Mecanica Dos Solos Taludes

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    Faculdades Kennedy Curso de Engenharia Civil

    TALUDES

    Belo Horizonte Novembro/2010

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    Grupo: Breno Passos Denise Leite Eliton Alves Hezron Abreu Marcelo Rodrigues Mauro Saraiva Reinaldo Xavier

    Taludes Naturais e artificiais Obras de Estabilizao

    Trabalho apresentado disciplina de Mecnica dos Solos II, parte do curso de Graduao em Engenharia Civil da Faculdade Kennedy, ministrada pelo professor Srgio P. Arajo.

    Belo Horizonte Novembro/2010

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    Sumrio

    1- Introduo

    2- Definio de Taludes

    3- Fatores Geolgicos e ambientais formadores de encostas

    4- Principais aes instabilizadoras

    5- Obras mais convenientes de estabilizao

    6- Influncia da vegetao

    7- Exemplo de obras de estabilizao

    8- Bibliografia

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    1- Introduo

    Um nmero incontvel de pessoas trafega pelas estradas de Minas Gerais. Pensar

    em nvel de pais ou de todo o mundo produziria uma discusso metafsica, o que foge de

    nosso propsito, ento reduziremos o exemplo para as estradas de Minas. E esse

    incontvel nmero dirio de motoristas submetido a igualmente incontveis situaes,

    imprevistos e paisagens. Um dos participantes desse grupo, retornando de uma viagem

    pela BR 381, mais precisamente prximo a cidade de Trs Coraes, passou por uma

    situao nada agradvel: tarde chuvosa, e aps uma curva deparou com um grande

    volume de terra sobre o asfalto. Aps todo o desenrolar da cena, essa pessoa diz, em alto

    e bom som: Nossa, o barranco desceu!. Vocabulrio aceitvel pelo susto e poca, mas

    que hoje seria considerado um pecado acadmico. Barranco? Desceu?

    Nosso trabalho tem por objetivo definir taludes e suas formaes, falar sobre as

    aes instabilizadoras e opes de estabilizao, influncia da vegetao nos taludes e

    por fim exemplificar obras estabilizadoras.

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    2- Taludes

    Podemos definir talude como uma superfcie de solo exposta que forma um ngulo

    com a superfcie horizontal. Podem ser classificados como artificial ou natural. Os taludes

    naturais so comumente conhecidos como encostas e sua denominao feita atravs de

    estudos geotcnicos. Formados h muitos milhes de anos e encontrados principalmente

    nas encostas de montanhas.

    J os taludes artificiais so os declives de aterros diversos construdos pelo

    homem, onde as aes humanas alteram as paisagens primeiras, atuando sobre os fatores

    ambientais, modificando a vegetao, alterando topografias, podendo inclusive alterar o

    clima da regio.

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    3- Fatores geolgicos e ambientais formadores de encostas

    As encostas so formadas por um manto de material decomposto ou manto de

    intemperismo sobre uma superfcie rochosa. Em algumas situaes entre o manto de

    intemperismo e o substrato rochoso h um limite gradativo. Os fatores naturais podem

    atuar isolados ou em conjunto durante o processo de formao de um talude natural

    respondendo pela estrutura caracterstica destes macios. Podemos classificar esses

    fatores em dois grupos: Geolgicos e ambientais.

    3.1- Geolgicos: Litologia, estruturao e geomorfologia: So responsveis pela

    constituio qumica, organizao e modelagem do relevo terrestre; ao deles, soma-se

    a dos fatores ambientais. Assim, a litologia, com os constituintes dos diversos tipos de

    rocha, a estruturao dos macios atravs dos processos tectnicos, de dobras, de

    falhamento, etc., e a geomorfologia tratando da tendncia evolutiva dos relevos.

    3.2- Ambientais: Clima, topografia e vegetao: No devem ser considerados isoladamente

    dos fatores geolgicos, e tem como principal agente a eroso, influenciada pelo clima,

    topografia e vegetao.

    Na figura acima a fora S a fora da gua que corre superficialmente e produz a

    eroso do terreno e em alguns casos a vooroca. A fora E a fora denominada

    EMPUXO e ela empurra uma parte do terreno para fora do talude, causando desastres. A

    fora N a fora da gua que percola (anda) dentro do macio do talude. A fora da gua

    arrasta as partculas finas da terra deixando no lugar vazios que iro produzir o

    adensamento do terreno. Forma-se lama dentro do talude e este desliza sobre essa lmina

    de lama.

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    4- Principais aes instabilizadoras

    4.1- Eroso: Pode ocorrer em talude de corte e aterro, sendo em sulcos ou diferenciadas,

    tambm de forma longitudinal ao longo da plataforma; podem ocorrer de forma localizada e

    associada a obras de drenagem (conhecidas como ravinas e voorocas) e internas em

    aterros (tambm conhecidas como piping).

    Essas ocorrncias causam nos taludes deficincia tanto de drenagem como da

    proteo superficial; concentrao de gua superficial e/ou intercepo do lenol fretico e

    deficincia ou inexistncia de drenagem interna.

    4.2- Escorregamento devido inclinao: Estes escorregamentos ocorrem sempre que a

    inclinao do talude excede aquela imposta pela resistncia ao cisalhamento do macio e

    nas condies de presena de gua. A prtica tem indicado, para taludes de corte de at

    8m de altura, constitudos por solos, a inclinao de 1V: 1H como a mais generalizvel. Os

    padres (inclinaes estabelecidas empiricamente, como referncia inicial) usuais indicam

    as inclinaes associadas aos gabaritos estabelecidos nos tringulos retngulos

    mostrados a seguir:

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    Padres de inclinao para talude.

    Estes gabaritos so freqentemente usados na prtica da Engenharia, porm, para

    um grande nmero de casos de taludes no se obtm a sua estabilidade com estas

    inclinaes, sendo necessrio a realizao de uma anlise da estabilidade e estudo para o

    uso concomitante de outra tcnica.

