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Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 1
FLUIDOS
A Mecânica dos Fluidos estuda o comportamento de fluidos em repouso e em
movimento.
Porquê estudar Fluidos? Fluido é o ar que respiramos, a água que bebemos...
O sangue, o mar, a atmosfera, são fluidos essenciais à nossa existência.
Fluido Líquidos ou Gases
não têm forma própria não têm forma própria
têm volume definido não têm volume definido
quase incompressíveis são altamente compressíveis
Não reage a qualquer força que implique
variação de forma.
Começaremos por definir algumas propriedades indispensáveis ao estudo do
comportamento dos fluidos.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 2
Viscosidade
Viscosidade de um fluido é o atrito interno do fluido, i.e. a força de atrito entre as
diferentes camadas (entre as moléculas), que se movem com velocidades relativas
diferentes.
aF v Fa ∝ v
Nos gases a viscosidade é praticamente nula.
Voltaremos a este assunto quando tratarmos de fluidos reais.
Densidade
Densidade Absoluta ou Massa Volúmica mV
ρ =
Unidades S.I. [ ] [ ][ ]
3 33 /
m kg kg m kg mV m
ρ −= = = = ⋅
ρH2O = 1000 kg m –3 ( a 4 ºC )
ρar = 1,293 kg m –3 ( p.t.n. )
Densidade Relativa: tansubs cia
padrao
d ρρ
=
Para Sólidos e Líquidos, 3
2 1padrao H O g cmρ ρ −= =
Para Gases, padrao arρ ρ=
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 3
A Densidade é uma função da Temperatura e da Pressão.
Vejamos o caso da água.
T (ºC) p (atm) ρ (kg m –3 )
0
0
4
20
100
1
50
1
1
1
999,9
1002
1000
998,2
958,4
Portanto verificamos que :
- a 0 ºC e entre 1 atm e 50 atm o aumento da densidade é de apenas 2 por mil.
- a 1 atm o valor máximo para a densidade da água é de 1000 kg m –3 .
- a 1 atm e entre 4 ºC e 100 ºC a diminuição de densidade é de 4,2 % .
Assim, para a água, e para qualquer outro líquido:
- a densidade varia pouco face a alterações de pressão, e
- a densidade é mais influenciável por variações de temperatura do que por
variações de pressão. De tal forma que, na gama de pressões considerada e a
uma dada temperatura podemos considerar que a densidade é constante.
No caso dos gases, como são compressíveis, a densidade varia face a alterações de
pressão.
Vejamos, como exemplo, o ar:
T (ºC) p (atm) ρ (kg m –3)
0 1 1,3
0 50 6,5
100 1 0,95
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 4
Portanto:
- a 0 ºC, ao aumento de pressão de 1 atm para 50 atm corresponde um aumento
na densidade de 400 % ;
- a 1 atm, ao aumento de temperatura de 0 ºC para 100 ºC corresponde uma
diminuição de densidade de 26,9 % .
Verificamos assim que a densidade de um gás, neste caso particular o ar, depende da
pressão e da temperatura a que está sujeito.
QUESTÃO 1
Mostrar que, exprimindo a densidade em g cm–3 , a densidade de uma substância e a
sua densidade relativa:
1- Têm o mesmo valor numérico nos sólidos e líquidos.
2- Têm valores diferentes nos gases.
QUESTÃO 2
Um tanque de água tem as dimensões 60 x 30 x 45 cm.
Determine a quantidade de água armazenada no tanque, em litros.
Tensão Superficial
Na superfície livre entre um gás e um líquido, há uma propriedade importante dos
fluidos a considerar, a Tensão Superficial.
Podemos observar que a superfície de um líquido tem tendência a contrair-se para
adquirir a área menor possível, comportando-se como se a sua superfície fosse uma
membrana elástica.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 5
As gotas de água ou de um spray líquido são exemplos disso, tomam a forma esférica
devido à Tensão Superficial.
Alguns insectos podem caminhar na água, e mesmo uma agulha fina colocada
cuidadosamente à superfície da água pode flutuar.
