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 Arl indo Ugul ino Netto FIS IOL OGI A € MED ICI NA P2 € 2008 .1 1 FAMENE NETTO, Arlindo Ugulino . FISIOLOGIA II FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA (Professora Mônica e Socorro Gadelha) O sistema respirat€rio • respons‚vel por fornecer oxigƒnio (O 2 ) aos tecidos para realiza„…o de rea„†es importan tes ao met abol ismo do corpo, al•m de remo ver e eliminar o di€xido de carbono (CO 2 ), produto deste metabolismo.  As fun„†es do sistema respirat€rio podem se re sumir a trƒs: ventilação (respira„…o); trocas gasosas entre os alv•olos e os capilares (respira„…o externa) ou entre os capilares sistƒmicos e as c•lulas teciduais do corpo (respira„…o interna); e a utilizaçã o do oxigênio na respira„…o celular. Para o desempenho destas fun„†es, a respira„…o pode ser dividida em quatro grandes eventos: Ventilação pulmonar  , que se refere ‡ troca de ar en tre a atmosfer a e os alv•olos pulmonare s; Difusão do oxigênio e do CO 2 entre os alv•olos e o sangue. Transporte de oxi gênio e de CO 2 no sangue e nos lˆquidos corporais, para as c•lulas (oxigƒnio) e a partir delas (di€xido de carbono). Regulação da ventilação e de outros aspectos da respira„…o. O sistema respirat€rio interage tamb•m com outras ‰fun„†es n…o-respirat€riasŠ, por•m importantes para a homeostasia: voca liza„…o, degluti„…o, regula„…o t•rmica, v‹mito, mic„…o e defeca„…o e parto (manobra de Valsalv a), sono e emo„†es.  ANATOMIA DAS V IAS R ESPIRAT•RIAS  As vias de condução do sistema respiratório est…o representadas pelo nariz (cavidade nasal), boca, faringe, laringe, traqu•ia, br‹nquios principais, br‹nquios secund‚rios e terci‚rios. As vias respiratórias , onde o oxigƒnio do ar inspirado j‚ pode ser trocado pelo CO 2 do ar oriundo da circula„…o sistƒmica, s…o representadas pelos bronquˆolos respirat€rios e sacos alveolares (conjunto de alv•olos). Esses €rg…os podem ser divididos tamb•m em: trato respiratório superior e trato respiratório inferior  (traqu•ia e pulm†es). Este primeiro deve ser bem analisad o em certas patolo gias pulmona res, uma vez q ue alguma s desenvolvem sintomas nesse trato a•reo superior. Os pulmões s…o dois €rg…os localizados na cavidade tor‚cica que cont•m os br‹nquio s terminais e os bronquˆolos do sistema respirat€r io. Œ ele quem cont•m, a o nˆvel d e seu hilo (via de entrada e saˆd a pulmonar) , as art•rias pulmonares (que levam sangue rico em CO 2 do c ora„ …o) e a s ve ias pulmo nares (qu e trazem sang ue oxigenado de volta ao cora„…o). CAVIDADE NASAL  A cavidade nasal • delimitada anteriormente pelas narinas e posteriormente pela naso faringe, sendo div idia em duas part es por uma parede o steo cartilaginosa . Em seu in terio r ex istem dobras chamad as de conchas (cornetos) nasais , respons‚veis por aumentar a superfˆcie de contato entre o ar e a mucosa, auxiliando na umidifica„… o e aquecimento do ar . No teto das fossas nasais, existem c•lulas sensoriais que comp†em o nervo olfat€rio (I p ar de nervos crania nos), resp ons‚vel pela olfa„…o. Ela • revestida inter  namente pela mucosa nasal, cuja submucosa possui um grande nmero de vasos sanguˆneos. O calor do sangue nesses vasos aquece o ar e, assim, as demais vias respirat€ri as e os pulm†es recebem ar aquecido.  A mucosa • dotada de cˆl ios do epit•l io respirat€rio e c•lulas caliciform es que produzem uma substŽncia viscosa, levemente amarelada, denominada muco. Al•m de lubrificar a mucosa, junto com os pƒlos, retƒm microrganismos e partˆcula s de poeira do ar, funcionando como um filtro ; serve tamb•m para umedecer o ar. Logo, a mucosa nasal tem como finalidade:  Aq uec im ent o e u mi di fi caç ão do ar : com auxˆlio das conchas nasais, que apresentam vasos sanguˆneos cujo trajeto do sangue se faz em sentido contr‚rio ao fluxo de ar que entra na via a•rea. Limpeza e filtração do ar  : devido a reten„…o de partˆculas no muco, que s…o dirigidos para a faringe pelos cˆlios do epit•lio respirat€rio para serem expectorados ou deglutidos.

Med Resumos - Fisiologia Da Respiração

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  • Arlindo Ugulino Netto FISIOLOGIA MEDICINA P2 2008.1

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    FAMENE NETTO, Arlindo Ugulino.FISIOLOGIA II

    FISIOLOGIA RESPIRATRIA(Professora Mnica e Socorro Gadelha)

    O sistema respiratrio responsvel por fornecer oxignio (O2) aos tecidos para realizao de reaes importantes ao metabolismo do corpo, alm de remover e eliminar o dixido de carbono (CO2), produto deste metabolismo.

    As funes do sistema respiratrio podem se resumir a trs: ventilao (respirao); trocas gasosas entre os alvolos e os capilares (respirao externa) ou entre os capilares sistmicos e as clulas teciduais do corpo (respirao interna); e a utilizao do oxignio na respirao celular. Para o desempenho destas funes, a respirao pode ser dividida em quatro grandes eventos:

    Ventilao pulmonar, que se refere troca de ar entre a atmosfera e os alvolos pulmonares; Difuso do oxignio e do CO2 entre os alvolos e o sangue. Transporte de oxignio e de CO2 no sangue e nos lquidos corporais, para as clulas (oxignio) e a partir delas

    (dixido de carbono). Regulao da ventilao e de outros aspectos da respirao.

    O sistema respiratrio interage tambm com outras funes no-respiratrias, porm importantes para a homeostasia: vocalizao, deglutio, regulao trmica, vmito, mico e defecao e parto (manobra de Valsalva), sono e emoes.

    ANATOMIA DAS VIAS RESPIRATRIASAs vias de conduo do sistema respiratrio esto representadas pelo

    nariz (cavidade nasal), boca, faringe, laringe, traquia, brnquios principais, brnquios secundrios e tercirios. As vias respiratrias, onde o oxignio do ar inspirado j pode ser trocado pelo CO2 do ar oriundo da circulao sistmica, so representadas pelos bronquolos respiratrios e sacos alveolares (conjunto de alvolos).

