MEIA ESTRELA MEGAPRO Meia Estrela · da bondade de Cidinha, e até um ditado foi criado, daí: ‘Empregada que se doa, escrava que se leiloa’. Chegou a um ponto onde Cidinha limpava

EPISÓDIO 15MEIA ESTRELA MEGAPRO

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Meia Estrela

EPISÓDIO 15:

BALANÇA, MAS NÃO CAI

Seriado deVITOR ABOU

Escrito porRENNAN LOPES

VINICIUS GUIMARÃESVITOR ABOU

Direção deLUCAS LUCIANO

Personagens deste episódio

BOZENA LARISSA NELSINHODIRCE LÉO PATRICKFLÁVIO LORRAINE PEDROGENIVAL LÚCIO SARAHGUTA MÁRCIA VIVYHORTÊNSIA NEIDE

Participações especiais

ARANHA – VERINHA – MAURO – ELISA – MÁRIO JORGE – CELINHA – RITA– ARNALDO – ISADORA – TATALO – ADÔNIS – COPÉLIA

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações davida real terá sido mera coincidência.

Todos os direitos reservados ao autor


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CENA 1/ STOCK SHOTS/ PRAIA DE ICARAÍ/ DIA/ EXT.

O sol nascendo. A CAM sobrevoa a Praia de Icaraí. Muito movimento, pessoasna areia, correndo, vários banhistas na água, surfistas, etc.

SONOPLASTIA: O FAROL – IVETE SANGALO

CORTA PARA/

CENA 2/ APARTAMENTO DE MÁRCIA/ SALA/ DIA/ INT.

CAM OBJETIVA. Bozena passando pano no chão com o semblante fechado,cabisbaixa.

Sonoplastia cessando lentamente.

TROCA PARA:

PENSE EM MIM – GUSTTAVO LIMA

Ela vai até o rádio e aumenta o volume. Márcia chega e começa a falar, masnão escutamos nada. Bozena nem dá bola. Márcia, por fim, desliga o som.Completamente irritada.

Sonoplastia cessa de vez.

MÁRCIA – (nervosa) Ficou louca, Bozena? Isso não é horapra ouvir música nesse volume! Pessoas dormemnesse prédio.

Bozena ignora.

MÁRCIA – Ficou muda, polaca?

BOZENA – Eu não fiquei, mas a senhora bem podia ter ficado,daí! Tirou o dia pra me encher o saco, cavala?

Márcia boquiaberta.

MÁRCIA – Isso é jeito de falar com quem paga seu salário,sua paranaense desaforada? Perdeu a noção doperigo de vez? É como eu digo: Não existe maisrespeito nesse prédio! Vocês todos perderam anoção de civilidade. É um caos/


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Bozena joga a vassoura no chão. Vai se aproximando lentamente de Márcia,que recua.

BOZENA – Lá em Pato Branco havia uma empregada muitoboazinha, de nome Cidinha Vassoura. Nome não.Apelido, daí. A infeliz não sabia dizer não, donaMárcia. Pra ninguém. Fazia favores pra cidadetodinha, ajudava quem pedia. Abusavam dadesgraçada, como a senhora deve imaginar.

MÁRCIA – (receosa) Sim, mas veja/

BOZENA – (alto) NUNCA INTERROMPA UMA HISTÓRIA DEPATO BRANCO, SUA POTRA! (t) O povo abusavada bondade de Cidinha, e até um ditado foi criado,daí: ‘Empregada que se doa, escrava que se leiloa’.Chegou a um ponto onde Cidinha limpava a casa demetade da população pato branquense. Muitasvezes de graça! A pobre nem dormir podia, daí.Cidinha trabalhava muito, mas começou a namorarum açougueiro chamado Coxão Mole. Era o casalperfeito!

Márcia apenas observando, com os olhos arregalados.

BOZENA – A senhora não vai perguntar onde quero chegarcom esse causo, daí?

MÁRCIA – Você disse pra não interromper/

BOZENA – Então cala a boca, miniatura. Prosseguindo.Cidinha e Coxão Mole ficaram noivos, daí. Marcaramcasamento e convidaram os amigos e familiares.Mas no dia do casamento, o dia mais feliz da vida deCidinha, uma patroa acabou precisando dos serviçosdela. Era Bete Tijolo, chamada assim por ser donado maior material de construção da cidade. Umaexploradora! Explorava sempre a pobre da Cidinha,que mesmo no dia do casamento, por ser tãoboazinha, não conseguiu dizer não. Cidinhatrabalhou no dia que devia estar casando, daí. EPERDEU O CASAMENTO! POR CULPA DAMALDITA DA PATROA!

MÁRCIA – Coitada!


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BOZENA – Cidinha ficou furiosa e teve uma grandetransformação. Mudou o nome pra Cidão e aprendeua dizer não. Foi atrás da patroa e sequestrou-lhe.Bete Tijolo nunca mais foi vista, nunca mais podeexplorar ninguém!

Márcia assente. Bozena volta a se aproximar, transtornada.

BOZENA – Dona Márcia, hoje não é um bom dia pra mim, daí.Entendeu? Se a senhora me encher o saco eu temando pro mesmo lugar onde Bete Tijolo foi parar!

MÁRCIA – E qual é esse lugar?

BOZENA – Não sei. O corpo nunca foi achado, daí!

Bozena começa a gargalhar macabramente. Sai de perto de Márcia e sai doapartamento. Márcia completamente assustada.

MÁRCIA – Bozena enlouqueceu!

A porta se abre. Nelsinho entra.

NELSINHO – Dona Márcia, que deu na Bozena? Ela saiu comoum furacão e disse que ia encher a cara de bebida!

MÁRCIA – Bozena enlouqueceu completamente. Meameaçou de morte! Me senti pequena diante a fúriadessa polaca psicótica.

NELSINHO – Mas pequena a senhora é perante qualquer coisa,né, pô?

MÁRCIA – Você me respeite que eu sou a sua sindica!

NELSINHO – Tá. E por que você me mandou mensagem a essahora da manhã me mandando descer aqui? É sobremeu show?

MÁRCIA – Não, não é sobre aquela tentativa de assassinatoque você tem a coragem de chamar de show. Ésobre outra coisa. Nelsinho, eu estou planejandouma festa para o Santa Fátima! Pode ser de Páscoa.Quero algo bem alegre.

NELSINHO – E eu com isso? Quer que eu seja o Coelhinho?

MÁRCIA – Não, meu querido. Como você é metido nessenegócio de artista, eu queria saber se você não


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conhece nenhum grupo teatral ou algo assim. Querofazer uma apresentação pra emocionar todos osmoradores!

NELSINHO – Lá vem você querendo explorar a gente, sua anãladrona! Quanto isso vai sair pra cada morador?

MÁRCIA – Deixa de ser bruto, garoto! De graça. Vou pagartudo.

Nelsinho desconfiando.

NELSINHO – Isso só deve ter relação com a eleição do prédio.Não é? Confessa! Tá com o cu na mão com medode deixar de ser a síndica no próximo ano!

Nelsinho ri.

MÁRCIA – Reveja seu vocabulário dentro da minha casa,moleque! Não é da sua conta. Eu só quero fazer issoe pronto. Conhece algum grupo ou não?

NELSINHO – Vou dizer só porque sou gentil. Conheço um grupolá do Cavalão. Devem fazer um precinho firmeza prasenhora.

MÁRCIA – Ah! Que maravilha. Pode me passar o contato?

