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1 1 1. Morin e a Simplicidade Desejável Mecânica Filosófica e a Supercomplexidade 2. Complexidade como o Mesmo Pólo 3. De Uns Muitos 4. De Muitos Uns 5. Yin/Yang e Ciclo M/W 6. Um Primeiro Elemento 7. Discussão Inicial 8. Discussão Intermediária 9. Discussão Final 10. Desfolhando o Mundo: Revisão, Reaudição, Retato, Repaladar, Reolfato 11. A Casa Antiga Fechada e Demolida 12. A Casa Nova 13. Reconstrução Vitória, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009. José Augusto Gava.

Mecanica Filosofica e a Supercomplexidade

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para a reunião dos pares polares devem ter uma mecânica dissertativa

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1. Morin e a Simplicidade Desejável

Mecânica Filosófica e a Supercomplexidade

2. Complexidade como o Mesmo Pólo 3. De Uns Muitos 4. De Muitos Uns

5. Yin/Yang e Ciclo M/W 6. Um Primeiro Elemento

7. Discussão Inicial 8. Discussão Intermediária

9. Discussão Final 10. Desfolhando o Mundo: Revisão,

Reaudição, Retato, Repaladar, Reolfato

11. A Casa Antiga Fechada e Demolida 12. A Casa Nova

13. Reconstrução

Vitória, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Morin e a Simplicidade Desejável

Morin tem dois livros opostos. A visão de Morin, tanto de um lado quanto do outro, é incompleta

PORQUE é preciso juntar os pares polares oposto-complementares como um terceiro. OS DOIS LADOS DE MORIN

Da simplicidade para a complexidade (de um

para muitos)

(fazendo um corpo) SIMPLEXO

Da complexidade para a simplicidade (de muitos

para um) COMPLEXICAÇÃO SIMPLIFICAÇÃO

A Religação dos Saberes (O desafio do século XXI); compilado

por Edgar Morin, 6ª edição, Rio de Janeiro,

Bertrand Brasil, 2007.

O Pensar Complexo (Edgar Morin e a Crise

da Modernidade); compilado por Edgar Morin, Rio de Janeiro,

Garamond, 1999.

Na realidade, como viu Koestler é um par-terceiro e são vários deles,

inumeráveis conjuntos simplexos, conjuntos simples-complexos: são hólons (holo/on) ou todopartes ou partodos. Um motor de navio é complexo em si, mas simples no conjunto dele, que contém milhares de peças.

Capítulo 2 Complexidade como o Mesmo Pólo

O monopolo estava antes do Big Bang (o Barulhão, a Grande Explosão).

Depois disso não existiu mais, PORQUE “abrir o universo” significa justamente abrir o monopolo.

Complexidade NÃO ESTÁ separada de simplicidade, pelo contrário, são uma e a mesma coisa: constituem o monopolo simples-complexo, simplicidade-complexidade. Só vemos separado porque – tendo tempos curtos de vida para compreensão – não conseguimos abarcar. Tendo vida de uma ou duas gerações (30 ou

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60 anos) os indivíduos não conseguem ver; foi preciso que a civilização se desenvolvesse durasse 10 mil anos, inventasse a escrita e a divulgação gutenberguiana da escrita para atingir a maturação científico-matemática e com ela a compreensão tão larga, alta e profunda a ponto de poder ver um começo de totalização.

Complexidade é o mesmo pólo da simplicidade, só parece separada da outra porque somos racionais e não conseguimos abarcar os ciclos.

AS DURAÇÕES DOS CICLOS

TIPO

(são círculos muito longos perto dos humanos, estes curtinhos)

DURAÇÃO da água

do carbono

econômico

econômico

segundo Kondratieff

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feminino

solar

estelar por Rogério Chola, reproduzido com sua gentil permissão*

Publicado na revista UFO, edições 85 e 86 Este texto é oferecido como um ponto de vista diferente,

frisando o ceticismo aberto (13) O astrônomo soviético Nikolai Kardashev e o físico norte-

americano Freeman Dyson, com bases nas leis da Termodinâmica e Energia, criaram um sistema de categorias para classificar possíveis

civilizações extraterrestres com base na maneira pela qual elas produzem, consomem e reciclam a energia necessária para

sobreviver, em 5 tipos básicos: - Civilização Tipo 0 => seria aquela que ainda utiliza primitivos

métodos de produção de energia, baseado em queima de combustíveis fósseis, nucleares e alternativos. Ainda mantêm estruturas segmentadas de cultura, religião e política e não

conseguiu se livrar de conflitos raciais, preconceitos e guerras e ainda está na eminência de se auto-destruir antes de atingir uma

situação Tipo I. - Civilização Tipo I => seria aquela que dominou todas as formas de

energia de seu Planeta natal. Tal civilização teria a capacidade de modificar o clima, minerar os oceanos ou extrair energia

diretamente do núcleo de seu Planeta. As necessidades de energia de uma civilização deste tipo seriam tão grandes que precisam utilizar o srecursos potenciais energéticos de todo o Planeta. A

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utilização e gerenciamento de recursos nesta escala é tamanha que requer um sofisticado grau de cooperação e comunicação entre seus

habitantes. Isso significa que este tipo de civilização já pode ser chamada de planetária e aonde a maior parte de lutas de idéias,

conflitos religiosos, preconceitos, egos, tem de estar obrigatoriamente eliminados.

- Civilização Tipo II => seria aquela que esgotou os recursos energéticos de seu Planeta, devido a grande necessidade e demanda por energia e assim, passaram a dominar a energia de sua estrela

principal (seu Sol) para fornecer a energia que necessitam. Freeman Dyson especula que construindo um gigantesca esfera em torno de seu Sol, uma civilização deste tipo poderia utilizar a produção total de energia da estrela. Este tipo de civilização também poderia já ter iniciado a exploração e colonização de sistemas estelares próximos. - Civilização Tipo III => seriam aquelas que esgotaram também a produção de energia de uma única estrela e precisam agora chegar a sistemas e aglomerados próximos e assim, acabar entrando na classificação de Civilização Galáctica. Possuem tecnologia para

explorar e obter energia de conjuntos de sistemas estelares por toda sua galáxia.

- Civilização Tipo IV => seria a última escala imaginada atualmente que poderia manipular inimagináveis quantidades de energia.

Civilizações deste tipo poderiam manipular núcleos de galáxias, quasares, buracos-negros para obter energia. Também teriam o

poder de manipular à vontade o quarto pilar da ciência: o contínuo espaço-tempo. Este tipo de civilização poderia alargar, controlar e dominar os microscópicos “buracos de minhoca” (warmholes) que conectam constantemente os múltiplos Universos e dimensões e assim, abrir passagem entre eles. Poderiam também conseguir

manipular a chamada “matéria/energia escura” se descobrirem a real natureza da mesma.

Para se ter uma idéia, a famosa “Federação dos Planetas” descrita na série de TV “Jornada nas Estrelas” é composta de civilizações Tipo II; a civilização dos tecnológicos “Borgs” e dos misteriosos

“Q’s” também da mesma série seriam civilizações do Tipo III e IV respectivamente e por isso são temidas por civilizações Tipo I e II; o Planeta Terra possui em sua atualidade, uma civilização Tipo 0 em

vias de se tornar uma Tipo I, isto é, se sobrevivermos a nós mesmos!

11/02/2006 Tipos de civilizações no universo

Possíveis tipos de civilizações no Cosmos segundo Freeman Dyson e Nikolai Kardashev (acrescentei a minha opinião também)

Tipo 0- utiliza primitivos métodos de produção de energia, baseados

na queima de combustíveis fósseis, nucleares e alternativos. Ainda manteria estruturas segmentadas de cultura, religião e política. Não conseguiu se livrar ainda de conflitos raciais, preconceitos, guerras.

Este tipo chegará na iminência de se auto-destruir antes de chegar ao tipo 1. A Terra está no tipo 0, mas per,to de se tornar tipo 1, se a

humanidade sobreviver. Tipo 1- Nesse estágio, já teria dominado todas as formas de energia de

seu planeta natal. Entre seus feitos, teria modificado o clima, faria mineração nos oceanos e/ou extrai energia do núcleo de seu,planeta e

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faria mineração em sua(s) lua(s), se tiver. Grande parte dos conflitos de ideologias, religiões, raças e etnias, egos

já estariam superados. Tipo 2- Nesse estágio, já teria esgotado os recursos energéticos de seu

planeta natal. Já teria co,meçado a colonização de outros planetas e luas de seu sistema estelar,e extrai energia de sua estrela. Estaria

iniciando a expansão para fora, exploração e colonização de sistemas estelares próximos.