    Esses rgos podem ser divididos tambm em: trato respiratrio superior e trato respiratrio inferior (traquia e pulmes). Este primeiro deve ser bem analisado em certas patologias pulmonares, uma vez que algumas desenvolvem sintomas nesse trato areo superior.

    Os pulmes so dois rgos localizados na cavidade torcica que contm os brnquios terminais e os bronquolos do sistema respiratrio. ele quem contm, aonvel de seu hilo (via de entrada e sada pulmonar), as artrias pulmonares (que levam sangue rico em CO2 do corao) e as veias pulmonares (que trazem sangueoxigenado de volta ao corao).

    CAVIDADE NASALA cavidade nasal delimitada anteriormente pelas narinas e posteriormente

    pela nasofaringe, sendo dividia em duas partes por uma parede osteocartilaginosa. Em seu interior existem dobras chamadas de conchas (cornetos) nasais, responsveis por aumentar a superfcie de contato entre o ar e a mucosa, auxiliando na umidificao e aquecimento do ar. No teto das fossas nasais, existem clulas sensoriais que compem o nervo olfatrio (I par de nervos cranianos), responsvel pela olfao.

    Ela revestida internamente pela mucosa nasal, cuja submucosa possui um grande nmero de vasos sanguneos. O calor do sangue nesses vasos aquece o ar e, assim, as demais vias respiratrias e os pulmes recebem ar aquecido.

    A mucosa dotada de clios do epitlio respiratrio e clulas caliciformes que produzem uma substncia viscosa, levemente amarelada, denominada muco. Alm de lubrificar a mucosa, junto com os plos, retm microrganismos e partculas de poeira do ar, funcionando como um filtro; serve tambm para umedecer o ar.

    Logo, a mucosa nasal tem como finalidade: Aquecimento e umidificao do ar: com auxlio das conchas nasais, que apresentam vasos sanguneos cujo

    trajeto do sangue se faz em sentido contrrio ao fluxo de ar que entra na via area. Limpeza e filtrao do ar: devido a reteno de partculas no muco, que so dirigidos para a faringe pelos clios

    do epitlio respiratrio para serem expectorados ou deglutidos.

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    FARINGEA faringe, rgo msculo-tubular comum aos sitemas respiratrio e digestrio, reponsvel por separar e

    conduzir o ar para traquia e o alimento para o esfago.

    OBS1: Quando o alimento toca o palato duro da faringe e chega ao tero posterior da cavidade oral, ocorre uma sequncia de eventos reflexos que promovem o fechamento das pregas vocais, o fechamento da epiglote sobre a glote e, consequentimente, a passagem do alimento para o esfago, evitando que este alcance as vias areas.OBS: A presena de restos de alimento na epiglote ou na laringofaringe podem desencadear tais reflexos e causar aocluso das vias respiratrias, bloqueando a respirao e promovendo risco eminente de morte.

    LARINGEA laringe um rgo complexo,

    envolvido com a fonao, formado por 9 cartilagens interconectadas por membranas,ligamentos e articulaes sinoviais. O esqueleto cartilaginoso da laringe formada por 3 cartilagens mpares (tireidea, cricidea e epigltica) e por 3 cartilagens pares (aritenidea,corniculada e cuneiforme). Todas elas revestidas de membrana mucosa que so movidas pelos msculos da laringe. As dobras da membrana mucosa do origem s pregas vocais; as de cima, falsas; as de baixo, verdadeiras.

    Em resumo, a laringe um rgo envolvido tanto com a respirao (impedindo a entrada de corpos estranhos nas vias respiratrias e permitindo a passagem de ar para a traquia) como na fonao (graas vibrao das pregas vocais durante a passagem de ar na laringe). Portanto, a funo das pregas vocais verdadeiras consiste na produo de sons quando elas esto praticamente fechadas, permitindo apenas a passagem de uma quantidade moderada de ar .

    TRAQUIA E BRONQUIOSSo tubos msculo-cartilaginosos responsveis

    por manter as vias areas sempre abertas, graas presena dos anis cargilaginosos e de msculo liso.Esta estrutura muscular responsvel pela broncodilatao ou broncoconstrico, que depende dos impulsos simpticos e parassimpticos, respectivamente.Contudo, no h ocluso total neste nvel do trato respiratrio devido presena dos anis de hialina.

    Estes rgos tem a funo de conduzir ar para a zona respiratria.

    A parede bronqueal recoberta de clios, que se projetam do topo de suas clulas epiteliais. Tm funo de eliminar partculas juntamente como o muco, produzindo-o para manter a integridade da parede muscosa de toda rvore respiratria.

    OBS3: O cigarro distri os clios, gerando metaplasia do epitlio respiratrio, ou seja, mudana do epitlio pseudo-estratificado ciliado para pavimentoso estratificado com proliferao clulas caliciformes.

    OBS4: Os brnquios e a traquia so to sensveis ao toque que at mesmo quantidades muito pequenas de matria estranha, ou outra causa de irritao, desencadeia o reflexo da tosse. Os impulsos nervosos estimulados por esta irritao passam das vias areas at ncleos localizados no bulbo enceflico (ncleo do trato solitrio), principalmente via fibras aferentes viscerais do nervo vago. No bulbo, uma sequncia de envetos deflagrada por circuitos neuronais

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    do centro respiratrio, que ativam os nervos frnicos, os nervos intercostais e os nervos da laringe. Estes nervos fazem com que uma grande quantidade de ar (devido ao aumento da presso exercida pelo diafragma e pelos msculosintercostais) seja direcionada de encontro glote e epiglote, que se encontram fechadas (graas inervao da laringe que, em parte, se faz pelo nervo vago). Este fenmeno faz com que a glote seja forada a abrir de forma sbita e grosseira, como uma exploso, promovendo o som caracterstico da tosse e uma fora pressrica que geralmente capaz de expulsar os elementos estranhos que desencadearam o processo. O espirro tem o mesmo mecanismo, a no ser pelo estmulo ocorrer na cavidade nasal e ser caracterizado pelo abaixamento do palato mole e vula, para que o ar se direcione pelo nariz, limpando-o.

    BRONQUOLOSA medida que vo se aproximando da poro respiratria, os bronquios vo diminuindo a sua luz e a cartilagem

    hialina vai sendo substituda por fibras de colgeno e apenas a musculatura lisa vai predominando. em nvel dos bronquolos que a broncoconstrico mais evidente.

