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Revista Eletrônica da Pós-Graduação da Cásper Líbero ISSN 2176-6231 Volume 7, nº 3, Ano 2015 Av. Paulista, 900 – 5º andar CEP 01310-940 – São Paulo - SP Fax: (011) 3170-5891 Tel.: (011) 3170-5880/3170-5881/3170-5883 http://casperlibero.edu.br E-mail: [email protected] Artigo Mediação e propriocepção Rodrigo Morais 1 Roberto Chiachiri 2 Flávia Mantovani 3 Resumo O auto reconhecimento permite um processo contínuo em que um ser se propõe humano nas relações sígnicas que criam os diferentes indivíduos possíveis à existência desse ser. Inicialmente, esse processo pode ser entendido a partir das teorias de Gombrich e Francastel como estudo da representação pictórica. Sendo assim, é cabível entender as considerações sobre a contextualização da imagem na realidade do ser humano, não apenas como um processo de representação, mas como a possibilidade de um atributo psicológico diante de um contexto pictórico. Portanto, abrindo-se o campo do entendimento do reconhecimento humano, evidencia-se que esta autodeterminação temporal e espacial inerente à construção de realidade de cada indivíduo está diretamente ligada à mediação da imagem, não somente nos termos da visualidade, mas entendendo-se a contemplação imagética a partir da sinestesia, a partir de todas as possibilidades sensoriais concernentes ao ser humano. Um termo em grande eminência e prospecção na atualidade é a “propriocepção”, que trata dos impulsos neurológicos, psiquiátricos e psicológicos que levam uma pessoa ao reconhecimento espacial do próprio corpo. De fato, a propriocepção passa a ser estudada a partir dos receptores sensoriais do sistema nervoso, tendo em vista que um receptor não possui a capacidade de identificar sozinho todos os estímulos diferentes que o corpo recebe a cada segundo. Dessa forma, o início desse estudo se dá estritamente a partir da inteligência corporal-cinestésica, o que atualmente já possui um direcionamento diferenciado: aliam-se a esse conhecimento os valores da psicologia da representação pictórica baseada na realidade figurativa. Em outras palavras, o presente artigo busca explorar como os atuais estudos sobre a propriocepção tomam base na aliança da junção sensorial concernente ao corpo humano (sinestesia) e a representação imagética possível ao reconhecimento de padrões no cérebro humano. Pode-se aliar os estudos da propriocepção produzidos por Oliver Sacks com a teoria semiótica peirceana (explorada por autores como Lucia Santaella, Winfried Nöth e Roberto Chiachiri) para construir um entendimento sobre a realidade figurativa imagética através da mediação de signos de auto reconhecimento. Pois, a partir desses conceitos, pode-se elucidar que a conotação antropossociomórfica se apresenta na expressão, na atuação e/ou no desenvolvimento da figuratividade por meio da consciência e da inter-relação das funções psíquicas referentes ao sistema cognitivo humano como parte de expressão de uma rede sígnica internalizada em forma de linguagem e narrativa, a fim de esclarecer que a diferenciação, bem como a irregularidade cognitiva, é o que faz cada ser humano portar um indivíduo na construção da sociedade. Palavras-chave Mediação, Propriocepção, Autoimagem, Cognição, Sinestesia. Abstract Self-recognition allows a continuous process in which human beings proposes themselves in sign relations that create the infinite possible individuals in the existence of each being. Initially this process can be understood from the theories of Gombrich and Francastel as a study of pictorial representation. Thus, it is reasonable to understand the considerations about the context of the image in the reality of human beings, not only as a representation process, but the possibility of a psychological attribute before a pictorial 1 Doutorando em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUCSP. Professor na Faculdade Cásper Líbero e no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. E-mail: [email protected] 2 Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Docente do Mestrado em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. E-mail: [email protected] 3 Graduanda em Comunicação Social na Faculdade Cásper Líbero. E-mail: [email protected]

Mediação e propriocepção§ão-e... · propiocepción toman base en la alianza de la junción sensorial relativa al cuerpo humano (sinestesia) y la ... Porque, a partir de estos

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Artigo

Mediação e propriocepção Rodrigo Morais1

Roberto Chiachiri2

Flávia Mantovani 3

Resumo O auto reconhecimento permite um processo contínuo em que um ser se propõe humano nas relações

sígnicas que criam os diferentes indivíduos possíveis à existência desse ser. Inicialmente, esse processo

pode ser entendido a partir das teorias de Gombrich e Francastel como estudo da representação pictórica.

Sendo assim, é cabível entender as considerações sobre a contextualização da imagem na realidade do ser

humano, não apenas como um processo de representação, mas como a possibilidade de um atributo

psicológico diante de um contexto pictórico. Portanto, abrindo-se o campo do entendimento do

reconhecimento humano, evidencia-se que esta autodeterminação temporal e espacial inerente à construção

de realidade de cada indivíduo está diretamente ligada à mediação da imagem, não somente nos termos da

visualidade, mas entendendo-se a contemplação imagética a partir da sinestesia, a partir de todas as

possibilidades sensoriais concernentes ao ser humano. Um termo em grande eminência e prospecção na

atualidade é a “propriocepção”, que trata dos impulsos neurológicos, psiquiátricos e psicológicos que levam

uma pessoa ao reconhecimento espacial do próprio corpo. De fato, a propriocepção passa a ser estudada a

partir dos receptores sensoriais do sistema nervoso, tendo em vista que um receptor não possui a capacidade

de identificar sozinho todos os estímulos diferentes que o corpo recebe a cada segundo. Dessa forma, o

início desse estudo se dá estritamente a partir da inteligência corporal-cinestésica, o que atualmente já

possui um direcionamento diferenciado: aliam-se a esse conhecimento os valores da psicologia da

representação pictórica baseada na realidade figurativa. Em outras palavras, o presente artigo busca

explorar como os atuais estudos sobre a propriocepção tomam base na aliança da junção sensorial

concernente ao corpo humano (sinestesia) e a representação imagética possível ao reconhecimento de

padrões no cérebro humano. Pode-se aliar os estudos da propriocepção produzidos por Oliver Sacks com a

teoria semiótica peirceana (explorada por autores como Lucia Santaella, Winfried Nöth e Roberto

