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Melhoramento Genético de Peixes Disciplina: Melhoramento Genético Animal Curso: Zootecnia Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz Depto. de Zootecnia FCAV - UNESP

Melhoramento Genético de Peixes - fcav.unesp.br · •Programa de melhoramento genético norueguês para o salmão do Atlântico: Critérios de seleção ... •população do sexo

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Melhoramento Genético de Peixes

Disciplina: Melhoramento Genético Animal – Curso: Zootecnia

Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz

Depto. de Zootecnia – FCAV - UNESP

Introdução

• Aquicultura Década de 1980 Características de atividade econômica no Brasil e no Mundo

• Existência de tecnologia compatível com criação racional técnicas de reprodução, manejo, alimentação, instalações

• Expansão da piscicultura em bases empresariais

Introdução

• Aumento da demanda por produtos de qualidade de pesca de água doce • Novos centros varejistas Peixes limpos e

Comercialização de filés • supermercados

• hipermercados

• peixarias

• Expansão da pesca por lazer • Pesque-pague

• Mercado exportador de filés de qualidade • EUA e Japão

Aquicultura no Brasil

• Região sul produção de ostras, camarões,

carpas, cat fish Santa Catarina e Paraná

• Região sudeste produção de peixes redondos

(Tambaqui, Pacu), tilápias São Paulo

• Região centro-oeste produção de Tambaqui,

Pacu, Matrinchã, etc

• Região Nordeste produção de camarões,

tilápias Rio Grande do Norte

Aqüicultura no Brasil

• Produção piscicultura brasileira menos

de 10 % da produção da pesca brasileira

• Produção Brasileira de pesca 700 mil

toneladas/ano

• Consumo nacional um milhão de

toneladas/ano

Leonhardt et al. (2006)

Aqüicultura em São Paulo

• Vale do Ribeira

• Região de Ribeirão Preto

• Vale do Paranapanema

• Região de Presidente Prudente

• Região de São José do Rio Preto

• Região de Barretos

Processo de Domesticação

• Mudanças nos hábitos das espécies

• Início do processo de seleção

• indivíduos mais aptos ao cativeiro sobrevivem

• suportam melhor estresse

• suportam melhor o aumento de densidade

• Domesticação ganho de 2% a 6% no

crescimento

Processo de Domesticação

• Pontos chaves para a domesticação:

• reprodução

• alimentação

• Espécies realmente domesticadas:

• Carpas

• Tilápias

• Trutas

Características de importância

econômica – Critérios de Seleção

• Características Reprodutivas

• Habilidade de reprodução em cativeiro

• Piracema

• Precocidade Sexual

• Idade à maturidade sexual

• Antecipar para Pirarucu

• Postergar para Tilápia e Carpa

• Época de maturação sexual

• Fertilidade

Características de importância

econômica – Critérios de Seleção

• Características de crescimento

• Peso Corporal

• Comprimento (C)

• Altura (A)

• Taxa de crescimento

• quantidade de alimento

• absorção do alimento

Características de importância

econômica – Critérios de Seleção

• Características de carcaça

• Relação C/A (<3)

• Tamanho cabeça/tamanho corpo

(máximo 25%)

• Rendimento de carcaça

• Rendimento de filé

Características de importância

econômica – Critérios de Seleção

• Outras características

• Resistência às variações do ambiente:

• temperatura

• oxigênio

• pH

• poluição da água, etc

• Pesca por lazer

• Facilidade de pesca

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• Ambiente aquático grande quantidade de

variação ambiental

• Controle da variação mais difícil

• remoção de dejetos

• flutuação nos níveis de oxigênio, temperatura, etc

• Pesquisa em genética de organismos aquáticos

mais difícil do que pesquisa em aquicultura

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• Pouco conhecimento das consequências dos

efeitos ambientais sobre a expressão

genética e as variações fenotípicas e

genotípicas

• Efeitos ambientais podem mascarar os

efeitos genéticos verdadeiros

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• idade do animal competição

• taxa de mortalidade assimetria

• densidade tamanho do animal

• temperatura estoque comunal

• qualidade da água sexo

• efeitos maternos

• ganho compensatório

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes • Temperatura e qualidade da água