    O calibre dos boronquolos, no geral, controlada pela demanda de O2 necessria ao organismo: em casos de exerccios, h uma broncodilatao para chegar mais ar nas zonas respiratrias, enquanto que, nas situaes de repouso, os bronquios passam por broncoconstrico, para evitar gasto desnecessrio de energia (devido a contrao muscular).

    Em crises asmticas, por se tratar de um processo inflamatrio, h liberao de histamina que causa uma broncoconstrio (broncoespasmo) ao contrair o msculo liso que recobre os bronquilos, gerando grande resistncia expirao e, consequentemente, dificuldade respiratria.

    Portanto, a luz dos bronquolos mantida graas contrao do msculo liso brnquico que, por sua vez, mediado pela ao de alguns neurotransmissores e citocinas:

    Por estimulao simptica, a adrenal secreta noraepinefrina e epinefrina. Ambos os hormnios, particularmente a apinefrina, em virtude de sua maior estimulao por receptores beta, causam dilataes nas paredes dos bronquolos.

    A acetilcolina, liberada por efeito parassimptico vagal, causa broncoconstrico. A histamina um fator secretado pelos mastcitos do parenquima do prprio pulmo, causando

    broncoconstrico, geralmente por respostas alrgicas.

    A asma uma doena inflamatria crnica caracterizada pela obstruo crnica ao fluxo de ar nas vias respiratrias (e no na parte mecnica da respirao, diferentemente da miastenia, como veremos mais adiante). Sua fisiopatologiaest relacionada ao edema da mucosa brnquica, a hiperproduo de muco nas vias areas e a contrao da musculatura lisa das vias areas, com consequente diminuio de seu dimetro (broncoespasmo) e edema dos brnquios e bronquolos. Isto resulta em vrios sintomas, como: dispnia, tosse e sibilos (sons agudos resultantes da resistncia passagem do fluxo areo), principalmente noite. O estreitamento das vias areas geralmente reversvel, porm, em pacientes com asma crnica, a inflamao pode determinar obstruo irreversvel ao fluxo areo. As caractersticas patolgicas incluem a presena de clulas inflamatrias nas vias areas, exsudao de plasma, edema, hipertrofia muscular, rolhas de muco e descamao do epitlio. O diagnstico principalmente clnico e o tratamento consta de medidas educativas e drogas que melhorem o fluxo areo na crise asmtica e antiinflamatrios, principalmente a base de corticide.

    OBS5: Asma, informa o texto acima, pode ser causada por contrao da musculatura lisa dos bronquolos, geralmente, devido a uma reao alrgica. Esta reao mediada, principalmente, pela histamina, que liberada pelos mastcitos, ativados por alrgenos da mucosa do trato respiratrio inferior. Isso leva, em segundos, constrio brnquica e aumento de secreo de muco e lquidos, tornando a respirao mais dificultosa pelo aprisionamento de ar nos pulmes.Logo, ela uma doena alrgica causada por uma resposta imunolgica retro-alimentada, ou seja: a resposta alrgica inicia o seu processo e no para, acarretando a liberao de citocinas e histamina, responsveis por causar broncoconstrio (reduo do calibre dos brnquios, dificultando a sada e entrada de ar) e vasodilatao (aumentando assim, a permeabilidade dos vasos devido ao aumento de suas fenestraes espaos entre as clulas endoteliais gerando edema, que piora os sintomas da asma). Esses efeitos associados dificultam a sada do ar rico em CO2 dos pulmes, o que diminui, consequentemente, a entrada adequada de ar oxigenado, causando cianose.

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    OBS6: Duas classes de medicamentos tm sido utilizadas para tratar a asma: os broncodilatadores (para aumentar a luz dos bronquolos) e os antiinflamatrios hormonais (os corticides, que inibem a ao imunolgica das histaminas). As bombinhas (aparelho usado para perfurar capsulas medicamentosas inalantes) de asmticos, geralmente combinam esses dois tipos de medicamentos, adiministrando-os de forma inalatria, para que o medicamento aja diretamente no ponto desejado os bronquolos.

    Broncodilatadores: so medicamentos, como o prprio nome diz, que dilatam os brnquios (vias areas) quando o asmtico est com falta de ar, chiado no peito ou crise de tosse. Existem broncodilatadores chamados beta2-agonistas - uns apresentam efeito curto e outros efeito prolongado (que dura at 12h). Alm dos beta2-agonistas, outros broncodilatadores, como teofilinas e anticolinrgicos, podem ser usados.

    Antiinflamatrios (corticides): os corticides inalatrios so, atualmente, a melhor conduta para combater a inflamao, sendo utilizados em quase todos os asmticos. S no so usados pelos pacientes com asma leve intermitente (que tm sintomas espordicos). Os corticides apresentam, como um de seus mecanismos de ao, a capacidade imunossupressora, o que diminui a resposta imunolgica da asma. Tais medicamentos so utilizados com o intuito de prevenir as exacerbaes da doena ou, pelo menos, minimiz-las e aumentar o tempo livre da doena entre uma crise e outra. Os corticides devem ser utilizados de maneira contnua (todos os dias), j que combatem a inflamao crnica da mucosa brnquica, que o substrato para os acontecimentos subsequentes. Deve-se fazer uso, principalmente, de anti-histamnicos.

    OBS7: As prostaglandinas tm efeito broncoconstrictor, e devem ser bloqueadas por corticides em crises asmticas.

    ALVOLOSOs alvolos pulmonares so estruturas de pequenas dimenses, mas bastante numerosas, localizadas no final

    dos bronquolos, onde se realiza a hematose pulmonar (trocas gasosas) atravs da difuso gasosa. O alvolo corresponde, portanto, estrutura morfofuncional do pulmo.

    So cavidades diminutas que se encontram formando os pulmes nas paredes dos vasos menores e dos sacos areos. Por fora dos alvolos h redes de capilares sanguneos. Suas paredes so muito tnues e esto compostas unicamente por uma capa de clulas delgadas e planas, pela qual as molculas de oxignio e de dixido de carbono passam com facilidade.

    A hematose pulmonar, ou troca gasosa, ocorre durante a respirao orgnica do ser vivo e o processo onde o oxignio conduzido at os alvolos no pulmo, passam para a corrente sangunea para ser conduzido pelas hemcias e futuramente entrar nas clulas e ocasionar a respirao celular na presena da glicose. Na hematose, tambm ocorre o processo de eliminao do dixido de carbono produzido pela combusto da queima de oxignio combinado com a glicose como resultado da respirao celular.Os alvolos so unidades microscpicas, que so circundados por vasos capilares. nesta estrutura onde ocorre a hematose. Estes alvolos se organizam na forma de sacos alveolares, realizando uma hematose mais efetiva.

