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Faculdade de Ciência e Tecnologia Curso de Engenharia Civil - 1.º Ano (texto provisório) Materiais de Construção I DESMONTES E DEMOLIÇÕES

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Faculdade de Ciência e Tecnologia Curso de Engenharia Civil - 1.º Ano

(texto provisório)

Materiais de Construção I

DESMONTES E DEMOLIÇÕES

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ÍNDICE CAPITULO I – DESMONTE .................................................................................................... 7 1.  Metodologia de estudo de Maciços Rochosos ...................................................................... 8 2.  Desmonte .......................................................................................................................... 12 

2.1. Desmonte a céu aberto ................................................................................................... 12 2.1.2. Métodos de desmonte a céu aberto .............................................................................. 14 2.1.3. Processos produtivos ................................................................................................... 17 2.2. Desmonte subterrâneo .................................................................................................... 22 2.2.1. Critérios de escavabilidade ............................................................................................ 22 2.2.1.1. Método de Franklin et al ............................................................................................ 24 2.2.1.2. Método de Kirsten .................................................................................................... 25 2.2.2. Métodos de desmonte/escavação ................................................................................. 26 2.3. Desmonte por explosivos ............................................................................................... 30 2.3.1.Condições gerais ........................................................................................................... 30 2.3.1.1.Explosivos, definições ................................................................................................ 32 2.3.1.2. Termos legais ............................................................................................................ 38 2.3.2. Utilização de explosivos no desmonte .......................................................................... 45 2.3.2.1. Danos causados ao maciço ........................................................................................ 47 2.3.3 - Segurança e Manuseamento de Explosivos ................................................................. 50 2.4. Desmonte mecânico ....................................................................................................... 52 

CAPITULO II – DEMOLIÇÃO .............................................................................................. 56 1.Motivos das demolições .......................................................................................................... 57 2. A Escolha do Processo de demolição .................................................................................... 59 3. Acções Preparatórias ............................................................................................................. 61 

3.1. Avaliação Estrutural ........................................................................................................ 61 3.2. Inspecção do Meio Envolvente ....................................................................................... 62 3.3. Meios e serviços a desactivar ........................................................................................... 63 3.4. Condições de Segurança .................................................................................................. 64 3.4.1. Antes da demolição ...................................................................................................... 65 3.4.2. Durante a demolição .................................................................................................... 66 3.4.3. Após a demolição ......................................................................................................... 66 

4. Prescrição Legais ................................................................................................................... 66 5. Tipos de Demolição .............................................................................................................. 67 

5.1. Demolição manual .......................................................................................................... 67 5.2. Demolição mecânica ....................................................................................................... 68 5.2.1. Demolição por Tracção ................................................................................................ 68 5.2.2. Demolição por Compressão ......................................................................................... 70 5.2.3. Demolição mecânica por queda de massa metálica suspensa ........................................ 70 5.3. Demolição com Máquinas Hidráulicas ............................................................................ 72 5.4. Demolição de Estruturas com Explosivos ....................................................................... 73 5.4.1. Mecanismo tipo telescópio ........................................................................................... 75 5.4.2. Mecanismo tipo derrube ............................................................................................... 76 5.4.3. Mecanismo tipo implosão............................................................................................. 77 5.4.3. Mecanismo tipo colapso progressivo ............................................................................ 78 

6. Resíduos da Construção e Demolição – (RC &D) .................................................................. 79 6.1. Obtenção dos Resíduos RC&D ...................................................................................... 81 6.2. Processos de Recolha, Triagem e Britagem ..................................................................... 82 6.2.1. A demolição / recolha .................................................................................................. 82 

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6.2.2. A triagem ..................................................................................................................... 83 6.2.3. A britagem ................................................................................................................... 83 6.3. Valorização dos Agregados ............................................................................................. 84 

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 86 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 88 Anexos ……………………………………………………………………………………….92

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INTRODUÇÃO Optamos por subdividir o trabalho em dois capítulos. Assim sendo no capitulo I

vamos tratar o tema de Desmonte e no capitulo II o tema de Demolições.

Desmonte

Um dos aspectos mais importantes ligados aos estudos de terrenos para fins de

engenharia civil é o da respectiva classificação, nomeadamente no que se refere à

definição dos parâmetros que melhor caracterizam uma formação do ponto de vista

de Geologia de Engenharia.

Uma primeira classificação dos materiais geológicos do ponto de vista da Geologia

de Engenharia bem como da engenharia civil é em solos e em rochas. Às

formações constituídas por solos é atribuída a designação genérica de maciços

terrosos, enquanto as que são essencialmente constituídas por material rocha se

designam por maciços rochosos (Figura 1).

Fig.1 – Exemplo de um maciço rochoso.

Quanto às rochas (sobretudo aos maciços rochosos, já que é o comportamento

destes e não do material rocha que interessa na generalidade dos problemas do

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âmbito da Geologia de Engenharia) não há ainda nenhuma classificação universal,

embora existam propostas de vários autores com muitos pontos semelhantes.

Uma adequada caracterização geotécnica dos maciços rochosos, habilita os

responsáveis a definir os processos de construção mais económicos e mais seguros,

e, também, tipologias de suporte provisório e definitivo, evitando-se, assim, gastos

desnecessários.

Demolições

Ao longo dos séculos e no que respeita à indústria da construção, os tipos de

materiais empregues, bem como os processos construtivos utilizados, foram-se

modificando gradualmente, em face do objectivo que se pretendia alcançar, das

contingências económicas do momento e também das disponibilidades

tecnológicas existentes no mercado.

Em meados deste século não existiam ainda processos de demolição específicos,

visto que as necessidades e exigências de então eram consideradas nulas ou de

somenos importância, recorrendo-se para o efeito e muito raramente, aos métodos

simples existentes.

A necessidade de se encontrarem novos métodos de demolição mais rápidos e

eficientes, começou a delinear-se entretanto, como complemento indispensável à

industria da construção. Esses métodos, tiveram na sua origem três necessidades

que podemos considerar básicas:

• a substituição parcial de peças componentes das estruturas dos edifícios, tais

como lajes, vigas e pilares, para um novo arranjo dos volumes;

• o desmantelamento puro e simples de um conjunto determinado de peças

estruturais, para a criação de espaços livres, de maiores dimensões, ou diferente

disposição;

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• a necessidade da demolição completa dos edifícios, com a finalidade de criar um

maior desafogo no tecido urbano, ou ainda para permitir a realização de novas

obras com características mais actualizadas, ou com outra função especifica de

carácter mais permanente.

A arte de demolir, conforme se vai avançando no tempo, vai adquirindo um peso

cada vez maior, por força de várias circunstâncias, dando origem a um tipo

especifico de serviços altamente especializados, que hoje em dia e como foi já

referido, dá pelo nome de Indústria da Demolição.

À medida que as cidades se desenvolvem e amadurecem física e culturalmente, as

construções antigas devem dar lugar a outras mais modernas.

Da mesma forma, edifícios de grande valor histórico e patrimonial devem ser

mantidos e reparados para evitar a sua irremediável perda.

Em razão dessa demanda colectiva e da novidade tecnológica que às vezes

representam essas obras, assim como as condições especiais de tempo e de espaço

devem realizar-se em tais actividades obras demolitórias; como exemplos

representativos encontram-se as demolições de infra-estruturas de grande altura

e/ou volume, assim como a sua translação, ou os trabalhos subterrâneos em solos

de grande resistência.

A remodelação de edifícios ou plantas industriais aparece em todos os lugares e

âmbitos do país como forma de proteger o património histórico, assim como de

reutilizar de forma lógica instalações úteis para novos fins.

Grande parte do parque habitacional Português, fruto da sua idade avançada,

encontra-se bastante degradado. Desde o número de estruturas em betão cujo

período de vida útil está a chegar ao fim é crescente. Tal facto constitui um

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prenúncio de crescimento acentuado da indústria da demolição, a qual deverá

necessariamente ser conhecedora de todos os mecanismos necessários para fazer

frente aos desafios que o futuro lhe reserva [1].

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CAPITULO I – DESMONTE

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1. Metodologia de estudo de Maciços Rochosos

Qualquer que seja o tipo ou dimensão da obra interessada no estudo de um maciço

rochoso, a preocupação geral que sempre deve existir é a de se escolher para cada

fase do estudo os métodos que, e cada situação, poderão dar mais informação, com

menor custo e em menos tempo.

No caso de grandes obras de engenharia, é frequente que as fases de estudo

geotécnico correspondam às fases de desenvolvimento do empreendimento, ou

seja, de estudo de viabilidade (ou estudo prévio), de anteprojecto, de projecto, de

construção e em muitos casos de operação ou de serviço.

Estudo de viabilidade – é dominada pelas actividades de reconhecimento que em

certos locais de alguns países são bastante facilitadas pela numerosa informação de

natureza geológica e até geotécnica existente, relevante para o projecto.

O estudo de fotografias aéreas (Figura 2) e de imagens de satélite é da maior

importância para a caracterização tectónica da área interessada pelo

empreendimento e também para a definição de áreas geomorfologicamente

instáveis, quer uma, quer outra, podendo condicionar grandemente a localização de

obras ou, até, inviabilizar a sua realização.

O reconhecimento geológico de superfície completa as actividades que, no seu

conjunto, constituem o reconhecimento. Em áreas de bons afloramentos e bons

acessos, essa tarefa é de fácil realização e de baixíssimo custo. Quando tal não

acontece, recorre-se à abertura de trincheiras por vezes profundas ou mesmo à

remoção de depósitos e solos residuais em grandes áreas, a fim de permitir a

observação directa do maciço rochoso e o registo das características geológicas

relevantes para o projecto.

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No caso de maciços rochosos é ainda mais frequente nesta fase recorrer-se a

trabalhos expeditos de prospecção geofísica de superfície para ajudar à

interpretação global da informação disponível.

Fig. 2 – Fotografia aérea.

As despesas com as actividades de reconhecimento são apenas uma pequena parte

do custo total de qualquer estudo geotécnico, raramente atingindo 10% do seu

valor.

Contudo, em muitos casos, a quantidade de informação recolhida nesta fase excede

significativamente 50% do conhecimento total que se virá a obter do maciço

rochoso, após terminarem todas as actividades de estudo geotécnico anteriores à

construção.

Anteprojecto – Dominada pelas actividades de Prospecção Geotécnica incluindo a

realização de ensaios in situ de carácter mais expedito e apoiadas pela realização de

alguns ensaios de caracterização em laboratório, nomeadamente sobre tarolos de

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sondagem. Por vezes esses trabalhos são realizados simultaneamente em locais ou

traçados alternativos até a informação geotécnica ser suficiente por se optar por um

deles.

Nesta fase. Deve visar-se o zonamento geotécnico do maciço rochoso, isto é, a

delimitação de volumes desse maciço cujos parâmetros relevantes (deformabilidade,

resistência, permeabilidade, ou até estado de tensão) exibem variação dentro de

limites bem definidos e aceitáveis.

Na fase de anteprojecto, raramente se recorre à realização de ensaios com carácter

mais pontual, de elevado custo e prazo mais dilatado.

• Túneis em maciços litologicamente homogéneos: para o estudo do maciço,

dispõe-se de um comprimento total de sondagens de rotação distribuídas ao

longo do alinhamento do túnel, da ordem de grandeza do comprimento do

próprio túnel, podendo este somatório reduzir-se a cerca de metade do

comprimento do túnel no caso de obras muito extensas.

Fig.4 – Abertura de túnel, maciço litologicamente homogéneo.

• Túneis em maciços muito heterogéneos e tectonizados: mesmo sendo o

túnel muito extenso, existem exemplos em que o comprimento total das

sondagens realizadas excedeu largamente a extensão do túnel.

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• Maciços rochosos de fundação e barragens de betão: a quantidade dos

trabalhos de prospecção geotécnica é, como se sabe, função da

complexidade geológica do local e das dimensões da própria obra. Mesmo

nos casos de aparente simplicidade geotécnica e de dimensão média,

facilmente se dispõe de centenas e até milhares de metros de sondagens, de

muitas dezenas a centenas e até milhares de medições de parâmetros

geofísicos (resistividades aparentes ou velocidade de propagação de ondas).

As sondagens de rotação, no caso de barragens abóbada, pode dizer-se que o seu

comprimento total será frequentemente da ordem de 10 vezes o da altura da

barragem, podendo atingir valores muito superiores no caso de maciços de

fundação geologicamente complicados.

A planificação da campanha de trabalhos de prospecção é feita no pressuposto de

que é viável uma solução em betão por ser, caso as condições geotécnicas da

fundação o permitam, a solução mais adequada. Acontece que, após a realização

dos primeiros trabalhos de prospecção e dos primeiros ensaios in situ e em

laboratório, por vezes se conclui que não é possível considerar qualquer solução

rígida e há que optar por soluções de aterro, para o projecto das quais a informação

já existente e em certos aspectos muito superior à necessidade para a sua realização.

Projecto – Pode-se melhorar o zonamento geotécnico anteriormente realizado à

custa de novos resultados obtidos através da realização de mais trabalhos de

prospecção idênticos aos executados na fase anterior (sondagens, galerias,

prospecção geofísica, ensaios no interior de sondagens, etc.).

O que domina nesta fase, em certos tipos de obra, com destaque para barragens,

grandes centrais hidroeléctricas, térmicas ou nucleares e grandes cavidades

subterrâneas, é a realização de ensaios mais sofisticados, quer no campo, quer em

laboratório que, em virtude do seu custo e duração são necessariamente executados

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em pequenas quantidades, nas zonas mais importantes para a estabilidade das

obras.

