MCI Mod5 Seguranca Contra Incendiol

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Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal Manual bsico de combate a incndio

Mdulo 5 - Segurana contra incndio 2006

Manual Bsico de Combate a Incndio do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito FederalAprovado pela portaria no 30, de 10 de novembro de 2006 e publicado no Boletim Geral no 216, de 16 de novembro de 2006. Comisso de Elaborao TEN-CEL QOBM/Comb. RICARDO V. TVORA G. DE CARVALHO, mat. 00188-0 CAP QOBM/Comb. LUCIANO MAXIMIANO DA ROSA, mat. 00322-0; CAP QOBM/Comb. MARCELO GOMES DA SILVA, mat. 00341-7; CAP QOBM/Compl. FBIO CAMPOS DE BARROS, mat. 00469-3; CAP QOBM/Compl. GEORGE CAJATY BARBOSA BRAGA, mat. 00477-4; CAP QOBM/Comb. ALAN ALEXANDRE ARAJO, mat. 00354-9; CAP QOBM/Comb. HELEN RAMALHO DE O. LANDIM, mat. 00414-6; CAP QOBM/Comb. DEUSDETE VIEIRA DE SOUZA JNIOR, mat. 00404-9; 1o TEN QOBM/Comb. VANESSA SIGNALE L. MALAQUIAS, mat. 09526-6; 1o TEN QOBM/Comb. ANDR TELLES CAMPOS, mat. 00532-0; 1o TEN QOBM/Comb. SINFRNIO LOPES PEREIRA, mat. 00570-3; 1o TEN QOBM/Comb. MARCOS QUINCOSES SPOTORNO, mat. 00565-7; 2o TEN QOBM/Comb. KARLA MARINA GOMES PEREIRA, mat. 00583-5; 2o TEN QOBM/Comb. RISSEL F. C. CARDOCH VALDEZ, mat. 00589-4; 2o TEN QOBM/Comb. MARCELO DANTAS RAMALHO, mat. 00619-X; 2o TEN KARLA REGINA BARCELLOS ALVES, mat. 00673-4; 1o SGT BM GILVAN BARBOSA RIBEIRO, mat. 04103-3; 2o SGT BM EURPEDES JOS SILVA, mat. 04098-3; 3o SGT BM JOAQUIM PEREIRA LISBOA NETO, mat. 06162-X; 3o SGT BM HELDER DE FARIAS SALAZAR, mat. 07265-6. Comisso de Reviso TEN-CEL QOBM/Comb.WATERLOO C. MEIRELES FILHO, mat.00186-4; MAJ QOBM/Comb. MRCIO BORGES PEREIRA, mat. 00249-6; CAP QOBM/Comb. ALEXANDRE PINHO DE ANDRADE, mat. 00383-2; 1o TEN QOBM/Compl. FTIMA VALRIA F. FERREIRA, mat. 00597-5; 2o TEN QOBM/Comb. LCIO KLEBER B. DE ANDRADE, mat. 00584-3. Reviso Ortogrfica SBM QBMG-1 SOLANGE DE CARVALHO LUSTOSA, mat. 06509-9.

Braslia-DF, 10 de novembro de 2006.

SOSSGENES DE OLIVEIRA FILHO Coronel QOBM/Comb. Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal

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Sumrio Introduo.............................................................................3 1. Aspectos gerais................................................................5 2. Sistema de Segurana contra Incndio e Pnico ............112.2. Aspectos funcionais............................................................... 15Mdulo 5 Segurana contra incndio

2.1. Base legal.............................................................................. 11

3. Classificao das medidas de proteo...........................19 4. Sistemas de proteo contra incndio e pnico..............234.1. Sadas de emergncia ............................................................ 25

4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5

Escada no enclausurada .............................................. 31 Escada enclausurada protegida..................................... 31 Escada enclausurada prova de fumaa ...................... 33 Escada enclausurada prova de fumaa pressurizada.. 36 Dimensionamento das sadas de emergncia ................. 38

4.2. Iluminao de emergncia ..................................................... 39 4.3. Sinalizao de emergncia ..................................................... 42 4.4. Deteco automtica e alarme manual de incndio ............... 46

4.4.1 Central de alarme e painel repetidor ............................ 47 4.4.2 Detectores..................................................................... 484.4.2.1. 4.4.2.2. 4.4.2.3. 4.4.2.4. 4.4.2.5. Detector Detector Detector Detector Detector de fumaa ...............................................49 de temperatura .......................................52 de chama.................................................53 linear.......................................................54 de fumaa por amostragem.....................55

4.4.3 Avisadores audiovisuais ................................................ 57 4.4.4 Acionadores Manuais.................................................... 584.5. Instalaes prediais de gs liquefeito de petrleo (GLP) ....... 59

4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5

Limites de inflamabilidade do GLP .............................. 62 Forma de armazenamento do GLP............................... 62 Recipientes transportveis ............................................ 63 Recipientes estacionrios .............................................. 68 Sistema canalizado de gs............................................. 69

4.6. Extintores de incndio .......................................................... 76

4.6.1 Aspectos gerais ............................................................. 77

2

4.6.2 Dimensionamento para as classes de incndio...............814.7. Hidrantes de parede .............................................................. 85 4.8. Mangotinhos ......................................................................... 97 4.9. Chuveiros automticos (sprinklers) ....................................... 98Mdulo 5 Segurana contra incndio

4.9.1 4.9.2 4.9.3 4.9.4 4.10.1 4.10.2 4.10.3 4.10.4

Classificao dos sistemas ........................................... 102 Classificao dos riscos das ocupaes ........................ 105 Componentes do sistema............................................. 108 Tipos de chuveiros (bicos) .......................................... 116

4.10. Sistemas de supresso especiais......................................... 118

Sistemas de supresso por inundao por CO2 .......... 119 Sistemas fixos de combate por agentes limpos .......... 122 Sistemas de supresso por inundao por HFC-227 .. 125 Sistemas de supresso por inundao por gs argonite (INERGEN) e argnio .............................................. 127 4.10.5 Sistema de gua nebulizada e tecnologia Water Mist129 4.10.6 Sistema de combate a incndio com espuma............. 133atmosfricas ...................................................................... 136

4.11. Instalaes eltricas e sistema de proteo contra descargas

4.12. Brigadas de incndio e planos de emergncia .................... 138

Bibliografia........................................................................141

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IntroduoEste mdulo do manual tem o objetivo de apresentar aos bombeiros, de forma bsica, o funcionamento dos sistemas de proteo contra incndio e pnico existentes nas edificaes, conforme suas caractersticas construtivas, a fim de que essas informaes sejam utilizadas pelas guarnies para melhorar a eficincia nas aes de salvamento e combate a incndio. Embora, em um primeiro momento, possa parecer que as informaes sobre os sistemas de segurana contra incndio e pnico sejam muito tcnicas ou desnecessrias, uma vez que elas devem ser implementadas bem antes da existncia de qualquer sinistro, cabe ressaltar que o seu conhecimento de extrema importncia para a atuao do bombeiro em um incndio predial. Saber, por exemplo, quais as reas elaboradas para se tornarem seguras em um incndio o que faz a diferena entre a morte e a vida. O contedo ora abordado no esgota o assunto e no direcionado aos profissionais de fiscalizao dos sistemas de segurana contra incndio e pnico, mas visa fornecer ao combatente um panorama completo sobre a sua rea de atuao, fazendo com que ele aja com segurana tanto no que se refere s vtimas como a si mesmo.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Mdulo 5 Segurana contra incndio 4

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1. Aspectos geraisAo serem chamadas para atender a ocorrncia de incndio em edificao, normalmente, as guarnies encontram sistemas de proteo do prprio prdio, tais como: sadas de emergncia, extintores, hidrantes e chuveiros automticos (sprinklers), etc. Tais sistemas de proteo so projetados e executados por profissionais da rea de engenharia, aps aprovao do CBMDF e, portanto, no foram instalados aleatoriamente em uma edificao. Os sistemas se destinam, principalmente, a facilitar as aes de combate a incndio e salvamento desenvolvidas pelas equipes de socorro. Por esses motivos, saber utiliz-los torna-se fundamental. Os bombeiros podem e devem usar, prioritariamente, os meios que a edificao dispe no combate e no salvamento de vtimas. A utilizao desses recursos na ttica de combate a incndios facilita as aes, diminuindo os riscos associados ao uso de outras tcnicas. Portanto, conhecer os sistemas de proteo contra incndio e pnico das edificaes fator preponderante para o bom desempenho nas aes de bombeiros, uma vez que o socorro ser mais eficiente na medida em que a guarnio souber tirar proveito dos recursos instalados no prdio. O combate a incndio se realiza por meio de um ciclo operacional composto por trs fases: preveno, extino (ou combate propriamente dito) e percia. A percia refere-se investigao das causas de incndio. A extino refere-se s tcnicas e tticas de combate propriamente ditas, tratadas nos mdulos 3 e 4 deste manual. A preveno antecede a ocorrncia do incndio. Normalmente, Mdulo 5 Segurana contra incndio

desenvolvida por meio de palestras, instrues, e, principalmente, adoo de medidas de proteo contra incndio e pnico. Tais medidas so o

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tema deste mdulo e englobam os sistemas de proteo contra incndio e pnico. Porm, antes de dar incio ao tema, faz-se necessrio conhecer um pouco mais sobre a engenharia de segurana contra incndio e pnico. No passado, os profissionais de segurana exerciam suas funes empiricamente, utilizando apenas treinamentos bsicos adquiridos emMdulo 5 Segurana contra incndio

suas ocupaes. Pouco a pouco, a segurana tem se convertido em uma cincia completa e multidisciplinar. Atualmente, os diversos ramos da segurana (pessoal, patrimonial, do trabalho ou contra incndio) lanam mo, em larga escala, de recursos altamente tecnolgicos. A engenharia de proteo contra incndios o campo da engenharia que trabalha para a salvaguarda da vida e do patrimnio, minimizando eventuais perdas devidas ao fogo e s exploses, bem como por outros danos decorrentes do sinistro. O engenheiro de proteo contra incndios se preocupa tanto com a proteo de instalaes, quanto com a segurana das vidas humanas. por isso que muitos se referem profisso como a segurana contra incndio e pnico, unindo assim a segurana da vida humana com a das instalaes. A segurana contra incndio e pnico uma rea bastante dinmica, uma vez que est intimamente relacionada evoluo dos conhecimentos tcnico-cientficos, mas seu dinamismo no est (nem pode estar) restrito somente ao conhecimento tecnolgico. Ela deve levar em considerao a forte inter-relao com os demais ramos do conhecimento. A segurana contra incndio e pnico, portanto, resulta da interao positiva entre os diversos ramos da engenharia (civil, eltrica, mecnica etc.), com a rea fsico-qumica e com reas econmico-administrativas e comportamentais, ou seja, a consecuo da segurana contra incndio e pnico deve ponderar tanto os aspectos tcnico-materiais como os aspectos scio-econmicos presentes na dualidade homem-meio.