    Os alvolos so revestidos por 2 tipos de clulas, pneumcitotipo I (macrfago) e pneumcito tipo II (a prpria clula de revestimento alveolar). O pneumcito tipo II responsvel pela produo de surfactante.

    H cerca de 10 a 30 alvolos por ducto ou saco alveolar, ou seja, 200 a 600 milhes de alvolos nos pulmes. Isto significa que, em separado, a superfcie respiratria conferida pelos alvolos capaz de cobrir meia quadra de tnis. Por esta razo, sintomas pulmonares como a dispnia geralmente refletem doenas mais avanadas e graves. Autores afirmam que a prpria dispnia s se manifesta quando 50% da capacidade pulmonar est comprometida e, por esta razo, o diagnstico de doenas pulmonares geralmente se d de forma tardia.

    Sndrome da Angstia Respiratria Recm-nascido. Devido ao fato do sistema respiratrio ser o aparelho mais tardiamente maturado, crianas prematuras esto propenas a falta de surfactante devido ao pouco desenvolvimento dos pneumcitos dos alvolos. Isso faz com que os alvolos se colabem, incapacitando as trocas gasosas nesse nvel.Sndrome da Angstia Respiratria no Adulto (SARA). A sndrome da angstia respiratria aguda (tambm denominada sndrome da angstia respiratria do adulto) um tipo de insuficincia pulmonar provocado por diversos distrbios que causam acmulo de lquido nos pulmes (edema pulmonar). Essa sndrome considerada uma emergncia mdica que pode ocorrer mesmo em pessoas que anteriormente apresentavam pulmes normais.

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    RVORE RESPIRATRIA (BRONQUICA) E ALVOLOSPosteriormente a entrada dos brnquios principais no

    hilo pulmonar, estes ramificam-se de forma constante dentro dos pulmes para formarem a rvore brnquica. So cerca de 20 divises das vias areas: da traquia at os bronquolos respiratrios: (ZONA DE CONDUO) Brnquios principais Brnquios lobares (3 no pulmo D e 2 no E) Brnquios segmentares Bronquolos terminais (ZONA RESPIRATRIA) Bronquolos respiratrios Ductos alveolares 5 ou 6 sacos alveolares Alvolo: unidade estrutural bsica da respirao.

    Os brnquios so estruturas tubulares, com dimetros variados e que apresentam cartilagem na parede; os bronquolos so vias areas desprovidas de cartilagem, apresentam alm da poro condutora, alvolos na sua parede. O epitlio pseudo-estratificado cilndrico ciliado na traquia e brnquios, torna-se cuboidal nos bronquolos e pavimentoso nos alvolos.

    OBS8: Em resumo, no que diz respeito diviso da rvore respiratria, temos: Zona de conduo:

    Traquia Bronquio primrio rvore bronquial Bronquios terminais (60000). Zona respiratria:

    Bronquolo respiratrio (500000) Sacos alveolares (8 milhes) Alvolos.

    PLEURA PULMONARA pleura uma fina capa membranosa formada por dois folhetos:

    Pleura parietal que recobre internamente a parede costal da cavidade torcica. Pleura visceral que recobre os pulmes, o mediastino (pleura mediastinal) e o diafragma (pleura diafragmtica).

    Nas situaes normais, a cavidade pleural ou espao pleural, espao virtual entre os dois folhetos da pleura, ocupado por uma pequena quantidade de lquido para a lubrificao das pleuras denominado de lquido pleural. A funo desse lquido seroso que segregado pela pleura a lubrificao e facilitao dos movimentos dos pulmes durante a mecnica da ventilao pulmonar, bem como na manuteno do vcuo interpleural, que consiste em um presso negativa existente entre os dois folhetos. Esta presso negativa se faz importante para a expanso pulmonar: quando a caixa torcica se expande, a pleura parietal se afasta da visceral, o que diminui ainda mais a presso e, por propriedades fsicas, a pleura visceral repuxada, o que faz com que o pulmo se expanda junto aos movimentos de expanso da caixa torcica, mesmo sem que haja nenhum ligamento anatmico entre as duas pleuras.

    A pleura , portanto, uma membrana envoltria intra-torcica, que no seu interior tem um espao laminar (espao pleural/ interpleural/ intrapleural), tambm denominado de cavidade pleural.

    Esse espao poder ser ocupado em situaes patolgicas com a formao de colees de gases ou ar (pneumotrax) ou lquido (derrame pleural, empiema pleural, hemotrax, quilotrax). As doenas que acometem as pleuras podem provocar seqelas com aderncias pleurais e espessamento pleural (pleuris) com encarceramento pulmonar, como por exemplo, o que ocorre no empiema pleural e na tuberculose pleural. Em quadros como esse, devido ao fim do vcuo interpleural, o pulmo incapaz de expandir junto a parede torcica.

    Apesar de essas colees sempre constiturem uma condio anormal que dificultam a ventilao pulmonar, a conduta no tratamento poder ser conservadora nos pequenos pneumotrax espontneos, nos pacientes sem respirao mecnica e nas pequenas colees lquidas no spticas e cujo diagnstico seja conhecido. Nas demais situaes, impe-se o tratamento cirrgico com toracocentese (puno pleural) ou drenagem pleural. A toracocentese e a drenagem pleural so, portanto procedimentos cirrgicos com finalidade diagnstica e teraputica nas doenas da cavidade pleural.

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    MSCULOS DA RESPIRAOO pulmo funciona como um compartimento de trocas gasosas, onde h entrada e sada contnua de ar. Porm,

    ele no tem a capacidade de receber ar por si s. A entrada (inspirao) de ar no pulmo est relacionada expanso da caixa torcica pelo auxlio de msculos respiratrios, bem como a sada (expirao) est ligada com a diminuio dessa caixa.

    Msculos inspiratrios: ao se contrarem, produzem aumento do volume da caixa torcica.a) Diafragma: traciona a superfcie inferior dos pulmes para baixo, aumentando o volume da caixa torcica no

    sentido vertical (crnio-caudal).b) Intercostais externos e msculos do pescoo (Esternocleidomastideo e escalenos): tracionam as

    costelas e o osso esterno para cima e para diante, aumentando o volume da caixa torcica no sentido horizontal (ntero-posterior). Esses so mais cobrados na respirao forada.