    4.3- Escorregamento por descontinuidades: O contato solo-rocha constitui, em geral, uma

    zona de transio entre esses materiais. Quando ocorre um contraste de resistncia

    acentuado entre eles, com inclinao forte e, principalmente, na presena de gua, a zona

    de contato pode condicionar a instabilidade do talude. Ou seja, no h uma ligao forte

    entre o solo com a rocha, ocasionando o escorregamento.

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    As descontinuidades geolgicas, presentes nos macios rochosos e em solos de

    alterao, constituem tambm planos ao longo dos quais pode haver escorregamento,

    desde que a orientao desses planos seja em sentido rodovia.

    4.4- Escorregamentos por percolao de gua: Os escorregamentos, devidos percolao

    d gua so ocorrncias que se registram durante perodos de chuva quando h elevao

    do nvel do lenol fretico ou, apenas, por saturao das camadas superficiais de solo.

    Identificamos que essa seja a causa do imprevisto que ocorreu de um dos integrantes de

    nosso grupo de estudo: saturao da camada superficial do talude, seguido de

    escorregamento na BR-381. Quando os taludes interceptam o lenol fretico, a

    manifestao, eventual, da eroso interna pode contribuir para a sua instabilizao.

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    4.5- Escorregamento em aterro: O projeto de um aterro implica na considerao das

    caractersticas do material com o qual vai ser construdo, como tambm das condies de

    sua fundao. Quando construdos sobre rochas resistentes, os aterros se mostram, em

    geral, estveis por longo tempo. No caso de aterros sobre solos moles, como argila

    marinha ou argila orgnica, o seu projeto e construo devem obedecer a tcnicas

    adequadas, de modo a impedir que ocorram recalques exagerados, deixando as pistas

    com ondulaes e provocando rompimentos ou deslizamentos de canaletas, bueiros e

    galerias. Nos aterros bem projetados e construdos sobre solos resistentes, somente a m

    execuo do macio poder acarretar problemas. Escorregamentos podem ocorrer nas

    laterais do aterro, devido m compactao, mas, geralmente, de pequenas propores.

    O material solto tende a escorregar e, se no houver tratamento, poder evoluir por

    eroso.

    4.6- Escorregamentos em massas coluviais: Massas coluviais constituem corpos em

    condies de estabilidade to precrias que pequenos cortes, e mesmo pequenos aterros,

    so suficientes para aumentar os movimentos de rastejo, cujas velocidades so ainda mais

    aceleradas, quando saturados, na poca das chuvas. Existem no Brasil, vrios casos de

    obras rodovirias implantadas nesses corpos que ocasionaram srios problemas, durante

    anos, at sua completa estabilizao.

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    4.7- Queda e rolamento de blocos: A queda e rolamento de blocos freqente em cortes

    em rocha, onde o fraturamento do macio desfavorvel estabilidade;

    Em taludes com mataces,

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    Por descalamento; em taludes com camadas sedimentares de diferentes resistncias

    eroso e desagregao superficial.

    Em qualquer situao, a conseqncia pode ser a obstruo da rodovia, parcial ou

    totalmente. A abaixo ilustra um corte em rocha fraturada protegida com telas de arame de

    alta resistncia.

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    5- Obras mais convenientes de estabilizao

    As obras para estabilizao dos taludes visam diminuir o risco ao desastre,

    podendo ser:

    5.1- Proteo superficial: Conjunto de cuidados dispensados a um talude superfcie do

    terreno, para sua manuteno ou preservao, em defesa de aes externas

    (principalmente guas pluviais, que resultam no desenvolvimento de processos erosivos),

    ou mesmo de fenmenos intrnsecos ao seu material constituinte (composio e forma do

    talude, que resultam no desenvolvimento de processos de escorregamento; presena de

    argila expansiva, que induz a desagregao superficial da rocha/solo; fluxo de gua

    subterrnea, provocando eroso interna ou piping, dentre outros). A proteo do talude

    utilizada depende da anlise do(s) processo(s) ocorrente(s), constituindo-se em aes que

    vo desde a sua proteo superficial, atravs de revestimento e/ou drenagem superficial,

    at em obras de retaludamento ou de estrutura de conteno.

    Alguns exemplos de revestimentos:

    Revestimento vegetal (gramnea e vegetao arbrea):

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    Revestimento artificial:

    Revestimento com muro de alvenaria armada

    5.2- Cortes: Interveno no meio fsico efetuada geralmente em solo de alterao de

    rochas, por meio de equipamentos e mquinas, criando uma superfcie plana e inclinada,

    com o objetivo de estabelecer uma situao mais estvel em face de provveis processos

    de instabilizao produzidos por movimentos gravitacionais de massa (escorregamento).

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    5.3- Solo Reforado: Consiste na introduo de elementos resistentes na massa de solo,

    com a finalidade de aumentar a resistncia do macio como um todo. O mtodo de

    execuo o chamado Down-Top (de baixo para cima). Durante a execuo do aterro a

    ser reforado, a cada camada de solo compactado executada, faz-se o intercalamento com

    uma camada de elementos resistentes. medida que o aterro vai sendo alteado, o talude

    reforado vai tomando forma. Geralmente, a face do talude reforado recebe um

    revestimento, para que problemas, como eroso, possam ser evitados.

    5.4- Aterro compactado: Estrutura de disposio de solo e/ou fragmentos de rocha, em

    aterro, produzindo diminuio de volume e conseqente reduo de porosidade, o que

    determina o aumento de densidade (por meio de compactao) e a reduo da

    permeabilidade. A compactao do material de um aterro executada para prevenir a

    ocorrncia de eroso e escorregamento e, ainda, atenuar o desconforto associado ao

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    impacto visual causado pela presena de grandes volumes de material dispostos de

    maneira no uniforme.