Nelsinho tira um cartão e uma caneta do bolso. Escreve algo no papel eentrega para Márcia, que sorri.

CORTA PARA/

CENA 3/ APARTAMENTO DE VIVY/ COZINHA/ DIA/ INT.

Vivy tira uma forma com brownies do forno. Genival ao lado, mexendo algonuma batedeira.

VIVY – Ai, Genival, ainda bem que você leva jeito pracozinhar, né? Imagina eu ter que fazer todos essesbrownies sozinha...

GENIVAL – Não precisa imaginar isso, Vivy. Fica tranquila queeu tô aqui pra te ajudar. Mas não pensa que eu voufazer tudo isso de graça, não. Mais tarde eu querominha recompensa!

Genival começa a beijar o pescoço de Vivy.


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VIVY – Safado!

Nesse momento, Patrick vem entrando e dá de cara com os dois. Em choque,ele fica parado, sem que os dois o notem.

GENIVAL – E o corno do Patrick, hein? O que me garante queele não vai descobrir nada?

VIVY – Sério que você vai lembrar dele agora? Aproveita omomento e esquece aquele galhudo.

GENIVAL – É, né? Mas quer saber, Vivy? Já não tô no climade fazer brownie, não. Eu quero outra coisa agora!

VIVY – Se for o que eu tô pensando, saiba que não é oúnico.

GENIVAL – Então o que é que a gente tá esperando?

Os dois se beijam novamente e saem. Patrick entra.

PATRICK – Vagabundos... Eu não acredito que a Vivy tavafazendo isso comigo. Ah, mas ela e esse traíra doGenival vão ver!

Patrick começa a vasculhar as gavetas do armário, até que tira uma caixa delaxante de uma delas.

PATRICK – Eles vão se cagar de medo de mim... literalmente!

Patrick joga o laxante em cima de todos os brownies. Ao terminar, começa a rire joga a caixa no lixo.

CORTA PARA/

CENA 4/ APARTAMENTO DE HORTÊNSIA/ SALA/ DIA/ INT.

Lúcio andando de um lado pro outro no apartamento, impaciente. Hortênsiachega.

HORTÊNSIA – Filhote! Firmeza?

LÚCIO – Não. Não tô firmeza.

HORTÊNSIA – Brigou com a namorada ou é problema notrabalho? Já falei pra sair daquele postinhomiserável. Ninguém merece/

LÚCIO – A senhora por acaso já olhou pela janela hoje?


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HORTÊNSIA – Pra me desanimar? Eu não. Só gente feia edesnutrida naquela praia. Prefiro me olhar noespelho!

LÚCIO – Dá uma olhada lá fora, por favor.

Hortênsia concorda, contrariada. Vaia até a janela.

HORTÊNSIA – Nossa! Quanta gente. Mais um show do faveladometido a cantor?

LÚCIO – Para de se fazer de besta, mãe! Pelo amor deDeus. Essas pessoas vieram pela senhora!

HORTÊNSIA – Por mim? É mentira! Não acredite em nenhumapalavra dessas pessoas, eu juro que não peguei omarido de ninguém!

LÚCIO – Que?

HORTÊNSIA – Tá, eu peguei. Mas nem foi minha culpa! Juro!

LÚCIO – Mãe! Sossega. Essas pessoas vieram porque oseu ensaio fotográfico foi postado na internet. Assuas fotos sem roupa! São seus fãs. Pode isso?

Hortênsia sorri.

HORTÊNSIA – Meu Deus! Eu sabia! Eu sabia que tinha nascidopra isso, meu filho! Um sucesso. Sua mamãe é umverdadeiro sucesso.

LÚCIO – Com que cara eu vou sair lá fora agora? O filho davelha que saiu pelada na internet!

HORTÊNSIA – Velho é o seu passado. Deixa de ser careta,picareta! Viva aos dias sem preconceitos. Eu sougostosa! Eu posso!

A campainha começa a tocar. Lúcio abre. Bozena entra, ignorando-o.

HORTÊNSIA – Bozena! Veio pra pedir autógrafo, né? Tudo bem.Eu dou. Dou tudo!

BOZENA – Vim pedir bebida, daí. A senhora é a maiorcachaceira desse prédio podre. Compartilha.

HORTÊNSIA – Eu? Eu não. Não bebo. Sou evangélica.


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BOZENA – Ou você compartilha ou eu desço lá e mando todaaquela gente embora.

Hortênsia cede. Vai até o sofá.

LÚCIO – Mamãe deu fim em todas as garrafas de bebida.Sinto muito, Bozena.

Hortênsia tira as almofadas do sofá, e depois a madeira do mesmo. Um grandeestoque de garrafas de bebida lá dentro. Lúcio espantado. Bozena pega duas.

BOZENA – Obrigada, dona Hortênsia.

LÚCIO – Que houve, Bozena? A Márcia tá tão insuportávelque você vai ficar como minha mãe, uma pinguça?

BOZENA – É segredo, seu enxerido!

HORTÊNSIA – O que importa é que eu tenho fãs lá embaixo!Meus lindos fãs. Será que trouxeram presentes? Ah,quero. Vou lá! Depois volto.

Hortênsia sai. Bozena começa a beber e se senta no sofá. Lúcio incomodado.

CORTA PARA/


Márcia sentada no sofá, bebendo vinho.

MÁRCIA – Já liguei pro grupo de teatro. Essa festa precisaser um arraso e eu serei reeleita a síndica dessaporcaria.

Campainha toca. Ela atende. Um homem (alto, cabelo grisalho, 64 anos) e umamulher (alta, magra, peruca loira, 48 anos) entram.

MÁRCIA – Vocês são o grupo de teatro do Cavalão? Penseique vinha mais gente!

MULHER – Nóis mesmo. E quantidade não é qualidade!

MÁRCIA – Ah, nisso eu concordo! O seu nome?

MULHER - Eu cê chama de Verinha, viu, baixinha?

MÁRCIA – Baixinha não!


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VERINHA – Tá bem, gordinha. Mas chama eu de Verinha que énome artístico. Esse é meu comparsa, digo,companheiro, o Aranha.

Aranha beija a mão de Márcia.

ARANHA – Ao seu dispor, gordinha.

MÁRCIA – Gordinha não!

ARANHA – Gordona, que seja. Onde é que nóis vaiapresentar?

MÁRCIA – (recompondo-se) No salão do prédio. Mais tarde.Preciso avisar todos os moradores ainda. Vocês têmalguma apresentação ensaiada?

VERINHA – Tem sim, baixinha. Nóis vai fazer uma surpresa praesse povo todo! Pode ser?

MÁRCIA – Claro, claro. Vocês sabem o que fazem!

Márcia sorri. Verinha e Aranha se entreolhando.

CORTA PARA/

CENA 6/ PORTARIA, EDIFÍCIO SANTA FÁTIMA/ DIA/ EXT.

Um aglomerado de pessoas no local. Jovens, idosos, homens e mulheres.Alguns com faixas ou camisetas com a foto de Hortênsia. Outros com umarevista em mãos, onde ela faz uma pose sensual. Muito barulho, pessoasfalando ao mesmo tempo. Genival e Vivy chegam com duas grandes caixas debrownies.

GENIVAL – Olha o brownie! Olha o brownie!

VIVY – O melhor brownie de toda a Niterói está aqui. Vemcomprar!

GENIVAL – Moça bonita não paga, mas também não leva!