• afetam peso e crescimento

• provocam deformidades

• Sequência de oviposição/ovulação animais de diferentes idades

• afeta a taxa de sobrevivência

• efeito no peso/tamanho dos animais

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

Catfishies (Ictalurus punctatus) com deformidades induzidas por efeitos ambientais

Fonte: Dunham (2004)

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes • Efeito maternal

• idade da fêmea

• tamanho do ovo

• varia de espécie para espécie

• tamanho do ovo taxa de crescimento taxa de sobrevivência (Tilápia, Salmão)

• efeito diminui com o tempo (45 dias)

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• Tanque

• variações:Temperatura, pH, O2, quantidade de

plâncton, etc

• usar vários tanques iguais repetições

• se estiver comparando diferentes genótipos

• estocagem comunal

• válido se não houver interação genótipo-ambiente

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• Assimetria efeito do manejo

alimentar

Peso corporal (g)

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

• manejo alimentar afeta a variação ambiental

• pequenas diferenças iniciais no tamanho das

larvas (bocas) causadas por diferenças

genéticas ou ambientais podem ser

potencializadas pela competição

• Assimetria resultante da competição

por alimento

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes • Peixes com bocas pequenas (tamanho da

boca/tamanho do corpo) são mais

susceptíveis à competição por alimento

• Assimetria pode ser reduzida

• aumentando o nº de vezes de fornecimento de

alimento

• diminuindo o tamanho da partícula

• decrescendo a taxa de lotação

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes • Sexo efeito marcante sobre

desempenho dos animais

• Geralmente fêmeas são maiores e

crescem mais rápido

• Tilápias machos são maiores

Fatores não genéticos de variação

que atuam sobre o desempenho de

peixes

Dimorfismo sexual em Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus)

Fonte: Dunham (2004)

Estimativas de herdabilidade para

várias características em peixes

Fonte: Tave (1986)

Característica h2 + EP

Peso corporal 4 meses 0,48 12 meses 0,49

Ganho em peso 0,25 - 0,38

Comprimento 12 meses 0,34+0,05 24 meses 0,42

Taxa de crescimento 0,25

Altura 12 meses 0,42 24 meses 0,69

Estimativas de herdabilidade para

várias características em peixes

Fonte: Tave (1986) e Gjedrem (2000)

Característica h2 + EP

Rendimento de carcaça 0,43 + 0,85

Porcentagem de gordura 0,61 + 0,78

Tamanho do ovo 0,20 + 0,05

Número de ovos 0,16 + 0,10

Idade à maturidade sexual 0,48 + 0,20

Tolerância ao DDT (40 mg/l 0,05 + 0,03

Resistência à furunculosis (Salmão) 0,14 + 0,11

Programa de seleção

• Formação da população base:

• coleta de peixes de diferentes rios (linhagens)

• avaliação das características quantitativas

nas diferentes linhagens

• se diferentes desempenhos manter

linhagens separadas e fazer seleção dentro de

linhagens

• se desempenhos semelhantes pool gênico e

selecionar dentro do pool

Programa de seleção

• Acasalamentos: 1 macho x 2 a 3 fêmeas

• Avaliar grupos de meio-irmãos e de irmãos germanos

• Seleção pelo desempenho para características de crescimento

• Seleção pela progênie para características de carcaça

• Seleção combinada para características reprodutivas e de resistência a doenças

Programa de seleção - Exemplo

• Programa de melhoramento genético norueguês para o salmão do Atlântico: Critérios de seleção – GjØem & Bentsen (1997)

Ano Característica

1975 Crescimento (G)

1981 G+ Idade à maturidade sexual (SM)

1993 G+SM+ Resistência doenças (DR)

1994 G+SM+DR+ Coloração carne (C)

1995 G+SM+DR+C+ Composição corporal

Esquema de Seleção

Acasalamento

Fecundação

Incubação

1ª Alevinagem

Marcação (20g)

2ª Alevinagem

Cultivo

Seleção Fonte: Castagnoli (1986)