Tipo 3- Nesse estágio, já esgotou a produção de ener,gia de uma única estrela, precisa chegar a sistemas estelares e aglomerados, entrando

na classificação de cultura galáctica. Tipo 4- Nesse estágio, pode manipular inimagináveis quantidades de

energia, muitas vezes diretamente de núcleos de galáxias, q,uasares e buracos negros, sempre para obter energia. E o contínuo espaço-

tempo. Também pode alargar, controlar e dominar os �Wormholes� (Buracos de Vermes), que servem de portais inter-dimensionais (tipo

�Stargate�). TUDO EVOLUI EM GRANDES CICLOS

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AUMENTANDO OS CICLOS HUMANO

S (a cada nascimento somos primitivos, indivíduos, mas quando crescemos – uns mais e outros menos – vamos adentrando as capacidades coletivas pelo aprendizado)

INDIVÍDUO (fonte de todo

sonho e realização; sob pressão

excessiva os limites estão rebentando)

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PESSOAS

FAMÍLIA (a aventura do

indivíduo)

GRUPO (gangues

são grupos de automilícias)

EMPRESA

(muitos grupos)

AMBIENTES

CIDADE-MUN. (de - em torno de – 300

mil a milhões)

ESTADO (mais de

70 cidades)

NAÇÃO (27

estados e mais de 5,5 mil municípios:

abriga número muito maior de

ilusões) MUNDO

(200 nações: o limite atual dos

conflitos enquanto chance de

crescimento) Pode ser que, como civilização solar, atinjamos uma plenitude ainda

mais vasta, uma competência para ver ainda mais longe. Em todo caso, trata-se de identificar a complexidade-simplicidade

como uma coisa só, um monopólo não-evidente. E aí, de modo não-trivial, chegar à mecânica filosófica pleiteada (a qual de nenhum modo é apenas linear).

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Capítulo 3 De Uns, Muitos

O cê-bola é o átomo de que os gregos falavam - o não-divisível -, para

eles uma idéia. Não poderia ser diferente, pois não podiam vê-lo, só imaginá-lo, e não apontariam uma imaginação intermediária; só a final interessaria, O ELEMENTO CONSTITUTIVO, o centro, o absoluto, o governante de todas as causas.

átomo grego (como pensado pelo Ocidente)

O PRESUMIDO ÁTOMO GREGO E O ÁTOMO ATUAL

(contemporaneamente imaginaram ser como o sistema solar e

taxaram os gregos de tolos) átomo do Ocidente

(contudo, é muito mais complexo que apenas isto)

© O CÊ-BOLA E A CEBOLA

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O cê-bola (ou campartícula fundamental) gera as quatro seguintes, que

geram a pequena e a grande nuvem. Os quatro seguintes são os elementos constitutivos na base (não sei se abaixo dos quarks; provavelmente). Em termos de forças são a gravitacional, a eletromagnética, a fraca e a forte.

Capítulo 4 De Muitos, Uns

Da Grande Nuvem original, então, vem esses muitos que vemos agora

em toda essa multiplicidade infindável. E de muitos, como está na bandeira americana, um, a compreensão da

totalidade (ao modo dos racionais). Porém, em termos de Natureza, de muitos, muitos mais, quer dizer, de muitos uns, vários vindo dos mesmos objetos básicos, assim como muitíssimas casas vêm dos mesmos objetos de base, como tijolos, esquadrias, marcos, pisos, torneiras e tais.

QUAIS SÃO OS ELEMENTOS DE BASE?

PARTES (que são compostas de partes): motor

(por exemplo, eles devem – genericamente – compor todos os navios; são as partes, de que o navio é o todo)

TODO (que é parte de outro todo): navio

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É preciso identificá-los todos, esses hólons ou partodos ou todopartes para facilitar o processo didático/dialético de transferência do Conhecimento (quatro diferentes didáticas: mágico-artísticas, teológico-religiosas, filosófico-ideológicas, científico-técnicas e matemáticas).

Com isso, simplicidade e complexidade realmente formariam pares em PATAMARES DE FLUXO, sem o domínio dos quais os seres humanos não avançarão para o nível seguinte. Por exemplo, o empilhamento de casas em prédios pressupõe o domínio formestrutural das casas, isto é, a identificação de seus pontos fracos e fortes em cada caso.

Capítulo 5 Yin/Yang e Ciclo M/W

Ao segundo texto do modelo chamei de QUAO (A Benevolência

Ocidental), por similitude com TAO (tal e qual). O desenho é o mesmo do Oriente, mas tem explicações sobre construção ajuizada; ademais, seria interessante adotar outro símbolo, mais completo e que não estivesse carregado de preferências geo-históricas.

TAO E QUAO

(o Ocidente – com atraso – encontra o Oriente, mas com adiantada forma racional)

M W

Só que o W é angular, enquanto o M é reto; seria preciso que ambos fossem quadrados. E então matematizar, tornar tecnocientífica a compreensão dialógica do mundo.

Capítulo 6 Um Primeiro Elemento

O PRIMEIRO ELEMENTO, AS QUATRO DERIVAÇÕES E AS POSTERIDADES EM PEQUENAS E GRANDES NUVENS (assim, ou como for)

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pequena nuvem

grande nuvem

Capítulo 7 Discussão Inicial

ECCE HOMO1. Magia-Arte;

(eis o Conhecimento, anunciado de outra forma)

2. Teologia-Religião; 3. Filosofia-Ideologia; 4. Ciência-Técnica; 0. Matemática. O MUNDO PODE SER SEU

SENTIMENTAIS

(diz a música: é seu, mas de todo mundo também, tal como está posto no modelo)

RACIONAIS 1. Magia-Arte

2.

3. Teologia-Religião

4. Filosofia-Ideologia

5. Ciência-Técnica

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MATEMÁTICA ME ENCHA DE LUZ

Os racionais vão a pouco e pouco completando o cenário com firmeza e confiança (são necessários, como o são os homens, os produtores). Começando em cima com bem pouquinho eles vão

alargando.

(diz outra música: luz é a soma de sombras, pois a luz é retirada de muitos para dar a poucos)

Os sentimentais vão depressa, mas erram bastante, levando a

bastante confusões (são suficientes, como o são as mulheres, as organizadoras). Começando em baixo com muito elas vão centrando.

Cada um contribui um pouco para formar o hexágono. Estamos procurando os necessários-suficientes, quer dizer, o centro do

hexágono: uns tem de ir depressa para chegar aos novos continentes e outros devagar para colonizar e firmar as posses produtivorganizativas.

ESTÁTICA DAÍ A MECÂNICA DO EQUILÍBRIO

MECÂNICA ESTÁTICO-DINÂMICA

DINÂMICA

O mundo parado.

O mundo em movimento.

Proposta de movimento.

Não se trata de simplicidade ou de complexidade, mas das duas coisas juntas, de permitir o lado esquerdo (Q = CÉU) do corpo conviver com o lado direito (T = TERRA), assim chegando-se ao equilíbrio CT ou TC.

MARTE CÉU E TERRA ESTÃO CHEIOS DE SUA GLÓRIA

TERRA VÊNUS (excessivamente frio) (na medida certa) (excessivamente quente)

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CÉU MUITO IDEAL, TERRA MUITO MATERIAL

O/IDÉIA (= TERRA) DEMAIS NA ESQUERDA

(MATERIALISMO)

(mas o corpo é centrado)

o ser humano virturreal materideal centrado

IDÉIA (= CÉU) DEMAIS NA DIREITA

(IDEALISMO)

Capítulo 8 Discussão Intermediária

ANTES E DEPOIS

ANTES (mas durante é mais interessante)

DURANTE

DEPOIS Aqui estamos nós, sem ver o depois, perante uma crise

de enormes proporções, a que

não sabemos se sobreviveremos.

Lá adiante estão os descendentes dos

“antes” e dos “durantes”, aqueles que efetivamente

tiverem sobrevivido às tempestades.

SÃO DEMAIS (O ENCAIXE DO CÔNCAVO E DO

CONVEXO; essa junção é que prende) SÃO DE MENOS

Eis aí: é preciso que a esquerda renuncie a ir demasiadamente contra a direita, nisso transformando-se em esquerdismo inconciliável; é necessário que a direita desista de ir abusivamente contra a esquerda, nisso tornando-se direitismo incompatível. Se ambos os lados cederem teremos um corpo.

Capítulo 9 Discussão Final

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PARA O FINAL DA DISCUSSÃO00 a 25 %

(do sentimental para o racional) Magia-Arte

25 a 50 % Teologia-Religião 51 a 75 % Filosofia-Ideologia

75 a 100 % Ciência-Técnica TOTALIDADE Matemática

A Tecnociência “vai indo muito bem” (coloco aspas por conta dos abusos, inclusive a discussão abusada contra o criacionismo que, como previ a partir dos excessos de Asimov e Sagan, iria caminhar para o confronto), faltando melhorar a filo-ideologia (e, esperançosamente, 0s demais pares de conhecimentos).

Daí a materidéia de MECÂNICA FILOSÓFICA, isto é, um instituto novo de combinação dos pares polares oposto-complementares para eliminar (ou dificultar) as infrutíferas discussões por precedência e dominância, quer dizer, para colocar todos juntos no mesmo caminho, no caminho comum.

A COMBINAÇÃO DOS NOVE CONHECIMENTOS

Esta é a “cruz de ferro” dos nazistas, que parece uma cruz cristã, mas não é.

Como cada filósofo ou ideólogo é extremamente solitário nos seus

afazeres e nos seus pensares, cada qual caminha numa direção diferente: a MF (mecânica filosófica) dirá respeito a atacarem juntos um mesmo problema (ao que, como os magos-artistas, são avessos, diferentemente dos tecnocientistas e dos téo-religiosos). Como é sabido, os tecnocientistas em particular juntam-se em torno de um problema e o resolvem, como que cercando uma praça forte: de pedrinha em pedrinha os sucessores vão demolindo o alvo apontado pelos precursores, os grandes tecnocientistas como Newton, Einstein e outros.

Capítulo 10

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Desfolhando o Mundo: Revisão, Reaudição, Retato, Repaladar, Reolfato

SISTEMA TRICOORDENADO

Na segunda figura o centro-ponto está ampliado:

• na largura (esticado na horizontal); • na altura (esticado na vertical); • na profundidade (esticado frente-fundo).

