7
Medicina de Emergência no Brasil e no Mundo Christina Maria Campos Pinto Bloem Bianca Domingues Bertuzzi CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES A medicina de emergência moderna tem raízes em uma longa história que começa na primeira guerra mun- dial. Médicos militares reconheceram que a rapidez e a or- dem do atendimento de soldados feridos tiveram grande impacto no número de sobreviventes. Assim, foram desen- volvidas as primeiras ambulâncias e os sistemas de triagem, priorizando o atendimento dos pacientes mais críticos; logo, o sistema pré-hospitalar foi o primeiro conceito de atendimento de urgência. Esse progresso da medicina mili- tar foi posteriormente adotado em muitos países dentro da medicina civil. Inicialmente, as ambulâncias tinham a sim- ples função de transportar o paciente rapidamente ao hos- pital. Hoje, vários países usam esses veículos para levarem “o hospital ao paciente”, com paramédicos equipados e treinados, até mesmo com enfermeiros e médicos a bordo. Atualmente, a medicina apresenta-se cada vez mais di- vidida, com especialidades que requerem sabedoria e expe- riência em áreas cada vez mais específicas. Foi nesse con- texto que surgiu a medicina de emergência. As sociedades, médicas e não-médicas, reconheceram a importância de serem atendidas por profissionais educados e treinados para atendimento de quaisquer patologias graves. Na década de 1960, países como Estados Unidos e In- glaterra iniciaram o movimento para a criação da medici- na de emergência como especialidade médica. Associações foram formadas e sugeriram aos órgãos reguladores a idéia da especialidade. Mesmo sem a aprovação inicial, esses gru- pos continuaram a realizar seus objetivos, desenvolvendo cursos e residências para o treinamento dos profissionais que atuavam nas emergências. Com isso, a base de médicos emergencistas foi crescendo, houve a criação de periódicos e o apoio cada vez maior para o desenvolvimento da espe- cialidade. Em alguns países, a aprovação da especialidade rapidamente tornou-se realidade e logo foi desenvolvido um processo de certificação dos especialistas por meio de exames e critérios mínimos de educação e experiência de trabalho. O processo de desenvolvimento da medicina de emer- gência progrediu de forma semelhante em todo o mundo. O grupo de médicos interessados em emergências originou-se a partir da clínica médica em Taiwan, da anestesiologia na França, da cirurgia no Japão, da medicina de família no Ca- nadá e na Jordânia, ou simplesmente daqueles que trabalha- Na década de 1960, países como Estados Unidos e Inglaterra iniciaram o movimento para a criação da medicina de emergência como especialidade médica. Em alguns países, a aprovação da especialidade rapidamente se tornou realidade. Os médicos que trabalham nos departamentos de emergência (DE) têm formações muito diversas. Alguns são recém- formados e muitos trabalham somente como uma forma de suplementar a baixa remuneração de seus empregos primários. Sem incentivo para se empenharem mais e sem obrigação de terem qualquer treinamento em atendimento às emergências, cria-se uma situação bastante preocupante e perigosa. Mais de 30 países reconhecem a medicina de emergência como especialidade. A residência dura entre 3 e 4 anos na maioria dos países. O especialista de emergência, tendo formação em todos os tipos de pacientes, pode chegar mais rapidamente a um diagnóstico sem precisar passar pela mão de vários consultores diferentes. No Brasil, emergência não é considerada uma especialidade médica. Recém-formados, dermatologistas, ginecologistas, psiquiatras e cirurgiões atuam nos DE do Brasil, o que é grave e necessita urgentemente ser revisto pelos órgãos competentes do Brasil. É óbvio que para se ter o melhor e mais adequado manejo de pacientes graves, exige-se médicos treinados e capacitados para esse atendimento inicial. No Brasil, apenas o Hospital de Pronto-socorro em Porto Alegre/RS tem uma residência formal de emergência, com duração de 3 anos. Em 1992, a FMUSP criou a disciplina de emergências clínicas, que passou a ter currículo próprio com todo o sistema hierárquico universitário (preceptores, médicos assistentes, supervisores, docentes, livre-docentes e professor titular). Para se ter uma idéia da importância da pesquisa, basta cruzar as melhores universidades do mundo com aquelas que mais têm pós-graduação e publicação de periódicos; elas são absolutamente coincidentes. Foi com essa visão estratégica que, em 1997, a FMUSP abriu a pós-graduação específica em emergências clínicas, tanto experimental quanto clínica. No segundo semestre de 2009, em Fortaleza/CE, acontecerá o II Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência. Espera-se que, até lá, a emergência já esteja regulamentada como especialidade no Brasil. TÓPICOS IMPORTANTES Cap 001 09.05.08 14:22 Page 1

Medicina de Emergncia No Mundo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Medicina de Emergncia No Mundo

Medicina de Emergência no Brasil e no Mundo

Christina Maria Campos Pinto BloemBianca Domingues Bertuzzi

CAPÍTULO

1

INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES

A medicina de emergência moderna tem raízes emuma longa história que começa na primeira guerra mun-dial. Médicos militares reconheceram que a rapidez e a or-dem do atendimento de soldados feridos tiveram grandeimpacto no número de sobreviventes. Assim, foram desen-volvidas as primeiras ambulâncias e os sistemas de triagem,priorizando o atendimento dos pacientes mais críticos;logo, o sistema pré-hospitalar foi o primeiro conceito deatendimento de urgência. Esse progresso da medicina mili-tar foi posteriormente adotado em muitos países dentro damedicina civil. Inicialmente, as ambulâncias tinham a sim-ples função de transportar o paciente rapidamente ao hos-pital. Hoje, vários países usam esses veículos para levarem“o hospital ao paciente”, com paramédicos equipados etreinados, até mesmo com enfermeiros e médicos a bordo.