Chiachiri) para construir um entendimento sobre a realidade figurativa imagética através da mediação de

signos de auto reconhecimento. Pois, a partir desses conceitos, pode-se elucidar que a conotação

antropossociomórfica se apresenta na expressão, na atuação e/ou no desenvolvimento da figuratividade por

meio da consciência e da inter-relação das funções psíquicas referentes ao sistema cognitivo humano como

parte de expressão de uma rede sígnica internalizada em forma de linguagem e narrativa, a fim de esclarecer

que a diferenciação, bem como a irregularidade cognitiva, é o que faz cada ser humano portar um indivíduo

na construção da sociedade.

Palavras-chave Mediação, Propriocepção, Autoimagem, Cognição, Sinestesia.

Abstract Self-recognition allows a continuous process in which human beings proposes themselves in sign relations

that create the infinite possible individuals in the existence of each being. Initially this process can be

understood from the theories of Gombrich and Francastel as a study of pictorial representation. Thus, it is

reasonable to understand the considerations about the context of the image in the reality of human beings,

not only as a representation process, but the possibility of a psychological attribute before a pictorial

1Doutorando em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUCSP. Professor na Faculdade Cásper

Líbero e no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. E-mail: [email protected] 2Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Docente do Mestrado em

Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. E-mail: [email protected] 3Graduanda em Comunicação Social na Faculdade Cásper Líbero. E-mail: [email protected]

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context. Therefore, opening up the field of human recognition, it is evident that this temporal and spatial

self-determination inherent to the construction of reality in each individual is directly linked to the image

mediation, not only in terms of visuality, but understanding imagery contemplation from synesthesia, from

all sensory possibilities concerning the human. A term in largely eminence in this field is “proprioception”,

which deals with neurological, psychiatric and psychological impulses that lead a person to the spatial

recognition of the body. In fact, proprioception starts being studied from the sensory receptors of the

nervous system, considering that a receiver has not the ability to identify all of the different stimuli that the

body receives in each second by itself. Therefore, the beginning of this study occurs strictly from the bodily-

kinesthetic intelligence, which currently already has a distinguished direction: it is possible to ally this

knowledge with the values of the psychology of pictorial representation based on figurative reality. In other

words, this paper aims to explore how current studies on proprioception take base on the alliance of two

factors: (1) sensory junction concerning the human body (synesthesia); (2) possible image representation

in the pattern recognition in human brain. Thus, it is possible to combine the study of proprioception

produced by Oliver Sacks with Peirce’s theory of signs (explored by author such as Lucia Santaella,

Winfried Nöth and Roberto Chiachiri) to build an understanding of figurative imagery reality through the

mediation of signs of self-recognition. Because, based on these concepts, it is possible to elucidate that the

anthropological and social morphism connotation is shown in the expression, action and/or development of

figuration by the conscience and the interrelation of psychic functions relating to human cognitive system

as part of expression of an internalized signic network in form of language and narrative. Therewith, it is

possible to clarify that differentiation, as well as cognitive irregularity, is what makes each human being

possess an individual in building society.

Keywords Mediation, Proprioception, Self-image, Cognition, Synesthesia.

Resumen El conocimiento de sí mismo permite un proceso continuo en el que un ser se propone humano en las

relaciones de signos que crean los diferentes individuos posibles a la existencia de este ser. Inicialmente,

se puede entender este proceso a partir de las teorías de Gombrich y Francastel como estudio de la

representación pictórica. Por lo tanto, es apropiado entender las consideraciones del contexto de la imagen

en la realidad del ser humano, no sólo como un proceso de representación, sino como la posibilidad de un

atributo psicológico ante un contexto pictórico. Así, haciendo la expansión del campo de la comprensión

del reconocimiento humano, es evidente que esta auto-determinación temporal y espacial inherentes a la

construcción de realidad de cada individuo está directamente relacionada con la mediación de la imagen,

no sólo en términos de visualidad, pero tomando la contemplación de imágenes a partir de la sinestesia, a

partir de todas las posibilidades sensoriales relativas del ser humano. Un término en gran eminencia y

perspectiva es la “propiocepción”, que se ocupa de los impulsos neurológicos, psiquiátricos y psicológicos

que llevan una persona al reconocimiento espacial del cuerpo. De hecho, la propiocepción es estudiada

desde los receptores sensoriales del sistema nervioso, sabido que un receptor solo no tiene la capacidad de

identificar todos los diferentes estímulos que el cuerpo recibe a cada segundo. El inicio de este estudio es

estrictamente de la inteligencia cinético-corporal, que actualmente tiene una dirección diferente: combinase

a este conocimiento los valores de la psicología de la representación pictórica basada el la realidad

figurativa. En otras palabras, este artículo trata de explicar cómo los estudios actuales sobre la

propiocepción toman base en la alianza de la junción sensorial relativa al cuerpo humano (sinestesia) y la

representación de imagen posible al reconocimiento de patrones en el cerebro humano. Se puede combinar

los estudios de la propiocepción realizados por Oliver Sacks con la teoría semiótica de Peirce (explorada

por autores como Lucia Santaella, Winfried Nöth y Roberto Chiachiri) para construir una comprensión de

la realidad figurativa de imágenes a través de la mediación de signos del reconocimiento de sí mismo.

Porque, a partir de estos conceptos, se puede dilucidar que la connotación antropossociomórfica se muestra

en la expresión, actuación y/o en el desarrollo de la figuración a través de la conciencia y de la interrelación

de las funciones mentales relacionadas con el sistema cognitivo humano como parte de la expresión de una

red semiótica interiorizada en la forma del lenguaje y narrativa, con el fin de aclarar que la diferenciación

y la irregularidad cognitiva es lo que hace que cada ser humano posee un individuo en la construcción de

la sociedad.