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A atividade de segurana contra incndio e pnico relaciona diversos atores sociais: usurios das edificaes, rgos pblicos de fiscalizao, seguradoras, empresas prestadoras de servio de segurana contra incndio e pnico, profissionais de projeto e construtoras, alm de entidades e laboratrios de pesquisa. Cada um desses setores da sociedade possui interesses especficos, que, por vezes, entram em conflito. Esses interesses conflitantes, muitas vezes, so totalmente legtimos. Logo, preciso que os interesses de cada setor sejam equilibrados e respeitados. O sistema global de segurana contra incndio e pnico um conjunto de aes que se originam do perfeito entendimento dos objetivos da segurana contra incndio e dos requisitos funcionais a serem atendidos pelos edifcios. Edifcio seguro contra incndio aquele que possui uma baixa probabilidade de incio de incndio e, caso ocorra, h alta probabilidade de que todos os seus ocupantes sobrevivam sem sofrer qualquer injria e, no qual os danos s propriedades sero confinados s vizinhanas imediatas do local em que se iniciou, sendo reduzidas as perdas provocadas pelo incndio. Para tal, as edificaes devero possuir os seguintes requisitos funcionais: dificultar a ocorrncia do incndio, bem como a sua generalizao no ambiente onde se originou; facilitar a extino do incndio antes da ocorrncia da generalizao no ambiente onde eclodiu; dificultar a propagao do incndio para outros ambientes do edifcio, uma vez que o incndio se generalizou no seu ambiente de origem;Mdulo 5 Segurana contra incndio

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facilitar a fuga dos usurios da edificao; dificultar a propagao do incndio para outros edifcios; no sofrer runa parcial ou total; facilitar as operaes de combate ao incndio e de resgate deMdulo 5 Segurana contra incndio

vtimas. Com base nos requisitos funcionais que os edifcios devem possuir, so adotadas as medidas de preveno e de proteo contra incndio. As medidas de preveno visam controlar o risco do incio do incndio; e as medidas de proteo visam proteger a vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incndio, sendo divididas em duas categorias: uma relativa ao processo produtivo e a outra relacionada ao uso do edifcio, podendo ser ativas ou passivas. O CBMDF, por meio da Diretoria de Servios Tcnicos, adota medidas que atuam nas duas categorias acima referenciadas, na anlise do projeto e na vistoria, consecutivamente, como ser abordado mais adiante. Na anlise de projetos, so verificadas as medidas relacionadas com o processo de produo do edifcio, como: o correto dimensionamento das instalaes de servio, a proviso da sinalizao de emergncia, o controle da quantidade de materiais combustveis incorporados aos elementos construtivos, a proviso de equipamentos de combate, a compartimentao, a proviso de detectores, etc. Na vistoria, so observadas as medidas relacionadas com o uso da edificao, como: a manuteno das instalaes, a conscientizao do usurio, a quantidade de materiais combustveis incorporados e

estocados, a elaborao de planos de abandono, a formao e treinamento de brigadas, etc.

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Portanto, os conceitos de edifcio seguro e de segurana global norteiam as aes da Diretoria de Servios Tcnicos nas suas exigncias e ditam a filosofia de trabalho na rea da segurana contra incndio e pnico.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Mdulo 5 Segurana contra incndio 10

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2. Sistema de segurana contra incndio e pnico2.1. Base legal O Corpo de Bombeiros Militar rgo integrante da segurana pblica. De acordo com a Carta Magna, em seu artigo 144, a segurana pblica dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, sendo exercida por meio de alguns rgos para a preservao da ordem pblica e da incolumidade, tanto das pessoas como do patrimnio. Aos corpos de bombeiros militares cabem ainda as funes de defesa civil e outras especificadas em lei. As competncias do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) so definidas pela Lei no 8.255 (LOB Lei de Organizao Bsica), de 20 de novembro de 1991, regulamentada pelo Decreto no 16.036 (RLOB Regulamento da Lei de Organizao Bsica), de 4 de novembro de 1994. No contexto deste mdulo, interessam as competncias que dizem respeito segurana contra incndio e pnico. Dentre elas destacam-se: realizar servios de preveno e extino de incndios; realizar percias de incndios; realizar pesquisas tcnico-cientficas com vistas obteno de produtos e processos que permitam o desenvolvimento de sistemas de segurana contra incndio e pnico; realizar atividades de segurana contra incndio e pnico com vistas proteo das pessoas e dos bens pblicos e privados; fiscalizar o cumprimento da legislao referente preveno 1 contra incndio e pnico; desenvolver, na comunidade, a conscincia para os problemas relacionados com a segurana contra incndio e pnico.Mdulo 5 Segurana contra incndio

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O texto legal cita preveno, mas acredita-se ser mais apropriado o uso do termo segurana.

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A segurana contra incndio e pnico envolve a preveno, o combate (extino) e a percia de incndios. No entanto, cabe impor restries ao mbito do presente mdulo, pois so tratados apenas dos incndios urbanos, mais especificamente dos incndios em edificaes. PorMdulo 5 Segurana contra incndio

esse motivo, deixam de ser abordados outros tipos de incndio. Para dar cumprimento s competncias relacionadas

anteriormente, o CBMDF dispe de um sistema de engenharia de segurana contra incndio e pnico composto pela Diretoria de Servios Tcnicos, pela 7a Seo do Estado-Maior-Geral e pelos Grupos e Sees de Servios Tcnicos das Unidades Operacionais. O Estado-Maior-Geral (EMG) o rgo de direo geral responsvel pelo estudo, planejamento, coordenao, fiscalizao e controle de todas as atividades da Corporao. encarregado da elaborao de diretrizes e ordens do comando, acionando os demais rgos (de direo setorial, de apoio e de execuo) no cumprimento de suas atividades. Sua ligao com o sistema de engenharia de segurana contra incndio e pnico se d por meio de vrios rgos dos quais se destaca a 7a Seo, que a responsvel pelo assessoramento em questes relativas legislao tcnica, pesquisa tecnolgica, percias e prevenes. Outro rgo a Diretoria de Servios Tcnicos (DST), sendo este organismo de direo setorial do sistema. Incumbe-se de estudar, analisar, planejar, controlar e fiscalizar as atividades atinentes segurana contra incndio e pnico no Distrito Federal. Entre suas competncias orgnicas esto: realizar contatos com rgos externos Corporao; elaborar normas de segurana contra incndio e pnico e propor programas relativos sua rea de atribuio;

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propor o aperfeioamento da poltica, da administrao, da legislao e das normas vigentes; promover estudos, anlises e pesquisas, tendo em vista o aprimoramento e a racionalizao das atividades relacionadas com segurana contra incndio e pnico; planejar, orientar, coordenar, controlar e fiscalizar as atividades do servio de hidrantes da Corporao; expedir pareceres tcnicos sobre segurana contra incndio e pnico.Mdulo 5 Segurana contra incndio

As unidades operacionais so rgos setoriais de execuo, responsveis pelo planejamento estratgico, coordenao, controle,

fiscalizao e execuo de atividades operacionais e administrativas dentro de sua rea de atuao. Dentre suas atribuies esto: manter registro estatstico das ocorrncias verificadas em sua rea de atuao; planejar, coordenar e fiscalizar a atuao e o cumprimento da legislao referente segurana contra incndio e pnico; apoiar a DST em suas competncias, com pessoal treinado para a realizao de vistorias; manter banco de dados sobre os sistemas de segurana contra incndio e pnico existentes em suas reas de atuao, mediante o processamento das informaes coletadas nos servios de vistorias tcnicas.

O sistema de engenharia de segurana contra incndio e pnico do CBMDF cumpre uma importante funo, que a de fazer a conexo

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entre os diversos segmentos de combate a incndios 2 da Corporao. Uma atuao eficiente, integrada e de qualidade nos diversos ramos da segurana contra incndio e pnico do Corpo de Bombeiros obtida no trabalho articulado dos setores de preveno, extino e percia de incndios. A importncia prtica dessa integrao para as unidadesMdulo 5 Segurana contra incndio

operacionais indiscutvel, visto que lhes pode ser disponibilizado, por exemplo, o mapeamento das edificaes de sua rea de atuao com riquezas de detalhes. E, desse modo, aumentar sua eficincia, na medida em que dispem de melhores recursos tcnicos e tticos de combate a incndios.

Figura 1 - Ciclo operacional: integrao da preveno, da extino e da percia de incndio

A legislao tcnica que dava suporte a essa estrutura de segurana contra incndio e pnico do CBMDF at o ano de 2000 era o Decreto no 11.258, de 16 de setembro de 1988, o qual foi substitudo pelo Decreto no 21.361, de 20 de julho de 2000. A grande vantagem do atual regulamento de segurana contra incndio e pnico (RSIP) tratar apenas de aspectos gerais, deixando a regulamentao especfica de2

Fala-se em rea de combate a incndios em sentido amplo, envolvendo a preveno, o combate propriamente dito (ou extino) e a percia de incndios, e formando, em conjunto, um sistema completo.

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sistemas de proteo contra incndio e pnico para as normas tcnicas (NTs). As NTs so editadas mediante portaria do Comandante-Geral da Corporao, o que permite que acompanhem passo a passo as evolues tecnolgicas dos sistemas de proteo. Na falta de NT do CBMDF sobre algum sistema, so adotadas as normas dos rgos oficiais (Ministrio do Trabalho e Emprego, Agncia Nacional de Petrleo) ou da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), por exemplo. E no caso de inexistncia de normas nacionais atinentes a determinado assunto, podero ser utilizadas normas internacionais (com a National FireMdulo 5 Segurana contra incndio

Protection Association NFPA ou a British Standard - BS).Cabe ressaltar que o RSIP aplica-se a edificaes novas, alm de servir como exemplo de situao ideal, que deve ser buscada em adaptaes de edificaes existentes, consideradas as limitaes e possibilidades de adequao, ou seja, nos casos em que a adoo dos meios de proteo contra incndio e pnico prejudique,

comprovadamente, as condies estruturais do edifcio, as exigncias constantes em Normas Tcnicas do CBMDF podero ser dispensadas ou substitudas, desde que sejam garantidos os recursos bsicos de segurana das pessoas, a critrio do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

2.2. Aspectos funcionais A segurana contra incndio e pnico inicia-se no planejamento de uma cidade, bairro ou quadra, isto , no planejamento urbanstico. Nessa fase, deve ser pensada a localizao dos hidrantes urbanos e do quartel de atendimento a emergncias, conjuntamente com a definio dos critrios de parcelamento territorial (taxa de ocupao dos lotes, afastamentos, vias de acesso), de destinao dos imveis (comerciais, residenciais, industriais) e de porte das edificaes (altas, baixas, etc.).