Atualmente, a medicina apresenta-se cada vez mais di-vidida, com especialidades que requerem sabedoria e expe-riência em áreas cada vez mais específicas. Foi nesse con-texto que surgiu a medicina de emergência. As sociedades,médicas e não-médicas, reconheceram a importância deserem atendidas por profissionais educados e treinadospara atendimento de quaisquer patologias graves.

Na década de 1960, países como Estados Unidos e In-glaterra iniciaram o movimento para a criação da medici-na de emergência como especialidade médica. Associaçõesforam formadas e sugeriram aos órgãos reguladores a idéiada especialidade. Mesmo sem a aprovação inicial, esses gru-pos continuaram a realizar seus objetivos, desenvolvendocursos e residências para o treinamento dos profissionaisque atuavam nas emergências. Com isso, a base de médicosemergencistas foi crescendo, houve a criação de periódicose o apoio cada vez maior para o desenvolvimento da espe-cialidade. Em alguns países, a aprovação da especialidaderapidamente tornou-se realidade e logo foi desenvolvidoum processo de certificação dos especialistas por meio deexames e critérios mínimos de educação e experiência detrabalho.

O processo de desenvolvimento da medicina de emer-gência progrediu de forma semelhante em todo o mundo. Ogrupo de médicos interessados em emergências originou-sea partir da clínica médica em Taiwan, da anestesiologia naFrança, da cirurgia no Japão, da medicina de família no Ca-nadá e na Jordânia, ou simplesmente daqueles que trabalha-

n Na década de 1960, países como Estados Unidos e Inglaterrainiciaram o movimento para a criação da medicina de emergênciacomo especialidade médica. Em alguns países, a aprovação daespecialidade rapidamente se tornou realidade.

n Os médicos que trabalham nos departamentos de emergência(DE) têm formações muito diversas. Alguns são recém-formados e muitos trabalham somente como uma forma desuplementar a baixa remuneração de seus empregosprimários. Sem incentivo para se empenharem mais e semobrigação de terem qualquer treinamento em atendimento àsemergências, cria-se uma situação bastante preocupante eperigosa.

n Mais de 30 países reconhecem a medicina de emergência comoespecialidade. A residência dura entre 3 e 4 anos na maioria dospaíses.

n O especialista de emergência, tendo formação em todos ostipos de pacientes, pode chegar mais rapidamente a umdiagnóstico sem precisar passar pela mão de vários consultoresdiferentes.

n No Brasil, emergência não é considerada uma especialidademédica. Recém-formados, dermatologistas, ginecologistas,psiquiatras e cirurgiões atuam nos DE do Brasil, o que é grave enecessita urgentemente ser revisto pelos órgãos competentesdo Brasil.

n É óbvio que para se ter o melhor e mais adequado manejo depacientes graves, exige-se médicos treinados e capacitados paraesse atendimento inicial.

n No Brasil, apenas o Hospital de Pronto-socorro em PortoAlegre/RS tem uma residência formal de emergência, comduração de 3 anos.

n Em 1992, a FMUSP criou a disciplina de emergências clínicas, quepassou a ter currículo próprio com todo o sistema hierárquicouniversitário (preceptores, médicos assistentes, supervisores,docentes, livre-docentes e professor titular).

n Para se ter uma idéia da importância da pesquisa, basta cruzar asmelhores universidades do mundo com aquelas que mais têmpós-graduação e publicação de periódicos; elas sãoabsolutamente coincidentes. Foi com essa visão estratégica que,em 1997, a FMUSP abriu a pós-graduação específica ememergências clínicas, tanto experimental quanto clínica.

n No segundo semestre de 2009, em Fortaleza/CE, acontecerá o IICongresso Brasileiro de Medicina de Emergência. Espera-se que,até lá, a emergência já esteja regulamentada como especialidadeno Brasil.

TÓPICOS IMPORTANTES

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 1

Page 2: Medicina de Emergncia No Mundo

PRONTO-SOCORRO nn SEÇÃO I – INTRODUÇÃO E CONCEITOS IMPORTANTES2

Technician) é de 6 meses e inclui treinamento em RCP (res-suscitação cardiopulmonar) e tratamento básico de primei-ros socorros. O curso mais avançado é o de paramédico,com duração da parte didática de 18 a 24 meses, comple-mentada com 200 a 300 horas práticas em ambulâncias, DE,salas de cirurgia e de parto. Os paramédicos são submetidos,no mínimo, aos cursos de ACLS (Advanced Cardiac Life Sup-port), BTLS ou PHTLS (Basic ou Prehospital Trauma LifeSupport) e PALS (Pediatric Life Support). Paramédicos po-dem realizar intubação orotraqueal, desfibrilação e podemadministrar medicações sem a necessidade de supervisão di-reta de um médico. Eles atuam sob um controle indireto, se-guindo uma série de protocolos designados pelo diretor mé-dico do serviço de ambulância. Em casos mais críticos, osparamédicos têm a oportunidade de solicitar assistência mé-dica por telefone (medical control) para o médico emergen-cista do hospital para onde o paciente será transportado oupara o médico do centro de regulação das ambulâncias.

