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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Departamento de Ensino Coordenação de Engenharia Elétrica Mayara Cordeiro França AVALIAÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS NA GERAÇÃO FOTOVOLTAICA PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA POR SISTEMA DE ARREFECIMENTO CONVECTIVO Paulo Afonso 2017

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia

Departamento de Ensino

Coordenação de Engenharia Elétrica

Mayara Cordeiro França

AVALIAÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS NA GERAÇÃO

FOTOVOLTAICA PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA POR SISTEMA DE

ARREFECIMENTO CONVECTIVO

Paulo Afonso

2017

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Mayara Cordeiro França

AVALIAÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS NA GERAÇÃO

FOTOVOLTAICA PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA POR SISTEMA DE

ARREFECIMENTO CONVECTIVO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

colegiado do curso de Engenharia Elétrica do

Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia da Bahia, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Pimentel

Cavalcanti

Coorientador: Prof. MSc. Felipe Freire Gonçalves

Paulo Afonso

2017

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F881a FRANÇA, Mayara Cordeiro

AVALIAÇÃO DE GRANDEZAS ELÉTRICAS NA GERAÇÃO

FOTOVOLTAICA PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA POR SISTEMA

DE ARREFECIMENTO CONVECTIVO / Mayara Cordeiro França. Paulo

Afonso – BA: 2017. 51f.; il.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Pimentel Cavalcanti; Coorientador:

Prof. MSc. Felipe Freire Gonçalves.

Projeto Final de Curso (Graduação) – Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia da Bahia/ IFBA - Campus de Paulo Afonso. Curso:

Bacharelado em Engenharia Elétrica

1. Fontes alternativas 2. Eficiência de placa fotovoltaica

3. Sistema de arrefecimento I. Título

CDD – 621.3

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia

Departamento de Ensino

Coordenação de Engenharia Elétrica

Disciplina: Projeto Final de Curso

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Dr. Luiz Antônio Pimentel Cavalcanti

_____________________________________

Prof. Dr. Alberto Brandão Torres Neto

_____________________________________

Prof. MSc. Urbano Uelligton Secundes

Aprovado em 7 de dezembro de 2017.

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“Nada na vida deve ser temido, somente

compreendido. Agora é hora de compreender

mais para temer menos”

― Marie Curie

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Agradecimentos

Agradeço às forças da natureza as quais nos possibilita viver instantes neste plano.

Agradeço aos meus pais Elza Cordeiro Bezerra e Francisco Alves de França, por terem

se dedicado tanto tempo das suas vidas para cuidar de mim e que me deram apoio e

incentivo nos momentos complicados.

Sou imensamente grata as pessoas que encontrei neste longo caminho e que me apoiaram

quando já em mim não havia apoio, principalmente a Iane Galvão por ter sido quem me

ouvia quando em mim havia apenas a necessidade de ser ouvida.

Meus agradecimentos ao meu irmão, João Paulo Cordeiro França, por ter me ajudado

tanto quanto lhe foi possível, a minha tia Edna Lúcia e aos meus tios e avós, que de

alguma forma também contribuíram para que o sonho da formação acadêmica se tornasse

realidade.

Sou também imensamente grata ao professor Luiz Pimentel que viu no meu projeto uma

oportunidade de concretização e que se mostrou disposto a realizar junto comigo um

trabalho de excelência. Agradeço o apoio do professor Felipe Gonçalves por coorientar

este trabalho.

Agradeço ao governo brasileiro que vislumbrou a necessidade de levar a educação

gratuita e de qualidade para o interior da Bahia e que tem me proporcionado largo acesso

ao conhecimento no qual decidi me especializar.

Grata a cada docente das diversas áreas (cálculo, física, química e engenharia), aos

técnicos administrativos e à direção deste Instituto por toda a dedicação vivida por estes

e necessária para que esta formação acadêmica se torne realidade.

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Resumo. Fontes alternativas de geração de energia elétrica tem sido foco nos últimos

anos visando suprir o consumo energético mundial por vias sustentáveis para diminuir a

dependência por combustíveis fósseis. Uma alternativa parte do efeito fotovoltaico, que

converte diretamente a energia luminosa do sol (abundante e gratuita) em energia

elétrica de forma silenciosa e estática. Este trabalho avalia empiricamente os valores de

tensão de circuito aberto (Voc) gerada pela placa para diferentes condições de

temperatura, controlado através do arrefecimento convectivo da superfície de uma placa

fotovoltaica. Tendo em vista que a Geração Distribuída tem se tornado evidente no

cenário brasileiro e que a eficiência das placas depende não somente da sua construção

química, mas também de fatores externos como a irradiância, a temperatura, o acúmulo

de sujeira, sombreamento e inclinação da placa. O fator que mais afeta o Ponto de

Potência Máximo (PMP) é a temperatura que para a placa utilizada consiste na variação

tensão de 5,6%/°C. Isto implica na necessidade de maximizar a eficiência da geração de

energia elétrica por placas fotovoltaicas a partir do controle da temperatura. Assim, o

sistema de arrefecimento convectivo por película d’água que reutiliza a água para

arrefecer uma placa fotovoltaico se mostra como uma ótima solução para elevar a tensão

de saída da placa em 2,24V, consequentemente elevando PMP.

Palavras-chave: Fontes Alternativas. Eficiência de placa fotovoltaica. Sistema de

arrefecimento.

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Abstract

Alternative sources of electricity generation have been focus in recent years aiming to

supply the world's energy consumption by sustainable routes to reduce dependence on

fossil fuels. An alternative part of the photovoltaic effect, which directly converts the

luminous energy of the sun (abundant and free) into electrical energy in a silent and static

way. This work empirically evaluates the open-circuit voltage (Voc) values generated by

the plate for different temperature conditions, controlled by the convective cooling of the

surface of a photovoltaic plate. Considering that Distributed Generation has become

evident in the Brazilian scenario and that the efficiency of the plates depends not only on

their chemical construction, but also on external factors such as irradiance, temperature,

dirt accumulation, shading and slope of the plate. The factor that most affects the

Maximum Power Point (PMP) is the temperature that for the plate used consists in the

voltage variation of 5.6% / ° C. This implies the need to maximize the efficiency of electric

power generation by photovoltaic panels from the temperature control. Thus, the water

film convective cooling system which reuses water to cool a photovoltaic plate is shown

as an optimal solution to raise the plate output voltage by 2.24V, thereby raising PMP.

Keywords: Alternative Sources. Photovoltaic system efficiency. Cooling system.

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Valores de irradiação média mensal para a localização de realização das

medições, parte I. (FONTE: CRESESB, 2017) ..............................................................34

Tabela 2 – Tabela de valores típicos da placa utilizada. (FONTE: PHOTOWATT

TECHNOLOGIES, 2017) ...............................................................................................36

Tabela 3: Resultados do cálculo para fluxo de calor por convecção. (FONTE: Autoria

própria, 2017) .................................................................................................................40

Tabela 4: Valores de corrente de circuito aberto calculado com a irradiância média obtido

no banco de dados da CRESESB e parâmetros típicos da placa. (FONTE: Autoria própria,

2017) ...............................................................................................................................41

Tabela 5: Resultados obtidos nas medições realizadas. (FONTE: autoria própria, 2017)

.........................................................................................................................................41

Tabela 6: Resultado do cálculo do balanço energético para irradiação do sol (G).

(FONTE: Autoria própria, 2017) .....................................................................................45

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Lista de Figuras

Figura 1 – Eficiência das células fotovoltaicas em função do tempo do ano de fabricação.

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014) ............................................................................20

Figura 2: Fatores de perdas de estudo realizado pela sociedade alemã de energia solar.

(FONTE: DGS apud RANK, 2016) .................................................................................21

Figura 3: Diodo Bypass. (FONTE: SUNFIELDS EUROPE, 2017) ................................23

Figura 4: Influência da irradiância do sol no painel fotovoltaico. (FONTE: SILVA, 2016)

.........................................................................................................................................24

Figura 5- Cristal de silício dopado: tipo n e p. (FONTE: MATTOS, 2016) .....................27

Figura 6 - Célula fotovoltaica de silício cristalino. (FONTE: SEGUEL, 2009) ...............27

Figura 7 – Circuito equivalente com um diodo para célula fotovoltaica. (FONTE: PINHO

e GALDINHO, 2014) ......................................................................................................28

Figura 8 - Principais parâmetros elétricos em destaque, ISC é a corrente elétrica em curto

circuito; VOC é a tensão de circuito aberto e PMP a potência máxima (VMP, IMP).

