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O QUE FAZER Melanoma 1 www.gbm.org.br VEJA NESTA EDIÇÃO: Presente e futuro no melanoma metastático Por dentro do GBM Lentigo Maligno “in situ”: margens cirúrgicas Francisco Burnier BOLETIM INFORMATIVO DO GBM ANO XI NÚMERO 43 – OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2008 O lentigo maligno (LM) representa uma das for- mas clínico-patológicas do melanoma cutâneo. Caracteristicamente, são tumores de evolu- ção lenta, com pre- domínio importante da fase de crescimento ra- dial. Tal extensão periférica faz-se por projeções intraepidérmicas de melanó- citos atípicos, muitas vezes de forma individual, o que confere o aspecto len- tiginoso das lesões. A progressão vertical do melanoma lentiginoso é pouco fre- quente, ocorrendo em torno de 5% dos casos apenas. Com pico de incidência na 7ª década de vida, o melanoma do tipo lentigo malig- no tem predileção por áreas fotoexpos- tas, fato que algumas vezes torna difícil sua diferenciação de outras lesões mela- nocíticas associadas à exposição solar. Deste modo, na pele com grande dano actínico, a determinação das margens cirúrgicas torna-se difícil tanto clínica como histopatologicamente. Justamente por esta projeção lentiginosa de células individuais nas margens periféricas da lesão, o tratamento cirúrgico do mela- noma lentigo maligno com as margens preconizadas torna-se muitas vezes inefi- caz. Estima-se que 5mm de margens pa- ra os LM “in situ” sejam insuficientes em até 35% dos casos Vários métodos têm sido tentados co- mo alternativa à cirurgia. Eletrocaute- rização e curetagem, crioterapia, ablação a laser, radioterapia, 5 fluorouracil e imi- quimod. As taxas de recorrência em 5 anos variam de 20% a 100% com estas técnicas. A elevada recorrência deve-se justamente à distribuição lentiginosa das células cancerígenas na periferia e ao redor de anexos. Devido a isso, técnicas que oferecem controle de margem rigo- roso têm ganho maior atenção para o tratamento do lentigo maligno. Dentre os “novos” métodos cirúrgicos, muito tem se discutido em relação à cirurgia micrográfica e à excisão poligonal, com exame das margens de forma seriada em cortes verticais de blocos de parafi- na, chamada de staged excision. A cirurgia micrográfica (CMM), descrita inicialmente quimocirurgia, por Frede- rick Mohs em 1952, evoluiu muito com o uso dos cortes por congelação já nos anos 70, e ganhou grande utilidade no tratamento dos carcinomas cutâneos. Tem como princípios básicos a preser- vação do tecido adjacente com controle histopatológico de 100% das margens periféricas. No tratamento do melano- ma, a cirurgia micrográfica vem sendo empregada principalmente nos casos de lentigo maligno. A má visualização de melanócitos em cortes de congelação, muitas vezes piorada por efeito de arte- fatos processuais, é a grande crítica a este método para o tratamento do me- lanoma. Embora alguns estudos apresentem taxa de cura e recorrência semelhantes ou até superiores aos métodos conven- cionais, a CMM ainda é vista com gran- de desconfiança quando o assunto é melanoma. O procedimento é extrema- mente dependente da habilidade do pa- tologista em distinguir os melanócitos malignos dos benignos na periferia das lesões lentiginosas. Alguns marcadores Os interessados em receber regularmente o Boletim Melanoma dados (e-mail, telefone e endereço) para [email protected] Editorial Carlos Barcaui Dentre as diversas formas de apresentação clínico-patológica do melanoma, o tipo lentiginoso in situ caracteriza-se por acometer mais frequentemente pacientes acima dos 60 anos de idade, estar situado em áreas fotoexpostas e possuir uma fase de crescimento radial prolongada. Devido a sua lenta evolução, tende a ser encara- do como uma forma menos agressiva de tumor. Entretanto, seu caráter insidi- oso pode ser constatado pela alta fre- quência de recidivas, o que muitas vezes ocasiona cirurgias extensas em áreas nobres como a região cefálica. Confira a revisão sobre a abordagem cirúrgica dessa forma de melanoma realizada pelo Dr. Francisco Burnier. O Dr. Alberto Wainstein discute a situa- ção atual e as perspectivas futuras para os pacientes com melanoma metastáti- co e faz uma revisão sobre as possíveis drogas que estarão disponíveis para o tratamento desses pacientes no futuro, esperamos próximo. Ainda nesse número, o Dr. Mauro Eno- kihara faz uma breve retrospectiva das ações realizadas pelo GBM no ano de 2008 e o Dr. Fernando Almeida discute as medidas que podem ser adotadas para aumentar o número de afiliações ao GBM e o preenchimento dos proto- colos. Por motivos financeiros, alheios a nossa vontade, seremos obrigados a reduzir a tiragem impressa do Boletim – atual- mente distribuído para onze mil médi- cos em todo Brasil e no exterior. O Boletim do GBM continuará a ser pu- blicado trimestralmente e estará dispo- nível para todos os sócios on line (www.gbm.org.br). Solicitamos àqueles que tem interesse em receber o Bole- tim regularmente a gentileza de man- dar-nos um email com todos os dados ([email protected]). Agradecemos de antemão a sua compreensão e colabo- ração. Aproveitamos a oportunidade para agradecer também aos colegas que têm colaborado com a realização desse Boletim e desejar a todos um excelente 2009! Melanoma43:Melanoma43 1/20/09 6:42 PM Page 1 do GBM devem mandar um email até 28/02/2009 confirmando seus