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No entanto, a participao de profissionais especializados em segurana contra incndio e pnico na fase de urbanismo ainda muito incipiente no pas. Uma atuao um pouco mais representativa (porm, ainda tmida) ocorre na fase do planejamento arquitetnico e estrutural (projeto do prdio). Isso porque a dinmica do incndio afeta e afetadaMdulo 5 Segurana contra incndio

por critrios de distribuio de espaos, de circulaes horizontais (corredores) e verticais (escadas, rampas, elevadores) e por aspectos de ventilao e de resistncia estrutural, entre outros. Porm, efetivamente, a proteo contra incndio pensada na fase do projeto de instalaes. O projeto de instalaes contra incndio e pnico (ou simplesmente projeto de incndio) o planejamento de como os sistemas de proteo contra incndio e pnico cumpriro sua funo no prdio. Determina critrios de aquisio, instalao, funcionamento e manuteno dos sistemas. A anlise do projeto de incndio tem por funo fiscalizar os critrios mnimos de segurana impostos pela legislao. Na anlise, so verificadas as adequaes dos sistemas projetados quanto legislao em vigor. O ideal que o projeto anteceda a obra, mas nem sempre isso acontece. A inverso da ordem projeto obra causa transtornos e aumento de custos. Finalizada a obra, para que a edificao possa ser ocupada, deve ser obtido o documento de habite-se. A emisso da carta de habite-se leva em conta o parecer da vistoria tcnica do CBMDF. A vistoria para habite-se confere a adequao dos sistemas de proteo contra incndio e pnico executados em relao ao projeto de incndio aprovado anteriormente.

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Aps a vistoria para habite-se 3 , as edificaes, em geral, necessitam ser aprovadas em vistoria tcnica do CBMDF para receberem o alvar de funcionamento e desenvolverem determinada atividade comercial ou industrial. Na vistoria para alvar de funcionamento, verificada a adequao dos sistemas instalados, de acordo com a atividade a ser desempenhada no local, podendo ser emitido um alvar permanente (ou definitivo), ou um precrio (ou temporrio) ou, ainda, um eventual. No caso do alvar de funcionamento para atividades eventuais, ou seja, para shows, festas, encontros, feiras, etc. que ocorram fortuitamente em edificaes ou outras reas, a vistoria tcnica realizada pelo CBMDF busca verificar a adequao dos sistemas instalados (inclusive afastamentos) com a atividade a ser desenvolvida. Porm, por se tratarem de atividades que estimulam a concentrao de pblico, dado um enfoque especial aos sistemas que auxiliam a fuga das pessoas em caso de sinistro.Mdulo 5 Segurana contra incndio

3

A emisso do alvar de funcionamento regida por legislao prpria, que no se vincula, necessariamente, emisso prvia do habite-se.

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Consulta Prvia

Projeto Urbanstico

Projeto Arquitetnico

Projeto de Incndio Anlise

Mdulo 5 Segurana contra incndio

Vistorias inopinadas, por denncia e a pedido.

Vistoria Alvar Funcionamento

Vistoria Habite-se

Edificao Funcionando

Edificao Construda

Obra

Figura 2 - Fluxograma de uma obra de engenharia

Vale ressaltar que a fiscalizao do CBMDF no se limita a essas etapas, pois a Corporao realiza ainda vistorias tcnicas ocasionais, que podem ser motivadas por denncias ou por pedidos, ou, ainda, por demanda prpria. As primeiras visam dar resposta a relatos sobre a existncia de obras, edificaes ou outras reas em desacordo com as normas de segurana; enquanto que a vistoria a pedido realizada quando h uma solicitao de verificao das condies de segurana contra incndio e pnico de determinado local, a qual pode se restringir a um determinado sistema de proteo. J a vistoria inopinada s realizada quando h demanda interna. Ela pode ocorrer quando, por exemplo, houver a necessidade de se fazer um levantamento estatstico, no caso de ocorrncias graves em locais similares, devido a uma determinao do comando, etc.

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3. Classificao das medidas de proteoAs medidas de proteo contra incndio e pnico podem ser englobadas em duas categorias de medidas de proteo: a passiva e a ativa. A proteo passiva 4 pode ser entendida como o conjunto de medidas de preveno e controle do surgimento, do crescimento e da propagao do incndio. Destaca-se que ela cumpre a sua funo independentemente da ocorrncia de sinistros. Tais medidas garantem a resistncia ao fogo dos elementos construtivos e dificultam a propagao da fumaa nos ambientes, alm de facilitar a fuga dos usurios, permitindo a aproximao e o ingresso de bombeiros na edificao para o desenvolvimento das aes de combate a incndios. A proteo ativa, por sua vez, est intimamente relacionada ocorrncia do sinistro, respondendo, manual ou automaticamente, aos estmulos provocados pelo fogo. Logo, so medidas de combate a incndio compostas basicamente pelas instalaes prediais de proteo contra incndio. De acordo com o RSIP, as medidas de proteo mais conhecidas so: I Passivas a) Meios de preveno contra incndio e pnico: correto dimensionamento das instalaes eltricas; sistema de proteo contra descargas atmosfricas (SPDA) e de iluminao de emergncia; sinalizao de segurana; eMdulo 5 Segurana contra incndio

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A NBR 14432:2000 da ABNT define a proteo passiva como sendo: Conjunto de medidas incorporadas ao sistema construtivo do edifcio, sendo funcional durante o uso normal da edificao e que reage passivamente ao desenvolvimento do incndio, no estabelecendo condies propcias ao seu crescimento e propagao, garantindo a resistncia ao fogo, facilitando a fuga dos usurios e a aproximao e o ingresso no edifcio para o desenvolvimento das aes de combate.

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uso adequado de fontes de ignio e de produtos perigosos. b) Meios de controle do crescimento e da propagao do incndio e do pnico:Mdulo 5 Segurana contra incndio

controle

de

quantidade

de

materiais

combustveis

incorporados aos elementos construtivos, decorativos e de acabamentos; controle das caractersticas de reao ao fogo dos materiais incorporados aos elementos construtivos; controle da fumaa e dos produtos da combusto; compartimentao horizontal e vertical; e afastamentos entre edificaes. c) Meios de deteco e alarme 5 : sistema de: alarme, deteco de incndio, comunicao de emergncia, observao e vigilncia (circuito fechado de TV). d) Meios de escape: sadas de emergncia; e aparelhos especiais para escape (tobog, orir, etc.). e) Meios de acesso e facilidade para operao de socorro: vias de acesso (avenidas, ruas); acesso edificao (entradas principais, de servio, elevadores); dispositivos salvamento; hidrantes urbanos; e5

de

fixao

de

cabos

para

resgate

e

Apesar da classificao apresentada definir os meios de deteco e alarme como medidas de proteo passiva, existem outras que os colocam como medidas de proteo ativa, uma vez que respondem aos estmulos (calor, fumaa, radiao) provocados pelo fogo.

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mananciais (reserva tcnica de incndio, caixa dgua). f) Meios de proteo contra colapso estrutural: correto dimensionamento das estruturas (de concreto, madeira, metlica) ao do fogo. g) Meios de administrao da proteo contra incndio e pnico: brigada de bombeiros particulares (brigada de incndio) 6 . II Ativas Nas medidas de proteo ativas, destacam-se os seguintes meios de extino de incndio: sistema de proteo por: extintores de incndio e hidrantes; sistema de chuveiros automticos (comumente conhecidos comoMdulo 5 Segurana contra incndio

sprinklers); e sistema fixo de: espuma, gs carbnico (CO2), p para extino de incndio, gua nebulizada, gases especiais (comumente encontrados os modelos FM-200, Inergen, Halon).

Todos esses sistemas servem para facilitar os trabalhos dos bombeiros. Por isso, muito importante saber utiliz-los nas aes de combate a incndio!

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A classificao da brigada de bombeiros particulares como medida de proteo passiva est relacionada sua atuao enquanto meio de deteco (ao humana) das ocorrncias e para o acionamento dos bombeiros profissionais e, apesar de a classificao de meios de deteco e alarme como proteo passiva poder ser questionada, no h dvidas de que a atuao de combate a princpio de incndio est englobada nas medidas de proteo ativas.

Mdulo 5 Segurana contra incndio 22

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4. Sistemas de proteo contra incndio e pnicoComo visto anteriormente, um sistema de proteo contra incndio e pnico consiste em um conjunto de medidas ativas e passivas. Esses sistemas, atuando em conjunto, tm como principais objetivos: facilitar a fuga das pessoas da edificao, no caso de ocorrncia de sinistro, garantindo-lhes a integridade fsica; e simultaneamente, facilitar as aes de salvamento e combate das corporaes de bombeiros, tornando-as rpidas, eficientes e seguras. A seleo dos sistemas de proteo adequados para cada tipo de edificao deve ser feita tendo por base a anlise dos riscos de incio de um incndio e de sua propagao, bem como de suas conseqncias. necessrio tambm identificar a extenso do dano que pode ser considerado tolervel. A principal tarefa para garantir a segurana do imvel diminuir o risco da ocorrncia da generalizao do incndio (flashover). O uso de dispositivos de segurana, tais como chuveiros automticos e detectores de incndio, alm de limitar a propagao da queima, agilizam a comunicao do incndio ao Corpo de Bombeiros e so importantes medidas a serem utilizadas em edificaes de mdio grande porte, para minimizar o risco da inflamao generalizada. Tambm devem ser levadas em considerao a distncia entre o edifcio e a unidade do Corpo de Bombeiros mais prxima e a qualidade de seus equipamentos. Um bom projeto dever equilibrar o uso de dispositivos de segurana com a proteo estrutural (medidas que evitam o colapso da estrutura em caso de incndio).Mdulo 5 Segurana contra incndio

dificultar o surgimento e a propagao do incndio,

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Cabe ressaltar que ainda existem medidas que reduzem o risco de generalizao do incndio e a propagao do incndio, das quais se destacam as seguintes: controle do tipo, quantidade e distribuio da carga de incndio 7 ;Mdulo 5 Segurana contra incndio

caractersticas da ventilao do compartimento; compartimentao horizontal e vertical; resistncia das estruturas ao fogo; sistemas de proteo contra incndio (medidas de proteo ativas e passivas); e um bom projeto de segurana contra incndio e pnico. O dimensionamento adequado de um ou mais sistemas no garantia de proteo satisfatria. Os sistemas devem trabalhar em conjunto e dimensionados de acordo com algumas caractersticas da prpria edificao, tais como: tipo de pblico que a freqenta; caractersticas construtivas (concreto, alvenaria, madeira, ao); dimenses (altura, nmero de pavimentos, rea construda); tipo de atividade desenvolvida no local (residncia, teatro, comrcio, escola); caractersticas arquitetnicas peculiares (fachadas de vidro, recuo de fachadas); facilidade de acesso ao corpo de bombeiros em caso de sinistro;Definio de carga de incndio (Mdulo 1): quantidade total de material combustvel existente em prdio, espao ou rea passvel de ser atingida pelo fogo, incluindo materiais de acabamento e decorao, expressa em unidades de calor ou em peso equivalente de madeira.7

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importncia do contedo (bens, informaes) da edificao; e riscos decorrentes da interrupo de suas atividades (centrais de fornecimento de energia, centrais telefnicas, hospitais, museus, bibliotecas). Conhecendo bem os sistemas de proteo contra incndio e pnico das edificaes (aspectos prticos), os bombeiros tero condies de us-los a favor da ttica e das tcnicas de combate a incndios.Mdulo 5 Segurana contra incndio

4.1. Sadas de emergncia Na ocorrncia de sinistro, normalmente, a primeira reao das pessoas procurar resguardar a prpria vida, abandonando o local de perigo e refugiando-se em local seguro 8 . Em funo disso, o provimento de sadas de emergncia deve ser a primeira preocupao. As sadas de emergncia devem propiciar um caminho contnuo, devidamente

protegido, a ser percorrido pelos ocupantes da edificao em caso de incndio ou outra emergncia, que vai da rea interna at a rea externa segura ou para outro local em conexo com esta. Sada de emergncia o caminho contnuo, devidamente protegido, proporcionado por portas, corredores,

halls, passagens

externas, balces (sacadas), vestbulos (trios), escadas, rampas ou outros dispositivos de sada, podendo ainda ser formada pela combinao destes. Ser percorrido pelo usurio, em caso de um incndio, de qualquer ponto da edificao at atingir a via pblica ou espao aberto, em comunicao com a rua. Com base nessa definio e tendo em vista as caractersticas de uma edificao verticalizada, podem ser identificados trs componentes das sadas de emergncia:

8

Existem tambm aquelas pessoas que permanecem estticas, paralisadas diante da situao.