Um rapaz vem passando e Genival se põe à frente dele.

GENIVAL – Tudo bom, meu parceiro? Vai um brownie aí?

RAPAZ – Não, obrigado. Eu só vim ver a Hortênsia darevista mesmo.

Nesse momento, Hortênsia desce do elevador e o rapaz corre até ela.

RAPAZ – Hortênsia? É você mesma?


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HORTÊNSIA – Claro, broto! Ao vivo, em HD, sem filtro, sem efeitoe sem vergonha. (p/ Genival) Ô, do brownie! Me vêdois aí, que eu vou comer lá em casa.

GENIVAL – Sim, senhora.

RAPAZ – Eu pago! Web diva Hortênsia não paga nada, sóleva.

Genival tira dois brownies da caixa e entrega para Hortênsia, que os põe dentroda bolsa. O outro rapaz entrega uma nota de vinte pra ele.

RAPAZ – Pode ficar com o troco. (p/ Hortênsia) Sou seu fãnúmero um!

Um homem de terno e gravata chega. Beija a mão de Hortênsia.

HOMEM – Se ele é o número um, eu sou o zero. Prazer,Mauro Dias. Empresário.

Hortência sorri.

HORTÊNSIA – Ô, lá em casa! (p/ o primeiro rapaz) Vaza,parafuso! Chegou um pretendente melhor.

O primeiro rapaz sai.

MAURO – Podemos conversar no seu apartamento,Hortênsia?

HORTÊNSIA – Mas é claro! Vamos.

Os dois entram no elevador. Genival e Vivy ali, confusos.

GENIVAL – Que história é essa de revista com a donaHortênsia, Vivy?

VIVY – Você não ficou sabendo? A vagaba acaba delançar um ensaio nu numa revista masculina.

GENIVAL – É sério? Caramba, não se pode esperar mais nadadessa velha. Isso tá prejudicando nossas vendas! Aspessoas passam direto!

VIVY – A gente tem que bolar um plano.

Ficam alguns segundos pensando.

VIVY – Já sei!

Vivy sobe em uma cadeira.

VIVY – (grita) Olha o brownie! Olha o brownie! E tá napromoção, hein? Na compra de dois, você leva umde graça e um beijo de língua da Hortênsia darevista. É bom ou não é?


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Uma multidão começa a se formar em volta deles. Vários homens compram osbrownies. Tempo. A multidão de espalha pela portaria. Vivy e Genival sem maisnada nas caixas.

GENIVAL – Vivy, você é um gênio!

VIVY – Eu sei, amoreco.

Um homem põe a mão na barriga.

HOMEM – Ai, meu Deus! Esse negócio tá intoxicado!

As outras pessoas começam a sentir dor na barriga.

HOMEM – Chamem a polícia pra prender esses doismarginais!

VIVY – Intoxicados? Os meus brownies? Ah, meu querido,olhe bem como você fala!

HOMEM – E você olhe bem como cozinha! Vai matar todomundo de intoxicação alimentar! Todo mundo pracima deles!

A multidão corre para cima de Genival e Vivy, linchando-os.

GENIVAL – Mas o que significa isso? Eu vou bater em todomundo!

VIVY – Cala a boca, Genival! Você não aguenta nem umtapinha nas costas!

A multidão derruba os dois no chão. A confusão continua.

CORTA PARA/

CENA 7/ APARTAMENTO DE LARISSA/ SALA/ DIA/ INT.

Neide olhando, pela janela, a rua. Larissa sentada no sofá.

LARISSA – O que você tanto vê lá fora, mamãe?

NEIDE – Nada não.

Larissa aproxima-se da janela e olha para a rua.

LARISSA – Que tanta gente é essa?

NEIDE – Fãs da Hortênsia.

LARISSA – Da Hortênsia? Como assim?

NEIDE – Ela posou para uma revista masculina. Os bofesagora tão tudo lá em baixo, Larissa.


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LARISSA – Dona Hortênsia posando nua? Credo.

NEIDE – Ah, quem me dera ter tanto bofe assim aos meuspés.

LARISSA – Tá com inveja, mãe?

NEIDE – Claro, um monte de gato correndo atrás dela...

Campainha toca. Neide abre a porta. Lá estão Márcia, Verinha e Aranha.

NEIDE – Bom dia, Márcia. Quem são esses?

MÁRCIA – Verinha e Aranha.

NEIDE – Que nomes horríveis. Vocês são...

VERINHA – Ator, minha filha.

NEIDE – Atores? Farão o que aqui?

MÁRCIA – Estou promovendo hoje uma apresentação teatralda Verinha e do Aranha para comemorar a Páscoa.

NEIDE – Apresentação teatral? Esses dois sabem atuar?

ARANHA – Claro que sim, dona.

Larissa aproxima-se.

LARISSA – Vocês são atores? Estou reconhecendo vocês...

VERINHA – Sim.

LARISSA – Foi da TV. Só que não lembro o nome doprograma.

ARANHA – Ah, a gente já apareceu na TV mesmo.

LARISSA – Calma! Foi no telejornal. Vocês são aquela duplade bandidos que se fingem de atores.

MÁRCIA – Você deve ter se confundido, Larissa. Aranha eVerinha são famosos no teatro niteroiense.

LARISSA – Eu tenho certeza.

NEIDE – Falem algo.

Verinha e Aranha se olham.

VERINHA – É verdade! Isso aqui é um assalto!


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Neide se joga no chão, simulando um desmaio.

LARISSA – Ah, mamãe...

MÁRCIA – Nelsinho me paga. Filho da mãe. Vou mataraquele projeto de funkeiro.

ARANHA – Sem papinho. Vamos agora pros outrosapartamentos.

LARISSA – E a minha mãe?

VERINHA – A velha fica, deixa ela aí, depois voltamos.

MÁRCIA – (para Larissa, sussurrando) E as crianças?

LARISSA – (para Márcia, sussurrando) Estão na quadra.

ARANHA – Bora! Vamos sair daqui logo.

Todos saem, exceto Neide, ainda caída no chão.

CORTA PARA/

CENA 8/ APARTAMENTO DE DIRCE/ SALA/ DIA/ INT.

Nelsinho sozinho, lendo uma revista. Batidas na porta.

NELSINHO – Já vai!

Mais batidas na porta.

NELSINHO – Calma! Que fogo no rabo.

Nelsinho abre a porta. Entram Aranha, Verinha e Márcia.

NELSINHO – Oi. O que foi, Márcia?

ARANHA – Bora, mermão, passa a grana.

NELSINHO – Quem é você? (T) Ah, você não é o ator...

MÁRCIA – Ele mesmo.

NELSINHO – Ah, tá ensaiando já pra peça? Será sobre assalto?

VERINHA – Tá de deboche, magrelo? Passa a carteira.

NELSINHO – Cara, vocês são ótimos atores.


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MÁRCIA – Garoto, eles estão falando sério. Você merecomendou dois bandidos. Isso é culpa tua.

NELSINHO – (assustado) Ah?

MÁRCIA – Isso mesmo. Eles são marginais, dois pilantras.

NELSINHO – A culpa não é minha não, Márcia. Você que osaceitou.

MÁRCIA – Você que recomendou esses dois.

NELSINHO – Não sabia que eles eram bandidos.

ARANHA – Parou de papo furado. Dá a grana.

Dirce entra, enrolada em uma toalha.