Nos modelos francês e alemão, médicos como o Dr.Karl-Heinz Bauer em 1957 tiveram a intenção de levar ohospital ao paciente. Nesse modelo, as ambulâncias trans-portam técnicos, enfermeiros e médicos para o paciente,com o intuito de resolver a situação ali mesmo onde ele seencontra. Nesse caso, a equipe pode agir sem restrições, jáque há a supervisão direta do médico intervencionista. Ograu de treinamento dos técnicos varia de acordo com osdiferentes sistemas e países.

Há outros modelos que combinam aspectos do anglo-americano e do francês, como o pré-hospitalar do Brasil. Omodelo anglo-americano economiza nos recursos huma-nos, não precisando de médicos diretamente “na rua”. Poroutro lado, o sistema francês tem a capacidade de transpor-

vam nos departamentos de emergência (DE). Arnold propôsum sistema de classificação dos estágios da medicina deemergência (ME) com categorias nomeadas como “subde-senvolvido”, “em desenvolvimento” ou “avançado” (Tabela1.I). O Brasil melhor se classifica como em desenvolvimen-to, embora tenha aspectos no grupo subdesenvolvido em re-lação à medicina de emergência (especialidade não reconhe-cida, ausência de certificação nacional, ausência de periódicoetc.) e aspectos no grupo avançado (residência médica –Hospital de Pronto-socorro, Porto Alegre/RS; pesquisa clíni-ca e experimental com doutorado e pós-doutorado ememergências clínicas, Faculdade de Medicina da USP; muitascidades no país com ambulâncias equipadas com suporteavançado de vida; várias capitais do país com sistemas deatendimento ao trauma bem organizados).

O movimento global é o de estabelecer um sistema deatendimento às emergências por profissionais capacitadosem realizar esse trabalho. Devido à informatização domundo de hoje, parcerias internacionais foram formadas econvênios colocados em prática, a fim de contribuir na in-formação, no treinamento e no auxílio aos países que estãodesenvolvendo a especialidade. Cada sistema deve ser adap-tado à infra-estrutura local e às normas socioculturais, como objetivo de providenciar melhor qualidade de atendi-mento às emergências.

SISTEMA PRÉ-HOSPITALAR

Existem vários modelos de sistemas pré-hospitalares.No modelo anglo-americano, são os técnicos ou paramédi-cos que atendem os pacientes. Nos Estados Unidos, o cursobásico de certificação para ser EMT (Emergency Medical

Subdesenvolvido Em desenvolvimento Avançado

Sistemas da especialidade

Associação nacional Não Sim Sim

Residência Não Sim Sim

Certificação Não Sim Sim

Especialidade reconhecida Não Sim Sim

Medicina de emergência acadêmica

Periódico da especialidade Não Sim Sim

Pesquisa Não Sim Sim

Registro de dados Não Não Sim

Subespecialidades Não Não Sim

Sistemas de atendimento

Emergencistas atuantes Residentes, outros médicos Médicos treinados em ME Médicos treinados em ME

Diretor do DE Outro médico Médico de ME Médico de ME

Pré-hospitalar Carro pessoal, táxi Ambulância de suporte básico Ambulância de suporte avançado

Sistema de transferência inter-hospitalar Não Não Sim

Sistema de trauma Não Não Sim

Sistemas de gerenciamento

Qualidade assegurada Não Não Sim

Peer review Não Não Sim

Tabela 1.I – Sistema de classificação no desenvolvimento da medicina de emergência

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 2

Page 3: Medicina de Emergncia No Mundo

CAPÍTULO 1 – MEDICINA DE EMERGÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO 3

tar menos pacientes aos DE, reduzindo a sobrecarga aohospital. No entanto, até hoje, nenhum estudo conseguiuprovar benefício absoluto de um sistema sobre o outro.Cabe a cada país decidir qual modelo serve melhor dentroda infra-estrutura e dos recursos disponíveis. Após imple-mentação, deve-se então estudar, por meio de medidas ob-jetivas, o impacto e a eficiência do modelo escolhido comoum método que certifique a melhora na qualidade.

Outro aspecto do sistema pré-hospitalar é a triagem.Pacientes podem ser transportados a centros específicos,como no caso de traumas, queimados e crianças. Isso, ob-viamente, requer a existência de hospitais designados a re-ceberem tais pacientes e critérios de triagem bem delinea-dos e utilizados pelas equipes das ambulâncias. Essadesignação para centros de referência tem a vantagem deprovidenciar alta qualidade de atendimento aos pacientes.Os especialistas, por sua vez, recebem um grande volumede pacientes e adquirem cada vez mais experiência.