O ponto virou uma esfera. REPALATAR

• paladar mais largo (espectro mais largo que o humano atual);

(palatar DE NOVO, de modo novo, novo paladar; o certo seria “repalatizar”, mas não quero essa construção)

• paladar mais alto (com maior amplitude); • paladar mais profundo (com maior freqüência).

• visão mais larga (espectro eletromagnético mais amplo que o humano);

REVISAR

• visão mais alta (mais tons, como nas cores); • visão mais profunda (maior densidade de pixels; ou o que for).

REOUVIR RETATEAR REOLFATAR Se você pensa ser preciso redesenhar o ser humano, devo lhe dizer que

tal já foi feito, na medida em que passamos de PESSOAS a AMBIENTES, situando-nos agoraqui no nível da globalização.

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RETIRA FOLHA POR FOLHA (a música diz diferente) Tatamirô (Em louvor de Mãe Menininha) letra

["ponto De Caboclo" Da Bahia, Em Arranjo De Edinho Do Gantois - Salve, minha Mãe Menininha! Epa, Babá!

Nós estamos aqui, eu e Toquinho, gravando essa saudação pra senhora,

em que sua filha Gesse e o Edinho, aí do Gantois, também colaboraram,

e com sua permissão pedimos nessa hora sua proteção e sua bênção]

Apanha folha por folha, Tatamirô Apanha maracanã, Tatamirô

Eu sou filha de Oxalá, Tatamirô Menininha me apanhou, Tatamirô!

Xangô me leva, Oxalá me traz

Xangô me dá guerra, Oxalá me dá paz

Apanha folha por folha, Tatamirô Apanha maracanã Tatamirô

Eu sou filho de Ossain, Tatamirô Menininha me adotou, Tatamirô!

Oxalá de frente, Xangô de trás

Xangô me dá guerra, Oxalá me dá paz

Apanha folha por folha, Tatamirô Apanha maracanã, Tatamirô

Eu sou filho de Ogum, Tatamirô Menininha me ganhou, Tatamirô!

Apanha folha por folha, Tatamirô

Apanha maracanã, Tatamirô Eu sou filha de Iansã, Tatamirô

Menininha me batizou, Tatamirô!

Apanha folha por folha, Tatamirô Apanha maracanã, Tatamirô

Ela é a Mãe Menininha do Gantois Que Oxum abençoou, Tatamirô!

Oxalá me vem, todo mal me vai

Xangô é meu Rei, Oxalá é meu pai Os tecnocientistas já fazem muito, sendo necessária a ajuda dos filo-

ideólogos, pois os TC não podem abarcar grandes áreas, devem se prender às miudezas: contudo, os FI podem delinear grandes espaços por onde avançar.

Capítulo 11

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A Casa Antiga Fechada e Demolida

Saudosa Maloca Adoniran Barbosa

Si o senhor não tá lembrado Dá licença de contá

Que aqui onde agora está Esse edifício arto Era uma casa véia

Um palacete assobradado Foi aqui seu moço

Que eu, Mato Grosso e o Joca Construímos nossa maloca

Mais, um dia nois nem pode se alembrá

Veio os home cas ferramentas O dono mandô derrubá

Peguemos tudo as nossas coisa E fumos pro meio da rua

Preciá a demolição Que tristeza que nóis sentia

Cada táuba que caía Duia no coração

Mato Grosso quis gritá Mas em cima eu falei: Os homi tá cá razão

Nós arranja outro lugá Só se conformemos quando o Joca falou:

"Deus dá o frio conforme o cobertô" E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim

E prá esquecê nóis cantemos assim: Saudosa maloca, maloca querida,

Que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida

ERA UMA CASA VELHA, UMA PALACETE ASSOBERBADO

Não que a casa antiga não seja linda e apreciável, pois é; é só que os atuais moradores não sabem apreciar; não é defeito da casa, é dificuldade dos inquilinos. Eles precisam de mais espaço.

CASA VELHA (velho modelo)

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Capítulo 12 A Casa Nova

A casa nova, por outro lado, não é mais esperta ou mais venerável que a

antiga, pois cada coisa tem seu tempo certo; a nova será feita para acomodar mais gente.

A NOVA CASA É FEITA PARA CABER MAIS GENTE (mas as pessoas podem não conversar entre si, se não forem espertas no uso do novo modelo)

Nada nos garante que com a grande potência da nova construção tudo

seja resolvido a contento: lembre-se de que termos chegado a possuir um bilhão de carros não nos fez mais felizes (que o digam os enormes engarrafamentos) que nossos antepassados, nem mais generosos.

Capítulo 13 Reconstrução

É necessária a mecânica filosófica, PORQUE existir um modelo não

garante que ele vá apaziguar os espíritos, sendo os seres humanos tão belicosos, tão conflituosos, tão violentos.

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O que fazer? Os tecnocientistas precisam de diretrizes (eles as apanham da Magia-

Arte através da ficção e outros trabalhos; da Teologia-Religião, como no caso do Big Bang; da Filosofia-Ideologia, donde vem vários projetos, inclusive os militares ocupando 50 % ou mais dos TC; quando não vem de si mesmos, de seus grandes prateóricos; ou dos matemáticos).

O QUE É PRIORITÁRIO?

Altas decisões futuras.

Eles caminham muito mais rápido quando há alguém os conduzindo.

Para frente e para cima, dizia Buzz Lightyear (o otimismo é uma espécie de coragem

A TODA HORA). Para atingirmos a supercomplexidade necessária à sustentação do

mundo novo do modo simples é preciso considerável quantidade (e qualidade) de (do) esforço. Não conseguiremos chegar a essa combinação feliz se não embasarmos a tecnociência na filo-ideologia (e nos demais modos de conhecer).

Vitória, terça-feira, 07 de julho de 2009. José Augusto Gava.

ANEXOS Capítulo 1

OS HÓLONS DE KOESTLER (ou partodos ou todopartes do modelo)

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J A N O

Arthur Koestler (1905-1983), escritor búlgaro de romances de ficção de reconhecido sucesso mundial e de profundos ensaios políticos, perdeu o interesse por esses

gêneros da literatura, atraído que foi por um romance bem mais real e misterioso – a magnífica epopéia da evolução da vida e do homem. Koestler foi um fenômeno

porque mergulhou num campo que não era o seu e, surpreendentemente, conquistou respeito e admiração da comunidade científica, desenvolvendo teorias revolucionarias que receberam a atenção e aceitação dos mais destacados físicos, geneticistas, psicólogos, neurofisiologistas e outros pesquisadores da atualidade.

Para aqueles que venham a se mostrar preconceituosos em relação a Koestler por ser ele originalmente um escritor de romances, a título de ilustração vale lembrar que o

famoso "paradoxo de Olbers", ou seja, do porquê o céu à noite ser escuro, que durante três séculos e meio desafiou astrônomos do porte de Kepler, Halley, Olbers e outros, foi finalmente explicado por Edgar Allan Poe em um de seus ensaios (Eureka,

1848). Como se vê, há precedentes, embora raros.

Um deus romano possuidor de dois rostos opostos. Esta é a representação simbólica de um hólon, conceito básico de toda

a teoria de Koestler, que "se destina a conciliar os enfoques atomista e holista". E é ele quem explica: "os hólons biológicos

são sistemas abertos auto-reguladores que possuem tanto propriedades autônomas de todos, como propriedades

dependentes de partes. Essa dicotomia está presente em cada nível de cada tipo de organização hierárquica e recebe a

denominação de "fenômeno de Jano". De modo mais geral, o termo hólon pode ser aplicado a qualquer subtodo biológico ou social estável que apresenta

comportamento governado por regras e/ou constância gestáltica estrutural". Exemplos de hólons seriam a palavra, que se comporta como um todo em relação às sílabas e como parte em relação à frase (as duas faces de Jano) ou uma célula que é o todo em relação às suas organelas e parte em relação ao tecido que ajuda a formar. O

tecido, por sua vez, é o todo em relação às células que o compõem e parte em relação a um órgão.

Quem é Jano?

"Este livro é uma sinopse (e também continuação) de livros publicados durante os últimos vinte e cinco anos, desde que deixei de escrever romances e ensaios

políticos, dedicando-me às ciências da vida, isto é, à evolução, criatividade e patologia da mente humana".

(Arthur Koestler, 1977)

É então necessário notar que cada subparte é também um subtodo e que a soma das propriedades das partes não é igual às propriedades do todo que formam. A partir do conceito de subpartes que formam um sub todo que é sub-parte de outro subtodo, e assim por diante, foi constatada a estrutura hierárquica que forma os seres vivos e,

em última análise, todas as estruturas da matéria. Cada parte (ou sub-parte) é, pois, um possuidor de tendências auto-afirmativas (indivíduo) e integrativas (em relação a

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um subtodo que lhe está imediatamente acima na hierarquia do sistema a que pertence).