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acessos ou rotas de sadas horizontais, isto , acessos s escadas, quando houver, e respectivas portas ou ao espao livre exterior, nas edificaes trreas; rotas de sada verticais: escadas, rampas ou elevadores de emergncia;Mdulo 5 Segurana contra incndio

descarga. As sadas de emergncia devem seguir as prescries da NBR 9.077 da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). As rotas de sada verticais mais comuns so as escadas, portanto ser dado maior destaque ao estudo delas. Porm, existem ainda as rampas e os elevadores de emergncia com suas peculiaridades e devida importncia. As rampas so utilizadas principalmente em hospitais para permitir a passagem de macas e cadeiras de rodas. Os elevadores de emergncia so adotados em prdios altos, acima de vinte pavimentos. As sadas de emergncia visam garantir que as pessoas sujeitas a uma situao de incndio sobrevivam com os menores danos possveis. Tendo em vista essa caracterstica, devem ser uma meta constante das pessoas envolvidas em um incndio e constituem uma das medidas de proteo mais eficazes por atenderem duas finalidades bsicas, que so: permitir a retirada dos ocupantes da edificao com segurana; e promover o acesso seguro das equipes de bombeiros.

As guarnies de bombeiros devem sempre priorizar a utilizao das sadas de emergncia como rota para efetuar suas aes de combate e salvamento nas edificaes.

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As sadas de emergncia devem prover uma rota livre de calor e fumaa para se chegar ao local sinistrado, com exceo das escadas no enclausuradas. Alm disso, servem de caminho seguro para evacuao e resgate de pessoas, bem como transporte de materiais (mangueiras, esguichos, chaves e outras ferramentas). As sadas so projetadas pensando-se em duas filas de pessoas, no mnimo, passando ao mesmo tempo por elas. Portanto, as guarnies podem orientar, durante a operao, que as pessoas que esto descendo andem sempre pela direita. Dessa forma, possvel que os usuriosMdulo 5 Segurana contra incndio

desam por um lado, enquanto as guarnies de socorro adentram pelo outro, sem maiores complicaes.

As guarnies podem orientar que as pessoas andem sempre pela direita da escada, de forma que saiam por um lado e os bombeiros adentrem pelo outro.

As larguras mnimas das sadas, em qualquer caso (corredores, escadas, rampas), devem ser as seguintes: 1,10 metros, correspondendo a duas unidades de passagem (ou duas filas de pessoas); e 2,20 metros, para permitir a passagem de macas, camas e outros, comumente encontradas em hospitais e assemelhados.

Unidade de passagem a largura mnima para a passagem de uma fila de pessoas, fixada em 0,55 metro. importante distinguir escadas de emergncia das demais escadas de uma edificao. Escada de emergncia a escada integrante de uma rota de sada, podendo ser constituda por:

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escada no enclausurada; escada enclausurada protegida; escada enclausurada prova de fumaa; escada enclausurada prova de fumaa pressurizada;Mdulo 5 Segurana contra incndio

Com base nesta definio de escada de emergncia, fica evidenciado que, embora a maioria das pessoas possa acreditar no contrrio, uma escada no precisa, necessariamente, ser enclausurada (fechada) para ser considerada de emergncia. Levando em considerao esse fato, apesar da distino apresentada, qualquer escada pode, eventualmente, funcionar como uma rota de fuga. Portanto, mesmo as escadas que, em princpio, no so destinadas a sadas de emergncia so alvo de fiscalizao e devem atender a certos parmetros normativos. As escadas devem apresentar algumas caractersticas gerais de construo, tais como: 1. ser constitudas com material incombustvel e oferecer, nos elementos estruturais, resistncia ao fogo de, no mnimo, 2h; 2. ter os pisos dos degraus e patamares revestidos com materiais resistentes propagao superficial de chama; 3. ter os pisos com condies antiderrapantes e que

permaneam antiderrapantes com o uso; e 4. os acessos devem permanecer livres de quaisquer obstculos, tais como mveis divisrias mveis, locais para exposio de mercadorias e outros, de forma permanente, mesmo quando o prdio estiver supostamente fora de uso 9 .

9

Este um item importante, mas nem sempre respeitado pelos usurios dos prdios. Sempre que for identificado o desrespeito a tal obrigatoriedade, os rgos de fiscalizao do CBMDF devem ser acionados.

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Dentro desses parmetros, destacam-se que: toda sada de emergncia deve ser protegida de ambos os lados por paredes ou guardas (guarda-corpos) contnuas, sempre que houver qualquer desnvel de altura maior do que 19 centmetros, para evitar quedas. A altura das guardas deve ser, no mnimo, de 1,10 metros. Guarda-corpo ou guarda uma barreira protetora vertical, delimitando as faces laterais abertas de escadas, rampas, patamares, terraos, galerias e assemelhados, servindo como proteo contra eventuais quedas de um nvel para outro. Outro elemento de importncia nas sadas de emergncia o corrimo. Ele constitudo por uma barra, cano ou pea similar, que possua uma superfcie lisa, arredondada e contnua, devendo estar localizado junto s paredes ou s guardas de escadas (ou guarda-corpo apoio do corrimo que fica meia altura, servindo como proteo para a lateral da escada), rampas ou passagens. Serve para as pessoas nele se apoiarem ao subir, descer ou se deslocar.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 3 - Alturas de guarda-corpo e corrimo em escadas

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As sadas de emergncia podem, conforme o caso, ser dotadas de portas corta-fogo ou resistentes ao fogo. De acordo com a definio contida na NBR no 11.742 da ABNT, a porta corta-fogo (PCF) usada para sada de emergncia uma porta do tipo de abrir com eixo vertical, que consegue impedir ou retardar aMdulo 5 Segurana contra incndio

propagao do fogo, calor e gases, de um ambiente para o outro. As PCF devem ter resistncia ao fogo, que a propriedade de suportar o fogo e proteger ambientes contguos durante sua ao, ou seja, capacidade de confinar o fogo (estanqueidade, limitao dos gases quentes e isolamento trmico) e de manter a estabilidade ou resistncia mecnica, por determinado perodo. Essa propriedade determinada mediante ensaio realizado conforme a NBR no 6.479. Dentro das normatizaes relativas a escadas de emergncia, cabe destacar que a NBR no 9.077 define que a escada enclausurada protegida deve possuir porta resistente ao fogo (PRF), por 30 minutos, referindo-se, portanto, propriedade de isolamento trmico que esse tipo de porta deve possuir. Em virtude de vrios problemas relacionados sada de um grande volume de pessoas, comumente encontrado em locais de concentrao de pblico, como cinemas, teatros, auditrios, etc., verificou-se a necessidade de instalao de dispositivo que possibilitasse a abertura fcil das portas: a barra antipnico. Esse dispositivo permite o destravamento da folha de uma porta, no momento em que acionado, mediante a simples presso exercida sobre a barra, no sentido de abertura. Seu emprego feito por meio de uma barra horizontal fixada na face da folha.

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Figura 4 - Porta corta-fogo com barra antipnico

Para se abrir a porta, basta empurr-la para frente pela barra antipnico.4.1.1 Escada no enclausurada

Escada no enclausurada (NE) uma escada sem a proteo lateral de paredes corta-fogo e sem portas corta-fogo. Isso significa que, havendo fumaa no ambiente, conseqentemente, haver tambm nas escadas, o que exigir dos bombeiros uma ao mais cautelosa nos procedimentos de evacuao das vtimas.4.1.2 Escada enclausurada protegida

A escada enclausurada protegida, ou mais comumente conhecida como escada protegida (EP), definida como uma escada devidamente ventilada, situada em ambiente envolvido por paredes corta-fogo 10 e dotada de portas resistentes ao fogo.

10

Parede corta-fogo: parede com capacidade para resistir ao fogo e fumaa por um determinado perodo de tempo, mantendo suas funes e isolando o ambiente.

Mdulo 5 Segurana contra incndio

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Essa escada caracteriza-se no s pela existncia de porta na entrada da caixa de escada, mas tambm por ser ventilada. A ventilao constituda por entrada de ar no trreo, janelas nos pavimentos (ou ventilao alternativa) e alapo de alvio de fumaa no limite superior.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Sala ou apartamento Corrimo em ambos os lados da escada

Janela para ventilao

Porta resistente ao fogo

Escada de emergncia

Corredor

Paredes resistentes a 2 horas de fogo

Sala ou apartamentoFonte: NBR no 9.077 da ABNT.Figura 5 - Vista superior da escada protegida

Na Figura 5, as setas azuis no desenho indicam a rota dos ocupantes para abandonar a edificao. A escada protegida oferece uma relativa proteo contra os gases quentes provenientes de um incndio, pois a ventilao nesse tipo de escada no impede que a fumaa adentre na caixa da estrutura. Isso ocorre porque a porta no estanque fumaa (trata-se de uma porta resistente ao fogo e no de uma porta corta-fogo) e, quando as pessoas abrem-na para adentrar a escada, arrastam consigo fumaa para seu

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interior, no existindo meio (antecmara ou presso positiva) que a impea de entrar.

4.1.3 Escada enclausurada prova de fumaa

Escada enclausurada prova de fumaa (PF) aquela cuja caixa envolvida por paredes corta-fogo e dotada de porta corta-fogo, cujo acesso feito por antecmara igualmente enclausurada ou local aberto, de modo a evitar fogo e fumaa no interior da escada em caso de incndio na edificao. A antecmara da escada PF ventilada por meio de dutos de ventilao natural. Os dutos constituem um sistema integrado para a entrada de ar puro e sada de fumaa e gases quentes do ambiente da antecmara. Diferentemente da escada EP, quando uma pessoa abre a porta da escada PF, a fumaa que arrastada consigo no entra diretamente na caixa de escada, sendo encaminhada para o duto de sada na antecmara.