    5.5- Terra Armada: Os elementos de reforo so tiras metlicas, que recebem tratamento

    especial anticorroso. Estas tiras so presas a blocos de concreto que protegem a face,

    para que se evite deslocamento excessivo das mesmas. Cabe lembrar aqui que estes

    blocos de concreto no possuem funo estrutural.

    5.6- Geossintticos: Atualmente, estes materiais vm sendo amplamente utilizados e

    novos tipos dos mesmos vem sendo desenvolvidos. Podem ser utilizados com diferentes

    finalidades: separao de materiais, reforo de aterros, filtrao, drenagem e barreiras

    impermeveis. Os mais utilizados como elementos de reforo em solo so:

    a)Geogrelhas;

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    b)GeoNets (geo-redes);

    c)Geotxteis tecidos e no tecidos;

    d)Geocompostos (combinao de pelo menos dois geossintticos).

    5.7- Cortina Atirantada: um dos mtodos mais modernos de conteno. Vale-se de

    tirantes protendidos e chumbadores para dar sustentao ao terreno. Uma das principais

    vantagens a possibilidade de aplicao sem a necessidade de cortar nada alm do

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    necessrio. Com as cortinas atirantadas possvel vencer qualquer altura e situao.

    Contudo, h no outro lado da moeda as desvantagens, que so: o alto custo, seguido da

    demora para a execuo. A execuo feita por etapas. Somente a primeira linha

    escavada. Em seguida, so feitas a perfurao e a insero dos tirantes, que so

    chumbados em nichos no fundo do orifcio. Cada tirante pintado com tinta epxi

    anticorrosiva e envolvido em um tubo de borracha individual. O conjunto de tirantes

    inserido num tubo coletivo e, j dentro do orifcio, revestido com calda de cimento a alta

    presso, que penetra nos vazios do solo, formando um bulbo, e ancorando as barras

    metlicas. As placas so acondicionadas e os tirantes protendidos. Em seguida, feita a

    escavao da segunda linha. A carga de proteno aumenta conforme a profundidade.

    Cargas muito altas podem causar rupturas. Os tirantes se localizam a uma distncia que

    varia entre 1,20 e 1,40 m. Outro ponto fundamental a manuteno das cortinas, pois

    apesar de exigirem menos cuidados, necessrio avaliar se os tirantes esto intactos e se

    no h vazamentos. Com a movimentao do macio, as variaes de temperatura e a

    eventual infiltrao de gua por trs do macio, o concreto pode fissurar e provocar

    infiltraes e vazamentos. Alm disso, o tirante poder oxidar. A cortina atirantada e o solo

    grampeado so considerados mtodos de ancoragem. Isso porque se apoiam no interior

    do solo que estabilizam. Nesses casos, importante aprofundar os tirantes ou

    chumbadores at que fiquem fora da zona de movimentao. Caso contrrio, a estrutura

    carregada em caso de deslizamento. O ponto crtico dessas estruturas a barra de ao,

    que deve ser protegida com argamassa ou nata de cimento a fim de evitar corroso e

    consecutivo rompimento do tirante ou chumbador. Por utilizar o terreno vizinho para o

    apoio, tambm essencial a autorizao do proprietrio para a execuo da obra. Tanto

    por questes legais quanto para evitar que os tirantes sejam removidos em caso de obras

    futuras.

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    5.8- Solo Grampeado (ou Pregado): menos dispendioso que a cortina atirantada.

    aplicvel apenas em solos firmes, caso contrrio corre-se o risco da terra escorrer por

    entre os grampos. Consiste na introduo de barras metlicas, revestidas ou no, em

    macios naturais ou em aterros. Sua execuo composta das seguintes fases:

    perfurao do macio, introduo da barra metlica no furo e preenchimento do mesmo

    com nata de cimento. A cabea do prego pode ser protegida, bem como a face do talude,

    com uma tela metlica e revestida com concreto projetado. ou argamassa de cimento . Os

    grampos no so protendidos, sendo solicitados somente quando o macio sofre

    pequenos deslocamentos. A espessura final da parede varia entre 5 e 6 cm. As barras se

    localizam a distncias de 80 cm a 1,40m.

    5.9- Muros de Arrimo: Muros so estruturas corridas de conteno de parede vertical ou

    quase vertical, apoiadas em uma fundao rasa ou profunda. Podem ser construdos em

    alvenaria (tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado), ou ainda, de elementos

    especiais. Os muros de arrimo podem ser de vrios tipos: gravidade (construdos de

    alvenaria, concreto, gabies ou pneus), de flexo (com ou sem contraforte) e com ou sem

    tirantes.

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    a) Muros a gravidade;

    b) Cantiveler;

    e) Semi-Gravidade (com parte

    de concreto armado;

    f) Retro-aterro de ponte;

    c) Com contrafortes;

    d) Crib Wall;

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    5.10- Gabies: O muro funciona da mesma maneira que o muro de arrimo. As gaiolas so

    preenchidas com pedra britada. Isso garante que a estrutura seja drenada e deformvel.

    Durante a execuo importante a disposio das pedras, de modo que o arranjo fique

    denso. A proteo da estrutura metlica pode ser feita com PVC ou pelo argamassamento

    da superfcie externa. A experincia de colegas do grupo aponta para o uso de formas no

    preparo do muro. As formas auxiliam para que o gabio fique montado de acordo com sua

    gaiola. Outro ponto que deve ser observado a base, que conforme o terreno deve ter um

    preparo prvio. Em alguns casos, usa-se o gabio tipo colcho Reno de base e o tipo caixa

    para execuo do muro.

    5.11- Crib-walls: Esse mtodo surgiu para melhorar o uso de concreto e ao, barateando o

    processo. composto de peas de concreto que se encaixam, formando uma gaiola. O

    formato final lembra a estrutura de uma fogueira, de onde deriva o nome. Para preencher

    as caixas utilizado o prprio material retirado no corte.

