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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS Adriano Queiroz de Mesquita Orientador: Prof. Dr. Ana Paula Junqueira Kipnis GOIÂNIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS

Adriano Queiroz de Mesquita

Orientador: Prof. Dr. Ana Paula Junqueira Kipnis

GOIÂNIA 2011

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ADRIANO QUEIROZ DE MESQUITA

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS

Seminário apresentado junto à

Disciplina Seminários Aplicados do

Programa de Pós-Graduação em

Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia

da Universidade Federal de Goiás

Nível: Doutorado

Área de Concentração Sanidade animal, higiene e tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa: Higiene, ciência, tecnologia e inspeção de alimentos

Orientador: Prof. Dr. Ana Paula Junqueira Kipnis IPTSP/UFG Comitê de Orientação: Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade – EV/UFG

Prof. Dr. Cíntia Silva Minafra e Rezende – EV/UFG

GOIÂNIA

2011

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4

2.1 Mecanismos de resistência a antimicrobianos .......................................... 4

2.1.1 Resistência intrínseca a antimicrobianos ........................................... 6

2.2 Resistência adquirida via elementos genéticos ........................................ 9

2.2.1 Mecanismos de troca de material genético ........................................ 9

2.2.2 Propriedades da resistência a antimicrobianos ................................ 11

2.3 Medidas de controle da resistência a antimicrobianos ........................... 15

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 17

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Histórico da descoberta dos antibióticos e resistência a

antimicrobianos. ................................................................................................. 4

FIGURA 2 – Componentes estruturais da parede celular de bactérias Gram-

negativas e Gram-positivas. ............................................................................... 7

FIGURA 3 – Mecanismos de resistência a antimicrobianos e sítios de ação. .... 8

FIGURA 4 – Componentes estruturais do peptidoglicano .................................. 9

FIGURA 5 – Mecanismo de conjugação. ......................................................... 10

FIGURA 6 – Mecanismo de transdução. .......................................................... 11

FIGURA 7 – Classificação das bombas de efluxo. ........................................... 13

FIGURA 8 – Estrutura do integron e mecanismo de captura genética. ............ 15

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Mecanismos de ação e resistência dos antibióticos mais usados. 5

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1. INTRODUÇÃO

Desde o descobrimento das primeiras drogas antimicrobianas a

morbidade e mortalidade associadas às doenças infecciosas diminuíram

drasticamente (MIYAKIS, et al., 2011). O sucesso da terapêutica se deve à

escolha do antibiótico no que se refere à resistência ou tolerância do agente

infeccioso ao componente administrado (DAVIES & DAVIES, 2010).

Entretanto, de acordo com os princípios da teoria de Darwin, em um

ambiente com variedade de microrganismos saturados ou repetidamente

expostos a antibióticos, ocorre uma inevitável seleção de microrganismos

resistentes. Quando há introdução de um novo antibiótico, as primeiras cepas

sobreviventes podem aparecer em até um ano, e, após alguns anos, a

resistência aumenta drasticamente podendo tornar-se incontrolável (SCOTT,

2009). Um dos exemplos clássicos é o desenvolvimento de resistência à

penicilina em Staphylococcus aureus por produção da enzima β-lactamase,

que pôs em desuso este princípio ativo principalmente em pacientes com

infecções hospitalares, que frequentemente são portadores de cepas

multiresistentes (MURRAY & MOELLERING, 1978).

Nas últimas décadas, diversas espécies bacterianas têm

demonstrado resistência a um número cada vez maior de antibióticos. Como

conseqüência, alguns desses princípios ativos tornam-se não efetivos no

tratamento de infecções (PIDDOCK, 2006). Especialistas da área da saúde

temem a volta da era pré-antibiótico. Mais de 20.000 genes potencialmente

associados à resistência bacteriana já foram descritos, dos quais mais de 400

tipos já foram seqüenciados apesar de uma pequena parte determinar

resistência funcional (LIU & POP, 2009).

No início dos estudos sobre resistência a antimicrobianos,

acreditava-se que este problema seria resolvido com o descobrimento de

novas classes de drogas, como os aminoglicosídeos, macrolídeos e

glicopeptídeos, ou até mesmo pela modificação estrutural das drogas já

existentes. No entanto, verifica-se que a habilidade dos microrganismos de

desenvolver e transmitir resistência está anos luz na frente da descoberta de

novas drogas (GOLD & MOELLERING, 1996) e a disponibilidade para

tratamento está ainda mais longe da realidade (BOUCHER et al., 2009).