Melanoma43:Melanoma43 1/20/09 6:42 PM Page 1 Melanomagbm.org.br/wp-content/uploads/2016/09/Edicao43.pdf2 melanócitos presentes na pele com dano actínico. A medida dos núcleos e

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  • O QUE FAZER

    Melanoma

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    w w w . g b m . o r g . b r

    VEJA NESTA EDIÇÃO:■ Presente e futuro no melanoma metastático ■ Por dentro do GBM

    Lentigo Maligno “in situ”:margens cirúrgicas

    Francisco Burnier

    BOLETIM INFORMATIVO DO GBM – ANO XI – NÚMERO 43 – OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2008

    O lentigo maligno (LM)representa uma das for -mas clínico-patológicasdo melanoma cutâneo.Caracteristicamente,são tumores de evolu -ção lenta, com pre-domínio importante dafase de crescimento ra -

    di al. Tal extensão periférica faz-se porprojeções intraepidérmicas de melanó -citos atípicos, muitas vezes de formaindividual, o que confere o aspecto len -tiginoso das lesões. A progressão verticaldo melanoma lentiginoso é pouco fre-quente, ocorrendo em torno de 5% doscasos apenas.Com pico de incidência na 7ª década devida, o melanoma do tipo lentigo malig-no tem predileção por áreas fotoexpos -tas, fato que algumas vezes torna difícilsua diferenciação de outras lesões mela -nocíticas associadas à exposição solar.Deste modo, na pele com grande danoactínico, a determinação das margenscirúrgicas torna-se difícil tanto clínicacomo histopatologicamente. Justamentepor esta projeção lentiginosa de célulasindividuais nas margens periféricas dalesão, o tratamento cirúrgico do mela -noma lentigo maligno com as margenspreconizadas torna-se muitas vezes inefi-caz. Estima-se que 5mm de margens pa -ra os LM “in situ” sejam insuficientes ematé 35% dos casosVários métodos têm sido tentados co -mo alternativa à cirurgia. Eletrocau te -rização e curetagem, crioterapia, ablaçãoa laser, radioterapia, 5 fluorouracil e imi -quimod. As taxas de recorrência em 5anos variam de 20% a 100% com estas