(PINHO e GALDINO, 2014) ..........................................................................................30

Figura 9 – Relação entre a tensão e a corrente em função da temperatura nas placas.

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014) ............................................................................31

Figura 10: Anomalias da curva I-V de um painel fotovoltaico. (FONTE: PINHO e

GALDINO apud RANK, 2016) .......................................................................................32

Figura 11 - Curva P-V para diferentes temperaturas. (FONTE: SEGUEL, 2009)

.........................................................................................................................................32

Figura 12 – Localização da realização das medições. (FONTE: google maps, 2017)

.........................................................................................................................................33

Figura 13: Gráfico da irradiância incidente na cidade de Paulo Afonso. (FONTE:

CRESESB, 2017) ............................................................................................................35

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Figura 14 - Sistema de resfriamento por película d'água protótipo montado no SketchUp

Pro 2017. (FONTE: Autoria própria, 2017) ................................ ....................................37

Figura 15: Inclinação da placa utilizado para realizar as medições. (FONTE: Autoria

própria, 2017) ..................................................................................................................38

Figura 16: O arranjo experimental montado em funcionamento. (FONTE: Autoria

própria, 2017) ..................................................................................................................39

Figura 17: Inclinação da placa para as medições. (FONTE: Autoria própria, 2017) ......39

Figura 18: Variação da tensão (Voc) com a temperatura por regressão linear. (FONTE:

Autoria própria, 2017) ....................................................................................................42

Figura 19: Gráfico de resíduos para o gráfico de tensão em função da temperatura.

(FONTE: Autoria própria, 2017) ...................................................................................43

Figura 20: Variação da corrente (Isc) com a temperatura por regressão linear. (FONTE:

Autoria própria, 2017) ....................................................................................................44

Figura 21: Gráfico de resíduos para o gráfico de corrente em função da temperatura.

(FONTE: Autoria própria) ..............................................................................................44

Figura 22: Ganho de potência do sistema por temperatura. (FONTE: Autoria própria,

2017) ...............................................................................................................................46

Figura 23: Curva de potência I x V para Tplaca de 10°C. (FONTE: Autoria própria, 2017)

.........................................................................................................................................47

Figura 24: Curva de potência I x V para Tplaca de 50°C. (FONTE: Autoria própria, 2017)

.........................................................................................................................................47

Figura 25: Resultado do ponto de máxima potência (PMP) em função das temperaturas.

(FONTE: Autoria própria, 2017) ..................................................................................48

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Lista de siglas e abreviaturas

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

m-Si - silício monocristalino

p-Si - silício policristalino

a-Si - silício Amorfo

CIS - disseleneto de cobre e índio

CIGS - disseleneto de cobre, índio e gálio

CdTe - Telureto de cádmio

P&D - Pesquisa e desenvolvimento

CPV – Concentrated Photovoltaics

DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell

OPV – Organic Photovoltaics

PMP - Potência máxima

MPP - Maximum Power Point

CRESESB - Centro de Referência para as Energias Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

STC - Standard Test Conditions

FF- Fator de Forma

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas ...............................................................................................................ix

Lista de Figuras.................................................................................................................x

Lista de Siglas e abreviaturas..........................................................................................xii

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................14

2. OBJETIVO GERAL....................................................................................................15

2.1 Objetivos específicos.......................................................................................15

3. JUSTIFICATIVA........................................................................................................16

4. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA............................................................................16

5. ABORDAGEM GERAL.............................................................................................17

5.1 Fontes de Geração de Energia Convencional ou Alternativa...........................17

5.2 O painel fotovoltaico........................................................................................18

5.2 A eficiência de placas fotovoltaica .................................................................19

5.3 Fatores críticos para a eficiência......................................................................21

5.3.1 Acúmulo de poeira ou sujeira..............................................................22

5.3.2 Sombreamento.....................................................................................22

5.3.3 Irradiação.............................................................................................23

5.3.4 Umidade...............................................................................................24

5.4 Transferência de Calor por Convecção ...........................................................24

5.5 O princípio de funcionamento do painel fotovoltaico .....................................25

5.6 O modelo elétrico equivalente.........................................................................28

5.6.1 Parâmetros elétricos ............................................................................30

5.6.2 Os parâmetros que influenciam...........................................................31

6. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................33

6.1 Localização e inclinação .................................................................................33

6.2 Placa e parâmetro do fabricante.......................................................................35

7. MEDIDAS DAS VARIÁVEIS ELÉTRICAS............................................................36

8. RESULTADOS ..........................................................................................................38

8.1 Arranjo Experimental.......................................................................................38

8.2 Análises dos Resultados...................................................................................40

8.3 Conclusão ........................................................................................................49

REFERÊNCIAS

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1. INTRODUÇÃO

Uma maior participação das fontes de energia renováveis na matriz energética

tem sido incentivada em nível mundial, e uma série de políticas públicas vêm sendo

adotadas por diferentes países a fim de se buscar maior segurança energética. Neste

contexto, a energia solar fotovoltaica desempenha, potencialmente, um papel importante

na evolução da participação de fontes alternativas na matriz energética mundial, visto sua

abundância e ampla disponibilidade na superfície terrestre (NAKABAYASHI, 2014).

No Brasil a atratividade econômica da geração com módulos fotovoltaicos está

intrinsecamente relacionada às tarifas de energia elétrica convencional, já que o benefício,

do ponto de vista financeiro, para o micro/minigerador é o custo evitado para a compra

de energia elétrica convencional (NAKABAYASHI, 2014). A Resolução 482/2012 da

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), trata sobre a micro e minigeração, que

define o sistema de compensação de energia elétrica, mediante o qual a energia injetada

na rede poderá compensar o consumo de energia nos meses subsequentes (FALCÃO,

2013).

Segundo a ANEEL (2015), os estímulos à geração distribuída se justificam pelos

potenciais benefícios que tal modalidade pode proporcionar ao sistema elétrico. Entre

eles, estão o adiantamento de investimentos em expansão dos sistemas de transmissão e

distribuição, o baixo impacto ambiental, a redução no carregamento das redes, a

minimização das perdas e a diversificação da matriz energética. Com o objetivo de reduzir

os custos e tempo para conexão da microgeração e minigração; compatibilizar o Sistema

de Compensação de energia Elétrica com as Condições Gerais de Fornecimento (REN n°

414/2010); aumentar o público alvo; e melhorar as informações na fatura, a ANEEL

publicou a Resolução Normativa n° 697/2015 revisando a REN n°482/2012.

Por tais motivos que ao longo dos últimos anos se verificou o início de um

processo de profundas mudanças tecnológicas no setor elétrico, tendo como característica

mais visível deste processo o ciclo expansionista de fontes renováveis e alternativas na

matriz elétrica. Inicialmente, esta dinâmica esteve basicamente atrelada à difusão da

energia eólica. Mais recentemente, a energia solar fotovoltaica também iniciou uma

dinâmica de crescimento exponencial (RAINERI 2016 apud CASTRO, 2016. p. 5).

Através do efeito fotovoltaico, células solares convertem diretamente a energia do sol em

energia elétrica de forma estática, silenciosa, não-poluente e renovável (RÜTHER, 2004).

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Segundo a ANEEL, os maiores índices de radiação são observados na região Nordeste

com destaque para o Vale do São Francisco. Este destaque pode ser melhor aproveitado

através do controle da temperatura das placas fotovoltaicas.

Pois, o desempenho das células fotovoltaicas é influenciado pela irradiância

incidente e sua distribuição espectral, bem como pela temperatura de operação da célula.

Em condições de concentração da radiação solar, o que implica na utilização de

dispositivos ópticos (lentes ou espelhos) para obtenção de níveis de irradiância superiores

aos naturais (>1.000 W/m²), a eficiência das células fotovoltaicas pode aumentar, se a

temperatura for controlada (PINHO e GALDINO, 2014).

Segundo Simione (2017), os principais resultados obtidos mostram que o

impacto da temperatura de operação das células fotovoltaicas é expressivo na

identificação das regiões com maiores potenciais solares reais e que a eficiência elétrica

pode ser reduzida em até 15%. Matematicamente, Silva (2016) mostrou que derivando a

fórmula do ponto máximo de potência é possível verificar a variação de potência dos

módulos fotovoltaicos em relação a variação de temperatura que resulta em -0,46[%/°C].

Para a redução de temperatura do painel fotovoltaico, foi desenvolvido um

sistema de refrigeração com água corrente com objetivo de verificar experimentalmente

o resultado teórico do ganho de potência. O mecanismo de arrefecimento consistiu de um

cano de 1/2” de 8 metros, com furos igualmente espaçados e alinhados de diâmetro de

2mm, com conexões para mangueira de água em suas duas extremidades. O sistema foi

fixado juntamente a um conjunto de painéis fotovoltaicos na borda superior dos mesmos.

