-11. Com isto, de celebração em celebração, de ano em ano, se encaminha para a concretização, no encontro com Cristo, para a liturgia sem �m: Ap 21–22.

O desenho a seguir pode ilustrar o que se está di-zendo. Como não poderia deixar de ser, o Ano Litúrgico começa com o Advento, que é a preparação para o Natal, e termina com a solenidade de Cristo Rei. A partir daí, começa um outro Ano Litúrgico, então iluminado por um outro evangelista.

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Advento são as quatro semanas que antecedem o Natal e prepara os corações para melhor penetrar seus mistérios. A seguir vem o Natal e festas a ele relaciona-das: Sagrada Família, Maternidade de Maria, Magos.

A Semana Santa é precedida pela Quaresma. São cinco semanas preparatórias para as grandes celebrações do cristianismo: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Começa na Quarta-feira de Cinzas. Na Semana Santa, além de Ramos, se celebram a Última Ceia, a Morte do Senhor e a Ressurreição.

Após a Ressurreição, seguem seis semanas nas quais se rememora a vitória da vida sobre a morte, o triunfo de

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Cristo, o triunfo da humanidade. Na Quinta-feira após o 6º Domingo de Páscoa é a 5ª solenidade da Ascensão. No Brasil, por não ser feriado, a Ascensão é celebrada no domingo seguinte, que seria o 7º de Páscoa. Também as solenidades de Pentecostes e Santíssima Trindade ocupam domingos do Tempo Comum, sendo que com a primeira festa se encerra o ciclo pascal.

As restantes 34 semanas do ano constituem o Tempo Comum. Ele está entre o ciclo natalino e a Quaresma, assim como entre o ciclo pascal e o Advento posterior. Estas duas partes, a saber, a que intermedeia o ciclo na-talino e a Quaresma, e a que intermedeia o ciclo pascal e o Advento posterior, variam de tamanho, de ano para ano, conforme a Páscoa, que é festa móvel, isto é, que não tem data �xa, está mais próxima ou mais distante do Natal. Exemplo:

1991 – Páscoa: dia 31 de março.1992 – Páscoa: dia 19 de abril.

Com isso, em 1991, entre o ciclo natalino e a Quares-ma foram colocados cinco domingos do Tempo Comum. Entre o ciclo pascal e o Advento, os restantes 29 domingos. O mesmo não se dá em 1992, pois a Páscoa está mais perto do Natal do mesmo ano. Portanto, sobrará mais espaço entre o ciclo do Natal e a Quaresma. Justamente por esta razão, entre ambos foram colocados oito domin-gos do Tempo Comum. Os restantes 26 �caram entre o ciclo pascal e o Advento.

Nessas alturas é de se recordar que o 1º Domingo do Tempo Comum é substituído pela celebração do Batismo de Jesus, assim como o 34º é pela solenidade de Cristo Rei. Durante o Tempo Comum acontecem solenidades como Santíssima Trindade, Corpo de Deus.

A evolução do Ano Litúrgico pode ser ilustrada pelo seguinte grá�co:

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Numa leitura apressada e super�cial uma Missa é cópia da outra. Não é o que acontece; cada uma está localizada num determinado ponto do Ano Litúrgico. Portanto cada uma é portadora de mensagens próprias. Além do mistério pascal celebrado por todas elas, são enrique cidas pela memória própria da festa, própria do tempo.

O exemplo, embora singelo, pode ilustrar o que a�r-mamos: é possível comer arroz todos os dias; a variação do tempero deixará a impressão de se estar comendo alimento diferente. O tempero ou o modo diferente de se preparar o arroz dão o toque especial, deixando a im-pressão de se comer algo completamente novo. Ignorar o momento litúrgico que se vive é empobrecer sobrema-neira a riqueza dos mistérios celebrados. O ideal é saber integrar o mistério pascal de cada Missa com a memória própria do tempo, da festa.

As memórias próprias das festas ou do tempo litúrgico são melhor detectadas e evidenciadas pelas chamadas partes móveis da Missa: orações, leituras, cânticos. São como o tempero que dá o sabor especial à comida.

Conhecer o Ano Litúrgico é condição fundamental para melhor se penetrar na alma das celebrações.

Em grupos

1 - O que se entende por Ano Litúrgico? Coincide com o ano civil?

2 - O que se celebra no Ano Litúrgico e que esquema ele segue? Como se formou?

3 - São lidos todos os anos os mesmos textos evangé-licos, nas Missas? Explicações.

4 - Quando começa e quando acaba o Ano Litúrgico?5 - O que é Advento, ciclo natalino, Quaresma, Semana

Santa, ciclo pascal, Tempo Comum?6- O que diferencia uma Missa da outra?

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Objetivo: Penetrar mais aprofundadamente a alma das diversas celebrações que acontecem no decurso do Ano Litúrgico.