    técnicas. A elevada recorrência deve-sejustamente à distribuição lentiginosa dascélulas cancerígenas na periferia e aoredor de anexos. Devido a isso, técnicasque oferecem controle de margem rigo -roso têm ganho maior atenção para otratamento do lentigo maligno. Dentreos “novos” métodos cirúrgicos, muitotem se discutido em relação à cirurgiamicrográfica e à excisão poligonal, comexame das margens de forma seriadaem cortes verticais de blocos de parafi-na, chamada de staged excision.A cirurgia micrográfica (CMM), descritainicialmente quimocirurgia, por Frede -rick Mohs em 1952, evoluiu muito como uso dos cortes por congelação já nosanos 70, e ganhou grande utilidade notratamento dos carcinomas cutâneos.Tem como princípios básicos a preser-vação do tecido adjacente com controlehistopatológico de 100% das margensperiféricas. No tratamento do melano -ma, a cirurgia micrográfica vem sendoempregada principalmente nos casos delentigo maligno. A má visualização demelanócitos em cortes de congelação,mui tas vezes piorada por efeito de arte -fatos processuais, é a grande crítica aeste método para o tratamento do me -la noma.Embora alguns estudos apresentem taxade cura e recorrência semelhantes ouaté superiores aos métodos conven-cionais, a CMM ainda é vista com gran -de desconfiança quando o assunto émelanoma. O procedimento é extre ma -mente dependente da habilidade do pa -to logista em distinguir os melanócitosmalig nos dos benignos na periferia daslesões lentiginosas. Alguns marcadores

    Os interessados em receber regularmente o Boletim Melanoma

    dados (e-mail, telefone e endereço) para [email protected]

    EditorialCarlos Barcaui

    Dentre as diversas formas deapresentação clínico-patológica dome la noma, o tipo lentiginoso in

    situ ca rac teriza-se por acometer maisfrequen temente pacien tes acima dos 60anos de idade, estar situado em áreasfotoexpostas e possuir uma fase decrescimento radial prolongada. Devidoa sua lenta evolução, tende a ser encara -do como uma forma menos agressivade tumor. Entretanto, seu cará ter insidi -oso pode ser constatado pela alta fre-quência de recidivas, o que muitas ve zesocasiona cirurgias extensas em áreasnobres como a região cefálica. Confira arevisão sobre a abordagem cirúrgicades sa forma de me la noma realizadapelo Dr. Francisco Burnier.O Dr. Alberto Wainstein discute a situa -ção atual e as perspectivas futuras paraos pacientes com melanoma metastáti-co e faz uma revisão sobre as possíveisdrogas que estarão dis poníveis para otratamento desses pacientes no futuro,espe ra mos próximo.Ainda nesse número, o Dr. Mauro Eno -ki ha ra faz uma breve retrospectiva dasações realizadas pelo GBM no ano de2008 e o Dr. Fernando Almeida discuteas medidas que podem ser adotadaspa ra aumentar o número de afiliaçõesao GBM e o preenchimento dos proto-colos.Por motivos financeiros, alheios a nossavontade, seremos obrigados a reduzir ati ragem impressa do Boletim – atual -men te distribuído para onze mil médi-cos em todo Brasil e no exterior. OBoletim do GBM continuará a ser pu -blicado trimestralmente e estará dispo -nível para todos os sócios on line(www.gbm.org.br). So li citamos àquelesque tem interesse em re ceber o Bo le -tim regularmente a genti le za de man-dar-nos um email com to dos os dados([email protected]). Agra decemos deantemão a sua compreensão e colabo-ração. Aproveitamos a opor tunidadepara agradecer também aos co legasque têm colaborado com a realizaçãodesse Boletim e desejar a todos umexcelente 2009!

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    do GBM devem mandar um email até 28/02/2009 confirmando seus