Mas esta explicação um tanto técnica desdobra-se em teorias, situações, discussões e circunstâncias históricas intensamente atraentes, configurando um

verdadeiro romance científico que trai as origens literárias do autor. Dentre as muitas alegrias que Jano nos proporciona merece realce, talvez, o

conhecimento que nós dá sobre a gradativa pulverização a que vêm sendo submetidos os truísmos da filosofia reducionista e os de seus dois mais destacados abortos intelectuais: o behaviorismo e o neo-darwinismo. Como é agradável, por exemplo, sabermos que não somos simples máquinas complexas, submissas aos

padrões de estímulo-resposta; que a consciência, intelecto e idéias possuem existência real e não são apenas "inventadas para possibilitar explicações espúrias",

nas palavras de Skinner (professor da Universidade de Harvard, que foi um dos papas do behaviorismo moderno).

E quão gratificante se torna o conhecimento de que a teoria da evolução das espécies (ou da vida), como conseqüência do puro acaso modelado pela seleção natural, começa a perder terreno de forma célere. Afinal, quem não fica feliz em saber que realmente decide o que fazer em determinada circunstância em vez de

apresentar respostas automáticas aos estímulos do meio ambiente, disfarçadas em livre-arbítrio, como pretendem os behavioristas? Ou quem pode negar satisfação de

nos sabermos frutos de evolução direcionada e intencional e não apenas resultado de um número de roleta onde a bolinha da evolução caiu, como rezam os neo-

darwinistas?

Nós, cá embaixo, sofremos corno que o impacto de ondas especulativas do conhecimento acadêmico e, caso não tenhamos onde nos bem segurar, somos

O fim do materialismo

Pelos rumos que as novas teorias e conhecimentos vão assumindo e pelo grau cada vez maior de aceitação que vão encontrando junto a pesquisadores dos

diversos campos das ciências físicas, biológicas e sociais ou humanas, é lícito esperar que, caso nossa humanidade sobreviva à sua própria insanidade e supere suas crises,

os séculos futuros irão identificar o século XX como uma longa época de obscurantismo filosófico-científico, não obstante a extensa gama de quinquilharias

que a tecnologia nos vem doando nas últimas décadas. O fenômeno social que pode ser inferido de nossa época (e provavelmente de

todas as outras, embora em doses mais módicas, em função dos meios de comunicação obsoletos de antanho) diz respeito ao fato de os conceitos filosóficos e

científicos temporais de uma "elite" intelectual (refiro-me aqui como intelectual àquele reduzido número de indivíduos de quem emanam novas idéias, teorias e descobertas e não à maioria que apenas faz absorver o conhecimento por eles

doado) penetrarem de cima para baixo na pirâmide cultural das sociedades e serem assimiladas como verdades definitivas, dando origem ao "espírito da época", sob a

forma de conceitos difusos e amplos, inteiramente dissociados em termos de consciência individual e/ou coletiva, da credibilidade das idéias que lhes deram

origem e das fontes de alimentação cultural que se mantêm isoladas e todo-poderosas no ápice da pirâmide.

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levados de roldão. Infelizmente, à maioria das pessoas se torna impossível discernir entre o conhecimento estável e definitivo (quase nada) e o que se constitui em mera

especulação filosófica, teórica e mesmo empírica nos diversos ramos da ciência (inclusive a política e a economia). E sendo a vida razoavelmente curta e a

desmistificação de conceitos tradicionais, ainda que equivocados, relativamente lenta, o homem morre, no mais das vezes, sem descobrir que foi literalmente

enganado por toda uma vida e que as "verdades" com as quais edificou seus valores filosóficos (se é que os tinha) não passavam de meias-verdades ou mesmo erros

gigantescos. Quem vem acompanhando as modificações do pensamento filosófico-

científico começa a sentir o aroma de terras já dantes navegadas, embora com as transformações ditadas pelo tempo. Parece que estamos iniciando um árduo

caminho de volta, que começamos a abandonar uma era de materialismo que, se em muitos casos não se manifesta nas idéias individuais expressas, está presente corno um todo no comportamento da humanidade, apesar da resistência do "espírito de

época". Mas as novas ondas emanadas do ápice da pirâmide hão de chegar até nós, mais cedo ou mais tarde, com força crescente, transformando os conceitos daquela

maioria cujo destino parece ser o de se deixar levar ao sabor das ondas. Como Koestler percebeu, se "a própria matéria foi desmaterializada pelos físicos, o

materialismo não pode mais apresentar-se como filosofia científica".

De volta ao Idealizador

A teoria de Koestler é um passo a mais neste retorno filosófico. Ela nos deixa como que no meio do caminho, como se pode deduzir do seguinte trecho do livro:

“(...)Portanto, o velho enigma a respeito do Idealizador oculto atrás do propósito pode ser deixado à parte. O Idealizador é todo e cada um dos organismos, desde o despontar

da vida, que lutou e se esforçou para fazer o máximo dentro de suas limitadas possibilidades. E a soma total dessas ontogenias reflete o ingente esforço da matéria

viva para a melhor realização do potencial evolutivo deste planeta". Ora, a olhos aguçados este texto terá produzido a sensação de algo já visto.

Reparem bem: se com uma roupagem científica não é o nosso conhecido panteísmo que renasce das cinzas. Esta é uma das paradas necessárias no caminho de volta, ao

menos para tomar fôlego antes de prosseguir. Num outro trecho, que merece mencionar aqui, Koestler cita o biólogo Albert

Szent- Gyorgyi. Este cientista propôs o termo sintropia, em lugar de negentropia, por ele definido como um "impulso inato da matéria viva para aperfeiçoar-se a si mesma". O biólogo chama atenção para seu equivalente no nível psicológico como sendo "um

impulso para a síntese, para o crescimento, para a totalidade e o auto-aperfeiçoamento".

Concluir que a matéria, por si só, é capaz de se auto-dirigir num "esforço ingente a caminho da evolução, através de propriedades que lhe são intrínsecas,

convenhamos que é bem mais gratificante a nosso bom senso do que o puro acaso ou o esquema estímulo-resposta da atividade comportamental. Contudo, ainda deixa

lacunas (e como!) a serem preenchidas. Aliás, aqueles que tiveram o privilégio de ler O fenômeno humano hão de sentir

a aproximação dos conceitos expressos acima e aqueles desenvolvidos por Teilhard

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de Chardin, como este propõe: "Essencialmente, assim a admitiremos, qualquer energia é de natureza psíquica. Mas, em cada elemento ‘particular’ esta energia

fundamental se divide em duas componentes distintas: uma energia tangencial - que se torna o elemento solidário de todos os elementos da mesma ordem, isto é, da mesma

complexidade e da mesma 'centreidade' que ele mesmo no Universo, e uma energia radial, que o atrai na direção de um estado cada vez mais complexo e centrado, para a

frente". Os que se sentirem estimulados a ler Jano e O fenômeno humano verificarão

que eles estão à distância de um simples passo a ser dado pela própria ciência num futuro ainda indeterminado.

O próprio Koestler, assumindo uma atitude científica de humildade, tão rara no estranho mundo a que pertence, escreve: "Não alimento ilusões a respeito das

perspectivas da teoria que estou propondo. Será inevitável que os novos progressos do conhecimento demonstrem as falhas dessa teoria em vários ou até na maioria de seus

aspectos. Para o momento, espero que ela realmente contenha uma minúscula parcela de verdade".

Jano - uma sinopse, foi publicado no Brasil pela Editora Melhoramentos, com

tradução de Nestor Deola e Ayako Deola. Algumas das obras mais conhecidas e importantes de Arthur Koestler:

Os sonâmbulos - A História das Idéias do Homem sobre o Universo, O Zero e o Infinito, As razões da coincidência, Os gladiadores, O iogue e o comissário.

© 1984-2002 xenïa antunes Dossiê Ken Wilber *

Com 20 livros publicados em 20 países, Ken Wilber é o autor acadêmico americano

mais traduzido no mundo. Pela natureza básica e pioneira de seus pensamentos, ele tem sido chamado de "Einstein da Consciência".

Seu primeiro livro O Espectro da Consciência (1977) firmou sua reputação como um pensador de vanguarda, que busca integrar a psicologia Ocidental e Oriental. A

Consciência sem Fronteiras (1979), que resume esse trabalho, é um dos seus livros mais populares. O Projeto Atman (1980) e Up from Eden (1981) abrangem os

territórios da psicologia do desenvolvimento e da história cultural, respectivamente. Em trabalhos recentes, especialmente no volumoso Sex, Ecology, Spirituality (1995),

ele critica não apenas a cultura Ocidental, mas também movimentos contra-culturais como o New Age. Em sua opinião, nenhum desses aborda a natureza profunda da "filosofia perene", o conceito de realidade que habita o centro das

principais religiões, e que forma o background de todos os seus livros e artigos. Esse trabalho fundamental foi também resumido em Uma Breve História do Universo

Em uma publicação mais pessoal,

(1996).

Grace and Grit (1991), Wilber nos fornece um

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relato comovente de seu relacionamento com sua segunda esposa, Treya, que morreu de câncer em 1989. Em One Taste, um diário pessoal do ano de 1997, ele

oferece insights sobre seu modo de vida e experiências espirituais. Em 2000, ele fundou o Integral Institute, para estudar questões da ciência e da

sociedade de modo integral." Wilber dividiu seu próprio desenvolvimento intelectual em cinco fases.

Fase 1 (1977-1979), que ele próprio caracteriza como sua fase "Junguiana romântica". Como muitos filósofos românticos e psicólogos Junguianos, ele vê o crescimento

espiritual como um retorno (completo ou parcial) à condição que existia no passado, mas que foi abandonada durante o processo de crescimento.

