MEDIDA CAUTELAR SEPARAÇÃO DE CORPUS

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  • 8/2/2019 MEDIDA CAUTELAR SEPARAO DE CORPUS

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    MEDIDA CAUTELAR SEPARAO DE CORPUS

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA ESPECIALIZADA DEFAMLIA DA COMARCA DE ______________

    MARIA, brasileira, casada, assistente administrativa, portadora da cdula de identidade RG n.1.440.440-4, expedida pela SSP/MT, inscrita no CPF/MF sob o n. 440.440.040-40, residente edomiciliada na Rua So Jos n. 40, Bairro Jardim Paulicia, Cuiab - MT, Fone 9640 4040, por condutoda Defensoria Pblica do Estado de Mato Grosso, vem, respeitosamente, presena de VossaExcelncia para, com fundamento nos artigos 798 e 888, inciso VI, do Cdigo de Processo Civil propora presente

    MEDIDA CAUTELAR DE SEPARAO DE CORPOS

    em face de JOO, brasileiro, portador da cdula de identidade RG n 040.040, expedida pela SSP-MT,inscrito no CPF/MF sob o n. 040.040.040-40, residente e domiciliado na Rua So Luis n. 40, bairroJardim Paulicia, Cuiab - MT, pelos fundamentos fticos e jurdicos a seguir delineados:

    IDOS FATOS

    A Requerente e o Requerido contraram matrimnio em 07 de junho 2000, sob o regime da comunhoparcial de bens, consoante se infere da inclusa Certido de Casamento.

    Desta unio nasceu uma (01) filha:

    JOANA ALMEIDA, em 05.03.2002.

    O casamento que a princpio afigurava-se proveitoso para ambos os cnjuges, comeou a se definharface s atitudes nefastas, inconseqentes e desairosas do Requerido, o qual passou a seviciar e desprezara convivente-mulher, ora Requerente, negando-se ao dbito conjugal e ou "crdito conjugal", na lio do

    festejado Mrio de Aguiar Moura.Na verdade, desde os primeiros dias aps a celebrao do casamento, a convivncia entre o casal noteve a harmonia desejada, tornando-se insuportvel a vida em comum.

    O casal em questo est separado de corpos h (08) oito dias, tendo a vida em comum se tornadoinsuportvel, em decorrncia da incompatibilidade de gnios, afigurando-se impossvel qualquerreconciliao, sendo certo e verdadeiro que a separao a vontade da Requerente, posto que nosuporta mais esta situao, apesar de no ter formalizada em Juzo ainda.

    Melhor esclarecendo, o casal conviveu relativamente bem nos primeiros meses do casamento, a partir do

    que o Requerido passou a dispensar tratamento de violncia Requerente e aos seus filhos, perdendototalmente o controle emocional, cada vez com mais freqncia.

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    Assente-se, por oportuno, que enquanto a Requerente permaneceu sob o jugo inclemente e desumano doRequerido, era destratada e humilhada pelo cnjuge varo, o qual lhe irroga um rosrio de nomesdegradantes e vis, sequer passveis de transcrio em razo de seu cunho altamente pejorativo eaviltante.

    o Requerido pessoa de alta periculosidade, trazendo prejuzos concretos a mulher e filha, quando osagride fsica e moralmente.

    A par disso vive a Autora numa situao de total constrangimento no s perante sua famlia, mastambm em relao as vizinhas.

    Teme a Requerente pela segurana, em especial da mesma e da filha do casal, a qual constantemente,alm de presenciarem as investidas de seu genitor contra a Requerente, so igualmente ameaados pelomesmo.

    Esse estado de coisas no pode perdurar uma vez que o prejuzo sentido na prole muito grande, pois afilha obrigada a presenciar agresses de seu prprio pai, quando o mesmo, invertendo a situao, tentadenegrir a imagem da me perante a mesma.

    Entrementes a Requerente no tem outro lugar para morar, sendo casa onde fixa residncia seu nicobem, e no pode desfazer deste, sob pena de seus filhos ficarem sem lugar para morar.

    Assim, obstado o convvio familiar, a Requerente no se sente em condies psicolgicas de que seumarido permanea sob o mesmo teto conjugal dela e de sua filha, quando ento busca a presenteseparao de corpos como medida preparatria da Ao Principal de Separao Litigiosa a ser propostano prazo preconizado em lei, at porque surge a questo cautelar na espcie enfocada.

    Melhor esclarecendo, em razo do ambiente malso, insuportvel e intolervel criado pelo Requerido namorada comum, impe-se sua sada imediata e compulsria, reintegrando-se pelo mesmo mandado aRequerente, a qual encontra-se ao relento, obviando-se, dessarte, que atente novamente contra aintegridade fsica da autora (deveras combalida), reputando-se, tal providncia (banimento do requeridodo lar conjugal), como impostergvel e impretervel, de extrema urgncia.