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    melanócitos presentes na pele comdano actínico. A medida dos núcleos enu cléolos do componente tumoral émai or do que das células normais. Em -bora útil, objetiva e reproduzível, a mor-fometria consome tempo e pode neces-sitar de equipamentos específicos na de -pendência dos métodos utilizados. Seuvalor como marcador prognóstico tam-bém já foi demonstrado.Os esforços para a melhoria da eficáciado tratamento do LM não têm se limi-tado ao surgimento ou adaptação demo dalidades cirúrgicas. O imiquimod,imu nomodulador tópico, tem se mos -trado eficaz em relatos isolados, estudosmais consistentes mostram lesão persis-tente após o cumprimento dos proto-colos estudados em até 25% dos casos.Mais atraente parece ser a idéia da apli-cação do imiquimod como um adju-vante ao tratamento cirúrgico, com afinalidade de destruir eventuais célulasremanescentes nas margens periféricasda ferida.Enfim, o lentigo maligno é um tumor derelativo bom prognóstico, mas que ofe -rece um grande desafio àqueles que pre-tendem tratá-lo, no que tange suas mar-gens cirúrgicas. Seguindo as recomen-dações dos grandes centros de estudodo melanoma, o GBM orienta que estestumores sejam tratados com margensvariando de 5mm a 1cm. Parece razoá -vel a idéia de que tumores localizadosem áreas com grande exposição solarsejam excisados com margens maispróximas a 1cm do que a 5mm. A inte-gração entre a equipe cirúrgica e opatologista é fundamental para o bemsucedido tratamento destes tumores.

    Referências:1. Burnier Pereira F, Burnier MN Jr,

    Shibata H, Wang B, Carey W. –

    imunohistoquímicos têm sido utilizadoscom sucesso segundo autores que sãofavoráveis à técnica.Dentre estes marcadores, o mais estu-dado nos últimos anos é o MART-1 (me-lanoma antigen recognized by T cells). OMART-1 pode ser utilizado tanto emblocos de parafina quanto em cortespor congelação. Alguns trabalhos apre-sentam correlação de 100% entre osachados em parafina comparados à con-gelação. Entretanto, e apesar do no me, oMART-1 reconhece uma proteína de mem -brana presente nas células de melanomae também nos melanócitos benignos.Desta forma, embora alguns autoresfalem em quantificação e morfologia dareação como ferramenta para distinçãoentre melanócitos benignos e malignos,não me é palatável a idéia de que taldiferenciação possa ser observada coma eficácia necessária em tumores pre-sentes preferencialmente em áreas foto-expostas e com projeção individual decélulas neoplásicas na periferia.Na verdade, a CMM para o melanoma,e em especial o lentigo maligno, pareceter maior utilidade quando utilizada nasua forma modificada, assim chamadapor consistir na mesma técnica cirúrgica,com o processamento da peça todofeito em parafina. Esta variação do mé -todo tem como maior desvantagem anecessidade da realização do procedi-mento com tempos cirúrgicos de inter-valo prolongado.Este mesmo lapso entre a excisão cirúr-gica e a verificação da margem tambémocorre na excisão seriada com cortesverticais, tornando o tratamento demo -ra do e muitas vezes angustiante para opaciente.A avaliação morfométrica dos melanóci -tos do lentigo maligno tem sido utilizadana diferenciação destas células com os

    O QUE FAZER

    O GBM, com mais de10 anos de existência,

    vem demonstrando ser realmente umGrupo Científico Multidisciplinar, dees trutura sólida, com planejamentoade quado, reconhecido e respeitadopor colegas de várias especialidadesmédicas. Quando analisamos a lista dosmembros associados, cerca de 50%são dermatologistas. Um exemplodisto é que durante a última RADESPtivemos 33 pedidos de novas afili-ações, pois, além de uma participaçãocientífica importante no evento,tínha mos no local um estande e uma

    secretária. Este fato nos leva a uma re -flexão de como poderíamos estimulara en tra da no quadro associativo doGBM de colegas de outras especiali-dades afins. Uma sugestão é de quequando membros do GBM participa -rem de eventos de grande porte dasSo cie dades de Cirurgia Plástica, Ana to -mia-patológica, Oncolo gia clínica eOncolo gia Cirúrgica, Psico-oncologiatenha também uma área física no local,com uma secretária, para mar carmospresença e possibilitarmos um maiorconhecimento sobre o nosso grupo enovas afiliações. Seria uma opção? Acho

    que sim! Fica aqui esta sugestão à Di -re toria exe cutivaParabenizo a Diretoria pela iniciativade estimular com uma pequena ajudafinanceira o preenchimento do Pro -to colo Completo, mas, como Om -buds man, devo salientar que tambémde ve ríamos estimular o protocolosim pli ficado através do nosso Bo le -tim.Gostaria também de agradecer à Di -retoria, e em es pecial ao Dr. MauroEnokihara, a con fiança em nós de po -si tada e de sejar a to dos os Colegasum Feliz 2009.