    Msculos expiratrios: ao se contrarem, produzem diminuio do volume da caixa torcica.a) Msculos abdominais (Transverso, oblquo externo e oblquo interno): elevam a superfcie inferior dos

    pulmes, diminuindo o volume da caixa torcica no sentido vertical (crnio-caudal).b) Msculos intercostais internos: tracionam as costelas e o esterno para baixo, diminuindo o volume da caixa

    torcica no sentido horizontal (ntero-posterior).

    Ao expandir o trax por meio da ao dos msculos inspiratrios, o pulmo acompanha essa expanso devido ao vcuo interpleural (que aumenta devido ao aumento do volume torcico) e repuxa a pleura visceral. Essa expanso do pulmo gera uma presso subatmosfrica, fazendo com que o ar flua do meio para dentro do pulmo. Ao reduzir de volume, o pulmo gera uma presso supratmosfrica, que faz com que o ar seja expulso de dentro dos alvolos.

    Miastenia grave: uma doena auto-imune caracterizada pela presena de anticorpos (protenas de defesa) do prprio organismo atacando os receptores de acetilcolina na juno neuromuscular (contato entre o nervo e o msculo), gerando prejuzos motores. A acetilcolina um neurotransmissor (substncia qumica que liberada pelos impulsos nervosos) importante na passagem do estmulo nervoso ao msculo e provocar as contraes musculares, responsveis pelo movimento. Entre muitos outros fatores, a miastenia grave pode causar falta de ar (quando envolve os msculos da respirao), sob condies extremas, como durante uma infeco respiratria, caracterizando uma "crise miastnica" na qual a pessoa pode precisar de ajuda respiratria (ventilao mecnica). Logo, em relao respirao, essa doena afeta apenas a parte mecnica da respirao, diferentemente da asma, que est relacionada com a hiper-reatividade da musculatura lisa.

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    PRESSES PULMONARESOs pulmes se expandem e esvaziam por causa da mudana de

    presso entre a atmosfera e os alvolos, sempre acompanhando os movimentos da caixa torcica.

    PRESSO ALVEOLAR (Palv) a presso no interior dos alvolos, sendo a responsvel por manter a

    expanso pulmonar contra a parede torcica, evitando assim seu colabamento. Quando a glote est aberta, tem-se: Patm = Palv, no havendo at ento fluxo de ar. Mas com a expanso da caixa torcica, a Palv torna-se menor que a Patm, devido ao aumento do volume do pulmo (Lei de Boyle-Mariote), ocasionando a entrada de ar nos pulmes.

    PRESSO INTRAPLEURAL (Pip) a presso no espao pleural, ou seja, entre as duas pleuras. Ela

    deve ser sempre negativa em relao Palv pela falta de ar nesse espao, o que mantido por drenagem linftica contnua. Ela causada devido a tenso superficial dos lquidos sobre os alvolos e pelas fibras elsticas retrteis do pulmo que causam uma tendncia natural do pulmo em colabar, diminuindo ainda mais essa presso entre as pleuras. Essa presso mais negativa ainda na inspirao, e nunca pode se tornar igual ou maior que a presso atmosfrica, o que seria impossvel a realizao da respirao.

    PRESSO TRANSPULMONAR (Ptp) a diferena de presso entre a presso alveolar e a presso intrapleural:

    Ptp = Palv PipPtp = 760 754 = 4mmHg

    Pneumotrax: uma emergncia mdica causada pela presena de ar na cavidade pleural, ocorrendo como resultado de uma doena ou leso da pleura. A formao do derrame gasoso, aps a rotura pleural, eleva a presso intrapleural e o pulmo tende ao colapso. Um pneumotrax de grandes propores ou um pneumotrax aberto tende a aumentar progressivamente a presso intrapleural ocasionando o colapso do pulmo, desvio do mediastino, compresso da veia cava, queda do dbito cardaco e hipotenso arterial. O pneumotrax espontneo hipertensivo se forma em decorrncia do mecanismo de vlvula unidirecional que s permite a passagem do ar do pulmo para a pleura, e que, portanto, necessita de tratamento de emergncia. Na realidade, o pneumotrax hipertensivo definido pela quantidade de ar na caixa torcica suficiente para colabar a veia cava superior e a veia cava inferior. Consequentemente, se estas duas veias colabam, o paciente morre por choque hipovolmico por ausncia de pr-carga. Por esta razo, o quadro clnico destes pacientes consiste em palidez cutneo-mucosa, hipotenso arterial, aumento da frequncia cardaca e turgncia jugular.

    MECNICA DA RESPIRAOOs pulmes, como j foi discutido, acompanha a expanso torcica e sua diminuio, formando assim,

    diferentes sistemas. Esses sistemas obedecem algumas leis para que a mecnica da respirao seja possvel.

    LEI DE BOYLEA Lei de Boyle-Mariotte (enunciada por Robert Boyle e Edme Mariotte) diz que: Sob temperatura constante

    (condies isotermas), o produto da presso e do volume de uma massa gasosa constante, sendo, portanto, inversamente proporcionais. Qualquer aumento de presso produz uma diminuio de volume e qualquer aumento de volume produz uma diminuio de presso.

    Isso significa que, com o aumento do volume pulmonar, diminui a presso alveolar em relao pesso atmosfrica, promovendo a entrada de ar para os pulmes. Com a diminuio do volume pulmonar, aumenta-se a presso alveolar em relao a presso atmosfrica, promovendo a sada de ar dos pulmes.

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    LEI DE HOOKEAfirma que os corpos perfeitamente elsticos exibem uma relao linear entre a fora aplicada e a deformao

    obtida at ser alcanado o mdulo de elasticidade.Tanto os pulmes como a caixa torcica so elasticas e armazenam energia quando se destendem. Grande

    parte do chamado comportamento elastico pulmonar se deve a tenso superficial da interface lquido/gs e caractersticas do parnquima pulmonar.