Com a realização do experimento citado, os autores puderam comprovar que “quanto

menor a temperatura de operação, maior é a potência de saída se comparado com o

conjunto não resfriado” (SILVA, 2016).

2. OBJETIVO GERAL

Avaliar a eficiência elétrica do painel fotovoltaico observando seu desempenho

com o controle da temperatura realizado através de um sistema de arrefecimento.

2.1 Objetivos Específicos

Aferir as grandezas elétricas da placa fotovoltaica para avaliação da eficiência da

geração de energia;

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Avaliar a eficiência de geração de energia antes de implementar o sistema de

arrefecimento;

Dimensionar, em função da temperatura máxima, o volume do fluído necessário para

arrefecimento do painel;

Calcular o fluxo de calor convectivo através da película de água e estimar a potência

térmica retirada da placa fotovoltaica (energia absorvida na forma de calor por unidade

de tempo);

Avaliar a eficiência de geração de energia após implementação do sistema de

arrefecimento;

Comparar o desempenho da geração antes e após a implementação do sistema de

arrefecimento.

3. JUSTIFICATIVA

Tornar a matriz energética brasileira diversificada possibilita aumentar a

segurança do fornecimento de energia elétrica e permite a valorização das características

e potencialidades regionais. Além de diminuir os custos com transmissão e distribuição,

pois a geração distribuída se encontra próximo ao consumidor. Objetivando assim, a

diminuição da dependência por combustíveis fósseis, normalmente utilizados nas usinas

termelétricas.

Em virtude da expansão dos sistemas de geração distribuída no Brasil,

principalmente através da energia solar, a relevância do aproveitamento total da geração

de energia por painéis fotovoltaicos em regiões com grande capacidade de geração

permite maior incentivo a utilização desta fonte de energia alternativa, tornando-a mais

evidente no cenário energético brasileiro. Com isso, tem como consequência maiores

investimentos nesta fonte energética. E assim, possibilita-se que as unidades geradoras

por placas fotovoltaicas ocupem mais espaço na matriz energética brasileira.

4. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A temperatura das placas fotovoltaicas é um dos parâmetros que influencia na

geração de energia elétrica. Segundo PINHO e GALDINO (2014), isto se deve ao fato de

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que a tensão de saída da célula diminui significativamente com o aumento da temperatura,

enquanto que sua corrente sofre uma elevação muito pequena, quase desprezível.

Em consonância com os fatos supracitados, alguns questionamentos podem ser

levantados. A atuação do sistema de arrefecimento seria capaz de elevar a eficiência em

termos de geração de potência do sistema? Qual o percentual recuperado?

5. ABORDAGEM GERAL

A exploração intensa das reservas esgotáveis de combustíveis fósseis e os danos

causados ao meio ambiente apresentam um cenário preocupante para o próximo século.

Nesse contexto assume crucial importância a busca de fontes alternativas de energias

renováveis e não poluentes, visando diversificar a matriz energética que se baseia em

hidrelétrica, é necessária uma fonte energética com várias características particulares:

limpa (não poluente), não escassa, distributiva e que possa ser usada em residências,

indústrias e em estabelecimentos comercias. Uma das que possui todas essas

características é a energia elétrica fotovoltaica (NASCIMENTO, 2004).

O Brasil apresenta uma radiação solar média acima de 2500 horas/ano, por ter

como característica um clima tropical. Desta forma a energia solar fotovoltaica poderá

ser bem mais utilizada, principalmente em regiões remotas em que a rede de distribuição

não alcançou. A preservação do meio ambiente é um fator muito importante e que muitas

vezes é “ignorado” com a ampliação das linhas de transmissão e construções de usinas

hidrelétricas. Além da importante tarefa de conscientização sócio-cultural pelo uso de

uma energia limpa e a economia de energia elétrica convencional (NASCIMENTO,

2004).

Para o entendimento da geração de energia elétrica através de uma fonte

alternativa e assim compreensão da melhoria da eficiência de um módulo fotovoltaico,

deve-se compreender quais são os tipos de geração existentes, qual a eficiência máxima

de uma placa fotovoltaica já produzida. Em seguida complementar com o estudo do

arrefecimento das placas fotovoltaicas bem como a influência da temperatura nas

variáveis elétricas, sendo isto o escopo deste trabalho que nos leva a conceituar como

funciona a convecção da troca de calor entre a superfície da placa e a película d’água e as

características elétricas dos painéis fotovoltaicos.

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5.1 Fontes de Geração de Energia Convencional e Alternativa

As formas de energia encontradas na natureza e utilizadas para gerar energia

elétrica são chamadas de fontes primárias. As fontes primárias podem ser divididas em

fontes convencionais: formas inicialmente utilizadas que permitiram o uso generalizado

da eletricidade e ainda hoje responsáveis pela maior parte da energia elétrica produzida,

e fontes alternativas: envolvem as formas de obtenção de energia elétrica que diferem

das tradicionais e, embora sejam hoje utilizadas em pequena escala, podem vir a ser

importantes no futuro (FRANCA, 2001)

As principais fontes de energia elétrica são:

Fontes Convencionais

Reação eletroquímica (baterias, pilhas)

Hídrica

Fóssil (carvão, petróleo, gás natural)

Nuclear (fissão do urânio)

Fontes Alternativas

Solar

Eólica

Biomassa

Eletroquímica (células combustíveis)

Geotérmica

Marés

Os geradores (alternadores e dínamos) são encontrados nas centrais produtoras

de energia elétrica (hidrelétricas, termoelétricas, eólicas, maremotrizes, etc.), hospitais e

certos tipos de indústrias, ou mesmo em um automóvel, moto ou bicicleta, por exemplo.

O princípio de funcionamento para geração de energia se baseia na interação

eletromagnética através do movimento relativo entre o campo magnético e um fio no

formato de espira onde irá gerar uma corrente induzida.

Outra forma de gerar energia é a partir do efeito fotovoltaico que converte

diretamente a energia luminosa em corrente elétrica, isto acontece através da interação

entre semicondutores dopados positivamente tipo p e dopados negativamente tipo n,

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19

efeito que será melhor descrito a seguir por tratar do princípio de funcionamento básico

das placas fotovoltaicas, objeto de estudo deste trabalho.

5.2 O painel fotovoltaico

A energia solar fotovoltaica é obtida através da conversão direta da luz em

eletricidade. No ano de 1839, Edmond Becquerel observou que a incidência de luz em

um dos eletrodos de uma célula eletrolítica originava uma tensão e corrente elétrica,

chamando este fenômeno de efeito fotovoltaico. Posteriormente no ano de 1888, Hertz

observou que a incidência de luz ultravioleta sobre dois eletrodos provocava a ruptura do

ar com uma menor diferença de potencial (tensão) entre ambos, fez algumas experiências

e deduziu que os metais emitiam cargas negativas, isto é, elétrons, pela ação da luz

(SEGUEL, 2009).

No ano de 1873, W. Smith observou uma variação na capacidade de condução

do selênio pelo efeito da luz. A partir desse descobrimento chamado fotocondutividade,

Siemens construiu um fotômetro, que contribuiu à divulgação do novo fenômeno. Com o

selênio Fritts fez a primeira célula solar nos anos 80 daquele século, com 1% de eficiência.

O desenvolvimento da tecnologia dos semicondutores levou a novos avanços no campo

fotovoltaico e a primeira célula solar de silício monocristalino, com 6% de eficiência, foi

construída em 1954 por Chapin, Fuller e Pearson (SEGUEL, 2009).

5.2 A eficiência de placas fotovoltaica

As principais tecnologias aplicadas na produção de células e módulos

fotovoltaicos são classificadas em três gerações. A primeira geração é dividida em duas

cadeias produtivas: silício monocristalino (m-Si) e silício policristalino (p-Si), que

representam mais de 85% do mercado, por ser considerada uma tecnologia consolidada e

confiável, e por possuir a melhor eficiência comercialmente disponível.

A segunda geração, comercialmente denominada de filmes finos, é dividida em

três cadeias produtivas: silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre e índio (CIS) ou

disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS) e telureto de cádmio (CdTe). Esta geração

apresenta menor eficiência do que a primeira e tem uma modesta participação do

mercado. Existem dificuldades associadas à disponibilidade dos materiais, vida útil,

rendimento das células e, no caso do cádmio, sua toxicidade, que retardam a sua utilização

em maior escala.