Fig.5 – Barragem em construção.

2. Desmonte

Na indústria da construção civil previamente à construção existe por vezes a

necessidade de “destruir”, nomeadamente edificações ou obstáculos naturais

(rochas) que existem em locais onde se pretende efectuar a construção.

2.1. Desmonte a céu aberto

A exploração a céu aberto pode ser feita por:

• Degraus direitos;

• Arranque de pequenas ou grandes massas;

Nas explorações a céu aberto a dimensão dos degraus deve garantir a execução das

manobras com segurança, obedecendo às seguintes condições:

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• A altura dos degraus não deve ultrapassar 15 m, mas na configuração final,

antes de se iniciarem os trabalhos de recuperação paisagística, esta não deve

ultrapassar os 10 m;

• Na base de cada degrau deve existir um patamar, com, pelo menos, 2 m de

largura, para permitir, com segurança, a execução dos trabalhos e a

circulação dos trabalhadores, não podendo na configuração final esta largura

ser inferior a 3 m, tendo em vista os trabalhos de recuperação;

• Os trabalhos de arranque num degrau só devem ser retomados depois de

retirados os escombros provenientes do arranque anterior, de forma a deixar

limpos os pisos que os servem;

• Relação entre o porte da máquina de carregamento e a altura da frente não

inferior a 1.

Sendo a exploração a céu aberto feita, na sua grande maioria, por degraus, é

necessário a existência, de acordo com a lei em vigor, de um plano de trabalhos

contendo os seguintes elementos:

• altura das frentes de desmonte (degraus);

• largura das bases dos degraus;

• diagramas de fogo, caso existam;

• situação das máquinas de desmonte em relação à frente e as condições da

sua deslocação;

• condições de circulação das máquinas de carregamento, perfuração e

transporte;

• condições de circulação dos trabalhadores;

• configuração da escavação durante os trabalhos e no final dos mesmos,

devendo-se ter em conta a estabilidade das frentes e taludes;

• e local de deposição de eventuais escombros e terras de cobertura, área e

forma a ocupar por estes.

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2.1.2. Métodos de desmonte a céu aberto

Os métodos de desmonte a céu aberto podem ser:

• Flanco de encosta;

• Corta (abaixo da superfície).

O método de desmonte está essencialmente dependente das características da

exploração, pelo que o método usado para explorações de rocha ornamental será

completamente diferente do usado em explorações de rochas industriais.

Fig.6 – Desmonte a céu aberto, pedreira.

Assim, dado o facto de as operações inerentes ao método de desmonte dos dois

tipos de exploração serem diferentes, optou-se por tratá-los separadamente.

Nas explorações de rocha ornamental programa-se o desmonte de blocos

primários, blocos esses que são definidos consoante as características do maciço, as

produções requeridas, mão-de-obra e equipamentos disponíveis.

Entende-se por tempo de desmonte de um bloco primário o tempo necessário à

exploração até à retirada completa do estéril e do minério gerado pelo mesmo. A

exploração de um bloco primário faz-se em 6 operações fundamentais, as quais se

dividem por sua vez em operações secundárias.

As operações fundamentais após a limpeza da rocha útil são:

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• Furação;

• Corte;

• Derrube;

• Esquartejamento;

• Extracção;

• Acabamento.

A definição de cada uma das operações deve constar no plano de lavra e tem por

objectivo o aproveitamento máximo de blocos de dimensão comercial.

O desmonte inicia-se com a operação de furação (Figura 3), sendo os furos

realizados com o objectivo de definir materialmente a área do bloco primário e a

largura das fatias, isto é a dimensão do bloco a desmontar.

Após a execução dos referidos furos é introduzido o fio helicoidal diamantado,

roçadora ou jacto hidráulico com vista à realização do corte de levante (corte de

fundo). Em seguida, para individualização do bloco primário, são realizados os

cortes laterais.

Uma vez terminada a individualização do bloco primário, procede-se ao corte do

bloco em fatias que definem o bloco maior transportável, com a operação de

esquartejamento.

Após as fatias se encontrarem plenamente individualizadas, são derrubadas sendo

os blocos transportados por grua ou através de outro equipamento de transporte se

a corta estiver ligada ao exterior por rampa. Se o material exceder em peso a

capacidade da grua, as dimensões forem superiores ao arco máximo da

monolâmina, ou apresentar irregularidades excessivas, serão esquartejados na

pedreira.

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Fig.7 – Desmonte a céu aberto, pedreira.

O derrube de uma fatia é realizado com o auxílio de uma almofada ou macaco

hidráulico, que originam o desequilíbrio da fatia até esta cair numa "cama"

previamente realizada. A cama tem uma dupla função: amortecer o impacto da

queda da fatia derrubada, minimizando a quantidade de fracturas induzidas pelo

choque, e ajudar posteriormente a operação de esquartejamento, permitindo a

passagem do fio diamantado, sem que seja necessário proceder a nova furação. A

cama é normalmente construída com terra, fragmentos de rochas e pneus velhos.

Fig.8 - Pormenor da operação de derrube de uma fatia.

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O esquartejamento é sem dúvida a operação crítica no que diz respeito ao correcto

planeamento das operações. Este é bastante influenciado pelas características de

fracturação do bloco, operações anteriores e posteriores, e pelo mercado.

O desmonte termina com a limpeza da frente retirando-se o estéril para a

escombreira com o recurso à pá carregadora, e elevando o minério para o parque

de blocos por grua ou dumper.

Pelo facto de os blocos apresentarem dimensões e formas muito variadas, torna-se

necessário efectuar uma operação de acabamento. Esta operação, realizada pela

mono-lâmina, tem por objectivo a correcção total dos blocos transportados, com

vista a posterior comercialização ou a serragem.

Quer a corta quer a frente em flanco de encosta terão uma inclinação que está

limitada pelas características geomecânicas do maciço, sendo esta inclinação função

da relação altura/patamar (ver Figura 6).

- Inclinação do talude

2.1.3. Processos produtivos

Uma jazida mineral lavrada a céu aberto, na área de lavra ocorre o desmonte de

rochas, através de perfurações executadas por perfuratrizes pneumáticas,

carregamento de explosivos e detonações das mesmas.

Todas as operações da mina são totalmente mecanizadas, o transporte da rocha, da

área de lavra até ao alimentador vibratório do britador, assim como todo o

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transporte externo da produção, é realizado por intermédio de caminhões

basculantes “fora de estrada”.

Fig.9 -Jazida

Fig.10 - Perfuratriz Pneumática

Fig. 11- Alimentador Vibratório

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Após este processo, a rocha desmontada com tamanhos acima do padrão para a

britagem primária são reduzidos utilizando o sistema “Drop Ball”, substituindo

assim o uso de explosivos gerando um significativo ganho ambiental.

Fig.11 - Drop Ball

As rochas em tamanhos adequados são

carregadas com escavadoras hidráulicas em

caminhões basculantes “fora de estrada”

conduzindo a matéria-prima até o alimentador

vibratório do britador primário (britador de

mandíbulas), iniciando o processo de britagem.

Fig.12 - Escavadora Hidráulica

a) b)

Fig13 - a)-Escavadora Hidráulica carregando Caminhões Basculantes “Fora de

Estrada; b) Britador de Mandíbulas

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Após a britagem primária, as rochas são conduzidas por correia transportadora para

a peneira primária. Esta peneira promove a classificação inicial do material,

formando duas pilhas pulmão distintas. Uma de pedra marruada, e outra de limpeza

composta de terra e rochas.

Ciclo seco - a pedra marruada segue para os britadores secundários (britador

cónico). Após a cominação, é transportada por correia para a peneira classificatória

secundária, retirando os produtos desejados. Neste equipamento, as britas que

apresentam granulometria fora de classificação e não passam pela primeira tela da

peneira, são enviadas a um britador cónico, e após a britagem retornam novamente

para a peneira secundária para a classificação final.

Fig.14 - Correia Transportadora - Ciclo Seco / Correia Transportadora - Ciclo

Lavado

Fig.15 - Peneira Primária Britador Cónico

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Sabendo que o processo de britagem é um dos factores que mais contribuem para a

interferência ambiental, tornou-se necessário um acompanhamento mais detalhado

do processo prático visando reduzir ao máximo tal interferência. Neste sentido

foram testadas diversas alternativas visando diminuir os impactos ambientais e

consequentemente melhorar o ambiente de trabalho e qualidade do produto final.

Dentre todos os projectos o que mais se adequou foi o sistema de pulverização de

água, acoplando bicos aspersores ao longo de toda linha de britagem, mantendo a

matéria-prima sempre húmida eliminando quase por completo a poeira emitida

pelos britadores e a agressão ao meio ambiente.

Ciclo lavado - Já os materiais da pilha de limpeza seguem para uma peneira

intermediária, a qual separa a brita da terra. A terra retirada é destinada à pilha de

estéril, e a brita segue para britadores secundários e peneira classificatória.

A brita na peneira classificatória é lavada através de esguichos contínuos, sendo em

seguida classificada. A água, juntamente com os finos são enviados ao tanque com

finalidade de decantação, após a decantação a água segue limpa pelo curso do rio e

o fino gerado e retirado através de escavadeira hidráulica e colocado para o

mercado como "filler". As britas que apresentam granulometria fora de

classificação seguem para um britador cónico, retornando para a peneira, tendo em

vista a classificação final.

Fig.16 – a) Peneira Classificatória lavando a brita através de esguichos contínuos; b)

Tanque Decantação

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2.2. Desmonte subterrâneo

O desmonte subterrâneo em maciços rochosos é uma actividade complexa e com

enormes repercussões.

Em termos geotécnicos esta actividade é, possivelmente, a que maiores implicações

acarretam para a execução de uma obra subterrânea.

As vertentes ligadas ao método de escavação, equipamentos utilizados e

velocidades de avanço, afectam praticamente todas as operações que se realizam a

jusante, nomeadamente a remoção de escombros, o dimensionamento e instalação

de suportes (primários e secundários), as actividades acessórias (ventilação,

drenagem, iluminação) e, em última análise, as condições globais de segurança.

Consoante se pretenda realizar uma obra subterrânea em terrenos brandos ou em

maciços rochosos competentes, com desenvolvimento horizontal ou vertical, com

grande ou pequena secção, longe ou perto de zonas urbanas, assim se utilizam

métodos de escavação e equipamentos significativamente distintos.

Os métodos de escavação, nomeadamente o seu faseamento e as velocidades de

avanço, estão intimamente ligados aos cálculos dos sistemas e tipos de suporte,

existindo também reciprocidade no sentido inverso.

2.2.1. Critérios de escavabilidade

Entende-se por escavabilidade de um maciço rochoso, a sua capacidade de

resistência à acção proporcionada pelos equipamentos de escavação, tanto os

mecânicos como os explosivos. Esta apetência do maciço para ser desagregado, é

um factor determinante nas fases de projecto e de execução.

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Ao longo dos tempos, vários autores têm desenvolvido critérios de classificação

dos maciços rochosos em função da sua escavabilidade. Estes critérios baseiam-se

em diversos parâmetros de avaliação, existindo alguns de concepção simples e

outros que incorporam um largo conjunto de características dos materiais e de

equipamentos propostos. A escavação dos maciços rochosos depende

maioritariamente de duas características principais do maciço: a capacidade de

resistência da rocha e as características de fracturação existentes.

Tabela 1 - Principais critérios de escavabilidade e parâmetros mecânicos associados

CRITÉRIOS DE

ESCAVABILIDADE

PARÂMETROS

Franklin (1971) Is50 (índice de resistência à carga pontual), espaçamento médio entre fracturas, resistência à compressão simples, número de Schmidt, RQD

Franklin (1971) Velocidade sísmica, dureza, grau de alteração, e o espaçamento, continuidade, preenchimento e orientação de diaclases

Atkinson (1977) Resistência à compressão simples

Romana (1981) Resistência à compressão uniaxial, RQD, grau de abrasividade (equivalente de sílica)

Kirsten (1982) Resistência à compressão uniaxial, RQD, Jn e Jr do sistema de classificação Q de Barton, posição relativa dos blocos, alteração de diaclases

Abdullatif e Cruden (1983) RMR

Scoble e Muftuoglu (1984) Grau de alteração, resistência à compressão uniaxial, resistência à carga pontual, espaçamento de diaclases, possança média da estratificação

Hadjigiorgiou e Scoble (1988) Resistência à carga pontual, tamanho de blocos, grau de alteração, disposição estrutural relativa

Singh (1989) Resistência à tracção, grau de alteração, grau de abrasividade, espaçamento de diaclases

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Os parâmetros utilizados pelos diversos autores, tendem a reflectir estas duas

características do maciço, incorporando factores como a resistência à compressão

uniaxial, resistência à carga pontual, resistência à tracção, número de Schmidt,

velocidade das ondas sísmicas, dureza, grau de alteração, grau de abrasividade,

espaçamento de diaclases, RQD (Rock Quality Designation), RMR (Rock Mass Rating),

parâmetros do sistema de classificação Q de Barton, continuidade, orientação e

preenchimento de diaclases, possança média dos estratos, tamanho de blocos, etc.

Existem ainda critérios de escavabilidade, desenvolvidos pelos vários fabricantes de

equipamentos de escavação que, com base na experiência acumulada e para cada

equipamento, identificam os tipos de rocha escaváveis consoante as respectivas

velocidades das ondas sísmicas.