    Tenso superficial: a tendncia da lmina lquida que recobre os alvolos internamente de contrair devido a tenso superficial de alguns lquidos (efeito que ocorre na camada superficial de um lquido que leva a sua superfcie a se comportar como uma membrana elstica, em que as molculas situadas no interior de um lquido so atradas em todas as direes pelas molculas vizinhas e, por isso, a resultante das foras que atuam sobre cada molcula praticamente nula). Com a entrada de ar nos alvolos, essa tenso superficial existente fora a sada do mesmo devido a essa tendncia natural de colabamento dos alvolos. Os alvolos no colabam graas existncia de surfactante pulmonar, agente tensoativo na gua produzido pelos pneumcitos tipo II dos alvolos, que reduz acentuadamente a tenso superficial da gua que encobre os alvolos. O surfactante uma mistura complexa de vrios fosfolipdios (dipalmitoil fosfatidilcolina), protenas (apoprotenas surfactantes) e ons (calcio), que no se dissolvem uniformemente em gua, espalhando-se sobre a superfcie da mesma, uma vez que alguns de seus componentes apresentam reas hidroflicas (que reagiro com a gua) e outras reas hirdofbicas (no se dissolve, orientando e organizando de outra forma as partculas de gua).

    Parenquima pulmonar: presena de fibras de elastina e colgeno entrelaadas.

    LEI DE LAPLACE E FENMENO DA INTERDEPENDNCIALaplace afirmava que, em um sistema fechado de bolhas comunicantes (como os

    alveolos), as menores tendem a esvaziar-se nas bolhas maiores. Isso importante pois, quanto menor o tamanho dos alvolos, maior a sua tenso superficial, a mais facilmente se colaba.

    O fenmeno da interdependncia, mais um fator que estabiliza os alvolos pulmonares evitando que eles colapsem, afirma que os alvolos mais distendidos tracionam os alvolos colapsados, abrindo-os outra vez.

    OBS9: Complacncia pulmonar: na fisiologia, complacncia uma medida da tendncia de um rgo oco a resistir ao recuo s suas dimenses originais com a remoo de uma fora compressiva ou distensiva. Em outras palavras, complacncia pulmonar a capacidade de extenso desse rgo quando ele expandido por um aumento na presso transpulmonar. A complacncia dos pulmes em um adulto normal de 200ml de ar/cmH2O, isto , a cada 1cmH2O, o volume do pulmonar, aps cerca de 10 a 20 segundos, expande em 200ml. A complacncia dos pulmes uma medida importante na fisiologia respiratria. Fibrose est associada com uma diminuio da complacncia pulmonar, enquanto enfisema/DPOC esto associados com um aumento da complacncia pulmonar. O surfactante pulmonar aumenta a complacncia. A complacncia maxima em volumes pulmonares moderados, e muito baixa em volumes que so muito baixos ou muito altos.

    MOVIMENTOS RESPIRATRIOSBasicamente, a inspirao consiste na entrada do ar (com alta concentrao de O2 e baixa de CO2) para os

    pulmes. J a expirao consiste na sada do ar (alta concentrao de CO2 e baixa de O2) dos pulmes.

    INSPIRAO EXPIRAO

    NORMAL

    Contrai o diafragma; Msculos intercostais externos aumentam

    o volume do trax e do pulmo. Presso intrapulmonar reduz em cerca de

    3 mmHg.

    Relaxa o diafragma Relaxam musculos intercostais internos e a

    elasticidade dos pulmes reduzem o volume do trax e do pulmo.

    Presso intrapulmonar aumenta em cerca de 3mmHg.

    FORADA Inspirao auxiliada pela contrao dos

    musculos acessrios (escalneos e ECM), reduzindo a presso pulmonar em 20mmHg ou menos.

    Expirao auxiliada pela contrao dos musculos abdominais e intercostais intenos, que aumentam a presso intrapulmonar em 30mmHg ou mais.

    Complacncia = VP

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    INSPIRAODurante a inspirao, com a expanso da caixa torcica, a presso alveolar diminui em cerca de 3mmHg em

    relao a atmofrica (760mmHg). A presso intrapleural torna-se mais negativa (-8mmHg).

    EXPIRAODurante a expirao, com compesso da caixa torcica, a presso alveolar aumenta em cerca de +3mmHg em

    relao a presso atmosfrica. A pesso intrapleural torna-se menos negativa (-2mmHg).

    VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARESOs volumes e as capacidades pulmonares so medidos por meio da

    espirometria. A espirometria (do latim espiro = respirar; metrum = medida) consiste em medir a entrada e a sada de ar nos pulmes, ou seja, afere as capacidades e volumes pulmonares. O espirometro (figura ao lado) um equipamento composto por uma escala indicadora de volume, uma campnula flutuante, um tranque com gua e um bocal.

    Na espirometria, podem ser medidos quatro volumes (volumes corrente, de reserva inspiratrio, de reserva expiratrio, residual) e quatro capacidades (capacidades inspiratria, funcional, vital e capacidade pulmonar total).

    Volumes pulmonares.Os volumes so as medidas individuais da quantidade de ar que o indivduo capaz de inspirar ou de expirar de

    acordo com a espirometria. Volume Corrente (VC= 500ml): corresponde ao volume de ar inspirado e expirado em cada ciclo respiratrio em condies

    basais (o ciclo respiratrio ocorre em repouso). O volume corrente pode ser designado ainda como VT (tidal volume). Volume de Reserva Inspiratria (VRI=3000ml): o volume de ar extra que ainda se consegue inspirar depois de j ter

    inspirado o volume corrente, no incluindo-o ento. Volume de Reserva Expiratria (VRE=1100ml): volume de ar que, por meio de uma expirao forada, ainda pode ser

    exalado ao final da expirao do volume corrente normal. Volume Residual (VR=1200ml): volume do ar que permanece nos pulmes mesmo ao final da mais vigorosa das expiraes

    (mesmo assim, constantemente renovado). No pode ser demonstrado no grfico da espirometria, uma vez que o espirograma s demonstra volumes inspirados ou expirados. Caso fosse registrado, estaria abaixo da reserva expiratria. Ele calculado por meio do mtodo da diluio do He. Esse volume residual sempre renovado por difuso. Ele est em equilbrio com o sangue, pois ele nunca sai do alvolo para os vasos.

    Capacidades pulmonares.As capacidades, por definio, so as somas de dois ou mais volumes pulmonares.

    Capacidade Inspiratria (CI=VC+VRI = 3500ml): a quantidade de ar que um indivduo pode inspirar, partindo do nvel expiratrio basal e enchendo ao mximo os pulmes.

    Capacidade Residual Funcional (CRF=VRE+VR=2300mL): consiste em uma quantidade de ar que, em condies normais, permanece nos pulmes ao final da expirao normal. No pode ser calculada por espirometria.