DIRCE – Posso saber que bagunça é essa aqui na minhasala?

ARANHA – É um assalto, gostosa. Passa a toalha.

DIRCE – Assalto?

NELSINHO – Sim, mãe.

ARANHA – Bora, a toalha...

DIRCE – Só se for pra enfiar no seu/

MÁRCIA – Olha o vocabulário chulo, Dirce.

DIRCE – Você que trouxe esses dois aqui, Márcia? Vou teestrangular, sua anã. Vai roubar sua avó/

MÁRCIA – Foi seu filho.

DIRCE – Genival? Aquele garoto não presta/

MÁRCIA – Não, o funkeiro aí mesmo.

NELSINHO – Vou explicar logo, mãe: a Márcia pediu sugestãode um grupo de teatro e eu recomendei esses doisdo Cavalão, mas não sabia que eles eram doisbandidos.

VERINHA – Vamos parar com as ofensa e vamos logo pragrana.

ARANHA – Quero algo de valor. Bora!


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Dirce entrega um relógio a Aranha.

DIRCE – É muito caro. Pode levar!

ARANHA – Tá bom.

VERINHA – Vamos sair daqui, que ainda tem muita gente praassaltar.

DIRCE – Márcia, posso saber uma coisa: por que você táindo junto deles? Vai ficar com um pouco do dinheiroigual você fica com o valor do condomínio?

MÁRCIA – Estou sendo obrigada.

VERINHA – Vamos embora! Se vocês ligarem pra polícia,apago os dois.

Verinha puxa Márcia pela blusa. Aranha, Márcia e Verinha saem.

CORTA PARA/

CENA 9/ ESCADA DE EMERGÊNCIA, EDIFÍCIO SANTA FÁTIMA/ DIA/ INT.

Genival e Vivy sobem correndo. Bozena sentada num degrau.

VIVY – Bozena? Tá fazendo o que aqui?

BOZENA – Nada, dona Vivy.

GENIVAL – Então por que você não sobe? Vai ficar aqui naescada sem fazer nada?

BOZENA – Sim. A vodca não caiu muito bem.

GENIVAL – Ah, tá.

BOZENA – E vocês? Por que estavam correndo?

VIVY – Conseguimos fugir daqueles fãs histéricos daHortênsia.

BOZENA – Ah, verdade. Nunca vi tanto homem assimcorrendo atrás da dona Hortênsia. Depois dessa,estou pensado em fazer um ensaio nu, daí.

GENIVAL – Melhor não.

BOZENA – Por que, Genival?


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GENIVAL – Esse corpo tá meio fora de forma.

BOZENA – Fora de forma tá sua cara, cavalo!

VIVY – Vamos subir então. Não vem não, Bozena?

BOZENA – (cabisbaixa) Não.

VIVY – Por que você está chateada? A Márcia tedestratou?

BOZENA – Não. Estou com saudades dos antigos patrões.

VIVY – Eles eram legais com você?

BOZENA – Não muito, mas me divertia lá.

GENIVAL – Onde você trabalhava, Bozena?

BOZENA – No condomínio Jambalaya.

VIVY – Ah, meu sonho era morar lá. Só gente refinada.

BOZENA – Nem tanto. (ri)

GENIVAL – Vocês subir. Até mais, Bozena.

Genival e Vivy sobem os degraus.

CORTA PARA/

CENA 10/ CORREDOR, 3° ANDAR/ EDIFÍCIO SANTA FÁTIMA/ DIA/ INT.

CAM vindo do final do corredor, para em frente ao elevador. A porta do elevadorabre. Hortênsia e Mauro beijando-se. Lúcio vem caminhando pelo corredor, echega à porta do elevador, observando Hortênsia e Mauro.

LÚCIO – Posso saber que pouca vergonha é essa aqui,mãe?

Hortênsia, em choque, sai do elevador, junto de Mauro.

HORTÊNSIA – Não está vendo, Lúcio? Acha que eu estavafazendo o quê? Plantando batata?

LÚCIO – Eu vi muito bem.

HORTÊNSIA – Então por que perguntou, peste?


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LÚCIO – Mãe, comporte-se. Você é uma senhora derespeito.

HORTÊNSIA – Sem discursinho moralista, Lúcio. Vá pegar suafaveladinha.

LÚCIO – Depois o moralista sou eu...

Lúcio vira de costas e volta, pelo corredor. Hortênsia e Mauro se beijam.

MAURO – Pra onde vamos, Hortênsia?

HORTÊNSIA – Pro meu quarto!

Mauro segura Hortênsia no colo e a leva, pelo corredor.

CORTA PARA/


Muitos homens segurando cartazes. Em um deles está escrito: ‘‘Meufechamento é você, Hortênsia’’. CAM aproxima-se de dois homens: um alto,magro, 35 anos; e o outro baixo, magro, 28 anos.

HOMEM 1 – Esse brownie tá horrível. Vou ligar pra polícia.

HOMEM 2 – Liga sim. Esses dois pilantras tão querendo matartodo mundo. Deve ser por inveja já que a Hortênsiaestampou a revista e aquela perua não.

HOMEM 1 – Pode crer. Por que não dão isso pro presidente?Seria uma bênção.

HOMEM 2 – Verdade, eles não têm nada a temer. Podiam darpra todos esses políticos safados mesmo.

HOMEM 1 – Vou ali pra um canto ligar. Aqui tá uma barulheira.

Homem 1 afasta-se da multidão. CORTA PARA/


Mauro e Hortênsia entram, se beijando. Lúcio sentado no sofá.

LÚCIO – Vão logo pro quarto. Nada de safadeza aqui.

HORTÊNSIA – Pode deixar.


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Batidas na porta.

HORTÊNSIA – Deixa que eu abro.

Hortênsia abre. Entram Márcia, Verinha e Aranha.

ARANHA – (gritando) Todo mundo com a mão pro alto! Isso éum assalto!

HORTÊNSIA – Ah, hoje já é o dia de pagamento da taxa decondomínio?

VERINHA – É um assalto, velhaca.

HORTÊNSIA – Velhaca é a senhora sua mãe.

LÚCIO – Mãe, não reage. Deixa eles falarem.

VERINHA – Márcia, cadê aquela outra mulher? A baixinha quemora com a velha que desmaiou?

HORTÊNSIA – Neide desmaiou?

MÁRCIA – Sim. Não vi. Ela deve ter se perdido da gente nocaminho.

VERINHA – A cretina fugiu. Se ela abrir a boca pra polícia, teapago, pintora de rodapé.

Hortênsia ri.

HORTÊNSIA – Lúcio, não tá vendo que isso é mais uma gracinhada anã? Isso tá muito engraçadinho pra ser verdade.

MÁRCIA – É sério, Hortênsia.

HORTÊNSIA – Daqui a pouco a Lorraine D’Urrel chega.

VERINHA – A gordinha tá certa, velha. Fica quieta e passa abolsa.

Hortênsia pega sua bolsa e bate com ela no rosto de Verinha.

VERINHA – (grita) Tá brincando com fogo, vovó?

HORTÊNSIA – Fogo? Bem lembrado. Dragão cospe fogo...

VERINHA – Amarra eles, Aranha.

ARANHA – Deixa comigo.

Aranha pega uma corda na sacola que carrega, e amarra Mauro e Lúcio.


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ARANHA – Verinha, vamo fazer algo grande.

VERINHA – Grande? O quê?

HORTÊNSIA – Com certeza não é o amiguinho dele, Verinha,porque esse nome... Aranha...