Fase 2 (1980-1982), ele se desloca para a psicologia do desenvolvimento, ampliando suas idéias para integrar psicologia Oriental e Ocidental. Agora o crescimento espiritual é visto como algo que surge a partir do amadurecimento. Em outras

palavras, não perdemos Deus, crescemos n'Ele, através de um processo gradual de desenvolvimento e amadurecimento.

Fase 3 (1983-1987), ele refina seu modelo de desenvolvimento. O amadurecimento não é mais entendido como um processo homogêneo, no qual o self passa por vários estágios respectivamente. O amadurecimento é agora entendido como um processo

complexo, constituído por vários níveis de desenvolvimento (cognitivo, emocional, social, espiritual, etc.) onde o self de alguma forma tem que manter um delicado

equilíbrio entre eles. Durante os anos de 1987-1995, Wilber praticamente não publica, devido a circunstâncias pessoais, principalmente porque sua esposa adoece

e morre em 1989. Esse período é registrado no livro Grace and Grit em 1991. Fase 4 (1995-2001), ele acrescenta uma dimensão sociocultural ao seu modelo de

desenvolvimento individual e dá mais atenção aos processos neurológicos que estão envolvidos na consciência. Com seu modelo dos quatro quadrantes (intencional,

neurológico, cultural e socioeconômico), ele demonstra a interdependência dessas dimensões e a unilateralidade das visões que se baseiam em apenas um quadrante,

colocando em dúvida a validade dos outros. Fase 5 (2001-presente), chamada de "pós-metafísica", na qual Wilber muda seu foco

de uma filosofia com background metafísico (involução/evolução, níveis de existência) para uma visão evolucionária baseada na noção de Sheldrake da "Presença do Passado" em todos os quatro quadrantes. Ele mantém alguns

princípios básicos da filosofia perene (o Absoluto, algumas questões involucionárias), mas concorda com estas visões mundanas da evolução humana,

como exemplificado na Espiral Dinâmica. Seu modelo abrange Todos os Quadrantes, Todos os Níveis, Todas as Linhas, Todos os Estados, Todos os Tipos --

ou TQTN. .

PRINCIPAIS CONCEITOS

"A ciência é a religião de hoje. Se a ciência estabelecer algo, deve ser verdadeiro. Se a ciência não estabelecer algo, não pode ser verdadeiro. É assim que a filosofia

Três Tipos de Ciência Wilber reescreveu a filosofia da ciência de modo que ela não apenas fundamenta as

ciências natural e social, mas abre espaço para um terceiro tipo de "ciência": a meditação ou a pesquisa interior, que segue os mesmos passos formais como os

outros dois tipos de ciência.

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moderna a tem. Mas a ciência abrange toda a realidade? Já que a ciência é baseada no que os

sentidos físicos (geralmente com a ajuda dos instrumentos) nos dizem, é sensato depender totalmente desta fonte de conhecimento? Quem já enxergou as emoções ou os pensamentos com o olho físico? Isso é razão suficiente para negar a existência

deles? Ou estamos deixando algo escapar? "Ausência de prova não é prova de ausência", podemos dizer. Acreditar que a ciência abrange TODA a realidade não é algo realmente científico, porque temos que negar outras formas de experiência humana, como nossos sentimentos de identidade mais

profundos. Isso é o que podemos chamar de "cientismo". Veja que a própria ciência não tem rejeitado a crença na alma, nas esferas

superiores, nas realidades transcendentais, como muitas pessoas instruídas acreditam. Está na hora de corrigirmos este status extremamente desigual.

Basicamente, a realidade abrange pelo menos três domínios: 1. aquele que podemos ver com nossos sentidos,

2. aquele que podemos ver com nosso "olho interior", 3. aquele que vê, tanto externamente quanto interiormente: o Self.

Repare que todos os três podem ser estudados de uma maneira científica! Mas qual é o significado de "científico"?

Wilber argumenta que a ciência de maneira alguma deve implicar em materialismo. Na verdade, ciência envolve três elementos: 1. Seguir uma instrução, injunção ou paradigma

2. Apreender algo sobre esta realidade específica 3. Comparar nossas descobertas com as dos outros

Esses três "elementos" operam na ciência de uma forma óbvia: um astrônomo (1) olha através de um telescópio, (2) observa uma certa região do universo e (3) discute

suas descobertas com colegas astrônomos (e NÃO conosco, meros mortais, um ponto muito importante).

Wilber defende a existência de dois outros tipos de ciência, que seguem o mesmo procedimento formal:

- A ciência mental ou social (o que os europeus chamam de Geisteswissenschaft

Para concluir: Wilber defende três tipos de ciência, já que a realidade é composta de pelo menos três domínios, e todos os três domínios podem ser abordados de uma

) não observa os objetos físicos, mas os significados mentais, que podem ser encontrados em documentos, estórias, mitos, relatos e livros. O significado de um texto não pode ser visto com o olho físico, mas apenas com o "olho da razão". Seguindo os três fios da ciência, a ciência mental é perfeitamente científica. (Lógico, os objetos mentais

não são tão concretos quantos os físicos. Assim, as conclusões da ciência mental não podem equiparar às da física. Mas e daí?).

- E há um terceiro tipo de ciência, segundo Wilber. Pois afinal a realidade compreende apenas coisas e pensamentos? E o princípio em nós que vê e pensa? O

self que vê e pensa não pode ser visto e não é um pensamento. Mas pode ser abordado experimentalmente na meditação. Assim, a "ciência espiritual" nasce. A

meditação e a yoga contam como "ciência" porque elas também seguem os três fios: (1) instrução - sentamos numa almofada por horas, (2) observação - percebemos um

estado da mente, e (3) confirmação - discutimos nossas descobertas com colegas que também meditam.

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maneira experimental e, portanto, científica." Hólons

Um conceito principal na filosofia de Wilber é o conceito de holon, que ele pegou

emprestado de Arthur Koestler. A idéia é que tudo não é apenas um todo, mas também parte de um todo maior, ou seja uma "parte/todo" ou "holon".

Isso é verdadeiro para átomos > moléculas > organismos > seres humanos, mas também para as letras em uma palavra > palavras em uma frase > frases em

uma página > páginas em um livro, etc. Como Wilber demonstrou em Sex, Ecology, Spirituality

1. interior-individual: consciência introspectiva

, a consciência humana pode ser vista como um holon, com 4 aspectos ou quadrantes:

2. exterior-individual: comportamento observável 3. interior-coletivo: nossas crenças culturais

4. exterior-coletivo: a sociedade em que vivemos" Kosmos

1. Mundo Infinito

A visão de Kosmos de Wilber é muito diferente da visão da física, que afirma que a matéria é a única realidade "real". Para abrir espaço para outras dimensões da

existência, Wilber pegou emprestado o termo Pitagoreano "Kosmos". "O conceito de "Kosmos" de Wilber (com "K" maiúsculo) difere da visão científica do cosmos. Onde o cosmos é por definição uma realidade física (que julga a física como a ciência perfeita e apenas real), Kosmos refere-se a uma visão de mundo tradicional e pré-científica que reconhece não apenas a matéria, mas também a vida, a mente, a

alma e o espírito. Em um sentido real, a visão de mundo Kósmica nos oferece um mapa do nosso

próprio mundo interior - o mundo que não pode ser visto com os sentidos físicos. Huston Smith afirmou que todas as religiões ensinam pelo menos quatro níveis de

ser, mundos ou esferas:

2. Mundo Celeste 3. Mundo Intermediário

4. Mundo Físico A ciência considera real apenas a realidade superficial, mas uma visão mais ampla da

ciência pode lidar com todas as quatro. O fato da ciência não ter encontrado prova para o Céu não deve nos preocupar de

maneira alguma. É exatamente o que devemos esperar! A ciência, baseando-se nos sentidos físicos, pode somente revelar o mundo físico.

Mas nossos sentidos interiores revelam um mundo interior, ou mais especificamente, mundos dentro de mundos, que são tão ou até mais reais do que

mundo que pode ser tocado e visto externamente. A trilogia do Kosmos de Wilber, do qual apenas o primeiro volume foi publicado até agora (Sex, Ecology, Spirituality, 1995) explorará as implicações da visão antiga do

Kosmos para nosso entendimento moderno sobre ciência e realidade."

A visão de Wilber é evolucionária do início ao fim. Ele vê o desenvolvimento não apenas na natureza, mas também na cultura e na espiritualidade. Entretanto, a

Involução e Evolução

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evolução é sustentada por um processo de involução um tanto misterioso. Os escritos de Wilber são evolucionários do início ao fim. A metáfora que melhor

encaixa suas idéias é o modelo da escada (embora nos últimos anos ele tenha aperfeiçoado suas visões tanto que, atualmente, prefere a metáfora do rio). De acordo com Wilber, a evolução tem um componente interior que não é

facilmente descoberto pela ciência convencional. A ciência estuda as formas exteriores da vida e conclui que a evolução é basicamente uma questão de

complexidade física. Mas a filosofia esotérica acrescenta uma dimensão interior: a evolução é também

uma questão de aumento de profundidade e qualidade. Isso pode ser ilustrado graficamente no diagrama abaixo:

Intuição

Mente

Emoções

Vitalidade

Matéria

minerais plantas animais humanos místicos

Essencialmente todos os princípios de desenvolvimento que Wilber descreve podem ser ilustrados por esse diagrama dos reinos da natureza. As plantas transcendem os minerais, assim como os animais transcendem as plantas, os humanos transcendem os animais e os místicos transcendem os humanos. Mas as plantas também incluem

os minerais (elas têm um corpo físico), assim como os animais incluem as plantas ("vitalidade"), assim como os humanos incluem os animais (têm sentimento), e os

místicos incluem os humanos (têm senso crítico). Não há nada sobre esse diagrama que sugere a idéia de opressão ou desvalorização,

como aqueles que se opõem à idéia de desenvolvimento hierárquico geralmente pensam; é simplesmente a forma que a Natureza funciona.