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    5.12- Solo ensacado: a soluo estrutural mais antiga. Por ser relativamente barata e

    no exigir mo-de-obra especializada torna-se tambm a mais comum. Embora possa ser

    executada com pedras, atualmente utilizam-se pedras argamassadas ou solo-cimento

    ensacado. indicada para alturas de at 5 ou 6 m, podendo chegar a alturas maiores.

    Pode ser aplicada em aterros, sendo construda previamente, ou em casos em que a

    encosta j existe. A proporo entre a altura e a base varia entre 0,4 e 0,7. indispensvel

    o uso de dreno e as barbacs para recolhimento da gua.

    No caso que exemplificamos na introduo do trabalho, o talude que uma parte

    sofreu escorregamento de solo, foi recomposto com solo ensacado (vide foto acima).

    5.13- Retaludamento: O retaludamento pode se destinar a um talude especfico ou

    alterao de todo o perfil de uma encosta. Trata-se de intervenes para a estabilizao de

    taludes, atravs de mudanas na sua geometria, geralmente feito por meio de cortes nas

    partes mais elevadas com o intuito de regularizar a superfcie e, sempre que possvel,

    recompor artificialmente condies de topografia de maior estabilidade para o material que

    as constitui. Muitas das vezes so combinados a aterros compactos para funcionar como

    carga estabilizadora na base da encosta. reas retaludadas ficam frgeis, em virtude da

    exposio de novas reas cortadas, razo pela qual o projeto de retaludamento deve

    incluir, indispensavelmente, proteo do talude alterado, atravs de revestimentos naturais

    ou artificiais associados a um sistema eficaz de drenagem.

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    Exemplo de rea degrada:

    rea degradada aps o retaludamento:

    As figuras acima ilustram uma mudana na geometria do talude, onde a

    declividade diminuiu de forma considervel e a encosta foi recortada em patamares

    denominadas bermas e complementado com revestimento superficial com gramas, alem

    dos cortes houve a confeco de um sistema de drenagem, na crista do talude (canaleta

    de borda).

    14- Estabilizao de blocos: Tratamento aplicado a um bloco ou conjunto de blocos de

    rocha de um macio, destacado por sistema de fraturamento e em situao de risco

    (queda de bloco), com possibilidade de danos a ocupaes a jusante, existentes ou

    previstas.

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    15- Drenagem: Devido aos inmeros efeitos que a gua pode exercer sobre um macio de

    solo ou de rocha (aumento do peso especfico do material, aumento da poro-presso e

    conseqente diminuio da presso efetiva, foras de percolao, subpresso, e outros),

    extremamente necessrio que se tomem os cuidados recomendados no que diz respeito

    drenagem adequada do terreno. Devem ser instaladas no talude canaletas para

    recolhimento da gua superficial. Quanto gua no interior do talude, a mesma poder ser

    recolhida atravs de drenos. Os drenos podem ser basicamente de dois tipos: de

    subsuperfcie, para drenar a gua que se encontra logo atrs do paramento, e drenos

    profundos, para que gua do interior do macio possa escoar para fora do mesmo.

    16 - Materiais Alternativos: Outros materiais que apresentam resistncia maior que o solo

    podem ser utilizados como elementos de reforo. Diversas alternativas consideradas de

    baixo custo e ecologicamente corretas podem ser citadas, entre elas, a utilizao de pneus

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    usados e bambus e EPS. Esse ltimo, em particular, chamou-nos ateno, devido

    praticidade e uma infinita gama de possibilidades de aplicao. Mas o que EPS?

    O poliestireno expandido um plstico celular e rgido, que pode apresentar uma

    variedade de formas e aplicaes. Apresenta-se como uma espuma moldada, constituda

    por um aglomerado de grnulos. Sendo identificado como celular rgido, obtido a partir do

    petrleo por meio de diversas reaes qumicas, de acordo com a norma DIN ISO 1043/78.

    EPS a sigla internacional do poliestireno expandido, segundo a norma DIN SO 1043/78.

    Porm no Brasil, sua nomenclatura usual o Isopor devido a ser marca registrada da

    empresa Knauf Isopor Ltda., contudo o EPS mais conhecido no Brasil o da marca

    comercial da Basf - Isopor.

    Por ser leve e resistente esse material tem sido aplicando em diversas reas da

    engenharia, com destaque aqui, para taludes. Os blocos so facilmente cortados e

    acomodados, e o espao entre o EPS e o terreno preenchido com material do prprio

    solo, e pode ser revestido de acordo com o projeto do talude.

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    6- Influncia da vegetao

    H sculos que a vegetao vem sendo utilizada na engenharia, tanto no controle

    de processos erosivos como na proteo e reforo em obras civis. As tcnicas que

    conjugam a utilizao desse elemento vivo na engenharia so denominadas bioengenharia

    de solos. Essas operaes, em decorrncia de seu baixo custo, requerimento tcnico

    relativamente simples para instalao e manuteno, adequao paisagstica e ambiental,

    tm encontrado largo campo de aplicao em regies tropicais e semitropicais, j que

    nelas as condies favorveis ao crescimento da vegetao ocorrem durante quase todo o

    ano. Sua importncia, freqentemente, verificada quando acontece a rua remoo. Aps

    a retirada da camada vegetal ou para uso de colheitas ou simplesmente desmates, na

    maioria das vezes ocorre intenso aumento de processos erosivos e de instabilizao de

    taludes. E o simples fato de retomada do crescimento pela vegetao j promove a

    diminuio desses processos.

    Contudo, por mais simples que os processos da utilizao da vegetao na

    engenharia possam parecer, especialmente em operaes de controle de eroso,

    demandam cuidado na escolha do tipo de vegetao que ser usado, ou pode no

    fornecer auxlio nenhum, pelo contrrio, acelerando processos erosivos e sendo

    contribuintes para instabilizaes de taludes.