Este fenómeno da Tensão Superficial é devido às forças de atracção (coesão) entre
as moléculas. Estas forças decrescem rapidamente com a distância, e são
significativas apenas a (muito) curta distância ( ≈ 5 µm ).
A força resultante sobre as moléculas próximas da
superfície aponta para dentro, fazendo com que a área
da superfície seja menor possível.
O coeficiente de Tensão Superficial, γ , de um líquido é a força de tensão por unidade
de comprimento, ao longa de uma linha à superfície.
Fl
γ = Unidades: [ ] Nm
γ =
Alguns valores de Tensão Superficial: ar – água γ = 0,073 N m–1
ar – mercúrio γ = 0,48 N m–1
A Tensão Superficial da maioria dos líquidos decresce com a temperatura, sendo este
efeito mais significativo na água, as forças de coesão diminuem ao aumentar a
agitação térmica.
Descrevemos a seguir alguns fenómenos devidos à Tensão Superficial.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem
1- Gotas e Bolhas
As superfícies das gotas e das bolhas tende a contrair-se devido à tensão superficial,
aumentando assim a pressão interna.
As bolhas ou gotas param de crescer quando as forças devidas à Tensão Superficial e
ao excesso de pressão, ∆ p , estão em equilíbrio.
(∆ p - diferença entre a pressão interna e externa)
GOTA BOLHA
Força devida ao excesso de pressão 2r pπ ∆
Força devida à Tensão Superficial 2 rπ γ
Ora em equilíbrio, = 2rπ ∆ p 2 rπ γ
Ou seja, 2prγ
∆ = Na bolha como há duas superfícies, 4prγ
∆ =
2- Formação de um Menisco
A superfície livre de um líquido forma uma
curva quando em contacto com um sólido. o
θ - ângulo de contacto (ângulo entre a s
ponto de contact
Água
uperfície A
o).
Mercúri
ESSa - IPB 6
B e a tangente BC ao líquido no
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 7
Água θ < 90º (molha a superfície).
Mercúrio θ > 90º (não molha a superfície).
Água pura em vidro limpo θ ≈ 0º ; Mercúrio em vidro θ ≈ 130º a 145º
3- Capilaridade
Se um tubo de vidro limpo, de raio r, for inserido num
prato com água, a água sobe dentro do tubo a uma
altura h acima da superfície.
Isto acontece porque a atracção entre as moléculas do vidro e da água é superior à
exercida entre as moléculas de água, produzindo uma força que aponta para cima.
O líquido sobe até que o peso da coluna equilibre as Forças devida à Tensão
Superficial.
Sendo, θ o ângulo de contacto
γ cos θ Componente vertical da Tensão Superficial;
2 π r γ cos θ Componente vertical da força devida à tensão
ao longo do perímetro interno do tubo;
ρ g π r 2 h Peso da coluna de líquido.
Portanto, em equilíbrio ρ g π r 2 h = 2 π r γ cos θ E então, 2 cosh
g rγ θρ
=
A altura a que se eleva, ou desce, o líquido num tubo capilar é directamente
proporcional à tensão superficial e inversamente proporcional à densidade do líquido e
do raio do tubo.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 8
Para água em vidro limpo θ ≈ 0º , 2hg rγ
ρ=
Para o mercúrio num tubo de vidro, θ > 90º , h < 0 (há uma depressão capilar).
Pressão de Vapor A pressão à qual um líquido entra em ebulição, em linguagem comum ferve, é
designada por pressão de vapor.
Esta pressão é uma função da temperatura (aumenta com a temperatura).
Por exemplo, a água entra em ebulição quando a sua temperatura é elevada de modo
a que a pressão de vapor atinja o valor da pressão atmosférica do local.
A pressão do ar a altitudes elevadas é mais baixa do que ao nível do mar, por essa
razão a água, nessas altitudes, ferve a temperatura inferior.