    Capacidade Vital (CV=VRI+VC+VRE=4600ml): a amplitude total de uma inspirao mxima e uma expirao mxima, passando pelo volume corrente (incluindo-o). Consiste, portanto, na maior quantidade de ar que uma pessoa pode expelir dos pulmes aps t-los enchido ao mximo e, em seguida, expirado completamente.

    Capacidade Pulmonar Total (CPT=VC+VRI+VRE+VR=5800ml ou CPT=CV + VR): representa o somatrio de todos os volumes pulmonares, ou seja, todo o volume de ar existente no pulmo. No pode ser medida na expirometria por ter volume residual como um de seus componentes.

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    VOLUME RESPIRATRIO MINUTO (VRM)O Volume Respiratrio Minuto (VRM) corresponde quantidade total de ar que se movimenta pelas vias

    respiratrias a cada minuto.VRM= Volume Corrente (VC) x Freqncia Respiratria (FR)VRM= 500ml x 12 ciclos.min-1 = 6000ml.min-1 ou 6 litros.min-1

    VOLUME ESPAO MORTO (VEM = 150ml)6 litros de sangue percorrem as vias areas por minuto. Porm, nem todo ar inspirado participa das trocas

    gasosas (aproximadamente 150mL). Este volume corresponde ao volume do espao morto, que ocupa apenas a zona que no participa da difuso area, isto , a zona de conduo.

    Em outras palavras, o volume de ar que entra nos pulmes, porm no atinge os alvolos. Consiste no ar que se encontra no nariz, laringe, faringe, traquia e brnquios terminais e que ser expirado sem nunca ter entrando nos alvolos. Compreende cerca de 150 ml de ar, ainda oxigenado, o que mostra a importncia das insuflaes (respiraes boca a boca) como forma de fornecer ar oxigenado para o socorrido.

    VENTILAO ALVEOLAR o volume total de ar que chega aos alvolos a cada minuto. o produto da freqncia respiratria pelo volume

    de ar que entra nos alvolos.VA = FR x (VCVEM), em que VEMcorresponde ao Volume do Espao Morto (150ml).

    VA = 12 ciclos.min-1 x (500ml-150ml)VA = 12 ciclos.min-1 x 350ml

    VA = 4200ml.min-1 ou 4,2 L.min-1

    PRINCPIOS FSICOS DAS TROCAS GASOSASOs pulmes do ser humano so os principais rgos do sistema respiratrio. So responsveis pelas trocas

    gasosas entre o ambiente e os sangue. So dois rgos de forma piramidal, de consistncia esponjosa medindo mais ou menos 25 cm de comprimento.

    Os alvolos so estruturas saculares (semelhantes a sacos) que se formam no final de cada bronquolo e tm em sua volta dos chamados capilares pulmonares. Nos alvolos ocorrem as trocas gasosas ou hematose pulmonar, em que h a entrada de oxignio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e sada do gs carbnico ou dixido de carbono (que vem da clula como carboemoglobina) com dois capilares para o alvolo.

    CIRCULAO PULMONARA circulao pulmonar tem incio com o sangue rico em CO2 proveniente do ventrculo direito, que passa para o

    pulmo por meio do tronco pulmonar e artrias pulmonares. Essa circulao tem a funo de transportar o sangue venoso rico em CO2 at os capilares pulmonares, onde o CO2 expelido para dentro do alvolos para ser eliminado na expirao e o O2 absorvido para dentro dos capilares para seguir na circulao sistmica.

    A distribuio do fluxo depende da inter-relao das artrias e veias pulmonares e as presses alveolares. Os pulmes normais apresentam um gradiente de perfuso entre os pices e bases dependendo dos efeitos da gravidade.

    Na posio ortosttica, a presso hidrosttica na base de cerca de 25 a 30 cmH2O, enquanto que no pice praticamente zero. Existe, ento, um gradiente de concentrao entre a base e o pice. Assim, so definidas trs zonas de perfuso nos pulmes:

    Zona 1: Nos teros superiores, a maior presso do alvolo determina um colapso das veias e artrias, oferecendo portanto, uma maior resistncia ao fluxo sanguneo. Logo, nessa zona, a presso alveolar excede a presso arterial e o fluxo de sangue muito reduzido nessa rea. Isso acontece devido o fato do ar ser menos denso que o sangue, concentrando-se ento, no pice dos pulmes, fazendo dessa regio a zona mais hiperventilada do rgo.

    Zona 2: No tero mdio do pulmo, a presso do alvolo superada pelo pico de presso da arterola durante a sstole ventricular. Assim, nesta regio, a perfuso se faz principalmente durante a sstole, parte do ciclo cardaco. Logo, nessa regio, a presso arterial excede a presso alveolar, e o fluxo sanguneo aumenta em direo a base.

    Zona 3: Nos teros inferiores, a presso alveolar superada pelas presses das veias e arterolas, que permanecem dilatados, havendo maior perfuso dessa regio durante todo o ciclo cardaco (a base recebe 4x mais sangue que o pice). Logo, nessa regio, a presso arterial e venosa excedem a presso alveolar e aumentam em direo a base. A resistncia ao fluxo sanguneo mnima, fazendo com que os capilares permaneam distendidos. Isso ocorre devido a ao da gravidade, que pelo sangue ser mais denso que o ar, concentra-se mais facilmente na regio da base. Isso faz com que essa regio seja a mais hiperfundida do pulmo.

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    OBS10: Por esta razo, doenas pulmonares de disseminao hematognica, como trombose, infarto ou pneumonias, acometem, principalmente, as reas mais perfundidas do pulmo, como a base. Doenas que esto ligadas a regies mais ventiladas, como atelectasia ou tuberculose, acometem mais os pices pulmonares.