    O uso da vegetao para controle de processos erosivos, portanto, deve ser

    criterioso, j que pode interferir intensamente na transferncia da gua da atmosfera para

    o solo nas guas de infiltrao e nos sistemas de drenagem superficial.

    Dessa forma, pode causar alteraes no volume e na intensidade do escoamento

    pluvial e nas taxas de eroso superficial. Pode, ainda, interferir nos valores da umidade no

    solo afetando, por conseguinte, seus parmetros geotcnicos como frico e coeso.

    Alguns pontos de interferncia entre a estabilidade do solo e a vegetao devem ser

    ressaltados, sendo pontos positivos:

    6.1- Pontos Positivos:

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    6.1.1- Razes: Elas agregam partculas de solo, aumentando a coeso, aumentam a

    resistncia do solo, aumentam a taxa de infiltrao de gua no solo, aumentam a

    porosidade e funcionam como canais de suco.

    6.1.2- Caule / Folhas: Reduzem a eroso pelo Efeito Splash, reduzem a eroso laminar,

    aumentam a rugosidade e, alm disso, as plantas rasteiras recobrem eficientemente o solo

    6.2- fundamental tambm ressaltar os pontos negativos das plantas:

    6.2.1- Razes: Podem danificar estruturas cimentadas, razes secas podem concentrar

    fluxo de gua pluvial, razes finas e superficiais impedem a infiltrao e desagregam

    partculas de solo (bambu).

    6.2.2- Caule / Folhas: A existncia de rvores em taludes, faz com que o peso prprio das

    rvores aumente as foras atuantes provocando deslizamentos, plantas altas, de folhas

    largas, podem causar eroso, vento em rvores produz foras sobre as massas de solo,

    ativando deslizamentos.

    Importante ressaltar que existem espcies com grande profundidade do sistema

    razes, chegando at 4 metros, como no caso do capim vetiver, e exerce o papel de

    atirantamento do solo, cuja resistncia da raiz de 1/6 do ao doce. Alm disso, uma

    espcie recomenda por todos os rgos ambientais internacionais, em razo de no ser

    invasora, no se reproduzindo por sementes, rizomas ou estoles, apenas por mudas.

    O uso do capim vetiver em obras de engenharia uma alternativa vantajosa e tem

    apresentado resultados surpreendentes em estradas, ferrovias, canais, barragens, tanto

    pela sua eficincia como por seus custos reduzidos em comparao com as tcnicas

    tradicionais de engenharia.

    As razes do vetiver apresentam resistncia trao de 75 MPa e oferecem

    grande aumento na resistncia ao cisalhamento, que est entre 6 e 10 KPa por quilo de

    raiz por m de solo, em comparao com valores entre 3,2 a 3,7 KPa por m de solo de

    razes de rvores. importante que as aplicaes do vetiver sejam realizadas por

    especialistas que conheam as reais necessidades de proteo e caractersticas das

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    regies, para que se possam aplicar outras tcnicas complementares para garantir o

    sucesso e a segurana do meio ambiente.

    O efeito da vegetao na melhoria da estabilidade do talude, quando comparado

    mesma condio de um talude com e sem vegetao, em razo da inclinao e do fato de

    segurana pode ser assim entendido: para uma inclinao de 45, sem proteger o talude

    com vegetao na condio insaturada, o fator de segurana de 1,3; quando ocorre a

    proteo vegetal no talude, o fator de segurana de 2,8; ou seja, uma melhoria muito

    significativa da estabilidade. Na condio saturada, a vegetao tambm contribui para

    melhorar a estabilidade do talude.

    6.3- Principais mecanismos de interferncia entre a estabilidade do solo e a vegetao

    6.3.1- Reforo da massa do solo pelas razes: As razes das plantas exercem funo de

    estabilizao das partculas do solo, por meio de diversos mecanismos, como o aumento

    da resistncia ao cisalhamento, promovido especialmente pelas radicelas, que mantm

    maior relao superfcie / volume radicular; e com a estabilizao de movimentos de

    massa pelo efeito das razes, especialmente as pivotantes, que atuam de maneira

    semelhante dos tirantes vivos, promovendo o ancoramento de grandes massas de solo.

    Esse efeito de tirantes vivos especialmente verificado em perfis do solo com diferenas

  • 29

    significativas entre resistncia ao cisalhamento ao longo da profundidade do perfil como

    em solos residuais. O aumento da resistncia ao cisalhamento do solo est vinculada

    diretamente transferncia direta das tenses de cisalhamento para resistncia das razes

    tenso. Essa transferncia ocasiona incrementos considerveis na resistncia ao

    cisalhamento do solo, com conseqente reduo da erodibilidade, e no aumento da

    estabilidade do solo. Esse efeito denominado reforamento radicular e pode variar em

    decorrncia de fatores como: valores de resistncia tenso das razes; propriedades da

    interface entre as razes e o solo; concentrao, caractersticas de ramificao e

    distribuio das razes no solo tambm denominada arquitetura radicular; espaamento,

    dimetro e massa de solo explorada pelas razes; espessura e declividade do perfil do solo

    do talude; parmetros geotcnicos relativos resistncia ao cisalhamento do solo. Esses

    fatores que regulam o reforamento radicular, por sua vez, podem ser influenciados pela

    espcie da planta, pelas variaes ambientais nas condies de crescimento e pela poca

    do ano.

    Com relao s espcies de plantas, verifica-se que as conferas apresentam

    menor resistncia tenso radicular do que rvores decduas. Arbustos apresentam

    resistncia radicular tenso comparvel a rvores, oferecendo em relao a estas

    diversas vantagens, como menor potencial de sobrecarga sobre solos e menor tendncia a

    tombamentos pelo vento, quando comparados s espcies arbreas.