    O esprito da lei exatamente este, dar guarida pretenso que melhor acomode os interesses dafamlia, notadamente o da filha.

    Em verdade, o afastamento do cnjuge, ora Requerido, do lar conjugal, o que melhor atende convenincia e comodidade da filha e do prprio casal.

    IIDO DIREITO

    O CDIGO DE PROCESSO CIVIL, ao tratar da separao de corpos, dispe:

    Art. 888. O juiz poder ordenar ou autorizar, na pendncia da ao principal ou antes de sua propositura:

    VI - o afastamento temporrio de um dos cnjuges da morada do casal;VII - a guarda e a educao dos filhos, regulado o direito de visita;

    Art. 889. Na aplicao das medidas enumeradas no artigo antecedente observar-se- o procedimento

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    estabelecido nos arts. 801 a 803.

    O CDIGO CIVIL, ao tratar do casamento, dos deveres dos cnjuges, da dissoluo da sociedade e dovnculo conjugal, preceitua:

    Art. 1.511. O casamento estabelece comunho plena de vida, com base na igualdade de direitos edeveres dos cnjuges.

    Art. 1.562. Antes de mover ao de nulidade de casamento, a de anulao, a de separao judicial, a dedivrcio direto ou a de dissoluo de unio estvel, poder requerer a parte, comprovando suanecessidade, a separao de corpos, que ser concedida pelo juiz com a possvel brevidade.

    Art. 1572. Qualquer dos cnjuges poder propor a ao de separao judicial, imputando ao outroqualquer ato que importe grave violao dos deveres do casamento e torne insuportvel a vida emcomum.

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    2 O cnjuge pode ainda pedir a separao judicial quando o outro estiver acometido de doena mentalgrave, manifestada aps o casamento, que torne impossvel a continuao da vida em comum, desdeque, aps uma durao de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvvel.

    Art. 1573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunho de vida a ocorrncia de algum dosseguintes motivos:

    I - adultrio;II - tentativa de morte;III - sevcia ou injria grave;IV - abandono voluntrio do lar conjugal, durante um ano contnuo;V - condenao por crime infamante;VI - conduta desonrosa.

    Pargrafo nico. O juiz poder considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vidaem comum.

    Art. 1576. A separao judicial pe termo aos deveres de coabitao e fidelidade recproca e ao regimede bens.

    Pargrafo nico. O procedimento judicial da separao caber somente aos cnjuges, e, no caso deincapacidade, sero representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmo.

    Art. 1577. Seja qual for a causa da separao judicial e o modo como esta se faa, lcito aos cnjugesrestabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juzo.

    Pargrafo nico. A reconciliao em nada prejudicar o direito de terceiros, adquirido antes e durante oestado de separado, seja qual for o regime de bens.

    Na mesma esteira, a LEI DO DIVRCIO (Lei n. 6.515/77), ao tratar da separao de corpos, assevera:

    Art. 7 A separao judicial importar na separao de corpos e na partilha de bens.

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    1 A separao de corpos poder ser determinada como medida cautelar (art. 796 do Cdigo deProcesso Civil). 2 A partilha de bens poder ser feita mediante proposta dos cnjuges e homologada pelo juiz ou poreste decidida.

    A propsito, analisando questo semelhante os Tribunais Ptrios assim decidiram:

    Cautelar de separao de corpos - Providncia que a razo aconselha - Inconvenincia e perigo da vidaem comum sob o mesmo teto - Medida que deve ser antes concedida que negada. (3 Cm. Civil doTJSP, AI 57.756-1, Rel. Penteado Manente)

    VIDA EM COMUM INTOLERVEL - Como medida provisional, o Juiz poder ordenar ou autorizar,na pendncia da ao de separao judicial do casal ou mesmo antes de sua propositura, o afastamentotemporrio de um dos cnjuges do lar conjugal, atendidas as peculiaridades do caso, at deciso final ouulterior deliberao em contrrio, objetivando impedir a ocorrncia de mal maior, de ofensas fsicas ou

    morais, em detrimento no s do casal como tambm dos filhos, em face do natural constrangimentodecorrente do pedido de separao e dissoluo da sociedade conjugal. (TJSC - Ac. unn. da 2 Cm.Civ. - AI 3.591 - Rel. Des. Rubem Crdoval)

    Cautelar de guarda provisria de filho menor - Separao de corpos deferida aos pais - Convenincia desua permanncia com a me. (RJTJSP, 57/172)

    MENOR DE TENRA IDADE - At a puberdade, carece o filho do amparo efetivo da genitora. Tendoambos os pais inquestionvel comportamento moral e assistencial perante o filho em tenra idade, deve aguarda ser conferida me. (TJRJ - Ac. unn, 6 Cm. Civ. - Ap. 874/87 - Rel. Des. Pestana de Aguiar)

    Na espcie, ficou demonstrado que o marido deve ser afastado, permanecendo na casa a mulher e suanica filha.

