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ALAN BARMAK MELHORIA NO PROCEDIMENTO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção SÃO PAULO 2008

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ALAN BARMAK

MELHORIA NO PROCEDIMENTO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção

SÃO PAULO 2008

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ALAN BARMAK

MELHORIA NO PROCEDIMENTO DE EMBARQUE DE MERCADORIAS EM UM CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO

Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção Orientador: Professor Doutor Paulino Graciano Francischini

SÃO PAULO 2008

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AGRADECIMENTOS

Não poderia deixar de agradecer, primeiramente, à minha família por seu apoio

incondicional e paciência inesgotável. Aos meus pais, de quem herdei grande parte de meus

valores, meus princípios e de quem sempre recebi muita educação, carinho e incentivo. E ao

meu irmão, que apesar de tantas brigas de infância, é até hoje meu modelo e sempre me deu

apoio.

Agradeço também a todos os grandes e verdadeiros amigos que fiz na Escola

Politécnica, sem os quais não teria chegado até este ponto. Desde as intermináveis horas de

estudo nos primeiros anos de faculdade até a motivação mútua para finalizarmos os Trabalhos

de Formatura, vocês foram essenciais.

Gostaria de agradecer também ao Professor Paulino Graciano Francischini por toda a

dedicação e suporte fornecido para a realização deste trabalho.

Por fim, não há como citar os nomes de todos os funcionários da empresa onde este

trabalho foi realizado, que me auxiliaram em seu desenvolvimento e se mostraram prontos

para cooperar de todas as maneiras possíveis, pois são muitos. A todos agradeço

profundamente pela ajuda e por tudo que me ensinaram durante todo o tempo em que

trabalhamos juntos.

Após cinco anos difíceis, é bom olhar para trás e ver quantas pessoas queridas

estavam ao meu lado. E mais importante ainda é perceber que todas continuam.

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RESUMO

Este estudo teve como foco a diminuição da falta de produtos nos Centros de

Distribuição e Vendas de uma empresa do setor alimentício. Primeiramente, foi realizada uma

análise de todos os dados disponíveis, de onde se concluiu que a causa raiz desta falta de

produtos era o atraso na saída dos veículos dos Centros de Distribuição da companhia, não

conseguindo abastecer os Centros de Distribuição e Vendas a tempo. Para identificar a causa

dos atrasos, foi feito um diagnóstico das condições do principal Centro de Distribuição da

empresa, onde não foi encontrada nenhuma grande falha. Desta forma, como se concluiu que

não havia problemas de operação influenciando as saídas, realizou-se um estudo de tempos

para identificar o gargalo do processo e propuseram-se alternativas de melhoria para aumentar

sua capacidade. Dentre as propostas, optou-se pela utilização de esteiras nas operações de

carregamento, de modo que a capacidade de expedição seja aumentada em aproximadamente

32%.

Palavras-chave: Falta de produtos. Estudo de tempos. Melhoria de operação. Aumento de

capacidade. Carregamento de veículos.

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ABSTRACT

This study focused on the decrease of missing products at Distribution and Sales

Centers from a company of the food industry. First, an analysis of all available information

was made and its conclusion showed the main cause of the problem was the delay of vehicles

leaving Distribution Centers, failing to supply Distribution and Sales Centers on time. To

identify the cause of those delays, a diagnosis of the main Distribution Center’s conditions

was made. After that, as the diagnosis did not indicate any failures on its operations, a time

study was made in order to identify the bottleneck of the process and some alternatives to

increase its capacity were proposed. Among the alternatives, it was opted to use roller

conveyors on loading vehicles operations, increasing the expedition capacity of the

Distribution Center by 32%.

Keywords: Missing products. Time study. Capacity increase. Vehicles loading.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ilustração da cadeia de abastecimento ..................................................................... 13

Figura 2 - Esquema simplificado de atividades dos CDV ........................................................ 15

Figura 3 - Organograma da Diretoria de Supply Chain............................................................ 17

Figura 4 - Diagrama de Ishikawa para causas de corte de pedido ............................................ 20

Figura 5 - Equação de determinação do Estoque de Segurança ............................................... 22

Figura 6 - Pedidos e Cortes de bolsas, 1º semestre de 2006 e 2007 ......................................... 23

Figura 7 - Sistema de fornecimento-produção-distribuição ..................................................... 36

Figura 8 – Croquis do terreno ................................................................................................... 50

Figura 9 - Croquis do armazém ................................................................................................ 51

Figura 10 - Ilustração da passagem do palete da fábrica para o CD ........................................ 61

Figura 11 - Ilustração do embarque de produtos ...................................................................... 64

Figura 12 - Fluxo de geração do reparto e carregamento ......................................................... 68

Figura 13 - Fluxo de transferência de produtos de fábrica ....................................................... 71

Figura 14 - Ilustração da seqüência de atividades de expedição .............................................. 72

Figura 15 - Fluxo resumido da geração de reparto e carregamento ......................................... 74

Figura 16 - Etapas do fluxo referentes às equipes de doca ....................................................... 78

Figura 17 - Ilustração da seqüência de atividades de expedição da Proposta 4 ...................... 85

Figura 18 - Figura ilustrativa da esteira selecionada ................................................................ 89

Figura 19 - Ilustração das posições propostas para carregamento............................................ 91

Figura 20 - Testes de adesão à curva normal das amostras de cronometragem ....................... 97

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidades pedidas e recusadas (cortadas) no 1º semestre de 2007 ..................... 16

Tabela 2 - Percentuais de parada de linhas de produção .......................................................... 24

Tabela 3 - Quantidade de famílias de produto por nível de estoque ........................................ 28

Tabela 4 - Percentual de pedidos e cortes por família de produto ............................................ 29

Tabela 5 - Repartos atrasados por mês, em 2007, na companhia ............................................. 31

Tabela 6 - Percentual de pedidos e cortes, por CD, em 2007 ................................................... 32

Tabela 7 - Repartos atrasados por mês, em 2007, no CD principal ......................................... 33

Tabela 8 - Tipos de armazéns e suas funções - Gurgel (1996) ................................................. 42

Tabela 9 - Quantidade de posições paletes no CD ................................................................... 56

Tabela 10 - Relação de equipamentos de MAM - Empilhadeiras ............................................ 57

Tabela 11 - Relação de equipamentos de MAM - Paleteiras ................................................... 58

Tabela 12 - Relação de funcionários que operam o CD, por turno e por equipe ..................... 59

Tabela 13 - Velocidades médias das atividades resumidas de geração de reparto ................... 75

Tabela 14 - Cálculo de validação da primeira cronometragem de carregamento .................... 77

Tabela 15 – Definição dos ciclos das atividades para cronometragem .................................... 80

Tabela 16 – Tempo médio Observado (TO) das atividades de carregamento .......................... 81

Tabela 17 - Cálculo de TP para as atividades de carregamento ............................................... 82

Tabela 18 - Cálculo da capacidade atual de expedição do CD ................................................. 83

Tabela 19 - Peso definido para os critérios de avaliação .......................................................... 86

Tabela 20 - Avaliação de alternativas de melhoria .................................................................. 87

Tabela 21 - Dados e especificações técnicas da Esteira selecionada ....................................... 89

Tabela 22 - Resultado do teste de carregamento com esteira ................................................... 92

Tabela 23 - Cálculo de TP para Ativ. 20 após implementação de uso de esteira ..................... 95

Tabela 24 - Cálculo da nova capacidade de expedição do CD ................................................. 95

Tabela 25 - Média de repartos gerados e carregados por dia, em 2007, no CD ....................... 99

Tabela 26 - Relação entre operação atual e futura .................................................................. 100

Tabela 27 - Custos e benefícios esperados pela implantação da proposta selecionada .......... 102

Tabela 28 - Possíveis incrementos de vendas considerados ................................................... 102

Tabela 29 - Fluxos de caixa dos cenários analisados ............................................................. 103

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LISTA DE SIGLAS E TERMOS

Bolsa Unidade de comercialização de salgadinhos

Caixa Unidade de movimentação de salgadinhos

CD Centro(s) de Distribuição

CDV Centro(s) de Distribuição e Vendas ou Filiais

Copacker Empresa contratada para industrializar e embalar produtos para outra

companhia

DTS Down The Street – canal de distribuição

ES Estoque de Segurança

FIFO First In, First Out

Filiais Centro(s) de Distribuição e Vendas, CDV

FR Fator de Ritmo

LIFO Last In, First Out

MAM Movimentação e armazenagem de materiais

MP Matéria-prima

OT Organized Trade – canal de distribuição

PA Produto acabado

Palete Estrutura de madeira ou plástico utilizada na movimentação de cargas

PDV Ponto(s) de Venda

PO Planejamento de Operações

PVP Potencial de Vendas Perdidas

SKU Stock Keeping Unit

TN Tempo normal

TO Tempo observado

TOL Tolerâncias

TP Tempo padrão

UNIAP Unidades de apresentação

UNICOM Unidades de comercialização

UNIMOV Unidades de movimentação

WMS Warehouse Management Sistem

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12

1.1 Objetivo ............................................................................................................ 12 1.2 Empresa .......................................................................................................... 12 1.3 Situação Atual .................................................................................................. 13 1.4 Relevância para empresa ................................................................................ 16 1.5 Estágio ............................................................................................................. 17 1.6 Estrutura do trabalho ....................................................................................... 18

2 INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA ...................................................... 20

2.1 Pedidos dos CDV ............................................................................................ 21 2.2 Transporte ....................................................................................................... 23 2.3 Manufatura ....................................................................................................... 24 2.4 Envio de produto .............................................................................................. 30 2.5 Definição do foco ............................................................................................. 32

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 34

3.1 Resolução de problemas ................................................................................. 34 3.2 Cadeia de Suprimentos ................................................................................... 35 3.3 Administração de materiais e de estoques ...................................................... 37

3.3.1 Recebimento ............................................................................................. 40 3.3.2 Armazenagem ........................................................................................... 40 3.3.3 Expedição ................................................................................................. 41 3.3.4 Tipos de estoque e avaliação de suas áreas ............................................ 42

3.4 Estudo de tempos ............................................................................................ 43 3.5 Análises estatísticas ........................................................................................ 46

4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL ............................................ 49

4.1 Terreno ............................................................................................................ 49 4.2 Propriedades do armazém ............................................................................... 50

4.2.1 Formato e divisões .................................................................................... 50 4.2.2 Horário de funcionamento ......................................................................... 51 4.2.3 Produtos movimentados ............................................................................ 52 4.2.4 Endereçamento ......................................................................................... 53 4.2.5 Clientes ..................................................................................................... 54

4.3 Estrutura .......................................................................................................... 54 4.3.1 Iluminação ................................................................................................. 54 4.3.2 Piso ........................................................................................................... 55 4.3.3 Sinalização ................................................................................................ 55 4.3.4 Corredores e módulos de armazenagem .................................................. 55 4.3.5 Docas ........................................................................................................ 56

4.4 Recursos .......................................................................................................... 57 4.4.1 Equipamentos de MAM ............................................................................. 57 4.4.2 Pessoas .................................................................................................... 58

4.5 Operações ....................................................................................................... 60

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4.5.1 Transferência de fábrica ............................................................................ 61 4.5.2 Expedição ................................................................................................. 62 4.5.3 Recebimento ............................................................................................. 64

5 RESOLUÇÃO DO PROBLEMA ............................................................ 66

5.1 Coleta e análise de dados ............................................................................... 66 5.1.1 Desenho dos processos ............................................................................ 66 5.1.2 Cronometragem do processo completo .................................................... 72 5.1.3 Cronometragem do carregamento ............................................................ 77

5.2 Alternativas de solução .................................................................................... 84 5.3 Escolha de alternativas .................................................................................... 86 5.4 Detalhamento da alternativa escolhida ............................................................ 89 5.5 Teste da alternativa realizado no CD ............................................................... 91 5.6 Análise estatística dos dados .......................................................................... 95 5.7 Análise econômica ........................................................................................... 99

6 CONCLUSÃO ....................................................................................... 104

6.1 Síntese ........................................................................................................... 104 6.2 Desdobramentos ........................................................................................... 105

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 106

APÊNDICE A – Dados de cronometragem do processo completo .......... 107

APÊNDICE B – Dados de cronometragem do carregamento .................. 108

APÊNDICE C – Dados de cronometragem do teste realizado ................. 111

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo

O presente trabalho foi realizado em uma grande indústria do setor alimentício, que

atua na produção e comercialização de salgadinhos.

O consumo deste tipo de produtos é predominantemente por impulso, ou seja, o

consumidor não planeja com antecedência a aquisição do produto, mas realiza a compra

quando o vê na gôndola de uma loja. Desta maneira, é crucial para o sucesso do negócio que

os pontos de venda estejam sempre abastecidos e com um mix variado de produtos.

Este trabalho visa portanto diminuir as perdas de venda desta companhia, diminuindo

a falta de produtos em um de seus canais de distribuição.

Para tanto, realizar-se-á uma análise das possíveis causas desta falta de produtos,

visando identificar a causa raiz do problema e posteriormente propor alternativas de solução

que diminuam ou eliminem tal causa.

1.2 Empresa

Este trabalho de formatura foi desenvolvido em uma companhia do setor alimentício,

que conta com distribuição de produtos em mais de 200 países. Ela possui diversos tipos de

produtos e é proprietária de grandes marcas mundiais.

Para este trabalho foi escolhida a divisão de salgadinhos da empresa, que é uma das

maiores marcas da companhia e foco de grande parte dos esforços das áreas de marketing,

vendas e principalmente supply chain.

Esta divisão possui três canais de distribuição como seguem:

• OT: Organized Trade, grandes redes de supermercados.

• DTS: Down The Street, funcionários da companhia (vendedores) que levam os

produtos, em veículos da empresa, até os PDV.

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13

• Distribuidores: empresas que retiram os produtos nos CD, ou recebem

diretamente destes, e fazem a venda para os PDV por conta própria,

especialmente em regiões onde os dois outros canais de distribuição não

atuam tão fortemente.

O foco deste estudo foi o canal DTS, em que vendedores efetuam a venda de produtos

diretamente para os Pontos De Venda, que representa cerca de 56% das vendas de salgadinhos

da empresa no Brasil.

1.3 Situação Atual

Como descrito anteriormente, o objetivo deste trabalho é diminuir a falta de produtos

no canal DTS da companhia. Esta falta de produtos pode ser medida através de um indicador

existente na empresa chamado Potencial de Vendas Perdidas.

O Potencial de Vendas Perdidas, PVP, é medido apenas no canal DTS, ou seja, não

enxerga falta de produtos em grandes redes de supermercados ou outros distribuidores.

Para entender a medição de tal indicador é necessário primeiramente compreender um

pouco do fluxo de produtos na cadeia de abastecimento da companhia. Esta cadeia, quando

analisada somente sob o ponto de vista do canal de distribuição DTS, é composta basicamente

por fornecedores, fábricas, Centros de Distribuição, Centros de Distribuição e Vendas (filiais)

e clientes. Um esquema da cadeia é mostrado na Figura 1 abaixo.

Fornecedores Fábricas Centros de Distribuição

ClientesFornecedores Fábricas Centros de Distribuição

Fornecedores Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Fornecedores Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Centros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de Distribuição de Vendas

Fornecedores Fábricas Centros de Distribuição

ClientesFornecedores Fábricas Centros de Distribuição

Fornecedores Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Fornecedores Fábricas ClientesCentros de Distribuição

Centros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de DistribuiçãoCentros de Distribuição de Vendas

Figura 1 - Ilustração da cadeia de abastecimento

As etapas de transferências de fábricas para CD não necessitam de veículos, uma vez

que todas as fábricas possuem Centros de Distribuição anexos. Já as transferências entre CD e

de CD para CDV são predominantemente feitas com frota própria, em carretas ou trucks. As

matérias-primas vindas dos fornecedores são trazidas também por frota própria, quando há

disponibilidade, mas como este não é o foco principal da frota, em grande parte das vezes elas

chegam às fábricas por fretes contratados de transportadoras.

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14

Já a etapa de distribuição dos CDV para os clientes é feita também com frota própria,

porém em veículos menores. Estes veículos são abastecidos pelas filiais e seus motoristas,

chamados vendedores, fazem a pulverização do produto até os Pontos de Venda para o

consumidor final.

Cada vendedor é atendido, isto é, faz pedidos e recebe produtos, de um único CDV e

cada PDV é atendido por um único vendedor. Da mesma maneira, cada vendedor atende

sempre os mesmos clientes e por isso consegue de certa forma prever o que venderá a cada

dia, uma vez que todos vendedores têm rotas pré-definidas, ou seja, há uma escala pré-

estabelecida de quais clientes devem ser atendidos em cada dia.

A periodicidade de atendimento dos PDV varia de acordo com o tamanho e o giro de

produtos deste, de modo que existem vendedores que abastecem clientes diferentes a cada dia

da semana, tendo até clientes de abastecimento quinzenal, enquanto outros vendedores

atendem os mesmos clientes todos os dias.

Também de acordo com os volumes de vendas e as distâncias entre os clientes

pertencentes à sua rota, cada vendedor atende um número diferente de PDV por dia, variando

entre 5 e 20 visitas por rota.

Os vendedores abastecem seus veículos nos CDV uma única vez ao dia, fazendo-se

necessário então que neste abastecimento recebam todos os produtos que julgam necessários

para atender todos os clientes da rota daquele dia. Como há “janelas de abastecimento”, isto é,

horários definidos de recebimento e expedição de produtos, tanto dos CDV quanto de alguns

clientes, os carregamentos dos produtos nos veículos dos vendedores costuma ocorrer,

diariamente, de madrugada até o horário de início da rota do vendedor, que pode ser entre

4:00 e 8:00 da manhã de acordo com a rota.

Para que seus veículos sejam carregados durante a madrugada, os vendedores

precisam fazer seus pedidos para o CDV à noite, após o término de seu expediente. Para

efetuar o pedido, basta o vendedor efetuar uma contagem dos produtos que ainda possui no

veículo, que restou do dia, e, sabendo quais clientes deverá atender no dia seguinte, comparar

com as quantidades que serão necessárias. Através da simples subtração entre as quantidades

necessárias e as que já possui de cada produto, o vendedor pode dar entrada do pedido para a

filial.

A Figura 2 representa graficamente a seqüência de atividades realizadas diariamente

nos CDV, a partir do término da rota dos vendedores. As atividades em laranja são realizadas

pelos vendedores, enquanto as atividades em azul são feitas pelos funcionários que atuam

internamente nos CDV.

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15

Realização de pedido

Análise dos pedidos de todo o CDV

Corte de pedidos

Carregamento de produtos nos veículos

Saída para rota

Venda para clientes

Contagem de produtos no veículo

Análise dos pedidos de todo o CDV

Corte de pedidos

Carregamento de produtos nos veículos

Saída para rota

Venda para clientes

Contagem de produtos no veículo

Realização de pedido

Análise dos pedidos de todo o CDV

Corte de pedidos

Carregamento de produtos nos veículos

Saída para rota

Venda para clientes

Contagem de produtos no veículo

Realização de pedido

Análise dos pedidos de todo o CDV

Corte de pedidos

Carregamento de produtos nos veículos

Saída para rota

Venda para clientes

Contagem de produtos no veículo

Análise dos pedidos de todo o CDV

Corte de pedidos

Carregamento de produtos nos veículos

Saída para rota

Venda para clientes

Contagem de produtos no veículo

Figura 2 - Esquema simplificado de atividades dos CDV

Como se pode observar na figura acima, após a realização dos pedidos dos

vendedores, o CDV efetua uma análise do total de pedidos realizados.

Esta análise visa avaliar a disponibilidade de produtos para todos os vendedores. Isto

porque quando estes realizam seus pedidos, não há um apontamento imediato da

disponibilidade ou não dos produtos em estoque no CDV, ou seja, o vendedor pode dar

entrada de pedido de um item que esteja em falta na filial. Somente após a entrada de todos os

pedidos dos vendedores o CDV analisa se o montante requisitado de cada produto pode ser

atendido ou não.

Caso a quantidade pedida de certo item seja maior do que a quantidade em estoque do

CDV, este “corta” certa quantidade deste produto no pedido de todos os vendedores porque

não é capaz de atendê-lo. Toda vez que ocorre um corte, este é computado como PVP e

alimenta o indicador.

Este indicador carrega as seguintes informações quanto aos cortes de pedidos

realizados:

• Mês de ocorrência

• CDV que realizou o corte

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16

• Item cortado

• Quantidade total pedida do item cortado

• Quantidade total cortada do item

1.4 Relevância para empresa

A Tabela 1 apresenta os valores de PVP dos sete primeiros meses de 2007. Esta

amostra de dados é suficiente para as análises, pois este tipo de negócio praticamente não

possui sazonalidade durante o ano, não havendo perda de informações significativas na

análise de apenas sete meses.

Por questões de sigilo, a companhia não permitiu a divulgação dos números reais de

pedidos e de cortes. Assim sendo, todos os valores da tabela abaixo foram multiplicados por

um coeficiente para não representar os dados verídicos. Entretanto, deve-se observar que

todos os valores foram multiplicados pelo mesmo coeficiente, de forma que as proporções e

os percentuais apresentados fazem jus à realidade da empresa.

Mês Pedido Corte % corte Pedido Corte % corteJaneiro 170,8 14,1 8% 195,1 16,3 8%Fevereiro 165,1 12,3 7% 172,4 14,6 8%Março 175,5 15,7 9% 200,5 17,4 9%Abril 176,2 11,5 7% 201,3 12,2 6%Maio 150,7 9,5 6% 172,3 12,1 7%Junho 159,4 11,9 7% 180,3 12,4 7%Julho 161,8 13,6 8% 187,1 16,9 9%Total 1.159,5 88,6 7,6% 1.309,1 101,9 7,8%

Valor (MM R$)Quantidade (MM bolsas)

Tabela 1 - Quantidades pedidas e recusadas (cortadas) no 1º semestre de 2007

Apesar de os valores monetários acima mostrados serem fictícios, pode-se afirmar que

os dados reais são bastante significativos também, isto é, a média de corte de pedidos, em

reais, representa altos valores para a empresa. Por esta razão, pode-se compreender porque é

feito acompanhamento freqüente deste indicador em reuniões periódicas de gerência e

diretoria da companhia e o tamanho dos ganhos que podem ser obtidos diminuindo-se estas

faltas de produtos.

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17

Além disso, deve-se entender também que um pedido contabilizado como PVP

representa um item que os clientes daquele vendedor não terão disponível em suas gôndolas,

ou seja, o PDV não possuirá aquele produto para oferecer ao consumidor final, de modo que

este não será atendido da maneira esperada. Em outras palavras, além da perda financeira pelo

não atendimento do pedido há ainda o fato de a falta de um produto denegrir a imagem da

empresa perante o consumidor e abrir espaço para o mercado concorrente, o que torna ainda

mais crítica a diminuição do nível deste indicador.

1.5 Estágio

O estágio nesta empresa, iniciado em janeiro de 2007, foi desenvolvido na área de

Projetos Logísticos que responde diretamente ao diretor de Supply Chain, conforme a

ilustração abaixo que representa o organograma desta diretoria:

Diretor Supply Chain

Gerente de Planejamento de

Vendas e Operações

Gerente de Armazenagem e

Transporte

Gerente de Gestão de Relacionamento com o

Cliente

Coordenador de Projetos Logísticos

Diretor Supply Chain

Gerente de Planejamento de

Vendas e Operações

Gerente de Armazenagem e

Transporte

Gerente de Gestão de Relacionamento com o

Cliente

Coordenador de Projetos Logísticos

Figura 3 - Organograma da Diretoria de Supply Chain

Os principais objetivos da área de Projetos Logísticos são:

• Estudos de malha logística;

• Análises de distribuição;

• Definição de localização de novas plantas e linhas de produção;

• Análises de capacidade e ocupação de frota, linhas de produção e áreas de

armazenagem (CD e Almoxarifados das plantas);

• Estudos de melhoria de operação em produção, armazenagem e distribuição; e

• Análises de custo de frete para aprovação de novos produtos.