Seria uma gafe verdadeiramente desastrosa, no conví-vio social, confundir um aniversário ou um casamento com um funeral. Para cada ocasião existe uma celebração e é importante que se saiba qual é o mistério celebrado. E é precisamente o mistério que faz com que uma celebração seja diferente da outra. Então, o conhecimento do mistério celebrado faz com que se assuma este ou aquele rito.

Se na vida social existem tantos mistérios, o mesmo se dá no Ano Litúrgico. É perfeitamente compreensível que ele comece com o Natal. Com esta solenidade medita-mos, para viver, o grande dom do Pai para a humanidade. Cristo vem a nós, para que por meio dele possamos ir ao Pai: Jo 14,6. A celebração deste mistério cria condições para se viver o Natal eterno.

Sendo uma solenidade tão marcante no Ano Litúrgico, é antecedida pelo Advento, que é período de preparação. Advento signi�ca chegada. Tudo conclama pela especial vinda do Senhor: cânticos, orações, leituras. Assim a Igreja se prepara igualmente para a vinda de�nitiva de Cristo. Há uma conotação de penitência, no Advento, pois é como se se sentisse ainda a falta de alguém. A cor litúrgica é o roxo.

OS MISTÉRIOS DO ANO LITÚRGICO

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Ao lado da ausência daquele pelo qual se clama, há uma certeza: ele vem, ele está cada vez mais próximo, não se espera em vão. Então se faz presente também um clima de alegria. Por isso é comum o uso do paramento rosa no 3º Domingo do Advento, também conhecido como Domingo Gaudete = alegrai-vos. Do início do Advento até o dia 16 de dezembro, o clima é de preparação remota, enquanto que a partir do dia 17, respira-se a proximidade do Natal com textos e antífonas especiais.

O Natal é o ponto alto do ciclo natalino que começou com o Advento. Nele se celebra o mistério do “Deus-conosco”, o qual será vivido um dia plenamente na eternidade. Com Jesus entre nós se derruba o muro de separação entre o Pai e a humanidade, levantado pelo pecado: Gen 3,23-24. É a manifestação da predileção divina para com o povo judaico, e a Epifania mostra que este amor se abre a todos os povos. Outras solenidades como Maternidade de Maria, Sagrada Família, celebradas na ocasião, de maneira alguma rompem o clima amoroso da gruta de Belém.

A partir do Natal, a cor é festiva: branco.Após a Epifania seguem-se uns domingos do Tempo

Comum. Quanto ao número destes domingos, como já se falou, depende da maior ou menor proximidade da Páscoa. A cor do Tempo Comum é o verde.

O que é Tempo Comum? Antes de se responder, é importante distinguir o mistério Cristo do mistério de Cristo.

Por mistério Cristo se celebra alguém que se tor-nou o único em nossa vida: Cristo. No Ano Litúrgico o Senhor é diferentemente celebrado: ora como criança, ora como alguém torturado e morto na cruz, ora como ressuscitado, ora como exaltado junto do Pai. Tudo é feito nas diversas solenidades, nos ciclos dos quais se falou: natalino, pascal…

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Todavia, o Ano Litúrgico re�ete também o que Jesus fez e ensinou. Por exemplo, o mandamento do amor, o perdão, a preocupação com os sofredores, com os pecadores.

Então, se no mistério Cristo se celebra Jesus, no mistério de Cristo se celebram os ensinamentos de Jesus, o que fez e como viveu.

Durante o Tempo Comum são celebrados os misté-rios de Cristo. Este período da liturgia é bastante rico e variado, completando as celebrações dos ciclos e dos tempos especiais.

A Páscoa, como o Natal, é precedida por um período dilatado de preparação: a Quaresma. São cinco semanas que antecedem a Semana Maior (Semana Santa) a par-tir da Quarta-feira de Cinzas. O espírito deste período é marcadamente penitencial. No passado a Quaresma se reduzia a uns dias de oração, de jejum e abstinência antes da Páscoa. Recordando o prolongado período de recolhimento feito por Jesus (Mt 4,2), a Quaresma passou a ter 40 dias. A cor é o roxo.

No Brasil se celebra há décadas, nesse período, a Campanha da Fraternidade que tem cantos próprios e adaptados ao tema do ano. É um esforço para se con-cretizar a conversão a Deus e a abertura aos irmãos. As orações e as leituras quaresmais insistem no tema da redenção onerosa do Filho de Deus.

Depois do 5º Domingo da Quaresma começa a Se-mana Santa. O ponto alto é o Tríduo Sacro: Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Páscoa, com grande destaque para a Vigília Pascal.

Na Quinta-feira Santa (paramentos brancos) se celebram: a Última Ceia, o Lava-pés, a Instituição da Eucaristia. É um dia carregado de sentido e de mistérios.