2.2.1.1. Método de Franklin et al

O método desenvolvido por Franklin e seus colaboradores (1971) classifica o

maciço rochoso de acordo com dois parâmetros principais, obtidos sobre

testemunhos de sondagem: Is50 (índice de resistência à carga pontual) e

espaçamento médio entre fracturas. Estes parâmetros podem ainda ser

correlacionáveis com outras grandezas:

• o Is50 com a resistência à compressão simples e com o número de Schmidt

e o espaçamento médio entre fracturas com o RQD.

Assim, este método determina quatro regiões no gráfico exposto, a que

correspondem diferentes métodos de desmonte da rocha, a escavação mecânica, a

escarificação, a utilização de explosivos para desagregar e o desmonte com

explosivos.

Esta classificação, devido à data da sua concepção (1971), possui actualmente

algumas imprecisões, porquanto as tecnologias e capacidades dos equipamentos

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têm tido uma evolução constante, nomeadamente os modernos equipamentos

hidráulicos, bastante potentes, que ampliam as áreas de escavação mecânica e

escarificação para o interior das regiões de desmonte com explosivo

Fig.17 - Classificação da escavabilidade de maciços rochosos, segundo Franklin et al. (adaptado de Franklin et al, 1971, in López Jimeno e Díaz Méndez [98], 1997).

2.2.1.2. Método de Kirsten

Kirsten (1982) propôs um método classificativo para a selecção de métodos de

escavação, utilizando um conjunto de parâmetros que integram uma expressão

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empírica, da qual resulta um índice de escavabilidade N (López Jimeno e Díaz

Méndez [98], 1997).

Assim a expressão vem:

• N = Ms . (RQD/Jn) . Js . (Jr/Ja) com

• Ms ≡ Resistência à compressão simples da rocha (MPa);

• RQD ≡ Rock Quality Designation (%);

• Jn, Jr ≡ Parâmetros do sistema de classificação Q de Barton;

• Js ≡ Disposição relativa dos blocos inclinados segundo a direcção de

extracção (Js=1, para material intacto);

• Ja ≡ Grau de alteração das diaclases.

Segundo o índice N calculado através da expressão anterior, este autor apresentou

os intervalos e a respectiva facilidade de arranque:

⇒ 1 < N < 10 . . . . . . . . . . . Facilmente ripável;

⇒ 10 < N < 100 . . . . . . . . . . Ripagem difícil;

⇒ 100 < N < 1000 . . . . . . . . Ripagem muito difícil;

⇒ 1000 < N < 10000 . . . . . . . Ripagem extremamente difícil / explosivos;

⇒ N > 10000 . . . . . . . . . . . Explosivos.

2.2.2. Métodos de desmonte/escavação

Os critérios de classificação do maciço rochoso de acordo com a respectiva

escavabilidade, destinam-se a avaliar a capacidade da rocha de ser desagregada

segundo um método e/ou equipamento. Estes critérios não contemplam os

restantes factores que podem limitar o emprego das técnicas seleccionadas, como

os factores ambientais, económicos, geográficos, estruturais, de risco, ou mesmo a

geometria das cavidades.

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Os maciços rochosos, como elementos geológicos complexos, só raramente

possuem as

características de homogeneidade, isotropia e continuidade que lhes são

frequentemente atribuídos. Desta forma, poderá não ser suficiente a utilização de

um único método ou técnica de desmonte de rocha, para a escavação integral de

uma obra subterrânea.

A escavabilidade dos maciços, classificada segundo qualquer dos critérios

anteriormente expostos, baseia-se na capacidade e potência dos equipamentos

existentes à data da elaboração do critério. Desta forma, a antiguidade do sistema

classificativo pode tornar obsoleta a respectiva metodologia ao não contemplar as

evoluções tecnológicas.

Neste contexto, são de realçar as evoluções em termos mecânicos, designadamente

dos equipamentos hidráulicos e tuneladoras, que aumentaram significativamente as

suas potencialidades e também o desenvolvimento dos recentes tipos de

explosivos, como as emulsões, e respectivos métodos de utilização.

Fig.18 - a) Frente de uma tuneladora. b) Máquina de escavação hidráulica.

Quanto às limitações associadas ao uso de explosivos, estas prendem-se,

fundamentalmente, com as condições do meio onde se desenrolam as actividades.

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Estas condicionantes podem estar relacionadas com a presença de estruturas civis

ou com o ambiente natural existente, potencialmente afectados pelas vibrações,

ruídos, poeiras e projecção de blocos.

Entre as estruturas que podem limitar, ou mesmo inviabilizar, a utilização de

explosivos, encontram-se os gasodutos, caminhos de ferro, estradas, pontes,

viadutos, aglomerados populacionais, barragens e albufeiras, centrais energéticas,

refinarias ou outras instalações industriais, hospitais e estruturas subterrâneas

sensíveis como outros túneis, minas, instalações de armazenamento de produtos de

risco e instalações militares.

Relativamente às situações ambientais, a utilização de explosivos através da

facturação que induz ao maciço, pode afectar cursos de água, bem como os

aquíferos existentes, rebaixando-os ou ligando diferentes níveis. Estes efeitos

podem limitar o uso do solo da

região, tanto no que se refere a posteriores construções como as relativas ao uso

agrícola, pecuária, fauna e flora (zonas protegidas), etc., além de acarretarem

perigos e custos acrescidos para as actividades construtivas futuras.

A selecção do tipo de sistema de desmonte a aplicar (mecânico ou com explosivos),

deve ter em conta aspectos como a altura do nível freático acima da soleira do

túnel, a profundidade de recobrimento, a distância do eixo do túnel às estruturas

existentes (construções, rios, etc.), a sensibilidade das estruturas superficiais, bem

como os parâmetros mecânicos característicos do maciço a escavar.

Relativamente ao zonamento geotécnico do maciço, este possui propósitos

essencialmente de estimativa do suporte a utilizar para cada zona não dispensando

análises mais detalhadas quando se julgar necessário. Este zonamento deve ainda

ser utilizado de forma mais abrangente no que respeita aos métodos de escavação,

equipamentos a utilizar, tempos despendidos, entre outros.

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Os métodos de escavação, tanto por explosivos como mecânicos, podem ser

faseados de acordo com as características da obra e do maciço rochoso. Em túneis

de grande secção, é geralmente utilizada a técnica de desmonte sucessivo de secções

parciais, de forma a minorar a instabilidade das frentes, dos tectos e dos hasteais,

bem como reduzir as convergências no túnel. Este método é preferencialmente

utilizado em túneis em maciços rochosos muito brandos (ou maciços terrosos),

com pequeno recobrimento.

A escolha de um método de desmonte de rocha reflecte-se sempre na qualidade da

obra e nos custos e prazos inerentes à sua realização. Neste contexto, existem

alguns requisitos a ter em conta, nomeadamente o tipo e versatilidade dos

equipamentos, podendo estes constituir um factor limitativo para os empreiteiros,

em termos de concurso, influenciando directamente o custo da obra.

Estabelecimento dos métodos de desmonte da rocha com base nos elementos

disponíveis no zonamento e prospecção:

• Utilização de explosivos: devem-se estabelecer cenários de utilização com

base nos elementos existentes, no que respeita a diagramas de fogo, tipo de

explosivo a utilizar, espaçamento entre furos, consumo específico de

explosivo e tempos de retardo. Os referidos cenários devem cingir-se à

adaptação às diversas litologias e resistências dos maciços rochosos

envolvidos, bem como às situações peculiares que se verifiquem em termos

das estruturas civis existentes e restrições ambientais.

• Utilização de processos mecânicos: os métodos de desagregação mecânica

do material rochoso, devido à sua diversidade, devem ser escolhidos

essencialmente pela sua adequação, flexibilidade, disponibilidade e alargado

campo de utilização, de forma a reduzir o número de equipamentos em obra.

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Em alguns casos, podem-se utilizar sistemas mistos de explosivos e arranque

mecânico. Assim, para a selecção de um método de escavação apropriado,

não são suficientes os critérios de escavabilidade e o zonamento geotécnico

usual, carecendo a sua escolha de estudos de pormenor que integrem as

tecnologias existentes à data e as restrições específicas do meio e da obra,

nomeadamente as condições geotécnicas.

2.3. Desmonte por explosivos

2.3.1.Condições gerais

Todas as actividades industriais que, de alguma forma, envolvam a utilização de

substâncias explosivas, como é o caso particular de minas, pedreiras e certas obras

geotécnicas, são objecto de especial atenção por parte das populações, que

dificilmente ficam tranquilas sabendo que existem trabalhos, nas suas imediações,

fazendo uso dessas substâncias, obrigando a redobrar os cuidados, através de um

conjunto de medidas e procedimentos técnicos, para reduzir ao mínimo a

possibilidade de ocorrerem acidentes nessas actividades.

Fig.19 – Uso de explosivos em desmonte a céu aberto.

Acresce a esta circunstância uma outra causa de considerável influência, o medo,

dadas as evidentes conotações destas substâncias com propósitos nefastos (como

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guerra, terrorismo, etc.). Este receio pode aumentar muito a percepção do risco,

levando as pessoas a confundir as noções de falha técnica devida a factores não

controláveis (que é aceitável, dentro de determinados limites, em Engenharia) e de

acidente, obrigando, por isso, os Engenheiros a trabalhar dentro de gamas

excessivamente seguras, morosas e antieconómicas. A mediatização de certos

incidentes, alguns bem recentes no nosso País, tem contribuído para aumentar

ainda mais este problema.

É fundamental reduzir os acidentes em Engenharia, para demonstrar, à custa da

ausência prolongada de fatalidades, que o grau de conhecimento e os produtos

actualmente disponíveis permitem a execução segura, de obras para as populações.

O desmonte de rocha com explosivos motiva, invariavelmente, um conjunto de

acções benéficas e um conjunto de acções prejudiciais. Entre as primeiras contam-

se como principais, o arranque da rocha do maciço e a sua cominação, facilitando

assim a remoção e transporte. Englobados nas acções prejudiciais encontram-se as

vibrações induzidas, os ruídos, os gases, as poeiras, a projecção de material

(partículas e/ou blocos) e a deterioração do maciço remanescente, traduzido em

fenómenos de sobrefracturação e sobreescavação.

O desmonte com explosivos em áreas urbanas, reveste-se de grandes dificuldades e

exige um apurado domínio por parte dos executantes. Atendendo a possíveis

excepções que sempre ocorrem nestes projectos, pode-se dizer que os

constrangimentos ambientais e técnicos associados à utilização de explosivos,

tornam estas técnicas quase proibitivas em zonas habitadas, tanto mais que existem

actualmente eficientes métodos de escavação mecânica, bastante versáteis e com

provas dadas em todo o mundo.

Pelo que atrás foi dito, a utilização dos explosivos pode, e deve, ser alvo de um

estudo

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preliminar com vista à determinação ou, no mínimo, à detalhada previsão dos

objectivos a atingir e das causas resultantes, sustentado pelo conhecimento

disponível sobre o meio, e sobre os materiais e técnicas de desmonte a utilizar.

2.3.1.1.Explosivos, definições

Substâncias explosivas - compostos químicos ou misturas de produtos químicos

que podem produzir efeitos explosivos ou pirotécnicos.

Efeitos explosivos - a libertação a grande velocidade de grandes quantidades de

energia no ambiente, sob a forma de gases a alta temperatura e pressão elevada, em

resultado de uma reacção química na ausência de oxigénio gasoso ou de ar.

Pólvoras - misturas de substâncias explosivas que por acção de agente exterior

podem deflagrar.

Explosivos - substâncias explosivas que por acção de um agente exterior podem

detonar.

Detonador - cápsula contendo um explosivo capaz de ser iniciado pelo efeito do

calor libertado por uma fonte de calor ou uma acção mecânica.

Escorva/iniciador - detonador ou conjunto de detonador e reforçador e meio de

iniciação, utilizado para provocar uma explosão.

Mecha/rastilho - cordão constituído por um núcleo calibrado de pólvora

envolvido por um tecido e coberto com camada impermeável.

Cordão detonante - cordão com o núcleo de explosivo rápido envolvido por uma

camada impermeável.

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Pega de fogo - conjunto de tiros com uma sequência de rebentamento

determinada para funcionar como um conjunto.

Esquema de fogo - modo de implantação e ordenamento de uma pega de fogo.

Os explosivos podem ser classificados em:

⇒ Lentos ou propulsores - quando a sua velocidade de combustão é inferior a

1000 m/Seg.

⇒ Rápidos - quando a velocidade de combustão é superior a 1000 m/Seg. Mas

inferior a 5000 m/Seg.

⇒ Muito rápidos - quando a velocidade de combustão é superior a 5000

m/Seg.

Quanto aos efeitos classificam-se em:

⇒ Fracturante - quando devido à velocidade da reacção o seu efeito é de

destruição do meio que o envolve, fracturando-o em pequenos blocos

⇒ Deflagrante - quando devido à lentidão da reacção o seu efeito é de rotura

pelas fracturas existentes ou tombamento.

Quanto à sensibilidade classificam-se em:

⇒ Sensíveis - quando por efeito de choque ou calor moderado o explosivo é

activado.

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⇒ Pouco sensíveis - quando a iniciação só é possível com a utilização de um

detonador

Fabrico:

A indústria de fabrico de explosivos dispõe de instalações adequadas e quadros

técnicos qualificados. Pelas quantidades e altas potências dos produtos produzidas,

os fabricantes de explosivos estão obrigados a dispor de áreas significativas para a

produção e armazenamento dos seus produtos. As exigências técnicas com os

equipamentos de fabrico e de controlo fazem com que os investimentos financeiros

sejam bastante significativos. A implementação e manutenção das instalações fabris

obrigam a contratar pessoal especializado. Os avanços científico-tecnológicos dos

últimos anos permitiram a existência de unidades móveis de fabrico no local de

aplicação.