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18

Desta forma, o objetivo proposto por este trabalho se encaixa bem com o escopo da

área onde está sendo realizado o estágio, fazendo parte da atividade Estudos de melhoria de

operação em produção, armazenagem e distribuição. Portanto, há apoio e interesse da empresa

para a geração de um bom estudo e resultado das análises a serem efetuadas.

1.6 Estrutura do trabalho

Este trabalho está estruturado em seis capítulos, cujos assuntos abordados estão

divididos da seguinte maneira:

• Capítulo 1 – Introdução

o Tem como foco apresentar o objetivo do trabalho, de acordo com o

problema identificado, e apresentar sua relevância para a empresa.

• Capítulo 2 – Investigação do problema

o Etapa do trabalho onde se busca identificar a causa raiz do problema, de

modo a focar os esforços de resolução deste para se obter o melhor

resultado possível.

• Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica

o Apresentação de toda a teoria levantada em vista de se obter base para

resolução do problema. Aqui são mostrados todos os conceitos e métodos

utilizados de renomados autores do meio acadêmico.

• Capítulo 4 – Diagnóstico da situação atual

o Avaliação da situação atual de uma das áreas de armazenagem da

empresa, segundo método descrito por um dos autores pesquisados no

capítulo 3.

• Capítulo 5 – Resolução do problema

o Levantamento de dados necessários para entendimento completo da

situação, identificação da causa principal do problema identificado,

proposição e avaliação de alternativas de melhoria e descrição da

alternativa selecionada.

• Capítulo 6 – Conclusão

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19

o Apresentação das principais conclusões obtidas com o desenvolvimento so

estudo bem como breve resumo de suas etapas.

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20

2 INVESTIGAÇÃO DO PROBLEMA

Foram utilizados todos os dados disponíveis na empresa referentes ao indicador de

Potencial de Vendas Perdidas para se determinar a causa do alto corte de pedidos dos

vendedores dos CDV.

Primeiramente foi montado um diagrama de Ishikawa, para avaliar as possíveis

origens do problema, onde foram consideradas quatro possíveis causas principais:

manufatura, envio de produtos, transporte e pedidos do CDV.

O item “manufatura” refere-se a todos os fatores relacionados à fabricação

propriamente dita. O “envio de produtos” busca avaliar as possíveis causas internas ao CD

que abastece os CDV. O “transporte” analisa o ato de transportar o produto propriamente dito,

isto é, tudo o que ocorre entre a saída do caminhão do CD e a chegada deste ao CDV e os

“pedidos do CDV” analisam se não há erros na colocação de pedidos ou na comunicação

entre CD e CDV.

Corte do pedidoPVP

Envio de produto

TransporteManufatura

Quebra de linhas

Falta de capacidade

Má programação de produção

Problemas com insumos

Rejeição de produtos

Lead-time maior que previsto

Acidentes em estradas

Erros de embarque

Falta de capacidade

Atrasos de embarque

Falta de veículos

Pedidos do CDV

Avaria de produtos

Falha na previsão de demanda

Pedidos atrasados

Erro de colocação de pedido

Corte do pedidoPVP

Envio de produto

TransporteManufatura

Quebra de linhas

Falta de capacidade

Má programação de produção

Problemas com insumos

Rejeição de produtos

Lead-time maior que previsto

Acidentes em estradas

Erros de embarque

Falta de capacidade

Atrasos de embarque

Falta de veículos

Pedidos do CDV

Avaria de produtos

Falha na previsão de demanda

Pedidos atrasados

Erro de colocação de pedido

Figura 4 - Diagrama de Ishikawa para causas de corte de pedido

Vale ressaltar que não foi levantada como possível causa de PVP falhas de acurácia de

inventário dos CDV porque a contagem do estoque é feita diariamente, caixa por caixa, em

todos os Centros de Distribuição de Vendas.

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21

Infelizmente, como descrito anteriormente, o apontamento de um PVP não carrega

consigo a causa deste, isto é, não há na empresa dados disponíveis que mostrem a quantidade

de ocorrência de PVP em função de cada uma destas possíveis causas levantadas, de modo a

se determinar qual é a causa raiz do problema e portanto aquela que deve ser atacada.

Desta forma, a análise destas causas deverá ser feita manualmente através de análises

quantitativas e qualitativas dos processos da companhia e de quaisquer outros dados

disponíveis que possam dar suporte a esta busca.

2.1 Pedidos dos CDV

Primeiramente pode-se avaliar o peso dos erros de pedidos dos CDV para os CD no

aumento do Potencial de Vendas Perdidas. Isto pode ser facilmente avaliado porque até o

início de 2007 cada CDV era responsável por seu controle de inventário e colocação de

pedidos de produtos. A partir do início daquele ano, este controle passou para a administração

central da companhia. Desta forma, a área de planejamento de operações passou a gerir o

inventário das filiais tendo mais visibilidade da flutuação da demanda e podendo então

melhorar o atendimento destes CDV, propondo uma reposição contínua de estoques.

Em outras palavras, os CDV deixaram de efetuar pedidos para os CD. Estes pedidos

são gerados diretamente pelo próprio pessoal dos CD, de modo a garantir a reposição contínua

de inventário das filiais e possibilitar maior visibilidade das operações dos CD.

A geração dos pedidos, entretanto, não é feita manualmente pelo pessoal de CD.

Existe na companhia um sistema que guarda informações de nível de inventário de todas as

filiais e todos os CD, além dos dados de previsão de demanda, inseridos mensalmente. Desta

maneira, com estes dados de alimentação do sistema, este calcula o estoque de segurança, por

item, por local de estoque (CDV e CD), através da seguinte equação, desenvolvida por uma

consultoria especialmente para o negócio da companhia:

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Figura 5 - Equação de determinação do Estoque de Segurança

Desta forma, o sistema calcula o estoque de segurança para cada produto, por CDV, e

compara-o com o estoque atual deste produto em cada CDV. Quando o nível de estoque da

filial está abaixo do estoque de segurança ou ficará abaixo deste valor, de acordo com a

demanda prevista, o sistema gera automaticamente uma ordem de envio do produto para a

filial.

Diariamente os analistas de um dos CD, o principal da companhia, consolidam todas

as ordens de envio de produtos para as filiais, montando “repartos”. Os repartos são

documentos oficiais de envio de produtos que levam informações de origem e destino do

envio, produtos e respectivas quantidades, placa do veículo, peso total carregado e número

total de caixas enviadas.

Desta forma, uma vez que a geração do pedido passou a ser feita automaticamente,

pode-se avaliar se houve ou não diminuição dos cortes de pedidos após essa mudança através

da Figura 6, que mostra a quantidade de bolsas cortadas e pedidas para os sete primeiros

meses de 2006 e 2007.

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23

-

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

22,0

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Mês

Cor

te d

e p

edid

os (

MM

bol

sas)

-

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

180,0

200,0

Ped

idos

(M

M b

olsa

s)

Corte 2006 Corte 2007 Pedidos 2006 Pedidos 2007

Figura 6 - Pedidos e Cortes de bolsas, 1º semestre de 2006 e 2007

Percebe-se que, em geral, em 2007 houve um aumento tanto de pedidos quanto de

cortes no período avaliado, porém estes aumentos podem ser atribuídos ao crescimento da

companhia neste ano e não às mudanças da operação. Isto pode ser confirmado quando se

percebe que as médias do percentual de cortes de pedidos neste período de 2006 e 2007 foram

muito próximas, podendo até serem consideradas iguais, uma vez que foram respectivamente

5,7% e 5,8%.

Desta maneira, como desde o início de 2007 todos os processos de previsão de

demanda e entrada de pedidos do CDV são feitos pelo pessoal dos CD, baseados em

históricos de vendas por filial, nível de inventário e com o conhecimento de campanhas

promocionais futuras, tendo até maior visibilidade do que os CDV, e desde esta época os

valores de PVP não diminuíram significativamente quando os comparamos com os dados do

ano anterior, pode-se considerar que os pedidos do CDV não são a causa principal do

problema.

2.2 Transporte

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24

A partir de dados da área de Gestão de Transportes da companhia foi possível perceber

que as causas relacionadas a erros ou problemas de transporte, levantadas no Diagrama de

Ishikawa, têm ocorrência baixíssima.

Segundo os dados da companhia menos de 2% das viagens realizadas sofrem qualquer

tipo de acidente que impossibilite ou atrase significativamente a entrega ou gere avarias do

produto de modo que ele não possa ser recebido pelos CDV.

Ou seja, mais de 98% das viagens realizadas não sofrem qualquer tipo de sinistro ou

sofrem algum tipo de problema que apenas atrasa a entrega. Este tipo de acidente que causa

atrasos pode ou não gerar PVP, já que se o produto chegar com atraso na filial, esta pode

decidir se o aceita ou não, de acordo com sua disponibilidade de recursos no horário.

De qualquer maneira, dada a baixíssima ocorrência destes atrasos, acidentes ou

avarias, os problemas de transporte foram desconsiderados como possível causa raiz da falta

de produtos nos CDV.

2.3 Manufatura

Para avaliar o peso dos problemas de manufatura na falta de produtos, foram

levantados os dados de paradas de linha do mesmo período de 2007 cujo PVP está sendo

analisado. A Tabela 2 apresenta os motivos nos quais as paradas de linha são classificados e

seus respectivos percentuais de ocorrência, em horas, no período acima referido.

Motivo % paradas Motivo % paradasArranque de linha 9% Problemas PCP 5%Engenharia / Pesquisa 5% Segurança 1%Limpeza 26% Falha operacional 4%Manutenção programada 11% Falta de espaço no CD 6%Setup de Linha 22% Problemas de MP 3%Troca de Óleo / Peças 5% Manutenção 3%

Paradas Programadas Paradas Não-Programadas

Tabela 2 - Percentuais de parada de linhas de produção

A partir destes dados levantados, pode-se verificar que cerca de 22% das paradas de

linha, considerando todas as linhas de produção da companhia, não foram programadas.

Dentro destas, percebe-se que apenas 5% são paradas pedidas pela equipe de PCP para

alteração não prevista do programa (representado na Tabela pelo item “Problemas PCP”),

somente 3% das paradas ocorrem por problemas de matéria-prima (“Problemas MP”) sejam

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25 estes problemas de falta de material ou rejeição deste, pela equipe de qualidade, e 3%

referem-se a manutenções não previstas, devido a quebras ou falhas de equipamento.

Percentualmente vê-se que as paradas de linhas não programadas não são as principais

causas de interrupção de produção. Porém, é necessário avaliar se estas paradas também não

são representativas quando comparadas com o tempo total de produção. Segundo dados

levantados na empresa, do tempo total disponível para produção, considerando o mesmo

período analisado até então, em cerca de 27% as linhas estavam paradas. Isto é,

aproximadamente 73% do tempo as linhas estavam em operação.

Desta maneira, analisando conjuntamente os dados apresentados, pode-se perceber que

durante apenas 5,9% do tempo total disponível para produção as linhas estavam paradas de

forma não programada. Além disso, conforme levantamento feito na empresa, em 2007 o

percentual projetado de ocupação das linhas era de 87,1%, o que significa que a capacidade de

produção era maior que a demanda.

Portanto, considerando que ao invés de produzir em 100% do tempo programado

produziu-se em apenas 94,1%, porque 5,9% do tempo houve paradas não programadas, a

ocupação real das linhas de produção foi de cerca de 92,6%. Isto significa que as paradas de

linha não tiveram influência na falta de produto porque apesar destas ainda havia capacidade

produtiva ociosa, o que não forçaria um não atendimento de parte da demanda.

Entretanto, o excesso de capacidade produtiva não garante que a causa do alto PVP

não esteja ligada à produção. Deve-se agora analisar o método de programação da produção

para avaliar se pode ser este o causador da falta de produtos, ordenando a produção de itens

“incorretos” e causando portanto corte na demanda de outros itens.

O processo de programação da produção da companhia em questão é bastante

automático. O mesmo sistema que analisa nível de inventário dos CD e CDV já faz também

um trabalho bastante completo de emissão de sugestões de produção. Da mesma maneira que

ele gera ordens de envio de produto, gera ordens de produção de acordo com o inventário

atual dos CD, seus estoques de segurança calculados e suas futuras emissões de produtos

previstas.

As ordens de envio de produto para o CDV, descritas anteriormente, são feitas após

análise do nível de inventário do produto no CD de origem, que origina duas situações

possíveis:

• Caso não haja produtos suficientes no local de origem ideal, o sistema gera o

pedido de envio de outro CD (segundo “estoque de origem” previamente

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cadastrado) e gera um pedido de produção do item na fábrica anexa ao CD de

primeira opção de envio.

• Caso o primeiro estoque de origem possua quantidade suficiente para

abastecer o CDV, a ordem de envio sai mesmo para este CD e caso este envio

faça o estoque ficar abaixo do estoque de segurança, o sistema também gera

automaticamente um pedido de produção para a fábrica anexa a este CD.

É claro que a segunda situação é mais comum de ocorrer, uma vez que a primeira

depende de uma falha nos processos de envio e produção de uma planta qualquer ocasionando

total falta de produtos nesta.

Infelizmente, o sistema não guarda registros históricos para se poderem comparar as

ordens de produção geradas pelo sistema com os itens que resultaram em PVP, a fim de

avaliar se as ordens de produção geradas estão de acordo com as necessidades reais dos CDV.

Porém, dado que o cálculo de estoque de segurança foi parametrizado com uma série de

variáveis a fim de torná-lo o mais realista possível e que antes de sua implementação

completa foram efetuados diversos testes com excelentes resultados para avaliar a aderência

do sistema à demanda real, foi adotada a premissa que os cálculos realizados pelo sistema,

bem como suas saídas estão corretas, não havendo distorções da realidade suficientemente

grandes para gerarem tais índices de PVP.

Desta forma, se as ordens de produção estão corretas e os pequenos ajustes, feitos por

analistas especializados, nestas ordens referem-se basicamente à programação detalhada,

deve-se analisar se o que foi efetivamente produzido está de acordo com o que foi planejado.

Um indicador existente na companhia para medir esta proximidade entre produção

planejada e realizada é o “Fill Rate”. Porém, este indicador passou por alterações, de modo

que não estava totalmente implementado no início de 2007, de modo que não é possível

analisá-lo para avaliar a produção deste período frente às sugestões de produção do sistema.

Entretanto, há uma informação armazenada pelo sistema que pode auxiliar esta análise e que

se refere à condição do estoque por item em cada CD.

Quando é feita a análise de disponibilidade de produtos por local de estoque, além da

quantidade de bolsas (unidade de comercialização) disponível e necessária, o sistema possui

indicadores visuais. Estes indicadores são mostrados para cada item, em cada local de

estoque, comparando o nível de estoque atual com o Estoque de Segurança calculado,

indicando se o estoque atual está – em comparação ao ES – Muito Alto, Alto, Ideal, Baixo ou

Muito Baixo e atribuindo a cada um, um sinal colorido para facilitar a visualização.

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É claro que estes cinco níveis possíveis de estoque são definidos a partir de faixas de

valores, também calculadas automaticamente, de acordo com a parametrização feita nos

momentos de implementação e teste do sistema.

Como a companhia possuía no primeiro semestre de 2007 mais de 160 itens, uma

tabela que representasse todos seria de difícil entendimento. Desta forma, agruparam-se todos

os itens em famílias, da mesma maneira que é trabalhado na empresa, de forma a facilitar a

visualização.

Assim, gerou-se a Tabela 3 a seguir que mostra a quantidade de famílias de produtos

que estavam em cada faixa de nível de estoque, de acordo com histórico do sistema. O critério

estabelecido foi o seguinte: se em um mês havia qualquer item da família cujo estoque estava

Baixo ou Muito Baixo, então a família foi considerada com nível Baixo / Muito Baixo; se

mais de 60% dos itens de uma família estivessem com estoque acima do Estoque de

Segurança, a família inteira foi considerada com estoque Alto / Muito Alto; nos demais casos,

a família foi considerada com estoque Ideal.

Desta forma, se garantiu que uma família de produtos que estivesse alocada nos níveis

Ideal ou Alto / Muito Alto seguramente não teria problemas em nenhum item, durante o

período em questão. Da mesma maneira, as famílias com qualquer item com problemas de

disponibilidade em estoque dos CD estariam alocadas nos níveis Baixo / Muito Baixo.

Esta análise foi feita nos quatro CD que compõe a malha logística da companhia.

Porém, como se pode perceber, o CD 4 da tabela mostrada não possui as 17 famílias de

produtos porque é um CD especial, que possui alguns benefícios fiscais e para tanto só pode

movimentar 5 famílias de produtos.

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Nível ES Mês CD 1 CD 2 CD 3 CD 4Janeiro 4 2 5 2

Fevereiro 1 4 4 3Março 3 6 2 4Abril 5 3 2 2Maio 3 2 4 0

Junho 2 4 3 3Julho 2 4 1 1

Janeiro 13 12 10 3Fevereiro 13 12 12 2

Março 12 11 13 1Abril 11 12 12 3Maio 10 14 11 4

Junho 13 10 9 2Julho 14 13 16 4

Janeiro 0 3 2 0Fevereiro 3 1 1 0

Março 2 0 2 0Abril 1 2 3 0Maio 4 1 2 1

Junho 2 3 5 0Julho 1 0 0 0

Baixo / Muito Baixo

Alto / Muito Alto

Ideal

Tabela 3 - Quantidade de famílias de produto por nível de estoque

Assim, conseguiu-se determinar a quantidade de famílias que possuíam estoque abaixo

do esperado, por mês e por CD. Este levantamento foi feito para analisar se a produção das

fábricas está atendendo os Centros de Distribuição satisfatoriamente, disponibilizando

produtos de acordo com os níveis de estoque planejados.

Como se pode perceber, dentro do período analisado, o pico de famílias com estoque

Baixo ou Muito Baixo se deu no CD 3 da companhia, quando indicava 5 das 17 famílias

nestas faixas de nível de estoques indesejadas.

Porém, não basta apenas analisar a quantidade de famílias com estoque abaixo do

desejado, mas sim sua representatividade perante o total de PVP do período.

Na Tabela 3 acima, são mostradas 39 famílias de produtos com estoque baixo, em sete

meses, considerando-se os quatro CD. Porém, estas 39 incidências ocorreram por baixas de

estoque de apenas 8 famílias de produtos diferentes.

Para se avaliar a representatividade destas 8 famílias nas ocorrências de PVP deste

período, foi criada a seguinte tabela que representa os percentuais de pedidos e cortes feito

sobre o total de pedidos e cortes da companhia, por família de produto.

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29

Família de produto

% pedido % corte total

Família 1 25% 28%Família 2 14% 11%Família 3 22% 10%Família 4 3% 9%Família 5 4% 8%Família 6 1% 5%Família 7 8% 5%Família 8 2% 4%Família 9 5% 4%Família 10 1% 3%Família 11 2% 3%Família 12 1% 3%Família 13 5% 2%Família 14 3% 2%Família 15 2% 2%Família 16 1% 1%Família 17 1% 1%

Tabela 4 - Percentual de pedidos e cortes por família de produto

Esta tabela mostra o percentual de cortes de pedidos por família em ordem decrescente

de representatividade do PVP. As famílias destacadas em amarelo na Tabela 4 são as 8

famílias que em algum momento do período analisado de PVP mostraram um ou mais itens

com estoque Baixo ou Muito Baixo quando comparado com o ES.

Porém, as famílias 6, 12 e 16 da tabela mostrada são famílias de produtos fabricados

em Copackers e não em plantas próprias da companhia. Assim sendo, se forem excluídas

estas famílias, perceber-se-á que, as famílias de produtos fabricadas pela própria companhia e

que mostraram nível de estoque abaixo do esperado, representam apenas 16% da falta de

produtos registrada.

Outro ponto importante de se observar é que da maneira como a análise foi feita, estão

sendo comparadas ocorrências de PVP em toda uma família com baixos níveis de estoque que

podem ter ocorrido em apenas um dos itens da família e não em toda ela, ou seja, estes 16%

possivelmente consideram produtos que na realidade não estavam com baixa de estoque nos

CD, produtos que apenas estão alocados às famílias que possuíam algum item com estoque

baixo.

Isto posto, pode-se concluir que não houve, no período analisado, falta de capacidade

de produção, quer seja por alta demanda, quer seja por paradas de linha não programadas.

Além disso, a programação da produção é feita de maneira correta pelo sistema e pode-se

considerar que a produção real está de acordo com a programação feita, uma vez que a

disponibilidade dos produtos nos estoques dos CD é alta e as famílias de produto que

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30

possuem algum item com estoque abaixo do necessário representam apenas 16% do PVP

indicado no período, não sendo portanto a área de produção a causa raiz da falta de produtos

nos clientes.

2.4 Envio de produto

Como explicado anteriormente, atualmente todo o trabalho de análise de inventário

dos CDV e posterior geração de pedidos visando a manutenção dos estoques no nível de

segurança é feito automaticamente por um sistema e revisado e validado pelas equipes dos

CD.

Porém, é necessário avaliar se todas as ordens de envio geradas pelo sistema são

efetivamente enviadas conforme planejado.

As equipes de Planejamento de Operação dos CD fazem a puxada de ordens de envio

geradas pelo sistema e efetuam análises de disponibilidade de produtos em estoque, antes da

geração do Reparto propriamente dito, que é a ordem formal de carregamento e envio de

veículos, como explicado anteriormente. Esta análise precisa ser feita porque o sistema

considera como disponível no estoque do CD todo produto que será descarregado no dia, ou

seja, mesmo que uma carreta de transferência vinda de outro CD ou Copacker já esteja no

pátio, porém sem ter descarregado ainda, o sistema considera este produto como disponível.

Então, é preciso analisar se todos os produtos a embarcar já estão disponíveis no CD antes da

geração do Reparto.

Antes de analisar o restante das atividades realizadas até o envio de produtos para as

filiais, é importante primeiramente entender, como citado anteriormente, que cada filial possui

uma “janela de recebimento”. Esta janela nada mais é do um período do dia em que o CDV

está disponível para receber produtos e descarregá-los. Como os CDV são pequenos e se

situam em áreas urbanas, não há pátios de estacionamento de caminhões, de modo que

quando uma carreta chega à filial ela deve ser desembarcada rapidamente. Portanto, para que

as operações de descarregamento de produtos vindos de CD e de carregamento de produtos

nos veículos de vendedores não se atrapalhem, foram determinadas janelas de recebimento e

de expedição para cada filial. Porém, como o carregamento no veículo dos vendedores ocorre

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31 em horários muito semelhantes em todos os CDV, as janelas de recebimento de quase todas as

filiais são em horários muito próximos, se não iguais.

A partir da definição das janelas de cada filial, todos os CD definiram uma tabela com

os horários limites de envio para cada CDV, de acordo com o lead time de transporte entre o

CD e cada filial. Desta forma, todos CD sabem que se foi gerado um reparto para enviar

produtos a uma determinada filial, mas o carregamento não foi feito até um horário que

permitirá a saída do veículo em seu horário limite de envio para esta, o envio deve ser feito

somente no dia seguinte ou deve ser negociado, por telefone, com a filial para avaliar a

disponibilidade desta em receber o veículo.

Para evitar este tipo de situação, sempre que possível tenta-se trabalhar os

carregamentos com um dia de antecedência. Desta forma, dá-se início ao carregamento de

produtos dos envios de um dia, na tarde do dia anterior. Assim, as carretas que forem

carregadas aguardam por até um dia no pátio dos CD para seguirem viagem no dia seguinte.

Porém, foi constatado que nem sempre é possível antecipar os carregamentos do modo

desejado. Isto porque o sistema que gera as ordens de envio não compara a quantidade total de

carretas que deverão ser enviadas com o máximo de expedições que cada CD consegue

realizar por dia. Desta maneira, por diversas vezes o número de carregamentos por dia excede

a capacidade dos CD. Quando isto ocorre, acaba-se por realizar alguns carregamentos no

próprio dia de envio.

Como a janela de recebimento de quase todos os CDV é no período da manhã,

diversas vezes não se consegue realizar o carregamento do produto e enviá-lo dentro do prazo

máximo de saída da carreta do CD, conforme mostra a Tabela 5 abaixo.