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Palabras-clave Mediación, Propiocepción, Autoimagen, Cognición, Sinestesia.

O auto reconhecimento é algo buscado constantemente pelos seres humanos. Quem sou?

De onde vim? – essas são perguntas feitas por todos e foco de diversos estudiosos ao

longo do tempo. Platão, Spinoza, Freud, entre outros, acreditavam que a conquista do

auto reconhecimento está diretamente ligada à saúde e liberdade pessoal.

“Qual o meu objetivo na vida?”, “O que procuro?”, “Qual é a minha finalidade?”. Tais

são as questões que qualquer homem põe a si mesmo, uma vez ou outra, às vezes calma

e meditativamente, outras vezes na agonia da incerteza e do desespero. São questões

antigas, muito antigas [...] que todo individuo, a seu modo, deve colocar e responder para

si mesmo. (ROGERS, 1961, p. 144).

Segundo Platão, o auto reconhecimento significa realização do indivíduo, por saber e entender a

si e ao mundo que o cerca; “o que se busca é o entendimento, que leve o sujeito a ser mestre de si

mesmo e, consequentemente, um ser humano melhor, capaz de lidar com o próximo e o mundo

ao seu redor de forma mais plena” (BURITY, 2007, p. 11). Nesse sentido, o auto reconhecimento

pode ser entendido como uma meta a ser atingida ao longo da vida, através da introspecção. A

partir do século XIX, com o surgimento da psicanálise, o estudo sobre o indivíduo tornou-se mais

aprofundado:

O estudo da personalidade a partir de observações clínicas – tradição iniciada com

Charcot, Janet e, principalmente, com Freud, Jung e McDougall – contribuiu muito mais

para desvendar a natureza da teoria da personalidade do que qualquer outro fator. [...] Os

experimentalistas foram buscar suas inspirações e seus valores nas ciências naturais,

enquanto os teóricos da personalidade ficaram adstritos aos dados clínicos e às suas

próprias conclusões. (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 1973, p. 14-16).

Sigmund Freud foi o pioneiro em considerar que o indivíduo, ao se comportar de determinada

forma, é regido por processos motivacionais. “Os teóricos da personalidade, via de regra, atribuem

um papel decisivo aos processos motivacionais” (HALL; LINDZEY; CAMPBELL, 1973, p. 18).

Ou seja, de acordo com essa teoria, seria através de um impulso interno que o indivíduo é levado

à ação. O que faz com que se inicie os estudo da teoria da personalidade. Dentre os significados

mais utilizados para o termo Personalidade, segundo Hall, Lindzey e Campbell (1973), dois

aspectos seriam primordiais:

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- Personalidade relacionada a habilidades sociais: a personalidade estaria diretamente

ligada à aceitação das ações do indivíduo pela sociedade em que vive.

- Personalidade pela impressão que causa nos outros: nesse segundo significado, a

personalidade de um indivíduo seria relacionada a como as pessoas interpretariam suas ações

(“tímido”, “agressivo”, “passivo”).

Para ambos os significados, há sempre alguém de fora que caracteriza o indivíduo a partir da

impressão que este causa. Nos dois casos existe a valoração – já que a personalidade pode ser

identificada como boa ou má. A personalidade passa a adquirir novos significados, ao passar do

tempo, e adquiri o valor de uma organização de todos os comportamentos do individuo. É tudo o

que ordena, de forma harmoniosa, todo comportamento do indivíduo. Dessa forma, cada ser

possui sua própria personalidade, sendo sua essência. Assim, passa-se a definir a personalidade

como algo muito além das impressões que o indivíduo causa nas outras pessoas ao seu redor: é o

que realmente ele é, não apenas o que o distingue dos outros. Segundo Allport (1960),

personalidade é a dinâmica no indivíduo dos sistemas psicofísicos que determinam seu

comportamento e seu pensamento.

Ainda diante de tais explorações, é possível dar continuidade a essa explanação teórica

entendendo que “Freud comparava a mente a uma montanha de gelo flutuante” (HALL;

LINDZEY; CAMPBELL, 1973, p. 44), ou seja: a parte que se vê, na superfície, é a região da

consciência. Já o que está abaixo do nível da água é o que se conhece por inconsciente. No

inconsciente é que se encontram os impulsos, paixões e sentimentos. Estes, por sua vez, apesar

de invisíveis, exercem um controle poderoso no que diz respeito às ações de cada um. Eles são

fatores predominantes no desenvolvimento da personalidade. “Freud e seus discípulos nos

colocaram frente ao inconsciente, pressupondo que não somos conscientes da totalidade que

somos. Para Freud, ‘o Eu não é senhor da própria casa’, o Eu é fragmentado, dividido, não tem

uma unidade” (BURITY, 2007, p. 12).

A existência do inconsciente, para Freud, provaria que o ser humano não tem ideia da totalidade

do que realmente é, sendo dividido entre impulsos e desejos. O estudo do indivíduo vai muito

além da sua consciência (Ego). O Eu é ditado pelo inconsciente – O Eu seria um outro de acordo

com tal teoria (LACAN, 1979, pp. 50-65). Jung, discípulo de Freud, vai mais além: a partir de

sua teoria da psicologia analítica (ou psicologia junguiana), nomeia o processo que leva o homem

ao seu auto reconhecimento de individuação (fazer-se indivíduo, encontrando-se consigo mesmo).

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Esse processo diz que, a partir do contato que o indivíduo tem com seu inconsciente, consegue

atingir conhecimento pleno sobre si mesmo. O diferencial de Jung é justamente dizer que, além

de ter de manter contato com o próprio inconsciente, o indivíduo precisa entrar em contato,

também, com o que denomina de inconsciente coletivo.