Fig.20 – Unidade móvel de fabrico de explosivos.

Tabela 2 - Designação comercial dos explosivos produzidos em Portugal.

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Tipo Composição base

Empresas produtoras

SPEL EEI SEC Moura, Silva & Filho

Gelatinosos Nitroglicol ou Nitroglicerina

Gelamonite 33

Gelatina

Dynaroc 7

Dynaroc 5

Gelatine Donarit

1 Goma

Pulverulentos Nitrato de amónio sensibilizado Amonite

Granulados Nitrato de amónio e gasóleo Amonóleo Amonitral

Amonitro Austinite Amonix

Emulsões Solução aquosa de Nitrato de amónio, óleos e emulsionantes

Spelite 85Spelan 85

Sigmagel 605

Sigmagel 6

Emulex Austimix Jemulit

Detonadores:

Os detonadores, conforme o modo de iniciação, dividem-se em:

Pirotécnicos - iniciados por uma chama conduzida através de um rastilho

Eléctricos - iniciados por uma corrente eléctrica. Consoante o tempo decorrido

entre a iniciação e o rebentamento, dividem-se em:

⇒ Instantâneos

⇒ Retardados - com intervalo de 0,5 Seg

⇒ Micro-retardados - com intervalo de 20 ou 30 milisegundos

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Em função do uso os detonadores classificam-se em:

Cápsula de alumínio - usados nos casos gerais

Cápsula de cobre - usados em ambientes inflamáveis

Sísmicos - com tempo de reacção inferior a um milisegundo

Para trabalhos a grandes pressões de água - são herméticos até 100 Kg/cm2

Conforme a intensidade de corrente necessária para iniciar um detonador, estes

classificam-se em:

⇒ Sensíveis - intensidade de corrente de segurança 0,18 Amp.

⇒ Insensíveis - intensidade de corrente de segurança 0,45 Amp.

⇒ Muito insensíveis - intensidade de corrente de segurança 3 Amp.

⇒ Altamente insensíveis - intensidade de corrente de segurança 4 Amp.

A identificação dos tipos de detonadores eléctricos em função da sensibilidade é

feita pela cor dos fios, conforme os quadros seguintes:

Tabela 3 - Detonadores eléctricos sensíveis

Tipo de detonador

Intervalo n.º de intervalos Cor

Instantâneo 0 -- Vermelho-brancoRetardo 500 ms 500 1..12 Vermelho-azul Micro-retardo 30 ms

30 1..18 Vermelho-amarelo

Micro-retardo 20 ms

20 1..15 Vermelho-vermelho

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Tabela 4 - Detonadores eléctricos insensíveis

Tipo de detonador

Intervalo n.º de intervalos Cor

Instantâneo 0 -- Rosa-branco Retardo 500 ms 500 1..12 Rosa-azul Micro-retardo 30 ms

30 1..18 Rosa-amarelo

Micro-retardo 20 ms

20 1..15 Rosa-rosa

Tabela 5 - Detonadores eléctricos Muito insensíveis

Tipo de detonador

Intervalo n.º de intervalos Cor

Instantâneo 0 -- Cinzento-branco Retardo 500 ms 500 1..12 Cinzento-azul Micro-retardo 30 ms

30 1..18 Cinzento-amarelo

Micro-retardo 20 ms

20 1..15 Cinzento-cinzento

Tabela 6 - Detonadores eléctricos Altamente insensíveis

Tipo de detonador

Intervalo n.º de intervalos Cor

Instantâneo 0 -- Verde-branco Retardo 500 ms 500 1..12 Verde-azul Micro-retardo 30 ms

30 1..18 Verde-amarelo

Micro-retardo 20 ms

20 1..15 Verde-verde

Sistema nonel - iniciado por onda de choque originada por um detonador

eléctrico ou pirotécnico.

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O sistema nonel, não tendo qualquer circuito eléctrico, tem a vantagem de não ser

sensível a qualquer tipo de corrente eléctrica, sobretudo a correntes induzidas ou à

electricidade estática.

A carga de explosivo que transporta a onda de choque é muito reduzida não

provocando qualquer efeito no exterior. A iniciação pode ser feita com detonador

eléctrico ou pirotécnico.

2.3.1.2. Termos legais

Licenciamento:

O Estado intervém no sector através dos ministérios da Administração Interna,

Economia, Ambiente e Agricultura.O Ministério da Administração Interna, através

do Departamento de Armas e Explosivos (DEPAEX) é a principal entidade na

apreciação do processo de licenciamento de instalações de fabrico e na concessão

de licenças para aplicação de explosivos.

Os Ministérios da Economia e do Ambiente são envolvidos através das Delegações

Regionais. As Câmaras Municipais intervêm no processo no que diz respeito à

autorização para a localização das instalações de fabrico e das explorações onde são

aplicados explosivos. O controlo dos riscos inerentes ao fabrico e aplicação de

explosivos é exercido por parte do Estado pelo Ministério da Administração

Interna (através do DEPAEX e da PSP), no que se relaciona com a Segurança

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Pública, e pelo Ministério do Ambiente, em matéria de análise dos riscos de

acidentes graves em determinadas actividades industriais.

O Ministério da Agricultura é envolvido em matéria de localização caso haja lugar a

alterações das áreas de reserva agrícola ou florestal. O Ministério da Economia

intervém ainda ao nível do transporte de produtos explosivos, através da Direcção

Geral dos Transportes Terrestres (DGTT) e ao nível da avaliação da conformidade

dos produtos, na especificação e desenvolvimento de normas e na acreditação de

laboratórios de ensaios acreditados, através do Instituto Português da Qualidade

(IPQ). Há ainda a referir a participação do Estado ao nível da higiene e segurança

do trabalho e ao nível das acções executadas pelos Bombeiros e Protecção Civil na

avaliação dos riscos ou em intervenções de catástrofe decorrente de acidentes.

Documentos legais:

Em matéria de regulamentação legal foi publicado em 17 de Maio de 2002 o novo

Regulamento de Segurança dos Estabelecimentos de Fabrico e de Armazenagem de

Produtos Explosivos, com alteração ao art. 3, sobre a caducidade dos alvarás e

licenças de fabrico e armazenagem de produtos explosivos, pelo Decreto-Lei n.º

139/2003 de 2 de Julho. Em 2002 foi ainda publicado o Decreto-Lei n.º 136/2002,

relativo a constituição e competências da Comissão de Explosivos.

O art. 3.º do Decreto-Lei n.º 139/2003 e o art. 12.º do Regulamento, aprovado

pelo Decreto-Lei n.º 139/2002, sobre a zona de segurança, têm suscitado a

apreensão das empresas de fabrico e armazenagem pelas dificuldades em ajustarem-

se às novas exigências, até 17 de Maio de 2005, prazo fixado pelo Decreto-Lei n.º

139/2003. Este facto faz com que o governo, numa tentativa de evitar o colapso

das empresas, tenha em preparação um projecto de Decreto-Lei para introduzir

brevemente alterações ao Decreto-Lei n.º 139/2002. Depois da AP3E ter dirigido

ao Ministério da Administração Interna os comentários à proposta de Decreto-Lei,

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o Conselho de Ministros aprovou, em 5 de Maio de 2005: o Decreto-Lei (em vigor

no dia 17 de Maio de 2005) que define o regime aplicável por força da caducidade

de alvarás e licenças dos estabelecimentos de fabrico e de armazenagem de

produtos explosivos.

Com este diploma pretende-se, em definitivo, levar as empresas de fabrico e de

armazenagem a ajustarem-se às novas necessidades de salvaguardar a segurança dos

que aí laboram e de todas as pessoas e bens que se encontram na sua envolvência

geográfica. Recusando a reedição da política de moratórias levada a cabo pelo ante-

rior Governo, este diploma deixa operar a caducidade dos alvarás e das licenças,

que já havia sido estipulada pelo Decreto-Lei n.º 139/2002, e cria um mecanismo

que não leve ao colapso das empresas e pessoas titulares, permitindo a manutenção

provisória da laboração até à renovação do licenciamento, em condições que refor-

çam os poderes da autoridade fiscalizadora e as colocam perante a opção inadiável

de inovar em matéria de segurança.

Do mesmo modo, institui-se a obrigatoriedade de apresentação de um plano de

segurança e a existência de uma estrutura técnica responsável e aperfeiçoam-se

alguns mecanismos, nomeadamente quanto ao controlo efectivo da guarda e

armazenamento de produtos explosivos, detonadores e substâncias perigosas. À

Comissão de Explosivos, empossada em Janeiro de 2003, compete apreciar os

pedidos de dispensa de alguns requisitos sobre a zona de segurança, estabelecidos

por lei, e a emissão de instruções técnicas complementares em matéria de

segurança.

Os regulamentos sobre o Licenciamento dos Estabelecimentos de Fabrico e de

Armazenagem de Produtos Explosivos, sobre o Fabrico, Armazenagem, Comércio

e Emprego de Produtos Explosivos, e sobre a Fiscalização de Produtos Explosivos

encontram-se publicados no Decreto-Lei n.º 376/84 de 30 de Novembro. O

Decreto-Lei n.º 265/94 transpôs para a ordem jurídica interna a Directiva n.º

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93/15/CEE, do Conselho, de 5 de Abril, relativa à harmonização das legislações

dos Estados membros respeitantes à colocação no mercado e ao controlo dos

explosivos para utilização civil. Este Decreto-Lei foi recentemente revisto pela

Comissão de Explosivos, que apresentou uma proposta de republicação, tendo em

conta as falhas e as omissões relativamente ao texto da Directiva. Este Decreto-Lei

obriga os explosivos a satisfazer os requisitos essenciais de segurança, o que obriga

aos procedimentos de certificação de conformidade.

Os procedimentos de certificação de conformidade exigem que sejam realizados

ensaios em laboratórios acreditados e que haja normas de ensaio, que permitam a

marcação CE de conformidade.

Transporte:

O transporte de produtos explosivos encontra-se definido pelo Regulamento de

Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE) publicado no Decreto-Lei

n.º 267-A/2003 de 27 de Outubro, que estabelece a obrigatoriedade das escoltas

para os produtos explosivos.

Tabela 7 – Transporte de explosivos, carga/descarga.

A carga e descarga dos explosivos deve ser feita com cuidado.

A saída do paiol, transporte, distribuição e devolução dos produtos explosivos não utilizados deverão ser efectuados por pessoas especialmente instruídas para o efeito e devidamente autorizados pelo director técnico ou encarregado dos trabalhos.

O transporte de explosivos entre o paiol e o local de utilização ou de preparação das cargas deve ser feito em paióis móveis ou paiolins móveis, conforme a quantidade a transportar.

Para pequenas quantidades devem usar-se paiolins de madeira ou sacos de lona, couro maleável ou qualquer outro material resistente e impermeável, com capacidade inferior a 10Kg, não devendo a distância de transporte ser superior a 5 Km.

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Na construção das caixas e sacos será vedada a aplicação de qualquer material que possa produzir faísca.

As caixas e sacos deverão estar munidos de fechos seguros e correias de suspensão.

Os detonadores e os explosivos não devem ser transportados na mesma viatura. Para pequenas quantidades devem ser transportados em caixas separadas, devendo os detonadores ser transportados na cabina da viatura.

Os explosivos e as pólvoras devem ser transportadas em paiolins separados.

As cápsulas detonadoras deverão ser transportadas em caixas ou estojos próprios.

Os explosivos devem ser transportados nas embalagens de origem até ao local de utilização salvo para quantidades inferiores ao peso da embalagem.

O escorvamento dos cartuchos deve ser feito no local de utilização. Havendo local próprio para a preparação das escorvas, estas devem ser transportadas em separado dos restantes explosivos.

O local de preparação das escorvas deve ter iluminação natural ou, se isso não for possível, iluminação eléctrica. Não será permitido o uso de iluminação de chama nua quando da preparação das escorvas.

Nos casos em que os produtos explosivos sejam transportados por locomotivas trolley deverão ser elaboradas prescrições especiais para o efeito, a aprovar pela Delegação Regional da Economia da área ou pela PSP.

Aplicação de explosivos:

A aplicação de substâncias explosivas encontra-se definida pelo Decreto-Lei n.º

376/84, de 30 de Novembro, e pelo Decreto-Lei n.º 139/2002, de 17 de Maio. A

formação dos operadores de fogo, num contexto da padronização e equivalência

dos cursos ao nível europeu, vem sendo acompanhada pela AP3E, que integra a

European Federation of Explosives Engineers (EFEE), que institui o Certificado

Europeu de Operador de Fogo.

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No passado, a escavação de rochas recorrendo a explosivos era considerada como

uma arte, nascida a partir da experiência e perícia dos operadores. Este empirismo,

por si só, não se compadece com as exigências actuais. Progressivamente, esta

técnica tem-se apoiado em procedimentos científicos, nomeadamente nos

conceitos da Dinâmica das Rochas, que têm permitido conhecer melhor a acção

dos explosivos nos maciços rochosos, em função dos seus mecanismos de rotura e

propriedades geomecânicas.

Fig.21 – Preparação para desmonte de maciço por explosivos.

Fig.22 – Desmonte de maciços por explosivos.