Cruzamentos em peixes

• Possibilidade de obtenção de Híbridos

• Hibridação

• Inter-específica

• Intra-específica

• Inter-genérica

• Finalidade

• Heterose

• Complementaridade

• Introdução de genes

• Desvio na taxa sexual

• Esterelidade

Cruzamentos em peixes

• Hibridação na natureza ocorre, mas é rara

• Mecanismos de isolamento reprodutivo

A) Geográfico

B) Comportamental

C) Temporal

D) Celular

E) Incompatibilidade de Gametas

Cruzamentos em peixes

• Mesmo quando ocorre hibridação na natureza, geralmente:

• o híbrido é estéril

• F2 tem menor viabilidade

Cruzamentos em peixes

• Hibridações em Tilápias que só produzem

machos:

Fêmea x Macho

T. mossambica x T. hornorum

T. nilotica x T. hornorum

T. nilotica x T. mocrochi

T. nilotica x T. aurea (75% m e 25% f)

T. nigra x T. hornorum

Cruzamentos em peixes

• Hibridação em peixes

• Macho Pacu (Piaractus mesopotamicus) X

Fêmea Tambaqui (Colossoma

macropomum)

Tambacu

Cruzamentos em peixes

Fonte: http://www.fishingtur.com.br. Acesso aos 19 de outubro de 2008

Cruzamentos em peixes

Fonte: http://www.fishingtur.com.br. Acesso aos 19 de outubro de 2008

Cruzamentos em peixes

• Hibridação em peixes

• Macho Tambaqui (Colossoma

macropomum) X Fêmea Pacu (Piaractus

mesopotamicus)

Paqui

Cruzamentos em peixes

• Hibridação em peixes

• Tambacu ≠ Paqui

• Efeito materno mitocôndria do óvulo

• DNA mitocondrial

• Tambacu tem maior valor comercial

• Nº de cromossomos pode ser muito diferente

• Reprodução artificial para produção de híbridos

Cruzamentos em peixes Híbrido Fêmea Macho

Tambatinga Tambaqui - Colossoma macropomum

Pirapitinga – Piaractus brachypomus

Tambacu Tambaqui - Colossoma macropomum

Pacu – Piaractus mesopotamicus

Paqui Pacu – Piaractus mesopotamicus

Tambaqui- Colossoma macropomum

Cachapira Cachara – Pseudoplatystoma reticulatum

Pirarara - Phractocephalus hemiliopterus

Cachapinta Cachara – Pseudoplatystoma reticulatum

Pintado – Pseudoplatystoma corruscans

Pintachara Pintado – Pseudoplatystoma corruscans

Cachara – Pseudoplatystoma reticulatum

Piaupara Piauçu - Leporinus macrocephalus

Piapara - Leporinus elongatus

Cruzamentos em peixes

• Hibridação em peixes

• Frequente híbridos serem Férteis

• Riscos de acasalamentos com as espécies

que lhe deram origem

• PORTARIA nº 145/98, de 29 de outubro

de 1998 do IBAMA proíbe a introdução

de híbridos na aquicultura

Endogamia em peixes

• Finalidades

• desenvolver linhagens para posterior cruzamento

• identificar genes recessivos deletérios

• Possibilidades

• Ginogênese

• Androgênese

Endogamia em peixes

• Ginogênese

Obtenção de indivíduos normais a partir de zigotos diplóides, com material genético exclusivo materno

• Possibilidade de formar Clones

Como isto é possível?????

Ovogênese – Espermatogênese -

Fecundação

Fonte: www.google.com.br/images

Ovogênese – Espermatogênese –

Manipulação da Fecundação

Ginogênese

Sptz inativado choque: térmico ou barométrico Fecundação

Ginogênese

• Se não houver choque térmico ou barométrico

• o processo de ovogênese segue normalmente, mas todos os zigotos morrem pois são haplóides ( só tem os genes da mãe)

• Após choque térmico ou barométrico

• retenção do 2º corpúsculo polar

• material genético da mãe

• progênie diplóide ginogenética

Ginogênese

• Inativação dos espermatozóides

• raios gama

• radiação U.V.