O contato com o inconsciente coletivo seria feito através das imagens simbólicas deste – estas,

por sua vez, são representações simbólicas expressas pelas pessoas através de imagens, sonhos e

fantasias do psiquismo. Um exemplo de diferenciação entre esses dois tipos de inconscientes

pode ser dado através dos sonhos:

- Inconsciente pessoal: algumas pessoas sonham com objetos e símbolos que fazem parte

de seu dia-a-dia, devido às suas experiências pessoais;

- Inconsciente coletivo: Ao contrário do anterior, o inconsciente coletivo se dá quando,

através dos sonhos, o indivíduo sonha com imagens impessoais e estranhas a si, que não são

presentes em suas lembranças – seriam, assim, um produto de um inconsciente coletivo de

símbolos da humanidade (arquétipos).

Ainda sobre esse tema, não seria possível ver o inconsciente coletivo. Apenas seria possível inferir

sua existência, a partir de várias imagens e símbolos que, independentemente de raça ou cultura,

surgem de modo recorrente nos mitos, nos contos de fadas, nos sonhos e no folclore de todas as

épocas e lugares (GRINBERG, 1997, p. 135). Jung define o psiquismo como algo em constante

transformação e desenvolvimento. A individuação é o processo de crescimento psíquico. Para que

os arquétipos se integrem e se desenvolvam, é necessário distinguir o que é e o que não é

consciente. O Ego é a parte consciente do psíquico, que, por isso, pensa ser o todo (Self).

A partir disso, a teoria do Self, de William James, afirma que este é descentralizado e múltiplo.

Para James, o “Eu” é apenas um nome de uma posição. Dentro do indivíduo existe um diálogo

entre as posições internas (eu quanto homem, profissional, filho, membro da comunidade) e as

posições externas (meu pai, meus amigos, meus colegas) do Self. Essas diferentes vozes estão em

eterna conversação – e até mesmo em conflito. Para William James, por exemplo, o organismo

só é ou deixa de ser devido às suas interações com um dado ambiente e as funções que empenha

neste. Para o autor, existem quatro divisões do Self:

- Self Material: abrange desde o corpo até as propriedades privadas do indivíduo;

- Self Social: a imagem que outras pessoas têm deste indivíduo em questão;

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- Self Espiritual: suas faculdades psíquicas;

- Ego Puro: senso de “mesmidade”, que é o senso de continuidade da experiência do

consciente.

Portanto, o Ego seria uma parte do Self – ou seja, é a parte consciente do todo – e tem como

propriedades a pessoalidade, o aspecto mutante, a continuidade, a referência aos objetos e o

aspecto seletivo. O Self seria muito mais abrangente e, ainda, incompreensível. O Ego seria

subordinado ao Self e passaria a sofrer modificações assim que o inconsciente começa a agir,

durante o processo de individuação. A maturidade do psíquico aconteceria com o constante

confronto entre o Ego e o Self.

Sendo assim, o objetivo de todos os seres humanos seria atingir o Self – o centro de sua

personalidade. Ao atingi-lo, o ser humano se realizaria como ser e como indivíduo pleno. Esse

processo é acompanhado por sentimentos como angústia, ansiedade e confusão. Desta forma, o

indivíduo deveria, assim, fazer uso do egocentrismo para descobrir sua fonte de existência,

escutando seus impulsos interiores. Segundo William James, o indivíduo reconhece a si mesmo

a partir da autoimagem (descritivo) e da autoestima (valorativo). A autoimagem é a descrição que

a pessoa faz de si mesma – existe a autoimagem individual, que faz o indivíduo ser único no

mundo e a autoimagem coletiva, que são as informações dos diferentes grupos sociais que o

indivíduo se faz presente; já a autoestima é uma avaliação subjetiva que o ser faz de si mesmo,

sendo positiva ou negativa em algum grau (“sou bom” / “sou mau” , “sou competente” / “sou

incompetente”).

Esse percurso teórico desenvolvido demonstra uma possível compreensão da autoimagem e do

auto reconhecimento com os conceitos de representação pictórica e realidade figurativa

desenvolvidos, respectivamente, por Ernst Gombrich e Pierre Francastel. Para Gombrich, o

estudo da psicologia da representação pictórica revela a busca do auto entendimento a partir de

uma imitação da natureza, a função da tradição, o problema da abstração, a validade da

perspectiva e a interpretação na produção de imagens representativas. Nesse sentido, o que o autor

busca é o entendimento dos efeitos pictóricos e seus vínculos ao modo pelo qual as informações

percebidas sensorialmente (com ênfase na visualidade) são projetadas na auto imagem que cada

ser humano compõe de si mesmo (GOMBRICH, 2007).

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Em contiguidade, Francastel entende que o ser humano cria sua própria imagem a partir de se

entender como um objeto figurativo, através de conceitos como a significação humana e a

imaginação plástica.

Não acredito que haja um modo melhor de explicar a nossos contemporâneos qual é a

natureza do fenômeno que garante a passagem de um sistema de representação, o da Idade

Média, para um outro, o da Renascença, a não ser falando de “montagem”. Só a crença

na existência de um universo objetivo colocado face a face com o homem como uma coisa

estável, cuja medida ele se esforça, desde as origens, por tomar cada vez com mais

exatidão, pode impedir alguém de admitir a analogia que existe entre a elaboração de um

novo sistema de visualização plástica no Quatrocentos e a evolução atual das artes,

Pintura e Teatro comparados. De uma geração a outra, os homens interpretam os cenários

e os gestos representados ou figurados nas telas plásticas de duas dimensões em função

de um certo número de valores materiais e sociais cambiantes. Mas não é o navio, a torre

ou a fonte sozinhos, isolados, - isto é, a morfologia – que possuem em si uma significação

e situam imediatamente, para um grupo determinado de homens, a cena representada: é

também a justaposição ou o encadeamento de signos que comporta um valor de

significação convencional, mas absolutamente preciso e que constituem um sistema digno

de ser descrito. Tanto quanto o material simbólico de uma época, o sistema de montagem

que ela utiliza deve portanto ser analisado se queremos alcançar uma compreensão íntima

do que ela quis e soube exprimir. (FRANCASTEL, 1987, p. 230).