Mês Qtde. repartos gerados

Qtde. repartos enviados com atraso

% repartos com atraso

Janeiro 5.169 453 9%Fevereiro 4.842 293 6%

Março 5.467 479 9%Abril 4.788 279 6%Maio 4.774 350 7%Junho 5.363 342 6%Julho 4.447 317 7%

Tabela 5 - Repartos atrasados por mês, em 2007, na companhia

A tabela acima reflete o alto nível de atraso de saída das carretas. Porém, os dados

históricos de quantidades de repartos gerados e atrasados não guardam também a informação

do motivo do atraso, de modo que isto teria que ser analisado, isto é, deve-se analisar se há

algum problema operacional ou se a causa é somente falta de capacidade.

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32

Além disso, como já foi mostrado anteriormente, foi constatado que aproximadamente

6% das paradas de linhas de produção no primeiro semestre de 2007 foram causadas por falta

de espaço no CD, isto é, a fábrica anexa ao CD teve que parar sua produção porque não havia

espaço disponível para armazenagem no Centro de Distribuição, o que indica uma falha ou

gargalo da atividade de expedição do CD.

Analisando conjuntamente as informações de atraso de envio de produtos do CD e o

alto índice de parada de linhas de produção – quando comparado com o total de paradas não

programadas – por causa dos CD e as demais informações apresentadas até o momento, pode-

se identificar que dentre as possíveis causas da falta de produtos nos CDV levantadas no

início deste capítulo, no Diagrama de Ishikawa, esta etapa de Envio de Produtos é a causa

raiz.

Portanto, para se reduzir o percentual de falta de produtos nos CDV (diminuir o nível

atual do indicador PVP) deve-se principalmente diminuir os atrasos nos envios de produtos

dos CD.

2.5 Definição do foco

Definida a causa raiz do alto valor do indicador de Potencial de Vendas Perdidas da

companhia - os CD - deve-se agora analisar novamente os dados disponíveis de PVP histórico

para determinar se há qualquer padrão ou concentração deste PVP por Centro de Distribuição

ou por produto. Desta forma, pode-se focar as análises maximizando os resultados.

Primeiramente pode-se avaliar se há um CD que possua PVP expressivamente maior

que os demais. Esta análise pode ser feita facilmente porque há uma regra de abastecimento

das filiais, isto é, cada CDV deve receber produtos de um único CD previamente cadastrado

no sistema como seu “estoque de origem”. Assim, a partir dos dados de PVP levantados dos

primeiros sete meses de 2007, pôde-se construir a tabela abaixo:

CD de origem do envio

% pedidos recebidos

% corte realizado

CD 1 16% 19%CD 2 27% 13%CD 3 51% 61%CD 4 6% 7%

Tabela 6 - Percentual de pedidos e cortes, por CD, em 2007

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33 A partir da Tabela 6, foi possível perceber que um único CD - o maior em tamanho,

número de filiais abastecidas e número de pedidos recebidos - abastece filiais que juntas

representam, em média, cerca de 61% de todos os cortes feitos no Brasil.

Este mesmo CD também possui alto índice de ocorrência de atrasos na saída de

veículos, conforme mostrado na tabela abaixo semelhante à mostrada anteriormente.

Mês Qtde. repartos gerados

Qtde. repartos enviados com atraso

% repartos com atraso

Janeiro 2.419 279 12%Fevereiro 2.070 178 9%

Março 2.427 298 12%Abril 2.277 172 8%Maio 2.394 215 9%

Junho 2.329 209 9%Julho 2.431 199 8%

Tabela 7 - Repartos atrasados por mês, em 2007, no CD principal

Percebe-se aqui que o percentual de repartos com atraso é significativamente maior do

que o percentual da companhia toda mostrado na Tabela 5, ou seja, o percentual de envios

atrasados deste CD é maior que dos outros, o que já era esperado uma vez que observou-se

que a ocorrência de PVP nas filiais abastecidas por este CD é muito maior que dos demais.

Desta maneira, fica claro que criando plano de ações para este CD apenas pode-se combater

mais de metade das ocorrências de Potencial de Vendas Perdidas.

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34

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem como objetivo abordar os principais conceitos e teorias que

embasam as análises feitas e as soluções apresentadas para a resolução do problema

identificado nos capítulos anteriores. Para tanto, foram levantadas da literatura definições e

conceitos de métodos de resolução de problemas, gestão da cadeia de suprimentos,

administração e fluxo de materiais, análise de áreas de MAM, estudo de tempos e análises

estatísticas.

3.1 Resolução de problemas

Segundo Barnes (1977), para garantir uma abordagem lógica e sistemática de

qualquer problema, seja ele referente à uma nova operação ou produto ou à melhoria de um

método já estabelecido, deve-se seguir os seguintes cinco pontos:

• Definição do problema

• Análise do problema

• Pesquisas para possíveis soluções

• Avaliação das alternativas

• Recomendação para ação

Apesar de estes passos parecerem bastante simples, nem sempre é fácil seguir esta

abordagem da maneira correta. A primeira etapa, por exemplo, de definição do problema

costuma ser mais complexa do que se imagina. Um problema não pode ser definido apenas

pela sensação dos funcionários de que algo está errado ou deve ser alterado. Para cada

possível problema deve-se pesquisar qual a sua real causa, a importância desta situação

perante as demais e se o momento é adequado para focar os esforços em sua resolução.

Além disso, há sempre a possibilidade de se dividir o problema principal em sub-

problemas de modo a resolvê-lo por partes.

A etapa de análise do problema é basicamente composta pelo levantamento de

informações e compreensão destas, para que o analista esteja preparado para definir

alternativas de solução que realmente ofereçam melhorias.

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35

Estas propostas de melhoria, desenvolvidas na etapa de pesquisas para possíveis

soluções, devem ser feitas também com certa cautela, por exemplo, se a causa raiz do

problema puder simplesmente ser eliminada, então não é necessário um estudo de melhoria,

basta eliminá-la. Caso contrário, a solução ideal que deve ser buscada é a remoção ou

melhoria da causa básica do problema, uma vez que resolvida a causa básica, o problema deve

se resolver.

Já a avaliação das alternativas é um processo não exato. Não há uma maneira ideal ou

correta de efetuar esta avaliação. Para cada problema podem, e devem, ser definidos critérios

de avaliação diferentes, de modo a garantir que a solução selecionada seja a melhor sob todos

os aspectos desejados.

Os critérios de avaliação devem estar de acordo com a estratégia e as necessidades da

empresa onde o projeto está sendo desenvolvido, englobando fatores de investimento, prazo

de implantação, movimentação de funcionários e até elementos qualitativos.

3.2 Cadeia de Suprimentos

Segundo Arnold (1998) uma cadeia de suprimentos é composta basicamente por três

fases: primeiramente as matérias-primas chegam à empresa fabricante providas por um

fornecedor. A segunda fase é a de processamento das matérias-primas, no fabricante, gerando

produtos acabados e finalmente a última etapa é a de distribuição física destes produtos

acabados, fazendo-os chegar aos clientes finais. Este sistema geral da cadeia pode ser

entendido com maior facilidade graficamente, através da figura abaixo.

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36

FOR

NEC

EDO

R

FABRICANTE SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

CLI

ENTE

Fornecimento físico

Planejamento e controle de produção Distribuição física

FLUXO DOMINANTE DE PRODUTOS E SERVIÇOS

FLUXO DOMINANTE DE DEMANDA E DE PROJETOS E INFORMAÇÕES

FOR

NEC

EDO

R

FABRICANTE SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

CLI

ENTE

Fornecimento físico

Planejamento e controle de produção Distribuição física

FLUXO DOMINANTE DE PRODUTOS E SERVIÇOS

FLUXO DOMINANTE DE DEMANDA E DE PROJETOS E INFORMAÇÕES Figura 7 - Sistema de fornecimento-produção-distribuição

Obviamente, assim como explicado pelo próprio autor, dependendo da empresa e do

processo realizado há, geralmente, mais de um fornecedor e mais de um cliente final,

logicamente aumentando bastante a complexidade da cadeia.

De uma forma ou de outra, deve-se compreender também que dentro de uma mesma

cadeia pode haver mais etapas do processo, além das quatro apresentadas na Figura 7. Por

exemplo, pode-se ter um Fornecedor 1 que supre um Fornecedor 2, que faz um pré-

processamento do material, entregando posteriormente este material pré-processado que serve

de matéria-prima para a Empresa Fabricante. Desta forma, há duas etapas de fornecedores na

cadeia.

Da mesma forma, pode-se pensar em mais de uma etapa de Clientes. Um exemplo

clássico disto seria o fornecimento de produtos acabados para um atacadista, que revende para

um varejista que fará a venda para o consumidor final.

O fato é que em uma mesma cadeia pode-se ter inúmeras relações fornecedor-cliente.

Portanto, deve ficar claro que se entende como cadeia de suprimentos todos os processos

necessários para que um produto ou serviço chegue até o consumidor final, independente da

quantidade de etapas e relações que isto represente.

De acordo com Bowersox; Closs e Cooper (2006), o atendimento das necessidades dos

clientes com eficiência de custos é o valor fundamental da logística. Na realidade, o

atendimento dos clientes deve ser o objetivo principal da cadeia de suprimentos, buscando,

dentro do possível, a eficiência de custos. Porém, nem sempre o entendimento completo dos

serviços esperados e das exigências dos clientes é simples.

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37 Na busca pelo atendimento de todas as atividades para satisfazer as exigências

logísticas dos clientes é necessário primeiramente identificá-las e priorizá-las de modo a

garantir um atendimento tão bom ou melhor que dos concorrentes.

Para tanto, é comum se estabelecer métodos de mensuração de tais serviços de modo a

se estabelecer metas de nível de serviço. Em geral, os indicadores de nível de serviço estão

relacionados aos chamados “sete direitos certos” dos clientes, que são: a quantidade certa do

produto certo no tempo certo, no lugar certo, na condição certa, no preço certo, com a

informação certa.

É claro que o desejo do cumprimento destes sete direitos certos deve ser balanceados

com os custos associados a este desempenho de serviço, uma vez que a premissa básica para

existência de qualquer empresa comercial é o lucro. Ou seja, caso os investimentos a serem

incorridos para se gerar o alto nível de serviço desejado sejam demasiadamente altos, as metas

de nível devem ser revistas ou métodos melhorados de modo a se reduzir custos.

3.3 Administração de materiais e de estoques

Segundo Arnold (1998), a administração de materiais pode ser entendida como a

função responsável por planejar e controlar o fluxo de materiais de uma empresa. Desta

forma, os principais objetivos desta função são a maximização da utilização dos recursos e o

fornecimento do nível de serviço adequado ao cliente.

Já a administração de estoques, é vista como o planejamento e controle dos níveis de

estoque necessários da empresa. Para compreender, porém, como deve ser feita a

administração, é necessário primeiramente entender o que é estoque.

“Os estoques são materiais e suprimentos que uma empresa ou instituição mantém,

seja para vender ou para fornecer insumos ou suprimentos para o processo de produção”

(ARNOLD, 1999, p. 265). Isto é, pode-se considerar estoque qualquer armazenamento de

matéria-prima, produto em processo ou produto acabado feito por uma empresa. Neste

trabalho porém, como já foi verificado que até a etapa de armazenagem e expedição de

produtos não há problemas relevantes que influenciem o problema principal identificado na

empresa, somente será tratada a parte de estoque de produto acabado.

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38

A administração de estoques deve visar primordialmente três pontos: a excelência no

atendimento aos clientes, a eficiência operacional de fábrica, isto é, operação de baixo custo e

o mínimo investimento em estoques que garanta os dois primeiros pontos.

De acordo com Arnold (1998) o atendimento aos clientes pode ser entendido e medido

através da disponibilidade de produtos quando necessário. Novamente, este caso também diz

respeito ao cliente da empresa, ou seja, a próxima etapa da cadeia de suprimentos seja esta o

consumidor final ou não.

Há diferentes formas de mensurar o bom atendimento dos clientes, sendo as mais

comuns através de percentual de pedidos no prazo, percentual de pedidos entregues

corretamente ou percentual de pedidos entregues corretamente e no prazo.

Para praticamente qualquer empresa, uma maneira de se garantir o melhor

atendimento possível para os clientes é manter um alto estoque. Desta forma, têm-se certeza

que quando houver demanda de algum produto, ele estará disponível para envio. Porém, é

claro que manter um alto nível de estoque gera um alto custo para a companhia.

Isto ocorre porque o ato de armazenar produtos gera, em termos gerais, três tipos de

custo principais:

• Custo de capital – os recursos financeiros investidos em estoque não estão

disponíveis para a empresa investir em outras opções, sejam juros de

investimentos financeiros ou outros ativos necessários, como maquinário

extra, plantas produtivas, frota, etc.

• Custo de armazenagem – para armazenar produtos é preciso investir em

espaço, funcionários e equipamentos. Quanto maior a quantidade de produtos

para estocar, maior o investimento necessário nestes três fatores.

• Custo de risco – a armazenagem de produtos está sempre sujeita a riscos de

perdas, seja por obsolescência, danos, deterioração ou outros.

Desta maneira, fica claro que com a atual competição de mercado fica inviável se

manter grandes estoques para garantir atendimento aos clientes, uma vez que estes

representam também altíssimos custos.

Já a eficiência operacional, a que se diz respeito como objetivo da administração de

estoques, está fortemente ligada ao setor de produção. Isto porque a manutenção de estoques

permite a criação de pulmões entre etapas da produção que possuem taxas de produção

diferentes, permite maior nivelamento da produção – reduzindo custos – e permite compras de

lotes mais econômicos para a empresa.

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Porém, como este trabalho foi realizado em um centro de distribuição que armazena

apenas produtos acabados, os benefícios vistos dos estoques para a produção não foram

analisados.

Assim sendo, fica claro que no caso do armazém de produtos acabados a

administração deve visar o melhor atendimento possível aos clientes com os menores custos,

sejam eles custos operacionais ou investimentos em armazenagem.

Segundo Moura (1997), muitas empresas, nesta busca por melhor atendimento aos

clientes e eficiência de seus armazéns buscando a minimização dos custos, se ocupam demais

com problemas de capacidade estática de armazenagem e dão pouca atenção à execução das

operações de carga e descarga dos veículos. Em geral, as operações de armazenagem de

mercadorias recebem muito mais cuidado que as demais em razão do caráter descontínuo

destas outras, além da grande quantidade de variáveis que definem estas operações de carga e

descarga, tais como a natureza dos materiais, o tamanho dos pedidos, as características do

transporte e a variedade dos tipos de trabalho manual.

Esta diferença de atenção acaba provocando um forte desequilíbrio entre os recursos

voltados ao recebimento e expedição e os voltados à armazenagem e retirada dos materiais.

Em especial, as operações que envolvem em qualquer instância carregamentos ou

descarregamentos a granel devem ser mais bem elaboradas e pensadas, uma vez que a

mecanização destas operações pode trazer enormes benefícios.

Além disso, não se pode pensar em operações de uma instalação sem um bom projeto

de suas docas, tanto de embarque quanto de desembarque. Diversas empresas pensam em

expandir seus negócios e aumentar suas vendas analisando e investindo unicamente em suas

capacidades de armazenagem, sem perceber que as docas devem ser consideradas dentre as

mais importantes necessidades de uma planta, uma vez que são vitais para o bom

funcionamento das demais atividades.

Deve-se notar que as docas podem e devem influenciar todo o funcionamento dos

fluxos internos dos materiais também, uma vez que algumas decisões quanto ao tipo,

funcionamento e quantidade de docas são cruciais para a definição dos tipos e quantidades de

equipamentos de movimentação de materiais e até de recursos humanos de uma instalação

qualquer.

Ainda segundo Moura (1997), as três atividades básicas de um armazém são o

recebimento, a armazenagem e a expedição, de modo que todas devem ser planejadas e

igualmente tratadas. Em cada uma destas etapas de operação do armazém as necessidades e as

preocupações básicas devem ser diferentes, como segue:

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3.3.1 Recebimento

O recebimento, a primeira das atividades realizadas pelo armazém com qualquer

material, deve se preocupar principalmente com a aceitação do material, garantindo que está

em conformidade para ser estocado. Desta maneira, segundo Moura (1997), genericamente o

recebimento tem como principais passos:

1. Controle e programação das entradas.

2. Obtenção de todos dados necessários para correto controle de todos tipos de

materiais.

3. Análise da documentação garantindo conformidade no recebimento.

4. Programação e controle a fim de sustentar o balanceamento de todas

operações do armazém.

5. Sinalização e planejamento para facilitar a descarga.

6. Descarregamento do veículo coordenando os processos burocráticos e

operacionais simultaneamente.

É claro que todos estes passos possuem diversas variáveis que podem ser alteradas,

moldando o processo de recebimento de acordo com os desejos e as necessidades da empresa.

3.3.2 Armazenagem

O processo de armazenagem e suas etapas variam muito de acordo com a empresa e

principalmente seu grau de automatização das ferramentas de controle do estoque. De

qualquer maneira, algumas atividades principais podem ser genericamente determinadas,

como segue:

1. Entrada no estoque.

2. Identificação e controle dos produtos entrantes.

3. Armazenagem do material segundo endereçamento definido.

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Este processo, apesar de parecer simples pode ser extremamente complexo quando não

há um sistema de informações adequado. Isto porque o local de armazenagem de cada produto

deve ser facilmente identificado, especialmente quando se trata de um armazém onde os

sistemas FIFO ou LIFO são necessários. Em um armazém onde se estoca produtos de curto

shelf life, como é o caso tratado neste trabalho, o bom funcionamento de um sistema FIFO se

torna essencial, se fazendo necessárias ferramentas ou métodos próprios que garantam a

disponibilidade de todas as informações necessárias e com exatidão.

3.3.3 Expedição

A última etapa das operações realizadas pelo armazém é também essencial. Segundo

Moura (1997), “todas as atividades que precedem a expedição são de pouco valor se a

operação de expedição for ineficiente ou não econômica”, uma vez que esta é a última etapa

da relação fabricante-consumidor.

O processo de expedição, e seus respectivos recursos, devem ser planejados de acordo

com algumas informações básicas tais como:

• Quantidade (em UNIMOV), peso e volume total a ser expedido por período

• Número de docas disponíveis

• Tipo de transporte utilizado

• Lead times de transporte

Já a operação de expedição propriamente dita, segue os seguintes passos gerais:

1. Análise de documentação.

2. Identificação dos produtos em estoque que devem ser expedidos.

3. Pré-processamento do material (alterações necessárias de paletização,

embalagem, proteção do material, etc.).

4. Embarque do material.

5. Processamento de documentação burocrática.

Da mesma maneira que as demais operações, a expedição pode ter seus parâmetros e

métodos totalmente alterados de acordo com as características físicas do armazém, os

equipamentos disponíveis e a tecnologia utilizada.

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3.3.4 Tipos de estoque e avaliação de suas áreas

Segundo Gurgel (1996), existem três tipos de armazéns, conforme mostrados na

Tabela 8 abaixo.

Tipo de armazém FunçãoArmazém primário Armazenamento de UNIMOV

Armazém secundário Armazenamento de UNICOMArmazém terciário Armazenamento de UNIAP

Tabela 8 - Tipos de armazéns e suas funções - Gurgel (1996)

Cada tipo de armazém deve receber um tratamento diferente, uma vez que suas

características podem ser bastante diferentes em termos de equipamentos de movimentação,

estruturas de armazenagem, espaço requerido, etc. Portanto, para analisar um armazém

qualquer deve-se primeiramente entender que tipo(s) de armazenagem ele possui e, se for o

caso, separá-los no momento de análise.

No caso que está sendo analisado, pode-se definir UNIMOV como o palete de

produtos, UNICOM as caixas que compõe o palete e contêm as UNIAP, que são as bolsas.

Por outro lado, Martins (2000) propõe uma classificação diferente quanto ao tipo de

estoque. Os cinco tipos a que este se refere são:

• Estoque de matérias-primas

• Estoque de produtos em processo

• Estoque de produtos acabados

• Estoque em trânsito

• Estoque em consignação

Percebe-se então que Martins (2000) trata dos estoques segundo o estado de seus

materiais, isto é, o quanto o material já foi beneficiado ou não. É claro que não há

divergências deste tipo de classificação em comparação com a feita por Gurgel (1996), uma

vez que este último separa os estoques por unidade armazenada. Na realidade, as duas

classificações podem ser consideradas complementares, já que com ambas pode-se determinar

para qualquer armazém o tipo de unidade armazenada e seu grau de processamento.

Determinada a classificação adequada para o armazém, Gurgel (1996) sugere que duas

etapas sejam seguidas para se elaborar um bom diagnóstico das áreas de MAM:

• Descrição do processo produtivo

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• Levantamento da situação dos sistemas de MAM

Como este trabalho foca apenas na área de armazenagem da planta em questão, a

primeira etapa, referente à área produtiva, não será realizada. Já a segunda etapa é baseada em

responder questionários que abrangem diversos fatores de disponibilidade e condições de

equipamentos, recursos humanos, ambiente de trabalho e outros. Os macro-assuntos tratados

em cada questionário são:

• Levantamento dos aspectos gerais da empresa em relação ao sistema de

MAM.

• Levantamento da situação em relação à utilização dos métodos de MAM.

• Exame da situação dos almoxarifados e armazéns, comentando as distorções

encontradas.

• Comentários sobre administração da mão-de-obra empregada no

funcionamento do sistema de MAM.

• Avaliação do sistema de compras, recebimento, seleção, homologação de

fornecedores e homologação de itens.

• Avaliação do sistema de distribuição de produtos acabados aos clientes.

Mais uma vez, não necessariamente todos eles devem ser respondidos integralmente,

mas sim aqueles que vão agregar valor ao estudo de acordo com os problemas observados.

3.4 Estudo de tempos

De acordo com Barnes (1977), o estudo de movimentos e tempo pode ser utilizado

para determinar o tempo padrão de uma operação ou atividade. Isto porque o tempo padrão é

usado para “determinar o número padrão de minutos que uma pessoa qualificada,

devidamente treinada e com experiência, deveria gastar para executar uma tarefa ou operação

específicas trabalhando normalmente” (BARNES, 1977, p. 4).

Desta forma, o tempo padrão é uma informação base para diversos estudos de tempos

e capacidades, uma vez que, através dele, podem-se estimar quantas operações um

funcionário pode efetuar em um tempo determinado, como um turno de trabalho. A partir daí

também se tem um parâmetro padrão para cálculos de que podem auxiliar, se não guiar, o

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planejamento e a programação de um determinado processo, assim como servir de base para

controlá-lo.

Para se calcular o tempo padrão de uma atividade são necessários três elementos

básicos:

• Tempo observado (TO)

• Fator de ritmo (FR)

• Tolerâncias

O tempo observado, como o próprio nome diz, é determinado a partir de observações

da atividade em estudo. Porém, quando se está fazendo um estudo de tempos e métodos,

nunca se realiza somente uma leitura de cronômetro para definir o tempo observado. A

quantidade de observações necessárias depende de diversos parâmetros e pode ser

determinada através de fórmulas estatísticas. A partir da coleta de todos os dados de

cronometragem, deve-se alcançar um único valor que será considerado como tempo

observado (TO) para os demais cálculos. Este valor pode ser obtido de diversas formas,

conforme o analista achar mais adequado, porém, segundo Barnes (1977) a média aritmética

das leituras do cronômetro é o método mais comum de tratamento destes dados.

Após determinado o chamado tempo observado, visando a determinação do tempo

padrão da atividade, devem-se ter parâmetros de comparação entre o que foi observado e o

que realmente pode ser feito, segundo Barnes (1977), por uma pessoa treinada e com

experiência trabalhando normalmente.

Para fazer esta relação, deve-se primeiramente entender se o ritmo com que o trabalho

observado foi realizado está de acordo com a maneira normal de trabalho do funcionário. Este

entendimento é necessário para se determinar o fator de ritmo (FR) dos funcionários durante

as observações realizadas. Este fator deve ser determinado como um percentual, de modo que

um fator de ritmo igual a 100% significa que o funcionário realizou a tarefa, durante as

observações, exatamente da sua maneira normal de trabalho. Já um fator de ritmo maior que

100% significa que a tarefa foi realizada de forma mais rápida que o normal e o FR menor

que 100% representa atividades realizadas de modo mais demorado, tomando mais tempo que

a maneira normal.