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Impactes ambientais resultantes do uso de explosivos civis:

Julga-se que apenas cerca de 5 a 15 % da energia libertada pelas detonações, de

explosivos em rocha, são efectivamente usados a fragmentar a rocha, finalidade do

seu emprego. Tal significa que a maior parcela da energia contida nos explosivos é

transferida ao ambiente circundante sob a forma de efeitos colaterais, susceptíveis

de causar impactes significativos. Desses efeitos, destacam-se cinco: vibrações

transmitidas aos terrenos e estruturas adjacentes, onda aérea (ondas de choque que

se propagam através da atmosfera, vulgarmente conhecidas por ruído), projecção

de blocos de rocha, criação de poeiras e sobrefracturação do maciço rochoso

remanescente, com a possibilidade de criar instabilidades futuras em terrenos

contíguos.

Os impactes ambientais resultantes do uso de explosivos civis, designadamente na

escavação de maciços rochosos, face aos requisitos de protecção ambiental, cada

vez mais restritivos, obrigaram as entidades envolvidas a abandonar as práticas

empíricas e a fundamentar as suas opções (de dimensionamento e de aplicação) em

procedimentos cientificamente justificáveis. Assim, projectistas e executantes têm

melhorado gradualmente a qualidade das suas actividades, objectivando a

minimização de danos em estruturas localizadas nas proximidades e reduzindo os

níveis de incomodidade causados nas populações circundantes aos locais afectados

pelas obras de escavação.

Há a necessidade de avaliar a legitimidade de protestos, relativos a danos estruturais

ou a incomodidade, quando ocorrem, através da aplicação de critérios técnicos de

análise dos danos, o que, ao nível das empresas executantes, pode ser realizado por

meio de auditorias especializadas, para as quais a Ordem dos Engenheiros pode

contribuir através das suas carteiras de peritos.

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Fig.23 – Impacte ambiental resultante do uso de explosivos.

2.3.2. Utilização de explosivos no desmonte

As técnicas de utilização de explosivos têm sido estudadas por numerosos autores,

existindo actualmente diversos métodos de aplicação destes produtos. Os

diagramas de fogo dependem, para a sua eficiência, de diferentes variáveis que

incluem o número e orientação dos furos, tipos e quantidade de explosivos,

número e sequência de retardos, etc.

O processo de desmonte com explosivos inicia-se na actividade de perfuração da

frente, que tem a finalidade de abrir os furos onde irão ser introduzidos os

explosivos. Esta operação de perfuração, em subterrâneo, pode ser realizada por

equipamentos hidráulicos automatizados (Jumbos), geralmente com múltiplos

braços perfuradores ou manualmente, em casos excepcionais (pequeno espaço de

operação ou poucos furos).

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Fig.24 - Jumbo hidráulico de três braços para perfuração em subterrâneo.

Num diagrama de fogo usual a sequência de rebentamento segue a seguinte ordem:

caldeira, alargamento, soleira (sapateira) e contorno. Como é natural, utilizam-se

maiores cargas nas zonas de mais difícil arranque, nomeadamente a caldeira onde

existe maior confinamento e a soleira, onde se verifica maior influência da

gravidade.

A ordem de disparo referida pode ser alterada mediante os objectivos a atingir,

existindo diagramas de fogo onde os primeiros furos a detonar são os de contorno.

Esta técnica, denominada de pré-corte, tende a minorar os efeitos nefastos para o

maciço, criando uma superfície de descontinuidade por onde não se transmitem as

vibrações provenientes das outras sequências de disparo.

O princípio que rege a aplicação de explosivos em subterrâneo, onde existe

geralmente apenas uma face livre, é a sucessiva criação de vazios para onde a rocha

possa ser desmontada. Para a obtenção deste efeito existem várias técnicas de

disposição dos furos em retardos, das quais se apresentam três exemplos na Figura

9, com a sequência de retardos numerada.

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2.3.2.1. Danos causados ao maciço

A utilização de explosivos tem a finalidade de fracturar a rocha e provocar o seu

movimento em relação à face livre, de forma a promover a extracção (ou arranque).

O maciço rochoso é, desta forma, desagregado pela energia do explosivo,

resultando um conjunto de blocos (escombro), que é posteriormente removido.

Nesta acção dos explosivos, existem inevitáveis efeitos secundários sobre o maciço

remanescente, provocados pela energia libertada. Estes danos, na sua vertente

nefasta, são traduzidos por fenómenos de sobreescavação e sobrefracturação, com

o consequente aumento da permeabilidade do maciço.

A sobreescavação é o efeito do arranque de rocha fora dos limites definidos para a

abertura do túnel. Esta consequência acarreta elevados prejuízos económicos, uma

vez que motiva a existência de mais escombros (maiores custos na remoção),

implica maior quantidade de materiais de enchimento (maiores custos em betão) e

acarreta a utilização de suportes mais competentes devido ao aumento do vão nos

tectos e hasteais.

Relativamente à sobrefracturação induzida à rocha que circunda a abertura (Figura

10), trata-se de um aspecto que ocasiona igualmente vários transtornos económicos

e operacionais, originando maior afluência de água ao túnel (maior dispêndio em

bombagem) e uma acentuada deterioração do maciço (maiores custos com o

sustimento). Em termos de segurança, este efeito é igualmente nefasto porquanto

aumenta o perigo de queda de blocos, reduzindo também o factor de segurança e o

tempo de auto-sustentação do maciço.

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Segundo Dinis da Gama [43] (1998), as principais variáveis que determinam o dano

ao maciço encontram-se representadas na expressão proposta por Johnson[86]

(1971):

v = a Qb Dc

Onde:

⇒ v ≡ velocidade de pico crítica de partícula [mm/s] ;

⇒ Q ≡ quantidade de explosivo por retardo [kg] ;

⇒ D ≡ distância entre a detonação e o local em estudo [m] ;

⇒ a, b, c ≡ constantes que dependem das características da rocha, tipo de

explosivo e técnica de desmonte.

Os valores da velocidade de pico crítica v são correlacionados com a tensão

dinâmica transmitida à rocha (σ), a massa específica da rocha (ρ) e a velocidade de

propagação das ondas no meio (u), através da expressão:

σ = ρ u v

Conjugando as expressões acima apresentadas, é possível obter uma previsão da

dimensão do dano (Dd) numa detonação subterrânea (Dinis da Gama[43], 1998):

Dd = [(σt)/(ρ u a Qb)](1/c)

Em que σt representa a resistência à tracção dinâmica da rocha.

Este método, desde que baseado em dados precisos relativos à rocha e aos

explosivos, pode ser um elemento de grande importância na definição de planos de

fogo equilibrados, bem como na previsão da zona afectada por uma detonação.

Para se dimensionar o dano admissível provocado à rocha, para que o conjunto de

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detonações não ultrapassem um determinado perímetro aceite, devem-se estudar as

consequências daquelas em todos os furos, para que a sobreposição dos seus

efeitos se limite à zona referida.

A técnica de pré-corte pode reduzir estes efeitos, criando uma superfície de

descontinuidade que obsta à transmissão das vibrações provenientes das restantes

sequências de disparo da pega de fogo.

Os diferentes tipos de explosivos são também uma variável importante na

dimensão do dano ao maciço, possuindo diversos graus de influência. Uma

experiência realizada com quatro tipos de explosivo, carregados em furos com os

diâmetros assinalados, tendo-se obtido distintos diâmetros de fracturação da rocha

(Finnrock Ab[56], s.d.).

Fig.25 - Magnitude na zona fracturada para diferentes tipos de explosivos (adaptado de Finnrock Ab, s.d.). Em síntese, o mau dimensionamento ou o deficiente estudo das implicações dos

planos de fogo a utilizar nos desmontes subterrâneos, podem motivar perdas

significativas em termos de segurança e de custos, geralmente recaindo as suas

consequências sobre o Dono de Obra.

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2.3.3 - Segurança e Manuseamento de Explosivos

O manuseamento de explosivos para fins industriais acarreta perigos óbvios, uma

vez que se tratam de produtos de risco, não tanto devido à sua instabilidade mas à

gravidade das consequências que resultam da sua má utilização.

Explosões prematuras, explosões retardadas, tiros falhados e restos de tiros com

explosivos, bem como as acções tóxicas ou asfixiantes dos gases das explosões,

manuseamento das cápsulas detonadoras e fenómenos relacionados com os

disparos eléctricos.

A manipulação de explosivos, desde o seu transporte e armazenamento até à sua

correcta aplicação tem de observar rígidas normas de conduta por parte dos

respectivos operadores, só possíveis em pessoas idóneas e de competência

comprovada, formadas especificamente para o efeito, e perante um apertado

sistema de controlo.

Actualmente, o escorvamento dos explosivos é maioritariamente eléctrico, tendo-se

vindo a abandonar o escorvamento pirotécnico. Este facto constitui um acréscimo

acentuado de segurança, porquanto permite a interrupção da pega de fogo a

qualquer momento, reduzindo igualmente o tempo de espera de acesso à frente no

caso de uma detonação falhada.

O escorvamento eléctrico possui, contudo, a desvantagem de poder ser accionado

por correntes eléctricas não controladas, tanto de origem humana (cabos de

electricidade, telemóveis, etc.) como correntes naturais existentes (electricidade

estática). Assim, existem actualmente escorvamentos do tipo NONEL (non electric

detonating cord), não eléctricos, que são compostos por cordões semelhantes a

cordões detonantes, mais seguros e menos ruidosos. A utilização deste sistema é

recomendada actualmente em alguns países.

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As principais regras e cuidados a ter no armazenamento, transporte e emprego de

explosivos em obra são:

• Armazenamento em local apropriado, isolado (de populações, fontes

combustíveis ou eléctricas) e guardado, acondicionando devidamente os

explosivos longe de fontes de calor e de frio, de fogo, de energia eléctrica e

de água ou humidade;

• Armazenamento em locais diferentes e distantes, entre si, dos explosivos,

dos iniciadores (detonadores) e dos explosores (disparadores);

• Transporte de explosivos devidamente acondicionados, em veículo

apropriado e sinalizado, e longe de fontes de calor e de frio, de fogo, de

energia eléctrica e de água ou humidade;

• Transporte selectivo por tipos de explosivo, evitando a mistura de diferentes

tipos e jamais transportar simultaneamente no mesmo veículo explosivos e

detonadores;

• Desimpedir as vias de circulação e acessos de equipamentos e pessoas;

• Carregamento e escorvamento das cargas explosivas apenas por pessoal

formado para tal, na ausência de outros funcionários nas imediações, tendo o

responsável de fogo a posse da chave do explosor;

• Pemitir avisos sonoros e/ou luminosos antes da detonação, perceptíveis a

distância apropriada;

• Garantir a evacuação de toda a zona de rebentamento e área de influência

(prevenir os efeitos da projecção de blocos);

• Após a detonação, reforçar os sistemas de ventilação por tempo

conveniente, para que se processe a remoção dos gases nocivos;

• Após a detonação, proceder à verificação da frente de desmonte, por pessoal

especializado, nomeadamente o responsável de fogo do Empreiteiro e os

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elementos da Fiscalização, de forma a garantir a inexistência de explosivos

não detonados.

• Verificadas as condições de segurança, emitir um aviso sonoro diferente do

primeiro, indicando que a frente se encontra desimpedida e segura, para

prossecução dos trabalhos.

As detonações acidentais constituem um elevado risco, podendo acarretar graves

consequências para os intervenientes na obra e para as populações estruturas e

ambiente circundante. É pois matéria que deve merecer especial atenção por parte

das entidades envolvidas, devendo-se adoptar uma postura inflexível no que

respeita à conduta e normas de segurança.

Em obras onde é usual a utilização de explosivos, torna-se frequente que estes

produtos sejam encarados, de forma negligente e abusiva, como outro tipo de

materiais não perigosos. Cabe aos responsáveis técnicos em obra, nomeadamente

às chefias do. Empreiteiro e aos elementos da Fiscalização, a observância das

normas de segurança inerentes à correcta utilização e armazenamento de matérias

explosivas.

2.4. Desmonte mecânico

A tecnologia associada aos equipamentos mecânicos é bastante complexa,

envolvendo distintos componentes que variam quanto à forma, técnica de emprego

e campo de aplicação. A descrição apresentada neste subcapítulo não pretende ser

exaustiva, propondo-se apenas aflorar os principais tipos de máquinas existentes e

o seu domínio de aplicação. O desmonte mecânico de um túnel pode ser realizado,

sem prejuízo das variantes existentes, por dois métodos principais: abertura em

secção plena e abertura faseada.

Os equipamentos mecânicos mais utilizados na escavação de túneis incluem

tuneladoras (TBM - Tunneling Boring Machine), para abertura em secção plena, e

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roçadoras, retroescavadoras e martelos hidráulicos, para abertura parcial faseada. A

evolução dos equipamentos hidráulicos e tuneladoras, veio alargar a sua faixa de

acção no que respeita à capacidade de desmonte de vários tipos de rocha,

conferindo-lhes bastante versatilidade.

Existem diversos tipos de tuneladoras (Figura 13), tendo como características

comuns a perfuração integral do túnel e a estrutura própria de colocação do

sustimento (geralmente aduelas). Estes equipamentos estão providos de escudos

para escavação em rochas brandas, solos ou terrenos saturados, com exigência de

colocação imediata de sustimento.

As TBM permitem escavar rochas com resistência à compressão até 300 - 350 MPa

porém, os avanços mais significativos verificam-se em rochas de dureza média a

baixa, com resistências inferiores a 120 MPa. Um dos factores que rege a

aplicabilidade destes equipamentos prende-se com o terreno de fundação que terá

de possuir resistência suficiente à força exercida pelas sapatas e lagartas das

tuneladoras, no seu movimento ao longo do túnel.