O que o autor aborda é a busca da representação da autoimagem, com fins de um auto

reconhecimento, original das atividades individuais sociais para um tempo e lugar determinados.

Assim, revelando o poder das imagens na construção do Eu. Desde relatos da mitologia bíblica,

é evidente o anseio do homem em manifestar seu espanto e temor em relação ao poder das

imagens. Mesmo em diferentes contextos, como na Grécia antiga, a filosofia teve a necessidade

de pensar na visualidade, inclusive nas funções da ilusão ótica perante a existência e realidade de

cada ser. Arlindo Machado, ao teorizar sobre Platão, exemplifica esse panorama:

A imagem, conclui Platão, pode se parecer com a coisa representada, mas não tem a sua

realidade. É uma imitação de superfície, uma mera ilusão de ótica, que fascina apenas as

crianças e os tolos, os destituídos de razão. O pintor, portanto, produz um simulacro

(eidolon, de onde deriva a nossa palavra ídolo), ou seja, uma representação falsa, uma

representação do que não existe ou do que não é verdade, engodo, imagem (eikon)

destituída de realidade, como as visões do sonho e do delírio, as sombras projetadas no

chão ou os reflexos na água. Nesse sentido a atividade do pintor é charlatanice pura e o

culto dos simulacros (eidon latreia, de onde deriva idolatria), a forma não religiosa da

idolatria. Se Platão fosse vivo, restaria perguntar a ele por que seu ataque é desferido

apenas às imagens. Também a palavra “flauta”, utilizada pelo filósofo, não é capaz de

tocar uma música e sua referência ao instrumento real se dá por convenção social

estabelecida pela língua. (MACHADO, 2001, p. 9-10).

Muitos autores tecem críticas à tal visão, explorando o contexto das possibilidades de

conhecimento de Platão à sua época. É evidente que qualquer contexto assim citado deve ser

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levado em consideração para o entendimento da obra de qualquer autor. Porém, o que se deve

realmente ter em mente é que críticas e evoluções de teorias se fazem necessárias em todos os

momentos da humanidade, e nunca se descartam os adventos fornecidos por pesquisadores de

qualquer época; ao contrário, todos são utilizados para que seja possível um eterno fomento aos

estudos filosóficos e à abrangência da inteligência humana. Sendo assim, é cabível a este

momento as considerações sobre a contextualização da imagem na construção de realidade do ser

humano, não apenas como um processo de representação, mas como a possibilidade de um

atributo psicológico diante de um contexto pictórico. O fator realmente considerável nesse

contexto é a busca que não só a filosofia, mas as humanidades em geral têm por entender o

homem:

Se parte considerável do mundo intelectual ainda se encontra petrificada na tradição

milenar do iconoclasmo, parte também considerável do mundo artístico, científico e

militante vem descobrindo que a cultura, a ciência e a civilização dos séculos XIX e XX

são impensáveis sem o papel estrutural e construtivo nelas desempenhado pelas imagens

(da iconografia científica, da fotografia, do cinema, da televisão e dos novos meios

digitais). Essa segunda parte da humanidade aprendeu não apenas a conviver com as

imagens, mas também a pensar com as imagens e a construir com elas uma civilização

complexa e instigante. Na verdade, hoje estamos realmente em condições de avaliar a

extensão e a profundidade de todo o acervo iconográfico construído e acumulado pela

humanidade, apesar de todos os interditos, pois somente agora nos é possível

compreender a natureza mais profunda do discurso iconográfico, isso que poderíamos

chamar de linguagem das imagens, capaz de expressar realidades diferentes,

historicamente abafadas pelo tacão do iconoclasmo. (MACHADO, 2001, p. 32).

Portanto, abrindo-se o campo do entendimento do reconhecimento humano, evidencia-se que esta

autodeterminação temporal e espacial inerente à construção de realidade de cada indivíduo está

diretamente ligada à imagem, não somente nos termos da visualidade, mas entendendo-se a

contemplação imagética a partir da sinestesia, a partir de todas as possibilidades sensoriais

concernentes ao ser humano.

Um termo em grande eminência e prospecção na atualidade é a “propriocepção”, que trata dos

impulsos neurológicos, psiquiátricos e psicológicos que levam uma pessoa ao reconhecimento

espacial do próprio corpo. O termo não é tão novo assim, já que foi cunhado por volta de 1900,

por Charles Scott Sherrington, um historiólogo, microbiologista e patologista britânico que obteve

seu reconhecimento profissional com o Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 1932.

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De fato, a propriocepção passa a ser estudada a partir dos receptores sensoriais do sistema

nervoso, tendo em vista que “um receptor não possui a capacidade de identificar sozinho todos os

estímulos diferentes que o corpo recebe a cada segundo”. (MELDAU, 2011). Dessa forma, o

início desse estudo se dá estritamente a partir da inteligência corporal-cinestésica4, o que

atualmente já possui um direcionamento diferenciado: aliam-se a esse conhecimento os valores

da psicologia da representação pictórica baseada na realidade figurativa. Em outras palavras,

atuais estudos sobre a propriocepção tomam base na aliança da junção sensorial concernente ao

corpo humano (sinestesia5) e a representação imagética possível ao reconhecimento de padrões

no cérebro humano.