    O dimetro das razes, em geral, inversamente proporcional resistncia

    radicular a tenso. Razes finas possuem a vantagem de no apenas possurem altas

    resistncias tenso radicular, mas tambm maiores resistncias ao arranque, dada sua

    alta superfcie especfica se comparada a razes de maior dimetro. Essa relao entre

    resistncia radicular e dimetro pode ser expressa na forma de uma simples equao

    logartmica dada por:

    Tr = n Dm

    Tr = resistncia radicular a tenso

    D = dimetro de razes

    n e m = constantes empricas especficas para plantas

  • 30

    O corte, as leses graves ou a debilidade fisiolgica das plantas podem fazer

    decrescer a estabilidade dos solos, dado a reduo da resistncia tenso das razes. As

    razes de menor dimetro so, nessas ocasies, as primeiras a fenecer e a desaparecer.

    Com o passar do tempo ocorre um declnio na resistncia tenso das razes que atinge

    um valor mnimo, que pode voltar a crescer com a emisso de novas radicelas pela

    vegetao fisiologicamente ativa.

    A elevada concentrao de fibras radiculares de pequeno dimetro mais efetiva

    do que poucas razes de dimetro maior para o aumento da resistncia ao cisalhamento de

    massas de solos permeadas por razes. Esse aumento resistncia ser diretamente

    proporcional profundidade explorada pelas razes. A ao mais eficiente nesse aumento

    da resistncia verificada quando as razes penetram ao longo do manto de solo at

    fraturas ou fissuras presentes na camada de rocha matriz; ou onde razes penetrem ao

    longo de solos residuais; ou em zonas de transio em que a densidade e a resistncia do

    solo ao cisalhamento aumentem com a profundidade, atingindo esses pontos. Nesse caso,

    as razes se fixam, promovendo a transferncia de foras de zonas de menor resistncia

    ao cisalhamento para zonas de maior resistncia a ele. Esse efeito estabilizador

    minimizado quando ocorre pouca penetrao das razes ao longo do perfil e, logo, das

    diferentes resistncias ao cisalhamento ao longo da profundidade. Mesmo nesses casos,

    as razes laterais podem exercer importante papel, em decorrncia da manuteno de um

    manto contnuo de razes ao longo das camadas superficiais, aumentando a resistncia

    destas para processos erosivos. Entretanto, dadas as exigncias de oxigenao pelas

    clulas das razes, elas tendem a se concentrar prximas superfcie.

    O principal efeito das fibras do sistema radicular da vegetao no reforo de solos

    est relacionado ao incremento da coeso aparente. De acordo com estudos, a coeso

    efetuada pelas fibras radiculares pode fazer uma diferena significativa na resistncia a

    deslizamentos superficiais ou em movimentaes por cisalhamento na maioria de solos

    arenosos com pouca ou nenhuma coeso intrnseca. Em testes executados em condies

    de campo e de laboratrio foi verificado o aumento da resistncia ao cisalhamento por

    unidade de concentrao de fibra radicular da ordem de 7,4 a 8,7 psi / lb de razes / cf em

    diferentes espcies de plantas.

    6.4- MODIFICAES NO REGIME HDRICO DO SOLO

  • 31

    6.4.1- Evapotranspirao e depleo da umidade no solo: A evapotranspirao pode ser

    definida como a remoo da umidade do solo pela transpirao das plantas e pela

    evaporao da parcela de gua interceptada da chuva pela superfcie das plantas.

    Normalmente, a suco radicular absorve a gua do solo at certo limite, quase sempre

    prximo ao valor do potencial hdrico do solo. A capacidade de a vegetao alterar o

    contedo de gua no solo comprovada e intrinsecamente vinculada ao comprimento e

    extenso das razes. O efeito da vegetao na depleo da umidade depender da

    espcie vegetal, da profundidade, da poca do ano e do estado fisiolgico da vegetao,

    podendo estar vinculada a um ou mais desses fatores concomitantemente.

    Como resultado da reduo da umidade do solo ocorre alteraes significativas no

    equilbrio de foras deste, que reduzem os valores de poro-presso da gua em condies

    de saturao, aumentam a quantidade de gua necessria para que ocorram essas

    condies e faz com que a quantidade de gua precipitada necessria para causar

    instabilidade sobre um solo com vegetao seja maior do que a necessria para um solo

    sem vegetao, aumentando o coeficiente de segurana de taludes em condies de

    saturao, na maioria das vezes em que utilizada.

    6.4.2- Interceptao da chuva: A interceptao das gotas de chuva pela parte area da

    vegetao varia com a intensidade e o volume desta e com as caractersticas da superfcie

    foliar. Estimam uma interceptao mdia de 30%, ao longo do ano, para locais com

    revestimento arbreo.

    6.4.3- Reduo do volume e ao erosiva do escorrimento superficial: Como resultado da

    combinao dos aumentos dos valores de rugosidade superficial, infiltrao e

    interceptao, a enxurrada de reas recobertas por vegetao muito menor que as de

    solo descoberto. Em pequenas reas de contribuio recobertas por rvores e gramneas,

    ela corresponde a valores que variam entre 10% a 20% do volume de gua precipitados,

    entre 30% a 40% sob reas cultivadas e entre 60% a 70% em assentamentos urbanos.

    6.4.4- Velocidade do escoamento: A vegetao reduz a velocidade das enxurradas por

    causa da rugosidade apresentada no escoamento superficial pelas estruturas da parte

    area da vegetao. Em termos hidrulicos, a rugosidade pode ser caracterizada por um

  • 32

    parmetro como o coeficiente de Manning (n), da equao da velocidade mdia do

    escoamento:

    v = (R2/3 S1/2) / n,

    R = raio hidrulico,

    S = declividade da superfcie de escoamento.

    n = constantes empricas especficas para plantas

    A rugosidade hidrulica e, consequentemente o retardamento do escoamento

    dependero tanto da morfologia das plantas quanto da densidade de crescimento, da

    altura das plantas e da espessura da lmina dgua.