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Apesar do mercado de antibióticos ter movimentado 26,5 bilhões de

dólares em 2008 e com uma expectativa de aumento de 7% até 2018,

atingindo um mercado avaliado em 28,2 bilhões de dólares nos Estados Unidos

(GOOTZ, 2010), estima-se que o custo total, desde a identificação de um

princípio ativo novo à produção e comércio, é de 100 a 350 milhões de dólares,

o que dificulta e desestimula os investimentos até das grandes indústrias

farmacêuticas (GOLD & MOELLERING, 1996).

No continente europeu, a Grécia possui a maior prevalência de

bactérias Gram-negativas resistentes a antibióticos de amplo espectro,

destacando-se Klebsiella pneumoniae com 80% dos isolados resistentes a

cefalosporinas de terceira geração (produtoras de β-lactamase de amplo

espectro). Entre os Gram-positivos, destaca-se a prevalência de S. aureus,

com mais de 50% dos isolados resistentes a meticilina, ácido fusídico,

tetraciclina e ciprofloxacina (MYIAKIS et al., 2011).

No Reino Unido e Irlanda, a situação é semelhante. Entre os gram-

positivos, S. aureus é o microrganismo de maior prevalência, com 31% dos

isolados resistentes à meticilina (REYNOLDS, 2009).

No Brasil, um estudo realizado por KIFFER et al. (2011) no Estado

de São Paulo demonstrou problemática semelhante revelando probabilidade de

risco de resistência a ciprofloxacina em infecções por Escherichia coli em

pacientes que recebiam de 5 a 9 doses diárias.

A resistência a antibióticos é um dos temas com maior relevância

estudado pela medicina moderna, que enfrenta o desafio de reduzir a

resistência sem simplesmente descontinuar o uso de todos os antibióticos. Não

se pode prever quando um princípio ativo empiricamente selecionado

controlará ou não uma infecção e não se sabe em qual grau o uso de

antibióticos deve ser reduzido para diminuir a pressão seletiva e permitir uma

colonização reversa por uma microbiota mais sensível. Outra questão

importante é como e quando utilizar as últimas drogas lançadas no mercado

que ainda agem contra microrganismos multiresistentes (BUMANN, 2008).

De um ponto de vista epidemiológico, dados clínicos do Reino Unido

e Irlanda demonstram ainda, que tratamentos de infecções com antibióticos

aos quais patógenos são resistentes, estão associados com aumento da

morbidade, mortalidade e custo, revelando a necessidade de levantar a

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frequência de ocorrência de microrganismos resistentes e formular políticas

para prescrição de antibióticos (REYNOLDS, 2009).

Do ponto de vista ecológico e ambiental, a influência de atividades

humanas no desenvolvimento da resistência a antimicrobianos é indiscutível.

Desde 1940, as indústrias farmacêuticas produzem um número cada vez maior

de antibióticos destinados às atividades humanas e, consequentemente,

promovendo constante pressão de seleção de microrganismos resistentes.

Estima-se que nos últimos 100 anos, milhões de toneladas de antimicrobianos

foram liberados na biosfera, como resultado do uso como promotores de

crescimento em animais, terapêutica de humanos/animais, usos terapêuticos e

profiláticos na aqüicultura, controle de pragas na agricultura, atividades de

pesquisa, e outras. Na Índia, cerca de 50kg de ciprofloxacina são jogados

diariamente nos rios por indústrias farmacêuticas (FICK et al., 2009).

Estudos genômicos e transcriptômicos revelam ainda, que estações

de tratamento de água são reservatórios de microrganismos portadores de

genes de resistência. Estes são frequentemente encontrados em ilhas

genômicas ou plasmídeos transmissíveis e são considerados determinantes de

resistência a antimicrobianos (SZCZEPANOWSKI et al., 2009).