    Ombudsman GBMFernando Augusto de Almeida

    Cytomorphometric parameters and themetastatic potential of cutaneous anduveal melanoma: a comparison withprognostic factors. Am JDermatopathol. 2001 Aug;23(4):304-7

    2. Chapman MS, Spencer SK, Brennick JB. –Histologic resolution ofmelanoma in situ(lentigo maligna) with 5% imiquimodcream. Arch Dermatol 2003;139:943-4.

    3. Larisa C. Kelley, Laurie Starkus. –Immunohistochemical staining of lentigomaligna during Mohs micrographicsurgery using MART-1. Journal of theAmerican Academy of DermatologyJan. 2002 (Vol. 46, Issue 1, Pages 78-84)

    4. Neera Agarwal-Antal, Glen M. Bowen,John W. Gerwels – Histologic evaluationof lentigo maligna with permanent sec-tions: Implications regarding currentguidelines Journal of the AmericanAcademy of Dermatology Nov. 2002 (Vol. 47, Issue 5, Pages 743-748)

    5. Scott M. Acker, James H. Nicholson,Philip F. Rust, John C. Maize –Morphometric discrimination ofmelanoma in situ of sun-damaged skinfrom chronically sun-damaged skinJournal of the American Academy ofDermatology 1998 (Vol. 39, Issue 2,Pages 239-245)

    6. John A. Zitelli, Christine D. Brown,Barbara H. Hanusa – Surgical marginsfor excision of primary cutaneousmelanoma Journal of the AmericanAcademy of Dermatology September1997 (Vol. 37, Issue 3, Pages 422-429)

    7. Kamin e col. - Treatment of lentigomaligna with imiquimod before stagedexcision. Dermatol Surg. 2008Feb;34(2):147-51.

    8. Timothy M. Johnson, J.T. Headington,Shan R. Baker, Lori Lowe – Usefulness ofthe staged excision for lentigo malignaand lentigo maligna melanoma: The“square” procedure Journal of theAmerican Academy of DermatologyNovember 1997 (Vol. 37, Issue 5, Pages758-764)

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  • AZD2171, TKI258, Sorafenib, Sunitinib,Erlotinib, Pazopanib, Bortezonib, Lenali -do mida, Everolimus.

    Anticorpos monoclonais contra re cep tores

    de proliferação celularMuitos tumores, mesmo que anárquicos,apresentam alguma dependência de ati-vação de receptores de fatores de cres -cimento ou proliferação. Este é um pro-cesso organizado e sequencial, onde an -ti corpos específicos contra estes fatores,que se liguem a eles sem ativá-los, po -dem bloquear os mesmo. O fator decrescimento epidermal (EGFR), tem umpapel essencial na proliferação celular eoncogênese. O gene do EGFR apre sen -ta diversos polimorfismos relacionadoscom a sua expressão e atividade, poden-do ser alvo preditivo de agentes anti cân -cer. Ex: Panzopanib®, Tipifanib, Ticilli mu,Desatinib, Anti-p53, M28, Theras phereytthrium-90, Cetuxi mab

    Anticorpos monoclonais emoléculas contra antígenos

    tumorais específicosMelanomas compartilham mais de99,99% de seus antígenos tumorais comos melanócitos normais. Existem an tí -genos ou epítopos específicos das célu-las tumorais que são apresentados demaneira a permitir que o melanoma sejareconhecido e destruído. Pode-se entãogerar anticorpos contra estas moléculase humanizá-los. Ex:MAGE A-3, S100, Ti -ro sinase, chir 265, cnto 95, cs1008, De -ni leokin, ino-1001, mab 3f8, Mdx-1319,M-vax®, OncovexGm-csf, peptídeos, Pi-88,Vorinostat, Melacine®, M-vax®, Pro ven ge®,Cancer-vax®, Canvacin®.