ÁGUA
Temperatura 10 ºC 25 ºC 90 ºC 100 ºC
Pressão de vapor 1230 Pa 3170 Pa 70100 Pa 101 300 Pa
( 1 atm ) Compressibilidade Ao comprimir um fluido, i.e., ao aumentar a pressão exercida sobre ele, o volume
ocupado pelo fluido diminui. Então, diz-se que o fluido é compressível.
Deixamos o desenvolvimento da abordagem matemática deste conceito para quando
tratarmos de fluidos reais.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 9
Trataremos por agora de fluidos ideais, i.e. que obedeçam às seguintes condições:
1- Fluxo estacionário (ou laminar), v = const.
2- Fluido incompressível, ρ = const.
3- Fluido não viscoso, não há forças dissipativas (atrito);
4- Fluxo irrotacional (uma pequena partícula, no fluido, não deverá rodar em torno
de si). (Podemos considerar a água como um fluido ideal e a glicerina um fluido muito viscoso)
Equilíbrio Hidrostático - Um fluido está em equilíbrio hidrostático quando o nº de partículas por unidade de
volume é constante
- Não há velocidade relativa das partículas de fluido, (não há que considerar a
viscosidade);
- As forças de acção do fluido sobre as paredes dos vasos que os contêm são
perpendiculares a estas (se as acções sobre as paredes tivessem componentes tangenciais,
as respectivas reacções tangenciais das paredes implicariam escorregamento do fluido ao longo
das paredes e ele deixaria de estar em repouso, i.e. em equilíbrio hidrostático).
Vamos subdividir o estudo da Mecânica de Fluidos em duas partes: - Estática de Fluidos; - Dinâmica de Fluidos ou Hidrodinâmica. Na Estática de Fluidos vamos abordar o estudo de líquidos ideais em repouso e
gases não em escoamento.
Na Hidrodinâmica abordamos apenas fluidos em escoamento estacionário, i.e. com
velocidades de escoamento pequenas e não dependentes do tempo.
Entretanto vamos definir, ou recordar, o conceito de pressão.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 10
Pressão - Porque razão um prego espeta mais facilmente por um dos lados?
- Porque razão não devemos utilizar sapatos de salto alto na neve?
A força exercida nas duas situações é a mesma, o que varia é a área sobre a qual
essa força é exercida.
À força por unidade de área chamamos Pressão. FpA
=
A pressão é uma grandeza importante no estudo de fluidos em equilíbrio.
1- um fluido exerce, no seu interior, pressão em
todas as direcções e sentidos.
2- as forças devidas à pressão exercidas sobre
superfícies são perpendiculares a estas,
qualquer que seja a sua orientação.
Num líquido em equilíbrio hidrostático,
em vaso aberto, esta força devida à
pressão, para a mesma superfície,
aumenta com a profundidade.
Unidades de Pressão (S.I.) [ ] [ ][ ]
22
1 1 1 (1
F Np N m PaA m
−= = = = )Pascal
A unidade S.I. de Pressão tem o nome de Pascal, em homenagem a Blaise Pascal
(Mais à frente falaremos de outras unidades de Pressão)
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 11
xxxxxxxxxxxxxxx-------Nota Sobre Blaise PASCAL (1632 – 1662)-------xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Em 1663 publica o “Tratado do Equilíbrio dos Fluidos”, trabalho de Hidrostática onde estabelece a lei
que tem o seu nome e que levou à construção da prensa hidráulica. Escreveu ainda o “Tratado do
peso e da massa do ar”, onde estudou a pressão atmosférica. Foi exemplo de rara precocidade: aos
12 anos escrevia um tratado de Acústica, aos 16 anos o Tratado das Cónicas e aos 19 anos
inventou a máquina de calcular (adições e subtracções), conhecida como Pascaline. Deve-se a ele
ainda a invenção da seringa e da prensa hidráulica, que funciona segunda a lei que tem o seu nome.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
ESTÁTICA DE FLUIDOS
Lei Fundamental da Hidrostática Consideremos um fluido homogéneo (ρ = const.) em equilíbrio hidrostático.