Considerando a importância do tema e as diversas áreas envolvidas

na formação dos conceitos sobre resistência a antimicrobianos, buscou-se

levantar os principais mecanismos de resistência e elucidar os desafios futuros

na terapêutica de microrganismos multiresistentes e as medidas de controle

atualmente disponíveis.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Mecanismos de resistência a antimicrobianos

Desde o início da utilização dos primeiros antimicrobianos em 1937

denominados sulfonamidas, o desenvolvimento de mecanismos específicos de

resistência vem aterrorizando o campo da terapêutica (Figura 1). A resistência

a sulfonamidas foi relatada no final da década de 1930, e o mesmo mecanismo

continua atuando até os dias de hoje. A penicilina foi descoberta por Alexander

Fleming no ano de 1928. Doze anos depois, em 1940, vários anos antes da

sua utilização como medicamento terapêutico, uma β-lactamase bacteriana já

havia sido identificada. Com o avanço nas técnicas biomoleculares, pôde-se

inferir que um grande número de genes de resistência são componentes

naturais do genoma de várias populações microbianas (D’ COSTA et al., 2006)

e podem ou não estar ativos dependendo da situação em que o microrganismo

se encontra. Um exemplo clássico é a seleção de cepas mutantes de

Mycobacterium tuberculosis no ano de 1944, quando se iniciou o tratamento da

tuberculose com estreptomicina (DAVIES & DAVIES, 2010).

FIGURA 1 – Histórico da descoberta dos antibióticos e resistência a antimicrobianos.

Fonte: DAVIES & DAVIES, 2010. (Adaptado)

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Em meados de 1950, no Japão, a descoberta dos primeiros

plasmídeos de resistência a antimicrobianos mudou o cenário dos estudos com

a introdução do conceito de transmissão genética de resistência por

conjugação (HELINSKI, 2004).

Atualmente, os mecanismos moleculares da resistência a

antibióticos já estão bem definidos e estão relacionados a particularidades

genéticas e bioquímicas de diversas espécies bacterianas (TABELA 1)

(WALSH, 2003; ALEKSHUN & LEVY, 2007).

TABELA 1 – Mecanismos de ação e resistência dos antibióticos mais usados. Classe do antibiótico Exemplo Alvo Resistência

β-lactâmicos Penicilina,

Cefalosporina Biossíntese do peptidoglicano

Hidrólise, efluxo, mudança do alvo

Aminoglicosídeos Gentamicina, Estreptomicina

Subunidade 30S ribossomal

Efluxo, alteração do alvo, fosforilação,

acetilação

Glicopeptídeos Vancomicina Biossíntese do peptidoglicano

Hidrólise, efluxo, alteração do alvo

Tetraciclinas Minociclina Subunidade 50S

ribossomal Efluxo, alteração do

alvo

Macrolídeos Eritromicina, Azitrommicina

Subunidade 50S ribossomal

Efluxo, alteração do alvo

Estreptogramina Synercid Subunidade 30S

ribossomal Efluxo, alteração do

alvo

Oxazolidinona Linezolid Subunidade 30S

ribossomal Efluxo, alteração do

alvo

Fenicol Cloranfenicol Subunidade 50S

ribossomal Efluxo, alteração do

alvo

Quinolonas Ciprofloxacina Replicação do DNA Efluxo, alteração do

alvo

Pirimidinas Trimetoprim Inibição da síntese do ácido fólico

Efluxo, alteração do alvo

Sulfonamidas Sulfametoxazol Inibição da síntese do ácido fólico

Efluxo, alteração do alvo

Rifamicinas Rifampicina Subunidade β da RNA polimerase

Efluxo, alteração do alvo

Lipopeptídeos Daptomicina Membrana celular Efluxo, alteração do

alvo

Peptídeos catiônicos Colistina Membrana celular Efluxo, alteração do

alvo Fonte: DAVIES & DAVIES, 2009 (Adaptado).

O termo “resistência a antibiótico” implica que um antibiótico não é

eficaz no tratamento de uma infecção. In vitro, é definida pelos valores da

concentração inibitória mínima (MIC) e concentração bactericida mínima (MBC)

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de um antibiótico quando desafiado a um microrganismo, sob condições ideais,

utilizando controles apropriados para definir os pontos de corte para

classificação em “resistente”, “intermediário” e “sensível”. Quando os resultados

demonstrarem baixa MIC e alta MBC, implica que o antibiótico é

bacteriostático, ou seja, inibe o crescimento do microrganismo, mas não é

capaz de matá-lo. No entanto, outros fatores podem influenciar no sucesso do

tratamento utilizando o antibiótico testado como as condições imunológicas do

paciente e, até mesmo, a dosagem utilizada (SCOTT, 2009).