Deve-se compreender que este valor é bastante subjetivo e não há uma maneira exata

de defini-lo. O fator de ritmo de um certo trabalho é determinado pelo analista do estudo,

baseado na sua percepção. Este fator deve indicar, segundo as percepções do analista, atrasos

na execução devidos à fadiga, à inexperiência ou falta de treinamento ou outras situações não

esperadas, da mesma maneira que deve considerar tarefas realizadas com maior velocidade

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45 que o normal devido ao apressamento imposto por um superior, incentivo ou até mesmo a

vontade (mesmo que inconsciente) do funcionário de mostrar grande eficiência perante uma

pessoa que esteja marcando seu tempo de trabalho.

Após a obtenção do tempo observado (TO) e do fator de ritmo (FR), pode-se

determinar o tempo normal (TN) de operação através da seguinte fórmula:

FRTOTN ⋅=

Sabendo-se os significados do tempo observado e do fator de ritmo e conhecendo a

fórmula que determina o tempo normal, pode-se facilmente compreender o significado deste

último. O TN representa o tempo que uma pessoa leva para realizar uma tarefa na qual é

treinada e experiente, trabalhando normalmente. Em tese, este seria o tempo buscado para se

determinar a capacidade do processo ou fazer o planejamento da atividade. Porém, ao utilizar

o tempo normal para este tipo de cálculo ou estimativa, supõe-se que o funcionário realizará

aquela operação, desta maneira normal ininterruptamente durante todo o tempo disponível.

Para se evitar este tipo de falha nas estimativas buscadas, utiliza-se ainda um elemento

de tolerâncias concedidas aos funcionários. Tais tolerâncias, expressas também por um valor

percentual, representam quanto do tempo disponível o funcionário não trabalhará, seja por

necessidades pessoais ou até por problemas de fadiga em um trabalho que exige maior esforço

físico.

As tolerâncias, por serem representadas por um valor percentual e não absoluto, são

divididas em dois tipos, cujos nomes são auto-explicativos:

• Tolerância em relação ao tempo total

• Tolerância em relação ao tempo de trabalho

Essas duas maneiras diferentes de entender as tolerâncias, obviamente possuem

métodos diferentes de serem abordadas, de modo que a utilização delas para o cálculo do

tempo padrão (TP) é também diferente. A seguir são mostradas as fórmulas comumente

utilizadas para calcular o TP a partir do TN e de tolerâncias com relação ao tempo total

(TOLtotal) e tolerâncias com relação ao tempo de trabalho (TOLtrab), respectivamente:

=totalTOL

TNTP100

100

+=

1001 trabTOLTNTP

Porém, da mesma maneira que a determinação do fator de ritmo, a definição do

percentual de tolerância do trabalho também não é simples nem exata. Existem tabelas que

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propõem percentuais de tolerância de acordo com o tipo de atividade realizada, porém não

necessariamente encontrar-se-á uma atividade similar a que se está estudando, de modo que

nem sempre tais tabelas podem ser utilizadas. Logo a determinação de tais tolerâncias pode

ser auxiliada por tabelas ou por informações dadas pela liderança dos funcionários que

realizam a atividade, mas também pode depender da sensibilidade do analista.

3.5 Análises estatísticas

Ao se efetuar estudos de tempos, por se tratar de grandes quantidades de valores

colhidos e cálculos efetuados com tais amostras, deve-se muitas vezes garantir também que

estes dados possuem validade estatística.

Segundo Costa Neto (1977), o Teste de hipóteses é utilizado para provar se uma

hipótese dada como certa até que se prove o contrário, denominada H0, pode ser efetivamente

aceita. Caso esta seja rejeitada, então uma hipótese alternativa, H1, contrária à inicial será

aceita. As hipóteses aqui definidas referem-se a parâmetros de uma dada população

representada por certa amostra.

Um dos usos correntes do Teste de hipóteses é a comparação entre médias. Isto é,

pretende-se comparar a igualdade ou diferença entre as médias de duas populações distintas.

Estas populações, chamadas aqui população 1 e população 2, possuem médias

respectivamente representadas por 1µ e 2µ .

Neste teste, pretende-se então avaliar se os valores de 1µ e 2µ podem ser considerados

iguais ou não, por exemplo. Porém, não é possível se comparar estes valores diretamente

porque, em geral, a média real de uma população é desconhecida. Portanto, extraem-se

amostras destas populações e se define os valores 1x e 2x como as médias das amostras das

populações 1 e 2, respectivamente.

Segundo Barnes (1977), a quantidade de dados em cada amostra deve ser suficiente

para garantir a confiança e erro relativo esperados. Desta forma, o autor apresenta uma

fórmula para se calcular N’, que representa o número mínimo de dados a serem levantados

pela amostra para garantir tais parâmetros. As fórmulas sugeridas serão apresentadas nos

momentos adequados, de uso de tal teoria.

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47

Segundo Costa Neto (1977), uma vez levantados os dados das amostras, pode-se

comparar os valores das médias destas e tirar conclusões sobre a diferença das médias reais

das populações em estudo. Para isto, entretanto, pressupõem-se a normalidade da distribuição

amostral da variável de teste x , isto é, a variável x deve possuir uma distribuição normal ou

próxima suficiente da distribuição normal para que se possa fazer uma aproximação.

Para avaliar a normalidade ou a possibilidade de aproximação de certa distribuição por

uma distribuição normal, pode-se efetuar o chamado Normality Test. Este avalia a aderência

da amostra à uma distribuição normal.

Caso as médias das amostras retiradas possam assumir distribuição normal, pode-se

efetuar o Teste de hipóteses voltado à comparação de duas médias para 1x e 2x .

Tal comparação pode ser feita de maneiras diferentes de acordo com os tipos de dados

obtidos nas amostras, podendo estes ser de dois tipos:

• Dados emparelhados

• Dados não emparelhados

Segundo Costa Neto (1977, p. 108), os dados de duas amostras são considerados

“emparelhados quando estão relacionados dois a dois segundo algum critério que introduz

uma influência marcante entre os diversos pares [...]”. Por exemplo, são considerados dados

emparelhados as medidas de peso de 10 pessoas com intervalo de 1 mês entre as medições,

uma vez que os dados se referem às mesmas 10 pessoas, podendo cada dado ser relacionado a

um da outra amostra, uma vez que se referem ao peso da mesma pessoa.

Quando esta relação não existe, os dados são considerados não emparelhados e neste

caso pode-se ter três situações distintas:

• Desvios padrão das populações conhecidos;

• Desvios padrão das populações desconhecidos, mas podendo ser supostos

iguais; e

• Desvios padrão das populações desconhecidos e não podendo ser supostos

iguais.

Cada uma destas três situações, assim como o caso de dados emparelhados, possuem

maneiras distintas de serem tratadas e calculadas. Por exemplo, no caso de dados

emparelhados a diferença entre as médias das populações 1µ e 2µ pode ser calculada

diretamente. No caso de dados não emparelhados com desvios padrão conhecidos, pode-se

calcular a diferença das médias 1x e 2x diretamente por distribuições normais.

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48

Já nos dois últimos casos, como os desvios padrão das populações são desconhecidos,

deve-se utilizar distribuições de t de Student para aproximar os desvios padrão das amostras

aos desvios padrão das populações.

As fórmulas e cálculos necessários para se realizar os Testes de hipóteses

serão mostrados mais à frente, em momentos oportunos. Da mesma forma, será

utilizado como recurso auxiliar o software voltado para análises estatísticas Minitab.

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49 4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL

Para avaliar a operação do CD e possibilitar a proposição de melhorias é necessário

primeiramente entender quais as condições atuais do local. Para tanto, utilizou-se um método

adaptado de Gurgel (1996), buscando entender os diversos fatores que influenciam esta

operação. Assim, foram levantadas informações propostas nos questionário de avaliação de

MAM deste.

Os resultados deste levantamento são mostrados a seguir.

4.1 Terreno

O Centro de Distribuição em questão está localizado em uma cidade a

aproximadamente 100 km da capital de São Paulo e próximo a grandes rodovias que facilitam

o acesso ao mesmo.

O terreno é ocupado não apenas pelo CD propriamente dito, mas também por uma

fábrica, construída em um prédio anexo, e outras áreas administrativas e de apoio. O terreno

possui duas portarias de veículos, sendo uma destinada à entrada destes e outra somente à

saída. Como há uma rua de duas mãos que rodeia o terreno internamente, de qualquer parte

deste é possível acessar facilmente o pátio de carretas (onde ficam os veículos em fila de

carregamento/descarregamento), a área de desembarque de fábrica (matéria-prima que é

desembarcada diretamente próxima à produção) e as docas do CD (para carretas que devem

ser carregadas/descarregadas).

Um croquis de todo o terreno é mostrado a seguir, na Figura 8, para melhor

entendimento.

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50

Área fabril

Centro de Distribuição

Portaria de entrada Portaria de saída

Área fabril

Centro de Distribuição

Portaria de entrada Portaria de saída

Figura 8 – Croquis do terreno

4.2 Propriedades do armazém

4.2.1 Formato e divisões

A área do armazém, representada no croquis acima por “Centro de Distribuição”, pode

ser facilmente dividida em duas partes: o CD de produtos acabados e o Almoxarifado de

matérias-primas. Isto porque parte das matérias-primas de embalagem são armazenadas em

uma parte específica e separada do armazém onde se situa o Centro de Distribuição.

Esta área voltada para armazenagem de MP é fisicamente separada do resto do CD por

uma grade, possui suas próprias estruturas porta-paletes e empilhadeiras específicas que

trazem os materiais da parte de fora do armazém, descarregando-os diretamente do caminhão.

Desta forma, a área de Almoxarifado não concorre em nenhum aspecto com o CD, em

pessoal, equipamentos ou docas. Assim sendo, para este estudo foi desconsiderada esta área e

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51 deste ponto em diante, sempre que for citado o “CD” ou “Centro de Distribuição” estar-se-á

referindo apenas à área de armazenagem e movimentação de PA.

O Centro de Distribuição, desconsiderando-se a área de Almoxarifado, possui cerca de

73 metros de largura, 50 metros de comprimento em um lado e 43 metros no outro e 12

metros de altura. Além disso, possui um único andar não havendo desníveis, o que facilita a

movimentação interna dos materiais.

Um croquis do armazém (inclusive a área de almoxarifado) é mostrada na Figura 9

abaixo. Neste, pode-se ver a posição e a distribuição de seus módulos de armazenagem e

docas.

Várias das características do CD serão explicadas adiante, em outros itens, não

cabendo neste momento.

Docas

Área de Almoxarifado

Bloco A Bloco B Bloco C Bloco D

Portas de fábrica

Docas

Área de Almoxarifado

Bloco A Bloco B Bloco C Bloco D

Portas de fábrica

Figura 9 - Croquis do armazém

4.2.2 Horário de funcionamento

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52

As operações do Centro de Distribuição, bem como a produção da fábrica anexa, são

realizadas 24 horas por dia, em três turnos. Não há escalonamento de operações, isto é, a

armazenagem dos produtos saídos da fábrica e os carregamentos e descarregamentos ocorrem,

ou podem ocorrer, em qualquer horário, nos três turnos, sem distinção.

4.2.3 Produtos movimentados

Neste CD são movimentados todos os itens do negócio de salgadinhos da empresa. O

número total de itens varia bastante, de acordo com o lançamento de novos produtos.

Atualmente são movimentados cerca de 70 itens diferentes, porém este número já chegou, em

seu auge, a aproximadamente 160, em uma época de alta taxa de lançamento de inovações.

Da mesma maneira que novos produtos são lançados com bastante freqüência,

diversos produtos são cortados do portfólio, de modo que a quantidade de diferentes itens não

necessariamente é sempre crescente.

Desta forma, assim como é feito na companhia, este estudo tratará dos produtos

agrupando-os por famílias. As famílias de produtos são grupos maiores que contêm diversos

itens semelhantes entre si. Na realidade, todos os produtos de uma mesma família possuem o

mesmo processo de produção, as mesmas matérias-primas básicas e distribuições de demanda

semelhantes, tendo como principais diferenças apenas o sabor e tamanhos de bolsa.

Duas características interessantes dos produtos que aumentam bastante a

complexidade de movimentações, se tornando um desafio à companhia, são a validade e o

peso destes.

A validade, ou shelf-life, dos itens é de apenas seis semanas, em média, e é política da

empresa não enviar para clientes produtos com duas ou menos semanas de validade. Desta

maneira, é extremamente importante que haja um bom controle de FIFO para evitar o

desperdício de produtos.

Já o peso dos produtos influencia bastante a operação porque no geral as unidades de

apresentação de salgadinhos (UNIAP) são bolsas. Estas bolsas são extremamente leves,

possuindo pesos líquidos que variam de 20 a 150g. Assim sendo as caixas onde ficam

acomodadas também são bastante leves, variando de 2 a 4 kg, resultando em paletes leves,

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53 uma vez que há, em média, 40 caixas por palete. Esta característica impossibilita a

acomodação de um palete sobre outro, correndo sérios riscos de avarias no produto.

Assim sendo, todos os transportes de material entre dois Centros de Distribuição e

entre CD e CDV são feito à granel, uma vez que o produto lota os veículos por volume e não

por peso. Somente são feitos carregamentos paletizados para clientes especiais que exijam

este tipo de carga, porém, estes representam menos de 1,1% do total de carregamentos, sendo

estes casos desconsiderados deste estudo.

Como todo o material do Centro de Distribuição é armazenado e movimentado

internamente de forma paletizada, caracterizando um armazém primário segundo a definição

de Gurgel (1996), fica claro que é necessário pessoal para paletizar e despaletizar produtos a

cada operação de embarque ou desembarque.

4.2.4 Endereçamento

O endereçamento do armazém é aleatório. Não existem regras ou critérios

estabelecidos para alocação dos produtos nos módulos de armazenagem disponíveis.

Porém, como será detalhado mais para frente, a armazenagem é feita em estruturas

dinâmicas, com diversos paletes de profundidade. Desta maneira, é essencial que os

operadores de empilhadeira quando vão armazenar um produto qualquer saibam muito bem

como estão sendo ocupados os racks para garantir que não colocarão produtos em locais já

ocupados por outros, uma vez que este erro seria identificado somente no momento transporte

deste produto às docas para o carregamento e isto poderia causar grandes atrasos na operação.

Desta forma, em todos os módulos de armazenagem existem placas, no nível mais

baixo do módulo, identificando o produto que está armazenado em cada casa de todos os

níveis daquele módulo. Com isto, os operadores de empilhadeira podem ler as placas no

momento de inserção ou retirada de produtos dos módulos.

Obviamente, quando um operador de empilhadeira vai armazenar determinado

produto, ele busca fazê-lo em endereços onde já haja o mesmo item. Porém, quando todas as

posições destes já estão ocupadas, é o próprio operador quem decide qual endereço vazio ele

usará para armazenar, sendo também responsável por assinalar à caneta o produto

armazenado, na placa respectiva à casa utilizada.

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54

Como não há WMS ou qualquer outro sistema que guarde as informações de posição

dos produtos no armazém, a informação é passada “manualmente” para os operadores. Um

funcionário do CD chamado de “homem-aranha” verifica visualmente, posição por posição,

que produtos estão ocupando cada casa e se estes estão de acordo com as indicações nas

placas dos módulos. Após esta verificação, o homem-aranha distribui para todos operadores

de empilhadeira uma folha de papel com uma tabela indicando, casa a casa, a localização dos

produtos no CD. Esta verificação é feita duas vezes por turno.

4.2.5 Clientes

Este CD, por estar situado próximo à capital paulista e por grande parte da demanda da

empresa estar dividida entre as regiões Sudeste e Sul, com forte concentração no estado de

São Paulo, atende principalmente as filiais deste estado e do Rio de Janeiro. Uma pequena

parcela, cerca de 9%, dos envios têm como destino os estados do Paraná ou Minas Gerais.

Assim sendo, mais de 91% dos clientes atendidos por este CD estão a 1 dia ou menos de

viagem.

4.3 Estrutura

4.3.1 Iluminação

Toda a área de armazenagem possui boa iluminação, pois o armazém possui boa parte

do seu teto de telhas transparentes. Além destas, e especialmente para o período noturno, há

iluminação artificial suficiente, principalmente nos corredores de armazenagem e na área das

docas.

Por outro lado, durante os processos de carregamento e descarregamento propriamente

ditos, a iluminação em alguns momentos fica abaixo da ideal. Isto geralmente ocorre no

começo do carregamento e no final do descarregamento, quando os funcionários estão na

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55 extremidade da carreta mais afastada da doca, onde a única iluminação provém de uma

lâmpada ligada a um braço fixado no “batente” da porta da doca. Este braço serve exatamente

para movimentar a lâmpada mudando o seu foco de luz.

4.3.2 Piso

O piso do Centro de Distribuição está em boas condições, liso e sem obstáculos, não

causando problemas para a movimentação de materiais. Há algumas poucas rachaduras no

solo, porém estas são pequenas e em locais de pouquíssimo acesso, não trazendo problemas

também.

4.3.3 Sinalização

Todo o armazém está bem sinalizado, com marcações no solo especificando áreas para

pedestres e onde devem ter cuidado com o trânsito de equipamentos, bem como delimitando

bem as áreas de operação para os equipamentos.

Em todos os corredores e áreas que foram consideradas necessárias estão afixados

avisos sobre determinados cuidados que se deve ter e equipamentos de segurança necessários

como botas, aventais, proibição de uso de relógios, brincos, etc.

4.3.4 Corredores e módulos de armazenagem

O CD conta com quatro módulos de armazenagem, separados por cinco corredores,

como pode-se observar no croquis apresentado anteriormente. Todos os corredores possuem

aproximadamente 3,30 metros de largura, para permitir as manobras das empilhadeiras e

possibilitar o trânsito de duas empilhadeiras simultaneamente no mesmo corredor. Em todas

as visitas feitas ao CD todos os corredores encontravam-se totalmente desobstruídos.

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56

A altura dos módulos, ou blocos, de armazenagem (em quantidade de posições) é

variável. Isto porque alguns dos módulos têm pequenas áreas não destinadas à armazenagem

porque são ocupadas por outras estruturas como portas de saída da fábrica (por onde o

produto entra no CD) e áreas de paletização pré-armazenagem para determinados produtos.

No total, há no CD 4.853 posições paletes, das quais 4.812 são ocupadas por produtos

acabados e as restantes são ocupadas por materiais promocionais, não podendo armazenar PA,

apesar de estarem na área do CD.

Destas 4.812 posições paletes disponíveis, 4.684 são de estruturas de racks dinâmicos

em ângulo, 124 em estruturas dinâmicas sem ângulo, servindo como área de picking para os

casos de carregamentos de fração de paletes, e as 4 posições restantes em estruturas

deslizantes que praticamente não são utilizadas devido às suas posições. Um resumo da

quantidade de posições disponíveis por estrutura é mostrado na Tabela 9, mostrando a

disponibilidade de racks por bloco.

Dinâmico(em ângulo)

Dinâmico(sem ângulo) Deslizante Material

Promocional Total

Bloco A 1.140 - - - 1.140Bloco B 1.300 40 4 - 1.344Bloco C 1.608 48 - - 1.656Bloco D 636 36 - 41 713

Total CD 4.684 124 4 41 4.853

Tipo de estrutura

Tabela 9 - Quantidade de posições paletes no CD

Como pode-se observar no croquis do CD, onde estão as identificações de cada

módulo de armazenagem segundo a denominação em blocos feita na tabela acima, os blocos

A e B possuem largura diferente dos blocos C e D, uma vez que estes últimos possuem 12

posições paletes de profundidade, enquanto os dois primeiros possuem apenas 10 posições

paletes de profundidade.

O sentido de movimentação dos produtos nos módulos de armazenagem dinâmica em

ângulo podem ser verificados pelas setas negras, sobre os módulos de armazenagem também

no croquis do CD mostrado anteriormente.

4.3.5 Docas

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57 O armazém possui 19 docas que podem ser utilizadas tanto para carregamentos quanto

para descarregamentos, sem distinção. Todas as docas foram feitas para carregamentos

exclusivamente de veículos com porta traseira, como baús.

As docas são equipadas com portas de contra-peso, de 3,25 metros de altura e 2,60

metros de largura e possuem distância entre docas de 2,50 metros. Apenas duas delas

possuem niveladores de doca, as duas mais próximas à área de Almoxarifado do armazém

(denominadas docas 18 e 19).

Como as empilhadeiras elétricas que operam o CD, conforme será descrito adiante,

ultrapassam o limite de altura para entrar nas carretas, é necessária uma área de manobra em

frente às docas para permitir o trânsito destas. Para tanto há 5,20 metros de distância entre o

final dos módulos de armazenagem e o final das docas.

4.4 Recursos

4.4.1 Equipamentos de MAM

Existem apenas dois tipos de equipamentos de movimentação de materiais utilizados

no CD atualmente: empilhadeiras e paleteiras.

Na Tabela 10 abaixo, há uma relação das empilhadeiras disponíveis no Centro de

Distribuição.

# Tipo Combustível Marca Modelo Ano de Fab. Capacidade (kg)

Elevação máxima

1 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm2 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm3 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm4 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm5 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm6 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm7 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm8 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm9 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm10 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2002 2.500 10.500mm11 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2006 2.500 10.500mm12 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB7 2006 2.500 10.500mm13 Empilhadeira ELÉTRICA BT RRB8 2008 2.500 10,000mm14 Empilhadeira GLP NISSAM KCPH01 1996 1.000 7.000mm15 Empilhadeira GLP NISSAM KCPH01 1996 1.000 7.000mm16 Empilhadeira GLP NISSAM KCPH01 1996 1.000 7.000mm17 Empilhadeira GLP CLARK CMP230L 2006 2.500 6.000mm

Tabela 10 - Relação de equipamentos de MAM - Empilhadeiras

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58

As empilhadeiras são utilizadas para se mover os paletes de produtos, tanto para

colocá-los nos módulos de armazenagem quanto para retirá-los dos módulos para levar às

docas.

Porém, como o CD é fechado, para não contaminar os produtos e não causar riscos à

saúde dos funcionários, só é permitido o uso de empilhadeiras elétricas. Desta forma, as 13

empilhadeiras elétricas ficam disponíveis para uso no galpão enquanto as 4 empilhadeiras a

GLP só são utilizadas na parte externa para outras tarefas diversas.

Da mesma maneira, a Tabela 11 abaixo mostra as paleteiras disponíveis.

# Tipo Combustível Marca Modelo Ano de Fab. Capacidade (kg)

Elevação máxima

1 Paleteira ELÉTRICA PALETRANS T18 2006 2.500 100mm2 Paleteira ELÉTRICA PALETRANS T2000 2005 2.500 100mm3 Paleteira ELÉTRICA PALETRANS T2000 2005 2.500 100mm4 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm5 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm6 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm7 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm8 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm9 Paleteira HIDRÁULICO BYG TRANSEQUIP BYGL2.6B 2008 2.000 100mm

Tabela 11 - Relação de equipamentos de MAM - Paleteiras

As paleteiras hidráulicas, como será descrito adiante, são utilizadas nas operações de

carregamento e descarregamentos para levar os paletes de um extremo a outro da carreta. Já

as elétricas, assim como as empilhadeiras a GLP, são utilizadas somente na área externa do

armazém para tarefas diversas.

4.4.2 Pessoas

Todo o pessoal que opera o Centro de Distribuição é terceirizado. A companhia

trabalha com outra empresa que é responsável por recrutar, selecionar e treinar os

funcionários para efetuarem as tarefas necessárias para operação do CD – operar

empilhadeiras, operar paleteiras (mecânica e/ou elétrica), efetuar conferência de carga,

paletizar caixas e carregar carretas da maneira correta.