    6.4.5- Infiltrao: A vegetao pode aumentar os ndices de infiltrao por diferentes

    fatores distintos como: razes fisiologicamente ativas; canais ou fissuramentos ocasionados

    por razes decadas; aumento da rugosidade hidrulica; aumento da porosidade efetiva do

    solo; alteraes estruturais do solo. O aumento da infiltrao de enxurradas e o da

    precipitao podem tambm aumentar o teor de umidade do solo, em comparao a reas

    no vegetadas. Tais efeitos so reduzidos pela ao da interceptao e da transpirao

    inerentes ao desenvolvimento da vegetao.

    A vegetao permite eliminar por completo processos de selamento superficial,

    caracterizados pela impermeabilizao da camada subsuperficial do solo, decorrente da

    ocluso de macroporos por partculas do solo mobilizadas pelo impacto das gotas de

    chuva.

    6.4.6- Drenagem subsuperficial: O escoamento subsuperficial pode ser favorecido em

    superfcies inclinadas, ocorrendo entre a camada de biomassa decomposta e em

    decomposio e as camadas superficiais entremeadas por uma densa rede de razes,

    caracterizando uma direo de escoamento paralela superfcie do solo. Esse regime de

    fluxo pode corresponder a 80% do total de gua drenada de um talude. Alm disso, a

    permeabilidade horizontal do solo das camadas superficiais de reas bem vegetadas

    geralmente apresenta valores superiores a reas no vegetadas. Esses processos de

    escoamento podem favorecer a ocorrncia de processos de deslizamento de massas de

    solo subsuperficiais (at 1,5 m).

  • 33

    6.5 - PROTEO DO SOLO CONTRA OS AGENTES EROSIVOS

    6.5.1- Recobrimento do solo: A parte area da vegetao e a matria orgnica em

    decomposio ou humificada, protegem o solo tanto dos processos de mobilizao e

    carreamento de sedimentos pela ao dos agentes erosivos como o vento, gua ou gelo.

    Dessa maneira, as foras trativas, responsveis por at 98% da mobilizao de

    sedimentos em solos arenosos, so dissipadas pela ao interceptadora do material

    orgnico.

    Sob condies normais, o recobrimento do solo por capim ou vegetao herbcea

    densos proporciona melhor proteo contra a eroso laminar e a ao do vento. A

    efetividade (reduo da quantidade de solo perdida) do recobrimento vegetativo pode ser

    verificada na porcentagem de efetividade para diferentes recobrimentos.

    O recobrimento vegetativo modifica sensivelmente o microclima superficial,

    reduzindo as variaes da umidade e a temperatura do solo. Essa ao isolante relaciona-

    se a processos de reduo da coesividade do solo pela quebra de agregados e pelo

    enfraquecimento da estruturao dadas as variaes na temperatura, especialmente aps

    ciclos de esfriamento significativo.

    6.5.2- Vegetao decada : Matria orgnica A matria orgnica do solo, composta pela

    frao no reconhecvel sob um microscpio tico que apresenta organizao celular de

    material vegetal denominada hmus, a qual inclui as substncias hmicas,

    processualmente definidas em fraes, baseadas em sua solubilidade em diferentes

    valores de pH; e o grupo de substncias no hmicas, como carboidratos, protenas,

    lipdios e cidos orgnicos, nos quais a frmula qumica para as subunidades pode ser

    definida precisamente.

    Os grupos funcionais das substncias hmicas so responsveis pela capacidade

    de troca catinica (CTC) e por importantes processos fsico-qumicos do solo, como a

    complexao de metais. Esses processos influenciaro consideravelmente a fertilidade e a

    contaminao do solo, j que esto diretamente relacionados superfcie disponvel para

    os nutrientes serem adsorvidos pelas partculas do solo e posteriormente para a soluo

  • 34

    do solo e em ltima instncia para o sistema radicular da vegetao adjacente.

    Carboidratos so os mais importante grupamento funcional de substncias no hmicas

    (SNH), representando de 10% a 25% em massa do carbono orgnico nos solos.

    A maioria dos carboidratos no solo est presente na forma de polissacardeos, que

    contm, na maioria das vezes, dois ou trs diferentes acares em cada polmero. Os

    polissacardeos do solo tm sido estudados por causa de seu importante papel na

    estabilizao de agregados de partculas de argila. Muitas vezes, essa agregao ocorre

    em razo de mucilagens polissacardicas oriundas de razes, bactrias e fungos, que

    formam soldagens efetivas em solos. Em muitas situaes os polissacardeos so

    responsveis por virtualmente toda a estabilidade agregadora em solos. A confirmao

    visual da associao de argilas com polissacardeos pode ser obtida por microscpios

    eletrnicos de varredura e de transmisso.

    6.5.3- Ambivalncia dos efeitos da vegetao na intensidade de processos erosivos: A

    utilizao no criteriosa da vegetao como prtica conservacionista pode apresentar

    efeitos deletrios para o solo, aumentando a intensidade dos processos erosivos. Alguns

    efeitos negativos sobre a estabilidade de solos podem ser verificados, como: em certas

    condies de recobrimento, a gua da precipitao pode retomar o formato de gotas ainda

    maiores que as da precipitao, atingindo o solo com potencial erosivo; o crescimento de

    um dossel definido poder sombrear estratos mais baixos ou por meio de processos de

    alelopatia (liberao de substncias inibidoras do crescimento celular vegetal de espcies

    invasoras por tecidos de espcies dominadoras), podendo causar a eliminao a

    vegetao herbcea original completamente, favorecendo o escorrimento superficial; a

    vegetao pode aumentar a turbulncia do escoamento superficial, favorecendo processos

    erosivos laminares; o aumento significativo da biomassa vegetal (especialmente em

    arbreas) pode causar sobrecargas no talude; ventos atuando na parte area da

    vegetao podem ocasionar transferncia de foras para o sistema radicular, causando

    perturbaes camada superficial do solo; a penetrao radicular em fissuras e junes

    de rochas favorecem a infiltrao e intemperismo da rocha, podendo favorecer a

    instabilidade do talude; escoamento ao longo da superfcie de razes de plantas

    senescentes.verificaram que as caractersticas de arranjo e distribuio da parte area da

    vegetao para uma mesma altura mdia podem causar variaes de mais de 300% na

    perda de solos em uma mesma situao de solo e declividade.Verificou que gotas oriundas