A resistência pode ser devida a características intrínsecas do

microrganismo (ex.: Gram-negativos resistentes à vancomicina, que não

consegue penetrar a membrana externa), ou adquirida via elementos genéticos

que codificam para três mecanismos fundamentais, sejam eles: 1) produção de

enzimas inativadoras de antibióticos, 2) mudança no sítio de ação do antibiótico

e criação de novas vias metabólicas e 3) exclusão do antibiótico via porinas

(apenas em Gram-negativos) ou bombas de efluxo (SCOTT, 2009).

2.1.1 Resistência intrínseca a antimicrobianos

Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas possuem diferentes

características estruturais que determinam os mecanismos de resistência

intrínseca. A parede bacteriana constitui uma estrutura vital para os

microrganismos, sendo considerada a primeira determinante da resistência.

Sua principal função é a proteção osmótica, permitindo a sobrevivência de

bactérias sob várias condições de osmolaridade, e mudanças bruscas de um

meio para outro. Esta função é desempenhada pelo peptidoglicano, que atua

como um reforço envolvendo as bactérias, proporcionando rigidez e

estabilidade. Em Gram-negativas, a parede celular está composta por uma

camada de peptidoglicano e três outros componentes que a envolvem

externamente, lipoproteína, membrana externa e lipopolissacarídeo (Figura 2).

Como a membrana externa é rica em lipídios, torna-se impermeável a

substâncias hidrofílicas e o único meio de entrada são as proteínas

transmembrânicas com função porina (VIGNOLI & SEIJA, 2007).

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Mutações em genes que codificam o lipopolissacarídeo da

membrana externa podem alterar a estrutura e contribuir para a resistência

intrínseca aos antimicrobianos. Essas mudanças são geralmente em resposta

à pressão seletiva de antibióticos, as quais podem diminuir a ligação de alguns

antibióticos catiônicos, levando ao desenvolvimento de resistência à polimixina

B (MACFARLANE et al., 2000).

FIGURA 2- Componentes estruturais da parede celular de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas.

Fonte: http://www.infoescola.com/microbiologia/bacterias-gram-positivas-e-gram-negativas/

As porinas são canais de proteínas hidrofílicas embutidas na

membrana externa apenas de bactérias Gram-negativas. Estas controlam o

que passa para dentro e fora da célula com base no tamanho molecular.

Mutações nos genes codificadores de porinas podem levar a alterações de

permeabilidade, e consequentemente à resistência a um ou, mais comumente,

múltiplos antibióticos (Figura 3). Algumas moléculas como a penicilina e

vancomicina, são exemplos de antibióticos aos quais Gram-negativos são

naturalmente resistentes (SCOTT, 2009). A perda de porinas, resultando em

aumento de MIC aos antibióticos hidrofílicos tem sido observada em vários

patógenos, como Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Serratia

marcescens, Enterobacter spp. Em Pseudomonas aeruginosa, a perda da

porina OprD na membrana externa em isolados clínicos é suficiente para

conferir resistência a imipenem e meropenem (JACOBY et al., 2004).

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FIGURA 3 – Mecanismos de resistência intrínseca em Gram-negativos.

Fonte: SCOTT, 2009 (Adaptado).

Em Gram-positivas, a parede celular é única e consiste de uma

camada espessa, composta por peptidoglicano. Este pode ser dividido em duas

regiões, um polímero de aminoaçúcares transversais, que consiste na união

cíclica e repetitiva de N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico mediada

por ligações β1-4, e uma fração de pentapeptídeo que está ligado

covalentemente à molécula de ácido N-acetilmurâmico (Figura 4) (VIGNOLI &

SEIJA, 2006). Esta ligação é garantida pelas proteínas ligadoras de penicilina.

Na presença de penicilina, ocorre interferência na síntese do peptidoglicano,

levando a um grande afluxo de água do meio intracelular para o meio externo

lisando a célula bacteriana. Algumas mutações em genes que codificam para

as proteínas ligadoras de penicilina garantem modificações estruturais que

conferem resistência. Um exemplo é a nova proteína de ligação de penicilina

(PBP20) em cepas de Staphylococcus aureus com resistência a meticilina e

seus congêneres oxacilina e flucloxacilina (SCOTT, 2009).