DEPARTAMENTO DE EMERGÊNCIA NO HOSPITAL

Os departamentos ou “salas” de emergência são, quasesempre, o lugar de primeiro contato do paciente com ohospital. Na Inglaterra e em Cingapura, por exemplo, eramchamados de Casualty and Accident Unit, o que reflete opropósito para que foram criados – unidades de atendi-mento para vítimas de trauma. Em outros lugares, servi-ram para atender a pequenas queixas, como resfriados, oupara quando os ambulatórios estavam fechados. O DE mo-derno atende a vários pacientes, incluindo casos clínicos,cirúrgicos, obstétricos, pediátricos e psiquiátricos.

Em lugares onde não existe a especialidade e/ou capa-citação específica em ME, a formação dos médicos atuan-tes é muito variável. Em maiores centros hospitalares e emgrandes centros acadêmicos, os pacientes normalmente sãotratados pelo médico especialista mais pertinente a suaqueixa. Ou seja, se o paciente vai ao hospital por dor torá-cica, será tratado por um cardiologista; por outro lado, obaleado será cuidado pelo cirurgião do trauma. Isso podefuncionar bem, porém, em certos casos, o paciente pode serincorretamente referido a um clínico geral por sua dor ab-dominal, quando realmente é um caso cirúrgico. Assim,esse sistema tem o potencial para diagnósticos mais tar-dios, provavelmente, com maior morbidade.

Nos menores centros o atendimento é muito variável.Os médicos que trabalham nos DE têm formações muitodiversas. Alguns são recém-formados e muitos trabalhamsomente como uma forma de suplementar a baixa remune-ração de seus empregos primários. Sem incentivo para seempenharem mais e sem obrigação de terem qualquer trei-namento em atendimento às emergências, cria-se uma si-tuação bastante preocupante e perigosa.

Infelizmente, o Conselho Federal de Medicina aindanão emitiu um parecer específico sobre o assunto. Todos fi-cariam surpresos se soubessem que um obstetra estava real-izando neurocirurgias ou um pneumologista estavaoperando uma apendicite aguda. Entretanto, admitir queem nosso país quase todas as emergências têm profissionaistreinados de forma inadequada não parece causar espanto,o que julgamos inadmissível.

SISTEMAS DE TRIAGEM HOSPITALAR

A ordem em que os pacientes são atendidos dependemuito de cada hospital. Em países como o Vietnã e o Pa-quistão, onde os recursos são muito limitados e onde o go-verno não tem um sistema de seguro de saúde nacional, so-mente aqueles com condições financeiras para pagarem aconsulta recebem tratamento. Em outros hospitais, os pa-cientes são cuidados conforme sua hora de chegada, fre-qüentemente deixando pacientes mais críticos para o finalda lista. O melhor sistema é aquele que utiliza critérios detriagem para dar prioridade a pacientes mais críticos, comofoi feito na medicina militar, discutida anteriormente.

Existem vários algoritmos de triagem, como o START(usado em desastre de múltiplas vítimas), o ESI (EmergencySeverity Index), usado nos EUA, e o NTS (National TriageScale), usado na Austrália (Tabela 1.II). São critérios sim-ples que permitem uma avaliação rápida e objetiva.

E para onde é que os pacientes vão depois de passarempelos DE? Alguns lugares têm sistemas bem integrados,dando-lhes a capacidade de determinar as urgências dosatendimentos, referindo pacientes para avaliação médicaem ambulatório. Outros utilizam o atendimento dos espe-cialistas para determinarem a baixa do paciente. Nessespaíses, como na Índia por exemplo, os médicos “emergen-cistas” servem como mensageiros, raramente tomando de-cisões autônomas de tratamento e sim chamando o consul-tor que frequentemente leva o paciente ao leito após umabreve estadia no pronto-socorro.

Em países onde a medicina de emergência tem fortepresença, como nos EUA, os emergencistas têm a capaci-dade não só de tratar e estabilizar seus pacientes, mas detomar a decisão final quanto ao seu encaminhamento. Ob-viamente, é desejável cultivar um bom relacionamento en-tre o emergencista e os outros especialistas e médicos dospacientes, a fim de evitar conflitos nessa determinação.

MEDICINA DE EMERGÊNCIA COMO ESPECIALIDADE

Treinamento/residência

Mais de 30 países reconhecem a medicina de emergên-cia como especialidade. A residência dura entre 3 e 4 anosna maioria dos países, mas até 7 a 8 anos em lugares comoa Jordânia e a Austrália. Em alguns países como o Líbano,

Grau Severidade Atendimento

1 Ressuscitação Imediato

2 Emergente Minutos (< 10)

3 Urgente 30 minutos

4 Semi-urgente 1 hora

5 Não-urgente 2 horas

Tabela 1.II – National Triage Scale (NTS)

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 3

Page 4: Medicina de Emergncia No Mundo

PRONTO-SOCORRO nn SEÇÃO I – INTRODUÇÃO E CONCEITOS IMPORTANTES4

onde a residência ainda não se desenvolveu, mas onde re-conhecem a importância de um treinamento específico, épreciso então ter experiência de trabalho em departamen-tos de emergência. Dois currículos (da Austrália e dosEUA) ilustram o conteúdo do processo de capacitação daespecialidade (Tabelas 1.III e 1.IV). O treinamento inclui onecessário para ressuscitação e estabilização de casos demedicina intensiva, de cirurgia, de gestantes e de pediatria.A residência tem seu aspecto didático e prático também.