Um dos grandes expoentes dessas pesquisas é Oliver Sacks, principalmente ao tratar do termo nas

suas obras O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e outras histórias clínicas (1997)

e O olhar da mente (2010). Tal autor propõe a utilização da representação imagética diante da

psicologia nos estudos da propriocepção a partir de exemplos de propagnosia (inabilidade do

reconhecimento facial) e até mesmo de afasia (inabilidade do uso da linguagem, sua expressão ou

compreensão, total ou parcial). Na segunda obra citada, há um caso no qual o paciente é o próprio

autor, que mostra suas dificuldades de reconhecimento espacial e corporal a partir do

desenvolvimento de um tumor ocular:

Em 17 de dezembro de 2005, um sábado, fui nadar de manhã, como de costume, depois

decidi ir ao cinema. Cheguei alguns minutos antes do começo da sessão e me sentei no

fundo da plateia. Não havia nenhum indício de algo incomum antes dos trailers. Comecei

então imediatamente a tomar consciência de uma espécie de tremulação, uma

instabilidade visual à esquerda. Pensei que seria o princípio de uma enxaqueca visual,

mas logo percebi que, fosse o que fosse, afetava apenas o olho direito, por isso tinha de

originar-se no próprio olho e não no córtex visual, como ocorre nas enxaquecas. Quando

a tela do cinema escureceu depois do primeiro trailer, o local da tremulação à esquerda

acendeu como um carvão em brasa cingindo de cores espectrais – turquesa, verde, laranja.

[...] Percebi em seguida um ponto cego no interior da área incandescente, pois olhando

apenas com o olho direito para a esquerda, onde uma fileira de luzes no chão indicava a

saída, constatei que todas as lâmpadas da frente estavam “faltando”. (SACKS, 2010, p.

147).

Desta forma, é possível entender que tais elementos perceptivos determinam a realidade vivida

por cada ser e, se a percepção de uma pessoa faz a narrativa de seu real e sua realidade, pode-se

concluir que os signos traduzidos sinestesicamente por essa pessoa se caracterizam como

4 Aqui o termo “cinestésica” faz referência à cinética, ou seja, percepção de movimentos musculares. 5 Dessa forma define-se a sinestesia como a relação entre planos sensoriais.

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elementos da representação pictórica de sua realidade figurativa, já que esta passa a narrar, a partir

de uma linguagem interiorizada, um fator externo.

Seguindo esse raciocínio, vem à luz a relação íntima que os termos “realidade” e “imagem”

tomam de forma conjunta. Para Juremir Machado da Silva:

A realidade é um imaginário. Sólida como um cubo de gelo. Dela, só existem imagens e

aproximações sucessivas. Flagrantes de um eterno movimento em espiral. Evaporações

constantes em nome da estabilidade. O real é um estado intermediário entre dois picos de

entropia. A grande magia do real consiste em simular o que não é: uma verdade

absolutamente externa ao observador. (SILVA, 2006, p. 163).

Neste ponto, pode-se elucidar que a conotação antropossociomórfica6 se apresenta na expressão,

na atuação e/ou no desenvolvimento da figuratividade por meio da consciência e da inter-relação

das funções psíquicas referentes ao sistema cognitivo humano como parte de expressão de uma

rede sígnica internalizada em forma de linguagem e narrativa, a fim de esclarecer que a

diferenciação, bem como a irregularidade cognitiva, é o que faz cada ser humano portar um

indivíduo na construção da sociedade. Tendo a figuratividade como explicada, e por um momento

criticada, por Pierre Francastel, ao colocar a Forma como um esquema de pensamento imaginário:

A relação que existe entre Forma e as formas toca em especial no problema, muito atual

para os historiadores, da natureza dos fatos propriamente históricos. Por reação contra a

História fatual, existe uma tendência a não levar em consideração a não ser situações que

por sua longa duração referiram-se a um número muito grande de homens.

(FRANCASTEL, 2011, p. 11).

Sendo assim, para o início de uma nova forma investigativa do conhecimento de si e a vivacidade

possível aos seres que se propõem humanos, é necessário agregar a imagem ao ambiente a que

ela realmente pertence: os sentidos. O que leva ao estudo de um processo contínuo, no qual um

ser se propõe humano ao criar relações sígnicas dentro de uma rede de perceptos, que origina as

infinitas possibilidades de seres que um só ser pode vestir em seu trajeto de construção de

realidades.

Essa proposta se torna clara ao entender o termo “contemplação” utilizado por Spinoza ao longo

de suas obras. O que o autor propõe é uma dedução da mente como ideia de corpo através da ideia

de imaginação. Segundo Luís César Guimarães Oliva (2011, p. 369), Spinoza escolhe

6 Doutrina que confere aos fenômenos antropológicos base social perante a forma biológica.

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especificamente o termo “contemplação” para que este não seja confundido como um sinônimo

de “ver” ou “considerar”.

É este tipo de constituição que permitirá a Spinoza, na continuação do escólio, expor a

imaginação: “ademais, para empregarmos as palavras usuais, chamaremos imagens das

coisas as afecções do corpo humano cujas ideias representam os corpos externos como

que presentes a nós, ainda que não reproduzam as figuras das coisas. E quando a mente

contempla os corpos desta maneira, diremos que imagino.” Ou seja, a imaginação é a

capacidade da mente humana de contemplar corpos externos como presentes a partir das

afecções do corpo, as quais, enquanto implicam a exterioridade, são imagens. (OLIVA,

2011, p. 372-373).

Neste ponto, é possível entender o auto reconhecimento através da contemplação da mente e dos

corpos, pois, de acordo com os termos da auto imagem, uma “mente não conhece a si própria

senão enquanto percebe as ideias das afecções do corpo” (SPINOZA apud OLIVA, 2011, p. 374).

Com isso, a determinação externa de corpo e mente é dada a partir do repertório determinado

externamente a contemplar um singular, enquanto “a Mente é determinada internamente a inteligir

as conveniências e oposições entre as coisas a partir da contemplação simultânea de muito

singulares” (SPINOZA apud OLIVA, 2011, p. 375-376).

A Mente não tem de si própria, nem de seu Corpo, nem dos corpos externos conhecimento

adequado, mas apenas confuso e mutilado, toda vez que percebe as coisas na ordem

comum da natureza, isto é, toda vez que é determinada externamente, a partir do encontro

fortuito das coisas, a contemplar isso ou aquilo. (SPINOZA apud OLIVA, 2011, p. 375-

376).

Sob tal ponto de vista, cabe salientar, portanto, que o processo de auto reconhecimento, na

construção da propriocepção, pode ser entendido através da construção imagética no ambiente

dos sentidos, como dito anteriormente, mas não pode ser avaliado apenas nos âmbitos perceptivos;

a ele também é pertinente a exploração dos termos da afecção.