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FIGURA 4 – Componentes estruturais do peptidoglicano

Fonte: VIGNOLI & SEIJA, 2007 (Adaptado).

2.2 Resistência adquirida via elementos genéticos

2.2.1 Mecanismos de troca de material genético

A troca de material genético entre os microrganismos que pode

resultar em resistência à um ou mais antibióticos ocorre por meio de três

formas de transmissão horizontal de genes, sejam elas: conjugação,

transdução e transformação. A conjugação é um evento de transferência de

material genético de uma célula doadora para uma célula receptora associada

à presença de plasmídeos de natureza “F”, por meio de um tubo de conjugação

(pili sexual) (Figura 5). A capacidade conjugativa está associada à presença de

aproximadamente 40 genes de transferência localizados em um operon

denominado tra que tem sido estudada extensivamente em laboratório para

levantar a freqüência dos eventos de transferência. Estima-se que as

freqüências de conjugação na natureza são, provavelmente, maiores do que

em condições laboratoriais e que ocorrem ad libitum no trato intestinal dos

animais e seres humanos (SORENSEN et al., 2005).

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FIGURA 5 – Mecanismo de conjugação.

Fonte: http://www.libertaria.pro.br/antibioticos_intro.htm#2 (Adaptado).

A transdução é o processo de reprodução no qual o DNA bacteriano

é transferido de uma bactéria para outra por meio de vírus denominados

bacteriófagos (Figura 6). Estes podem pertencer a dois subgrupos, os

bacteriófagos de ciclo lítico e lisogênico. Os lisogênicos infectam as células e

integram sua informação genética no genoma do hospedeiro levando a uma

associação permanente com a célula. O ciclo estende-se por várias replicações

nas células hospedeiro e ocasionalmente, parte do DNA bacteriano é carreado

junto com o genoma viral durante o processo de cutting-out podendo carrear

genes de resistência a antimicrobianos. De tempos em tempos eles

reorganizam o seu genoma da célula hospedeira, replicam e finalmente fazem

um ciclo lítico, destruindo a célula hospedeira e liberando novas partículas

virais livres (THOMAS & NIELSEN, 2007).

Surpreendentemente, bacteriófagos portadores de genes que

conferem resistência a antimicrobianos raramente são identificados no

ambiente. No entanto, não restam dúvidas sobre a associação de fagos com os

mecanismos de inserção necessária para a formação de elementos de

resistência móveis e com as funções de genes de resistência

cromossomicamente associados (SKURRAY & FIRTH, 1997).

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FIGURA 6 – Mecanismo de transdução mediado por bacteriófagos.

Fonte: http://www.libertaria.pro.br/antibioticos_intro.htm#2

O último mecanismo, a transformação, é definido como o processo

de incorporação de material genético livre em um meio por uma célula

bacteriana. É frequentemente identificado na troca de genes de virulência e

patogenicidade de microrganismos dos gêneros Streptococcus spp e

Meningococcus spp (SPRINGMAN et al., 2009). Suspeita-se que

microrganismos do gênero Acinetobacter spp desempenham função-chave na

captura e disseminação dos genes de resistência, pois cepas altamente

patogênicas carregarem grandes ilhas genômicas (PEREZ et al., 2007). A partir

desses mecanismos de troca de material genético, os microrganismos podem

adquirir características de resistência expressadas como a habilidade de

produzir enzimas inativadoras de antibióticos, mudança no sítio de ação do

antibiótico ou exclusão ativa por bombas de efluxo.

2.2.2 Propriedades da resistência a antimicrobianos

As enzimas inativadoras de antibióticos constituem o mecanismo

predominante de resistência a maioria dos antimicrobianos. Podem ser

expressas por genes cromossomais ou localizados em plasmídeos e funcionam

como moléculas protetoras do microrganismo sendo produzidas em excesso a

sua volta (β-lactamase em S. aureus) ou em quantidades limitadas ao espaço

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periplasmático de Gram-negativos (SCOTT, 2009). A classe mais importante

dessas enzimas é representada pelas β-lactamases, que inativam antibióticos

β-lactâmicos por hidrólise (GOLD & MOELLERING, 1996).