Como o explicado anteriormente, o CD trabalha em 3 turnos, e em cada turno

trabalham 2 equipes de transferência e 6 equipes de doca. Cada equipe de transferência

trabalha em uma das portas de saída de fábrica e acesso ao CD e é composta por dois

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59 operadores de empilhadeira e um monitor. Os operadores retiram os paletes de produtos que

chegam ao CD através das portas e os armazenam nos módulos de armazenagem, enquanto o

monitor é responsável por fazer a leitura de código de barras do palete, assim que este chega

da produção, e garantir que ele está corretamente paletizado e que todas as caixas são do

mesmo produto.

Já as equipes de doca são compostas por quatro colaboradores sendo um operador de

empilhadeira, um conferente e dois auxiliares. As atividades destes são respectivamente:

operar uma empilhadeira para retirar produtos armazenados nos módulos, em paletes, e levá-

los às docas – no caso de expedição – e retirar os produtos paletizados da doca e levá-los ao

módulo de armazenagem – em situações de recebimento; o conferente deve conferir as cargas

tanto de expedição quanto de recebimento para garantir que o produto expedido ou recebido

está de acordo com o planejado; e os auxiliares realizam o trabalho de carregamento e

descarregamento do caminhão, retirando as caixas do palete e colocando-as corretamente no

caminhão, no primeiro caso, e retirando as caixas do caminhão e paletizando-as corretamente,

no segundo.

Além das equipes de transferência e de doca, há ainda alguns funcionários que não

estão alocados a nenhuma destas, mas cuja presença é extremamente importante também para

o bom funcionamento do CD, os auxiliares de picking. Há dois auxiliares de picking por turno

e sua principal responsabilidade é de separar os produtos de reparto que não foram pedidos

em quantidades múltiplas de paletes.

Um resumo da quantidade de equipes e funcionários por equipe, por turno de trabalho

do CD, é mostrado na Tabela 12 abaixo.

1º turno 2º turno 3º turno Total funcionários

Equipes de doca 6 6 6Operador empilhadeira 1 1 1 18

Conferente 1 1 1 18Auxiliar 2 2 2 36

Auxiliares de picking 2 2 2 6Equipes de transferência 2 2 2

Operador empilhadeira 2 2 2 12Monitor 1 1 1 6

Tabela 12 - Relação de funcionários que operam o CD, por turno e por equipe

Além deste quadro de funcionários mostrado, há ainda um pessoal essencial para a

operação, mas que não está ligado diretamente às ações de transferência ou de carregar e

descarregar as carretas e por isso não foram incluídos na tabela acima.

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60

Por exemplo, os controladores do CD são funcionários da própria companhia e

responsáveis basicamente por fazer a interface com a empresa contratada para operar o

armazém, controlar seu trabalho com relação à quantidade de movimentações realizadas e

tempos de movimentações para saber se a empresa está cumprindo o contrato corretamente

além da resolução de problemas simples relacionados à operação, por parte da companhia. Há

um controlador atuando por turno, em todos os turnos.

Assim como os controladores, durante os três turnos, há um outro funcionário da

empresa contratada. Ele basicamente faz o papel inverso ao dos controladores, sendo

responsável por tudo que é relacionado ao serviço prestado por esta empresa terceira, como a

garantia da presença do número correto de funcionários e de equipes em cada turno, de

resolver problemas pontuais dos funcionários terceiros que surjam durante o trabalho, de fazer

a interface entre a companhia e esta empresa contratada com relação às suas exigências e às

operações que devem ser feitas em cada momento. Neste trabalho, esta pessoa será

denominada como “responsável”, uma vez que não há um nome específico definido para sua

função do Centro de Distribuição.

Por último, há também os chamados homens-aranha, já citados anteriormente, que

verificam os produtos contidos em cada endereço de armazenagem e passam esta informação

a todos operadores de empilhadeira, sejam de equipes de doca ou de transferência. Há um

homem-aranha por turno, nos três turnos.

4.5 Operações

O CD trabalha basicamente com três tipos de operação: transferência de produtos

vindos da fábrica anexa, recebimento de produtos vindos de outras plantas e expedição de

produtos para outras plantas ou filiais.

Não há dados disponíveis na companhia que indiquem a capacidade de transferência

de produtos vindos da fábrica anexa, uma vez que o trabalho é basicamente de pegar um

palete saído da produção e armazená-lo.

Por outro lado, como explicado anteriormente, todas transferências entre Centros de

Distribuição e de CD para filiais são feitas à granel e os carregamentos e descarregamentos

são realizados nas docas. Segundo dados históricos de 2007 e 2008, o CD é capaz de realizar,

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61 em média, 27 operações por turno – 81 operações por dia – sejam estas de carga ou descarga

de veículos, uma vez que estas são operações concorrentes.

4.5.1 Transferência de fábrica

A operação de transferência de produtos de fábrica é relativamente simples. No CD há

duas portas de ligação entre a fábrica e o armazém, destacadas no croquis apresentado

anteriormente. Estas portas na verdade são pequenos corredores, de cerca 3 metros de

comprimento, e da largura de um palete, com uma porta vertical em cada extremidade.

Os pisos destes corredores possuem roletes para permitir a travessia dos paletes sem a

necessidade de uso de equipamentos de movimentação. Desta forma, esta operação pode ser

resumida nos seguintes passos:

(i) Chegada ao CD: quando um palete de produtos está pronto para deixar a área

de produção e seguir para a armazenagem, o pessoal de produção leva-o, com

o auxílio de paleteiras hidráulicas, até a porta de saída de fábrica e deixa o

palete na ponta do corredor, sobre os roletes, para que este chegue ao outro

lado, conforme ilustrado na figura a seguir, onde foram omitidas as portas

verticais em cada extremidade do corredor.

Área fabril Centro de Distribuição

Área fabril Centro de Distribuição

Figura 10 - Ilustração da passagem do palete da fábrica para o CD

(ii) Verificação do palete: no momento em que o palete chega à outra extremidade

do corredor, já no Centro de Distribuição, o monitor da equipe de

transferência verifica se a paletização está correta, verifica rapidamente se

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todas as caixas que formam o palete são do mesmo produto e faz a leitura de

código de barras, que alimenta o sistema, acrescentando este palete à

disponibilidade de produtos neste local de estoque.

As verificações de paletização e de conformidade dos produtos no

palete são feitas visualmente e de maneira rápida. Caso haja algum problema

da paletização, o ajuste é feito rapidamente pelo próprio monitor, uma vez que

para um erro de paletização passar despercebido pelo pessoal de produção,

deve ser algo simples de se ajustar. Já a verificação dos produtos do palete é

feita através das etiquetas coloridas afixadas no exterior das caixas, indicando

o produto que esta contém, e caso haja alguma caixa de produto diferente das

demais, o monitor deve indicar o erro para a produção e o palete volta para

essa área para que o erro seja reparado.

Este tipo de erro é extremamente raro, uma vez que a paletização é feita

na saída das linhas de produção e cada linha só fabrica um produto por vez. O

evento é tão raro que a companhia nunca se preocupou em criar algum método

de medição e controle para estes casos.

(iii) Armazenagem: após as verificações e a leitura realizadas pelo monitor, o

palete está liberado para ser armazenado. Assim, os operadores de

empilhadeira das equipes de transferência deslocam os equipamentos até a

porta de saída, pegam o palete e o armazenam no local adequado.

O local de armazenagem é definido pela planilha de local de estoque de

cada produto, entregue pelos “homens-aranha”, conforme mencionado

anteriormente. Isto é, o operador verifica em que endereços já há aquele

produto armazenado e verifica se ainda há espaço para mais palete nestes.

Caso não haja, ele busca outro endereço vazio para armazenar o produto.

4.5.2 Expedição

O processo de expedição se inicia com a análise de necessidade por produto, feita

pelos analistas de Planejamento de Operações (PO). Depois desta, segue uma análise de

disponibilidade de produtos dos CD para envio para filiais e outros Centros de Distribuição e

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63 é gerado então o “reparto”, que é o documento oficial de ordem de carregamento da

companhia. O reparto possui como principais informações:

• Destino

• Dia de saída do carregamento

• Placa do veículo

• Data de emissão do reparto

• Número de identificação do reparto

• Produtos a serem carregados e suas respectivas quantidade (em caixas e

pallets)

• Peso líquido total do carregamento (em kg)

• Quantidade total de caixas do carregamento

Após a emissão do reparto, feito por assistentes da equipe de Planejamento de

Operações, este é levado até os controladores e a partir daí segue as seguintes etapas:

(i) Espera por pedido do responsável: os repartos ficam com os controladores até

o momento em que o responsável da empresa contratada verifica, visualmente,

que uma das equipes está terminando uma operação e, portanto, já pode ser

incumbida de outra movimentação a ser feita. Neste momento o responsável

pede um novo reparto para o controlador, que os entrega na ordem de

recebimento (FIFO). Após a finalização da operação anterior que a equipe de

doca realizava, o responsável entrega uma cópia do novo reparto ao conferente

e uma ao operador.

(ii) Carregamento: os membros da equipe de doca começam a fazer o

carregamento, realizando tarefas paralelamente. O operador de empilhadeira

começa a buscar os produtos pedidos no reparto dos módulos de armazenagem

e trazê-los à doca. À medida que os produtos chegam à doca, o conferente

verifica se o produto é o mesmo pedido no reparto, se a data de validade está

de acordo com as exigências e retira o código de barras, para manter controle.

Como as empilhadeiras não conseguem entrar nas carretas, por

limitações de altura e falta de niveladores de doca, o operador deixa o palete

na borda da carreta. Os auxiliares então usam uma paleteira hidráulica para

levar o palete até o final da carreta e começam a retirar os produtos do palete e

acomodá-los no veículo.

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64

Uma figura puramente ilustrativa da posição dos auxiliares e do palete no momento

em que ele já foi puxado até o final da carreta e começa a etapa de despaletizar o produto e

acomodá-lo no veículo, pode ser vista abaixo.

Figura 11 - Ilustração do embarque de produtos

Este ciclo de puxada de produtos pela empilhadeira, conferência e acomodação das

caixas na carreta se repete até que o reparto seja finalizado.

(iii) Finalização do reparto: após o término do carregamento, o conferente leva o

reparto de volta para o responsável que valida as anotações do conferente para

garantir que todos os produtos foram embarcados. Após a validação, o

responsável leva o reparto de volta para os controladores. Estes finalizam o

carregamento lançando as informações em uma planilha de controle e

repassam os repartos para o pessoal de saída, para liberarem a carreta no dia

de saída dela.

4.5.3 Recebimento

O processo de recebimento é, de certa forma, bastante semelhante ao de expedição.

Este, porém, não se inicia com a geração do reparto, mas sim com sua impressão, uma vez

que a geração deste é feita no local de origem de envio do produto.

(i) Geração e impressão do reparto: após a geração de reparto e confirmação de

saída do veículo, os assistentes da equipe de PO – os mesmos responsáveis

pela geração dos repartos de expedição – imprimem uma cópia do reparto,

enviado pelo local de origem e a entregam aos controladores.

(ii) Espera do raparto: neste caso, os controladores mais uma vez retêm o reparto.

Porém, como os repartos de expedição têm prioridade sobre os de

recebimento, os de recebimento somente são passados para o responsável

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65

quando há urgências de descarregamento (informado pelos assistentes de PO)

ou baixa demanda de expedição (no período da manhã, geralmente).

(iii) Descarregamento: quando o reparto é passado para o responsável, este faz

uma cópia do reparto e entrega-a para o conferente da equipe de doca que

efetuará a operação. Daí em diante a equipe de doca começa a efetuar o

descarregamento do material, com os auxiliares retirando produtos da carreta e

alocando-os em paletes, o conferente verificando se as quantidades indicadas

de cada produto no reparto estão de acordo com o contido na carreta à medida

que o produto é descarregado e o operador de empilhadeira retirando os

paletes montados pelos auxiliares e armazenando-os pelo mesmo critério

usado pelos operadores de empilhadeira das equipes de transferência, citados

anteriormente.

(iv) Finalização: depois de finalizado o descarregamento o conferente leva sua

cópia do reparto para o responsável, os dois validam se as quantidades

indicadas no reparto estão de acordo com o recebido no veículo e o

responsável leva o reparto finalizado de volta para os controladores.

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66

5 RESOLUÇÃO DO PROBLEMA

Este CD, como dito anteriormente, é o maior de toda malha logística da empresa, tanto

em número de movimentações quanto em número de clientes atendidos. Além disto, este CD

é anexo à principal fábrica da malha, que possui o mix mais completo de produção e maior

capacidade produtiva. Por estes motivos, esta planta é a que requer menor quantidade de

produtos recebidos, já que recebe somente produtos fabricados em Copackers e não de outras

fábricas como as demais.

Em média, a demanda de recebimento de produtos deste CD é de 9 carretas/dia, com

picos de 12 carretas/dia em 2007. Isto quer dizer que cerca de 9 das 81 operações disponíveis

no CD por dia são de recebimento, o que representam aproximadamente 11% do total. Os

picos, de 12 carretas/dia, representam quase 15% do total.

Desta forma, por sua altíssima representatividade perante o total de operações do

Centro de Distribuição, optou-se por focar as análises deste estudo nas operações de

expedição apenas.

Na análise feita anteriormente, o único ponto identificado como possível falha e causa

de problemas da operação foi o endereçamento aleatório. Para afirmar se este método de

endereçamento é ou não responsável pelos atrasos se faz necessária uma análise mais

detalhada do funcionamento das operações do CD, focando no processo de expedição. Desta

maneira, busca-se compreender qual é o gargalo do processo que está causando tais atrasos e

buscar alternativas de melhoria que aumentem sua capacidade ou sua velocidade, visando a

diminuição da falta de produtos dos CDV.

5.1 Coleta e análise de dados

5.1.1 Desenho dos processos

Primeiramente, como não havia este tipo de material disponível na empresa, foi

desenhado um fluxo mais detalhado do processo de geração, emissão e carregamento do

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67 reparto, desde as análises preliminares que permitem sua geração até o momento final do

carregamento, quando o reparto é enviado à área de faturamento que apenas faz seu

lançamento final no sistema e permite que o veículo parta para sua viagem, assim que

necessário.

Este fluxo está representado na Figura 12 a seguir.

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Analistas de

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26 27 28 29 30

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Assistentes

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Figura 12 - Fluxo de geração do reparto e carregamento

Figura 12 – Fluxo de geração do reparto e carregamento

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69 Alguns pontos que não foram explicados anteriormente devem aqui ser esclarecidos:

(i) Etapa 5: no momento em que o assistente verifica se há ou não estoque

suficiente para atender o pedido completamente o seguinte ocorre:

• Caso não haja estoque – o descarregamento deste produto deve ser feito.

Para tanto, ele deve avisar (verbalmente) esta necessidade para os

controladores para que estes passem às equipes de doca o respectivo

reparto de recebimento.

Caso o descarregamento não possa ser realizado a tempo de expedir

o veículo no horário adequado: este produto é substituído. Para

efetuar esta substituição, todas as filiais já têm definidas uma

listagem de prioridade de produtos, de acordo com seu histórico de

demanda, e assim, quando há um produto a ser substituído, o

produto a ser enviado no seu lugar é o de maior prioridade na

listagem daquela filial (etapa 10).

Caso o descarregamento possa ser realizado: os controladores

avisam os assistentes que o recebimento ocorrerá e estes podem

gerar o reparto com o produto pedido.

• Caso haja estoque – o reparto é gerado normalmente.

(ii) Etapa 13: o controlador pede, via rádio, para o manobrista as carretas a serem

carregadas. Isto porque, conforme explicado anteriormente, as carretas

aguardam carregamento ou descarregamento no pátio da planta. Portanto, há

um funcionário por turno, o manobrista, responsável por trazer as carretas do

pátio para as docas e vice-versa de acordo com a necessidade do CD,

transmitida pelo controlador. O pedido da carreta é feito antes mesmo da

entrega do reparto para o responsável (etapa 14), para que a equipe possa

iniciar a operação assim que acabar a anterior, sem ter que aguardar a chegada

da carreta. Isto é possível porque há apenas 6 equipes de doca e 19 docas

disponíveis.

(iii) Etapas 18 e 21: a falta ou excesso de espaço na carreta ocorre, geralmente,

apenas quando há falhas de comunicação, como será explicado mais adiante.

Para cada caso há um método de resolução distinto, conforme mostrado no

fluxo.

• Caso ocorra falta de espaço: os produtos que não couberem são cortados,

por isso o carregamento é feito com produtos em ordem crescente de

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70

quantidade pedida (descrito na etapa 19). O conferente anota no reparto os

produtos cortados, de modo que o controlador possa informar, via e-mail,

para os analistas. Assim, os analistas atualizam as informações do sistema.

• Caso ocorra excesso de espaço (três ou mais paletes): o conferente avisa

ao responsável, que avisa aos controladores, que repassam a informação

aos analistas. Em todas as etapas a informação é transmitida verbalmente.

Desta forma, os analistas geram um reparto de complemento para ser

carregado, de acordo com a quantidade possível de embarque extra,

reportada pelo conferente. Este reparto de complemento tem prioridade de

geração sobre todos os demais.

Entendido o fluxo de atividades que completa o processo de geração e carregamento

de repartos, desenhou-se também o fluxo de atividades do processo de transferência de

produtos. Isto porque, conforme dito anteriormente, em média, 11% das operações realizadas

no CD são de recebimento, enquanto os outros 89% são de expedição. Assim sendo, cerca de

11% do volume de operação do CD é também de expedição do material recebido, de forma

que os outros 78% da operação é relativa à expedição de produtos fabricados na própria planta

fabril.

Desta forma, o processo de transferência dos produtos de fábrica movimenta quase

80% de todo volume movimentado no Centro de Distribuição e então deve ser analisado para

garantir que não é responsável por atrasos na expedição de produtos, uma vez que é um

processo necessariamente anterior a todo produto da fábrica anexa expedido.

Portanto, da mesma forma que o processo de geração de repartos e carregamento foi

analisado, desenhou-se também as etapas detalhadas do processo de transferência de produtos

da fábrica anexa, como segue.

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71

AGUARDAR CHEGADA DE PRODUTO NA

PORTA DE SAÍDA DE FÁBRICA

PRODUTOS CORRETOS NO PALETE?

PALETIZAÇÃOOK?

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DEVOLVER PALETE PARA CORREÇÃO

AJUSTAR CAIXAS GARANTINDO BOA

PALETIZAÇÃO

EFETUAR LEITURA DE CÓDIGO DE BARRAS

RETIRAR PALETE COM EMPILHADEIRA

VERIFICAR ENDEREÇOS

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Operador de empilhadeira

Monitor1'

2' 3'

4'5'

6'

7'

8'

9' 10'

11'

AGUARDAR CHEGADA DE PRODUTO NA

PORTA DE SAÍDA DE FÁBRICA

PRODUTOS CORRETOS NO PALETE?

PALETIZAÇÃOOK?

ALERTAR PESSOAL DE PRODUÇÃO E

DEVOLVER PALETE PARA CORREÇÃO

AJUSTAR CAIXAS GARANTINDO BOA

PALETIZAÇÃO

EFETUAR LEITURA DE CÓDIGO DE BARRAS

RETIRAR PALETE COM EMPILHADEIRA

VERIFICAR ENDEREÇOS

POSSÍVEIS PARA ARMAZENAGEM

TODOSENDEREÇO LOTADOS?

ARMAZENAR EM NOVO ENDEREÇO VAZIO

ARMAZENAR EM ENDEREÇO COM

ESPAÇO

N

S

N

S

Operador de empilhadeira

Monitor1'

2' 3'

4'5'

6'

7'

8'

9' 10'

11'

Figura 13 - Fluxo de transferência de produtos de fábrica

O fluxo de transferência pode ser facilmente compreendido a partir da figura acima e

das explicações anteriores.

Entendidos os dois processos, deve-se agora buscar a principal causa dos atrasos na

saída dos caminhões do CD e interceder neste ponto a fim de diminuir tais atrasos que estão

causando a falta de produtos nos CDV.

Primeiramente, vale retomar uma explicação feita anteriormente: o CD trabalha com

carregamentos com um dia de antecedência, isto é, os envios de um dia começam a ser

carregado no dia anterior. Para que os carregamentos possam começar no dia anterior, a

análise de necessidade, feita pelos analistas de Planejamento de Operações, deve ser feita

também no dia anterior. A Figura 14 abaixo ilustra o período de realização das macro-

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72

atividades necessárias para a expedição, para facilitar a compreensão. Neste exemplo

ilustrativo, onde os campos pintados de cinza simbolizam o momento de realização de cada

tarefa, espera-se que os produtos cheguem às filiais no “Dia 2”.

Manhã Tarde NoiteAnálise de necessidade/consolidação

Geração de repartosCarregamentos

Saída de veículos

ManhãDia 2

Tarde NoiteDia 1

Figura 14 - Ilustração da seqüência de atividades de expedição

Porém, identificou-se que, apesar deste escalonamento teórico de atividades, por

diversas vezes os veículos saem do CD com atraso, o que causa falta de produtos nos CDV.

Conforme explicado anteriormente, o fluxo mostrado das atividades de geração de repartos e

expedição foi desenhado somente até o momento de envio do reparto à área de faturamento

(etapa 30), pois após esta atividade seguem poucas atividades burocráticas de registro e

documentação, que não duram porém, mais de 10 minutos, segundo observações informais e

entrevistas feitas.

Desta maneira, pode-se considerar que se a saída do veículo do CD ocorreu depois do

horário programado é porque seu carregamento foi finalizado depois do horário programado

também, já que as tarefas realizadas depois da volta do reparto ao controlador (etapa 28) têm

tempos desprezíveis se comparadas com o resto do processo. Assim sendo, os atrasos de

veículos registrados ocorrem por atraso de uma das macro-atividades mostradas na ilustração

acima que antecedem a saída de veículos (análise de necessidade/consolidação de cargas,

geração de repartos ou carregamentos). Uma maneira eficiente de se minimizar estes atrasos é

aumentando a velocidade das operações, isto é, diminuindo seu lead time médio.

Para determinar portanto as velocidades de operação de cada atividade e suas

capacidades teóricas, foram feitas observações no CD acompanhando o processo e

cronometrando os tempos de realização das tarefas.

5.1.2 Cronometragem do processo completo

Todos os dados de cronometragem que serão mostrados deste ponto até o final do

trabalho foram colhidos a partir de nove visitas distintas ao CD. É importante citar que as

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73 nove visitas foram realizadas de modo a acompanharem pelo menos uma vez todos os dias da

semana, para garantir que não haveria distorção dos valores quanto ao dia da semana

analisado. Além disto, as nove visitas foram realizadas em cinco semanas diferentes, para

garantir, da mesma forma, que não haveria grandes distorções por diferenças de operação

entre as semanas e nas nove atividades colheu-se dados dos três turnos, para se evitar o

mesmo tipo de erro.

Conforme citado no inicío do trabalho, a sazonalidade existente neste tipo de negócio

é baixa e as diferenças de operação deste CD durante o ano são desprezíveis. Assim sendo,

nas três semanas em que foram feitas as visitas e medições de tempo, considerou-se que o CD

operava na sua velocidade regular. Portanto, com exceção de algum caso específico onde foi

observado que esta premissa não poderia ser tomada, considerou-se um fator de ritmo igual a

100% para todas as medições. Os casos que foram considerados exceção estão devidamente

indicados.

Para efetuar o estudo de cronometragem, porém, foram feitos agrupamentos de

algumas atividades mostradas no fluxo da Figura 12, trabalhando-se apenas com as etapas

mostradas na seguinte representação alternativa do processo de geração do reparto e

carregamento, uma vez que nem todas as atividades mostradas no fluxo anterior agregariam

valor ao estudo sendo medidas:

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74

Analistas de Plan. Op.

ANALISAR DISPONIB. DE PRODUTOS vs.