Márcia ri.

ARANHA – Quer conhecer, vovó?

HORTÊNSIA – Não. Maurinho tá bom pra mim.

ARANHA – Então, Verinha, vamo fazer todos aqui de reféns.

VERINHA – Todos os moradores?

ARANHA – Isso mermo.

VERINHA – Gostei.

MÁRCIA – Hortênsia, só queria esclarecer que não fui quecoloquei esses dois marginais aqui dentro. Foi ideiado Nelsinho.

HORTÊNSIA – Ah, só podia ser aquele funkeirinho de quinta, filhodaquela porca da Dirce.

Batidas na porta.

ARANHA – Deixa entrar, Verinha?

VERINHA – Abre pra ver.

Aranha abre a porta. Entram Bozena e Patrick. Bozena olha para Mauro eLúcio e fica surpresa.

BOZENA – Que isso aqui? É assalto? (grita) Ahhhhh.

Close em Bozena. CORTA PARA/

CENA 13/ APARTAMENTO DE SARAH/ SALA/ DIA/ INT.

Sarah e Flávio no sofá da sala, se agarrando. Campainha toca.

SARAH – Ah, quem será?

FLÁVIO – Deve ser o Pedro.


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SARAH – Não, ele ia ficar na quadra brincando até maistarde.

Sarah levanta-se e abre a porta. Entra Larissa.

SARAH – Oi, Larissa. O que houve?

LARISSA – Uns bandidos invadiram o prédio, foram no meuapartamento, mas eu consegui/ (vê Flávio) Flávio?

FLÁVIO – Larissa?

SARAH – Da onde vocês se conhecem?

LARISSA – Ele é meu marido.

SARAH – (assustada) Ah? Como assim?

LARISSA – Eu sou casada com ele, de papel passado e tudo.

SARAH – Eu também. Será que não é alguém parecido?

LARISSA – Sarah, o Flávio é o meu marido também.

SARAH – (chocada) Flávio, você tem duas famílias?

FLÁVIO – Eu posso explicar/

LARISSA – (grita) Responde ela, Flávio.

FLÁVIO – (baixo) Sim.

LARISSA – Canalha! Traste.

Sarah chora.

LARISSA – O que mais é mentira, seu cafajeste?

FLÁVIO – Só isso, Larissa.

LARISSA – Só isso, não. O amor pela gente também erafalso?

FLÁVIO – Não, claro que não.

SARAH – Então as suas viagens de dias eram pra andaresacima do nosso?

FLÁVIO – (baixo) Sim.

LARISSA – Então o seu emprego de mecânico de avião éoutra farsa?


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FLÁVIO – É.

SARAH – De onde você arrumava o dinheiro então?

FLÁVIO – Alguns dias eu pegava um trampo como vendedorna lojinha de um amigo meu.

LARISSA – Você não presta. Você merece morrer.

Larissa dá um tapa na cara de Flávio; Sarah também.

CORTA PARA/


Policiais aproximam-se da portaria. Um homem aproxima-se de um dospoliciais.

HOMEM – Policial, os trambiqueiros que estão vendendobrownie estragado são uma loira perua e um negão.

Uma mulher vem correndo e para em frente ao policial.

MULHER – Seu polícia, dois bandidos estão lá dentro. Vocêsprecisam fazer alguma coisa.

POLICIAL – Como assim?

MULHER – Eu sou faxineira ali e vi eles entrando noapartamento da dona Hortênsia.

HOMEM – Da Hortênsia?

MULHER – Sim. Tava mó gritaria lá.

HOMEM – Policial, deixa a história do brownie estragado pradepois. Temos que salvar a deusa, Hortênsia.

POLICIAL – Quem é essa Hortênsia?

HOMEM – A coroa gostosa da revista masculina.

POLICIAL – Ah, essa Hortênsia... Vamos cercar o prédio então.

MULHER – Parece que os bandidos se chamam Aranha eVerinha.

POLICIAL – Aranha e Verinha? Eles são procurados há mesespor nós.


22

HOMEM – Então vão lá.

POLICIAL – Vamos só cercar tudo antes.

A mulher e o homem afastam-se. Os policiais cercam o prédio, com várioshomens na rua.

CORTA PARA/

CENA 15/ APARTAMENTO DE VIVY/ COZINHA/ DIA/ INT.

Vivy e Genival entram, ofegantes.

GENIVAL – Vivy, será que essa sirene da polícia é pra gente?

VIVY – Ah, Genival, acho que é. Tinha algum coisanaquele brownie.

GENIVAL – Mas eu não coloquei nada.

VIVY – Vê se não tem alguma coisa no lixo. Podemos terconfundido.

Vivy abre a lixeira e encontra a caixa de laxante.

VIVY – Ah, laxante?

GENIVAL – Você colocou isso no brownie, Vivy?

VIVY – Eu não. (T) Já sei! Foi o Patrick.

GENIVAL – Pode crer. Ele deve ter ficado com ciúme.

VIVY – Ah, e o que a gente faz agora, Genival?

GENIVAL – Vamos ficar aqui quietinhos.

VIVY – Tá bom.

Vivy e Genival vão em direção ao quarto.

CORTA PARA/

CENA 16/ APARTAMENTO DE DIRCE/ SALA/ DIA/ INT.

Dirce sentada no sofá, ao lado de Nelsinho.

DIRCE – Filho, será que a polícia que está lá em baixo é porcausa dos bandidos?


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NELSINHO – Por que mais seria, mãe?

DIRCE – Mas nós nem ligamos.

NELSINHO – Outra pessoa deve ter ligado.

DIRCE – Ah, filho, eles vão matar a gente. Eles vão acharque fomos nós que ligamos.

NELSINHO – Relaxa, mãe. Aqueles dois trambiqueiros,enrolados não matam nem uma formiga.

DIRCE – E Genival? Cadê ele?

NELSINHO – Saiu mais cedo pra vender brownie.

DIRCE – Ah, tomara que ele esteja bem.

Dirce preocupada.

CORTA PARA/

CENA 17/ APARTAMENTO DE LARISSA/ SALA/ DIA/ INT.

Neide levanta-se do chão. A campainha toca. Neide abre a porta. Entram Guta,Léo e Pedro.

NEIDE – (para Pedro) Quem é você, menino?

GUTA – Vó, o Pedro é filho da Sarah. Lembra dela?

NEIDE – Ah, acho que sim.

LÉO – Cadê a mamãe?

NEIDE – Então, sua mãe deu uma saidinha.

LEÓ – Pra onde?

NEIDE – Ah, crianças curiosas...

GUTA – Vovó, por que tem um monte de polícia lá embaixo?

NEIDE – (muito baixo) Ah, os bandidos...

GUTA – Bandidos?

NEIDE – Que bandido? Não falei bandido não. Não sei denada. Vão tomar um suco.


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LÉO – O Pedro vai ficar aqui com a gente tá, vovó?

NEIDE – Tá. Depois então ele volta pro apartamento dele. Émelhor ninguém sair agora mesmo.

As crianças vão à cozinha.

NEIDE – (baixo) Ah, onde será que Larissa tá?

Close em Neide.

CORTA PARA/


Bozena, Hortênsia, Márcia e Patrick sentados no sofá. Mauro e Lúcioamarrados. Verinha e Aranha em pé. A televisão está ligada. Nela, uma repórterem frente ao Santa Fátima.