    Drogas inteligentes alvo-específicas contra

    proliferação celular A prolifera ção celular desordenada queocorre nos tumores, por mais caóticaque seja, é regulada por receptores, fato -res de transcrição, translação e outros,extremamente organizados e eficazes.Alguns desses fatores podem ser únicosou super ativados em células tumorais,tornando-as alvos específicos de drogasque bloqueiem estes processos. Ex. OImatinibe inibe a dimerização da tirosinaquinase em células Kit positivas. Glivec®,Sutent®, Sorafenib®, Abra xane, Apo866,AZD 2171, Fludarabina, Temozolamida,Temsirolimus.

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    conformar com isso. Cabe também aosmédicos e pesquisadores dedicados aomelanoma a missão de propor aos de -tentores das patentes e ajudar a viabi-lizar os recursos, aprovação regulatória edisponibilização de novas opções parao melanoma. Isso é factível através doesta belecimento de parcerias multidis -ciplina res e mesmo multi-institucionaisunidas em projetos de pesquisa. Asprin cipais classes de moléculas em pes -quisas são descritas abaixo, que podemser aplicadas isoladas ou em combina -ção:

    Citocinas e biológicos

    Pequenas moléculas bioativas que seligam a re ceptores principalmente decé lulas do sistema imunológico poden-do otimizar a citotoxidade anti-tumoral,apresentação de antígenos tumorais eoutros efeitos como anti-angiogênese.Ex: A interleucina-2 em altas doses émuito tóxica e com alto custo. Entre -tanto, cerca de 10% dos pacientes commelanoma metastático apresentam res -posta, e, destas, 90% são sustentadas pormais de 10 anos. Ex: Interferon&2b, In -ter feron peglado, Inter leucina-2, Inter -leu cina-7, Interleucina-21, A10 – AS21,Alovectin-7, BMS 663513, Hu 1418,MDX010.

    Inibidores da angiogênese

    Muitas evidências recentes sugeremque o tratamento direto, bloqueando ofator de crescimento endotelial vascular(VEGF) através de um anticorpo mono-clonal humanizado, pode aumentar aresposta e sobrevida em pacientes comcâncer metastático, quando associado àquimioterapia, validando a angiogênesecomo alvo terapêutico contra o câncer.Relatos de caso mostram a eficácia doBevacizumab em combinação com oPaclitaxol em paciente com melanomametastático. A implicação desta combi-nação e melanoma está apenas come -çando, mas é promissora. O fator decrescimento endotelial vascular (VEGF),molécula pró-angiogênica, é reconheci-damente produzido pelas células domelanoma. O bloqueio da angiogênesetumoral pode ser feito na vasculaturacentral (Bevacizumab) ou periférica(Nimatuzumab), sendo uma modalidadede terapia complementar a outras con-sagradas como cirurgia, radioterapia equimioterapia. Ex: VEGF trap, Talidomida,

    DEBATES CRÍTICOS

    Presente e futuro para o paciente com melanoma metastático

    Alberto Wainstein

    Felizmente a maioria denossos pacientes comme lanoma apresentasig nificativa possibilida -de de cura quando daabordagem inicial. Issose deve principalmenteà mobilização integradade dermatologistas, ci -