As roçadoras destinam-se a escavar maciços com resistência à compressão entre 80

e120 MPa, constituídos por rochas pouco abrasivas, de baixa tenacidade e alguma

facturação. Assim, estes equipamentos são utilizados fundamentalmente em rochas

brandas, existindo diferentes variedades com diversos tipos de cabeças, adequados

às diferentes características do material a escavar.

As retroescavadoras e os martelos hidráulicos, aplicáveis apenas em maciços

terrosos ou rochosos muito brandos, possuem uma tecnologia convencional,

dependendo a sua aplicabilidade do espaço disponível e das características do

material a escavar. Em túneis com constrangimentos próprios, nomeadamente em

zonas urbanas e com materiais brandos e heterogéneos, estes equipamentos podem

tornar-se numa alternativa rentável à utilização de explosivos ou de tuneladoras.

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Fig.26 - a) Tuneladora sem escudo; b)Tuneladora com escudo

Fig.27 - a) Roçadora de braço.; b) Roçadora de braço Dentro das técnicas de escavação mecânica existem ainda bastantes tipos de

equipamentos, nomeadamente máquinas de pré-corte mecânico e desmonte com

equipamentos mecânicos manuais. Os equipamentos disponíveis no mercado

possuem especificações técnicas dos fabricantes, com dados relativos ao avanço,

potência e campos de aplicação, devendo a sua escolha ser alvo de critérios e

estudos de detalhe.

Neste contexto, a escolha do equipamento de escavação, da responsabilidade do

Projectista (e do Consultor Geotécnico), deverá também atender às

disponibilidades dos equipamentos dos Empreiteiros, salvo em obras de grande

porte onde poderão ser adquiridos equipamentos específicos.

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No desmonte de maciços heterogéneos, com ocorrência simultânea de materiais

brandos e duros, poderá ser conveniente a utilização de métodos mistos, isto é,

aplicação de explosivos e arranque mecânico. Esta variante inclui, geralmente, a

aplicação de tiros de caldeira e o posterior desmonte mecânico, destinando-se os

explosivos a fracturar a rocha e criar uma pequena cavidade que facilita a acção

mecânica subsequente.

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CAPITULO II – DEMOLIÇÃO

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1.Motivos das demolições As demolições de edifícios têm sofrido um forte incremento de um tempo a esta

parte, isto deve-se a vários motivos, entre os quais se destacam:

a) A necessidade de um melhor aproveitamento do solo, sobretudo em zonas

de alta densidade populacional, o que obriga a um saneamento do centro das

cidades;

b) A rápida mudança tecnológica na indústria, em espaços de tempo mais

curtos, exige que os edifícios de fábricas sejam eficazes, o que implica pelo

menos derrubes parciais para adaptá-los e manter um alto grau de

competitividade;

Fig.28 - Escola Sec. José Gomes Ferreira- Lisboa.

c) Demolições devidas ao simples deteorar dos edifícios com o passar do

tempo, como são o caso de edifícios de betão e que, portanto, é necessária a

sua demolição para evitar o perigo que pressupõe uma estrutura quando não

está no seu estado óptimo. Requerem-se agora modificações e

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modernizações que implicam obras de reparação, reforma e inclusive de

demolição integral em certos casos;

d) Verifica-se uma elevada demanda de demolições em zonas costeiras, que ao

serem zonas turísticas necessitam de uma contínua renovação das instalações

hoteleiras.

Fig.29 - Estoril Sol Residence (antes e depois da Demolição)

e) Etc…

A arte de demolir, conforme se vai avançando no tempo, vai adquirindo um peso

cada vez maior, por força de várias circunstâncias, dando origem a um tipo

específico de serviços altamente especializados, que hoje em dia e como foi já

referido, dá pelo nome de Indústria da Demolição [3].

Um artigo publicado no Jornal Público em Abril de 2000 referia, precisamente, o

mau estado do parque habitacional português mencionando um estudo realizado

pelo Instituto Nacional de Estatística, no qual era referido que 5% das habitações

em Portugal precisariam de grandes obras e que 1.2%, a que correspondem cerca

de 36 mil habitações, teriam que ser totalmente reconstruídas ou mesmo demolidas.

Por outro lado, um estudo elaborado pela European Demolition Association,

sediada nos Países Baixos, prevê um aumento crescente da produção anual de

escombros na Europa Comunitária, onde Portugal se integra, provenientes da

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Indústria da Demolição, das actuais 300 Mt para cerca de 700 Mt por ano em 2020.

[2].

Gráfico 1 – Estimação das quantidades de escombro produzidas (Mt) Por Demolição entende-se o acto de demolir de uma forma ordenada quaisquer

construção com o objectivo de dar outro destino ao espaço antes ocupado por esta.

Existem várias Técnicas de Demolição, geralmente os processos de demolição mais

utilizados entre as quais passamos a citar, e que vão ser alvo do nosso trabalho:

- Manual - quando se utilizam ferramentas manuais (picaretas, pás, maças, etc)

ou máquinas portáteis, tais como martelo - percussor;

- Mecanizada - quando são totalmente efectuados por máquinas não portáteis;

- Por Expansão – quando utilizam uma fonte de energia (explosivos) que

desintegram os elementos da construção designada por “impulsão”Explosivos

(implosão ou explosão).

2. A Escolha do Processo de demolição Quando existe a decisão da demolição parcial ou total da estrutura de betão, o

processo de selecção de um método inicia demolição. Para serem considerados são

as circunstâncias locais que influenciam o processo, bem como o tipo e o volume

de material de construção que deverá ser demolida. Se o objectivo é o de reparar

partes danificadas e da construção é uma estrutura sensível como uma estrada,

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ponte, muro barragem, parque de estacionamento para paredes e tectos, chão

aeródromo desembarque, túnel ou semelhante, há apenas algumas alternativas:

martelos pneumáticos, máquinas rodoviárias moagem ou hidro-demolição.

A escolha do processo, ou processos de demolição, a empregar deverá basear-se

num conjunto de factores relacionados com as características da construção a

demolir, com as construções e o meio envolvente, a vontade ou não de recupera o

mais possível os materiais demolidos, o prazo disponível para a realização do

trabalho, entre outros.

Só a ponderação dos factores enunciados anteriormente conduzirá à decisão final,

que muitas vezes não é a mais desejável, mas a mais viável [4].

No Capitulo 5 identificamos os principais métodos de demolição.

Fig.30 – Demolição de um Viaduto Fig.31 – Demolição de um

edifício

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3. Acções Preparatórias Antes de começar qualquer tipo de demolição deverão ser tidas em conta uma série

de medidas para proteger a segurança e a saúde dos trabalhadores no local de

trabalho. Esta operação envolve a preparação global de planeamento do trabalho e

da demolição, incluindo os métodos que serão utilizados para levar a estrutura

abaixo, os equipamentos necessários para fazer o trabalho, e as medidas a tomar

para executar o trabalho de forma segura. O trabalho de Planeamento de uma

demolição é tão importante como realmente fazer o trabalho. Por isso, todos os

trabalhos de planeamento devem ser realizados por uma pessoa competente

experientes em todas as fases da demolição dos trabalhos a realizarem.

Deve portanto existir um estudo com finalidade de determinar o estado de

construção, pisos, paredes e para que as medidas possam ser tomadas, se

necessário, para evitar a ruptura prematura de qualquer parte da estrutura. Quando

indicado como recomendável, qualquer estrutura adjacente (s) ou melhorias

deverão também ser igualmente controlados. Devem também ser tomadas outras

acções tais como registar os danos existentes em estruturas vizinhas.

Deve-se desenhar um programa no qual se indique claramente a sequência

proposta para as operações, assim como:

- soluções de consolidação e protecção, soluções para protecção ou desvio de

canalizações e esvaziamento de depósitos;

- plantas, alçados com representação das especificações da demolição, tendo o

cuidado de enumerar os elementos a demolir bem como a ordem cronológica da

sua demolição

3.1. Avaliação Estrutural Destina-se a obter toda a informação possível sobre a estrutura a demolir de forma

a estudar-se o melhor método de demolição, procurando identificar, entre outros

aspectos: as dimensões dos elementos da estrutura; as partes com capacidade de

carga; as eventuais juntas ou pontos da estrutura que possam afectar o mecanismo

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projectado; o tipo de fundações. Esta avaliação é feita com base nos elementos

escritos existentes ou, na sua ausência, após a realização de trabalhos de demolição

prévios pelos métodos tradicionais ou de testes de carga, com vista à completa

caracterização da estrutura.

Deverá sempre ser feita uma visita à mesma. É necessário reunir o maior número

possível de informação sobre o edifício a demolir, nomeadamente: plantas, alçados

e detalhes dos edifícios a demolir. No caso de estes não existirem os detalhes dos

elementos construtivos terão de ser estabelecidos através da observação, testes e

inspecção cuidada.

Deve também ser tido em consideração se a estrutura a ser demolida foi danificada

por incêndio, inundação, explosão, ou qualquer outra causa, devem ser tomadas as

medidas adequadas para proteger os trabalhadores e quaisquer estruturas

adjacentes. Deve também ser determinado se qualquer tipo de substâncias

químicas perigosas, gases explosivos, material inflamável, substâncias perigosas ou

semelhantes que tenham sido utilizados ou armazenados no local. Se a natureza de

uma substância não pode ser facilmente determinada, as amostras devem ser

colhidas e analisadas por uma pessoa qualificada antes da demolição.

3.2. Inspecção do Meio Envolvente Esta inspecção destina-se a caracterizar o meio envolvente, com vista à

identificação de possíveis restrições ou outros elementos que possam de alguma

forma interferir com o projecto de mecanismo de colapso escolhido.

Posteriormente e com base nos elementos referidos, procede-se ao estudo do

mecanismo de colapso a aplicar.

Esta escolha deve ser complementada com uma análise criteriosa da previsão do

comportamento adquirido pela estrutura após o emprego dos explosivos.

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3.3. Meios e serviços a desactivar

Um dos elementos mais importantes do trabalho tal como referido anteriormente é

o planeamento como sendo a localização de todos os serviços de utilidade pública.

Todos os serviços de redes eléctrica, gás, água, vapor de água, esgotos e outras

linhas de serviços deve ser desligado, nivelada, ou de outra forma controlada, ou no

exterior do edifício antes de iniciada a demolição. Em cada caso, qualquer utilidade

que a empresa está envolvida deve ser notificado com antecedência, e que a sua

aprovação ou de serviços, se necessário, devem ser obtidos.

Se é necessário manter algum poder, água, ou outros utilitários durante a

demolição, tais linhas devem ser deslocalizadas temporariamente, sempre que

necessário e / ou protegidos. A localização de todas as fontes de energia também

deve ser determinadas, que possam provar especialmente perigosos durante

qualquer máquina demolição. Todos os trabalhadores devem ser informados da

localização de qualquer utilidade deslocalizada existentes ou serviço.

Os meios e serviços que usualmente se encontram em todos os edifícios correntes,

como:

- drenagem;

- electricidade;

- gás;

- água;

- cabos de telefone;

- linhas de rádio e televisão;

- meios de pressão hidráulica.

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Fig.33 – Demolição Mecânica

3.4. Condições de Segurança As protecções dividem-se em três aspectos principais:

- a que concerne a segurança do pessoal envolvido nos trabalhos;

- a que concerne a segurança do público;

- a que concerne a protecção da(s) propriedade(s) que possa vir a ser afectada pelos

trabalhos de demolição.

Deve-se prever ainda uma protecção contra colapso descontrolado, uma vez que a

remoção de certas partes do edifício ou estrutura durante a demolição pode resultar

em que outras partes fiquem instáveis e é necessário pré-determinar onde se irá

necessitar de suportes temporários. Se a estrutura confina outros edifícios, os

edifícios confinados devem ser providos de um suporte lateral idêntico ao dado

pela estrutura a demolir. Deve-se prestar entivações adequadas antes de se

perturbar o suporte lateral existente. É normal a utilização de escoras inclinadas e

móveis em casos em que a área do recinto precisa de ficar completamente vazia e

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onde as distâncias entre os apoios das escoras não sejam muito grandes. As escoras

devem ser apoiadas em contrafortes de madeira, laminados ou em tubos de aço.

Os tubos de aço são mais fáceis e mais rápidos de erguer, mas as escoras de

madeira têm um melhor comportamento e não estão sujeitas às diferenças de

temperatura.. As dimensões das escoras devem ser desenhadas para permitir que

qualquer novo edifício seja construído com a menor interferência possível

3.4.1. Antes da demolição

Deve-se proteger os elementos de serviço público que possam ser afectados pela

demolição. Em fachadas que dêem para a via pública devem-se por protecções

como redes, etc que possam recolher os escombros ou ferramentas que possam

cair. Essa protecção deverá estar afastada não mais de 2m da fachada do edifício.

Em estruturas de madeira ou com bastante material combustível deve-se dispor,

como mínimo, de um extintor manual contra incêndios.

As paredes a demolir devem, antes de mais, estar libertas de todas as peças de

madeira ou de ferro salientes não embutidas ou que, apesar de o serem, se

encontram salientes com mais de 2 m. Devem-se prever tomas de água para regar,

de forma a evitar a formação de pó durante os trabalhos.

Deve-se, ainda, avisar as autoridades locais da existência de trabalhos de demolição.