Adimtindo, com Stevin (1548-1620), que o equilíbrio dos fluidos obedece às leis
mecânicas do equilíbrio dos corpos sólidos,
1F h1 iF e 'iF - forças de pressão laterais
gF 1F e 2F - forças de pressão verticais
h2 gF - força gravítica
2F
( )1 2 '0 0i i gF F F F F F= ⇒ + + + + =∑ ∑
então,
1 2
0 ' 000
x i i
gy
F F FF F FF
⎧ = − =⎧⎪ ⎪⇒⎨ ⎨− + − == ⎪⎩⎪⎩
∑∑
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 12
As forças de pressão laterais são simétricas, portanto anulam-se.
Resta,
2 1 2 10y gF F F F p S p S= ⇒ − = ⇒ ∆ − ∆ =∑ m g
h
Como ( )m V Sρ ρ= × ∆ = × ∆ × ∆ , temos
2 1p p g h p g hρ ρ− = ∆ ⇔ ∆ = ∆
∴ maior profundidade, maior pressão. (medida a partir da superfície livre)
p0 x
h 0 0p p g h p p ghρ ρ− = ∆ ⇔ = +
p x Lei Fundamental da Hidrostática
Nos gases ρ é pequeno ⇒ pressão é igual em todos os
pontos de um recipiente fechado.
Para pequenas variações (variações infinitesimais) de altura, dy , a Lei Fundamental
da Hidrostática assume a forma diferencial,
d p g d hρ= −
O sinal negativo deve-se a considerar na vertical e para cima o eixo dos YY. Ou seja,
se dy aumenta, a pressão diminui (d p diminui). No caso dos gases em recipiente fechado, a temperatura constante e uniforme, a
densidade considera-se constante. Assim, a diferença de pressão determina-se a
partir da expressão anteriormente deduzida.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 13
Sendo a densidade dos gases muito pequena, a diferença de pressão entre dois
pontos quaisquer do recipiente fechado é muito pequena, pelo que, geralmente, se
pode desprezar. Isto é, a pressão de um gás contido num recipiente fechado pode-se
considerar constante.
EXEMPLO
Consideremos um compartimento fechado, uma sala, com 5 m de altura.
Qual a diferença de pressão entre o tecto e o chão?
Resolução: ρ = 1,20 kg m–3
∆ p = ρ x g x h = 1,20 x 9,8 x 5 = 58,8 Pa = 0,0006 atm
Portanto ∆ p ≅ 0 atm
Assim sendo, a pressão do ar em qualquer ponto do compartimento é a mesma, por
exemplo, 1 atm.
Aplicações da Lei Fundamental da Hidrostática
1- A superfície de um líquido em repouso é plana e horizontal
Y
yA = yB A B ( )A B B Ap p g y yρ− = − ⇔
( )0 B Ag y yρ⇔ = − ⇔
X 0B A B Ay y y y⇒ − = ⇔ =
2- Vasos Comunicantes
O líquido fica ao mesmo nível
em todos os recipientes
(Vasos Comunicantes).
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 14
Em vasos comunicantes contendo o mesmo líquido, o nível da superfície livre é igual
em todos, porque a pressão é, em todos, igual à pressão atmosférica (Os romanos desconheciam o “Princípio” dos Vasos Comunicantes” – daí os Aquedutos das Águas Livres )
3- Paradoxo Hidrostático
Recipientes com diferentes
formas mantêm a balança em
equilíbrio.
Fundo do mesmo tamanho
(mesma área) e aberta, cheio
até ao mesmo nível e colocado
no prato da balança (que o tapa).
4- Bomba Aspirante
O ar no interior do tubo é eliminado, pela acção da bomba,
criando-se uma região de baixa pressão. No exterior
do tubo, sobre o líquido, continua a exercer-se a pressão
atmosférica.
A que altura máxima sobe a água?
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 15
5- Sifão
Eliminando o ar no tubo, i.e., substituindo o ar por líquido
do vaso – escorvar o tubo, e mantendo a extremidade C
abaixo do nível do líquido no recipiente, a pressão na
extremidade será maior que a pressão atmosférica e o
líquido descerá.
pC = pB + ρ g h ⇒ pC = patm + ρ g h ⇒ pC > patm
( pB = pA = patm ) Lei Fundamental da Hidrostática Para Fluidos Compressíveis a Temperatura Constante e Variável (#)
Consideremos um gás com comportamento ideal, em condições isotérmicas.