• mais eficiente

• diluição do ejaculado

• Após a fecundação

• choque térmico

• pressão hidrostática

• impedir a expulsão do 2º corpúsculo polar

Ginogênese

• Mortalidade muito alta das larvas

• alta endogamia (F)

• Grau de homozigose nas gerações endogâmicas

Geração Ginogênese Autofecundação Acs ½ irmãos

1 0,900 0,500 0,125

2 0,990 0,750 0,250

3 0,999 0,875 0,375

Fonte: Kirpichnikov (1981)

Androgênese

• Mais difícil de ser processada

• DNA do óvulo mais difícil de ser

inativado

• DNA mitocondrial

• necessário para dar energia à célula

Poliploidias

• Finalidades

• animais com melhor desempenho • maior crescimento

• animais estéreis • não desviam recursos para reprodução

• Possibilidade de criar novos genótipos

Poliploidias

• Triplóides (3n)

• Processo idêntico ao da ginogênese

• Uso de espermatozóide normal

• Tetraplóides (4n)

• Aplicação do choque deve ser feita no

momento em que o zigoto inicia a primeira

divisão para formar o embrião com duas

células

Indução á Triploidia

Sptz normal choque: térmico ou barométrico Fecundação

Indução à Tetraploidia

Sptz normal choque: térmico ou barométrico Fecundação

Metáfase da

1ª divisão

do embrião

início da divisão do

embrião em duas

células

Poliploidias

• Triplóides

• maiores taxas de crescimento nas fases iniciais

• resultados variam de espécie para espécie

• alguns podem ser férteis

• Tetraplóides

• férteis

• criação de genótipos totalmente novos

• perigo para as espécies naturais

Reversão sexual e reprodução

• Determinação genética do sexo • Fenótipo sexual depende também do ambiente

• Populações de um só sexo ou estéreis são desejáveis em aqüicultura • machos e fêmeas crescem a taxas diferenciadas

• população do sexo que se desenvolve mais rápido aumenta produção

• Algumas espécies tornam-se maduras com tamanho pequeno e idade jovem • decréscimo na produção

Técnicas para obtenção de

populações de um só sexo

• Sexagem manual

• Esterelização

• Hibridação

• Ginogênese

• Androgênese

• Poliploidia

• Reversão sexual

• Reversão sexual combinada com reprodução

Reversão sexual

• Peixes 2 sistemas

• fêmea sexo homogamético (XX)

• fêmea sexo heterogamético (ZW)

• Reversão sexual usando hormônios

• requer o conhecimento detalhado do período em que

ocorre a diferenciação sexual no qual o animal estará

susceptível à feminilização ou à masculinização

• Fenótipo pode ser alterado pela administração de

andrógenos ou estrógenos

Reversão sexual

• Diferenciação sexual

• Cat fish 3-4 semanas após eclosão

• Tilápia do Nilo 3-4 semanas após eclosão

• Carpa grama estágio de alevino (85-200 mm)

• Diferenciação sexual é mais determinada pelo tamanho e estágio de desenvolvimento do que pela idade

• Conhecimento crítico para início e final do processo

Reversão sexual

Hormônios mais comuns usados em aqüicultura

• maioria sintéticos derivados da testosterona produção de machos

• 17 α-metiltestosterona

• 19-noretinatestosterona

• 11-ketosterona

• Produção de fêmeas componentes estrogênicos

• 3-estradiol

• estrógeno

• etilniloestradiol

Reversão sexual

• Aplicação exógena de hormônio no tanque

• imersão

• Administração de hormônio na ração

• dissolução do hormônio em etanol e

pulverização sobre a ração

• Implantes na cavidade abdominal

• carpas

Combinação de técnicas para

produção comercial

Fêmeas

Ginogênese

Progênie só de fêmea

Metiltestosterona (MT)

Novos machos Fêmeas

Produção em massa de peixes fêmeas

MT

Ciclo de

produção

comercial

Fonte: Dunham (2004)

Genes pleiotrópicos de efeito maior

Carpa escama S_nn

Carpa espelho irregular ssnn pequena depressão crescimento

Carpa espelho linha S_Nn depressão crescimento

Carpa couro ssNn depressão marcante

crescimento

S afeta quantidade

N afeta distribuição

S_NN

ssNN Letais

Fonte: Castagnoli (1986)