  • 35

    da atmosfera com dimetros entre 2 e 3 milmetros atingindo o solo possuem menor

    capacidade de mobilizar partculas do solo que gotas de 5 milmetros formadas pelo

    acmulo de gotculas na superfcie de folhas a 1 milmetro de altura. Essa variao da

    erosividade pode atingir variaes da ordem de 1 000% nas adjacncias de rvores e

    arbustos. Superfcies recobertas por gramneas produzem um padro uniforme e atenuado

    de distribuio da chuva no solo, reduzindo-se a valores incipientes se comparados com os

    inicialmente presentes nas gotas.

    Com relao a sobrecargas causadas pelo aumento significativo da biomassa

    vegetal entretanto,para um modelo de talude infinito, a sobrecarga pode ser benfica

    estabilidade, desde que a coeso do solo seja baixa, o ngulo interno de frico do solo

    seja alto e os ngulos de inclinao do talude sejam pequenos.

  • 36

    7- Exemplos de obras de estabilizao.

    BR-040

    Treze pontos da BR-040 receberam obras de estabilizao de taludes executadas

    pela Concer. As obras aconteceram em encostas existentes na Serra de Petrpolis,

    Itaipava, Pedro do Rio, Levy Gasparian, Simo Pereira e Juiz de Fora. Quase metade das

    intervenes ocorreu no trecho da serra, entre os kms 66,8 e 94. A obra de maior porte

    aconteceu em Juiz de Fora, na altura do km 793, sentido JF, onde a Concer fez a

    conteno de encosta, um revestimento vegetal numa rea de 12 mil metros quadrados e

    novo sistema de drenagem. Alm de solues convencionais, a Concer tambm adotou

    uma forma ecologicamente correta de tratar taludes da Serra de Petrpolis atravs das

    biomantas. O material feito de fibras vegetais e costurado com fios 100% degradveis,

    permitindo o surgimento de uma manta verde na rea que estava sujeita a

    escorregamento.

    Santo Andr SP

    Num Conjunto Habitacional em Santo Andr SP, a soluo encontrada pelos

    engenheiros foi o uso de solo grampeado para estabilizao do talude. Por ser econmica

    e eficiente, era a mais indicada.

  • 37

    Duplicao da BR-101: Blocos de isopor so instalados

    Comeou no dia 04 de outubro de 2010 a instalao dos blocos de EPS

    (poliestireno expandido, ou isopor) na cabeceira de sentido sul/norte do viaduto duplo de

    acesso ao centro de Tubaro. A modificao no projeto deste trecho, antecipada pelo

    Notisul em julho, necessria devido baixa resistncia do solo do local por onde

    passaro as futuras pistas de acesso ao viaduto. Na poca, o Departamento Nacional de

    Infraestrutura de Transportes (Dnit) analisou a possibilidade de acrescentar mais trs vos

    ao viaduto. Contudo, o valor da obra seria elevado e estenderia o prazo de concluso. A

    alternativa encontrada foi o uso dos blocos de EPS. Cada pedao de isopor tem quatro

    metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 50 centmetros de altura.

    Os blocos so encaixados individualmente, em amarrao tranada, para melhor

    compactao. Apenas dois trabalhadores so necessrios para erguer os blocos e

    encaix-los na malha, onde sero presos por dois ferrolhos. Depois de instalados, os

    blocos formaro uma malha com quatro metros de altura. Este conjunto ser envolvido por

    uma camada de cinzas e, posteriormente, receber o aterro, as camadas bases e, por

    ltimo, as trs camadas de asfalto. Ao todo, o talude ter aproximadamente sete metros de

    altura.

    Cortina Atirantada Linha Verde Vespasiano MG

    A empresa H Miranda Engenharia, atendendo a seu cliente do Consrcio Cowan

    Barbosa Melo, executou no trecho da Linha Verde, em Vespasiano a obra de estabilizao

  • 38

    de taludes por mtodo de cortina atirantada. Para a execuo: tirantes para CT = 35ton -

    5.412,90m, concreto projetado - 119,00 m3 e concreto armado - 165,84 m3.

    ANTES DEPOIS

  • 39

    8- Bibliografia

    GUIDICINI, G.; NIEBLE, C.M. Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavao. Editora

    Edgard Blcher LTDA. So Paulo, 1993.

    MANO, E.B., 2000, Polmeros como Materiais de Engenharia, Edgard Blucher, So Paulo.

    COELHO, Arnaldo Teixeira. Efeitos da vegetao na estabilidade do solo e de taludes. In:

    XIII CURSO SOBRE EROSO E CONTROLE DE SEDIMENTOS, 2005, Belo Horizonte

    CONCER - http://www.concer.com.br/web/Home.aspx

    PRESERVA ENGENHARIA - http://preserva.com.br/

    DUPLICAO BR 101 Disponvel em: http://www.portalrcr.com.br/noticias/noticias-

    regionais/5481-duplicacao-da-br-101-blocos-de-isopor-sao-instalados

    Acesso em 26/11/2010;

    MANUAL DE OCUPAO DE MORROS NA REGIO METROPOLITANA DE RECIFE

    Disponvel em: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-

    urbanos/biblioteca/prevencao-de-riscos/publicacoes-institucionais/manual-de-ocupacao-de-

    morros-na-regiao-metropolitana-de-recife/

    Acesso em 26/11/2010;

    DYMINSKI, A.S, UFPR - Notas de Aula - Estabilidade de Taludes

    CORTINA ATIRANTADA LINHA VERDE: Disponvel em:

    http://www.hmiranda.com.br/obras_1.htm Acessado em: 27/11/2010