Os gases são fluidos altamente compressíveis, pelo que a sua densidade varia em
função da pressão (e não apenas em função da temperatura). Assim, para estes casos a Lei Fundamental da
Hidrostática toma a forma diferencial: d p g d yρ= − O comportamento do gás é descrito pela Equação dos Gases Ideais:
em que pV n RT=dem massa gasn
M massa molar⎛ ⎞
= ⎜ ⎟⎝ ⎠
portanto,
m mpV RT p M RTM V
Mp M RT pRT
ρ ρ
= ⇔ =
⇔ = ⇔ =
⇔
(Um gás ideal é um gás em que o comportamento de cada partícula que o constitui se pode
considerar aproximadamente independente das restantes e obedece à equação acima referida.)
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 16
Esta equação permite-nos saber como varia a densidade em função da pressão para
um gás ideal sujeito a condições em que a temperatura se mantém constante.
Assim, para estes casos a Lei Fundamental da Hidrostática
toma a forma: Mdp p g dhR T
= −
Resolvendo esta equação ; onddp Mc d h c gp
eRT
= − =
(equação diferencial de 1ª ordem e de variáveis separáveis)
[ ] [ ]
( ) ( )
ln
ln ln ln
p hp h
pi hipi hi
i i ii
dp c dh p c hp
pp p c h h c h hp
= − ⇔ = − ⇔
⎛ ⎞⇔ − = − − ⇔ = − − ⇔⎜ ⎟
⎝ ⎠
∫ ∫
( ) ( )exp expi ii
p c h h p p g h hp i
MR T
⎡ ⎤⇔ = − − ⇔ = × − −⎡ ⎤ ⎢ ⎥⎣ ⎦
⎣ ⎦
∴ À medida que a altura aumenta a pressão diminui.
Para sabermos a pressão em função da temperatura temos que fazer,
dp g dhρ= − , onde M pR T
ρ =
Considerando que a temperatura varia linearmente com a altura,
; tanidT dTT T kh k dentao k eumaconshdh k
te= + = ⇒ =
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 17
Substituindo na equação da Lei Fundamental da Hidrostática,
;
;
p T
pi Ti
M p d Tdp gR T k
p M gdp c dT cT R
dp dT dp dTc cp T p
s ndo
T
e
= −
= − =
= − ⇒ = − ⇔∫ ∫
k
ln ln ln lnc
i
i i i
M gM gR kR k
i ii i
i
Tp T pcp T p T
T Tp p p pT T k h
⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎞⇔ = − ⇔ =⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⎛ ⎞⎛ ⎞⇔ = ⇒ = ⎜ ⎟⎜ ⎟ +⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⇔
∴ esta expressão dá-nos a pressão em função da temperatura.
(Reveja as Tabelas apresentadas nas páginas 3 e 4)
Pressão Atmosférica (#)
As expressões anteriores são-nos úteis para conhecer os valores da pressão
atmosférica.
A pressão de um gás, atmosfera terrestre incluída, deve-se à colisão das moléculas
contra as superfícies dos corpos.
Também se diz que a pressão atmosférica ao nível do solo se deve ao peso da coluna
de ar que está acima de nós.
Nos casos de gases em espaços abertos e em que se consideram grandes diferenças
de altitudes, a densidade dos gases varia.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 18
A variação da densidade acompanha a variação da aceleração da gravidade. Assim a
diferença de pressão entre duas altitudes determina-se a partir da forma mais geral da
Equação Fundamental da Hidrostática:
2
2 11
h
h
p p p g dρ∆ = − = − ∫ y
Para tal é necessário conhecer a forma como g e ρ dependem de y .