A certificação de especialista depende do país e se a es-pecialidade é reconhecida oficialmente. Nos lugares onde amedicina de emergência é oficializada, geralmente se requerum exame escrito e/ou oral e, em muitos casos, também énecessário completar um critério mínimo de educação con-tinuada a cada ano. Outros programas, como no estado deKerala, na Índia, os treinamentos são validados por meio deconvênios com instituições internacionais e seus respectivoscertificados. Com cada vez maior reconhecimento por dire-tores de hospitais e pela comunidade médica, esses médicosformados são mais valorizados no mercado de trabalho.

Associações

Uma boa maneira de incentivar o crescimento da me-dicina de emergência é juntar-se com outros médicos damesma filosofia. Foi assim que muitos países começarama criar uma comunidade de médicos emergencistas que semotivaram a estabelecer seu nicho e ganhar reconheci-mento nacional e internacional. Alguns exemplos incluemo ACEP (American College of Emergency Physicians), aJAAM (Japan Association for Acute Medicine), a BAEM(British Association for Accident and Emergency Medici-ne) e a PCEMAC (Philippine College of Emergency Me-dicine and Acute Care), nas Filipinas. O ACEP inclusivetem uma organização mundial cujo objetivo é discutir edar suporte à medicina de emergência no mundo (Inter-national Section of ACEP). No Brasil, em abril de 2008 foi

criada a ABRAMEDE – Associação Brasileira de Medicinade Emergência.

Periódicos

O estabelecimento de um periódico prova a presençada especialidade na comunidade médica e estimula o cres-cimento da pesquisa e do academicismo na medicina. Alémde vários países desenvolvidos, é crescente o número depaíses em desenvolvimento com periódicos em emergên-cias (p.ex., Coréia do Sul e China).

Remuneração

Os emergencistas são remunerados de acordo com oestado da especialidade no país. Em lugares onde a medici-na de emergência não existe oficialmente, os departamen-tos de emergência oferecem a oportunidade de se ganharum salário suplementar e os médicos são pagos como plan-tonistas, por hora de trabalho. Por outro lado, em paísescomo Austrália e Canadá, os emergencistas recebem salá-rios anuais fixos ou ganham de acordo com o tratamentodado a cada paciente. Algumas vezes, os médicos são pagospelo hospital, pela universidade associada ao departamen-to ou por cooperativas.

Ano na residência Disciplina Duração

1o a 2o Anatomia –

(teórico) Patologia –

Fisiologia –

Farmacologia –

Exame primário

3o a 8o Disciplina Duração

(prático/clínico) Departamento de emergência 2 anos

Pediatria 6 meses

Anestesiologia 2 anos e 6 meses

Cardiologia

Medicina intensiva

Outras especialidades

Exame de certificação

Tabela 1.III – Currículo de medicina de emergência na Austrália

Ano na residência Disciplina Duração

1o a 2o Departamento de emergência 11 blocos

Pediatria 3 blocos

Cirurgia do trauma 1 bloco

Medicina geral 1 bloco

Ortopedia 1 bloco

Oftalmologia/otorrinolaringologia 1 bloco

Obstetrícia/ginecologia 0,5 bloco

Ultra-sonografia 0,5 bloco

Neurologia 0,5 bloco

Anestesiologia/via aérea 0,5 bloco

UTI de medicina 1 bloco

UTI de cardiologia 1 bloco

UTI de cirurgia 1 bloco

UTI de pediatria 1 bloco

3o a 4o Departamento de emergência 16 blocos

Pediatria 1 bloco

Ultra-sonografia 1 bloco

Unidade de queimados 1 bloco

Pesquisa 1 bloco

Administração 1 bloco

Toxicologia 1 bloco

Pré-hospitalar 0,5 bloco

Optativos 2 blocos

Exame de certificação

Tabela 1.IV – Currículo de medicina de emergência na SUNY

Downstate/Kings County Hospital em Brooklyn,

Nova Iorque, EUA (1 bloco = 4 semanas)

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 4

Page 5: Medicina de Emergncia No Mundo

CAPÍTULO 1 – MEDICINA DE EMERGÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO 5

Interação com outras especialidades

O campo da medicina freqüentemente é muito rígidoquanto às suas normas e estrutura. Isso dificulta mudançasde paradigma. A medicina de emergência desloca muitosprofissionais de suas tradicionais responsabilidades e áreasde atuação, gerando muita resistência ao estabelecimentoda especialidade. Visto de outra forma, porém, o emergen-cista alivia a carga dos outros especialistas para poderemcuidar de pacientes internados e particulares. O emergen-cista facilita o trânsito dos pacientes que passam pelo pron-to-socorro de forma mais eficaz, estando presente para oatendimento imediato, evitando que outros médicos te-nham que se deslocar de seus postos. O especialista deemergência, tendo formação em todos os tipos de pacien-tes, pode chegar mais rapidamente a um diagnóstico semprecisar passar pela mão de vários consultores diferentes.