Na verdade, essa é uma visão inspiradora do desenvolvimento da vida e da mente. Entretanto, como a mente PODE reprimir as emoções, os humanos podem também abusar dos animais e da natureza em geral. Esse é um infeliz problema que deveria ser evitado a todo custo, embora a compreensão sobre o mecanismo da evolução

não pode ser abandonada. Em doutrinas menos conhecidas da filosofia de Wilber está a idéia da involução.

Nessa visão, estágios elevados podem ocorrer APÓS estágios mais básicos, mas isso não significa que são totalmente CAUSADOS por eles. Isto não é nada senão o

materialismo. A filosofia esotérica afirma que a evolução é precedida pela involução, o movimento

inverso do Espírito para a matéria. Sem a involução, a evolução é um processo instável de novas realidades "emergentes" constantes; com a involução, é um

processo compreensível do grande movimento da Vida. Na visão esotérica, o Espírito se manifesta na matéria e agrega todas as camadas de

corpos "físicos" - isso foi muito bem elaborado no Neoplatonismo -- até alcançar o nadir da existência no plano material. A partir desse momento, o Espírito se move

para cima novamente, transcendendo todas as camadas, até retornar ao seu ponto de partida no Divino. Essa grande visão efetivamente contraria a visão popular de que nós perdemos o Espírito em algum ponto nos primeiros anos de nossas vidas,

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quando nos tornamos adultos racionais. Esse romantismo é um exemplo da falácia pré-trans."

Os Quatro Quadrantes Uma compreensão integral da consciência humana deve incluir pelo menos as

dimensões exteriores e interiores, em suas manifestações individuais e coletivas. Esse Modelo dos Quatro Quadrantes é o princípio condutor dos trabalhos mais

recentes de Wilber.

Superior Esquerdo Interior-Individual

Superior Direito Exterior-Individual

Inferior Esquerdo Interior-Coletivo

Inferior Direito Exterior-Coletivo

O quadrante Superior Esquerdo cobre os aspectos interiores-individuais da consciência humana, como estudado pela psicologia do desenvolvimento, tanto na

sua forma convencional quanto contemplativa. O quadrante Superior Direito cobre os aspectos exteriores-individuais da consciência humana, como estudado pela neurologia e ciência cognitiva.

O quadrante Inferior Esquerdo cobre os aspectos interiores-coletivos da consciência humana, como estudado pelas ciências da cultura: psicologia cultural e antropologia.

O quadrante Inferior Direito cobre os aspectos exteriores-coletivos da consciência humana, como estudado pela sociologia.

A cultura Ocidental tende a super enfatizar os quadrantes do Lado Direito (ciência do cérebro, sociologia), e negligenciar os quadrantes do Lado Esquerdo

(introspecção, cultura humana). O modelo integral da consciência compensa esse desequilíbrio ao apontar a importância dos quadrantes do Lado Esquerdo.

Uma maneira de compreender o modelo dos Quatro Quadrantes é ver o quadrante Superior Esquerdo como primário e os outros três quadrantes como as várias

maneiras que a consciência humana individual está condicionada pelo cérebro físico, influências culturais e estruturas sociais.

Uma visão mais radical é ver os Quatro Quadrantes como as quatro maneiras nas quais o Espírito Universal simultaneamente se manifesta.

Todos os quadrantes interagem mutuamente um com o outro. Um estágio específico do desenvolvimento individual (p. ex. mente abstrata) se reflete em um estágio de desenvolvimento neurológico (p. ex. o neocórtex), um

estágio de desenvolvimento cultural (p. ex. racionalização) e um estágio de desenvolvimento da sociedade (p. ex. industrialização).

Cada quadrante consiste em nove níveis/estágios. A combinação dos quadrantes com os níveis gera a abordagem "todos os quadrantes, todos os níveis" da Filosofia

Integral." A Falácia Pré/Trans

A contribuição teórica mais importante de Wilber para a compreensão da natureza do desenvolvimento espiritual é a chamada "falácia pré/trans". Temos a tendência

de confundir estados pré-pessoais e transpessoais porque ambos são não-pessoais. "Uma das contribuições teóricas mais importantes de Wilber para a compreensão da

psicologia da espiritualidade é a chamada "falácia pré/trans". Na maior parte das visões populares e científicas da espiritualidade, duas categorias

principais são postuladas:

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Pessoal "Espiritual" racional espiritual homem mulheres ciência religião

ego Self/essência/ser cultura natureza

A visão acima (que chamaremos de visão I) é comum no campo da psicologia profunda. O desenvolvimento humano é associado a um processo espiral, no qual:

• quando criança somos uma unidade inconsciente com o Self; • desenvolvemos uma estrutura de ego ao deixarmos a unidade do Self; • recontatamos o Self de uma forma mais consciente durante a segunda

metade de nossas vidas. Mas, de acordo com Wilber, devemos ao menos postular três categorias:

Pré-Pessoal Pessoal Transpessoal Religião mítica Religião histórica Religião mística

Corpo Ego Self/essência/ser Natureza Cultura Kosmos Instinto Intelecto Intuição Corpo Mente Alma

Essa visão (que chamaremos de visão II) está mais de acordo com a psicologia do desenvolvimento (quando estendida ao desenvolvimento místico) e com as

tradições esotéricas. O desenvolvimento humano é retratado como um processo semelhante a uma escada, no qual todos nós:

• começamos com o corpo; • crescemos como um adulto racional; e

• (podemos) terminar como um indivíduo iluminado. Ora, a falácia pré/trans acontece porque:

- na visão I, a primeira categoria (pré-pessoal) é deixada de fora. Como resultado, ela surge com a terceira categoria, dando-nos uma visão pré-racional da espiritualidade. A pré e a trans são confundidas, ou seja, a pré-racional é elevada ao status espiritual.

(Já na visão II, a pré-racional é reconhecida como uma categoria separada, nitidamente distinta do reino transracional do misticismo)

- na visão I, o processo de racionalização e secularização é entendido como anti-espiritual, como é feito pela grande maioria dos "cientistas da religião". A religião está em declínio porque as pessoas aprenderam a pensar por elas mesmas. (Já na

visão II, isso só se aplica à religião mítica. Afinal, a religião mística ainda está para ser desvendada por homens e mulheres modernos como um processo que completa

seus potenciais de desenvolvimento.)"

Os Dez Níveis O modelo de estágios proposto por Wilber consiste de quatro estágios pré-pessoais, três estágios pessoais e três transpessoais – ao todo, um modelo de nove estágios do

desenvolvimento humano. Cada um deles pode ser correlacionado a formas específicas de patologia e terapia.

Os Dez Níveis da Consciência

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Níveis Maslow Visões Mecanismo

Defesa Desordens Tratamento

Transpessoal

Causal Não-dual Cosmocêntrico Autotrancendência Místico

(Testemunha) Santificação

Patologia causal

Misticismo sem forma

Sutil Transpessoal Cosmocêntrico Autotrancendência Místico

(Deidade) Mitificação

Pseudonirvana, Terror cósmico

Misticismo da deidade

Psíquico Transpessoal Cosmocêntrico Auto-atualização Místico

(Natural) Ecologismo

Desordens psíquicas

Misticismo da natureza

Pessoal

Centáurico (visão lógica)

Social (cadeias de interações)

Cosmocêntrico Auto-atualização Existencial Relativismo

Medo e angústia

existencial, Falta de

autenticidade

Terapia existencial

Formal (consciência operacional

formal)

Pensamento Cosmocêntrico Auto-estima Racional Racionalização Neuroses e identidade

Introspecção

Operacional concreto (cognição

operacional concreta)

Regras / papéis

Etnocêntrico Possessividade Mítico Mascaramento

social

Patologia de papéis, regras

ou crenças

Análise de papéis

Pré-Pessoal

Rep-ment (pré-

operacional)

Eu mental /Conceitual

(I/S/C)

Egocêntrico (noosfera-

mundo lingüístico)

Segurança Mítico Repressão Psiconeurose (repressão de

impulsos)

Técnicas reveladoras

Fantásmico-emocional

Eu emocional Biocêntrico (dualismo

básico) Segurança Mágico

Fusão do eu com as

representações do objeto

Divisão objetos bons x maus

Narcisista-marginal (psicose / neurose)

Técnicas estruturais e construtivas

Sensório-físico Eu físico (fusão)

Fisiocêntrico (narcisismo

primário) Fisiológico Arcaico

Identificação projetada (eu e

outro são indiferenciados)

Psicose, Esquizofrenia (adualismo)

Fisiológico, Pacificação

Indiferenciado (matriz

primária) Físico

Fisiológico

Patologia perinatal

Terapias regressivas

intensas

(*) Traduzido por Ari Raynsford

Filosofia Integral Mais do que qualquer outra escola de pensamento, a filosofia integral combina o

melhor da pré-modernidade, modernidade e pós-modernidade, enquanto ao mesmo tempo evita suas formas extremas de expressão.