CONDIÇÕES PADRÃO PARA A ATMOSFERA
As condições padrão para a atmosfera (ou atmosfera padrão), ao nível do mar, são:
p = 29,92 mm-Hg = 101,3 kPa
ρ = 1,2232 kg m–3 Atmosfera
T = 15 ºC = 288 K pressão diminui
Nos casos de gases em recipientes fechados, a temperatura constante e uniforme, a
densidade considera-se constante. Assim a diferença de pressão determina-se a partir
de, p g hρ∆ =
Como a densidade dos gases é muito pequena, a diferença de pressão entre dois
quaisquer pontos do recipiente fechado é muito pequena, pelo que geralmente se
pode desprezar. Isto é, a pressão de um gás contido num recipiente fechado pode
considerar-se constante.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 19
Experiência de Torricelli
Evangelista Torricelli (1608 – 1647)
Um tubo de mercúrio invertido, desce no tubo e
mantém-se à altura de 76 cm.
h = 76 cm (Experiência imaginada por Torriceli mas realizada por
Vincenzo Viviani, discípulo e amigo de Galileu, tal como
Torricelli.)
Pressão atmosférica
1 atm = 76 cm-Hg Algumas Unidades de Pressão
1 mm-Hg = 1 Torr (em homenagem a Torricelli)
1 atm = 760 mm-Hg = 760 Torr
Conversão para unidades S.I.
ρHg = 13,6 g cm–3 1 atm = ρHg x g x h =
= 13,6 x 103 x 9,8 x 0,76 =
= 1,013 x 105 Pa
A Pressão Atmosférica expressa em várias unidades
1 atm = 1,013 x 105 Pa
= 1, 013 bar (1013 mbar)
= 14,70 psi (lbf in–2)
= 760 mm Hg
= 760 torr
= 10,33 m H2O
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 20
Medidores de Pressão
Barómetro (báros – peso; metro - medida)
Um barómetro, esquematizado ao lado,
mede a pressão absoluta [Absolute Pressure].
Anerómetro (a – sem; néros – líquido; eidos – forma)
Caixa metálica onde no interior foi feito vácuo.
Uma série de mecanismos permite amplificar a
deformação e medir a pressão atmosférica absoluta.
Manómetros
Manómetro (mano – pouco denso, metro – medida)
Os manómetros medem a pressão relativa. [Gauge Pressure]
Manómetro simples: a altura da coluna de líquido
permite saber a pressão no tubo, em relação à
pressão atmosférica.
A sua utilização está restrita a baixas pressões e
não pode ser utilizado em gases.
Para estes dois casos utiliza-se um manómetro em forma de U.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 21
( )
1
2
1 2
0 2 1 0
,
A
B atm
A B
atm
Como
en
p p g h
p p g h
p p
p g h p g h
p p g h h p p g
o
h
ta
ρ
ρ
ρ ρ
ρ ρ
= +
= +
=
+ = + ⇔
⇔ − = − ⇒ = +
A altura da coluna dá-nos a pressão no tanque
Outros Manómetros Manómetro de Bourdon
É constituído por um tubo
de latão achatado, fechado
numa extremidade e
dobrado em forma circular:
a forma fechada é ligada a
um ponteiro e a extremidade aberta é ligada ao
reservatório onde se quer medir a pressão.
Transdutores de Pressão
A ideia de uma leitura óptica, directa, da pressão
pode ser útil em muitas situações. Em outras isso
não é possível, ou é mais útil uma leitura automa-
-tizada dos dados e a respectiva armazenagem
para posterior análise. Alguns destes medidores utilizam propriedades dos materiais
que variam com a pressão, por exemplo a resistência eléctrica de um fio de platina.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 22
QUESTÃO 1
Na experiência de Torricelli, a altura da coluna de líquido no tubo é independente da
secção do tubo, isto é, é a mesma qualquer que seja a secção deste.
Explicar porquê.
QUESTÃO 4
Por meio da bomba pneumática e
por aspiração pela boca, extraiu-se
ar da lata e da palhinha, ver figura.
Explicar o que sucede em ambos casos.
QUESTÃO 5
1- Que relação há entre as pressões lidas nos manómetros M1 e M2?