A mudança no sítio de ação do antibiótico e criação de novas vias

metabólicas são utilizadas pelas bactérias para mediar a resistência a uma

ampla variedade de agentes antimicrobianos (SPRATT, 1999). Algumas

dessas alterações podem exigir apenas um evento mutacional em uma

seqüência de genes críticos no alvo principal para criar um alvo novo e

funcional, com afinidade reduzida para o agente antimicrobiano. Uma dessas

mudanças ocorre em mutantes de estafilococos e estreptococos resistentes à

rifampicina por alterações no gene codificador da DNA polimerase. A

modificação das proteínas ligadoras de penicilina é o principal modo

de resistência à penicilina em Streptococcus pneumoniae, Neisseria

meningitidis, e Enterococcus faecium (CHEN et al., 2011).

As bombas de efluxo limitam o acesso dos antibióticos bombeando-os

para fora da célula, prevenindo acumulação intracelular necessária para

letalidade (MOZINA, et al., 2011).

A atividade de bombas de efluxo não está relacionada a uma

substância específica, o que indica um papel crítico na sobrevivência de

bactérias em ambientes sob condições adversas. O efluxo só é suspeito de ser

o mecanismo de resistência a antibióticos quando há um aumento simultâneo

na MIC de três ou mais antibióticos para uma bactéria especial quando

comparados com o MIC desses antibióticos para a cepa padrão. Genes e

proteínas da bomba de efluxo estão presentes em todos os organismos.

Especificamente em bactérias, os genes podem estar localizados no

cromossomo ou em elementos genéticos transmissíveis, tais como plasmídeos

e podem ser específicas para um substrato ou transportar uma variedade de

compostos estruturalmente diferentes (incluindo antibióticos de classes

químicas diferentes), o que normalmente está associado a fenótipos de multi-

resistência. Atualmente, há cinco famílias de bomba de efluxo que estão

associadas com fenótipo de multi-resistência a drogas: 1) transportadores do

tipo ABCC, 2) facilitador maior da superfamília MFS 3) família da exclusão de

drogas e componentes tóxicos (MATE) 4) resistência a múltiplas drogas (SMR)

e 5) resistência nodulação divisão celular (RND). São classificadas em função

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do número de componentes que possuem (única ou múltipla), o número de

regiões transmembrânicas que a proteína transportadora tem, a fonte de

energia que a bomba utiliza e os substratos que as bombas exportam (Figura

7) (PIDDOCK, 2006).

FIGURA 7 – Classificação das bombas de efluxo e seus componentes protéicos.

Fonte: PIDDOCK, 2006.

Bombas de efluxo da família de resistência nodulação divisão celular

que são expressas em bactérias Gram-negativas e estão associadas à

resistência a múltiplos antimicrobianos, são organizadas em sistemas

compostos por três proteínas distintas, uma de efluxo (AcrB, a qual está

localizada na membrana citoplasmática da bactéria), uma acessória também

denominada proteína de fusão ou AcrA, (localizada no espaço periplasmático)

e um canal de proteína externa ou TolC (localizada na membrana externa).

Utilizando este sistema triplo, a proteína transportadora AcrB captura

substratos tanto no espaço periplasmático quanto da parte lipídica da

membrana citoplasmática e transporta para o espaço extracelular via TolC, que

forma um canal na membrana externa. A cooperação entre AcrB e TolC, é

realizada por meio da proteína acessória AcrA (PIDDOCK, 2006).

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Vários estudos estão voltados para encontrar substâncias capazes

de reverter a ação das bombas de efluxo, as quais poderiam ter ação contra a

resistência a antimicrobianos in vivo (HANNULA & HANNINEN, 2008).

Além dos mecanismos de transferência de material genético usados

para expressar resistência aos agentes antimicrobianos, as bactérias também

podem recorrer a uma variedade de mecanismos complexos para a

transferência de genes de resistência (NORMAK & NORMAK, 2002).