    rur giões, pacientes e grupos como oGBM, comprometidos com o diagnósti-co precoce, onde todas as células tu -morais poderiam ser re mo vidas na ci -rurgia inicial. Apesar disso, o melanoma éum dos tumores ou o tu mor mais agres-sivo, com contínuo au mento de incidên-cia nas últimas déca das, acometendoprincipalmente adultos jovens, na fasemais produtiva.Infelizmente, no presente, o prognósticoé reservado para os pacien tes com do -en ça metastática, com exceção de pa -cientes com doença micrometastática,diagnosticada com a Pesquisa do Linfo -nodo Sentinela (PLS). Esta pode indicaruma linfadenectomia que não apenasaumenta a precisão do estadiamento,como possivelmente também aumentaa chance de cura deste seleto grupo depacientes. Ainda não existe tratamentoadjuvante padronizado que previna arecorrência, que ocorre mesmo comdoença inicial, após cirurgia com a finali-dade curativa. A doença metastática éincurável na maioria dos pacientes, masexistem opções terapêuticas que estãosendo pesquisadas e validadas tambémcom o propósito de beneficiar pacientescom melanoma. Nos últimos anos estamos vivenciandoum renascimento na pesquisa e desen-volvimento de drogas em oncologia.Diversas plataformas tecnológicas de -sen volvidas nas últimas décadas do sécu-lo passado moveram para a pesquisatranslacional para o tratamento do cân -cer, podendo predizer um futuro maispromissor. Entre as principais classes dedrogas pode-se mencionar citocinas, ini -bidores da angiogênese, anticorpos mo -noclonais contra receptores de prolife -ração celular, anticorpos monoclonaiscon tra antígenos tumorais específicos edrogas inteligentes alvo específicas con -tra re plicação celular.A incidência de melanoma é baixa e,baseados nos princípios que movem osinvestimentos em biotecnologia, é muitomais promissor o desenvolvimento eaplicação de drogas para outros tumo -res mais prevalentes. Não podemos nos

    Melanoma43:Melanoma43 1/20/09 6:42 PM Page 3

  • Este ano para o GrupoBrasileiro de Melano ma,

    como em anos anteriores, tivemos inú -meras atividades, em Janeiro co me ça -mos com a Ação Verão nas praias dePor to Alegre, divulgação sobre os cuida-dos com a fotoproteção e alerta sobreo diagnóstico de melanoma, com oapoio da FECOMERCIO e SESC do RioGrande do Sul, sob o comando do Dr.Felice Riccardi (Tesoureiro Adjunto).Realizamos, durante o feriado de Cor pusChristi e nos finais de semana de Julho aAção nas Montanhas em Campos doJordão, onde foram distribuídos mais de90 mil folhetos e abordadas milhares depessoas sobre os cuidados com a foto-proteção, mesmo durante o inverno. Ini -ciativa inédita, pois as pessoas mui tasvezes desconhecem que a altitu de e céulimpo, sem poluentes no ar, aumen tamos riscos da exposição solar sem pro-teção, e alerta sobre o diagnóstico pre -coce do melanoma (ação conjunta doGBM com a Sociedade Brasilei ra de Der -matologia – Regional São Pau lo e a Soci e-dade Brasi leira de Cirur gia Derma to ló gi -ca e o apoio da Prefeitura de Camposdo Jordão).Em outubro apoiamos o Programa Sinalde Alerta, orientação sobre os sinais parasuspeição do melanoma nos cursosprofissionalizantes do SENAC no RS, sobcoordenação do Dr. Felice Riccardi. Gos -taríamos que esta iniciativa se estendessepara o restante do território na cio nal.

    Junto com o II Distrito da SBD-RESP, soba coordenação científica do Dr. OctávioMoraes e presidência do Dr. Dargham, fo -ram quatro reuniões científicas sobre atu-alização em melanoma cutâneo e der ma -tos copia. Agradecemos aos palestrantes.Participamos nas atividades científicas doXX Congresso Brasileiro de Cirurgia Der-

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    DIRETORIA GBMPresidente: Mauro Yoshiaki Enokihara

    1ovice-pres.: João Pedreira Duprat Neto 2ovice-presidente: Alberto Julius Alves Wainstein

    Secretário geral: Bianca Costa Soares de Sá 1osecretário: Felice Riccardi

    Tesoureiro: Maurício Mendonça do Nascimento 1otesoureiro: Neusa Sakai Valente

    Diretor Científico: Francisco Aparecido Belfort Diretor de Informática: Maurício Pedreira Paixão

    Editor do Boletim: Carlos Baptista Barcaui

    EXPEDIENTEPublicação trimestral do Grupo Brasi leiro Multidisciplinar e Multicêntrico

    para Estudo de Melanoma – GBMJornalistas Responsáveis: Maria Lúcia Mota. Mtb: 15.992 e Adriana Mello

    Secretaria Executiva e Cartas:Rua Joaquim Nabuco, 47- sl 103 – Cep 04621-000 – São Paulo-SP