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A terceira geração, ainda em fase de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), testes

e produção em pequena escala, é dividida em três cadeias produtivas: células fotovoltaicas

multijunção, as que possuem maior eficiência, Figura 1, célula fotovoltaica para

concentração (CPV – Concentrated Photovoltaics), células sensibilizadas por corante

(DSSC – Dye-Sensitized Solar Cell) e células orgânicas ou poliméricas (OPV – Organic

Photovoltaics). A tecnologia CPV, por exemplo, demonstrou ter um potencial para

produção de módulos com altas eficiências, embora o seu custo ainda não seja

competitivo com as tecnologias que atualmente dominam o mercado (PINHO e

GALDINO, 2014).

Figura 1 – Eficiência das células fotovoltaicas em função do tempo do ano de fabricação.

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014)

Pode-se observar que as células fabricadas com multijunção possuem maior

eficiência comparada com qualquer outro tipo, entretanto ainda não é financeiramente

competitiva. As de p-Si e m-Si são as que mais evidentes no mercado. Portanto, a

eficiência depende da forma que o material é constituído. A fundição dos cristais

do Painel Solar Fotovoltaico de Silício Policristalino determina a sua eficiência, os

cristais de silício são fundidos em blocos preservando a formação dos componentes

(PINHO e GALDINO, 2014).

As vantagens do Painel Solar Fotovoltaico de Silício Policristalino são a

durabilidade podendo ser mais de 30 anos quando em boa conservação, o custo de

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produção é mais barato e a quantidade de silício residual utilizado no processo de

fabricação é menor do que os outros sistemas fotovoltaicos. As desvantagens que

podemos observar estão na eficiência, pois a pureza do polisilício nas células é menor,

pelo fato de que a corrente elétrica terá maior dificuldade para fluir até o destino do

circuito como veremos a seguir no modelo elétrico da placa o qual se caracteriza como

perda ôhmica, como consequência a área de colocação dos painéis tenderá a ser maior,

utilizando mais placas solares, aumentando o seu custo.

5.3 Fatores críticos para a eficiência

Dentre os principais fatores críticos para o desempenho dos módulos destacam-

se: a temperatura de operação, umidade, espectro solar, irradiação, acúmulo de sujeira e

sombreamento. Alguns deles observados na Figura 2.

Figura 2: Fatores de perdas de estudo realizado pela sociedade alemã de energia solar.

(FONTE: DGS, 2013 apud RANK, 2016)

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O desempenho real dos módulos fotovoltaicos é determinado pelas condições

ambientais, as quais podem causar efeitos que se traduzem em perda de eficiência. Estes

fatores são capazes de reduzir a eficiência de conversão em até 15% e podem levar a

degradação das células e módulos (SIMIONE, 2017).

5.3.1 Acúmulo de poeira ou sujeira

Em áreas industriais, com grande tráfego de automóveis, ou com clima seco, por

exemplo, ocorre maior acúmulo de sujeira nos painéis fotovoltaicos. O efeito do acúmulo

de sujeira é menor quando o módulo é limpo com a água da chuva. Uma angulação de

pelo menos 10° é normalmente suficiente para que isto ocorra. Quanto maior a inclinação

do módulo, mais fácil para que esta autolimpeza aconteça. Além disso, o design do painel

pode ajudar a promover um maior acúmulo de sujeira, quando este contém bordas

elevadas. Se o sistema estiver localizado em áreas com muito acúmulo de poeira, uma

limpeza regular vai aumentar significantemente o desempenho do sistema (DGS, 2013

apud RANK, 2016).

As perdas pelo acúmulo de poeira sobre os módulos podem chegar a 15% em

locais secos, onde a limpeza torna-se uma atividade indispensável. Neste caso, a

disponibilidade de água e recursos podem levar a custos adicionais para operação e

manutenção destes sistemas. Em termos médios, o acúmulo de poeira provoca perdas

médias de 4% ao ano. Já em condições ambientais favoráveis à agravação do problema o

acúmulo pode gerar perdas de até 35% num período de seis meses (SIMIONE, 2017).

Sendo este mais um dos motivos que se mostra interessante a proposta deste trabalho,

sugerindo o arrefecimento e como consequência a limpeza de painéis.

5.3.2 Sombreamento

Quando sombreada uma célula fotovoltaica conectada a outras células opera

como uma carga, devido à polarização reversa, e não mais como uma unidade geradora.

Nestes casos, forma-se um ponto quente, que pode danificar irreversivelmente as células.

Os pontos quentes provocam a formação de um circuito aberto no arranjo série paralelo

do módulo, podendo danificá-lo. Mesmo que a célula e o módulo não sejam danificados,

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as perdas de desempenho pelo sombreamento de uma única célula de um módulo podem

chegar a 30% (SIMIONE, 2017).

Devido ao fato das células solares do módulo fotovoltaico serem ligados em

série, na ocorrência do sombreamento parcial da superfície do módulo, sua potência de

saída cairá drasticamente. Para que a corrente de um modulo não seja limitada por uma

célula de pior desempenho (no caso de estar encoberta), usa-se um diodo de passagem ou

‘bypass’, mostrado na Figura 3. Este diodo serve como um caminho alternativo para a

corrente e limita a dissipação de calor na célula encoberta (CARVALHO, 2012)

Figura 3: Diodo Bypass.

.

(FONTE: SUNFIELDS EUROPE, 2017)

5.3.3 Irradiação

A potência gerada por um módulo depende diretamente da irradiação incidente,

em uma relação linear diretamente proporcional. Com o aumento da irradiação incidente

um número maior de fótons é absorvido produzindo mais corrente, o que eleva a potência

produzida. Por outro lado, a elevação de corrente e maior excitação de elétrons pode

provocar aumento de temperatura de operação, o que se traduz em diminuição da

eficiência de conversão (SIMIONE, 2017).

Como mostra na Figura 4, a corrente pelo módulo aumenta linearmente com o

aumento da irradiância. O sol possui movimento aparente no céu de acordo com a hora

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do dia e com o dia do ano. Para receber maior intensidade luminosa é necessário

acompanhamento destes movimentos. Entretanto, os módulos, normalmente, são

instalados em posição fixa, devido ao elevado custo dos equipamentos que permitem sua

movimentação (seguidores ou trackers). Dessa forma, é fundamental determinar a melhor

inclinação para cada região em função da latitude do sítio de instalação do painel

(CARVALHO, 2012).

Figura 4: Influência da irradiância do sol no painel fotovoltaico.

(FONTE: SILVA, 2016).

5.3.4 Umidade

A umidade pode levar a perdas de eficiência à medida que reduz a absorção

devido à reflexão, refração ou difração dos raios luminosos quando estes atingem as

gotículas de água. A presença de umidade no interior do módulo pode causar fuga de

corrente elétrica devido à redução da resistência elétrica entre materiais. Além disso, a

umidade pode: facilitar o acumulo de sujeira sobre a superfície dos módulos; provocar

corrosão e degradação dos condutores e componentes metálicos; danificar o material

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encapsulante; e reduzir a adesão entre pontos de ligação. Estes efeitos em conjunto podem

se traduzir em perdas significativas de desempenho e durabilidade dos módulos, quando

submetidos a estas condições por longos períodos de tempo (SIMIONE, 2017).

5.4 Transferência de Calor por Convecção

Estamos especialmente interessados na transferência de calor por convecção,

que ocorre com o contato entre um fluido em movimento e uma superfície, estando os

dois a diferentes temperaturas (INCROPERA, 2008). A transferência de calor por

convecção pode ser classificada de acordo com a natureza do escoamento do fluido.

A Equação (1) mostra a taxa de transferência de calor por convecção

independente da natureza específica do processo.

𝑞𝑛 = ℎ(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (1)

Sendo qn o fluxo de calor por convecção (W/m²), Ts a temperatura da superfície

e T∞ a temperatura do fluido. Essa expressão é conhecida como a lei do resfriamento de

Newton e o parâmetro h (W/(m².K)) é chamado de coeficiente de transferência de calor

por convecção.

O resfriamento forçado será obtido por convecção entre o fluído (a água) e a

superfície da placa com o escoamento causado pela gravidade considerando que as placas

fotovoltaicas possuem uma inclinação de aproximadamente 15° nas suas estruturas de

instalação. O processo para reabastecer o reservatório superior será realizado através de

uma bomba d’água.

5.5 O princípio de funcionamento do painel fotovoltaico

O painel fotovoltaico é formado por células fotovoltaicas de silício, elemento

básico para a transformação da radiação eletromagnética em energia elétrica e pode ser

compreendida como um dispositivo semicondutor que produz uma corrente elétrica

quando exposta à luz (SEGUEL, 2009). Este fenômeno físico-químico é chamado de

efeito fotovoltaico que ocorre em materiais semicondutores, sendo o mais utilizado para

compor células fotovoltaicas é o silício (Si), onde cada átomo seu possui quatro elétrons

em sua banda de valência (MATTOS, 2016).