REPÓRTER - (V.O) Sim, Pietra, pelo que nos foi informado, doisbandidos estão assaltando vários dos apartamentos,e fazendo, nesse momento, moradores doapartamento 301 de reféns. Os policiais ainda nãoliberaram a saída dos outros moradores, pois há apossibilidade de haver outros membros da quadrilhanos outros andares. Uma das reféns é identificadaapenas como Hortênsia, estrela de uma revistamasculina, que atraiu vários fãs até aqui, que, agora,estão muito preocupados com ela. Mais informaçõesna hora da notícia, eu sou Aline Melo.

Verinha desliga a televisão.

VERINHA – Jesus! A polícia vai pegar a gente, Aranha. O quevamo fazer?

ARANHA – Ferrou, Verinha.

VERINHA – Vamos descer então e negociar com esse polícia.Senão, a gente mata geral.

Patrick troca olhares com Hortênsia. Patrick levanta-se e dá um soco no rostode Aranha, que cai. Patrick tenta libertar Lúcio e Mauro, mas Verinha dá umchute no rosto de Patrick, que cai. Bozena, Márcia e Hortênsia levantam-se,abrem a porta e saem correndo, trancando a porta por fora.

VERINHA – Droga! Malditas!


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Verinha ajuda Aranha a se levantar.

CORTA PARA/

CENA 19/ APARTAMENTO DE SARAH/ SALA/ DIA/ INT.

Continuação da cena 13.

Sarah vindo do quarto, trazendo várias blusas masculinas. Flávio e Larissa nasala.

FLÁVIO – O que é isso, Sarah?

SARAH – Não reconhece? São blusas suas.

FLÁVIO – Não, Sarah, por favor, não.

Flávio ajoelha-se.

SARAH – Nem adianta.

Sarah abre a janela e joga todas as blusas.

FLÁVIO – (grita) Não!

LARISSA – Isso é muito pouco perto do que você fez conosco.

SARAH – Você construiu uma família com cada uma de nós.Seu canalha!

LARISSA – O que vamos contar pras crianças? E pro bebêque ainda nem nasceu?

SARAH – Você está grávida, Larissa?

LARISSA – Sim.

SARAH – Eu também.

LARISSA – (grita) Cafajeste!

FLÁVIO – A gente pode viver junto, uma grande família. Ascrianças irão adorar.

LARISSA – Boa ideia, mas sem você.

SARAH – Exatamente. Juntos contra você. Aqui não éharém, nem aquela série The Five, das cincomulheres e um único homem.


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LARISSA – Sim. Vai ter que voltar a ser vendedor, Flávio. Serádifícil, mas conviveremos sem você.

SARAH – Juntas somos mais fortes, Larissa.

Larissa e Sarah se abraçam. Flávio chorando, sentado no chão.

CORTA PARA/


Bozena, Márcia e Hortênsia entram, correndo.

HORTÊNSIA – Ah, o que vamos fazer agora?

MÁRCIA – Por que a gente não sai e conta pra polícia?

HORTÊNSIA – Eles virão atrás da gente, quando conseguiremabrir a porta.

BOZENA – Verdade, dona Hortênsia. Lá em Pato Branco,tinha uma dona toda perua que um dia foi assaltada,daí.

HORTÊNSIA – E aí?

BOZENA – Daí que ela foi na delegacia e lá encontrou seu ex.

MÁRCIA – E o bandido? Acharam?

BOZENA – Não, porque ela não fez a ocorrência.

HORTÊNSIA – Por quê? Ela não tava na delegacia?!

BOZENA – Sim, mas ela foi na delegacia pra encontrar o ex,daí.

MÁRCIA – Ah, Bozena...

HORTÊNSIA – Mas vamos focar agora no nosso plano.

BOZENA – Tem uma chance de sairmos daqui.

MÁRCIA – Como?

BOZENA – Meditando.

MÁRCIA – Ah? Meditando?

HORTÊNSIA – Tá louca, Bozena?


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BOZENA – Experimentem.

As três sentam-se no chão e começam a meditar. ZOOM no rosto de Bozena.

FUNDE COM:

CENA 21/ FLASHBACK/ COZINHA, NAVE ESPACIAL/ NOITE/ INT.

Bozena cozinha alguma coisa enquanto conversa em off com Tatalo (magro,alto, 26 anos, cabelo preto, bigode), Mário Jorge (alto, cabelo grisalho, 58anos), Arnaldo (altura média, 57 anos, com óculos, cabelo castanho), Rita (alta,cabelo longo e castanho, 52 anos), Celinha (altura média, 45 anos, cabelolongo e loiro), Isadora (baixa, cabelo longo e loiro, 30 anos) e três alienígenas,todos entediados.

BOZENA – (V.O.) Tudo começou numa noite muito feliz...Aliás, nem sei se era noite ou dia, porque no espaçoé tudo escuro, daí. Enfim, eu estava jogandoconversa fora com vocês e os verdinhos, comolembram. E aí...

Bozena lava as mãos.

BOZENA – E essa Dominique lá de Pato Branco, com fama demeretriz, se suicidou depois da besteira que o ex-namorado fez.

CELINHA – O que foi que ele fez,Bozena?

BOZENA – Vazou um vídeo íntimo dela, daí. Ela passou a serconhecida em Pato Branco como Raba de Ópera.

RITA – E por que isso?

BOZENA – Porque enquanto ela fazia o mimi-cocó, cantava“Dominique nique nique, sempre alegre esperandoalguém que possa amar”. Bem, depois de ficar malfalada na cidade inteira, Dominique se matou, daí.

MÁRIO JORGE – E como foi que esta tal de Dominique nique niquese suicidou, Bozena?

BOZENA – Se jogou de um penhasco.

ISADORA – Ah, morreu esborrachada no chão.

BOZENA – Não, ela tinha apendicite e o apêndice estouroubem na hora que ela pulou do penhasco. Foi triste,daí.


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ARNALDO – Ah, Bozena! Chega dessas histórias malucas sempé nem cabeça! Olha, eu vou pro quarto do meuAdônis ver se ele não está fazendo As Aventuras deFurico no Espaço Sideral.

Arnaldo se levanta e sai.

CELINHA – Já eu, vou ver o que mamãe tá aprontando noquarto com Tatalo edona Dayse. Do jeito que a gentetá, no meio do nada, é capaz dela ter ficado maisdoida do que nunca.

Celinha sai.

Rita levanta e vai até Bozena.

RITA – (sussurra) O namorado da Dominique era... bem...era...

BOZENA – Bem dotado?

RITA – (sussurra) Fala baixo, Bozena! É, ele era?

BOZENA – E como, viu, dona Rita?

RITA – (sussurra) Depois me mostra, tá? Beijinho.

Rita sai.

ARNALDO – (V.O.) Peraí, Rita! Você tava pedindo pra Bozenate mostrar um vídeo pornô?

RITA – (V.O.) Dar uma olhadinha não faz mal.

BOZENA – (V.O.) Posso continuar ou o casal vai continuarbrigando?

CELINHA – (V.O.) Fala logo, Bozena.

BOZENA – (V.O.) Depois que todo mundo saiu, só ficaram aIsadora e os alienígenas na sala, e eu na cozinha.

Os alienígenas se aproximam de Isadora.

ALIEN 1 – Terráquea empregada idiota!

ALIEN 2 – Idiota terráquea empregada!