    IIIDO OBJETO DA LIDE PRINCIPAL

    Nos termos do artigo 806 do Cdigo de Processo Civil, a Requerente ir propor no prazo legal, a aoprincipal de Separao Judicial, em conformidade com o disposto pela Lei n 6.515/77, artigo 2, incisoIII, c/c artigo 5.

    IVDO PEDIDO LIMINAR

    Por seu turno, o outro requisito, o do fumus boni juris tambm se acha presente na exposio do textoexpresso da lei material, bem como do Cdigo de Processo Civil, e ainda, examinado na doutrina e na

    jurisprudncia.

    O tema envolve questo imediata e crucial famlia e a demora na concesso do pedido poder causargravames a todos, fato esse que revela o periculam in mora exigido para concesso em carter initiolitis.

    Atendidos, destarte, os pressupostos concesso liminar, a Autora, nesta oportunidade invoca estedireito e requer expressamente o deferimento.

    VDA JUSTIA GRATUITA

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    Por fim, a Requerente atravessa difcil situao financeira, de tal sorte que no tem condies de arcarcom as custas processuais, sem o prejuzo do sustento prprio ou de sua filha, razo porque, nos termosdo artigo 1, 2, da Lei 1.060/50, se faz necessrio sejam concedidos os benefcios da justia gratuita Interessada, sob pena de, em caso de indeferimento, inviabilizar o acesso justia, no momento em que

    dela se necessita.

    VIDO PEDIDO

    ISTO POSTO REQUER:

    a) Sejam concedidos Requerente, de plano, os Benefcios da Justia Gratuita, face a mesma no tercondies econmicas e/ou financeiras de arcar com as custas processuais e demais despesas aplicveis espcie, honorrios advocatcios, sem prejuzo prprio ou de sua famlia, nos termos da inclusadeclarao de pobreza, na forma do artigo 4 da Lei n. 1.060, de 05 de fevereiro de 1950, e artigo 1, daLei n. 7.115, de 29 de agosto de 1983;

    b) Seja, com a urgncia que o caso est a reclamar, em face da gravidade dos fatos aqui esposados,concedida, in limine litis e inaudita altera pars, portanto sem a perquirio da parte ex adversa, ocompetente mandado de afastamento coercitivo do cnjuge varo da morada comum, banindo-o dareferida residncia somente com seus pertences de uso pessoal, bem como advertindo-o, expressamente,que o retorno ao lar, ao desabrigo de ordem judicial, importar em crime de desobedincia, compossibilidade de priso em flagrante;

    c) Seja pelo mesmo mandado reintegrada a Requerente na morada, eis que desta necessita, para seuabrigo, da sua filha e do nascituro que carrega em seu ventre;

    d) Seja autorizado, de pronto, a requisio pelo meirinho da fora pblica necessria para ocumprimento da ordem;

    e) Seja o Requerido citado no endereo indicado no prembulo desta pea madrugadora, para, querendo,responder aos termos da presente demanda no prazo legal, sob pena de revelia, confisso e demaiscominaes legais (CPC, art. 285 e art. 319);

    f) Seja intimado o douto representante do Ministrio Pblico para, na condio de custos legis,

    intervir e acompanhar a presente demanda at o seu final, sob pena de nulidade, ex vi do artigo 82,incisos I e II, artigos 84 e 246, todos do Cdigo de Processo Civil;

    g) Sejam deferidos todos os meios de provas em direito admitidos, inclusive os moralmente legtimosque no especificados no Cdigo de Processo Civil, mas hbeis a provar a verdade dos fatos em que sefunda a presente demanda (CPC, art. 332), mormente a prova testemunhal, cujo rol ser apresentado emmomento oportuno;

    h) Seja ao final julgada procedente, mediante sentena, em carter definitivo, determinando-se aseparao de corpos do casal, com a expedio do competente alvar necessrio a consecuo dopedido;

    i) Por fim, seja o Requerido condenado a pagar as custas e demais despesas processuais aplicveis

    espcie, bem como os honorrios advocatcios.

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    Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitido, sem exceo, em especial adocumental inclusa e a apresentao de demais documentos que forem ordenados, depoimento pessoaldo Requerido e testemunhas eventualmente arroladas, reservando-se o direito de usar os demais recursosprobatrios que se fizerem necessrios ao deslinde da ao.

    D-se causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

    Termos com os quais pede e espera deferimento.

    _______________________, 25 de MAIO de 2010.