O princípio de funcionamento das células fotovoltaicas depende do

entendimento dos materiais semicondutores dopados, pois são caracterizados pela

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condução de energia quando expostos à radiação, diferentemente dos materiais não-

dopados que possuem um ótimo papel como isolantes elétricos. Segundo Seguel (2009)

um semicondutor a zero Kelvin possui uma banda preenchida por elétrons, chamada de

banda de valência e uma segunda banda de nível mais alto que está despopulada, chamada

a banda de condução. Entre essas duas bandas existe uma banda, que os elétrons não

podem ocupar, chamada de banda proibida (gap). Para que o elétron passe da banda de

valência para a de condução, uma quantidade mínima de energia é necessária, sendo uma

constante característica para cada material.

Uma propriedade fundamental para as células fotovoltaicas é a possibilidade de

fótons, na faixa do visível, com energia suficiente, excitar os elétrons à banda de

condução. Esse efeito, que pode ser observado em semicondutores puros, também

chamados de intrínsecos, não garante por si só o funcionamento de células fotovoltaicas.

Para obtê-las é necessária uma estrutura apropriada, em que os elétrons excitados possam

ser coletados, gerando uma corrente útil. Os elementos pertencentes a família 4A da tabela

periódica, como o silício e o germânio, possuem como principal característica a presença

de quatro elétrons de valência que se ligam aos vizinhos em ligações covalentes,

formando uma rede cristalina. Ao adicionar átomos pentavalentes haverá um elétron em

excesso para formar as ligações covalentes, ficando fracamente ligado a seu átomo de

origem. Nesse caso, necessita-se de somente uma pequena quantidade de energia para

liberar este elétron para a banda de condução, algo em torno de 0,02eV (SEGUEL, 2009).

Os semicondutores dopados são aqueles que recebem em sua estrutura outros

elementos químicos. Uma estrutura dopada pode ser dividida, ainda, nos tipos n ou p.

Quando o elemento químico dopante for da família 3A da tabela periódica, diz-se que o

dopante é do tipo p - receptores de elétrons e quando for da família 5A dopante tipo n -

doadores de elétrons (MATTOS, 2016).

A dopagem desses semicondutores normalmente é feita com dois elementos, um

que possua a característica do tipo p e outro do tipo n. Por exemplo, dopagem com fósforo

(P) família 5A e boro (B) família 3A. Dessa forma o fósforo com excesso de elétrons e o

boro com excesso de lacunas faz com que seja necessária pouca energia para que haja a

movimentação dos elétrons do fósforo para o boro, mostrado na Figura 5.

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Figura 5- Cristal de silício dopado: tipo n e p.

(FONTE: MATTOS, 2016)

Se um condutor conecta ambas faces da célula, quando a mesma é iluminada,

circulará uma corrente, cuja intensidade é proporcional à irradiância que incide sobre a

célula, conhecida como corrente de curto circuito. A Figura 6 mostra a estrutura básica

desse tipo de célula (SEGUEL, 2009).

Figura 6 - Célula fotovoltaica de silício cristalino.

(FONTE: SEGUEL, 2009)

Quando a região da união é iluminada os fótons com energia igual ou maior ao

band-gap do material semicondutor utilizado podem ser absorvidos e produzirem elétrons

livres. Ou seja, que os fótons arrancam elétrons das ligações covalentes, formando pares

elétrons-lacunas que serão acelerados por efeito do campo elétrico em sentidos opostos.

Este fenômeno é em essência, o efeito fotovoltaico. A consequência desta “separação de

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carga” é a formação de uma diferença de potencial entre as superfícies opostas da célula.

Esta tensão é chamada tensão de circuito aberto (SEGUEL, 2009).

A separação de portadores de carga pela junção pn dá origem ao efeito

fotovoltaico, que é a conversão de energia luminosa em energia elétrica associada a uma

corrente elétrica e uma diferença de potencial. Este efeito na verdade ocorre com qualquer

diodo semicondutor que for exposto a radiação, portanto, as células fotovoltaicas podem

ser entendidas essencialmente como diodos de grande área otimizada para

aproveitamento do efeito fotovoltaico (PINHO e GALDINO, 2014).

5.6 O modelo elétrico equivalente

A corrente em célula fotovoltaica pode ser considerada como a soma de corrente

de uma junção pn no escuro (diodo semicondutor) com a corrente gerada pelos fótons

absorvidos da radiação solar (PINHO e GALDINHO, 2014). Podendo ser descrita a partir

da equação de Schockley de diodo, Equação 2:

𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 [(𝑒𝑞𝑉

𝑛𝑘𝑇) − 1] (2)

Onde:

IL – Corrente fotogerada (A);

I0 – Corrente de Saturação reversa do diodo (A);

n – Fator de idealidade do diodo, número adimensional geralmente entre 1 e 2,

obtido por ajuste de dados experimentais medidos;

q – Carga do elétron (1,6x10-19C);

k – Constante de Boltzman (1,38x10-23j/K);

T – Temperatura absoluta.

Podemos observar a partida da Equação 2 que se IL for zero a célula fotovoltaica se

comportará como um diodo.

Figura 7 – Circuito equivalente com um diodo para célula fotovoltaica.

(FONTE: PINHO e GALDINHO, 2014)

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Os componentes descritos na Figura 7 que descrevem os seguintes fenômenos,

segundo Silva (2016):

Rs – Descreve as perdas ôhmicas do material semicondutor, nas conexões em

geral;

Rp – Descreve as perdas que surgem principalmente através das perturbações

elétricas causadas pelas impurezas e defeitos da estrutura cristalina;

IL – representa a corrente a uma determina isolação;

D – a junção P-N;

V – A tensão de saída nos terminais da célula.

Como observado no circuito equivalente existe uma resistência em série - RS

devido a junção metal-semicondutor, malhas metálicas, regiões dopadas, etc e uma

resistência em paralelo RP proveniente de ponto de curto-circuito na junção pn.

𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒𝑞(𝑉+𝐼𝑅𝑆)

𝑛𝑘𝑇 − 1] −𝑉 − 𝐼𝑅𝑆

𝑅𝑃 (3)

Ao termo exponencial acrescentou a queda de tensão no resistor em série e a

fórmula inicial foi diminuído a corrente relativa a resistência em paralelo. Para o modelo

elétrico, estes termos podem ser considerados as perdas elétricas da placa fotovoltaica.

Uma única célula fotovoltaica, isoladamente, tem capacidade reduzida de

produção de energia elétrica, tipicamente entre 1 e 2W, correspondente a uma tensão de

0,5V e uma corrente entre 2 e 4A. Portanto, para atingir determinados níveis de tensão e

corrente, faz-se necessária a associação de várias células, através de ligações série e

paralelo, formando os painéis fotovoltaicos (SEGUEL, 2009).

A Equação 3, segundo Gow e Manning (1999) apud Seguel (2009) irá sofrer as

modificações apresentadas na Equação 4 a depender da quantidade de células conectadas

em paralelo e em série:

𝐼 = 𝑛𝑃 {𝐼𝐿 − 𝐼0 [𝑒

𝑞(𝑉

𝑛𝑆+

𝐼𝑅𝑆𝑛𝑃

)

𝑛𝑘𝑇 − 1] −

𝑉𝑛𝑆

−𝐼𝑅𝑆

𝑛𝑃

𝑅𝑃} (4)

Onde:

nP – Número de células conectadas em paralelo; ns – Número de células conectadas em

série.

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5.6.1 Parâmetros elétricos

A partir da a Figura 8 que apresenta a curva I-V com os principais parâmetros

elétricos que caracterizam os módulos fotovoltaicos: tensão de circuito aberto, corrente

de curto-circuito, fator de forma e eficiência (PINHO e GALDINHO, 2014).

- Tensão de circuito aberto (Voc): é a tensão entre os terminais de uma célula

fotovoltaica quando não há corrente elétrica circulando e é a máxima tensão que uma

célula fotovoltaica pode produzir.

- Corrente de curto-circuito (Isc): é a máxima corrente que se pode obter e é

medida na célula fotovoltaica quando a tensão elétrica em seus terminais é igual a zero.

Figura 8 - Principais parâmetros elétricos em destaque, ISC é a corrente elétrica em curto

circuito; VOC é a tensão de circuito aberto e PMP a potência máxima (VMP, IMP).