Mdulo 5 Segurana contra incndio

Escadas enclausuradas so cercadas por paredes, com ventilao e devem: proteger a rota do calor convectivo; proteger a rota da fumaa; apresentar nvel mnimo de iluminao; ser sinalizadas, indicando o caminho a ser seguido.

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Mdulo 5 Segurana contra incndio

Fonte: NBR no9.077 da ABNT.Figura 6 - Vista superior de uma escada enclausurada prova de fumaa

O princpio de ventilao da escada PF o efeito chamin: um diferencial de presso provocado pelo ar dentro da edificao, que est em uma temperatura diferente daquela do ar na parte externa. Pelas aberturas na parte superior (duto de sada) e inferior (duto de entrada), promove um fluxo de ar natural (atravs do edifcio) para cima, quando o ar dentro do prdio for mais quente (que precisamente o caso da fumaa de incndio) e para baixo, quando for mais frio. Na Figura 6, as setas azuis indicam a rota dos ocupantes para abandonar a edificao. O elevador de emergncia tambm protegido pelas paredes resistentes ao fogo e tem acesso pela antecmara. Os dutos servem para garantir o escoamento da fumaa e a entrada de ar puro.

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Duto de sada de ar Duto de entrada de ar

Antecmara

Entrada de ar

Fonte: NBR no 9077 da ABNT.Figura 7 - Vista lateral dos dutos de entrada e sada de ar da escada PF

A Figura 7 apresenta um corte esquemtico lateral dos dutos de entrada e sada de ar da escada PF. As setas azuis indicam a rota de entrada do ar, enquanto as setas vermelhas indicam a rota de sada da fumaa.

Figura 8 - Vista da parede da antecmara com os dutos de entrada e sada de ar da escada PF

Mdulo 5 Segurana contra incndio

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A escada PF auxilia bastante nas aes de retirada de vtimas do edifcio, por garantir um ambiente de ar respirvel para elas enquanto saem da edificao. Mdulo 5 Segurana contra incndio

4.1.4 Escada enclausurada prova de fumaa pressurizada

Escada prova de fumaa pressurizada (PFP) a escada cuja condio de estanqueidade fumaa obtida por mtodo de pressurizao mecnica. O mtodo de pressurizao consiste em fornecer um suprimento de ar para um ambiente (escada, antecmara, etc.), mantendo-o a uma presso mais alta do que a verificada nos espaos adjacentes, preservando um fluxo de ar para o exterior da edificao, por meio das vias de escape de ar. O objetivo criar um gradiente de presso (e,

conseqentemente, um fluxo de ar), com presso mais alta nas sadas de emergncia (escadas, antecmaras, sagues ou corredores) e uma presso progressivamente decrescente nas reas fora da rota de fuga, a fim de impedir que a fumaa e os gases txicos do incndio adentrem e dificultem o abandono da edificao. Constituem alguns componentes bsicos das escadas PFP: sistema de deteco e acionamento (deve haver um sistema de deteco de incndio que acione as mquinas de pressurizao); suprimento mecnico de ar externo (captao de ar puro para insuflar na caixa de escada); trajetria (ou via) de escape de ar (aberturas ou frestas por onde o ar da escada escapa para o exterior da edificao); e

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fonte de energia garantida (pode ser um motogerador que garanta o funcionamento do sistema mesmo na ausncia de energia da concessionria). Torna-se necessrio determinar no apenas onde serMdulo 5 Segurana contra incndio

introduzido o suprimento de ar fresco, mas tambm por onde sair e quais rotas sero utilizadas no processo. Alm disso, preciso ter em mente que o sistema depende de uma fonte de energia autnoma que lhe confira confiabilidade, bem como um sistema de deteco e alarme de incndio que faa o acionamento do sistema de pressurizao. O sistema de pressurizao pode ser projetado para operar somente em caso de emergncia ou, alternativamente, manter um nvel baixo de pressurizao para funcionamento contnuo, com previso para um nvel maior de pressurizao apenas em situao de emergncia. Essa ltima possibilidade chamada de sistema de pressurizao em dois estgios, enquanto que a primeira conhecida como sistema de pressurizao em um estgio ou estgio nico. De maneira geral, o sistema em dois estgios considerado prefervel, pois alguma medida de proteo estar permanentemente em operao e, portanto, qualquer propagao de fumaa nas etapas iniciais de um incndio ser prevenida, alm de promover a renovao do ar no interior da escada.

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Mdulo 5 Segurana contra incndio

Fonte: Instruo Tcnica no 13/2004 CBPMESPFigura 9 - Vista lateral de uma escada PFP

As grelhas de insuflao so dispostas a cada dois pavimentos.4.1.5 Dimensionamento das sadas de emergncia

As sadas de emergncia so dimensionadas, basicamente, em funo da populao do edifcio, conforme a NBR no 9.077, onde o tipo, a quantidade e a largura das escadas de emergncia dos prdios so baseados nesse critrio. O tipo da escada NE, EP, PF ou PFP definido de acordo com a ocupao (residencial, comercial, industrial, etc.) e da altura da edificao. O nmero mnimo de sadas exigido para os diversos tipos de ocupao determinado em funo da altura, dimenses da estrutura e caractersticas construtivas. A largura das sadas deve ser dimensionada em relao ao nmero de pessoas que por elas devam transitar, para cada tipo de ocupao. A seguir so dados alguns exemplos prticos existentes no Distrito Federal:

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edifcio residencial de trs ou quatro pavimentos de at 12 metros de altura 11 , tpico no Cruzeiro, Guar, Sudoeste, Taguatinga (QNL): 1 escada NE; edifcio residencial de seis pavimentos, comum nas Asas Norte e Sul 12 : 1 escada EP; edifcio residencial de doze, quinze ou mais pavimentos, com altura superior a 30 metros, existente em guas Claras e alguns em Taguatinga Centro: 1 escada PF ou PFP; edifcio comercial de escritrios de dez ou mais pavimentos, com altura superior a 30 metros, tpico dos setores centrais de Braslia (Setor Bancrio, Hoteleiro, de Autarquias, etc.): pelo menos 1 escada PF ou PFP.Mdulo 5 Segurana contra incndio

4.2. Iluminao de emergncia O pnico nas pessoas pode ser gerado ou agravado pela simples ausncia de iluminao no ambiente. Para evitar que ocorra esse tipo de problema e, ainda, auxiliar na retirada segura de pessoas do local, facilitando as aes de salvamento e combate a incndio dos bombeiros, a edificao deve dispor de um sistema automtico de iluminao de emergncia. Os parmetros normativos do sistema so estabelecidos pela NBR no 10.898 da ABNT. A iluminao de emergncia o tipo de iluminao que deve clarear ambientes e rotas pr-determinadas, na falta de iluminao normal, por um perodo de tempo mnimo.

Altura de acordo com o RSIP: Distncia compreendida entre o ponto que caracteriza a sada situada no nvel de descarga do prdio (soleira) e o ponto mais alto do piso do ltimo pavimento superior. 12 preciso ter o cuidado de verificar o prdio especificamente, pois construes mais antigas, como as da Asa Sul, no possuem escada do tipo EP, mas, sim, do tipo NE.

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O sistema de iluminao de emergncia deve: permitir o controle visual das reas abandonadas para localizar pessoas impedidas de se locomover; manter a segurana patrimonial para facilitar a localizao de estranhos nas reas de segurana pelo pessoal da interveno;Mdulo 5 Segurana contra incndio

sinalizar, inconfundivelmente, as rotas de fuga utilizveis no momento do abandono do local; sinalizar o topo do prdio para a aviao comercial. Em casos especiais, a iluminao de emergncia deve garantir, sem interrupo, os servios de primeiros socorros em hospitais, de controles areos, martimos, ferrovirios e outros servios essenciais instalados. No caso do abandono total do edifcio, o tempo da iluminao deve incluir, alm do tempo previsto para a evacuao, o tempo que o pessoal da interveno e de segurana necessita para localizar pessoas perdidas ou para terminar o resgate em caso de incndio. Na prtica, a autonomia do sistema, que o tempo mnimo em que se asseguram os nveis de iluminncia exigidos, de uma hora.

No local do incndio, mesmo desligando a energia eltrica, o sistema de iluminao de emergncia garante a luminosidade mnima nas rotas de fuga por uma hora.

importante que os bombeiros lembrem que a iluminao de emergncia estar presente nas rotas de fuga. Conseqentemente, devero utilizar lanternas nas aes de combate a incndio e salvamento no interior da edificao.

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Existem permanente.

dois

tipos

de

iluminao:

permanente

e

no-

A permanente aquela em que as lmpadas de iluminao comum so alimentadas pela rede eltrica da concessionria, sendo comutadas, automaticamente, para a fonte de alimentao de energia alternativa, em caso de falta e/ou falha da fonte normal. J a iluminao no permanente aquela em que as lmpadas acendem somente em caso de interrupo do fornecimento de energia da concessionria, sendo alimentadas, automaticamente, por fonte de energia alternativa (por exemplo: motogerador, baterias). Os principais tipos de sistema so: a) Conjunto de blocos autnomos (instalao fixa). Utiliza baterias especficas para cada tipo de equipamento, a qual garante a autonomia individual de cada aparelho.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 10 Exemplo de bloco autnomo e farol de iluminao de emergncia

b) Sistema centralizado com baterias. Consiste no uso de baterias comuns, tpicas de veculos automotores, para garantir a autonomia do sistema (circuito de alimentao da iluminao). c) Sistema centralizado com grupo motogerador.

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Um

motor

exploso,

comumente

usado

em

veculos

automotores, garante a autonomia eltrica do sistema.

Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 11 - Grupo motogerador

Em caso de incndio em locais que possuam equipamentos eltricos alimentados por gerador de emergncia, deve-se ter o cuidado de verificar a tenso fornecida pelo gerador aos circuitos de alimentao desses equipamentos. A iluminao de emergncia deve funcionar com, no mximo, 30 V em corrente contnua, para evitar o risco de choque eltrico. Se no for possvel usar uma tenso baixa (30 V) em instalaes j existentes, o sistema poder utilizar uma proteo aceitvel ao seu emprego, a qual pode ser atingida por meio de disjuntores diferenciais para proteo humana.

4.3.

Sinalizao de emergncia Um problema bastante comum nas edificaes a falta de

informaes visuais que orientem os usurios quanto ao caminho a ser percorrido, em caso de emergncia, para sair do edifcio. H tambm a deficincia de orientaes referentes s aes adequadas, proibies, alertas e localizao de equipamentos de segurana. Em caso de incndio, isso pode acarretar grandes perdas de vidas.