O genoma bacteriano consiste de DNA cromossômico que codifica

para as seguintes funções celulares: vias metabólicas e de reparo do DNA,

plasmídeos que codificam para atividades complementares bacterianas como

fatores de virulência e genes de resistência, e genes essenciais para a

mobilização independente e de transmissão dos elementos do plasmídeo. A

maioria das características de resistência é mediada por plasmídeos, mas

elementos de resistência plasmidial podem realizar intercâmbio com elementos

cromossômicos. A transferência de material genético de um plasmídeo ao

cromossomo pode ocorrer por eventos de recombinação simples ou facilitado

por transposons. Transposons são pequenos elementos móveis de DNA

capazes de mediar a transferência de DNA, removendo e inserindo-se em

diferentes locais do DNA cromossomal e plasmidial na presença de elementos

de inserção. Vários genes de resistência, tais como os que codificam para β-

lactamases mediadas por plasmídeos e genes de resistência a tetraciclinas são

organizados em transposons, o que pode ter disseminação mais ampla do que

os plasmídeos (NORMAK & NORMAK, 2002).

Outro mecanismo genético que as bactérias lançam a mão na

transferência de genes de resistência são os integrons, elementos genéticos

localizados no cromossomo ou dentro de elementos de transposição que

produzem uma enzima denominada integrase, responsável por recombinação

em locais específicos do DNA. Os integrons têm um sítio onde podem ser

integrados os chamados cassetes gênicos, estruturas formadas por um ou

mais genes de interesse e uma pequena região para recombinação. Assim,

cada integron pode ter uma combinação distinta de um ou mais genes de

resistência colocados no mesmo local e expressos a partir de um promotor do

integron (Figura 8) (STOKES & HALL, 1989)

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FIGURA 8 – Estrutura do integron e mecanismo de captura genética.

Fonte: DAVIES & DAVIES, 2010.

A partir do desenvolvimento das técnicas de seqüenciamento, as

análises de cepas isoladas de hospitais, zonas agrícolas, estações de

tratamento de água, e outras fontes ambientais revelou uma diversidade de

integrons com cassetes gênicas para resistência a antibióticos, o que aumenta

sua importância na transferência da resistência. A origem dos integrons ainda

não é conhecida, embora a similaridade de seqüência entre as integrases e

recombinases de bacteriófagos sugere uma relação evolutiva. Finalmente,

deve-se notar que a evolução dos diferentes tipos de elementos de resistência

a antibióticos em diferentes ambientes clínicos é natural e provavelmente

envolve uma variedade de processos genéticos integrados. Outros

mecanismos de aquisição e transferência, bem como a natureza combinatória

do processo de desenvolvimento de resistência não deve ser subestimada

(WALSH, 2006)

2.3 Medidas de controle da resistência a antimicrobianos

A resistência a antimicrobianos é definitivamente impulsionada pelo

uso indiscriminado de antibióticos. Quando são substituídos ou inutilizados,

cepas resistentes a estes tendem a desaparecer. No Reino Unido, mais de

80% do uso humano de antibióticos ocorre nos grandes centros urbanos,

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principalmente no tratamento de infecções do trato respiratório, o que

demonstra necessidade de um Comitê Médico Consultor Permanente para

recomendar algumas medidas para reduzir prescrições inadequadas, como

(SCOTT, 2009):

• Não administrar antibióticos em casos de tosse e resfriados

simples;

• Diminuir a prescrição de antibióticos em dores de garganta a

menos que haja evidências de infecção estreptocócica;

• Limitar o uso de antibióticos a três dias em casos rotineiros de

otite média, aguda e sinusites;

• No ambiente hospitalar, diminuir a prática de antibioticoprofilaxia

cirúrgica;

• Restringir o uso de antibióticos por meio de receitas médicas

controláveis;

• Estimular a prática de colheita de material suspeito para

identificação do microrganismo e teste de susceptibilidade a antimicrobianos

para posterior tratamento;

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resistência a antibióticos é uma das maiores ameaças para o

sucesso da terapêutica nos campos da saúde e medicina veterinária moderna.

Recentemente se tornou mais grave pelo uso indiscriminado nos tratamentos

empíricos e conseqüente surgimento de bactérias multiresistentes. Não se

sabe até que ponto o uso de antibióticos deve ser reduzido ou controlado

visando diminuir a pressão seletiva e permitir reversão para uma microbiota

mais sensível, nem quando utilizar as drogas remanescentes de última

geração. Apesar de todos os avanços no campo da pesquisa e diagnóstico, há

necessidade de se aprofundar os estudos para vias alternativas de tratamento,

buscando entender os mecanismos genéticos do desenvolvimento da

resistência a antimicrobianos.

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