Subespecialidades e áreas de interesse

Em países onde a medicina de emergência é bem avan-çada, já surgiram áreas de foco e subespecialização. Entre elas,emergências pediátricas, hiperbáricas, medicina do esporte,medicina pré-hospitalar, medicina de emergência internacio-nal, ultra-sonografia, toxicologia e preparo para desastres sãoalguns exemplos. Nos Estados Unidos, várias subespecialida-des são reconhecidas e validadas com um exame de certifica-ção oficial. A medicina de emergência cria acesso ao sistemade saúde, educa os pacientes, serve como ponto de controlepara doenças infecciosas e saúde pública e está à frente doatendimento em incidentes com múltiplas vítimas. De todasas especialidades, a medicina de emergência é uma das únicascuja área de atuação é cada vez mais abrangente.

MEDICINA DE EMERGÊNCIA NO BRASIL

Existem 58 especialidades médicas reconhecidas noBrasil e, infelizmente, a medicina de emergência (ME) nãoé uma delas, o que é grave e necessita urgentemente ser re-visto pelos órgãos competentes do Brasil.

A medicina de urgência, assim denominada pela Socie-dade Brasileira de Clínica Médica, foi criada como área deatuação, e não como especialidade médica. Após ter sidoaprovado na prova de título em clínica médica, o profissio-nal está apto a realizar uma prova específica para medicinade urgência. No entanto, profissionais que atuam comoemergencistas não aceitam que apenas uma prova possa le-var ao conhecimento necessário que uma especialidade tãocomplexa exige. Cursos para aperfeiçoamento e treinamen-to dos profissionais que atuam nos departamentos de emer-gência estão começando a surgir, porém a melhor forma dese obter uma capacitação adequada é pela regularização daespecialidade, pois só assim novas residências surgirão. Osmédicos emergencistas lutam para o reconhecimento daME como especialidade no Brasil.

Diante de um acidente de trânsito, um trauma cra-niencefálico, uma intoxicação, um infarto agudo do mio-cárdio, dentre outras inúmeras patologias agudas e muitasvezes graves, pacientes e familiares ficam extremamente an-siosos, apreensivos, crendo que o atendimento prestado es-

teja sendo feito por um profissional capaz, o que hoje mui-tas vezes não acontece. Como ocorre nas outras áreas damedicina, os atendimentos nos DE demandam a atuaçãode médicos que possuam uma formação específica que lheshabilite para a prática da ME. Também é importante queesses médicos não considerem os plantões apenas comoum trabalho secundário para aumento da renda ou como aporta de entrada para conseguirem fazer parte do corpoclínico de um hospital.

O emergencista é o médico que a vítima não tem tem-po de escolher. Todos os que se propõem a atuar nessa áreadevem estar preparados para lidar com as surpresas que asemergências reservam.

Residência em medicina de emergência

Porto Alegre possui a primeira residência de ME do Bra-sil, com 11 turmas formadas, totalizando mais de 45 profis-sionais especializados. Embasada no modelo americano,possui 3 anos de duração e dispõe de 6 vagas anuais fomen-tadas pela Prefeitura Municipal dessa cidade. Mesmo sem aaprovação da especialidade pelo Conselho Federal de Medi-cina (CFM), o reconhecimento desses médicos no Estado doRio Grande do Sul é fato consumado, e esses profissionaistêm ingresso imediato no mercado de trabalho. O Estado doCeará inaugurou, no mês de maio de 2008, sua residência emmedicina de emergência, oferecendo 6 vagas para os primei-ros residentes desta instituição. Outras residências estão sen-do criadas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Ensino de emergência na graduação

Várias universidades do Brasil têm estrutura montadapara residência de emergência. Entretanto, em muitas de-las, existe estatuto com normas e regras que não permitemresidência que não seja reconhecida pela Comissão Nacio-nal de Residência Médica (CNRM) e cuja atuação não sejareconhecida pela AMB. Isso levou algumas instituições, porexemplo, a Faculdade de Medicina da USP, a investir nagraduação e na pós-graduação stricto sensu. Em 1992, aFMUSP criou a disciplina de emergências clínicas, que pas-sou a ter currículo próprio com todo o sistema hierárquicouniversitário (preceptores, médicos assistentes, superviso-res, docentes, livre-docentes e professor titular). Hoje, elainclui a emergência (com quase 300.000 atendimen-tos/ano), 2 unidades de terapia intensiva (somam 26 lei-tos), unidade de retaguarda de pacientes graves da emer-gência (somam 46 leitos) e laboratório de habilidades(dezenas de manequins para treinamento prático).

Pós-graduação stricto sensu(mestrado, doutorado e pós-doutorado)

Apesar de ser considerada uma ferramenta acessória, após-graduação stricto sensu permite a verdadeira produçãode conhecimento em determinada área. Para se ter umaidéia da importância disso, basta cruzar as melhores univer-sidades do mundo com aquelas que mais têm pós-gradua-ção e publicação de periódicos; elas são absolutamentecoincidentes. Foi com essa visão estratégica que, em 1997, a

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 5

Page 6: Medicina de Emergncia No Mundo

PRONTO-SOCORRO nn SEÇÃO I – INTRODUÇÃO E CONCEITOS IMPORTANTES6

FMUSP abriu a pós-graduação específica em emergênciasclínicas, tanto experimental quanto clínica. Hoje, há váriaslinhas de pesquisa, como choque, solução hipertônica naemergência, neuroproteção, arritmias e, mais recentemente(2007), parada cardiorrespiratória, acidente vascular cere-bral e neutropenia febril.