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014)

- Fator de forma (FF): é a razão entre a máxima potência da célula e o produto

da corrente de curto circuito com a tensão de circuito aberto (Equação 5).

𝐹𝐹 = 𝑉𝑀𝑃𝐼𝑀𝑃

𝑉𝑜𝑐𝐼𝑠𝑐 (5)

- Eficiência (𝜂): é o parâmetro que define quão efetivo é o processo de conversão

de energia solar em energia elétrica. Representa a relação entre a potência elétrica

produzida pela célula fotovoltaica e a potência da energia solar incidente e pode ser

definida como (Equação 6):

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𝜂 =𝐼𝑠𝑐𝑉𝑜𝑐𝐹𝐹

𝐴𝐺× 100% (6)

Onde,

A (m²) é a área da célula;

G (W/m²) é a irradiância solar incidente.

5.6.2 Os parâmetros que influenciam

Existem dois parâmetros externos que afetam as características elétricas dos

painéis fotovoltaicos: a irradiância solar e a temperatura. A irradiância solar é uma

característica intrínseca a região de instalação dos módulos solares. O aumento da

irradiância incidente e/ou da temperatura ambiente produz um aumento da temperatura

da célula, e consequentemente tende a reduzir a sua eficiência (PINHO e GALDINO, 2014).

Facilmente observado na Figura 9.

Figura 9 – Relação entre a tensão e a corrente em função da temperatura nas placas.

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014).

Um modo de se analisar alguns dos fatores de perdas da instalação é observando

a curva característica I-V do sistema, como mostra na Figura 10. Esta curva mostra os

valores da corrente de saída de um conversor fotovoltaico, em função da sua tensão de

saída, em condições preestabelecidas de temperatura e irradiância total. O Ponto de

Potência Máxima (PMP) ou também denominado como MPP (Maximum Power Point) é

o ponto da curva na qual o produto da corrente pela tensão é máximo (URBANETZ, 2014

apud RANK, 2016).

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Figura 10: Anomalias da curva I-V de um painel fotovoltaico.

(FONTE: PINHO e GALDINO, 2014 apud RANK, 2016).

A corrente gerada pelo módulo fotovoltaico apresenta poucas variações com a

alteração da temperatura da célula fotovoltaica, porém, com o aumento da temperatura da

célula, a tensão de circuito aberto do módulo fotovoltaico apresenta uma diminuição em

seus valores muito mais significativa, em consequência com o aumento da temperatura,

além de ocorrer um deslocamento para baixo do ponto de máxima potência, este também

é deslocado significativamente à esquerda, observado na Figura 11 (SEGUEL, 2009).

Figura 11 - Curva P-V para diferentes temperaturas.

(FONTE: SEGUEL, 2009)

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O aumento da temperatura faz com que a banda de energia do material

semicondutor diminua, resultando em um acréscimo da fotocorrente gerada, de

aproximadamente 0,1%. Entretanto, a tensão de circuito aberto, decresce a uma taxa de

0,3%/°C (SEGUEL, 2009).

6. MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Localização e inclinação

As medições foram realizadas no prédio anexo do sal torrado do IFBA, campus

de Paulo Afonso. Sua localização, observada na Figura 12, possui latitude de -9.38170334

e longitude de -38.22547495 e elevação de 254m, segundo dados do GOOGLE MAPS.

Figura 12 – Localização da realização das medições.

(FONTE: Google maps, 2017)

Os valores da temperatura e irradiância ao longo do ano para qualquer sítio no

Brasil são fornecidos pelo CRESESB – Centro de Referência para as Energias Solar e

Eólica Sérgio de Salvo Brito (CRESESB, 2012) do Centro de Pesquisas de Energia

Elétrica – CEPEL, que disponibiliza o programa Sundata. A partir deste banco de dados

do site CRESESB com a entrada das informações de latitude e longitude, pode-se

determinar a angulação adequada para posicionamento da placa observando a Tabela 1,

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considerando qual a maior média anual de irradiância incidente na cidade de Paulo

Afonso mostrada na Figura 13.

Tabela 1: Valores de irradiação média mensal para a localização de realização das

medições.

(FONTE: CRESESB, 2017)

Figura 13: Gráfico da irradiância incidente na cidade de Paulo Afonso.

(FONTE: CRESESB, 2017)

Ângulo

Inclinação

Irradiação solar diária média mensal

(kW/m².dia)

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul

Plano Horizontal 0°N 5,78 5,67 5,69 5,03 4,36 4,06 4,31

Ângulo igual a

latitude

9°N 5,49 5,51 5,70 5,21 4,64 4,38 4,63

Maior média anual 6°N 5,60 5,57 5,71 5,16 4,56 4,28 4,53

Maior mínimo

mensal

25°N 4,77 5,01 5,46 5,29 4,93 4,76 4,99

Ângulo

Inclinação

Irradiação solar diária média mensal

(kW/m².dia)

Ago Set Out Nov Dez Média Delta

Plano Horizontal 0°N 5,25 5,44 6,36 6,50 6,17 5,39 2,44

Ângulo igual a

latitude

9°N 5,52 5,52 6,23 6,19 5,81 5,40 1,85

Maior média anual 6°N 5,44 5,50 6,29 6,30 5,94 5,41 2,02

Maior mínimo

mensal

25°N 5,75 5,41 5,73 5,39 4,96 5,20 0,99

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6.2 Placa e parâmetro do fabricante

A placa utilizada é do PHOTOWATT PW500 – 12V. O módulo usa tecnologia

policristalina. A eficiência desse tipo de placa não é a melhor dentre as placas fotovoltaica

já fabricadas em contrapartida a durabilidade do módulo é extensa chegando a 30 anos

quando bem conservados. Os valores típicos de funcionamento da placa em questão estão

dispostos na Tabela 2.

Tabela 2 – Tabela de valores típicos da placa utilizada.

Típica potência W 45 50 55

Mínima potência W 40,1 45,1 50,1

Tensão de típica potência V 17 17,2 17,3

Corrente de típica potência A 2,65 2,9 3,2

Corrente de curto circuito A 2,9 3,2 3,45

Tensão de circuito aberto V 21,4 21,6 21,7

Máxima tensão do sistema V

Coeficientes de temperatura

PW50

600 DC

α = +1,46mA/°C; β = -79mV/°C; γ P/P = -0,43% /°C

Especificações de potência para 1000W/m² : 25°C : AM 1,5

12V configuração

(FONTE: PHOTOWATT TECHNOLOGIES, 2017)

Segundo Silva (2016), a corrente de curto circuito da placa fotovoltaica, para

uma dada temperatura, é relacionada pela Equação 7.

𝐼𝑠𝑐(𝑇) = (𝐼𝑠𝑐 + 𝛼. ∆𝑇).𝑆

1000 (7)

Onde:

𝛼: Coeficiente de temperatura da corrente de curto-circuito;

S: Radiação incidente em W/m²;

Isc: Corrente de curto-circuito da célula na Standard Test Conditions (STC),

irradiação igual a 1000 W/m², temperatura do módulo em 25°C e massa absoluta

de ar equivalente a 1,5;

∆𝑇: Temperatura de operação

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MEDIDAS DAS VARIÁVEIS ELÉTRICAS

A aferição das grandezas elétricas foi realizada com o uso de dois multímetros,

um de marca Hikari – modelo HM-1100 para aferir os valores de tensão de circuito aberto

(Voc) e outro de marca MXT – modelo DT83B para aferir os valores de corrente de curto-

circuito (Isc), tais variáveis elétricas sem carga, aferido nos terminais de saída da placa

fotovoltaica. Estes mesmos equipamentos foram utilizados para constatar os valores de

tensão e corrente na carga.

Com o termômetro digital infravermelho com mira à laser Minipa – modelo MT-

350, aferiu-se a temperatura da água utilizada para arrefecer a placa (antes e depois de

iniciar o ciclo de arrefecimento), a temperatura da placa (sendo este realizado em 3 pontos

e resultando na média) e a temperatura do chão (para comparação). Estes valores indicará

a quantidade de calor absorvida pela água, assim possibilitando quantificar

aproximadamente a troca de calor da superfície da placa com a água.

As medições de temperatura foram realizadas em intervalos de tempo uniformes,

permitindo que o tempo de contato entre a água e a superfície seja o mesmo. Para avaliar

a eficiência utilizaremos a Equação 6, considerando o valor obtido da irradiância solar

sobre a célula segundo a Tabela 1 do CRESESB tendo com média mensal de 5,41

kW/m².dia e para calcularmos o Fator de Forma (FF), iremos realizar a medição da

máxima potência de saída utilizando uma resistência de 25Ω como carga.