Diferentemente da percepção, que mede o poder refletor do corpo, a afecção mede seu

poder absorvente, aponta para o interior do corpo, para o que esse corpo acrescenta aos

corpos exteriores. Portanto, mais do que prolongar estímulos externos em ações

consecutivas, além de reagir de modo previsível em concordância com o hábito e com as

demandas imediatas, o centro de indeterminação pode produzir uma experiência singular,

criar novos hábitos, despertar novas disposições. (FATORELLI, 2012, p. 49).

Desta forma, o auto reconhecimento é dado através de um sistema de associação de imagens

mentais que é produzido em um processo contínuo de ressignificação de objetos percebidos e

afetados, tendo em vista a noção de Eu também como um desses objetos. Tais modos de ação

corporal (percepção e afecção), levam a duas formas de construção do auto reconhecimento

proprioceptivo:

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Por um lado, a lembrança do corpo, constituída pelos sistemas sensório-motores

organizados pelo hábito, que busca no passado o registro de experiências anteriores tendo

em vista o melhor desempenho da ação prática imediata; e, por outro lado, a contribuição

da lembrança espontânea e pessoal, a lembrança pura, que contrai as regiões do passado,

seus diferentes níveis e estratos. Diferentemente da imagem-ação que mobiliza os

mecanismos sensório-motores, montados sobre os hábitos adquiridos e os automatismos

da percepção, sempre de modo a prolongar os estímulos recebidos em ações consecutivas,

a imagem-afecção mobiliza a memória pura na criação de uma nova entidade, alterada ou

mesmo produzida, de modo mais ou menos autônomo. (FATORELLI, 2012, p. 49-50).

Sendo assim, tais sistemas sensório-motores organizados pelo hábito e a contribuição da

lembrança espontânea e pessoal também levam a entender os valores da propriocepção nos termos

da Mediação em Charles Sanders Peirce.

I chose this instance because it is represented as instantaneous. Had there been any

process intervening between the causal act and the effect, this would have been a medial,

or third, element. Thirdness, in the sense of the category, is the same as mediation. For

that reason, pure dyadism is an act of arbitrary will or of blind force; for if there is any

reason, or law, governing it, that mediates between the two subjects and brings about

their connection. The dyad is an individual fact, as it existentially is; and it has no

generality in it. The being of a monadic quality is a mere potentiality, without existence.

Existence is purely dyadic. (CP 1.328).

Em Peirce, pode-se entender que a propriocepção está ligada à consciência de si mesmo diante

do ato casual e do efeito, ou seja, na mediação de signos imagéticos que formam o auto

reconhecimento através da auto imagem; entendendo que Imagem, para Peirce, neste sentido, está

diretamente ligada às noções de possibilidade de linguagens sensíveis. Portanto, a mediação de

imagens que levam ao entendimento de si mesmo devem ser avaliadas perante: (1) a consciência

passiva de qualidade, a percepção de imagens externas sem reconhecimento ou análise; (2) a

consciência de uma interrupção no campo da consciência, o ato mental de ação e reação no

reconhecimento de um fator externo; (3) a consciência sintética, o senso de pensamento que inicia

o processo de auto reconhecimento na proliferação de novas imagens mentais mediadas pelo

repertório prévio de cada pessoa, ou seja, o tempo de ligação em conjunto mediado e que traz

novas considerações sobre um evento percebido.

If we accept these [as] the fundamental elementary modes of consciousness, they afford

a psychological explanation of the three logical conceptions of quality, relation, and

synthesis or mediation. The conception of quality, which is absolutely simple in itself and

yet viewed in its relations is seen to be full of variety, would arise whenever feeling or the

singular consciousness becomes prominent. The conception of relation comes from the

dual consciousness or sense of action and reaction. The conception of mediation springs

out of the plural consciousness or sense of learning. (CP 1.378).

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Como pode ser visto, o ser humano é, portanto, um ser que constrói a noção de si através de uma

consciência plural ou senso de aprendizagem. O que leva a entender a noção de terceiridade na

obra de Peirce, ou seja, “a categoria da mediação, do hábito, da lembrança, da continuidade, da

síntese, da comunicação e da semiose, da representação ou dos signos” (SANTAELLA; NÖTH,

1998, p. 143). Desta forma, tais signos que consistem no desenvolvimento da propriocepção

podem ser avaliados diante da relação que mantêm com os objetos percebidos a partir de virtudes

de lei.

[...] normalmente uma associação de ideias, que opera no sentido de fazer com que o

símbolo seja interpretado como se referindo àquele objeto. Assim, ele é, em si mesmo,

uma lei ou tipo geral, ou seja, um legissigno. Como tal, atua através de uma réplica. Não

apenas é geral, mas também o objeto ao qual se refere é de natureza geral. Ora, o que é

geral tem seu ser nos casos que determina. Portanto, devem existir casos existentes

daquilo que o símbolo denota, embora devamos aqui considerar “existente” como o

existente no universo possivelmente imaginário ao qual o símbolo se refere. Através de

uma associação ou de uma outra lei, o símbolo será indiretamente afetado por esses casos,

e com isso, o símbolo envolverá uma espécie de índice, ainda que um índice de tipo

especial. No entanto, não é de modo algum verdadeiro que o leve efeito desses casos sobre

o símbolo explica o caráter significante do símbolo. (PEIRCE apud SANTAELLA, 2005,

p. 246).

Porém, tais signos não podem apenas ser avaliados, nesse processo, perante seu conteúdo

simbólico geral, pois, a relação da auto imagem possui aspectos qualitativos essenciais para o

desenvolvimento do auto reconhecimento e da propriocepção. Isto quer dizer que o poder de

mimese do símbolo deve ser o caráter a ser destacado na construção do entendimento de si, uma

vez que o ser humano forma o entendimento de si próprio a partir da valoração qualitativa de

signos percebidos e devolvidos ao universo que pertence. Para Peirce, tais fatores estão ligados

às possibilidades qualitativas, à existência e à mentalidade:

To express the Firstness of Thirdness, the peculiar flavor or color of mediation, we have

no really good word. Mentality is, perhaps, as good as any, poor and inadequate as it is.