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3.4.2. Durante a demolição Devem-se, primeiramente, desmontar os elementos que possam causar cortes ou

lesões como vidros ou aparelhos sanitários.

Durante a demolição de elementos de madeira deve ter-se o cuidado de arrancar ou

dobrar os pregos. Não se deverá depositar escombros sobre os andaimes.

Pôr-se-ão à disposição dos trabalhadores capacetes de protecção. Os operários só

trabalharão em alturas diferentes se forem tomadas as devidas precauções para

garantir a segurança dos que trabalham nos planos inferiores.

Os trabalhadores só poderão intervir mais de 6m acima do solo em obras de

demolição se for colocado um soalho ou plataforma de trabalho no qual é possível

operarem. Se a mesma for situada junto a um precipício, deverá ser cercada de

guardacorpos e de guarda-cabeças conforme estipularem as disposições legais.

3.4.3. Após a demolição Depois de concluídos os trabalhos de demolição deve-se observar as edificações

contíguas para detectar lesões que possam ter surgido como consequência das

demolições efectuadas.

4. Prescrição Legais

Queremos também referenciar que independente do processo terá que cumprir

com o Caderno de Encargos, com a Legislação em vigor sobre esta matéria, com os

regulamentos de segurança na construção assim como com o regulamento de

âmbito local, e as regras municipais em vigor, nomeadamente das Autarquias

Locais. A título de exemplo apresentamos no anexo I apresenta dois modelos de

duas autarquias os quais deverão ser submetidos a estas Entidades para Aprovação,

sempre que se pretende efectuar uma demolição.

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5. Tipos de Demolição

Os processos de demolição referidos seguidamente, podem classificar-se atendendo

aos princípios que os regem e ao tipo de máquinas que são utilizadas para o efeito.

Seguidamente identificaremos alguns métodos de demolição, a escolha do método

e como referenciado no item 3 é influenciada por vários factores

5.1. Demolição manual Como processos mais rudimentares cuja simplicidade se conhece, mencionam-se a

alavanca manual, o martelo e cinzel, e a marreta, que, como se sabe, são utilizados

desde tempos remotos, exigindo certo esforço muscular, por parte do trabalhador.

A primeira funciona por meio da aplicação de força na extremidade de uma barra

de aço, que, apoiada entre os pontos de aplicação das forças, consegue erguer e

deslocar cargas com um peso superior ao esforço despendido [2].

Hoje em dia, a sua utilização só se justifica quando se trata de pequenas

demolições, visto que, se trata de um trabalho muito moroso e consequente baixo

rendimento obtido, assim como também devido à impossibilidade na obtenção de

mão-de-obra em quantidade.

Os trabalhos de demolição manual consistem essencialmente na demolição precisa

de elementos, como sejam paredes interiores, lajes, tectos, telhados, etc., com

recurso a ferramentas essencialmente manuais, como martelos eléctricos e

pneumáticos. Fazem ainda parte destes trabalhos os de desmantelamentos, que

incidem na retirada manual ou semi-mecânica de todos os elementos não

estruturais contaminantes de uma estrutura (portas e janelas em madeira, vidro,

resíduos perigosos, plásticos, cabos eléctricos, materiais de isolamento, etc.), para

depois se proceder à demolição mecânica de edifícios.

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Os serviços de demolição deverão ser iniciados pelas partes superiores da

edificação, mediante o emprego de calhas, evitando o lançamento do produto da

demolição em queda livre. As partes a serem demolidas deverão ser previamente

molhadas para evitar poeira em excesso durante o processo demolição. É

recomendável, quando a situação assim o permitir, a utilização de sistemas de

calhas do tipo gomo sincronizado. Os materiais provenientes da demolição,

reaproveitáveis ou não, serão convenientemente removidos para locais indicados

pelas Entidades Competentes (ex. fiscalização) [5].

Fig. 35 – Exemplos de demolição Manual

5.2. Demolição mecânica

A demolição mecânica pode efectuar-se utilizando vários métodos: por tracção, por

compressão, com bola, com ajuda de grua torre, os quais vamos detalhar.

5.2.1. Demolição por Tracção São utilizados bulldozers ou quaisquer outras máquinas capazes de fazer a tracção

de um cabo. As zonas a demolir devem possibilitar a boa aderência de um cabo

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metálico. Sendo necessário fazer-se previamente, na alvenaria, um poço horizontal

que garanta essa aderência.

Fig. 36 – A tracção provocada pela máquina origina o desmoronamento.

O cabo não deve ser puxado obliquamente, em relação ao eixo longitudinal da

máquina, sob pena de criar tensões desiguais nos seus dois ramos. Nos ângulos

agressivos deve proteger-se o cabo com pedaços de madeira para evitar que ele

“serre” a construção a demolir [4].

Pode-se fazer quando a máquina está equiparada com um braço largo telescópico,

munido de uma ferramenta de demolição com dentes. Pode-se alcançar até 25 m.

Em obras de alvenarias principalmente, e no derrube de estruturas de betão de

pequena espessura e debilmente armadas, é um método muito rápido uma vez que

não requer a montagem de andaimes. Mesmo assim, o espaço necessário é muito

grande e exige uma grande distância de segurança, além do efeito de que podem

produzir-se derrubamentos incontrolados desfavoráveis.

O impacto ambiental é muito elevado e os escombros devem fragmentar-se antes

de se proceder ao seu carregamento. A capacidade depende da máquina, do

tamanho do edifício e dos materiais construtivos.

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5.2.2. Demolição por Compressão Efectuada com pás mecânicas, tractores bulldozer que arremetem de encontro à

construção empurrando-a ou fazendo desmoronar-se à custa de pancadas fortes.

Este processo é limitado ao alcance do braço da maquina, isto é a altura da

construção não deve ser maior que o comprimento do braço da maquina, medido

na sua projecção horizontal. Uma altura superior levaria a que os materiais caíssem

em sentido contrário, atingindo a máquina durante a queda.

Fig. 37 – Demolição por compressão

5.2.3. Demolição mecânica por queda de massa metálica suspensa Este sistema é o mais antigo em termos de utilização de maquinaria pesada e é

composto por uma bola de aço que actua pendurada por uma corrente, com

movimentos pendulares ou em queda livre e cujo peso varia entre os 500 e os 5.000

Kg. Não pode ser utilizado em desmontes parciais, em face da imprecisão do seu

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controlo, sendo pois aplicado apenas no desmantelamento total das construções

[3].

É efectuada por máquinas, do tipo das gruas móveis, que tem suspenso um cabo

com uma esfera metálica de grande peso a qual actua por movimento pendular ou

queda vertical à maneira de um pilão. O peso da bola varia com a natureza da obra

a demolir, mas sobretudo com as capacidades da máquina..

Neste tipo de demolição o aproveitamento de materiais recuperados é mínimo. Só

deve utilizar-se, portanto nos casos em que não está em causa esse aproveitamento

e apenas a rapidez da execução dos trabalhos.

As gruas torres não devem ser utilizadas neste tipo de demolição, uma vez que o

seu braço é permanentemente horizontal e o movimento a dar à esfera, pendular,

pode comprometer a sua estabilidade [4].

A demolição de um muro, por compressão, deve ter como limite como limite

máximo alturas de 7,00 metros, e a compressão fazer-se acima do centro de

gravidade do plano do muro, pois abaixo dele o desmoronamento dá-se em

direcção contrária ao pretendido.

Fig. 38. – Imagens de Demolição com “bola” artnow-sebi.blogspot.com/

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Fig. 38.A – Imagens de Demolição com “bola” artnow-sebi.blogspot.com/

5.3. Demolição com Máquinas Hidráulicas Fazendo uso da incompressibilidade, que é uma propriedade característica dos

fluidos, foram introduzidos no mercado, a partir dos anos 50, instrumentos de

variado tipo, que executam inúmeras funções de corte, esmagamento e

desmantelamento.

Estão neste caso as máquinas hidráulicas, sendo umas ligeiras, outras pesadas, estas

últimas conjugadas com máquinas locomotoras de lagartas ou de rodados de

grande e indispensável estabilidade, portantes das lanças com que actuam (ex.

Macaco hidráulico; Martelo hidráulico; Hidráulicos de maxilas com Pulverizador de

maxilas ou Tesoura de maxilas).

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Fig.39 - Tesoura Fig.40 - Martelo Fig.41- Pulverizador

Para o uso de tenazes que têm uma grande força de tracção e rotura, requer-se que

as máquinas sobre as quais vão apoiadas tenham uma grande estabilidade. Os

fabricantes oferecem distintas formas das mandíbulas, cada uma delas adaptado ao

material a derrubar e à função requerida.

5.4. Demolição de Estruturas com Explosivos Um edifício é considerado “demolido” com recurso a esta técnica quando a sua

estrutura, tendo sido severamente afectada por estes, entra em colapso, reduzindo-

se a um amontoado de escombros e pó, facilmente removíveis por meios

mecânicos a partir do terreno circundante [1].

Actualmente as técnicas de explosivos produzem uma resposta económica onde

outros métodos falham devido ao ruído, equipamento dispendioso,

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desenvolvimento insuficiente, inacessibilidade de material pesado e custos elevados

no material usado.

Mesmo assim, surgem destroços demasiado grandes que é necessário transformar

em tamanhos manuseáveis, por outro processo.

O controlo de explosivos requer um técnico especializado no local, para pré-

dimensionar e adaptar a carga de explosivos convenientemente na peça.

A aplicação de explosivos traz vantagens como ruído de amplitudes aceitáveis,

modo de transporte dos destroços mais acessíveis e económicos. 80 % dos

trabalhos de demolição são efectuados com misturas de nitroglicerina e nitrato de

amónio, comercializado com diferentes nomes. Estes explosivos exercem uma

pressão instantânea nominal de 360 Mt por kgf, à velocidade de 250/300 m/s,

apesar da percentagem de fogo ser controlada pelo diâmetro do cartucho [8].

Para fragmentar a estrutura são perfurados cavidades no centro e colocadas cargas

apropriadas ao tipo de trabalho que se quer realizar e ao grau de fragmentação

requerido.

As demolições por explosão controlada constituem um tipo de obra muito especial

dentro do campo de aplicação dos explosivos, quer pela sua dificuldade técnica,

quer pela sua singularidade e a espectacularidade dos resultados.

Mediante a explosão controlada consegue-se compatibilizar factores tão díspares

como rapidez, segurança e economia.

O sistema de demolição por explosão controlada consiste na perfuração e explosão

das bases de sustentação do edifício, de tal modo que ao produzir-se a detonação

das cargas explosivas, a edificação entre em colapso e se auto-destrua na sua caída,

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seguindo uma direcção de queda prefixada de antemão, mediante o adequado

posicionamento e sequência das cargas.

Para definir o sentido de queda do edifício actua-se sobre o posicionamento das

cargas explosivas, que definirão a cunha de rotura, e sobre a sequência das ditas

cargas, através do uso de detonadores eléctricos, que determinarão a sequência de

saída das ditas cargas. A união de ambos os planos estabelece de forma inequívoca

a direcção e o sentido de queda do edifício.

Como para qualquer outro trabalho que use explosivos, é necessária uma permissão

das entidades vigentes. Para isso um engenheiro de minas deve realizar uma

memória descritiva, que deverá ser entregue e aprovada pelas autoridades.

Em suma a selecção de um mecanismo de colapso básico ou de um conjunto de

vários é feita com base no conhecimento acumulado sobre a estrutura a demolir,

considerando as restrições impostas pelo meio envolvente da mesma. Na maior

parte das vezes, o mecanismo mais apropriado é claramente definido, permitindo

assim obter o resultado pretendido pelo técnico projectista.

Pode-se considerar a existência de quatro mecanismos de colapso básicos, existindo

a possibilidade de emprego dos mesmos de forma isolada ou em conjugação com

os demais [1].

5.4.1. Mecanismo tipo telescópio

Este mecanismo é empregue em estruturas ocas, onde a acção do seu peso próprio

durante a queda e no impacto com o solo não é preponderante: torres de

refrigeração das centrais termoeléctricas ou chaminés de alvenaria ou betão.

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Provoca-se a demolição, simultânea ou não, de vários troços em altura da estrutura

acabando esta por ruir, numa área semelhante àquela que ocupava. A queda da

estrutura assemelha-se ao fechar de um “telescópio” (Fig.43).

Fig.43 – Sequencia de demolição tipo Telescópio Provoca-se a demolição, simultânea ou não, de vários troços em altura da estrutura

acabando esta por ruir, numa área semelhante àquela que ocupava. A queda da

estrutura assemelha-se ao fechar de um “telescópio” (Fig.43).

5.4.2. Mecanismo tipo derrube O mecanismo tipo derrube é empregue em estruturas onde a relação entre a altura

e a base é grande, não havendo perigo se o colapso da estrutura for efectuado para

um dos seus lados: chaminés, depósitos elevados, bunkers e estruturas de aço como

postes de electricidade de alta tensão. Procura-se apenas derrubar a estrutura sobre

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uma área previamente definida, realizando um corte na base ou vários em altura, e

assim facilitar, a partir do solo, o acesso das máquinas à mesma. A queda da

estrutura assemelha-se ao corte de uma árvore (Figuras seguintes).

Normalmente, são realizados menos trabalhos preparatórios neste mecanismo

assim como são utilizadas menores quantidades de explosivos. No entanto, pode-se

induzir na estrutura, dependendo da sua construção, uma maior fragmentação

durante o colapso e no impacto com o solo. Permite, quando cuidadosamente

planeada, uma grande precisão do local da queda.