DEMANDA

CONSOLIDAR CARGAS POR CDV E LANÇAR

NO SISTEMA OS PEDIDOS DE ENVIO

ACESSAR SISTEMA E GERAR PEDIDOS POR

ORDEM DE DIA/HORÁRIO DE SAÍDA

FECHAMENTO E EMISSÃO DO REPARTO

LANÇAR REPARTO NA PLANILHA DE

CARREGAMENTOS E PEDIR CARRETA

AGUARDAR PEDIDO DE NOVO REPARTO DO

RESPONSÁVEL

XEROCAR E ENTREGAR REPARTO PARA OPERADOR E PARA CONFERENTE

EFETUAR CARREGAMENTO E

AJUSTES

ENVIAR REPARTOS PARA ÁREA DE FATURAMENTO

DEVOLVER REPARTO FINALIZADO PARA

CONTROLADOR

FINALIZAR CARREGAMENTO E LEVAR REPARTOS

PARA RESPONSÁVEL

DEVOLVER REPARTOS PARA RESPONSÁVEL E

CONFERIR CÓPIAS

A B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

Assistentes de Plan. Op.

Controladores

Responsável empresa contratada

Equipes de doca

Analistas de Plan. Op.

ANALISAR DISPONIB. DE PRODUTOS vs.

DEMANDA

CONSOLIDAR CARGAS POR CDV E LANÇAR

NO SISTEMA OS PEDIDOS DE ENVIO

ACESSAR SISTEMA E GERAR PEDIDOS POR

ORDEM DE DIA/HORÁRIO DE SAÍDA

FECHAMENTO E EMISSÃO DO REPARTO

LANÇAR REPARTO NA PLANILHA DE

CARREGAMENTOS E PEDIR CARRETA

AGUARDAR PEDIDO DE NOVO REPARTO DO

RESPONSÁVEL

XEROCAR E ENTREGAR REPARTO PARA OPERADOR E PARA CONFERENTE

EFETUAR CARREGAMENTO E

AJUSTES

ENVIAR REPARTOS PARA ÁREA DE FATURAMENTO

DEVOLVER REPARTO FINALIZADO PARA

CONTROLADOR

FINALIZAR CARREGAMENTO E LEVAR REPARTOS

PARA RESPONSÁVEL

DEVOLVER REPARTOS PARA RESPONSÁVEL E

CONFERIR CÓPIAS

A B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

Assistentes de Plan. Op.

Controladores

Responsável empresa contratada

Equipes de doca

Figura 15 - Fluxo resumido da geração de reparto e carregamento

A partir das observações e marcações de tempo efetuadas, cujos dados completos são

mostrados no Apêndice A, em minutos, chegou-se aos tempos médios por atividade, que

mostram quantos minutos são necessários para que uma pessoa ou equipe realize tal atividade

em um reparto, e seus respectivos desvios padrão.

Pode-se observar que no Apêndice A as atividades I e K possuem número maior de

observações que as demais, para que se garanta um nível de confiança de 95% e um erro

relativo de ± 10%. A fórmula utilizada para a determinação do número de observações

necessárias, tirada da obra de Barnes (1977), é mostrada abaixo.

( )2

2220'

−=

∑∑∑

XXXN

N

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75

Além disso, como a quantidade de pessoas ou equipes trabalhando em cada etapa

varia, dividiu-se as velocidades obtidas pelo equivalente a uma hora e multiplicou-se este

resultado pela quantidade de pessoas ou equipes disponíveis para a etapa. Desta forma,

chegou-se a uma unidade bastante fácil de se compreender: quantidade possível de repartos

realizados/hora em cada atividade (denominada como “velocidade média”), conforme

mostrado na Tabela 13 abaixo.

Atividade Tempo Médio(min/reparto)

Desvio padrão

Vel. Média(repartos/hora)

N' calculado

Tamanho da

amostraA - - - - -B 4:04 0:09 6 analistas 88 1 15C 0:41 0:03 6 analistas 520 2 15D 1:48 0:05 1 assitente 33 1 15E 1:19 0:06 1 controlador 45 2 15F - - - - -G 0:50 0:06 1 responsável 72 7 15H 102:14 12:07 6 equipes de doca 4 5 15I 0:28 0:05 6 equipes de doca 771 15 20J 2:10 0:06 6 equipes de doca 166 1 15K 0:20 0:04 1 responsável 180 23 25L 0:37 0:05 1 controlador 97 8 15

Qtde. de responsáveis simultâneos

-

-

Tabela 13 - Velocidades médias das atividades resumidas de geração de reparto

Com relação a esta primeira tomada de tempos, as seguintes observações são

relevantes:

(i) Atividade A: não foi cronometrado tempo porque esta atividade refere-se à

uma análise feita, para determinar o total de demanda por produto e comparar

com o total de produtos disponíveis em cada CD. Uma vez que esta atividade

avalia produtos individualmente, não é possível se determinar uma velocidade

em minutos/reparto, como as demais. Para registro, em todas as visitas feitas

ao CD esta atividade, realizada por cerca de 6 analistas, durou por volta de

120 minutos, ou 2 horas, para ser completada. Como é uma atividade essencial

e cujo tempo de execução é determinado predominantemente pela velocidade

do sistema de informações utilizado, foi considerado que seu método de

execução não pode ser alterado e seu tempo não pode ser diminuído.

(ii) Atividade F: não foi cronometrado tempo porque esta atividade não possui

velocidade própria, já que não é uma etapa de trabalho e sim de espera. O

tempo desta atividade depende unicamente das velocidades das outras

atividades, não possuindo uma velocidade própria.

(iii) Atividade H:

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76

• Gargalo: como era de se esperar, a atividade H é a que toma mais tempo

em todo o processo e tem portanto menor velocidade de repartos/hora. Isto

já era esperado, pois esta é a atividade de carregamento propriamente dito,

enquanto as demais atividades se resumem basicamente a transporte do

reparto de uma área para outra ou atividades envolvendo informações de

sistemas, cujo trabalho é bastante rápido.

• Alto desvio padrão: o desvio padrão desta atividade é significativamente

maior que os demais por dois motivos principais. Primeiramente é uma

atividade que exige esforço humano repetitivo durante longo período,

causando distorções no tempo médio.

Além disso, o desvio padrão foi muito maior porque existem dois tipos

de carretas na frota da companhia: as chamadas “lisas” e as “barrigudas”.

As lisas são as carretas que possuem somente um desnível pequeno na

parte dianteira, sobre o eixo das rodas dianteiras. Já as barrigudas são

carretas que possuem todo o piso rebaixado visando aumentar o volume

interno e conseqüentemente a capacidade de carga do veículo, e têm

portanto um desnível maior na parte dianteira e mais dois desníveis

grandes na parte traseira, sobre as rodas traseiras. As carretas barrigudas

são bastante antigas e sua aquisição foi feita porque a diferença entre seu

volume interno e das carretas lisas era significativa. Porém, como a frota

está sendo renovada, as novas carretas lisas já foram desenhadas

especialmente para este negócio, possuindo assim maior capacidade, de

modo que a diferença entre as lisas e as barrigudas, atualmente é de apenas

3 paletes. A frota atualmente é composta por cerca de 75% de carretas

lisas e 25% barrigudas.

Desta forma, como as carretas barrigudas possuem mais desníveis (na

parte traseira), que impedem que os auxiliares levem o palete até a outra

extremidade do veículo, o carregamento destas carretas é

significativamente mais demorado. Quando se coletou os dados da

amostra de tempos, procurou-se respeitar a proporção de carretas lisas e

barrigudas, para se calcular uma média mais próxima da real.

Para validar os valores medidos de tempo de duração de cada etapa, pode-se utilizar o

tempo de carregamento, que é o maior, e compará-lo com os dados conhecidos da operação.

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77

Segundo as observações feitas, um carregamento demora, em média, 102 minutos (1

hora e 42 minutos ou 1,70 horas). Considerando que a todo o momento há 6 equipes de doca

podendo efetuar carregamentos simultaneamente, pode-se chegar ao seguinte cálculo: Valor Unidade

Tempo médio de carregamento 1,70 horasEquipes de doca com trabalho simultâneo 6 equipesTempo de trabalho/turno 8 horasQtde esperada de carregamentos/turno 28,2Turnos trabalhados/dia 3 turnosQtde esperada de carregamentos/dia 84,7

Tabela 14 - Cálculo de validação da primeira cronometragem de carregamento

Como é sabido, segundo dados históricos da operação deste CD, são realizadas em

média 27 operações por turno, ou seja, cerca de 81 operações por dia. Considerando que nesta

primeira cronometragem ainda não foram consideradas as tolerâncias para o trabalho, pode-se

aceitar que o valor obtido representa a realidade atual da operação.

Desta forma, pode-se considerar que o gargalo do processo está na etapa de

carregamento propriamente dito, uma vez que é a etapa com maior tempo de duração em todo

o processo e este tempo, por si só, já limita a operação total do Centro de Distribuição. Assim

sendo, se for possível diminuir-se o tempo de duração da etapa de carregamento, estar-se-á

diminuindo diretamente o tempo total da operação, diminuindo portanto o atraso na saída dos

veículos.

Como as primeiras cronometragens mostradas acima foram realizadas sobre o fluxo

resumido mostrado na Figura 15, pode-se agora desagrupar a atividade de carregamento deste

fluxograma (etapa H), o gargalo, para entender qual ou quais das etapas que compões esta

atividade é a de menor velocidade e que deve portanto ser alterada para minimizar o tempo

total de carregamento e diminuir assim os atrasos no envio de produtos às filiais.

5.1.3 Cronometragem do carregamento

A atividade de carregamento pode ser novamente enxergada como a série de

atividades mostradas no primeiro fluxo deste processo, na Figura 12, para realizar novas

análises. Para retomar tais atividades, seguem as etapas do processo que são de

responsabilidade das equipes de doca.

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78

CHECAR COM RESPONSÁVEL A DOCA EM QUE DEVE EFETUAR

CARREGAMENTO

REPARTO FINALIZADO

?

DESPALETIZAR E EMBARCAR PRODUTO

NA CARRETA

TIRAR PRODUTO DOS RACKS E LEVAR À DOCA EM ORDEM CRESCENTE

DE QUANTIDADE

HÁ ESPAÇO SOBRANDO

NA CARRETA?CARRETA

ESTÁLOTADA?

CORTAR PRODUTOS EM EXCESSO E

INFORMA ANALISTAS

GERAR REPARTO DE COMPLEMENTO COM PRODUTOS “TIPO A”

DO CDV

REPORTAR PARA RESPONSÁVEL, PARA

REPORTAR PARA CONTROLADORES

IMPRIMIR REPARTO DE COMPLEMENTO, XEROCAR E PASSAR PARA OPERADOR E

CONFERENTE

N SS

N

N

S

FINALIZAR CARREGAMENTO E LEVAR REPARTOS

PARA RESPONSÁVEL

DEVOLVER REPARTOS PARA RESPONSÁVEL E

CONFERIR CÓPIAS

16

1718

19 20

21

22

23

24

25

26

27

Equipes de doca

CHECAR COM RESPONSÁVEL A DOCA EM QUE DEVE EFETUAR

CARREGAMENTO

REPARTO FINALIZADO

?

DESPALETIZAR E EMBARCAR PRODUTO

NA CARRETA

TIRAR PRODUTO DOS RACKS E LEVAR À DOCA EM ORDEM CRESCENTE

DE QUANTIDADE

HÁ ESPAÇO SOBRANDO

NA CARRETA?CARRETA

ESTÁLOTADA?

CORTAR PRODUTOS EM EXCESSO E

INFORMA ANALISTAS

GERAR REPARTO DE COMPLEMENTO COM PRODUTOS “TIPO A”

DO CDV

REPORTAR PARA RESPONSÁVEL, PARA

REPORTAR PARA CONTROLADORES

IMPRIMIR REPARTO DE COMPLEMENTO, XEROCAR E PASSAR PARA OPERADOR E

CONFERENTE

N SS

N

N

S

FINALIZAR CARREGAMENTO E LEVAR REPARTOS

PARA RESPONSÁVEL

DEVOLVER REPARTOS PARA RESPONSÁVEL E

CONFERIR CÓPIAS

16

1718

19 20

21

22

23

24

25

26

27

Equipes de doca

Figura 16 - Etapas do fluxo referentes às equipes de doca

Primeiramente, deve-se lembrar que as etapas 26 e 27 deste fluxo foram consideradas

separadamente do resto das etapas no fluxo resumido e referiam-se respectivamente às etapas

I e J. Desta maneira, o estudo seguinte para definição do gargalo do carregamento em si não

considerará estas atividades.

Já as demais etapas do processo, de 16 a 25, mostram que o carregamento de todos os

produtos pedidos no reparto é feito, com os produtos em ordem crescente de quantidades

pedidas, até que todos estejam carregados. Conforme dito anteriormente, há porém, duas

irregularidades que podem ocorrer durante este carregamento.

Entretanto, estas irregularidades são raras. Infelizmente não há registros históricos na

empresa que comprovem isto, mas é fácil entender porque as irregularidades não são

freqüentes.

Quando os analistas de PO consolidam as cargas de envio, para posterior geração de

repartos, estes já consideram a capacidade máxima de carga das carretas. Isto é, eles já sabem

a quantidade de caixas que podem ser embarcadas em cada um dos dois tipos de carreta

explicados anteriormente e tentam portanto aproximar o valor carregado à estas quantidades.

Desta maneira, se a necessidade da filial é significativamente menor que a capacidade

de uma carreta lisa, o analista já inclui mais paletes do produto tipo A desta filial. Se a

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79 necessidade é praticamente igual a esta capacidade, ele fecha a carga sem alterações. Se a

necessidade é ligeiramente maior, ele mesmo efetua os cortes para enquadrar a quantidade à

capacidade da carreta lisa. Já se a necessidade for significativamente maior (geralmente, mais

de um palete), ele completa o pedido com produtos tipo A para alcançar a capacidade de

carregamento de uma carreta barriguda.

O mesmo ocorre as carretas barrigudas, com exceção do excesso que é sempre

cortado.

Assim sendo, quando o reparto chega às mãos do controlador e este pede, via rádio,

que o manobrista traga uma carreta do pátio para as docas (etapa 13 da Figura 12), este já

informa que tipo de carreta é necessária para aquele reparto. Porém, como a doca em que o

manobrista deixa o baú pedido não é registrada no reparto, as equipes de doca precisam

confirmar com o responsável em qual doca devem efetuar o carregamento (etapa 16 da Figura

12). Neste ponto, se houver qualquer falha na comunicação, a equipe pode utilizar uma carreta

diferente da que deveria, causando portanto as irregularidades descritas.

Desta forma, como as irregularidades só ocorrem quando há problemas em uma

comunicação simples entre o controlador, o responsável e as equipes de doca, estas podem ser

consideradas de baixíssima ocorrência. Vale ressaltar que em nenhum dos dias em que se

visitou o CD para a realização deste estudo foram registradas falhas deste tipo incorrendo em

correções de produtos carregados.

Como neste momento se está buscando a causa principal do longo tempo de

carregamento do CD, não faz sentido considerar acontecimentos tão raros, uma vez que se

sabe que os atrasos, causados pelo longo tempo de carregamento, têm alta freqüência.

Portanto, para se determinar a causa do alto lead time de carregamento, basta se

analisar as atividades principais de carregamento que são as de número 19 e 20 do fluxo

mostrado acima.

Para efetuar tal análise, será utilizado o mesmo método de cronometragem utilizado

anteriormente. Neste caso, porém, diminuiu-se a unidade de medida, não analisando mais

tempo para término de um reparto e sim o tempo para término do trabalho repetitivo realizado

por palete, que é a menor unidade viável de análise.

Efetuar tal estudo por caixa faria sentido por ser esta a unidade menor de

carregamento, já que esta operação é feita a granel. Porém, a etapa de “despaletizar e

embarcar produto na carreta” seria de dificílimo controle. Primeiramente porque os auxiliares

não efetuam o carregamento com uma caixa por vez, mas sim empilham duas ou três caixas e

levam cada pilha com uma mão, variando a quantidade de caixas empilhadas de acordo com o

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80

momento do carregamento e com a estatura e força física de cada auxiliar. Em segundo lugar,

seria difícil fazer este estudo porque todas as medições de tempo foram feitas a partir da doca

pois a entrada de uma pessoa na carreta para marcar tempo atrapalharia totalmente a atividade

dos auxiliares, gerando valores incorretos de tempos de trabalho. Assim, como a visibilidade

de uma pessoa postada na doca é muito prejudicada pelos paletes que ficam dentro da carreta

aguardando carregamento (paletes estes colocados dentro do veículo pelo operador de

empilhadeira, conforme descrito anteriormente) e pelo próprio palete que está sendo

carregado, optou-se por efetuar as cronometragens por palete.

Assim, para a tomada de tempos desta cronometragem foram considerados como

início e final de ciclo de cada atividade os seguintes momentos: Início Fim

19

Tirar produto dos racks e levar à doca em ordem

crescente de quantidade

Momento em que a empilhadeira está na extremidade da doca, onde deixa os

paletes para os auxiliares, livre para sair e buscar mais produtos - isto é, com os garfos abaixados e totalmente fora do

último palete trazido.

Momento em que a empilhadeira, após buscar um palete de produtos e

deixá-lo no local adequado, inicia um novo ciclo.

20Despaletizar e

embarcar produtos na carreta

Momento em que um dos auxiliares encaixa a paleteira no palete para puxá-lo para dentro da carreta. Caso esta puxada não seja necessária (últimos paletes do carregamento) o início é o momento em

que o primeiro auxiliar encosta na primeira caixa do palete para embarcá-la

Momento em que um dos auxiliares larga o palete vazio do lado de fora do veículo, na área da doca,

podendo voltar para dentro do veículo para continuar o

carregamento.

Atividade

Tabela 15 – Definição dos ciclos das atividades para cronometragem

Determinados os ciclos de cada atividade, pôde-se realizar o levantamento dos dados.

Para tanto, foram observados e cronometrados diversos carregamentos até que se tivessem

dados suficientes para compreender bem as duas atividades. Além disso, mais uma vez foram

medidos carregamentos na mesma proporção da atual frota da companhia, isto é, 75% de

carretas lisas e 25% de carretas barrigudas.

Todos os tempos cronometrados, em minutos/palete carregado, estão mostrados no

Apêndice B, onde o campo “# medição” representa o número da medição feita (cada medição

equivale a um palete carregado) e os campos “Ativ. 19” e “Ativ. 20” representam

respectivamente os tempos cronometrados para a realização das atividades 19 e 20 do fluxo

para aquela medição, conforme definidas acima.

Conforme feito anteriormente, calculou-se também o número de observações

necessárias, N’. Neste caso, porém, como se gostaria de obter maior precisão dos dados, o

número de observações necessárias foi calculado de modo a se obter confiança de 95% e erro

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81 relativo de ± 5% apenas. Ainda assim, foram coletados mais dados do que o necessário, para

se ter base para efetuar uma análise mais detalhada.

Obtidos todos os tempos por cronometragem, pôde-se calcular o tempo observado

(TO) através do método da média aritmética simples, como mostrado na tabela abaixo, para

em seguida calcular os tempos normal e padrão de cada atividade.

Ativ. 19 Ativ. 20Tempo médio observado (TO), em minutos 0:53 2:29Número de observações 326 326N' calculado 55 47

Tempo médio dos 15 últimos paletes dede cada carregamento

Tempo médio de todos paletes, com exce-ção dos 15 últimos de cada carregamento

Tempo médio para carretas lisas 0:53 2:21Tempo médio para carretas barrigudas 0:51 2:50

0:53 2:41

0:52 2:08

Tabela 16 – Tempo médio Observado (TO) das atividades de carregamento

Antes de continuar os cálculos com os dados obtidos, vale observar três pontos

importantes sobre eles, alguns dos quais são justificados por informações mostradas na Tabela

16 acima:

(i) Carregamentos em carretas barrigudas: como esperado, os tempos da Ativ. 20

relativos aos dois últimos carregamentos são visualmente maiores que os dos

demais carregamentos. Isto porque estas duas colunas de dados referem-se a

carregamentos realizados em carretas barrigudas, enquanto as demais se

referem a carregamentos em carretas lisas. Como explicado anteriormente, nas

carretas barrigudas não se pode utilizar a paleteira para levar o palete até o

fundo do baú, o que aumenta o tempo por palete à medida que os auxiliares

devem se deslocar da entrada do baú até seu fundo para acomodar as caixas, e

se deslocar novamente no sentido contrário para pegar mais caixas.

(ii) Paletes finais dos carregamentos: para ambos tipos de carreta, à medida que a

carreta vai se enchendo, os tempos de ciclo da atividade 20 diminuem. Isto já

era esperado porque no fim do carregamento, no caso de carretas lisas os

auxiliares têm que efetuar um menor (ou nenhum) deslocamento do palete

com a paleteira e no caso das carretas barrigudas os auxiliares necessitam

realizar menor (ou nenhum) deslocamento para acomodar as caixas depois de

pegá-las na extremidade do veículo.

(iii) Atividade 19: esta etapa possui uma distribuição aparentemente homogênea

durante todo o carregamento e independente do tipo de carreta, uma vez que

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82

estes dois fatores não alteram a necessidade de deslocamento até o endereço

correto, retirada do produto do rack e deslocamento deste até a doca.

Destacados estes pontos, para efetuar os cálculos a seguir, utilizou-se um fator de

ritmo de 100% porque foi considerado que todos os carregamentos foram feitos com o ritmo

normal dos funcionários. É claro que durante um carregamento de cerca de 40 paletes, que

dura mais de uma hora e meia, o ritmo de trabalho dos funcionários varia no tempo, porém foi

considerado que no geral o fator de ritmo poderia ser considerado 100%.

Já como tolerância para as atividades, considerou-se tolerâncias pessoais de 5% sobre

o tempo total para ambas as atividades (tanto dos operadores quanto dos auxiliares) e mais

5%, sobre o tempo total por fadiga para os auxiliares, por efetuarem um trabalho de esforço

físico repetitivo e cansativo.

Para determinação do Tempo Normal (TN) e Tempo Padrão (TP) de cada atividade,

foram usadas as seguintes fórmulas:

−=

⋅=

%100100

TOLTNTP

FRTOTN

Desta forma, chegou-se aos seguintes valores:

Dimensão Valor Unidade Dimensão Valor UnidadeTempo médio observado (TO) 0,883 minutos Tempo médio observado (TO) 2,483 minutosFator Ritmo (FR) 100% % Fator Ritmo (FR) 100% %Tempo Normal (TN) 0,883 minutos Tempo Normal (TN) 2,483 minutosTolerância considerada 5,0 % Tolerância considerada 10,0 %Tempo Padrão (TP) 0,930 minutos Tempo Padrão (TP) 2,759 minutos

Ativ. 19 - Operadores de empilhadeira Ativ. 20 - Auxiliares

Tabela 17 - Cálculo de TP para as atividades de carregamento

Determinados os tempos padrão para as duas atividades básicas de carregamento,

pode-se observar que a Ativ. 20 (“Despaletizar e embarcar produtos na carreta”) é a que mais

demora para ser realizada, ou seja, é a que possui menor velocidade e é portanto o gargalo do

processo.

Poder-se-ia ainda imaginar que o processo de transferência de produtos da fábrica

anexa poderia influenciar de alguma forma este processo de carregamento, se mostrando um

gargalo igual ou maior, porém com estes mesmos dados de cronometragem pode-se provar

que esta teoria é incorreta.

Se a transferência interferisse diretamente no carregamento, se mostrando um gargalo

do processo, este fato seria explicitado pelo tempo de execução da Ativ. 19. Isto é, se as

equipes de transferência fossem o gargalo do processo, os operadores de empilhadeira das

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83 equipes de doca levariam um tempo maior para conseguir buscar produtos, uma vez que estes

não estariam sempre disponíveis nos racks para retirada. É importante perceber que o tempo

da atividade de transferência pode efetivamente ser maior que o necessário, porém, se estiver,

não é tão relevante quanto o tempo despendido na tarefa de despaletização e alocação dos

produtos no veículo, não devendo portanto ser foco de estudo e de mudanças neste momento.

Da mesma maneira, pode-se concluir também que a falta de critérios de

endereçamento fixo não é responsável pelo tempo atual de operação, como se havia suposto

anteriormente, uma vez que este fato também influenciaria diretamente o tempo da atividade

19, realizado pelas empilhadeiras.