Here, then, are three kinds of Firstness, qualitative possibility, existence, mentality,

resulting from applying Firstness to the three categories. We might strike new words for

them: primity, secundity, tertiality. (CP 1.533).

Santaella demonstra, na obra Matrizes de Linguagem e Pensamento (2005), o poder desses signos

ao demonstrar a ação de formas representativas por analogia, mais especificamente o poder de

semelhança das imagens. A autora propõe um tipo de forma que mantém vínculo de semelhança

com aquilo que representa. Sendo assim, nos âmbitos da recepção de signos que levam ao

entendimento de si, a propriocepção, pode-se entender que a auto imagem é formada através de

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signos que possuem leis gerais estabelecidas por convenção cultural, porém ainda possuem uma

relação de analogia caracterizada por uma semelhança aparente ou diagramática. Mais a fundo

nessa teoria, é possível entender que o ser humano propõe o entendimento de si através de três

aspectos: a representação imitativa, a representação figurada e a representação ideativa.

(Na representação imitativa) há uma proeminência da função mimética na representação.

Como representação, a forma visual está ligada ao seu objeto por uma convenção ou

sistema de convenções, mas o aspecto imitativo se faz tão presente que a

convencionalidade funciona apenas como uma sustentação imperceptível. [...] A

representação figurada é quando as convenções de representação se realizam através de

figuras denotativas. Como formas visuais representativas, simbólicas, formas que

significam através de convenções culturalmente estabelecidas. [...] A figura, de fato,

indica aquilo que ela denota. Entretanto, aquilo que ela denota não é um singular, mas um

geral. Assim são as pictografias, isto é, mensagens pictóricas correspondendo a

proposições e, por vezes, até narrativas. (Já na representação ideativa), enquanto os

pictogramas são figuras particulares que representam os conceitos de objetos ou ações

concretas correspondentes às figuras indicadas, os ideogramas representam conceitos ou

ideias abstratas. Os ideogramas são figuras bem mais esquemáticas e convencionalizadas

do que os pictogramas, pois funcionam como indicações diagramáticas de ideias.

(SANTAELLA, 2005, p. 250-252).

Como formas representativas, esses signos que formam a recepção e a afecção de como o ser

humano se insere no universo a qual pertence, demonstram a capacidade de mediar as possíveis

realidades de um ser.

Estando no nível de terceiridade, as formas visuais representativas ou simbólicas são

muito instrutivas para se compreender o modo como a terceridade embute a secundidade

e esta, a primeiridade, Por serem formas, muitas vezes, figurativas, diagramáticas ou até

mesmo imagens, elas mantêm um nível acentuado de indexicalidade, quer dizer, as

figuras indicam algo do mundo visível, do que se depreende seu nível de secundidade,

denotativo, referencial. Mas essa referencialidade só é possível porque há uma

similaridade aparente ou abstrata entre a forma e aquilo que ela denota, do que se

depreende seu nível de primeiridade, icônico, mimético. Entretanto, mesmo mantendo a

presença desses dois níveis, sobre elas, as formas representativas ainda acrescentam um

nível suplementar de significação que só pode ser apreendido por aqueles que dominam

o sistema de convenções culturais a partir do qual as figuras se ordenam. Um excelente

exemplo desses três níveis de significação pode ser encontrado na iconografia medieval

cujas imagens, por isso mesmo, foram chamadas por muitos autores de imagens

simbólicas. Elas são figurativas, indexicais, na medida em que se referem à realidade do

tempo do pintor. Figurino, cenário, mobiliário etc. funcionam nessas imagens como

indicadores de épocas. São também icônicas porque as figuras apresentam similaridade

com aquilo que denotam. Todavia, sobre esses dois níveis de semiotização, erige-se um

terceiro, o das convenções a partir das quais a imagem se organiza. (SANTAELLA, 2005,

p. 247).

Tais formas, um terceiro na teoria peirceana, trazem a possibilidade de representar mais fielmente

as infinitas realidades e entendimentos de si de um ser. A proposta delineada aqui mostra que

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cada ser possui a liberdade de se inserir em uma realidade espaço-temporal harmoniosa, sem

pressupostos em características individuais; feita em uma consciência original de conteúdo

universal. Para Peirce, tais realidades não são independentes da mediação imagética:

Peirce’s “reality” is not “independent of thought”, just like Scotus’s realistas is an ens

rationis, or mental entity, in the sense that we make the distinction in our mind (but still

has a basis in the existent thing). Reality for Scotus has a basis in the existent thing, a

Second. Peirce takes Scotus’s notion of reality, frees it form the “idle” and complicated

distinctions which burden it (like non-adequate identities and such), and recycles it, after

adding the notions of the scientific method and synechism, defining it as the object of final

opinion. As a result, the basis for the notion of reality for Peirce is a Third. (MAYORGA,

2007, p. 153).

Em suma, cabe-se entender que, para cada ser humano, “toda realidade é uma construção social

recortada pelo trajeto individual” (SILVA, 2006, p. 163). Assim, o processo de conhecimento de

si deve ser dado em diferentes estágios, compreendendo a multiplicidade de Eus possíveis a cada

um, já que as infinitas realidades existentes para cada ser humano é dada por imagens mediadas

e determinantes de situações. O que leva a entender a concepção de si através da imagem como

realidade, ou seja, infinitas mediações imagéticas como realidade e natureza passível de diversas

interpretações de acordo com o repertório adquirido de um ser. Assim, o processo proprioceptivo

passa por uma variedade incontável de processos de auto reconhecimento; está alinhado a um

direito da humanidade, um valor a ser defendido, ou seja, uma mediação de imagens.

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