    Tel (11) 5542.8216 – Fax (11) 5543.1141 – [email protected] – www.gbm.org.brCoordenação editorial: Informedical Publicações Médicas

    Tiragem: 11.000 exemplares

    Mande seus comentários sobre o boletim para: [email protected]

    Por dentro do GBMMauro Enokihara

    matológica (Campos do Jordão SP), 4ºDerma Rio da SBD – Regional Rio de Ja -nei ro, Reunião dos Dermato logis tas Lati -no-Americanos (RADLA) em Curiti ba,63º Congresso Brasileiro da Socie da deBrasileira de Dermato lo gia (Forta le za),13º Reunião dos Dermatolo gis tas doEstado de São Pau lo (RADESP), emCampinas (SP), e, de forma Insti tu cional,com estandes e para a divulga ção da 8ªConferência Brasileira sobre Melanoma.Apoiamos os cursos de Der ma toscopiado Hospital do Câncer A. C. Camargo edo Instituto Bra si leiro de Com bate aoCâncer (IBCC).

    Nomeado Delegado Regional do MatoGrosso do Sul Prof. Dr. Günter HansFilho na Jornada Dermatológica do MS. Participamos da Jornada Dermatológicadas Regionais da SBD de Sergipe, SantaCatarina e Distrito Federal.

    Realizamos a Teleconferência do GBM,com a participação simultânea do Riode Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegree São Paulo. Sob a mediação do Dr. Bel -fort e a coordenação dos colegas Fran -cis co Burnier (RJ), Alberto Wainstein (BH)e Felice Riccardi (POA), houve discussãoclí nico-patológica interativa entre as qua -tro capitais e a participação de colegasconvidados (Mirian Soto, Helena Olegá -rio, Fernando de Almeida, Flavia Bitten -court, Maira, Bruno Righi, Roque, JuanPineiro-Maceira) e, via chat, com o enviode inúmeras perguntas e comentáriosdos sócios do GBM. Com suporte técni-co da Telemedicina da USP, representa-dos pelo Prof. Chao, e co laboração dosDr. Maurício Paixão e Dr. Helio Miot eapoio da La Roche-Posay, viabilizamoseste marco na Tele du cação. Para os quenão puderam participar ou para aquelescolegas que queiram assistir no va mente,

    encontra-se no site, na área para os só -cios.Demos continuidade à compilação dedados do Protocolo Simplificado e doPro tocolo Completo, com o apoio dosDr. Eduard e José Humberto. Agra de ce -mos ao Dr. Carlos Barcaui pelo sucessodo Boletim, tanto no conteúdo científicoquanto na sua formatação, e ao Dr.Maurício Paixão e equipe pelo empenhoe desenvolvimento da estratégia ligada àinformática. À nossa secretaria Dra. Bian -ca e ao nosso tesoureiro Dr. Mauríciope lo zelo e dedicação; ao Dr. Gilles àfrente dos assuntos internacionais, ao Dr.Francisco Belfort na condução da di re -to ria científica e pelas críticas e conse -lhos do nosso Ombudsman Prof. Fer nan -do Augusto de Almeida. Enfim, a to dosque têm colaborado na manutenção eno crescimento do Grupo Brasileiro deMelanoma.

    Há muito que se fazer, para o próximoano iremos participar da 7ª World Con -ference on Melanoma em Viena, já estãoprogramadas reuniões Científicas paraCuritiba, Rio de Janeiro e Goiânia, que -remos realizar novas Teleconferên ciascom a participação de outras cidades doBrasil, queremos um GBM mais atuantee levando informações úteis para o pú -bli co leigo e científicas atualizadas pa raos médicos e profissionais da saúde efinalizarmos a nossa gestão com a 8ªCon ferência Brasileira sobre Melanomasob a presidência do Dr. João Duprat eCoordenação Cien tífica do Dr. FranciscoBelfort, que contribuirá com a revisãodo Consenso sobre Linfonodo Senti ne -la; serão propostos Consensos sobreSe guimento e padronização na nomen-clatura dos termos dermatos có pi cos,indicação e laudo sobre o exame der-matoscópico.

    Melanoma43:Melanoma43 1/20/09 6:42 PM Page 4