Desta forma, pode-se concluir definitivamente que a atividade de despaletização e

alocação do produto no veículo é o gargalo da etapa de carregamento, e como o carregamento

é o gargalo de todo o processo de geração e emissão do reparto e carregamento de veículos,

esta atividade é o gargalo do processo maior também.

Calculado o tempo padrão para realização desta tarefa, pode-se calcular a capacidade

de expedição do CD. Para este cálculo deve-se multiplicar o tempo padrão de carregamento

de cada palete pela quantidade total de paletes embarcados. Como esta quantidade varia de

acordo com o tipo de carreta, calculou-se uma média ponderada da quantidade de paletes

embarcados, de acordo com a proporção dos tipos de carreta disponíveis na frota.

Porém, deve-se lembrar também que além das atividades de carregamento, há também

as etapas 26 e 27 do fluxo que deve ser feita antes da liberação do reparto e sem as quais a

equipe de doca não pode iniciar outro carregamento. Os tempos médios destas duas etapas

foram cronometrados na primeira etapa de cronometragem, sob os índices de atividades I e J,

cujos tempos médios são respectivamente 28 segundos e 2 minutos e 10 segundos, totalizando

2 minutos e 38 segundos, ou 2,633 minutos, extras na atividade de carregamento

Assim temos:

Valor UnidadeTP da atividade 2,7592 min/palete

Média ponderada de paletes 40,75 paletes/carregamentoTempo total de carregamento 112,44 min/carretaTempo das atividades 26 e 27 2,63 min/carretaTempo total de ativ. da equipe de doca 115,07 min/carreta

Jornada de trabalho 480 min/turnoEquipes de doca/turno 6 equipes

Total de carregamentos/turno 25 carregamentos/turno Tabela 18 - Cálculo da capacidade atual de expedição do CD

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84

Através deste cálculo conclui-se que, pelo tempo padrão calculado, a expedição

máxima do CD seria de 25 veículos por turno. Como atualmente a expedição média é de 27

veículos por turno, percebe-se que por diversas vezes os funcionários são obrigados a

trabalhar em um ritmo superior ao normal de trabalho ou as tolerâncias que deveriam lhes ser

dadas não são respeitadas.

Portanto, para conseguir diminuir o tempo de carregamento deverão ser propostas

novas alternativas de operação já que a atual não permite que o CD atenda sua demanda que,

por diversas vezes, é maior do que as 81 operações diárias disponíveis.

5.2 Alternativas de solução

Dado que o problema a ser resolvido, visando a diminuição da falta de produtos nos

Centros de Distribuição e Vendas, é o aumento da velocidade da atividade de despaletização e

embarque do produto no veículo, devem-se buscar alternativas de mudanças da operação atual

buscando tal aumento.

Para tanto foram levantadas algumas hipóteses de mudança que devem alcançar o

aumento de velocidade desejado. Estas hipóteses foram transformadas em alternativas de

solução que podem ou não se referir unicamente à atividade em questão, isto é, as alternativas

apresentadas podem também sugerir alterações estruturais do CD ou de métodos de operação

de outras etapas do processo para conseguir esta diminuição dos atrasosd de saída dos

veículos.

Seguem portanto as propostas avaliadas para melhoria da operação do CD e uma breve

descrição de cada:

I. Auxiliar extra: a primeira proposta é a de se acrescentar um auxiliar no trabalho de

embarque de produtos. Esta alternativa baseia-se no fato que durante a realização da tarefa de

despaletização e embarque do produto, cada auxiliar trabalha independentemente retirando

caixas do palete e acomodando-as no veículo. Desta forma, como não há dependência entre o

trabalho dos diversos auxiliares, pode-se acrescentar mais um às equipes, que passariam a

operar com três auxiliares nos carregamentos, aumentando a velocidade de despaletização.

II. Esteira: esta proposta baseia-se no fato que os tempos medidos de despaletização na

segunda metade da carreta (aproximadamente) são menores que no início. Ficou claro durante

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85 as observações feitas no CD que isto se deve ao constante decréscimo da movimentação

necessária do palete dentro da carreta. Em outras palavras, à medida que a carreta se enche, a

distância a ser percorrido pelo auxiliar com a paleteira é menor. Portanto, se for eliminado o

tempo despendido com a movimentação do palete com produtos até o final da carreta e o

tempo despendido para se retirar o palete vazio da carreta e colocá-lo na área da doca, pode-se

aumentar consideravelmente o tempo total de carregamento. Assim usar-se-ia uma esteira

para levar os produtos da doca à outra extremidade do veículo, ficando um auxiliar de cada

lado da esteira, um alimentando-a e outro acomodando os produtos na carreta.

III. Embarcar produto paletizado com pré-processamento: para economizar todo o

tempo de despaletização e acomodação das caixas nos veículos, poderia se embarcar os

produtos ainda paletizados. Porém, como o produto é leve e sensível e não permite

sobrepaletização, para que isto fosse feito e não fosse perdido muito espaço interno, seria

necessário que o palete fosse alterado antes de ser embarcado. Dever-se-ia então, sobre cada

palete, adicionar mais caixas de outros paletes, aumentando a altura deste até que sua altura

fosse igual à altura interna do veículo, aproveitando assim todo o volume da carreta. Daí se

embarcaria o palete com acréscimo de altura com uso de uma paleteria hidráulica simples.

IV. Antecipar atividades: ao invés de se trabalhar com um dia de antecedência no

carregamento de veículos, poder-se-ia trabalhar com dois dias de antecedência. Desta forma,

ao invés de se iniciar o carregamento na tarde anterior ao envio e terminar todos os

carregamento na madrugada do próprio dia de envio, haveria mais um dia de folga de modo

que mesmo que houvesse atraso de um turno nos carregamento programados não haveria

atrasos no envio. Uma ilustração desta idéia pode ser vista a seguir, onde o objetivo é que os

veículos cheguem às filiais na manhã do “Dia 3”. Os espaços em cinza são os momentos em

que cada atividade ocorreria primordialmente e os campos em vermelho mostram quando

poderia haver atraso causado pela demora no carregamento, pois a antecipação garantiria a

folga necessária para evitar o atraso na chegada do veículo ao CDV.

Manhã Tarde Noite Manhã Tarde NoiteAnálise de necessidade/consolidação

Geração de repartosCarregamentos

Saída de veículos

Dia 3Dia 1 Dia 2Tarde Noite Manhã

Figura 17 - Ilustração da seqüência de atividades de expedição da Proposta 4

Entendidas as idéias básicas de cada uma das alternativas propostas, pode-se avaliá-las

comparativamente para definir a melhor, que deve então ser implementada.

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86

5.3 Escolha de alternativas

Para se analisar as alternativas propostas e definir a melhor para ser implantada no

CD, estas foram avaliadas segundo quatro critérios, como seguem:

• Custo de implantação – critério quantitativo que se refere aos investimentos

diretos e indiretos necessários para pôr em prática a alternativa.

• Facilidade de implantação – critério qualitativo relativo às possíveis

dificuldades de operação do CD durante o período de implantação da proposta

como necessidade de parada da operação, restrição de acesso a áreas

específicas ou quaisquer outros empecilhos que impeçam ou restrinjam o

trabalho ou causem desconforto aos funcionários durante a operação.

• Tempo de implantação – critério quantitativo referente ao tempo necessário

para que o CD comece a operar da maneira proposta trazendo portanto os

benefícios esperados.

• Grau de melhoria do problema – critério quantitativo que se refere à

diminuição real da falta de produtos esperada a partir da implantação da

alternativa.

Todos os critérios acima descritos receberam pesos de 1 a 5 que representam a

importância relativa entre eles. Tais pesos foram definidos em conjunto pelo autor deste

trabalho e por outros funcionários da companhia, gerentes e diretores, com poder de

aprovação do projeto para implantação da melhoria, garantindo que tais importâncias estejam

também de acordo com as necessidades e a estratégia da empresa. O resultado obtido para o

peso dos critérios é mostrado na Tabela 19 abaixo. Critério Peso

Custo de implantação 4Facilidade de implantação 2Tempo de implantação 3Grau de melhoria do problema 5

Tabela 19 - Peso definido para os critérios de avaliação

Definidos os pesos respectivos dos critérios determinados, cada alternativa foi avaliada

com notas de 0 a 9 segundo todos os critérios, de modo que, para todos os critérios, quanto

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87 maior a nota melhor é a alternativa. Estas notas por sua vez também foram validadas pelas

pessoas da empresa com poder de decisão de alteração da operação do CD.

Dadas as notas, calculou-se o “Valor Total” de cada alternativa através do somatório

dos produtos entre as notas e os pesos de cada critério. Desta forma, garantiu-se que a

alternativa com maior Valor Total fosse a melhor proposta para implantação no CD.

Critério Peso6 5 8 8

24 20 32 328 7 2 3

16 14 4 67 7 8 5

21 21 24 152 7 4 4

10 35 20 20Valor Total

Alternativa

73809071

IVIIIIII

Custo de implantação 4

2

3

5Grau de melhoria do problema

Tempo de implantação

Facilidade de implantação

Tabela 20 - Avaliação de alternativas de melhoria

Desta forma, segundo o método de avaliação utilizado e validado pela empresa, a

melhor alternativa para redução do tempo de carregamento, e conseqüente diminuição da falta

de produtos nos CDV, é o uso de Esteiras.

Neste ponto, vale levantar algumas observações referentes às demais alternativas que

foram relevantes para a definição de suas notas:

• Auxiliar extra (Alternativa I): foi considerado que o grau de melhoria obtido a

partir do acréscimo de um auxiliar às equipes de doca era baixo porque

existem grandes chances deste novo auxiliar atrapalhar os demais.

Conforme mostrado no esquema ilustrativo do item 4.5.2 (Expedição)

quando o palete é puxado pelos auxiliares, com auxílio da paleteira, para ser

então despaletizado, estes deixam-no a uma distância, das caixas já

embarcadas, suficiente apenas para que eles possam se movimentar neste

espaço para ajustar algumas caixas se necessário. Desta forma, cada um dos

auxiliares fica de um lado do palete a ser embarcado e começam então a retirar

suas caixas para acomodá-las. Desta maneira, um terceiro auxiliar dentro da

carreta não conseguiria trabalhar bem, uma vez que mal conseguiria chegar

perto das caixas já embarcadas para acomodar as caixas do palete e ainda

poderia atrapalhar a atividade dos outros dois, podendo aumentar o tempo de

carregamento ao invés de diminuí-lo como esperado.

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• Esteiras (Alternativa II): dentre as alternativas propostas esta sem dúvidas é a

que requer maior investimento, uma vez que a idéia é utilizar esteiras retráteis

e motorizadas.

Entretanto, é uma alternativa de fácil implementação, que requererá

apenas um treinamento para uso do equipamento aos funcionários que terão

contato com ele.

• Embarcar produtos paletizados com pré-processamento (Alternativa III): esta

solução exigiria uma área de preparação do palete antes dele ser carregado,

para que sua altura fosse aumentada. Dadas as limitações atuais de espaço do

CD, esta preparação tomaria uma área muito grande na doca, que não pode ser

desperdiçada, uma vez que esta área é usada para manobra das empilhadeiras

e armazenagem temporária dos paletes vazios (já carregados). Assim sendo, se

esta proposta fosse implementada, haveria um sério problema de tráfego de

equipamentos e pessoas.

• Antecipar Atividades (Alternativa IV): a antecipação das atividades de

planejamento, geração de repartos e carregamento seria possível porque todas

elas somente dependem dos dados de saída do sistema que indica as

necessidades de produtos por CDV para terem início. Porém, uma vez que o

sistema recebe informações de demanda mensal de três meses, apesar da

necessidade por CDV ser calculada por dia, pode-se baixar do sistema a

necessidade de qualquer dia num horizonte de três meses. É claro que quanto

mais distante estiver o dia analisado maior será a imprecisão da informação.

Isto porque o sistema recebe diariamente os dados de venda dos CDV,

através da contagem de estoque feita em todas as filiais. Desta maneira, se a

puxada de dados e a análise forem antecipadas em um dia, esta informação

não estará contando com a venda feita pela filial naquele mesmo dia, o que

causaria divergências entre o produto enviado e a necessidade real do CDV.

Assim, apesar de conseguir eliminar totalmente os atrasos nas saídas

dos veículos, estas divergências poderiam influenciar diretamente o Potencial

de Vendas Perdidas, uma vez que não seria visível ao CD a necessidade real

do CDV no dia, o que poderia não diminuir significativamente o PVP, de

modo que o grau de melhoria não foi considerado alto.

Além disso, tanto a facilidade quanto o tempo de implementação foram

considerados ruins, uma vez que se deveria aumentar, gradualmente, a

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antecedência dos carregamentos, forçando o trabalho das equipes para

embarcarem produtos cada vez mais rápido até alcançar a antecedência

desejada.

5.4 Detalhamento da alternativa escolhida

Conforme descrito acima, a alternativa selecionada como melhor proposta para

resolução do problema e que, conseqüentemente, deve ser implementada no CD é o uso de

Esteiras para auxiliar e agilizar o carregamento.

Foi feita uma busca no mercado e optou-se por uma esteira extensível e motorizada,

com as seguintes especificações técnicas: Tipo Extensível com roletes tracionados

Material Aço galvanizadoDiâmetro dos roletes 40mmCapacidade de carga 150 kg/m linear estendido

Motor 220v 1/6 CVVelocidade 40 m/minLargura Útil 430 mm

Altura regulável 700 mm mín./1100 mm máx.Comprimentos 3,60 m mín./ 14,30 m máx.

Nº de rolos por eixo 2 roletes/eixoDistância entre eixos 40 mm / 110 mmNº de pares de rodas 11 pares

Tabela 21 - Dados e especificações técnicas da Esteira selecionada

Figura 18 - Figura ilustrativa da esteira selecionada

A implementação desta solução depende somente dos seguintes passos:

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• Aquisição de 6 (seis) unidades da esteira extensível motorizada selecionada.

• Treinamento dos funcionários que manejarão a esteira (todos os auxiliares e

conferentes).

Foi proposta a compra de seis unidades para que cada equipe de doca seja responsável

pela utilização de uma delas. Poder-se-ia colocar a preservação das esteiras sob

responsabilidade dos conferentes, assim como as empilhadeiras estão sob responsabilidade de

seus respectivos operadores, para garantir maior comprometimento destes para com o cuidado

e bom uso destes equipamentos.

A partir da aquisição dos equipamentos, cada equipe teria sua própria esteira, que seria

revezada entre os turnos. Seria dado um treinamento, oferecido pelo próprio fornecedor do

equipamento, para todos os funcionários do CD e a operação de carregamento procederia da

seguinte maneira:

(i) Preparação. Antes de iniciar o carregamento, o conferente e os dois auxiliares

levariam a esteira até a doca onde seria feita a operação e a instalariam, isto é,

travariam suas bases no final da doca, ajustariam as alturas das hastes para que

estas acompanhassem o desnível existente entre a doca e o piso das carretas e

a estenderiam até seu comprimento máximo.

(ii) Posicionamento. Terminada a instalação, um dos auxiliares iria para o fundo

da carreta, na extremidade da esteira, enquanto o outro ficaria na doca, na

outra extremidade. A posição, assim como a atividade, do conferente não se

alteraria. Ele permaneceria na doca, ao lado do auxiliar e da esteira, para

registrar os paletes trazidos pelo operador e retiraria seus códigos de barras.

(iii) Operação. O operador de empilhadeira traria os paletes com produtos e ao

invés de deixá-los no fim da carreta, como é feito atualmente, deixá-los-ia na

doca, ao lado da extremidade da esteira. Enquanto o operador buscasse um

novo palete de produtos, o auxiliar que permaneceu na doca iniciaria o

processo de despaletização, colocando as caixas na esteira. Já o auxiliar que

estaria posicionado no interior da carreta receberia as caixas trazidas pela

esteira e as acomodaria no veículo.

Durante o carregamento o auxiliar de dentro da carreta ficaria também

responsável por retrair a esteira, à medida que isto se fizesse necessário, até

que a esteira ficasse totalmente retraída. Neste momento, quando as caixas

embarcadas já ocupassem toda a frente da carreta menos os cerca de 4 metros

finais, o conferente ficaria incumbido de empurrar a esteira para o lado da

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doca, liberando o espaço para que o operador de empilhadeira começasse a

deixar os paletes no fim da carreta, como é feito atualmente. A partir deste

ponto, o auxiliar que até então ficara fora do veículo entraria nele e junto com

o outro auxiliar terminariam de efetuar o carregamento exatamente da mesma

maneira que é feita atualmente.

A descrição do item (iii) acima, Operações, pode ser mais facilmente entendida pela

figura ilustrativa abaixo que representa as posições propostas dos dois auxiliares, da esteira e

do palete trazido pela empilhadeira, fora da carreta, na área de doca.

Figura 19 - Ilustração das posições propostas para carregamento

5.5 Teste da alternativa realizado no CD

Os ganhos, em tempo, do uso deste equipamento para auxiliar o carregamento não

precisaram ser estimados. Ao entrar em contato com a empresa fornecedora do equipamento,

esta concordou em realizar um teste no CD da companhia.

Desta maneira, como o tempo para teste era limitado, só foi possível realizar o

experimento com carregamento de três veículos. Assim, escolheram-se dois carregamentos

em carretas lisas e um carregamento em carreta barriguda para se poder avaliar as diferenças

entre as duas.

Antes de se iniciar o teste, o representante da fornecedora ofereceu um breve

treinamento coletivo mostrando a todos como manipular o equipamento. Para tanto, foram

mobilizadas três equipes de doca distintas, uma vez que se decidiu efetuar os três

carregamentos com equipes diferentes para avaliar as possíveis dificuldades de adaptação dos

funcionários.

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92

Após o término do breve treinamento, foram feitos os testes e cronometrados os

tempos de execução de cada equipe para embarcar cada palete, da mesma maneira que foram

medidos os tempos da operação atual anteriormente.

Como não foi alterada a atividade do operador de empilhadeiras, se supôs que os

tempos de execução de sua atividade se manteriam iguais ou muito próximos aos tempos

cronometrados anteriormente. Desta maneira, foram cronometrados somente os tempos de

execução da tarefa dos auxiliares, podendo-se observar melhor as possíveis dificuldades e

benefícios do uso da esteira, sem desvio de atenção para a atividade da empilhadeira.

Os tempos cronometrados neste teste, em minutos/palete, são mostrados no Apêndice

C, enquanto o tempo médio das observações realizadas é mostrado abaixo, assim como o

cálculo do número mínimo de observações com confiança de 95% e erro relativo de ± 5%.

Ativ. 20Tempo médio observado (TO), em minutos 2:03Número de observações 123N' calculado 23

Tempo médio dos 15 últimos paletes dede cada carregamento

Tempo médio de todos paletes, com exce-ção dos 15 últimos de cada carregamento

Tempo médio para carretas lisas 2:03Tempo médio para carretas barrigudas 2:03

1:56

2:07

Tabela 22 - Resultado do teste de carregamento com esteira

Além da visível diminuição do tempo médio da operação, vale ressaltar alguns pontos

importantes observados durante a execução do teste e a análise dos tempos cronometrados:

(i) Resultado Final: primeiramente, deve-se destacar que o teste foi considerado

um sucesso. O tempo médio foi significativamente reduzido e o equipamento,

apesar do receio inicial dos funcionários, teve apoio deles ao final do

experimento, sendo visto como uma forma de melhoria de seu trabalho sem

trazer prejuízos como redução do quadro de funcionários.

(ii) Utilização da esteira em carretas barrigudas: um dos grandes receios quanto à

aprovação desta solução era a dúvida relativa ao bom funcionamento dela em

carretas barrigudas. Porém, no teste foi mostrado que com o uso desta esteira

o resultado é bastante positivo independente do tipo de carreta. Isto porque a

largura da esteira é ligeiramente menor que o vão existente entre os dois

desníveis da parte traseira das carretas barrigudas. Desta forma, não há

qualquer diferença prática entre a carreta lisa e a barriguda com seu uso.

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(iii) O momento de interrupção do uso da esteira: esta etapa, quando a esteira é

retirada para se voltar à maneira atual de carregamento se mostrou

ligeiramente mais complicada do que o esperado. Isto porque, graças ao

desnível existente entre a doca e o piso da carreta, o conferente não é capaz de

remover a esteira sozinho, se fazendo necessária a ajuda dos auxiliares para

tanto. Com isto, o tempo de embarque de um palete (o primeiro a ser

carregado da maneira atual) foi significativamente maior que os anteriores

(medições números 30, 71 e 114 do Apêndice C), uma vez que os três

funcionários (conferente e auxiliares) perderam tempo fazendo a remoção da

esteira. Porém, o tempo maior de um dos paletes se torna insignificante

quando comparado com os ganhos de tempo conseguidos em todos paletes

anteriores.

(iv) Atividade do operador de empilhadeira: apesar de não ter sido cronometrada,

esta claramente não foi prejudicada. Pelo contrário, a empilhadeira pareceu ter

ganhado velocidade pelo fato de não ter que deixar o palete dentro do próprio

veículo. Para se afirmar este ganho, porém, dever-se-ia medir os tempos com a

nova operação e compará-los com os tempos anteriores de ciclo desta

atividade. Tal análise não foi realizada neste estudo.

(v) Posição dos paletes vazios: um ponto de dúvida que havia antes do teste era

referente ao local e a maneira como seriam deixados os paletes vazios. Na

operação atual estes paletes eram retirados pelos próprios auxiliares quando

completavam o embarque de suas caixas e levados para a doca onde eram

empilhados ao lado da porta, para não atrapalhar a movimentação da

empilhadeira. Porém, durante o teste os próprios funcionários conseguiram

uma solução simples para este problema, uma vez que os conferentes tomaram

a iniciativa de retirar os paletes vazios e empilhá-los do outro lado da esteira,

para dar espaço para a chegada de novos paletes trazidos pelas empilhadeiras.

(vi) Final do carregamento com método atual: foi importante também verificar que

após a retirada da esteira, a atividade de carregamento não sofreu alterações,

de modo que os últimos paletes embarcados mantiveram tempos muito

semelhantes aos tempos medidos dos últimos paletes embarcados da maneira

de operação atual.

(vii) Diferenças observadas no tempo de ciclo: um detalhe que chamou a atenção

depois de medidos os tempos do teste, é que tendo somente uma pessoa para

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acomodar os produtos no veículo, o tempo de embarque de cada palete ficou

apenas ligeiramente acima dos tempos registrados para duas pessoas fazerem

o mesmo trabalho no final do carregamento (quando não há também

necessidade de movimentação do palete, havendo portanto uma situação

comparável com o uso da esteira).

Isto pareceu ocorrer principalmente porque quando um auxiliar efetua a

despaletização e coloca as caixas sobre a esteira, ele já as coloca viradas todas

no mesmo sentido, para serem levadas pela esteira de modo uniforme. Já

quando a despaletização era feita diretamente dentro do veículo, antes de

poder acomodar os produtos, os auxiliares necessitavam arrumar as caixas de

modo a empilhá-las corretamente, uma vez que a paletização destes produtos é

feita com caixas em direções diferentes para garantir a estabilidade do palete

durante as movimentações e a armazenagem. Com o uso da esteira, como o

trabalho de ajuste das posições das caixas é feito pelo auxiliar que efetua a

despaletização - e de maneira mais rápida já que não tem a preocupação de

empilhá-las -, o auxiliar que acomoda as caixas só precisa empilhar as caixas

diretamente e acomodá-las no veículo.

Feitas todas as observações sobre o teste efetuado, pode-se calcular o Tempo Padrão

esperado da atividade após a modificação sugerida. Para tanto, considerou-se um fator de

ritmo dos tempos observados igual a 90%. Esta premissa foi adotada considerando que o teste

foi realizado após um breve treinamento dado pelo funcionário da fornecedora do

equipamento e sem nenhum contato prévio dos funcionários do CD com a esteira. Porém,

com a implementação dela no trabalho cotidiano do Centro de Distribuição, com certeza a

experiência adquirida com o tempo trará aos auxiliares e conferentes maior facilidade de

manuseio do equipamento baixando ainda mais o tempo de carregamento.