Notas:

http://www.kenwilber.com/home/landing/index.html , outros links em inglês e espanhol são acessíveis em

http://www.disinfo.com/archive/pages/dossier/id175/pg1/

WILBER, Ken, " A Brief History of Everything ". Boston & London, Shambhala, 1996.

" A Consciência Sem Fronteiras ". São Paulo, Ed. Cultrix. " Um Deus Social ". São Paulo, Ed. Cultrix.

" The Essential Ken Wilber ". Boston & London, Shambhala, 1998. " Eye to Eye ". Boston & London, Shambhala, 1996.

" Eye of Spirit ". Boston & London, Shambhala, 1997.

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" O Espectro da Consciência ". São Paulo, Ed. Cultrix. " Integral Psychology". Boston & London, Shambhala, 2000.

" One Taste". Boston & London, Shambhala, 1999. " The Marriage of Sense and Soul ". New York, Random House, 1998.

( Organizador ) " O Paradigma Holográfico ". São Paulo, Ed.Cultrix. " Sex, Ecology, Spirituality ". Boston & London, Shambhala, 1995.

O Paradigma da Complexidade e a Relação Cérebro/Mente

Adalbertotripicchio 10/7/07

"O verdadeiro problema é este: como é que essa parte da realidade que começa pela

consciência pode ajustar-se àquela outra parte que é descrita pela física e pela química?"

Niels Bohr, apud Edgar Morin

Bateson propõe, em 1979, critérios para definir "processo mental", este autor postulou, como o primeiro deles, que "a mente é um agregado de múltiplas partes ou

componentes interatuantes" (BATESON, 1987). Esta é uma das concepções essenciais para o conceito de complexidade. Os demais critérios seriam: (2) a

interação entre as partes do espírito é provocada pela diferença; (3) o processo mental exige energia colateral; (4) o processo mental exige cadeias de determinação

circulares (ou mais complexas); (5) no processo mental, os efeitos da diferença devem ser considerados como transformações (isto é, como

versões codificadas) da diferença que os precede; (6) a descrição e a classificação destes processos de transformação revelam uma hierarquia de tipos lógicos

imanentes aos fenômenos. Na ótica do primeiro critério, o biólogo Jean-Didier Vincent aponta a idéia de um

"estado central flutuante", que seria definido por duas proposições: (1) todo o organismo vivo, desde o nascimento até a morte, está em estado de não-

equilíbrio; (2) a reação de um organismo a um estímulo é dependente de e modulada por [...] um estado central definido como a condição reativa total, num dado momento, de um neurônio, de um conjunto funcional de células, de um elemento subcelular no

interior do sistema nervoso, ou deste último considerado como um todo.

Resumo A concepção de "complexidade" é apresentada, a partir da noção de "estado central

flutuante" e das idéias de Morin sobre o cérebro como uma "máquina hipercomplexa". Por fim, a partir do ponto de vista de Stengers, são discutidos

aspectos epistemológicos da noção de "complexidade".

Assim, ocorrem mudanças com a hora do dia, com o dia do ano, com os anos que fazem envelhecer e com os milhares de acontecimentos da vida cotidiana. O

organismo vivo é, ao mesmo tempo, o todo e a parte dos conjuntos e subconjuntos que o constituem. As mudanças em função de: materiais e gases transportados pelo

sangue, hormônios, íons, acidez, temperatura, anticorpos, micróbios e toxinas, estado de nutrição de células, órgãos e tecidos, informações que chegam ao cérebro,

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posição do corpo no espaço, recordações, passar do tempo e por aí vai. O estado central - representação do mundo - é uma projeção em que se fundem três

dimensões: 1ª. corporal: definida pelos dados físico-químicos do meio interno (meio interior e

meio cerebral), aos quais se sobrepõe o estado das peças, músculos, tecidos e órgãos que constituem o organismo;

2ª. extracorporal: representação que o indivíduo tem do mundo, tanto do espaço sensorial recebido pelos órgãos dos sentidos, como do espaço do movimento perce-bido por receptores especializados que indicam a posição dos diferentes segmentos

do corpo, estado de tensão dos músculos, ângulo das articulações etc.; 3ª. temporal: ocupada pelos vestígios acumulados durante o desenvolvimento do

indivíduo, desde o nascimento até a morte. Provém do determinismo genético que põe em ação os programas centrais, ordena a maturação e o envelhecimento e

também da contingência histórica que integra os acontecimentos da existência. Para materializar esse estado central, temos de conceber um cérebro flou - somatório

dos humores, hormônios e mediadores em ação no sistema nervoso. "O estado central é, ao mesmo tempo, a árvore e a floresta" (VICENT, 1988). Essa concepção está de acordo com a questão posta por Vaz ao discutir que devem ser levados em

conta dois níveis de descrição do sistema nervoso: 1º. pertencente ao domínio estrutural, em que se demarcam os componentes do

sistema nervoso e suas inter-relações recíprocas - ou seja, uma unidade decompo-nível em seus elementos;

2º. referente ao domínio das interações, em que tais interações se constituem num todo (como uma unidade singular), a ponto de condicionar a conduta do organismo

portador de tal sistema nervoso (VAZ, 1991). É, ainda, importante assinalar a correspondência da noção de cérebro flou com a

idéia do chi

Dessa forma, a atividade cognitiva do cérebro animal pode ser vista como uma "megacomputação" de computações. No caso humano, há uma complexidade

organizacional de tal ordem que viabiliza a transformação de computações em "cogi-

da medicina oriental. Segundo Capra, esse conceito descreve padrões de fluxo e flutuação do organismo e suas interações com o meio. Implica numa descrição

qualitativa de um padrão dinâmico resultante de processos e interações (CAPRA, 1990).

Uma ampla e consistente abordagem da complexidade em relação à Relação Cérebro/Mente, ou Corpo/Mente foi desenvolvida por Morin. A partir do paradoxo-

chave: "o que é um espírito (este é o termo empregado, em vez de "mente") que pode conceber o cérebro que o produz e que é um cérebro que pode produzir um espírito

que o concebe?" Morin assinala que não se pode isolar um do outro e nenhum dos dois da Cultura. Ao

comentar os aspectos biológicos da disjunção, cita Piaget: "A uma certa profundidade, a organização vital e a organização mental constituem uma única e

mesma coisa" (MORIN, 1987) . Isso decorre do fato de o corpo possuir dezenas de milhares de milhões de células,

que realizam interpolicomputações que resultam na produção dessa realidade corporal. Além disso, o aparelho neurocerebral é constituído por grande quantidade

de neurônios (trinta a cem mil milhões) e de sinapses que viabilizam computações voltadas para o domínio cognitivo.

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tações", mediante a linguagem e a lógica. Simultaneamente, o computo se torna cogito quando atinge a reflexividade do sujeito que pensa seu pensamento, pensan-

do-se a si próprio, quando tem consciência da sua consciência. O espírito emerge com a linguagem, o pensamento e a consciência. Para Morin, o

espírito seria "um complexo de propriedades e qualidades que, provindo de um fenômeno organizador, participa dessa organização e retroage sobre as condições

que o produzem" (MORIN, 1987). Isso só pode ser concebido a partir de: (a) um todo organizador maior que os seus elementos constitutivos;

(b) o desenvolvimento de qualidades emergentes com a capacidade de retroação sobre o que a produz;

(c) uma atividade recorrente cujo produto se torna produtor da organização que a produz (MORIN, 1987).

Quanto à noção de psiquismo, estaria referida ao aspecto individual-subjetivo da atividade do espírito. Estaria vinculada à idéia de "ego", à identidade pessoal - incluindo os aspectos afetivos, oníricos, fantasmáticos da atividade espiritual.

Para conceber o cérebro como uma "máquina hipercomplexa", Morin descreve algumas características neurofisiológicas importantes:

1ª. Os dois hemisférios cerebrais - Conforme os estudos de Sperry, o hemisfério direito se relaciona com emoção, intuição, aspectos concretos (entoação da voz, cores),

apreensão das formas globais, orientação espacial, aptidão musical. Já o esquerdo está referido à análise, abstração, lógica, tempo seqüencial. O esquerdo seria

dominante nos homens, o direito, nas mulheres. Mas a dominância varia também conforme os indivíduos e num mesmo indivíduo, conforme as contingências. Dessa maneira, haveria um constante diálogo de complementaridade/antagonismo dos

dois hemisférios - importante aspecto em termos de complexidade (MORIN, 1987). 2ª. O cérebro triúnico - McLean elaborou uma teoria de regionalização cerebral, de

acordo com elementos filogenéticos. Assim, haveria: * o paleocéfalo (herança reptiliana), constituído pelo hipotálamo - sede da agres-

sividade, do cio, das pulsões primárias; * o mesocéfalo (herança dos mamíferos antigos), com o sistema límbico - aspectos da

afetividade e da memória de longo prazo; * o córtex, com os hemisférios cerebrais que se hipertrofiam no homem (o neocórtex) - lugar das aptidões associativas, lógicas e estratégicas. Assim, haveria uma unidade

triunitária, que permite encarar o cérebro como complexo. Não ocorreria uma hierarquia entre as instâncias, mas sim uma atividade instável,

com complementaridade, antagonismos. 3ª. A concepção modular

4ª.

- O cérebro estaria constituído por mosaicos de módulos polineuronais (também chamados de grafos). Cada módulo teria uma autonomia

relativa e possuiria competências e especializações próprias. Estariam intimamente conectados com outros módulos, de modo a permitir a ocorrência de inter-retro-

computações que viabilizariam a emergência dos fenômenos perceptivos e inteligentes.