Associações

A ABRAMEDE (Associação Brasileira de Medicina deEmergência), criada em 2008, é a maior entidade represen-tativa da ME no Brasil. Também existem representações desociedades de ME em outros Estados brasileiros, como aAssociação de Medicina de Emergência do Rio Grande doSul (AMERS), em Porto Alegre, a Sociedade Cearense deMedicina de Urgências (SOCEMU), em Fortaleza e a re-centemente fundada regional do Paraná (Curitiba).

Congresso Brasileiro de Emergência

No ano de 2007, foi realizado em Gramado/RS o pri-meiro Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência,com mais de 700 participantes, nacionais e internacionais.O Congresso foi um sucesso, basicamente devido ao desejoe à necessidade de se ter também no Brasil profissionaisqualificados para atuarem nos setores de emergência doshospitais da rede pública e privada. O emergencista é o mé-dico que não pode ser escolhido em caso de uma enfermi-dade; será aquele que estiver a disposição nos DE existentes.

Atuação

A ME não é uma especialidade necessária apenas nointra-hospitalar. Novas áreas para atuação estão surgindo eprofissionais especializados, conseqüentemente, são requi-sitados. Os atendimentos extra-hospitalares, representadospor equipes como o SAMU (Serviço de Atendimento Mó-vel de Urgência) e os transportes aeromédicos são grandesexemplos da ME fora do âmbito hospitalar. Quando o ser-viço avançado (médico, condutor e enfermeiro) é solicita-do, o profissional deve estar preparado para atender qual-quer tipo de patologia. Saber quais os passos que devem sertomados de forma ágil, ter habilidades manuais, equilíbrioe tranqüilidade são qualidades imprescindíveis. O emer-gencista deve ter uma visão geral do paciente para poderdetectar, rapidamente, as causas que podem levá-lo a óbito.

Locais de trabalho

Materiais básicos como desfibriladores, materiais parasuporte avançado de vias aéreas, eletrocardiógrafos, apare-lhos de radiografia, aparelhos de monitoração invasiva enão-invasiva, oxímetros, ventiladores mecânicos, ecógra-fos, tomógrafos multislices, radiologia intervencionista deemergência, salas de hemodinâmica etc. não são encontra-dos em grande parte dos DE. Inúmeros são os profissionaisque carecem de capacitação para o manuseio e interpreta-ção desses equipamentos, intensificando, dessa forma, aausência desses maquinários. A padronização dos DE deve

ser imediata, principalmente nos locais que são referênciapara o atendimento de pacientes graves.

Remuneração

A esmagadora maioria dos DE do Brasil é compostapor profissionais que desempenham um trabalho secundá-rio e provisório, muitas vezes dissociados de suas especiali-dades de formação. Assim, a desvalorização dessa área favo-rece a remuneração precária, o que obriga o emergencista atrabalhar em mais de um local, por longas jornadas, paraobter um salário razoável. Tal fato gera estresse físico emental, o que coloca em risco não só a segurança do médi-co, mas também seu atendimento ao paciente.

Perspectiva

Na esperança de que o reconhecimento da especialida-de no Brasil seja breve, o futuro da ME é promissor. Umgrande passo que evidencia o esforço desses profissionaispara legitimar a ME como especialidade pode ser caracte-rizado pela Carta de Gramado, um abaixo-assinado redigi-do no primeiro Congresso Brasileiro de Medicina de Emer-gência, ocorrido em setembro de 2007, e entregue àComissão Mista de Especialidades Médicas. Tal feito tem ointuito de proporcionar aos pacientes uma consulta comprofissionais preparados para atenderem quaisquer adver-sidades nas salas de emergências; o médico emergencista éaquele que o paciente não tem tempo de escolher.

O futuro da medicina de emergência

A pressão sobre o sistema de saúde moderno é grande,sendo cada vez maior o volume de pacientes e novas patologiastrazidas por uma sociedade globalizada. A alteração climática,o terrorismo e a industrialização geram novos problemas degrande porte, afetando muitas pessoas simultaneamente. A co-munidade médica tem a responsabilidade de criar soluçõespara essas demandas. A medicina de emergência orgulha-seem desenvolver esse papel. Nossos governantes estão progres-sivamente reconhecendo a necessidade de terem profissionaiscapacitados para providenciarem alta qualidade de atendi-mento nas emergências. O progresso internacional da especia-lidade demonstra que a medicina de emergência é importantee que continuará crescendo por muitos anos.

O II Congresso Brasileiro de Emergência

No segundo semestre de 2009, em Fortaleza/CE, acon-tecerá o II Congresso Brasileiro de Medicina de Emergên-cia. Médicos emergencistas e pesquisadores de várias partesdo mundo estarão presentes, inclusive representantes dosmais importantes órgãos competentes e responsáveis pelamedicina de emergência no mundo.

Espera-se que, até lá, a emergência já esteja regulamen-tada como especialidade no Brasil. As autoridades não po-dem fechar os olhos para essa grave realidade e, de fato, queos órgãos competentes do Brasil possam enfim discutir edebater o assunto de forma clara e democrática.