Fig.44 – Demolição tipo derrube Fig.45– Demolição tipo derrube

5.4.3. Mecanismo tipo implosão É o método mais utilizado e conhecido do público em geral. Utiliza-se uma

pequena quantidade de explosivos de forma a criar-se uma descontinuidade em

certos pontos na estrutura (normalmente pilares), fazendo com que esta entre em

ruína e que, através do seu peso próprio (com papel preponderante), se fragmente

o mais possível durante a queda e quando atinge o solo.

O colapso da estrutura é provocado centralmente fazendo com que a estrutura ceda

sobre si mesma, como se algo a “puxasse” na direcção do seu centro. O explosivo

apenas é colocado em determinados pisos ao longo da altura da estrutura. Assim,

espera-se que a parte desta onde não foram colocados explosivos se fragmente

apenas durante a queda e no impacto com o solo.

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É o método mais indicado para estruturas de elevado porte.

Um dos exemplos ainda recentes utilizado em Portugal: a demolição das 2 torres de

Tróia é apenas o episódio recente mais visível, em particular devido ao emprego da

técnica de demolição por implosão

Fig.46 - Sequência de demolição pelo mecanismo de colapso tipo implosão das

Torres de Tróia

5.4.3. Mecanismo tipo colapso progressivo Este mecanismo caracteriza-se por se assemelhar à queda de peças de um jogo de

dominó, em que o derrube da primeira peça vai provocar a queda sequencial das

restantes, e é normalmente empregue em edifícios contíguos ou com grande

desenvolvimento em comprimento.

O início do colapso sequencial pode ser conseguido por qualquer dos mecanismos

básicos referidos atrás, normalmente a implosão. A queda da estrutura tem assim

início no uso dos explosivos, mas o processo é continuado pela acção do impacto

da parte da estrutura inicialmente derrubada. Poder-se-ão empregar também

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explosivos no percurso do colapso sequencial, procurando assim facilitar o mesmo

(Fig. 47).

6. Resíduos da Construção e Demolição – (RC &D) Hoje em dia a construção civil e as obras públicas produzem um volume muito

significativo de resíduos em resultado, por um lado, do desperdício de materiais

novos incorporados e por outro lado, como produto das demolições a que é

necessário proceder na maior parte das construções.

Quadro 1 – Composição média dos RC&D na Europa [7].

Na lista de resíduos da EU os RCD correspondem ao capítulo 17:.

Os agregados granulares resultantes do aproveitamento e britagem destes

“entulhos” ou resíduos provenientes de obras de construção, reconstrução,

ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de edificações -

RC&D (cf. Artigo 3.º DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro), face às suas

características geomecânicas, podem assumir-se como uma mais-valia,

especialmente no contributo para a redução de um enorme passivo ambiental. [6]

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Estes materiais, que de outra forma seriam depositados em aterros sanitários ou até

em vazadouros clandestinos, poderão apresentar características e comportamentos

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geotécnicos muito semelhantes a certos agregados naturais extraídos com o

propósito de serem utilizados no processo construtivo de aterros, ou em camadas

de pavimento.

Segundo a FIR (Fédération Internationale du Recyclage), sedeada na Holanda, são

produzidos por ano na Europa mais de 200 milhões de toneladas deste tipo de

resíduos, dos quais apenas 30 a 40 % serão potencialmente reciclados [6].

Esta Federação, que congrega organizações de reciclagem de resíduos de vários

países europeus, aponta uma composição média para os resíduos da construção e

demolição – Quadro 1 (embora esta varie com as particularidades de cada país), que

evidencia o potencial intrínseco dos mesmos e a importância da triagem

preferencialmente na origem,

6.1. Obtenção dos Resíduos RC&D

A britagem destes subprodutos poderá ser feita em estaleiro central, numa

instalação de britagem fixa para onde serão transportados todos os resíduos, sendo

posteriormente reencaminhados para os locais de utilização.

Nas figuras seguintes podemos observar exemplos de instalações e equipamentos

para britagem de resíduos.

Em alternativa, poderá ser usado um equipamento de britagem móvel na zona de

origem dos resíduos (este procedimento será mais facilitado com o novo Decreto-

Lei sobre o regime da gestão de RC&D). Os resíduos depois de britados serão

transportados para o local de aplicação, conseguindo-se assim optimizar o custo da

movimentação dos materiais originais edos resultantes, em função do local de

destino final.

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Fig.48 - Exemplos de instalações e equipamentos para britagem de resíduos.

6.2. Processos de Recolha, Triagem e Britagem A britagem / reciclagem dos materiais provenientes de demolições (p.e. betão e

alvenarias) tem duplo objectivo: por um lado, promove a redução do volume de

resíduos a levar a aterro e por outro lado, a produção de “agregados reciclados”. A

qualidade final destes agregados depende também dos métodos utilizados no

desmantelamento/demolição das infra-estruturas e do processamento a que

mesmos são sujeitos.

6.2.1. A demolição / recolha Os detritos resultantes da “demolição primária” têm que ser reduzidos no seu

tamanho, de modo a facilitar o transporte para a reciclagem. Para o efeito utilizam-

se pulverizadores de betão, hidráulicos e mecânicos, para separar o betão das

armaduras. Esta operação se for executada no local da demolição reduz os custos

de transporte e a contaminação. A “demolição selectiva” consiste no

desenvolvimento das seguintes actividades no local de origem dos resíduos:

separação dos materiais, em segurança e com eficiência, de acordo com as suas

características; redução ao mínimo das poeiras, do ruído e das vibrações;

implementação da recolha selectiva de resíduos (metais, madeiras, coberturas, etc.)

com vista a sua máxima valorização. A recolha dos resíduos é feita habitualmente

em contentores metálicos de várias capacidades, consoante as necessidades da obra

e a oferta do mercado. Em trabalhos com maiores rendimentos são utilizados os

camiões basculantes vulgarmente utilizados para transporte dos agregados naturais.

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6.2.2. A triagem O processo de triagem mais completo comporta normalmente as 5 fases que a

seguir se identificam:

a) Pré triagem - consiste na retirada dos resíduos de maiores dimensões e dos

indesejados para o processo que se segue;

b) Crivagem - que normalmente é do tipo rotativo e utiliza uma malha de 20 mm;

c) Triagem por ventilação - é aplicada uma corrente de ar aos resíduos para que os

elementos mais pequenos e leves sejam soprados para um compartimento

apropriado;

d) Triagem manual - vários operadores, trabalhando ao longo de um tapete

horizontal, retiram manualmente os vários produtos a recuperar (madeira, papel,

plástico, etc.);

e) Triagem magnética - os elementos férreos são retirados por acção magnética.

Fig.49 - RCD- Triados na demolição de uma Fabrica

6.2.3. A britagem Após a triagem os materiais podem ser britados in situ ou transportados para uma

central fixa.

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As unidades móveis de britagem podem produzir 60 a 70 toneladas/hora de

agregados a partir de RC&D, compostos maioritariamente por betão, com

granulometria extensa 0/56 mm, após separação de metais. A britagem dos

resíduos é executada por equipamentos correntes de britagem e normalmente tem

capacidade de produção superior á da linha de triagem, pelo que, é comum a

britagem não trabalhar em continuo com a triagem

6.3. Valorização dos Agregados Quantidades crescentes de materiais reciclados são usadas na construção em todo o

mundo como suplemento dos agregados naturais (britas, areias e cascalhos) [7].

A reciclagem tem a grande vantagem de solucionar ao mesmo tempo a eliminação

de materiais usados e aproveitar estes resíduos para obter uma nova matéria-prima,

reduzindo assim a quantidades de recursos naturais primários a extrair. Tem

também a vantagem de reduzir o espaço destinado a depósitos de resíduos.

A qualidade dos reciclados está dependente dos métodos utilizados no

desmantelamento/demolição das infra-estruturas. A demolição selectiva consiste

basicamente em separar os materiais de acordo com as suas características

Fig.50 - Equipamentos utilizados na demolição Selectiva

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Após a triagem os materiais podem, inclusive, ser britados in situ. Uma unidade

móvel de britagem pode produzir 60-70 toneladas /hora de agregados a partir de

RCD – tipicamente betão armado – com granulometria extensa 0/56mm, após

separação dos metais.

Fig.51 - Unidade Móvel de Britagem Em Portugal estas técnicas foram utilizadas com sucesso em grandes obras de

demolição nomeadamente, o tratamento feito aos escombros das demolições na

zona da Expo 98, na fábrica de adubos do Barreiro, na fábrica da Portucel Recicla

(Mourão), no antigo Estádio da Luz, nas torres de Tróia e no antigo Hotel Estoril

Sol.

Aquando da pesquisa bibliográfica constatamos que este tema dos RC& D é um

assunto devidamente enquadrado legalmente e que é paralelo à demolição de

qualquer estrutura, ficando ainda muito por dissertar acerca do mesmo. Seguindo-

se a esta fase os Aterros de Resíduos.

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CONCLUSÃO Apesar de em Portugal ainda se proceder maioritariamente à demolição de edifícios

de alvenaria de pedra, está próximo o fim do período de vida útil de parte dos

edifícios de betão armado. É neste cenário que os empreiteiros Portugueses

deverão ponderar a aplicação de novas técnicas de demolição, mais rentáveis e

menos poluidoras.

A demolição de edifícios pelo uso controlado de explosivos é já empregue com

bastante frequência na Europa, Estados Unidos,,Japão e outros países, e poderá ser

uma alternativa em Portugal. No entanto é fundamental referir que ainda haverá

um longo percurso a percorrer pelas nossas empresas até se conseguirem atingir os

níveis e padrões de aplicação desta técnica de demolição alcançados no estrangeiro.

Estes níveis, embora não atinjam ainda o seu máximo potencial, são bastante

elevados dado o número de eventos realizados, já que o conhecimento da arte

advém fundamentalmente da experiência.

O desmonte de maciços è de grande importância, nomeadamente para a engenharia

civil. Quer a nível de tilização de pedra ornamental, quer na utilização de pedra

proveniente de britagem (desmonte a céu aberto).

Muitas construções tem por vezes de “enfrentar” os obstáculos naturais que

surgem, estradas, barragens, túneis, etc; para que se dê lugar à construção muitas

vezes tem que se proceder ao desmonte de rocha.

Para tal, recorre-se a processos mecânicos ou ao uso de explosivos, de acordo com

o resultado pretendido e com as condições do meio de implementação da

construção.

Existe todo um estudo que deve preceder o inicio da construção e que deve ser

cuidadosamente elaborado.

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É importante para arquitectos e engenheiros perceber que as edificações não duram

para sempre e que uma eventual demolição deve ser tida em consideração quando

se desenha e constrói novas estruturas. Se isto não for feito é bastante concebível

que os custos de demolição em certos edifícios excederão, certamente, o custo da

própria construção [9].

Existem vários processos de demolição, o processo a empregar deverá basear-se

num conjunto de factores relacionados com as características da construção a

demolir, com as construções e o meio envolvente, a vontade ou não de recupera o

mais possível os materiais demolidos, o prazo disponível para a realização do

trabalho, entre outros.

Só a ponderação dos factores enunciados anteriormente conduzirá à decisão final,

que muitas vezes não é a mais desejável, mas a mais viável

Concluímos também que a recuperação de materiais outrora considerados resíduos

está cada vez mais na ordem do dia. No caso dos provenientes das construções e

das demolições, a sua utilização já não apresenta dificuldades acrescidas

comparativamente com os agregados novos. O conhecimento que já existe sobre a

utilização dos produtos resultantes, incluindo o respectivo controlo de qualidade,

evidenciam o bom desempenho dos mesmos e pode conduzir a benefícios

económicos e ambientais muito importantes.

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BIBLIOGRAFIA Recolha de algumas sebentas disponíveis de alunos da UFP desde 2003. Sebentas fornecidas pelo docente. [7] Martinho, F. “A VALORIZAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA

CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RC&D) EM PAVIMENTOS

RODOVIÁRIOS”

[2] GONÇALVES, A. - “Recomendações de segurança em demolições de edifícios por explosões

controladas”, Tese de Mestrado, Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e

Tecnologia, 1998.

[4]Http://paginas.fe.up.pt/~construc/gp/docs200405/caderno_encar/exe_trabalh

os/Demolicoes.pdf

[1] Gomes, R. – “Demolição de Estruturas pelo uso Controlado de Explosivos”, Dissertação

de Mestrado. Instituto Superior Técnico, Lisboa 2000.

Bastos, M. J. – “A GEOTECNIA NA CONCEPÇÃO, PROJECTO E

EXECUÇÃO DE TÚNEIS EM MACIÇOS ROCHOSOS”. Tese e Mestrado,

Junho de 1998, Lisboa, Portugal.

Costa e Silva, “CRITÉRIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

DE MACIÇOS ROCHOSOS PARA OBRAS SUBTERRÂNEAS”. Congresso de

Engenheiros, ordem dos engenheiros. 2001, Vidago, Portugal.

[6] Martinho, F. - “Reciclagem de Pavimentos - Estado da Arte, Situação Portuguesa e

Selecção do Processo Construtivo”. Tese de Mestrado. Universidade de Coimbra.

Coimbra (Portugal), 2004.

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http://www.anepac.org.br/22/pdf_2004/03WalterValery.pdf

Artnow. Home Page.[Em linha]. Disponível em

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www.devoconsa.es/es/aula/formacion_demoliciones. [Consultado em

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Anexos

Fotos diversas de máquinas e levantamentos de fotos aéreas de obras.

Máquinas

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