2- Conhecidas as alturas h1 e h2 do mercúrio, e a pressão atmosférica, p0, indicar a
leitura feita nos manómetros.
3- Qual é a pressão do gás encerrado no
tubo fechado?
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 23
Lei de Pascal. Prensa Hidráulica
A lei que a seguir se deduz é válida apenas para líquidos incompressíveis, ideais, i.e.
com densidade constante durante o aumento ou diminuição de pressão.
A B
De acordo com a lei fundamental da hidrostática, p = p0 + ρ g h
E como os pontos A e B estão ao mesmo nível, a pressão é a mesma, uma vez que
o fluido está em equilíbrio, pA = pB
Então,
A B
A B
F FS S
= que traduz a Lei de Pascal.
Ou seja, 1 1
A B AA B
S S F FS S
< ⇒ > ⇒ < B
Isto é, para erguer um corpo colocado à direita, a força necessária a exercer à
esquerda é menor.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 24
Aplicações da Lei de Pascal
Macaco Hidráulico Freio Hidráulico
Impulsão. Lei de Arquimedes
O peso de um corpo quando
está total ou parcialmente
mergulhado num fluido, diminui.
Esta ideia, conhecida por Princípio de
Arquimedes, vamos deduzi-la a partir
das leis da Estática e portanto
passamos a designá-lo por Lei de Arquimedes.
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 25
O corpo da figura está em equilíbrio estático
sob acção das seguintes forças:
gF - Força gravítica;
R - Reacção da mola do dinamómetro,
simétrica do peso do corpo imerso;
- Forças de pressão '
1, , ,ix ixF F F F2
1
hidrostática laterais e verticais, respectivamente.
Chama-se impulsão à força que tem a direcção vertical, está dirigida para cima e é
a resultante das forças de pressão exercidas pelo fluido.
I
As forças laterais equilibram-se duas a duas, portanto 1 2 2I F F I F F= + ⇔ = −
Quanto vale esta impulsão?
Se retirarmos o corpo, o seu lugar será ocupado por líquido, que fica em equilíbrio,
sob acção de duas forças: a força gravítica exercida nesse fluido e a impulsão de todo
o líquido circundante (que é igual à que exercia no corpo).
Do equilíbrio resulta que estas duas forças são simétricas, ou seja: o valor da
impulsão é igual, precisamente, ao peso de líquido do volume ocupado pelo corpo imerso.
I
fluido imersoI V gρ= ⋅ ⋅
O peso aparente do corpo imerso será dado por aparente gP F= − I
Fluidos
Biofísica – Enfermagem ESSa - IPB 26
QUESTÃO 6
Quando um barco passa da água doce de um rio (menos densa) para a água
salgada do mar (mais densa), a impulsão varia? Justifique.
xxxxxxxxxxxxxxx-------Nota Sobre ARQUIMEDES (287 a.c. – 212 a.c.)-------xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx Abordou a Mecânica (estudo das alavancas: “Dêem-me um ponto de apoio e levantarei a lua”).
Na Hidrostática estabeleceu a lei com o seu nome, “Eureka” – terá gritado na banheira quando descobriu como saber se
a coroa de ouro do rei Hierão era maciça. Era um entusiasta da Geometria (estimou o valor de π até às milésimas).
Conta-se que esta sua paixão lhe custou a vida. Quando os romanos conquistaram Siracusa, resistiu a ser preso,
insistindo em terminar a demonstração que estava a fazer no chão do largo principal. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
(As secções assinaladas com (#) têm um carácter meramente informativo, não estarão em avaliação) Bibliografia:
“Fundamentals of Physics”, D. Hallyday & R. Resnick, Wiley & Sons, 6th ed., 2001 “Manual de Física – Mecânica (12ºano)”, L. Silva & J. Valadares, Didáctica Editora,1987 “Engineering Fluid Mechanics”, J. A. Roberson & C. T. Crowe, Wiley & Sons, 1997 “A Physical Introduction to Fluid Mechanics”, A. J. Smits, Wiley & Sons, 2000 “Física”, Alonso & Finn, Addison – Wesley, 1999