Os "hormônios" cerebrais - Há dois feixes hormonais: o MFB (Medial Forebrain Bundle) - sistema catecolaminérgico (dopamina e noradrenalina), de estimulação à

ação; feixe de recompensa e reforço que atuaria no hipocampo; e o PVS (Periventricular System) - sistema colinérgico, de incitação à fuga ou à defesa que

atuaria na amígdala. Assim, haveria uma inter-relação dos dois feixes no processo de

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formação das idéias, das percepções que teriam correspondências psicoafetivas, que, por sua vez, poderiam ser desencadeadas, também, por estímulos externos.

O cérebro seria, então, um complexo de sistemas complexos com uma multiplicidade de instâncias que se encadeiam e se combinam através da: * unidualidade bi-

hemisférica, * unidualidade triúnica, * poliunidade intermodular, * unidualidade dos feixes hormonais.

Para entender o funcionamento complexo, Morin elaborou três princípios, todos interligados: (1) o dialógico; (2) o recorrente; (3) o hologramático.

(1) O princípio dialógico refere-se à idéia de interação, isto é, à associação complexa de instâncias, conjuntamente necessárias à ocorrência, funcionamento e desen-

volvimento de um fenômeno organizado. No caso cerebral, percebe-se esta propriedade nos diversos níveis citados anteriormente. Além disso, haveria uma dialógica análise/síntese ligada à dialógica digital/analógica, imprescindíveis aos

processos perceptivos. (2) O princípio recorrente diz respeito à noção cibernética de retroação, isto é,

operações circulares, em que os "efeitos" rebatem sobre as suas "causas". Mas, a noção de anel recorrente é mais ampla: tratar-se-ia de uma retroação reguladora. Seria o processo no qual, os produtos são simultaneamente produtores dentro do

mesmo processo, de modo que os estados finais são necessários à origem dos estados iniciais, desde que haja energia disponível (o segundo critério de Bateson

para o surgimento do fenômeno mental). (3) O princípio hologramático (que inclui as modalidades holoscópica e holonômica)

baseia-se na técnica de produção do holograma - imagem física projetada no espaço, a três dimensões, provocando a sensação de espessura. Cada ponto do holograma

reproduz praticamente todo o objeto, em dimensão menor. Assim, o princípio hologramático seria enunciado da seguinte maneira: o todo está inscrito na parte que

está inscrita no todo. Dessa forma, a complexidade da organização total precisa da complexidade organizacional de seus elementos singulares, que por sua vez

precisam, recorrentemente, da complexidade organizacional do todo. Essas idéias foram desenvolvidas por Jacob e por Koestler ao conceberem, respectivamente, os

conceitos de "integron" e de "holon" (JACOB, 1985; KOESTLER, 1978). Morin considera, ainda, três modalidades desse princípio:

* hologramática, propriamente dita - o todo, de certo modo, está inscrito nas partes inscritas no todo;

* holonômica - o todo governa as partes que o governam; * holoscópica

- operadora da representação total de um fenômeno (a memória, por exemplo, está registrada hologramaticamente, de modo que as representações se-

riam estabelecidas a partir de computações armazenadas). Desse modo, o princípio hologramático incorporaria os dois outros princípios

(dialógica e recorrência) - o todo constituído desde partes interatuantes e retroagin-do sobre essas partes para controlar suas interações (MORIN, 1987).

Em suma, o funcionamento da máquina hipercomplexa cerebral consistiria de dialógicas, recorrências, interações, como se houvesse a implicação de cada ele-mento ou etapa do conjunto em todo processo, de modo que a resultante fosse construída a partir das interferências entre todos os elementos e etapas desse

processo.

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Complexidade: Aspectos Epistemológicos

Mas, no que se refere ao problema "mente/corpo" - objeto de nosso artigo é importante mencionar uma indagação da própria Stengers, em obra anterior, ao co-

Stengers, na obra "Quem tem medo da Ciência?", reunindo os seminários proferidos durante sua vinda ao Brasil, em 1989, apresentou uma série de idéias sobre a

"complexidade". Afirma que a noção de complexidade é "perigosa", do "ponto de vista da política dos saberes" (STENGERS, 1990). Essa autora aventa a possibilidade de tratar-se de um modismo que pode encerrar uma "armadilha": estabelecer uma nova visão do mundo que, se, por um lado, ultrapassaria as visões tradicionais da

Ciência, por outro, sustentaria a visão de mundo de que as ciências podem trazer a verdade para a história (por exemplo, a idéia de progresso linear seria substituída por conceitos como "caos", "instabilidade", "descontinuidade" etc.), de modo que, assim,

a Ciência permaneceria mantendo seus interesses diante de sua capacidade "desveladora" das realidades, encaradas em sua complexidade "real" (STENGERS,

1990). A partir do par "operador-conceito", Stengers discute o par "simples-complicado".

Para ela, o "conceito, na medida em que explica porque o operador tem êxito, define igualmente um mundo onde, de direito, as categorias às quais o operador recorreu

são pertinentes" (STENGERS, 1990). Dessa forma, a complexidade põe em relevo os riscos que o conceito corre em relação ao operador. Para Stengers, um operador, ao

mesmo tempo e indissociavelmente, define uma prática de medida e um objeto, uma prática de medida que define seu objeto e um objeto que legitima uma prática de

medida. Diz ela: "Será que é a mesma coisa só que mais complicada ou devemos pensar em

termos de complexidade?" Os encaminhamentos para tentar responder conduzem a dois usos da noção de complexidade:

(1) de problematizar "a relação entre a operação prática (de definir) e o conceito que parecia autorizar tal operação (a definição do sistema enquanto permite deduzir seus

diferentes regimes de atividades possíveis)." Este uso está baseado nas ciências experimentais. Tem como resultado por em questão "o risco da experimentação" e o

problema da pertinência dos conceitos que ela determina (STENGERS, 1990); (2) de discutir a posição de quem estabelece as questões nas ciências. Ou seja, "todo

o método afirma a diferença entre aquele que coloca as questões e aquilo sobre o que eles a colocam" (STENGERS, 1990). Isso conduz ao problema de indivíduos humanos colocarem questões a seu próprio respeito. Assim, respostas a tais questões passam a ser políticas, uma vez que haveria uma resposta "objetiva", "que deve supostamente

definir o que é o indivíduo, e à qual o indivíduo deve supostamente ser submetido, enquanto que ele coloca o mesmo problema" (STENGERS, 1990).

Para Stengers, a complexidade não constitui nem "nova visão do mundo", nem "novo tipo de teoria". Mas, sim, refere-se a uma questão "prática": ela surge quando há um

encontro "empírico" que demanda um questionamento do poder atribuído aos conceitos. Mais ainda: constitui o modo de problematização do "novo", sob a forma de chamar a atenção para o problema da pertinência dos novos problemas e para as

definições de nossas posições quanto àquilo que interrogamos. Ou seja, tanto a problemática do "novo", como a problemática das relações entre ciências e poder

(STENGERS, 1990).

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mentar o fato de que a "psicossomática faz parte dessas zonas obscuras da ciência em que se tenta conhecer sabendo ao mesmo tempo que isso provoca uma

mutilação causada por modelos errados, os quais, como provém de outras ciências, não são adequados a esse gênero de disciplina.

Assim, como conseguir manter uma interrogação rigorosa e ao mesmo tempo moldá-Ia segundo as exigências do que temos de compreender?" (STENGERS, 1987). Nessa mesma obra, originária de um colóquio chamado "As Vias do Conhecimento", organizado em 1984 pela Universidade de Tsukuba, no Japão, Stengers indaga-se (e

aos japoneses) acerca da pertinência do conceito oriental do chi. Em suma, para o estudo do problema "mente-corpo", a complexidade se constitui

num valioso instrumento heurístico. De acordo, portanto, com a proposição stengeriana anterior do redimensionamento dos conceitos em função de sua eficácia.

E, também, diga-se de passagem, redimensionamento dos modelos explicativos disponíveis. No caso em foco, ambos se fazem absolutamente necessários para

viabilizar uma abordagem mais satisfatória (do que as disponíveis) dos fenômenos psicossomáticos, nos quais o problema "mente-corpo" inevitavelmente desemboca.

Referências Bibliográficas

1. BATESON, G Natureza e Espírito. Lisboa: Publ. D. Quixote, 1987.

2. CAPRA, F Sabedoria Incomum. São Paulo: Cultrix, 1990. 3. JACOB, F A Lógica da Vida. Lisboa: Publ. D. Quixote, 1985.

4. KOESTLER, A Janus: A Summing Up. Londres: Pan Books, 1978. 5. MORIN, E O Método IlI. O Conhecimento do Conhecimento. Europa-América,

1987. 6. STENGERS, I Multiplicidade, razão e sentido. Em: Abordagens do Real. Lisboa:

Publ. D. Quixote, 1987. 7. STENGERS, I Quem Tem Medo da Ciência? Ciências e Poderes. São Paulo:

Siciliano, 1990. 8. VAZ, N Com o Olhar de um Biólogo. Conferência pronunciada no 8º Seminário de

Educação em Saúde: Natureza e Cultura. Vida e Sociedade, Rio de Janeiro, novembro, 1991.

9. VICENT, J-D (1988). Biologia das Paixões. Lisboa: Europa-América, 1988.