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A orientao da populao de uma edificao fornecida, basicamente, pela sinalizao de segurana contra incndio e pnico, regulamentada pela NBR no 13.434 da ABNT. A sinalizao fornece uma mensagem geral de segurana, obtida por uma combinao de cor e forma, qual acrescida uma mensagem especfica de segurana, pela adio de um smbolo grfico gravado com cores em contraste com o fundo da sinalizao. A sinalizao bsica constituda por quatro categorias de acordo com a sua funo. A sinalizao bsica pode ser auxiliada por uma sinalizao complementar, a qual tem a funo de ajudar na indicao de possveis obstculos encontrados na rota de fuga, sendo feita por meio de uma faixa zebrada nas cores amarela e preta. So tipos de sinalizao: a) sinalizao de proibio cuja funo evitar aes capazes de conduzir as pessoas ao incio do incndio. A sinalizao de proibio deve ter forma circular, com uma cor de fundo branca ou amarela, coroada por uma borda circular e uma barrada vermelha, cobrindo o smbolo grafado na cor preta, podendo a sinalizao ser margeada por um ambiente na cor branca ou amarela.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 12 - Placas de proibio: proibido fumar e proibido produzir chama

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b) sinalizao de alerta tem a funo de chamar a ateno das pessoas para reas e materiais potencialmente causadores de danos, ou seja, de risco. Suas caractersticas so: forma triangular tendo o fundo na cor amarela, com moldura na cor preta; sendo que o seu smbolo tambm feito na cor preta, podendo ser margeado por elemento na cor brancaMdulo 5 Segurana contra incndio

ou amarela.

Fonte: NBR no 13.434-2.Figura 13 - Placa de alerta: risco de incndio, de exploso e de choque eltrico, respectivamente

c) sinalizao de orientao e salvamento possui a funo de indicar as rotas de sada do ambiente e as aes necessrias para acesslas. Apresenta-se de forma quadrada ou retangular; tem o fundo na cor verde, com o smbolo destacado na cor branca ou amarela, podendo ser margeada na cor branca ou amarela.

Fonte: NBR no 13.434-2.Figura 14 - Placas de sinalizao de orientao e salvamento

A Figura 14 contm placas de sinalizao de orientao e salvamento, indicando, respectivamente, o sentido de fuga no interior das escadas e o sentido de acesso de uma sada que no est aparente.

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Fonte: NBR no 13.434-2.Figura 15 - Exemplo de instalao da sinalizao de orientao e salvamento

d) sinalizao de equipamentos de combate e alarme tem a funo de indicar a localizao e os tipos de equipamentos de combate a incndio disponveis. Deve ter a forma quadrada ou retangular e cor de fundo vermelha; a gravao do smbolo pode ser na cor branca ou amarela, podendo ser margeada por elementos na cor branca ou amarela.

Fonte: NBR no 13.434-2.Figura 16 - Sinalizao de equipamentos de combate e alarme

A Figura 16 contm os smbolos que indicam, respectivamente, hidrante de incndio, extintor de incndio e vlvula de controle do sistema de chuveiros automticos.

Mdulo 5 Segurana contra incndio

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4.4. Deteco automtica e alarme manual de incndio O sistema de deteco e alarme de incndio um conjunto sofisticado de componentes, estrategicamente dispostos e adequadamente interligados, que fornece informaes de princpios de incndio por meio de indicaes sonoras e visuais. , portanto, uma das formas de proteoMdulo 5 Segurana contra incndio

da vida e da propriedade. O sistema exerce um papel fundamental em um combate a incndio, pois possibilita a localizao remota do ponto onde est ocorrendo, para que possam ser tomadas as devidas providncias, antes que venha a causar maiores problemas. Alm disso, e mais importante, d o aviso (alarme) a todos os ocupantes da edificao, permitindo a sada de forma rpida e eficiente, alm de acionar os meios automticos de combate a incndio.

O comandante de socorro, ao adentrar na edificao, deve identificar, imediatamente, a central de alarme, que se localiza, geralmente, na portaria das edificaes ou na sala de controles.

O sistema de deteco e alarme tem como base de normatizao as NBR no 9.441, 11.836 e 13.848 da ABNT, enquanto sua exigncia de instalao definida pela Norma Tcnica no 001 do CBMDF. O sistema de deteco automtica e alarme manual comumente encontrado em grandes edifcios comerciais, shoppings, hipermercados, grandes depsitos e etc. A deteco de um incndio faz-se por meio da percepo dos fenmenos fsicos primrios e secundrios resultantes da queima. Exemplos de fenmenos fsicos primrios: a variao ampla da temperatura do ar e a radiao visvel e invisvel da energia da chama.

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Exemplos de fenmenos fsicos secundrios: presena de fumaa e de fuligem. O grande desafio da deteco de efeitos primrios, isto , do calor e da chama, o ajuste do sistema a nveis relativamente insensveis, para no coincidir com variaes normais do ambiente e assim provocar alarmes falsos. Por exemplo: detectores de temperatura instalados prximos a tetos metlicos podem ser acionados em decorrncia da alta temperatura ambiente atingida em algumas pocas do ano (geralmente no vero), levando a um entendimento errneo por parte do sistema. J na deteco dos efeitos secundrios, como a presena de fumaa, o dimensionamento mais fcil, pois o incndio produz uma informao de alerta no existente nas condies normais do ambiente. O sistema de deteco e alarme composto de central, painel repetidor, detectores, acionadores manuais, avisadores acsticos e visuais e circuitos (condutos e fiao). No ser especificado cada um dos componentes do sistema, por no ser o objetivo deste manual.4.4.1 Central de alarme e painel repetidorMdulo 5 Segurana contra incndio

A central de alarme o equipamento destinado a processar os sinais provenientes dos circuitos de deteco, a convert-los em indicaes adequadas e a comandar e controlar os demais componentes do sistema. A central tambm pode controlar outros dispositivos, como dumpers de sistemas de ar condicionado, abertura e fechamento de portas corta-fogo e sistema de alimentao de energia. J o painel repetidor o equipamento destinado a sinalizar, de forma visual e/ou sonora, no local de sua instalao, ocorrncias detectadas pelo sistema. Pode ser do tipo paralelo, com os indicadores alinhados e texto escrito, ou do tipo sintico, no qual a planta

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reproduzida em desenho e a indicao do lugar na rea supervisionada.

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Figura 17 - Exemplo de central de alarme

A central do sistema de deteco e alarme de extrema importncia para os bombeiros. Ela gerencia todo o sistema e tem a valiosa informao de onde est o foco de incndio e sua extenso. A central, geralmente, localiza-se na portaria das edificaes ou na sala de controle e deve estar devidamente identificada. Em edificaes de grande porte, a central est localizada na sala de controle, onde, muitas vezes, os bombeiros precisaro da ajuda da brigada contra incndio do estabelecimento para localiz-la e colher informaes. Em geral, faz-se necessrio um conhecimento prvio (levantamento de risco) da edificao, para que a central do sistema seja localizada o mais rpido possvel.4.4.2 Detectores

Os detectores podem ser classificados em: pontuais; lineares; e por amostragem de ar (aspirao).

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A deteco pontual aquela em que o dispositivo (detector) sensibilizado por determinados fenmenos fsicos ou qumicos que precedem ou acompanham um princpio de incndio, no lugar de sua instalao, ou seja, o detector deve estar no local sinistrado. O detector deve se localizar em ponto estratgico, com abrangncia de uma rea pr-determinada. Os fenmenos associados combusto (fumaa, chama, elevao de temperatura) produzidos no ambiente devero, necessariamente, chegar ao detector para sensibiliz-lo. Caso exista uma corrente de ar no local que obrigue a fumaa ou as massas de ar quente a deslocarem-se em sentido diverso do detector ou caso exista alguma barreira diminuindo o ngulo de visualizao do detector, ele no ser acionado. So exemplos de detectores pontuais: detectores de fumaa, detectores de temperatura fixa (termosttico) com elemento bimetal, lquidos expansveis, fusveis ou pneumticos, detectores termoeltricos, detectores combinados trmicos e velocimtricos, detectores comMdulo 5 Segurana contra incndio

coeficiente de compensao, detectores fotoeltricos, detectores inicos, detectores de fumaa por amostragem, detectores de chamas por oscilao das chamas, raios infravermelhos, fotoeltricos, raios

ultravioletas, detectores de gases, detector de gs tipo semi-condutor, detector de gs tipo elemento cataltico. Sero abordados os principais tipos de detectores, onde a deteco feita pela percepo de fumaa, temperatura (calor) e chama (luz).

4.4.2.1. Detector de fumaa Os detectores de fumaa podem ser de dois tipos: os inicos e os pticos.

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O sensor inico de fumaa possui no interior de seu encapsulamento, duas cmaras, sendo uma de referncia e outra de amostragem. Em uma das cmaras h uma lmina do elemento radioativo amercio 241, que ioniza as partculas de oxignio e nitrognio presentes no ar, permitindo um fluxo de corrente entre as cmaras emMdulo 5 Segurana contra incndio

condies normais. Quando a fumaa ou outros gases entram em contato com o ar do interior da cmara, as partculas ionizadas so neutralizadas, alterando a diferena de potencial entre as cmaras. A diferena de potencial ento amplificada no interior do detector e transmitida central de deteco e alarme de incndio. O princpio de funcionamento do detector ptico de fumaa baseia-se na reflexo e disperso de luz infravermelha. No seu interior fixado um emissor de luz (led) que projeta um feixe de luz infravermelha pulsante por um labirinto interno, em cuja extremidade existe um fotodiodo. Em estado normal, o fotodiodo no recebe nenhuma luz do emissor. Em caso de incndio, a fumaa penetra no detector e a luz refletida nas partculas de fumaa, atingindo o fotodiodo, no qual transformada em sinal eletrnico. Quando dois desses sinais so detectados num perodo estabelecido, um circuito comparador opera o detector de fumaa, enviando um sinal eletrnico ao painel de deteco e alarme de incndio. Em alguns modelos, possvel ajustar o disparo somente quando o fotodiodo detectar um certo nmero de pulsos, permitindo um ajuste de sensibilidade e maior eficincia para o no acionamento, em caso de pequena quantidade de fumaa, como a de um fsforo ou cigarro. A instalao dos detectores de fumaa, sejam eles inicos ou pticos, obedece a certos parmetros normativos. A rea mxima de proteo dos detectores pontuais de fumaa de 81 m2, para instalao em tetos, ambientes sem ventilao forada e

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com altura de instalao at 8 metros. A escolha do detector de fumaa deve ser feita de acordo com as caractersticas de combusto dos materiais contidos na rea supervisionada, bem como dos locais nos quais sero instalados. Os detectores de fumaa so localizados no teto, a no menos de 0,15 metros da parede lateral ou, em casos especficos, na parede lateral, distncia entre 0,15 metros a 0,30 metros do teto. Dois fatores que podem inibir ou dificultar a deteco da fumaa so a estratificao e a movimentao excessiva do ar. A rea de ao dos detectores de fumaa diminui medida que aumenta o volume de ar trocado no ambiente. O fenmeno de estratificao a diviso do ar de um ambiente em camadas, o que ocorre devido a diferenas de temperatura e densidade, podendo impedir que partculas de fumaa ou gases gerados por uma combusto alcancem um detector instalado no teto.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Normalmente, o ar mais aquecido sobe devido ao empuxo. No entanto, se a temperatura do ar prximo ao teto estiver mais alta que a temperatura ambiente, o que normal em pocas quentes do ano, impedir a ascenso de outras massas de ar aquecido (ver Figura 18). Em ambientes com pouca movimentao do ar, aquele que foi aquecido por causa da combusto de algum material, com ou sem chama, pode no ter fora de ascenso suficiente para vencer o efeito da estratificao e atingir o detector.