ISADORA – Ai, vocês também acham? Pior que não viramnada. A Bozena é insuportável. Não sei como vocêsdeixaram ela entrar na nave. Se eu fosse vocês,mandava de volta pra Terra!

TATALO – (V.O.) Então quer dizer que você é a culpada detudo, Isadora?


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MÁRIO JORGE – (V.O.) Garota, tu é mau-caráter! Por acaso era tuque ia cozinhar, lavar e passar naquela nave, olhojunto?

ISADORA – (V.O.) Ai, gente, é que eu vi naquele momento achance de me livrar desse encosto.

BOZENA – (V.O.) Cavala! Na hora de lavar suas calcinhas eunão sou encosto, né? Eu sou muito maltratada porvocês, daí. Eu só sofro!

ADÔNIS – (V.O.) Tá, Bozena, pode prosseguir.

Os alienígenas cruzam os braços.

ALIEN 1 – O que você quer dizer, loira terráquea?

ALIEN 2 – Terráquea loira, o que quer você dizer?

ISADORA – Deem um jeito de mandar Bozena pro espaço...quer dizer, pra Terra. Se quiserem, eu ajudo.

ALIEN 1 – Negócio fechado!

ALIEN 2 – Fechado negócio!

ISADORA – Ai, garoto, que mania de repetição! Eu, hein?Parece disco da Xuxa, que só interessa de trás prafrente. Olha, eu já tive uma ideia e vou por emprática. Fiquem atentos!

Isadora tira do bolso um vidrinho com um pó branco.

ISADORA – Aguardem e confiem!

Isadora vai até a cozinha e pega um copo d’água.

ISADORA – Ô, Bozena, me conta mais de Pato Branco. Tinhaalgum gatinho por lá?

BOZENA – Se tinha? Só o que se via na rua era homão ruivo,rude, forte... Ai, um sonho de lugar, daí!

ISADORA – É? E você pegou algum?

BOZENA – Cá entre nós, só um: o meu Georgino. Ai,Georgino...

Bozena fecha os olhos e abraça ela mesma. Isadora aproveita e joga osonífero dentro do copo d’água.

BOZENA – Dá água na boca só de lembrar de nossosmomentos juntos, daí.

ISADORA – Então toma um pouquinho pra apagar esse calor.Ui, ele devia ser arrasador, hein?


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BOZENA – (pega o copo) Claro.

Bozena bebe a água e começa a cambalear.

ISADORA – (dissimula) Que foi,Bozena? Tá tudo bem?

BOZENA – Acho que o fogo da paixão já deixou se queimarsomente por amor. Georgino, aí vou eu!

Bozena cai dura no chão.

VOLTA PARA:


Bozena e Márcia sentadas no chão. Bozena abre os olhos.

MÁRCIA – Ainda tava meditando, Bozena?

BOZENA – Ah, acabei lembrando de umas coisas, donaMárcia. Cadê dona Hortênsia?

MÁRCIA – Foi ao banheiro.

Batidas na porta.

BOZENA – Ah, os bandidos, dona Márcia. Eles voltaram.

MÁRCIA – Calma, peste. Olha primeiro no olho mágico.

Bozena levanta-se e olha pelo olho mágico da porta.

BOZENA – (eufórica) Ah, não acredito.

Bozena abre a porta. Entram Copélia (alta, cabelo loiro bem claro, 72 anos),Adônis (altura média, 22 anos, cabelo castanho claro), Mário Jorge, Celinha,Isadora, Rita, Arnaldo e Tatalo.

MÁRCIA – Que gente toda é essa aqui, Bozena?

BOZENA – O pessoal do Jambalaya, dona Márcia.

Bozena abraça Celinha e Copélia.

CELINHA – Ah, estávamos com saudade, Bozena.

Celinha coloca a mão direita fechada em cima do lado esquerdo do peito esacode.

MÁRCIA – O que é isso, Senhor? É um coração batendo?

ADÔNIS – Mamãe sempre faz isso quando acontece algoassim.

MÁRCIA – Ah, credo, tudo isso por causa da Bozena...

MÁRIO JORGE – Concordo com tu, baixinha. Bozena é uma polacalenta. Só vim porque todos viriam.


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MÁRCIA – Ah, queria tanto morar lá no Jambalaya OceanDrive...

MÁRIO JORGE – Ih, já vi que é interesseira.

Mário Jorge afasta-se de Márcia.

COPÉLIA – Bozena, e os bofes? Como estão?

BOZENA – Na dificuldade, dona Copélia. Aqui em Niterói édifícil...

COPÉLIA – Vou te levar então lá pra Barra uns dias. Isadora jáfrequenta vários lugares comigo. (risada sacana)

ISADORA – Verdade. Balada, barzinho, qualquer lugar.

RITA – Isadora, minha filha, já falei pra você parar defrequentar esses lugares.

ISADORA – Ah, mãe...

BOZENA – E você, dona Copélia, como vão os homens?

COPÉLIA – Ótimos. Ah, um dia desses conheci um chamadoZé Mangueira.

BOZENA – E como foi com ele?

COPÉLIA – Prefiro não comentar.

ADÔNIS – Parenta, dá pra parar de falar essas coisas? Agente nem conhece essa mulher.

MÁRCIA – Querido, sou Márcia, patroa da Bozena agora.Você chama ela de parenta? Por quê?

ADÔNIS – Ela não gosta que eu a chame de vó.

MÁRCIA – Ah, entendi.

TATALO – Não estou entendendo mais nada, pai. Agorapouco a gente tava lá em baixo entrando escondidoda polícia.

MÁRIO JORGE – Filhote de preguiça, fica esperto. A gente tá noapartamento da patroa da polaca da Bozena.

BOZENA – Me respeita, cavalo! Ah, agora pouco tavameditando e lembrei, Isadora, da gente na naveespacial. Não lembro mais direito.

ISADORA – Mas eu lembro. Eu pedi pros verdinhos tecarregarem até a porta da nave e te jogarem devolta pra Terra.


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RITA – Isadora, minha filha, você é burra? No espaço nãohá gravidade, como é que a Bozena ia cair na Terra?

ADÔNIS – Ei, espera um pouco! Minutos depois de que omeu pai entrou no quarto me contando que aBozena já tava falando de Pato Branco de novo, umdos alienígenas veio falar comigo.

ARNALDO – Ah, eu lembro! Eles disseram que ficaram sabendoque Adônis é muito inteligente e pediram que elefizesse alguma coisa.

ISADORA – Eu sei. Uma catarata de gravidade.

ADÔNIS – É cápsula, Isadora! Bem, como eu tinha ganhado afeira de ciências da escola com a cápsula degravidade testada na ionosfera, só abri minhamochila e a montei de novo. Mas por que osalienígenas pediram que... (SE DÁ CONTA)

TODOS – Aaaaaaaaaaah!

BOZENA – E tudo isso pra me verem longe. Cavalos!

MÁRCIA – Viu, Bozena? Só eu que te trato bem.

BOZENA – Nem vem, dona Márcia. A senhora não paga meusalário há meses.

CAM vai se afastando.

CORTA PARA/


Verinha e Aranha tentam abrir a porta. Patrick caído no chão. Mauro e Lúcioamarrados, adormecidos. A porta é arrombada pelo lado de fora. Entram várioshomens carregando cartazes com fotos de Hortênsia, e policiais.

POLICIAL – Verinha e Aranha, vocês estão presos. O teatrinhoacabou por hoje.