Utilizou-se uma bomba de aquário do tipo Submersible Pump, modelo SP-500

de marca JAD com potência de 6W que consegue elevar a água até no máximo 60cm de

altura para transportar a água do reservatório retangular plástico de dimensões

9x33x54cm. E uma mangueia de 150cm acoplada a um cano de policloreto de vinila

(PVC) de 60cm com furos de 2mm espaçados simetricamente para despejar a água sobre

a superfície da placa (Figura 14), este líquido será distribuído uniformemente sobre a

superfície da mesma formando uma película d’água. A quantidade de fluído foi

considerado em função do nível solicitado pela bomba que precisa estar completamente

submersa.

Foram realizadas medições de temperatura durante a operação da placa

fotovoltaica com a finalidade de comparar os dados quando a placa estiver gerando

energia sem controle de temperatura e com o controle. O valor da temperatura medida

será interligada a valores das variáveis elétricas no mesmo momento de medição para

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constatar a variação da potência de saída em função da temperatura da placa. O protótipo

foi construído a partir de materiais de fontes recicláveis e reutilizados.

Figura 14 - Sistema de resfriamento por película d'água protótipo montado no

SketchUp Pro 2017.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

As temperaturas de operação da placa serão aferidas com o auxílio de um

termômetro digital infravermelho com mira à laser marca Minipa, modelo Mt 320. E com

estes dados, poderemos estimar a quantidade de calor que foi retirado da placa. Por fim,

faremos as análises dos dados colhidos. Realizando o comparativo entre valores medidos

em condições similares de operação. Com isto, pretende-se incorporar a pesquisa

realizada por Silva (2016), um sistema de controle de temperatura a partir do

arrefecimento da placa por película d’água, assim melhorando a eficiência da geração de

energia elétrica para regiões com temperaturas elevadas.

7 RESULTADOS

7.1 Arranjo Experimental

A partir dos dados mostrados na Tabela 1 e na Figura 13 apresentados na Seção

6.1, optou-se pela inclinação de 6° a Norte posição que encontra maior média anual de

irradiação como no protótipo mostrado na Figura 15.

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38

Figura 15: Inclinação da placa utilizado para realizar as medições.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

Para realização das medições foi montado um arranjo experimental que arrefece

a placa com água elevada de um reservatório inferior. Este reservatório também é

responsável por captar a água que foi despejada sobre a placa e fechar um sistema de

reciclo.

Figura 16: O arranjo experimental montado em funcionamento.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

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Observa-se na Figura 16 que basicamente a bomba tem como função impulsionar

a água para a borda superior da placa, despejando uniformemente sobre a mesma, e a

inclinação de 6° da placa observado na Figura 17, é suficiente para direcionar a água para

o mesmo reservatório.

Figura 17: Inclinação da placa para as medições.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

7.2 Análises dos resultados

O arrefecimento da placa foi realizado pela película d’água despejada sobre a

mesma por circulação forçada com auxílio de uma bomba. O fluxo de calor por convecção

para as variações das temperaturas apresentada na Tabela 4, tem como resultado os

valores da Tabela 3.

Tabela 3: Resultados do cálculo para fluxo de calor por convecção.

𝒒𝒏 (W/m²) (𝑻𝒔 − 𝑻∞) Tplaca (°C)

450 4,5 10

100 1 20

700 7 30

100 1 40

-1500 -15 50

(FONTE: Autoria própria, 2017)

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40

O coeficiente de transferência de calor por convecção (h) utilizado será de 100,

tendo em vista que este valor pode variar de 100 para 2000 para líquidos segundo dados

da Escola Politécnica da universidade de São Paulo. Pode-se observar que quanto maior

a diferença de temperatura maior o fluxo de calor por convecção (𝒒𝒏), pois as

temperaturas dos corpos tendem ao equilíbrio, isto implica que quando a temperatura da

água for menor que a da placa, a transferência de calor é grande para a água ou quando a

temperatura da água for maior, exemplo da temperatura da placa de 50°C, então a placa

que ganha calor. Foi necessário submeter a placa a valor de temperatura da água elevados

para obter valores de temperatura superficial da placa diferentes.

Utilizando o valor 𝛼 igual a +0,00146A/°C e o valor de Isc de 3,45 ambos

mostrados na Tabela 2, a radiação incidente média anual 5410 W/m².dia mostrado na

Tabela 1, dividido por 12h para obtermos a radiação média de 450,83 W/m² e utilizando

diferentes temperaturas 40°, 30°C e 20°C , os resultados Tabela 4.

Tabela 4: Valores de corrente de circuito aberto calculado com a irradiância média

obtido no banco de dados da CRESESB e parâmetros típicos da placa.

T (°C) Isc (A)

40 1,5817

30 1,5751

20 1,5685

(FONTE: Autoria própria, 2017)

Pode-se observar que como exposto pela literatura a variação de corrente é

mínima mesmo que a variação da temperatura superficial da placa seja grande de 10°C a

20°C. Isto foi constatado nas medições, pode-se comparar os valores de corrente medidos

Tabela 5 com os valores calculados, obtemos uma boa aproximação. Entretanto, os

valores de correntes sofrem grande interferência da irradiância ou da passagem de nuvens

no céu, mesmo com estas interferências os valores ficaram dentro de um limite

considerável com uma variação menor que 1%/°C.

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Tabela 5: Resultados obtidos nas medições realizadas.

*T = 40°C é a temperatura de referência.

(FONTE: autoria própria, 2017)

A Figura 18 exibe uma reta de Voc em função da temperatura média da placa.

Observa-se a equação do modelo empírico da reta de tensão desta placa utilizada no

arranjo experimental. Os valores das temperaturas de 40° e 50° são os que apresentam

maior diferença com a reta, caracterizado por gerar maiores perturbações causado pelo

aumento da temperatura.

Figura 18: Variação da tensão (Voc) com a temperatura por regressão linear.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

A Figura 19 nos mostra o gráfico de resíduos, estes dados são responsáveis para

expressar se os valores obtidos no arranjo experimental se encaixam com o modelo obtido

Gráfico de Tensão em Função da Temperatura

VOC (V) = 21,468-0,0584*x; 0,95 Conf.Int.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Tplaca (°C)

18,4

18,6

18,8

19,0

19,2

19,4

19,6

19,8

20,0

20,2

20,4

20,6

20,8

21,0

VO

C (

V)

Tplaca (°C):VOC (V): r2 = 0,9845; r = -0,9922; p = 0,0008; y = 21,468 - 0,0584*x

Voc

(V) Isc

(A) Tplaca

(°C) Tchão

(°C) Tágua

(°C) Vcarga

(V) Icarga

(A) Pcarga

(W)

20,9 1,64 10 52,5 5,5 18,90 0,78 14,742

20,3 1,71 20 56 19 18,43 0,75 13,823

19,78 1,77 30 55 23 18,18 0,77 13,999

18,94 1,79 40* 50 39 17,14 0,71 12,169

18,66 2,01 50 56,6 65 16,14 0,71 11,459

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empiricamente. Pode-se notar que quanto maior a temperatura maiores as diferenças dos

resíduos. Nota-se também que estes valores oscilam positivamente e negativamente,

garantido maior confiabilidade ao sistema, pois estatisticamente quando os resíduos estão

distribuídos de forma aleatória em torno da origem indica a condição na qual o modelo

melhor se ajuda aos dados experimentais obtidos. Observa-se que o valor de 20°C é o de

melhor resultado.

Figura 19: Gráfico de resíduos para o gráfico de tensão em função da

temperatura.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

O gráfico mostrado na Figura 20 indica o aumento da corrente com o aumento

da temperatura de acordo com a literatura. Note-se o valor de corrente para a temperatura

de 40°C bem fora da reta. Isto tem como resultado a influência da irradiância, quando

esta diminui sua incidência por algum processo impeditivo, a corrente diminui

drasticamente. Nos testes os esforços foram máximos para que estas influências não

atingissem os resultados. O gráfico da Figura 21 possui uma distribuição normal no qual

os resíduos estão ordenados de forma crescente.

Gráfico dos Resíduos

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Tplaca (°C)

-0,2

-0,1

0,0

0,1

0,2

Resíd

uo (

V)

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Figura 20: Variação da corrente (Isc) com a temperatura por regressão linear.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

Figura 21: Gráfico de resíduos para o gráfico de corrente em função da temperatura.