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Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 18 - Efeito da estratificao da fumaa

Em locais onde pode ocorrer o fenmeno da estratificao ou ser necessria a deteco de combusto sem chama, deve-se prever a instalao de detectores de fumaa, alternadamente, no teto e em nveis mais baixos.

4.4.2.2. Detector de temperatura Os detectores de temperatura podem ser termostticos

(temperatura fixa) ou termovelocimtricos. Com o efeito fsico da subida do ar quente (empuxo), os detectores de temperatura, que so, normalmente, fixados no teto, so sensibilizados pelo calor. O detector de temperatura fixa instalado em ambiente onde a ultrapassagem de determinada temperatura indique, seguramente, um princpio de incndio. O detector termovelocimtrico monitora a temperatura

ambiente. Quando ela varia bruscamente ou ultrapassa um limite prestabelecido, o sensor informa central de alarme. O princpio de funcionamento desse detector baseado em resistores sensveis variao de temperatura (termistores). So utilizados dois termistores: um exposto temperatura ambiente e outro fechado em um compartimento interno. Aps um certo tempo, ambos os termistores estaro com a mesma temperatura. Em caso de incndio, o termistor que est exposto sofrer

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um aumento de temperatura muito mais rpido do que aquele que se encontra selado. O sensor ativado quando detectar uma diferena prdeterminada entre o valor dos termistores. Outra forma de disparo desses sensores ocorre quando a temperatura atinge um limite mximo. Assim, mesmo que a temperatura aumente lentamente, o sensor ser ativado. A aplicao dos detectores termovelocimtricos est indicada para incndio que se inicia com uma elevao brusca de temperatura (de 7 a 8 oC por minuto). Seu uso bastante limitado, devido ao fato de ser acionado somente quando o fogo j est se alastrando. Possui aplicao em locais onde exista fumaa e gases, sem haver fogo, como prximo a motores ou em reas industriais. A mxima rea de proteo a ser empregada para detectores de temperatura de 36 m2, para uma altura mxima de instalao de 5 metros e tetos planos.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Fonte http://www.ascani.com/foto/5251REM.jpg e http://todoextintor.com/fotos/1210.jpgFigura 19 - Exemplo de detector termovelocimtrico e trmico

4.4.2.3. Detector de chama Dispositivo que sensibilizado por uma determinada intensidade de radiao emitida por uma chama. So encontrados em ambientes onde o surgimento da chama precede a emisso de fumaa. instalado de

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forma que seu campo de viso no seja impedido por obstculos para assegurar a deteco do foco de incndio na rea por ele protegida. Os detectores de chama so classificados pelo tipo de radiao em trs tipos: Detector de chama tremulante utilizado para deteco deMdulo 5 Segurana contra incndio

chama de luz visvel, quando modulada (tremulada) numa determinada freqncia entre 400 nm e 700 nm; Detector de chama ultravioleta utilizado para deteco de energia radiante fora da faixa de viso humana, abaixo de 400 nm; Detector de chama infravermelho utilizado para deteco de energia radiante fora da faixa de viso humana, acima de 700 nm. Os detectores de chama so recomendados em: reas abertas ou semi-abertas onde ventos podem dissipar a fumaa, impedindo a ao dos detectores de temperatura ou de fumaa; reas onde uma chama possa ocorrer rapidamente, tais como hangares, reas de produo petroqumica, reas de armazenagem e transferncia, instalaes de gs natural, cabines de pintura ou reas de solventes; reas ou instalaes de alto risco de incndio,

freqentemente, conjugados com um sistema de extino automtico.

4.4.2.4. Detector linear um dispositivo composto por um transmissor, o qual projeta um feixe de luz infravermelho cnico, modulado atravs de uma rea livre at um receptor, que manda um sinal a uma unidade de controle para anlise. Seu princpio de funcionamento lembra o sistema automtico de abertura de portas de um shopping, no qual uma pessoa, ao interromper

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um feixe invisvel, faz a porta abrir-se. No caso do sistema de deteco linear, o acionamento ocorrer quando a fumaa interromper o feixe, baixando o sinal recebido aqum do limiar de resposta. Isso faz disparar um alarme de incndio. O limiar de ativao pode ser ajustado s condies ambientais.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Condies normais.

Condio na qual a fumaa interrompe o feixe de luz e aciona o sistema.Figura 20 - Figura de detector linear

4.4.2.5. Detector de fumaa por amostragem Sistema que detecta a fumaa presente em amostras de ar aspirado do ambiente protegido. O ar do ambiente protegido (CPD, central de medidores de energia, salas, galpes, etc.) coletado por uma rede de tubos perfurados em pontos especficos. As amostras de ar so conduzidas a um dispositivo de deteco. Nesse sistema, a fumaa detectada num estgio muito mais incipiente que nos demais.

Fonte: Manual Vision Systems VESDA

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Figura 21 - Figura de deteco por amostragem

O ar continuamente aspirado por meio de orifcios existentes nos tubos e atravessa um detector, sensvel ao menor indcio de partculas de fumaa. Uma amostra do ar passa por um filtro de doisMdulo 5 Segurana contra incndio

estgios. No primeiro estgio, partculas de poeira e sujeira so removidas da amostra de ar, antes que entre na cmara de deteco a laser para a anlise da fumaa. O segundo estgio (filtragem ultrafina) tem a funo exclusiva de fornecer ar limpo para proteger as superfcies pticas, no interior do detector, contra contaminao e para garantir a calibragem estvel e sua longa vida. Depois do filtro, a amostra de ar passa para a cmara calibrada de deteco, onde exposta a uma fonte estvel e controlada de luz laser. Se a fumaa estiver presente, a luz dispersar-se- no interior da cmara de deteco e ser, instantaneamente, identificada pelos sensores pticos de alta sensibilidade. O sinal ser ento processado e representado por meio de um grfico de barras verticais de indicadores de nvel de alarme e/ou display grfico. Os detectores so capazes de comunicar essa informao para o painel de controle e alarme de incndio ou para o sistema de gerenciamento de edifcios, por meio de rels ou de uma interface de alto nvel, como os programas grficos de computador.

Tubos com orifcios de aspirao Painel de controle

Figura 22 - Instalao do sistema de deteco por amostragem

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O sistema de deteco por aspirao garante que a ignio seja identificada em nveis de sensibilidade imperceptveis por sistemas de deteco pontual. O sistema possibilita, inclusive, que o pessoal de manuteno seja avisado sobre aquecimento de cabos (que gera fumaa invisvel) e, por conseguinte, reduzir, em nveis muito baixos, o risco de combusto.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Fonte: www.aidantfire.comFigura 23 - Progresso de um incndio ao longo do tempo

4.4.3 Avisadores audiovisuais

Agora que o incndio j foi detectado por um ou mais detectores e a informao chegou central, preciso informar tambm aos usurios da edificao sinistrada para que possam sair do ambiente o mais rpido possvel. Essa a funo dos avisadores audiovisuais.

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Figura 24 - Exemplos de avisadores

Em algumas edificaes, tais como shopping centers e outros locais de concentrao de pblico, o alarme s transmitido aos usurios depois que as equipes de servio (brigadas) confirmam o evento. Isso importante para evitar o pnico decorrente de falsos alarmes ou at mesmo de aes de vndalos. O retardo no aviso aos ocupantes do edifcio no deve e no pode comprometer as aes de retirada das vtimas. O volume acstico do som dos avisadores no pode ser tal que iniba a comunicao verbal. No caso de falta de intensidade de som em um ponto distante, deve ser aumentada a quantidade de equipamentos. O alarme pode ser do tipo gongo, sirene eletrnica, audiovisual ou visual cintilante (flash).4.4.4 Acionadores Manuais

O acionador manual, tambm chamado de botoeira, um dispositivo destinado a transmitir a informao de emergncia, quando acionado manualmente. Deve ser instalado em local de maior

probabilidade de trnsito de pessoas em caso de emergncia, tais como nas sadas de reas de trabalho, reas de lazer, em corredores, etc.

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Figura 25 - Exemplos de acionadores manuais

Ainda

que

o

ambiente

seja

monitorado

por

detectores

automticos de incndio, a percepo humana de um foco pode ser mais rpida em alguns casos. Portanto, faz-se necessria a instalao de acionadores manuais, alm dos detectores automticos. O uso do acionador manual no se limita somente aos usurios da edificao, uma vez que tambm pode ser usado pelo bombeiro para emitir um alerta para determinado setor da edificao da central de alarme.

Durante o combate a incndio o acionador manual tambm pode ser usado pelo bombeiro para emitir um alerta para determinado setor da edificao da central de alarme.

A distncia mxima a ser percorrida pela pessoa at a botoeira de 16 metros e a distncia entre elas no deve ultrapassar 30 metros. O acionador manual possui indicao visual de funcionamento, sirene interna com oscilador tipo f-d e acompanha martelo para quebra de vidro ou boto de acionamento.

4.5. Instalaes prediais de gs liquefeito de petrleo (GLP) As instalaes prediais de gs liquefeito de petrleo, tambm conhecidas como centrais de GLP, so reas devidamente delimitadas que

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contm os recipientes e acessrios, tubulaes e equipamentos destinados ao armazenamento e conduo do gs para consumo da prpria edificao. O GLP uma fonte de energia muito segura, com ndices de incidentes mais baixos que quaisquer outras fontes, contudo, seuMdulo 5 Segurana contra incndio

manuseio e utilizao requerem cuidados especiais para o devido aproveitamento de forma eficiente e segura. O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, por meio da NT-01/2000 e NT-05/2000, determinou que as edificaes residenciais (prdios), comerciais, industriais e outras, dependendo da sua rea construda e altura, possuam sistema canalizado de gs. O petrleo uma mistura de hidrocarbonetos compostos de diversos tipos de molculas formadas por tomos de hidrognio e carbono e em menor parte, de oxignio, nitrognio e enxofre, combinados de forma varivel. O processo de refinao do petrleo consiste em separar essas misturas em faixas delimitadas, no qual certas caractersticas podem ser associadas aos produtos obtidos. O refino do petrleo resulta em uma seqncia de produtos derivados. Entre eles esto, em ordem, os leos combustveis, a gasolina, o querosene, o diesel, a nafta e, finalmente, o gs liquefeito de petrleo. O GLP o ltimo da cadeia de extrao, por ser o mais leve deles. O gs de cozinha um combustvel formado pela mistura de hidrocarbonetos com trs ou quatro tomos de carbono, geralmente 50% de propano e 50% de butano, podendo apresentar outras propores de mistura e incluir pequenas fraes de outros hidrocarbonetos.