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 6

Page 7: Medicina de Emergncia No Mundo

CAPÍTULO 1 – MEDICINA DE EMERGÊNCIA NO BRASIL E NO MUNDO 7

LEITURA ADICIONAL

1. Abbadi S, Abdallah AK, Holliman CJ. Emergency medicine in Jordan.Ann Emerg Med 1997; 30: 319-21.

2. Aghababian RV, Levy K, Moyer P, et al. Integration of United Statesemergency medicine concepts into emergency services in the New Inde-pendent States. Ann Emerg Med 1995; 26: 368-75.

3. Alagappan K, Holliman CJ. History of the development of internationalemergency medicine. Emerg Med Clin North Am 2005; 23(1): 1-10.

4. Alagappan K, Schafermeyer R, Holliman CJ, Iserson K, Sheridan IA, Ka-pur GB, et al. International emergency medicine and the role for acade-mic emergency medicine. Acad Emerg Med 2007; 14(5): 451-6.

5. Arnold JL. International emergency medicine and the recent develop-ment of emergency medicine worldwide. Ann Emerg Med 1999; 33(1):97-103.

6. Benson M, Koenig KL, Schultz CH. Disaster triage: START, then SAVE –a new method of dynamic triage for victims of a catastrophic earthqua-ke. Prehosp Disaster Med 1996; 11(2): 117-24.

7. Beveridge RC. Emergency medicine: a Canadian perspective. AnnEmerg Med 1995; 26: 504-7.

8. Bresnahan KA, Fowler J. Emergency medical care in Turkey: current sta-tus and future directions. Ann Emerg Med 1995; 26: 357-60.

9. Bullard MJ, Liaw SJ, Chen JC. Emergency medicine development in Tai-wan. Ann Emerg Med 1996; 28: 542-7.

10. Cameron PA, Bradt DA, Ashby R. Emergency medicine in Australia.Ann Emerg Med 1996; 28: 342-6.

11. Celso B, Tepas J, Langland-Orban B, Pracht E, Papa L, Lottenberg L, etal. A systematic review and meta-analysis comparing outcome of seve-rely injured patients treated in trauma centers following the esta-blishment of trauma systems. J Trauma 2006; 60(2): 371-8.

12. David SS, Vasnaik MTVR. Emergency medicine in India: why are weunable to ‘walk the talk’? Emerg Med Australas 2007; 19(4): 289-95.

13. Ezaki T, Hashizume M. Emergency medicine in Japan. A look at a cur-rent university hospital and the problems faced. Emerg Med Australas2007; 19(4): 296-9.

14. Gaitan M, Mendez W, Sirker N. Growing pains: status of emergency me-dicine in Nicaragua. Ann Emerg Med 1998; 31: 402-5.

15. Gebhart ME, Pence R. START triage: does it work? Disaster Manag Res-ponse 2007; 5(3): 68-73.

16. Kirsch TD, Hilwig WK, Holder Y, et al. Epidemiology and practice ofemergency medicine in a developing country. Ann Emerg Med 1995;26(3): 361-7.

17. Lim SH, Anantharaman V. Emergency medicine in Singapore: past, pre-sent, and future. Ann Emerg Med 1999; 33(3): 338-43.

18. MacFarlane C, van Loggerenberg C, Kloeck W. International EMS systemsin South Africa-past, present, and future. Resuscitation 2005; 64(2): 145-8.

19. Mann NC, Mullins RJ, MacKenzie EJ, Jurkovich GJ, Mock CN. Systema-tic review of published evidence regarding trauma system effectiveness.J Trauma 1999; 47(3 Suppl): S25-33.

20. Mehdi IJ. Emergency medicine in Pakistan. Ann Emerg Med 1996; 27:84-8.

21. Meskin S, Huyler F, Gupta SK, et al. Delivery of emergency medical ser-vices in Kathmandu, Nepal. Ann Emerg Med 1997; 29: 409-14.

22. Moecke H. Emergency medicine in Germany. Ann Emerg Med 1998; 31:111-5.

23. Musharafieh R, Bu-Haka R. Development of emergency medicine in Le-banon. Ann Emerg Med 1996; 28: 82-6.

24. National Registry of Emergency Medical Technicians. Disponível em:www.nremt.org.

25. Nikkanen HE, Puges C, Jacobs LM. Emergency medicine in France. AnnEmerg Med 1998; 31: 116-20.

26. Raftery KA. Emergency medicine in Southern Pakistan. Ann EmergMed 1996; 27: 79-83.

27. Richards J. Emergency medicine in Vietnam. Ann Emerg Med 1997; 29:543-5.

28. Ronald Reagan Institute of Emergency Medicine – International Medi-cine Update. Disponível em: www.gwemed.edu/1189932253869.html.

29. Rutherford WH, Evans RC. Accident and emergency medicine in theUnited Kingdom. Am J Emerg Med 1983; 1: 107-9.

30. State University of New York at Downstate – Residency in EmergencyMedicine: Curriculum. Disponível em: www.downstate.edu/emer-gency_medicine/EM.html.

31. Wuerz RC, Milne LW, Eitel DR, Travers D, Gilboy N. Reliability and va-lidity of a new five-level triage instrument. Acad Emerg Med 2000; 7(3):236-42.

Cap 001 09.05.08 14:22 Page 7