    Tuberculose: doena infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis. A tuberculose se dissemina atravs de gotculas no ar que so expelidas quando pessoas com tuberculose infecciosa tossem, espirram, falam ou cantam. A infeco pelo M. tuberculosis se inicia quando o bacilo atinge os alvolos pulmonares e pode se espalhar para os ndulos linfticos e da, atravs da corrente sangunea para tecidos mais distantes onde a doena pode se desenvolver: a parte superior dos pulmes, os rins, o crebro e os ossos. A resposta imunolgica do organismo se d por meio de macrfagos que matam a maioria dos bacilos, levando formao de tecido fibroso cicatricial ("tubrculos"), formando ndulos de tuberculose, que so pequenas leses que consistem em tecidos mortos de cor acinzentada contendo a bactria da tuberculose. O problema que geralmente, essa resposta imunolgica falha e os bacilos se espalham por todo o pulmo, acarretando na formao de muitos tubrculos, diminuindo a capacidade de trocas gasosas.Pneumonia so infeces que se instalam nos pulmes que podem acometer a regio dos alvolos pulmonaresonde desembocam as ramificaes terminais dos brnquios e, s vezes, os interstcios (espao entre um alvoloe outro). Basicamente, pneumonias so provocadas pela penetrao de um agente infeccioso ou irritante (bactrias, vrus, fungos e por reaes alrgicas) no espao alveolar, onde ocorre a troca gasosa. O tipo mais comum a pneumonia bacteriana, causada pelos Pneumococcus. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substncias que possam impedir o contacto do ar com o sangue. Porm, na pneumonia, os alvolosesto repletos de hemcias, leuccitos e lquidos, devido inflamao infecciosa e fragilidade da membrna do alvolo. Isso causa uma reduo da superfcie respiratria e diminui a ventilao dessas reas, causando hipxia (O2) e hipercapnia (CO2). Diferentes do vrus da gripe, que altamente infectante, os agentes infecciosos da pneumonia no costumam ser transmitidos facilmente.

    OBS11: Note que a tuberculose acomete mais o pice do pulmo por ser uma regio hiperventilada, pois o bacilo adquirido pelo ar. J a pneumonia acomete mais a base por ser uma regio hiperfundida, pois a maioria das pneumonias so de origem hematognica (bactria vem pelo sangue).

    REGULAO DO FLUXO SANGUNEO PULMONAR PELA VENTILAO PULMONARO controle do fluxo sanguneo pulmonar funo da ventilao pulmonar. reas pouco ventiladas (hipxia)

    causa vasocontrico com diminuio do fluxo sanguneo local, e redistribuioi do sangue para reas mais ventiladas.A maior parte do sangue da circulao pulmonar, flui atravs de reas bem ventiladas.

    PERFUSO SANGUNEA REGULADA PELA MUDANA DA VENTILAO PULMONARUm queda da ventilao pulmonar causa reduo do PO2 no sangue, gerando uma vasoconstrico dos vasos

    pulmonares, decaindo o fluxo sanguneo (diferentmente da vasodilatao que ocorre nos capilares sistmicos). Quando h aumento da ventilao pulmonar, haver uma maior PO2 sangunea, gerando vasodilatao de vasos pulmonares, aumentando, assim, o fluxo sanguneo para essa regio.

    VENTILAO SANGUNEA REGULADA PELA MUDANA DA CIRCULAO PULMONARQuando o fluxo sanguneo aumenta, aumenta-se a hematose e o PCO2 nos alvolos, dilatando os bronquolos

    para aumentar o fluxo de ar entrando no pulmo. Quando o fluxo sanguneo diminui, h uma reduo na PCO2 dos alvolos, causando constrico dos bronquolos, diminuindo o fluxo de ar.

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    TROCA DE LQUIDOS NOS CAPILARES PULMONARESA dinmica das trocas de lquidos atravs das membranas dos capilares pulmonares qualitativamente a

    mesma que ocorre nos tecidos perifricos. Entretanto, do ponto de vista quantitativo, existem diferenas importantes, que incluem as seguintes:

    A presso capilar pulmonar baixa, de cerca de 7mmHg, em comparao com a presso do capilar funcional dos tecidos perifricos, que atinge cerca de 17mmHg.

    A presso coloidosmtica do lquido intersticial ligeiramente mais negativa do que no tecido subcutneo perifrico, sendo cerca de -14mmHg.

    Os capilares pulmonares so relativamente permeveis s protenas, de modo que a presso coloidosmtica do liquido intesticial pulmonar de cerca de 14 mmHg.

    As paredes alveolares to finas que qualquer presso positiva nos espaos intesticiais maior do que a pesso alveolar (superio a 0 mmHg), permite a passagem de lquidos dos espaos intesticiais para o interior dos alvolos. O lquido intersticial exerce presso coloidosmtica negativa de -8 mmHg.

    Logo, tem-se: PRESSO DE FILTRAO = FORA DE EXPULSO (29) FORA DE ABSORO (28) = +1

    OBS12: A presso intesticial negativa dos pulmes servem como mecanismo para manter os alvolos secos. Isso serve como explicao para intender o porque que os alvolos no se enchem de lquidos, uma vez que sua membrana muito frgil. Isso no acontece porque os capilares pulmonares e o sistema linftico pulmonar normalmente mantm uma ligeira presso negativa nos espaos intersticiais, o que mostra que qualquer excesso de lquido dentro do alvolo ser simplesmente sugado para o interstcio. Uma pequena quantidade de lquidos exsuda do epitlio sobre a superfcie de revestimento dos alvolos para mant-los midos.

    Edema pulmonar: qualquer fator capaz de elevar a pesso dos lquidos intersticiais, far com que haja extravasamento deles para dentro dos alvolos, dificultanto o processo da hematose. As causas mais comuns so insuficincia cardaca esquerda (causa grande aumento da presso venosa pulmonar e inundao dos espaos intesticiais), insuficincia heptica (por diminuio da albumina srica) e leses da membrana dos capilares pulmonares (causada por infeces como a pneumonia ou por inalao de substncias nocivas, como gs cloro e dixido de enxofre). Para diminuir e tratar edemas pulmonares, aumeta-se a pesso dos gases respiratrios e administra-se albumina, fazendo com que o lquido intesticial volte para os capilares por pesso area e osmtica.

    REGULAO NEUROLGICA DA RESPIRAOA molcula de O2 se liga fracamente com a poro heme da

    hemoglobina, que transporta 97% do O2. Quando a PO2 nos capilares alveolares est elevada o O2 se liga a hemoglobina, e quando a PO2 cai nos tecidos, o O2 se dissocia da hemoglobina.

    O centro respiratrio composto por neurnios localizados no bulbo e na ponte e ajuda no ajuste da respirao. Existem grupos de neurnios dorsais do bulbo responsveis pela inspirao e neurnios ventrais responsveis pela expirao.

    O O2 no exerce efeito direto sobre o centro respiratrio, porm atua antes sobre os quimioreceptores perifricos (carotdeos e articos) os quais transmitem sinais nervosos ao centro respiratrio via nervos vago e glossofarngeo. O excesso de dixido (ou de ons de hidrognio) exerce ao direta sobre o prprio centro respiratrio, estimulando os movimentos de inspirao e expirao.

    Uma vez alteradas, as concentraes dos gases estimulam o centro respiratrio, o qual promove o aumento ou a diminuio da ventilao, regulando o equilbrio entre os gases respiratrios.