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Nas condies normais de temperatura e presso (CNTP), o GLP, tambm conhecido como gs de cozinha, se apresenta em estado gasoso, mas, quando submetido a presses relativamente altas, como o caso do engarrafamento, ou quando resfriado, torna-se lquido. Por isso, chamado de gs liquefeito de petrleo. Os gases propano e butano so inodoros, porm acrescentada uma substncia orgnica (mercaptantes) para que produza odor, de fcil percepo em caso de vazamento. O GLP no corrosivo, poluente e nem txico, mas se inalado em grande quantidade produz efeito anestsico. O GLP de fcil combusto. Transforma-se em gs

simplesmente ao ser liberado na presso atmosfrica e queima ao entrar em contato com uma fonte de calor. Apresenta, tambm, elevado poder calorfico, ou seja, produz uma grande quantidade de calor em relao massa (kg) por volume (m3).

Figura 27 - Equivalncia do poder calorfico do GLP

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Figura 26 - Figura de molculas de butano e propano

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No estado gasoso, o GLP mais pesado que o ar: 1 m3 de GLP pesa 2,23 kgf. Com isso, em eventuais vazamentos, ele se acumula a partir do cho, expulsando o oxignio e preenchendo o ambiente. Em nenhuma hiptese, os recipientes de GLP devem ser colocados prximos a subsolos, garagens e ralos, evitando assim o seu acmulo nesses rebaixos.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Recipientes de GLP no devem ser colocados prximos a subsolos, garagens, ralos e outras aberturas inferiores, pois, em caso de vazamento, o acmulo de gs nessas aberturas pode ocasionar risco de exploso.

4.5.1

Limites de inflamabilidade do GLP

Conforme visto no Mdulo 1 deste manual, o limite de inflamabilidade de um combustvel gasoso a faixa de valores de concentrao mnima e mxima do gs no ar para que a combusto possa ocorrer. Abaixo do limite mnimo, a mistura no queimar sem a presena contnua de uma fonte de calor externa. Acima do limite mximo, o gs age como diluente, no ocorrendo combusto. Os limites de inflamabilidade inferior e superior do GLP so 2,1% e 9 %, respectivamente, expressos em porcentagem de volume de um vapor ou gs na atmosfera ambiente.4.5.2 Forma de armazenamento do GLP

O GLP comercializado em diversos tipos de recipiente. A escolha do tipo de recipiente e da estrutura das instalaes depende do uso que se pretende dar ao gs. Os diferentes modelos so definidos por normas tcnicas e de segurana, as quais orientam tanto a fabricao de seus componentes, como sua instalao.

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Os botijes so fabricados com chapas de ao, capazes de suportar altas presses, segundo as normas tcnicas de segurana da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT). A instalao da central de gs normalizada pela NBR no 13.523; e as instalaes internas de gs liquefeito pela NBR no 13.932. No Distrito Federal, o Corpo de Bombeiros aborda o tema por meio da NT 05/2000, ratificando pontos importantes das normas da ABNT. O GLP pode ser armazenado em dois tipos de recipientes: transportveis ou estacionrios. Recipientes estacionrios so recipientes fixos, com capacidade superior a 0,25 metros cbicos cada. Recipientes transportveis so os recipientes com capacidade at 0,25 metros cbicos, construdos de acordo com a NBR no 8.460, que podem ser transportados manualmente ou por qualquer outro meio. No esto inclusos nessa classificao os recipientes utilizados como tanque de combustvel de veculos automotores. O GLP deve ser sempre armazenado em recipiente(s)Mdulo 5 Segurana contra incndio

identificado(s) mediante o uso de placa metlica, afixada em local visvel, contendo: identificao da norma de construo; marca do fabricante e data de fabricao; capacidade volumtrica; presso de projeto e de ensaio; e rea total da superfcie externa.

4.5.3 Recipientes transportveis

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P-2 Caractersticas gerais: Peso: 2 kg.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Volume: 4,8 litros. Comprimento: 24 cm. Dimetro: 21 cm. Os botijes de 2 kg, tambm conhecidos como P-2, foram concebidos para operar sem regulador de presso, ou seja, sua utilizao dispensa dispositivo que reduza a presso, pois o gs sai do recipiente para o aparelho consumidor j na presso de trabalho. So indicados para fogareiros de acampamentos, lampies a gs e maaricos para pequenas soldagens. A vlvula de sada de gs acionada por uma mola, que retorna automaticamente quando da desconexo. o nico dos recipientes que no possui dispositivo de segurana destinado a aliviar a presso interna do recipiente ou tubulao por liberao total ou parcial do produto para a atmosfera. Isso significa que o recipiente pode explodir quando submetido ao calor.

P-13 Caractersticas gerais: Peso: 13 kg. Volume: 31 litros. Comprimento: 46 cm.

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Dimetro: 36 cm. Os botijes de 13 kg (P-13) so os recipientes de gs mais populares do pas. So usados, basicamente, para cozinhar, tanto nas residncias, como em bares e lanchonetes de pequeno porte. A vlvula de sada de gs acionada por uma mola, que retorna, automaticamente, quando da desconexo. Possui uma vlvula de segurana, o plug-fusvel, fabricado com uma liga metlica de bismuto que derrete quando a temperatura ambiente atinge 78C.Mdulo 5 Segurana contra incndio

Vlvula USV-1 tem funo especfica de manter a garrafa automaticamente fechada, quando desconectado o regulador.

Plug -fusvel

Plug-fusvel constitudo de uma liga metlica denominada bismuto, que se funde na temperatura ambiente de 78 C.

15% GLP gasoso (presso).

85% de GLP lquido.

Figura 28 - Estrutura do Botijo P-13

Apesar de o botijo P-13 no explodir graas vlvula de segurana, o gs liberado em um vazamento pode causar exploso em ambientes confinados.

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Os botijes P-13 podem ser adotados em edificaes residenciais at 15m de altura, conforme NT-01 CBMDF. J o uso comercial de GLP de botijes P-13 s autorizado pela NT-05 em estabelecimentos trreos, que constituam risco isolado (vide NT-02), em nmero mximo de trs botijes no interligados, utilizando-se mangueiras revestidas de ao eMdulo 5 Segurana contra incndio

vlvula redutora de presso e desde que seja assegurada boa ventilao no local de instalao. Alm disso, deve-se dispor de detector de vazamento de gs no ponto de consumo.

Botijes P-13 no podem ser ligados em srie. Cada ponto de consumo deve ser ligado diretamente a um nico botijo.

Os botijes P-13 tambm podem ser utilizados em edificaes de escritrios, desde que seu uso seja limitado em trs unidades em pontos distintos, a fim de atender pequenas copas.

P-20 Caractersticas gerais: Peso: 20 kg. Volume: 48 litros. Comprimento: 89 cm. Dimetro: 31 cm.

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O GLP tambm pode ser utilizado como combustvel para motores de veculos (empilhadeiras), as quais utilizam um recipiente especial de 20 kg (P-20). o nico vasilhame de GLP que deve ser utilizado na horizontal, pois todo o seu sistema planejado para funcionar nessa posio.Mdulo 5 Segurana contra incndio

P-45 e P-90 Caractersticas gerais: Peso: 45 kg e 90 kg. Volume: 108 litros e 216 litros. Comprimento: 130 cm e 121 cm. Dimetro: 37 cm e 56 cm. Os botijes de 45 e 90 kg, conhecidos respectivamente como P45 e P-90, so indicados para as instalaes centralizadas de gs, pois permitem maior versatilidade no uso do GLP. Servem tanto para abastecer forno e fogo, como para o aquecimento de gua e ambiente, refrigerao e iluminao. Tanto o P-45 quanto o P-90 so utilizados em residncias, condomnios, restaurantes, lavanderias e indstrias ou por consumidores institucionais, como hospitais e escolas, sendo sua escolha dependente, principalmente, da demanda de consumo da edificao.

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A vlvula de passagem de gs nesses dois tipos de vasilhames a de fechamento manual. Eles tambm so equipados com uma vlvula de segurana, que libera a passagem do gs sempre que houver um grande aumento de presso no interior do recipiente devido ao aquecimento do ambiente (aproximadamente 78C).Mdulo 5 Segurana contra incndio

Existem tambm os recipientes P-180 e P-190 que compem centrais de GLP. Apesar de serem classificados como estacionrios por definio, so tratados como transportveis e podem ser abastecidos no local. As fotografias de recipientes existentes nesse item tm como fonte o site http://www.ultragaz.com.br/conexao/produtos/produtos.htm4.5.4 Recipientes estacionrios

Esses tipos de recipientes necessitam do abastecimento por meio de caminho tanque no local onde esto instalados. Os recipientes estacionrios tm capacidade de armazenamento muito maior que os transportveis. Os tanques variam de 500 kg a 4.000 kg ou mais de GLP. Muitas vezes a capacidade de armazenamento medida em metros cbicos.

Fonte: Manual instalaciones GLP CEPSA, ELF GAS S.AFigura 29 - Recipiente estacionrio

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4.5.5 Sistema canalizado de gs

Como dito anteriormente, o uso do GLP pode ser feito por meio de botijes pequenos, a fim de atender aparelhos de uso domstico ou de baixo consumo (fogareiros, foges de cozinha). Entretanto, para equipamentos de uso em larga escala, tais como: foges industriais e semi-industriais, aquecedores ou ainda edificaes de grande porte, faz-se necessrio o dimensionamento de centrais de GLP, com distribuio canalizada. O sistema canalizado de gs um conjunto formado por tubulaes, acessrios e equipamentos que conduzem o GLP da central (onde ficam os recipientes) at os diferentes pontos de consumo no interior de uma edificao. As instalaes de gs so projetadas e executadas por profissional devidamente habilitado, sendo seu projeto aprovado e vistoriado pelo Corpo de Bombeiros, seguindo os parmetros das NBRs no 13.523 , 13.932 e NT-05 do CBMDF. O uso de centrais de GLP objetiva concentrar, em ambiente externo, toda a quantidade de gs que estaria distribuda por diversos botijes no interior da edificao. Isso facilita, sobremaneira, as aes de bombeiros, no que tange ao corte de fornecimento de GLP. Como dito anteriormente, a central de gs uma rea devidamente delimitada que contm os recipientes transportveis ou estacionrios e acessrios destinados ao armazenamento de GLP para consumo da prpria instalao. Os cilindros transportveis devem ser acondicionados em abrigos, construdos com material no inflamvel, com tempo de resistncia ao fogo de, no mnimo, 2h (duas horas) e conter aberturas de 10% de sua rea para possibilitar a ventilao natural.Mdulo 5 Segurana contra incndio

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Mdulo 5 Segurana contra incndio

Figura 30 - Central de GLP

Os recipientes e os dispositivos de regulagem inicial da presso do GLP (reguladores) no devem ficar em contato direto com a terra, nem estar localizados em locais sujeitos a temperaturas excessivas ou acmulo de gua de qualquer origem. Os cilindros estacionrios ficam acomodados em centrais areas, aterradas ou enterradas (subterrneas), enquanto os cilindros

transportveis so acondicionados em abrigos especialmente construdos para tal (ver Figura 30).

Fonte: Manual instalaciones GLP CEPSA, ELF GAS S.A e NBR 13.523Figura 31 Exemplo de central enterrada e central aterrada

A central de gs, independente do tipo de recipiente, deve estar sinalizada, protegida por extintores e fora da projeo da edificao.

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A centr