(FONTE: Autoria própria)

Gráfico da Corrente em Função da Temperatura

ISC (A) = 1,538+0,0082*x; 0,95 Conf.Int.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Tplaca (°C)

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

1,90

1,95

2,00

2,05

I SC (

A)

Tplaca (°C):ISC (A): r2 = 0,8674; r = 0,9313; p = 0,0214; y = 1,538 + 0,0082*x

Gráfico dos Resíduos

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55

Tplaca (°C)

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Resíd

uo (

A)

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Uma vez que o processo apresenta condições de regime estacionário e não existe

transferência de calor pela superfície inferior da placa, a placa deve ser isotérmica (Ts =

T). O balanço energético do processo é resumido a energia de entrada menos energia de

saída, considerando que não há energia acumulada.

𝐸𝑒𝑛𝑡 − 𝐸𝑠𝑎𝑖

= 0

Com a entrada de energia devido à absorção da irradiação do sol pela superfície

da placa e a saída de energia devido à convecção forçada pelo líquido, segue-se:

(𝛼𝐺)𝑠𝑜𝑙 − 𝑞𝑛𝑐𝑜𝑛𝑣

− 𝑞𝑛𝑟𝑎𝑑

= 0

Substituindo (𝑞𝑛𝑐𝑜𝑛𝑣

) pela Equação 1 e (𝑞𝑛𝑟𝑎𝑑

) por 𝑞𝑛𝑟𝑎𝑑

= 𝜀𝜎(𝑇4 − 𝑇𝑣𝑖𝑧4 ), temos a

Equação como resultado:

(𝛼𝐺)𝑠𝑜𝑙 − ℎ(𝑇𝑠 − 𝑇∞) − 𝜀𝜎(𝑇𝑠4 − 𝑇𝑣𝑖𝑧

4 ) = 0 (8)

Substituindo-os pelos valores numéricos de α = 0,8; ε = 0,5; σ = 5,67 x 10^-8

W/(m².K^4); Ts a temperatura da superfície Tabela 5; Tviz a temperatura da vizinhança de

40°; T∞ a temperatura do fluido Tabela 5.

Tabela 6: Resultado do cálculo do balanço energético para irradiação do sol (G).

G(w/m²) (𝑻𝒔 − 𝑻∞)(°C) Tplaca (°C) 𝒒𝒏𝒓𝒂𝒅

-1874,87 -15,0000 50,0000 -0,1046

125,09 1,0000 40,0000 0,0000

874,94 7,0000 30,0000 +0,0496

125,09 1,0000 20,0000 +0,0680

562,59 4,5000 10,0000 0,0723

(FONTE: Autoria própria, 2017)

A variação de temperatura superficial da placa versus a temperatura da água é

determinante para calcular o valor da irradiância mostrado na Tabela 6, considerando o

balanço energético. Nota-se, por exemplo, a irradiância de -1874,87W/m², isto se explica

pois foi jogada sobre a placa uma temperatura muito superior, este distúrbio influência

no resultado. Também pode-se perceber que a radiação do solo (𝑞𝑛𝑟𝑎𝑑

) possui uma

contribuição bem pequena, podendo ser considerada irrelevante ou de pouco impacto nos

resultados.

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Figura 22: Ganho de potência do sistema por temperatura.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

O aumento da potência com a mudança da temperatura se mostra muito mais na

tensão na carga que aumenta proporcionando um ganho de potência de 28,65%, Figura

22. A corrente neste caso também há aumento, isto não condiz com a literatura. Dar-se

ao fato da carga utilizada ser um resistor de 25Ω, não sendo o valor da resistência de

Thèvenin para que ocorra a máxima transferência de potência do dispositivo. Mas a

análise do ganho de potência é notável mesmo nestas condições.

Com os valores adquiridos nos testes, pode-se observar que a tensão de circuito

aberto (Voc) da placa aumenta quando a temperatura é controlada, com o valor de 18,66V

com a temperatura de 50°C para 20,9V a uma temperatura de 10°C, sendo um acréscimo

de tensão de 5,6%/°C. A análise da eficiência da placa é realizada pelo Fator de Forma

(FF). O FF é a grandeza que expressa o quanto a curva característica do painel se

aproxima de um retângulo no diagrama I-V. Iremos realizar o cálculo do FF para os

valores referentes a temperatura de 50°C (pior caso) e para 10°C (melhor caso), utilizando

a Equação 5 temos:

𝐹𝐹 = 18,90 × 0,78

20,9 × 1,64=

14,742

34,276= 0,43

𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 10°𝐶

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

T = 10°C T = 20°C T = 30°C T = 40°C T = 50°C

18,9 18,43 18,1817,14

16,14

0,78 0,75 0,77 0,71 0,71

14,74213,823 13,999

12,16911,459

POTÊNCIA

Vcarga Icarga Potência

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46

Figura 23: Curva de potência I x V para Tplaca de 10°C.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

𝐹𝐹 = 16,14 × 0,71

18,66 × 2,01=

11,459

37,506= 0,31

𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 50°𝐶

Figura 24: Curva de potência I x V para Tplaca de 50°C.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

0; 1,64

18,9; 0,78

20,9; 00

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0 5 10 15 20 25

T=10°C

T=10°C

0; 2,01

16,14; 0,71

18,66; 00

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20

T=50°C

T=50°C

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47

O fator de forma considerado bom é aquele que se aproxima de 1, isto significa

que a curva se aproxima do retângulo formado pelas componentes de Voc e Isc. As

Figuras 20 e 21 mostram a curva de potência para temperaturas distintas. Pode-se notar

que a curva relativa a temperatura de 10°C se aproxima melhor que o de 50°C. Entretanto,

estes valores costumam se aproximar ainda mais com valores entre 0,6, deve-se ao fato

da carga não ser a de máxima potência, mesmo nesta condição o aumento do FF é

expressivo.

A Figura 25 expressa a curva de potência para pontos de máxima potência em

função das temperaturas. E resulta em um aumento de potência quando controlado a

temperatura como esperado.

Figura 25: Resultado do ponto de máxima potência (PMP) em função das temperaturas.

(FONTE: Autoria própria, 2017)

Iremos considerar a potência máxima para o cálculo da eficiência da placa,

Equação 9. A média da irradiação de 450,83 W/m², a área de 0,46m² e 𝑃𝑚á𝑥 = 14,742 W

como observado na Tabela 5. Obtemos que a placa possui uma eficiência de 7,11%, um

pouco abaixo dos valores sugeridos pela literatura.

𝜂 =𝑃𝑀𝑃

𝐴 × 𝐺× 100% (9)

Mas se calcularmos o valor da eficiência para uma irradiância de 1000W/m²,

máximo possível naturalmente e sabendo que a placa em questão consegue gerar até 55W

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 5 10 15 20 25

Corrente x Tensão

T=10°C

T=20°C

T=30°C

T=40°C

T=50°C

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48

de potência segundo dados do fabricante, Tabela 2, encontra-se a eficiência de 11,96%.

Valor mais aceitável dentro dos limites da literatura. E isto também mostra porque a

eficiência calculada anteriormente foi pequena, pois a eficiência da própria placa é baixa.

Este valor de eficiência se dá pelo fato de quanto mais próximo do limite máximo

de geração maior as perdas por condução e temperatura, pelo fato que no circuito da placa

terá mais corrente circulando, aumentando a resistência com resíduos químicos não

retirados no processo de produção.

Caracterizados pelas perdas elétricas causada pelos resistores denominados Rs e

Rp, onde a resistência em série (Rs) descreve as perdas ôhmicas do material semicondutor

e nas conexões em geral e a resistência em paralelo (Rp) descreve as perdas que surgem

principalmente através das perturbações elétricas causadas pelas impurezas e defeitos da

estrutura cristalina.

8 CONCLUSÃO

O estudo do controle de temperatura para microgerações proveniente do efeito

fotovoltaica é bastante atrativo devido ao cenário atual nacional que vem incentivando a

diversificação da matriz energética. Os resultados obtidos mostram que a perda de

potência causada pelo efeito da temperatura nas placas não pode ser ignorada, uma vez

que o controle da temperatura mostrou resultado do ganho de potência de 28,65%.

Apesar das limitações encontradas para obtenção de uma carga que efetivasse a

máxima transferência de potência da placa, tornando necessário realizar as análises de

forma simplificada, o resultado encontrado do ganho de potência ainda é expressivo para

se concluir a importância do controle da temperatura em sistemas que geram energia

elétrica a partir da luminosidade do sol.

Além disso, a análise estatística sobre os valores de tensão de circuito aberto,

variável que mais sofre com a influência térmica, confirma através dos resíduos que os

dados obtidos se encontram na condição em que o modelo se caracteriza como ajustado.

Confirmando que o controle térmico interfere de fato nas variáveis elétricas de tensão e

consequentemente de potência.

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