Os policiais algemam Verinha e Aranha e levam-nos. Os homens tambémacordam Patrick, Lúcio e Mauro, que se levantam devagar.

MAURO – Cadê a Hortênsia?

LÚCIO – Cadê minha mãe?

POLICIAL – Ainda vamos encontrá-la, senhores. Desçam, porfavor.

Mauro, Lúcio e Patrick saem.


33

CORTA PARA/


Um fã de Hortênsia pega um megafone e fala nele.

HOMEM – (alto, no megafone) Moradores, a polícia já pegouos bandidos e pede pra todos saírem.

Vários fãs e outras pessoas da rua aplaudem. Os policiais saem do prédio, comVerinha e Aranha, algemados.

CORTA PARA/


Continuação da cena 22.

Hortênsia volta.

HORTÊNSIA – Que bagunça é essa aqui?

BOZENA – Dona Hortênsia, esse é o pessoal lá do JambalayaOcean Drive, onde eu trabalhava.

HORTÊNSIA – Ah, prazer, pessoas.

BOZENA – Dona Copélia já desceu. Vocês precisam seconhecer depois.

HORTÊNSIA – Vamos descer então? Ouvi a voz de um carafalando pra descermos.

MÁRCIA – Sim, vamos logo.

ISADORA – Bozena, nesse prédio aqui tem algum bofe?

BOZENA – Só o Patrick e o Nelsinho. Patrick tem namorada,Nelsinho é um funkeiro solteiro.

ISADORA – Gostei.

Todos saem. CORTA PARA/


Escurecendo. Muitas pessoas na entrada do prédio. Larissa e Sarah andamcom Guta, Léo e Pedro. Flávio aproxima-se deles.

FLÁVIO – Crianças, então, vocês já sabem?

LARISSA – Já sim. Preferimos contar a eles ouvirem da suaboca mais uma mentira.


34

FLÁVIO – Então, crianças, o papai vai morar longe massempre vai visitar vocês, tá?

GUTA – Tá bom, papai.

LÉO – Agora a gente vai morar aonde?

LARISSA – Numa casa aqui em Icaraí, um lugar maior. Nós, aSarah e o Pedro.

PEDRO – Papai, vou sentir saudade.

FLÁVIO – Também, filhão.

Flávio dá um abraço coletivo nos três filhos.

FLÁVIO – (para Sarah e Larissa) Desculpa por tudo. Amovocês.

Flávio sai.

CAM aproxima-se de Vivy, Patrick e Genival, conversando.

PATRICK – Olha, quero saber se vocês realmente têm umcaso.

GENIVAL – Temos sim, Patrick.

VIVY – Patrick, nossa história é tão bonita. Não queroterminar com vocês. Que tal se a gente formar umrelacionamento triplo?

GENIVAL – Relacionamento triplo?

VIVY – Sim. Nós três.

PATRICK – Eu não quero ter nada com Genival não. Tá meestranhando, Vivy?

VIVY – Eu sei, mas assim vocês dois poderão ficarcomigo.

PATRICK – Então tá.

GENIVAL – Tá bom.

Genival dá um beijo na bochecha esquerda de Vivy, e Patrick na direita.

CAM afasta-se deles e aproxima-se de Hortênsia e Neide.

HORTÊNSIA – Então, Neide, com essa loucura aí do Flávio, vocêvai mesmo morar com a Larissa, a Sarah e ascrianças?

NEIDE – Não tenho escolha, Hortênsia. Mas será um porre.Cheio de criança, vai virar uma creche a casa.

HORTÊNSIA – Por que você não mora comigo?


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NEIDE – Aqui no Santa Fátima?

HORTÊNSIA – Sim. Tem o quarto da Bozena. Posso fazer umareforma.

NEIDE – Ah, seria ótimo, Hortênsia. Tudo para não ser babáde pirralho.

HORTÊNSIA – Ou a gente compra o apartamento onde vocêsestão. Lá tem 3 quartos, não é?

NEIDE – Sim, além do quartinho dos fundos, que dá pra sero da Bozena, se quiser.

HORTÊNSIA – Ah, adorei. Falarei com Lúcio.

NEIDE – Ah, obrigada, Hortênsia. Mas e agora você estáfamosa, né? Como está se sentindo?

HORTÊNSIA – Poderosa, Neide. Esses gatos todos em cima demim. Não aguento.

Neide ri. CAM foca em Lorraine, distante, distribuindo panfletos para aspessoas. Márcia pega um panfleto.

MÁRCIA – Novo shopping, Lorraine?

LORRAINE – Sim, Márcia. Consegui já o lugar e as obras jácomeçaram. Será inaugurado em dois meses.

MÁRCIA – Só isso? Muito rápido, né?

LORRAINE – Trabalho meu é trabalho bem feito...

MÁRCIA – Então, boa sorte.

LORRAINE – Para você também, porque essa zona que vocêcriou aqui hoje...

Márcia vira de costas e sai. CAM mostra Bozena e seus amigos do Jambalaya.

RITA – Agora temos que ir, Bozena, pois daqui a poucotem reunião lá no Jambalaya e você sabe que aÁlvara é uma chata, então temos que ficar de olhonela.

BOZENA – Ah, igual dona Márcia, daí.

CELINHA – Se cuida, Bozena. Depois dá uma passadinha láno Jambalaya.

BOZENA – Vou sim.

COPÉLIA – Essa semana vou te ligar, hein, para combinarmosnossa noitada.

BOZENA – Claro, dona Copélia.


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ISADORA – Também quero ir.

BOZENA – Ah, aquele ali, Isadora, é o Nelsinho. (aponta paraNelsinho, longe)

Isadora sai e vai na direção de Nelsinho. CAM volta para Bozena.

BOZENA – Tatalo, já está ligado?

TATALO – Até você, Bozena?

ADÔNIS – Até mais, Bozena. Depois quero te mostrar umasexperiências que fiz.

COPÉLIA – Que experiências, Adônis? Sexuais? Adoro. Queorgulho.

ADÔNIS – Não, parenta. Experiência científica, de química.

COPÉLIA – Ah, que chato.

Todos dão um abraço coletivo em Bozena. CAM vai até Isadora, conversandocom Nelsinho.

ISADORA – Então eu te ligo, Nelsinho.

NELSINHO – Sim. Qualquer dia eu vou lá no seu prédio fazerum show.

ISADORA – Chega lá sim. Vou adorar. Se for na minha camaentão...

NELSINHO – Maravilha então.

Isadora dá um selinho em Nelsinho e sai. CAM aproxima-se de Márcia.

MÁRCIA – (grita) Atenção, pessoal! A votação para o síndicodo prédio está se aproximando. Quem tiverinteresse, fale comigo.

Uma mulher alta, cabelo loiro, 42 anos, magra aproxima-se de Márcia.

MULHER – Oi, você que é a síndica?

MÁRCIA – Sim. Quem é você?

MULHER – Elisa. Queria comprar um apartamento aqui.

MÁRCIA – Ah, ótimo.

ELISA – E caso eu queira ser síndica, posso?

ZOOM em Elisa, que pisca para a CAM.

FIM DA TEMPORADA


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SOBE O CRÉDITO ao som de O Farol – Ivete Sangalo

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MEIA ESTRELA MEGAPRO Meia Estrela · da bondade de Cidinha, e até um ditado foi criado, daí: ‘Empregada que se doa, escrava que se leiloa’. Chegou a um ponto onde Cidinha limpava