Sexta-feira Santa: paramentos vermelhos. Toda a atenção da Igreja se volta para o drama de amor do Filho

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de Deus que é injustiçado, torturado, assassinado, levado à pior das mortes (cruz), num esforço de ser apresentado como maldito de Deus: Dt 21,22-23.

No Sábado Santo, os paramentos são brancos. À noite tem início a Vigília Pascal. É conhecida como a mãe das vigílias. A cada momento cresce o clima de esperança, de alegria e de festa. A celebração é movimentada e carregada de sentido. Lamentavelmente a maioria dos cristãos, incluindo tantos que se consideram engajados e mais esclarecidos, não descobriu a solenidade e a rique-za desta noite das noites, que com suas trevas é capaz de iluminar o mais claro dos dias. Vem a seguir a Missa da Ressurreição ou Missa da Aleluia. Celebra-se não só o triunfo de Jesus, como o da humanidade, em Cristo. Sabe-se que não vivemos em vão.

Por muitos anos e para aliviar o período rigoroso de jejum, passou-se a celebrar a Vigília Pascal no Sábado San-to pela manhã. Tanto que era conhecido como Sábado da Aleluia. Reformas litúrgicas restituíram o antigo horário noturno, evocando os cristãos que passavam a noite em vigília, rezando, cantando, proclamando a Palavra, ilumi-nados e aquecidos pela fogueira. Até o raiar da aurora, quando celebravam com júbilo a ressurreição do Senhor.

Atualmente a celebração da Páscoa é antes da meia-noite. É que para os judeus o dia não começa com a zero horas e sim com o surgimento da primeira estrela. En-tão, ao escurecer do Sábado Santo, para todos os efeitos, começam os primeiros momentos do Domingo.

Com a Páscoa, maior solenidade cristã, tem início o período pascal. São sete domingos, por sinal, chamados de Páscoa: 2º...3º Domingo de Páscoa etc. A cor é o bran-co. O ciclo pascal, que inclui a Quaresma, termina com a solenidade de Pentecostes celebrada com paramentos vermelhos. Ascensão e Pentecostes ocupam os últimos domingos de Páscoa.

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O Tempo Comum, que foi interrompido pelo início da Quaresma, recomeça a partir do Ciclo Pascal. Esta segunda parte termina com a solenidade de Cristo Rei, que é celebrada com paramentos brancos. E como já se falou, com esta festa termina o Ano Litúrgico.

A ilustração abaixo em forma de círculo do Ano Li túr gico pode dar uma ideia mais completa do que se falou até agora.

Por brevidade não se fala de outras festas que en-riquecem o Ano Litúrgico, como as de Nossa Senhora, São José etc.

Verde RoxoVermelhoBranco

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Verde RoxoVermelhoBranco

As celebrações marianas são feitas sempre com para-mentos brancos, assim como as dos Santos não mártires. São rememorados com paramentos vermelhos os nossos irmãos maiores na fé que derramaram seu sangue como Cristo: os mártires.

Na medida do possível os Santos são comemorados no dia da morte, dia chamado natalício pela liturgia, pois foi quando “nasceram” para a vida eterna.

A caminhada litúrgica, gra�camente falando, pode ser representada de forma inspirada, como se vê abaixo. O ponto de partida é o Senhor simbolizado pelo Alfa, a

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primeira letra do alfabeto grego. É ele a fonte e o princípio de tudo. Ao �nal está o Ômega, última letra do mesmo alfabeto, o qual representa Deus como o �m para o qual tudo converge. De celebração em celebração se caminha cada vez mais para a grande comunhão. Por meio delas o Senhor se faz presente, catequizando, como outrora, suas ovelhas. Mas se faz presente também como doador da vida, a vida eterna da qual já participamos incoativamente.

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abun-dância”, disse ele. Nas celebrações litúrgicas este dom não só é celebrado, como, de certa maneira, comunicado. Elas se tornam fonte de salvação pela catequese, através do pão da Palavra. A isto se soma o pão eucarístico, sem falar na grande graça de irmãos estarem reunidos ao derredor do Senhor: Mt 18,20.

Então, liturgia não é uma sucessão de celebrações, mas uma caminhada para a vida eterna, no tempo.

Em grupos

1 - O que é e quais são os mistérios celebrados durante o Ano Litúrgico?

2 - O que é mistério Cristo e o que é mistério de Cristo?3 - Falar sobre o Advento, sobre o ciclo natalino, sobre

a Quaresma, sobre a Semana Santa, sobre o ciclo pascal, sobre o Tempo Comum.

4 - Tecer comentários sobre outras celebrações exis-tentes na liturgia.

5 - Estudar e comentar as ilustrações sobre o Ano Litúrgico.