Já a tolerância admitida para a atividade foi mantida a mesma considerada

anteriormente, de 10% sobre o tempo total, sendo 5% referentes a tolerâncias pessoais e 5%

por fadiga.

Com isto obtêm-se o seguinte cálculo, com o Tempo Observado (TO) igual à média

aritmética dos tempos levantados: 2 minutos e 3 segundos, ou seja, 2,05 minutos:

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Dimensão Valor UnidadeTempo médio observado (TO) 2,05 minutosFator Ritmo (FR) 90%Tempo Normal (TN) 1,845 minutosTolerância considerada 10,0 %Tempo Padrão (TP) 2,050 minutos

Ativ. 20 - Auxiliares após proposta de melhoria

Tabela 23 - Cálculo de TP para Ativ. 20 após implementação de uso de esteira

Desta forma, a partir do uso de esteiras retráteis, como as sugeridas neste trabalho,

espera-se um decréscimo do Tempo Padrão da atividade de carregamento de 2,759 minutos (2

minutos e 46 segundos) para 2,050 minutos (2 minutos e 3 segundos).

Desta forma, poder-se-ia repetir o cálculo feito anteriormente para determinação da

nova capacidade de expedição do CD, conforme segue:

Valor UnidadeTP da atividade 2,05 min/palete

Média ponderada de paletes 40,75 paletes/carregamentoTempo total de carregamento 83,54 min/carretaTempo das atividades 26 e 27 2,63 min/carretaTempo total de ativ. da equipe de doca 86,17 min/carreta

Jornada de trabalho 480 min/turnoEquipes de doca/turno 6 equipes

Total de carregamentos/turno 33 carregamentos/turno Tabela 24 - Cálculo da nova capacidade de expedição do CD

Percebe-se assim que a capacidade de expedição do CD, com a implementação da

melhoria proposta, deve aumentar de 25 para 33 carregamentos/turno, que representa um

aumento de 32% da capacidade.

5.6 Análise estatística dos dados

Conforme demonstrado anteriormente, se o carregamento for efetuado com auxílio de

esteiras espera-se diminuir o tempo padrão do ciclo de carregamento de um palete de 2,759

minutos (2 minutos e 46 segundos) para 2,050 minutos (2 minutos e 3 segundos). Entretanto,

para se afirmar que tal diminuição é significativa, deve-se primeiramente efetuar uma análise

estatística destes dados.

Para tanto, foi utilizado o recurso estatístico chamado Teste de Hipóteses. Como neste

caso os dados coletados não foram medidos com as mesmas equipes de doca efetuando os

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96

dois tipos de carregamento (com e sem esteira), estes são considerados dados não

emparelhados e com desvios padrão diferentes (devido às alterações da operação) e

desconhecidos.

Primeiramente efetuou-se um teste para avaliar se as duas amostras, operação sem

esteira e operação com esteira, podem ser aproximadas por distribuições normais. Este teste,

necessário para a continuação da validação estatística foi realizado com auxílio do software de

estatística Minitab e suas respostas são mostradas a seguir:

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97

25020015010050

99,9

99

9590

80706050403020

105

1

0,1

Operação SEM esteira

Per

cent

Mean 149,2StDev 25,75N 326AD 1,971P-Value <0,005

Probability Plot of Operação SEM esteiraNormal

18016014012010080

99,9

99

9590

80706050403020

105

1

0,1

Operação COM esteira

Per

cent

Mean 123,4StDev 14,90N 123AD 1,327P-Value <0,005

Probability Plot of Operação COM esteiraNormal

Figura 20 - Testes de adesão à curva normal das amostras de cronometragem

Como ambos os testes foram realizados ao nível de 5% de significância e os valores da

variável P (“P-Value”) para ambas as amostras é menor que 0,005, conforme destacado,

ambas podem ser aproximadas por uma curva normal.

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98

Portanto, a fim de avaliar se as médias alcançadas para o tempo de ciclo da atividade

de carregamento de produtos com e sem o uso da esteira são consideradas estatisticamente

diferentes, definiu-se as seguintes hipóteses para teste:

0,

0,

211

210

≠−

=−

xxH

xxH

Onde a amostra de índice 1 representa os dados colhidos com a operação atual de

carregamento do CD e a amostra com índice 2 representa os dados colhidos com uso da

esteira. E x representa a média da amostra.

Assim sendo, primeiramente calcula-se, para cada amostra as respectivas médias e

variâncias como mostradas a seguir. Neste caso, as variâncias das amostras 1 e 2 serão

denominadas 21s e 2

2s respectivamente e todos os valores estão representados em segundos.

07,22245,12319,66323,149

222

211

====

sxsx

Para utilizar o método de Aspin-Welch, segundo Costa Neto (1977), calcula-se

primeiramente os valores de w1 e w2, conforme mostrado a seguir, onde as constantes n1 e n2

representam os tamanhos das amostras 1 e 2, respectivamente.

805,1

034,2

2

22

2

1

21

1

==

==

ns

w

nsw

Uma vez que as duas amostras podem ser aproximadas por uma distribuição normal,

pode-se calcular o valor a ser testado, tv:

16,13959,1786,25

21

21 ==+

−=

wwxx

tv

Em seguida, calcula-se o valor v, conforme mostrado a seguir:

( )

( ) ( )

60,3762

11 2

22

1

21

221 =−

++

+

+=

nw

nw

wwv

Agora, basta comparar o valor observado na tabela de distribuição t de Student com o

calculado. Como pretende-se determinar se há ou não diferença entre as médias com

confiança de 99,5%, o valor a ser observado na tabela é o valor de tv, 0,5%, ou seja, t∞, 0,5% que é

igual a 3,291.

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99 Como o valor de tv calculado é maior que o valor de t∞, 0,5% observado, pode-se rejeitar

H0 e concluir com α = 0,5% que as médias diferem e portanto o ganho de capacidade de

expedição conseguido é representativo.

5.7 Análise econômica

Como as médias das amostras colhidas da operação com e sem uso de esteira são

estatisticamente diferentes, pode-se esperar aumento de capacidade de expedição real do CD.

A nova capacidade deve ser aproximadamente 32% superior à capacidade calculada

anteriormente. Se comparada com a expedição média atual (de 27 carretas/turno), o aumento

de capacidade é de 22,2%.

Para conseguir tal acréscimo, porém, seria necessária a aquisição de 6 (seis) esteiras

retráteis motorizadas. Entretanto, a partir da aquisição de tais esteiras, o tempo de

carregamento de veículos diminuiria, aumentando a capacidade de expedição do CD.

Analisando os dados apresentados no início deste trabalho, pode-se verificar que a

média de repartos emitidos pelo CD era maior que a média de expedições diárias registradas

em dados históricos e dos registrados para o mesmo período como mostrado a seguir.

Mês Qtde. repartos gerados

Qtde. repartos enviados com atraso

Dias trabalhados

no mês

Média de repartos

gerados/dia

Média de repartos carregados sem

atraso/diaJaneiro 2.419 279 30 80,6 71,3

Fevereiro 2.070 178 26 79,6 72,8Março 2.427 298 31 78,3 68,7Abril 2.277 172 28 81,3 75,2Maio 2.394 215 30 79,8 72,6Junho 2.329 209 29 80,3 73,1Julho 2.431 199 31 78,4 72,0

Tabela 25 - Média de repartos gerados e carregados por dia, em 2007, no CD

Com esta diminuição do tempo de carregamento e aumento da capacidade de

expedição do CD, segundo se calculou, espera-se que em cada turno possam ser realizados 33

carregamentos, ou seja, 99 carregamentos/dia.

Porém, o CD necessita efetuar diariamente 9 operações de descarregamento, em

média. As esteiras poderão também ser usadas no processo de descarregamento, porém como

não foram obtidos dados de tempo deste tipo de operação, é impossível estimar os ganhos de

velocidade que poderão ser obtidos. Assim sendo, considerou-se, de maneira bastante

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100

conservadora, que os descarregamentos permanecerão sendo realizados no mesmo tempo que

atualmente.

Na operação atual, os descarregamentos duram aproximadamente o mesmo tempo que

os carregamentos, fato comprovado pela atual capacidade do CD ser expressa em operações

por turno, e não se diferenciando carregamentos e descarregamentos. Sendo assim, pode-se

fazer uma aproximação da futura capacidade do CD da seguinte maneira: Operação Atual Operação Futura Unidade

Capacidade do CD 27 33 operações/turnoTurnos trabalhados 3 3 turnos/diaCapacidade do CD 81 99 operações/diaRelação entre operação atual e futura 1 1,22

Tabela 26 - Relação entre operação atual e futura

Determinada esta relação entre o tempo atual de operações e o tempo futuro esperado,

pode-se estimar que os 9 descarregamentos diários necessários, como permanecerão durando

o mesmo tempo que atualmente, ocuparão cerca de 11 dos carregamentos disponíveis do CD

quando este estiver operando da maneira proposta )1122,19( ≅⋅ .

Desta forma, a capacidade de expedição somente do CD espera-se que seja de 88

carretas/dia.

Portanto, pode-se perceber que a capacidade de expedição diária do CD será maior que

a média diária de geração de repartos de todos os meses analisados. Isto é, o CD terá

capacidade para atender a todos os repartos gerados sem incorrer em atrasos.

Desta forma, os atrasos poderiam ser totalmente extintos, com exceção de situações

em que ocorressem falhas ou qualquer tipo de problema durante o processo que causasse

atrasos significativos nos carregamentos.

Considerando-se extintos os atrasos, as únicas causas remanescentes de PVP seriam:

• Erros de embarque do CD

• Diferenças entre planejamento e demanda real causando divergências nos

dados de saída do sistema

Por outro lado, apesar de todos os produtos em falta no estoque do CDV no momento

em que o vendedor realiza seu pedido causarem ocorrências de Potencial de Vendas Perdidas,

diversos são substituídos por produtos semelhantes, não causando assim tanto impacto nas

vendas reais.

Além disso, mesmo quando os produtos não são substituídos por nenhum outro, o fato

de eles não estarem disponíveis em estoque não significa necessariamente que a empresa

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101 perderá vendas, uma vez que o pedido dos vendedores é uma estimativa daquilo que será

vendido por eles no dia seguinte.

Esta série de variáveis, bem como a falta de disponibilidade de informações da

empresa que ajudem a tomar premissas para restringir tais variáveis, tornam extremamente

complexa uma estimativa razoável do acréscimo efetivo das vendas conseguido a partir desta

eliminação de atrasos e conseqüente aumento da disponibilidade de produtos.

Nesta análise considerou-se que:

• Apenas 14% dos produtos com falta de estoque nos CDV não é substituído

por nenhum outro, ocasionando perdas reais de venda. Foi considerado que os

outros 86% são substituídos por produtos semelhante (em tipo e valor), não

resultando portanto em diferenças monetárias na receita bruta da companhia.

Esta premissa foi tomada com base em dados históricos da companhia,

comparando-se o total de pedidos, o total de cortes e o total de vendas da

empresa, nos doze meses de 2007.

• O indicador que representa os erros de embarque do CD aponta que, nos sete

meses de 2007 que serviram de base para toda a análise, a média de

embarques corretos (em produto e quantidade) foi de 99,1%, podendo-se

considerar os 0,9% de erros de embarque desprezíveis nesta análise de retorno

de investimento.

• Como não foi possível estimar a diminuição percentual do indicador de

Potencial de Vendas Perdidas com os dados disponíveis, optou-se por efetuar

uma análise de sensibilidade, testando diferentes diminuições para avaliar os

possíveis tempos de retorno do investimento. Para se realizar uma análise

conservadora, por sugestão da própria gerência empresa, analisaram-se quatro

cenários de diminuições: de 50%, 25%, 10% e 5% do total de vendas perdidas.

Desta forma, efetuou-se uma análise de retorno financeiro de investimento para a

aquisição das esteiras sugeridas. Porém, para realizar uma análise realista e com validade para

a empresa, multiplicou-se o custo negociado das esteiras pelo mesmo fator pelo qual se

multiplicaram os dados de PVP apresentados no primeiro capítulo, conforme segue:

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102

Custo unitário da esteira R$ 59.805Qtde. de esteiras a serem adquiridas 6Investimento total R$ 358.828

Corte médio mensal indicado pelo PVP R$ 14.556.737Percentual de produtos não substituídos 14%Média mensal de perda real de vendas R$ 2.037.943

Custos incorridos

Benefícios esperados

Tabela 27 - Custos e benefícios esperados pela implantação da proposta selecionada

A média mensal de perda real de vendas representa o valor total que a empresa deixa

de ganhar, por mês, com a venda dos produtos em falta nas filiais, uma vez que estes produtos

não são substituídos por nenhum outro.

A diminuição da falta de produtos será sentida pela empresa, financeiramente, com a

diminuição deste valor, aumentando as vendas da companhia. Por isso que o ganho financeiro

foi estimado sobre a diminuição deste valor com os percentuais acima definidos (5%, 10%,

25% e 50%), conforme segue: Percentual de vendas extras

sobre a perda real

Ganho mensal por vendas

extras5% R$ 101.897

10% R$ 203.79425% R$ 509.48650% R$ 1.018.972

Tabela 28 - Possíveis incrementos de vendas considerados

Além disso, utilizou-se como taxa de remuneração de capital o valor de 11% ao ano

(a.a.), ou seja, cerca de 0,83% a.m., valor utilizado correntemente para avaliação de

viabilidade de projetos na companhia. Assim, geraram-se os seguintes fluxos de caixa

resumidos e suas respectivas quantidades de meses para retorno integral do investimento

(quantidade de meses necessários para que o valor presente líquido do fluxo seja maior ou

igual a zero), de acordo com os quatro percentuais de diminuição definidos:

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103

% considerado

Tipo de fluxo

Mês 1 (MR$)

Mês 2 (MR$)

Mês 3 (MR$)

Mês 4 (MR$)

Mês 5 (MR$)

Meses de

retornoSaída (359) - - - -

Entrada 102 102 102 102 102Saída (359) - - - -

Entrada 204 204 204 204 204Saída (359) - - - -

Entrada 509 509 509 509 509Saída (359) - - - -

Entrada 1,019 1,019 1,019 1,019 1,019 1

1

2

4

10%

5%

50%

25%

Tabela 29 - Fluxos de caixa dos cenários analisados

Desta forma, pode-se perceber que no cenário mais pessimista possível estimado, o

retorno integral do investimento se dá no quarto mês.

Deve-se ressaltar aqui que as estimativas de 5% e 10% foram consideradas

conservadoras porque com o início da utilização das esteiras na atividade de carregamento do

CD, espera-se eliminar a causa raiz da falta de produtos nos CDV. Sendo a causa raiz

eliminada, pode-se esperar que a diminuição de ocorrência desta falta seja maior que 10%.

De qualquer maneira, a solução proposta é bastante simples e rápida de ser

implementada e traz retorno de investimento rápido e abaixo do máximo estipulado pela

empresa, de seis meses.

É claro que nesta análise, da maneira como foi conduzida, considerou-se que todos os

produtos pedidos pelos vendedores para os CDV geram vendas reais, isto é, que os

vendedores efetivamente vendem todos os produtos que pedem. Se for analisado diariamente,

esta premissa é inválida, porém em um período longo como um mês considerou-se esta

premissa válida. Desta forma, considerou-se a solução economicamente viável.

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104

6 CONCLUSÃO

Este capítulo é dedicado ao fechamento do trabalho. Para tanto, retomou-se os

principais pontos das análises realizadas nos capítulos anteriores, seguidos de uma breve

descrição dos benefícios a serem obtidos após este estudo e seus possíveis desdobramentos.

6.1 Síntese

O problema abordado neste estudo foi a alta taxa de falta de produtos nos Centros de

Distribuição e Vendas da companhia, apontada pelo indicador Potencial de Vendas Perdidas.

Este indicador, medido somente no canal de distribuição DTS, aponta todos os eventos

em que um vendedor da empresa efetuou o pedido de um dado produto e este não estava

disponível no estoque do CDV para atendê-lo.

Identificado o problema efetuou-se um estudo de busca da causa raiz, onde se concluiu

que o principal motivo para tal falta era o atraso na saída dos veículos que transferiam

produtos dos CD para os CDV.

Determinada tal causa raiz, efetuou-se uma avaliação do principal CD da companhia,

responsável pelo atendimento das filiais que juntas apresentaram cerca de 60% das

ocorrências de falta de produtos. Neste CD foi feita uma análise das condições, segundo o

método proposto por Gurgel (1996), e não se encontrou nenhuma deficiência que pudesse ser

responsável por tais atrasos. Assim, optou-se por estudar os processos realizados, focando o

processo de expedição que é a principal operação do Centro de Distribuição.

Neste estudo da expedição, desenharam-se os processos de geração de repartos e

expedição e de transferência de produtos de fábrica. Depois, foram efetuadas cronometragens

que indicassem o gargalo do processo e desta forma chegou-se à atividade de despaletização e

embarque dos produtos.

A partir daí foram geradas quatro propostas de solução que foram devidamente

avaliadas segundo critérios definidos e optou-se por alterar o método de carregamento,

passando a utilizar esteiras. Um teste prático deste método foi efetuado no CD e assim

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105 estimou-se um aumento de até 32% da capacidade de expedição atual do Centro de

Distribuição.

A última etapa, a análise econômica, mostrou que de acordo com as análises realizadas

o retorno do investimento para aquisição destas esteiras se daria em, no máximo, quatro

meses, viabilizando o projeto.

Este aumento da capacidade de expedição deve impactar diretamente a falta de

produtos dos CDV, trazendo benefícios financeiros imediatos à companhia em forma de

vendas. Além disso, um benefício secundário, mas talvez tão importante quanto o financeiro,

é a melhoria da imagem da marca uma vez que a diminuição da falta de produtos acarreta em

um melhor atendimento dos clientes da empresa, que por sua vez atenderão melhor o

consumidor final.

Até o encerramento deste trabalho, a empresa ainda não havia adquirido os

equipamentos sugeridos, de modo que os benefícios esperados ainda não haviam sido

constatados. Entretanto, a gerência responsável pela aprovação deste projeto já deu seu aval

favorável incluindo o valor necessário deste investimento nos gastos no próximo ano.

6.2 Desdobramentos

Como explicado anteriormente, este trabalho foi realizado em um único CD da

empresa. Porém, esta possui outros Centros de Distribuição com operações muito

semelhantes, de modo que a solução aqui apresentada poderia ser expandida para os demais

armazéns.

Entretanto, apesar dos processos e das atividades de todos os CD serem semelhantes, a

estrutura e os recursos disponíveis em cada um são distintos, de modo que primeiramente

seria necessário um estudo rápido para confirmação que nas outras localidades o gargalo do

processo é o mesmo que da instalação estudada.

Além disso, seria necessário reavaliar a viabilidade econômica para cada planta, uma

vez que a quantidade e representatividade das filiais abastecidas por cada um é diferente,

gerando, possivelmente, retornos de investimento distintos para cada instalação.

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106

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOURA, Reinaldo A. Manual de logística: Armazenagem e Distribuição Física, volume 2. São Paulo: IMAM, 1997. COSTA NETO, Pedro L. O. Estatística. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. ARNOLD, J. R. Tony. Administração de materiais: uma introdução. Tradução de Celso Rimoli e Lenita R. Esteves. São Paulo: Atlas, 1999. BARNES, Ralph M. Estudo de movimentos e tempos: projeto e medida do trabalho. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. GURGEL, Floriano C. A. Administração dos fluxos de materiais e de produtos. São Paulo: Altlas, 1996. MARTINS, Petrônio G.; ALT, Paulo R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2000. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão logística de cadeias de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2006. MONMA, Reinaldo Kensuke. Análise de um centro de distribuição de uma empresa do setor de alimentos. 2002. Trabalho de Formatura – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

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107 APÊNDICE A – Dados de cronometragem do processo completo

# medição A B C D E F1 - 4:03 0:40 1:42 1:11 -2 - 4:15 0:42 1:49 1:20 -3 - 3:57 0:48 1:44 1:26 -4 - 4:08 0:41 1:39 1:18 -5 - 3:55 0:42 1:43 1:28 -6 - 4:00 0:39 1:59 1:17 -7 - 3:46 0:43 1:51 1:10 -8 - 4:01 0:42 1:46 1:10 -9 - 4:12 0:36 1:54 1:19 -

10 - 4:10 0:47 1:48 1:17 -11 - 4:22 0:42 1:43 1:24 -12 - 4:18 0:36 1:51 1:25 -13 - 3:59 0:40 1:46 1:23 -14 - 4:06 0:44 1:53 1:27 -15 - 4:02 0:41 1:53 1:18 -

Média - 4:04 0:41 1:48 1:19 -Desvio-padrão - 0:09 0:03 0:05 0:06 -

Atividade

# medição G H I J K L1 0:53 121:46 0:38 1:59 0:29 0:332 0:41 95:54 0:25 2:16 0:18 0:413 0:53 94:52 0:24 2:10 0:27 0:404 0:53 122:51 0:22 2:18 0:15 0:425 0:40 93:56 0:20 1:58 0:12 0:416 0:51 93:50 0:28 2:11 0:25 0:387 1:03 91:29 0:38 2:19 0:21 0:308 0:53 96:12 0:34 2:13 0:20 0:339 0:41 119:25 0:20 2:19 0:14 0:32

10 0:53 97:32 0:32 2:13 0:20 0:3011 0:54 93:55 0:26 2:11 0:13 0:3312 0:44 99:04 0:24 2:02 0:26 0:3613 0:44 121:39 0:22 2:08 0:26 0:3614 0:50 96:28 0:26 2:10 0:17 0:4915 1:00 94:37 0:35 2:07 0:24 0:4116 - - 0:25 - 0:18 -17 - - 0:28 - 0:16 -18 - - 0:31 - 0:23 -19 - - 0:29 - 0:24 -20 - - 0:33 - 0:14 -21 - - - - 0:17 -22 - - - - 0:25 -23 - - - - 0:15 -24 - - - - 0:21 -25 - - - - 0:20 -

Média 0:50 102:14 0:28 2:10 0:20 0:37Desvio-padrão 0:06 12:07 0:05 0:06 0:04 0:05

Atividade

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108

APÊNDICE B – Dados de cronometragem do carregamento

# medição Ativ. 19 Ativ. 20 # medição Ativ. 19 Ativ. 20 # medição Ativ. 19 Ativ. 201 0:58 2:46 41 0:46 2:37 81 0:52 2:382 0:46 2:47 42 0:47 2:45 82 0:32 2:503 1:08 2:59 43 0:56 2:35 83 0:51 2:484 1:01 2:48 44 1:14 2:32 84 0:46 2:355 0:52 2:31 45 0:55 2:49 85 1:04 2:216 1:08 2:33 46 0:51 2:26 86 0:56 2:397 0:44 2:57 47 0:52 2:35 87 0:44 2:318 0:59 2:40 48 0:42 3:04 88 1:05 2:299 0:35 2:31 49 0:35 2:38 89 0:55 2:43

10 0:54 2:49 50 0:53 2:25 90 0:42 2:3211 0:59 2:31 51 0:51 2:26 91 0:55 2:4912 1:12 2:44 52 1:04 2:46 92 1:17 2:3313 0:32 2:47 53 0:59 2:30 93 1:06 2:2014 0:49 2:36 54 0:54 2:30 94 0:33 2:5015 0:53 2:43 55 0:58 2:33 95 0:54 2:3616 0:53 2:57 56 0:43 2:45 96 1:07 2:4617 0:47 2:45 57 1:07 2:48 97 0:55 2:2118 1:00 2:41 58 0:58 2:17 98 0:58 2:1619 0:50 2:26 59 0:50 2:05 99 0:46 2:1220 0:52 2:38 60 0:53 2:22 100 1:03 2:0021 1:06 1:54 61 0:35 2:28 101 1:01 2:1522 1:03 2:03 62 0:58 2:15 102 1:03 2:0923 1:08 1:56 63 1:16 2:07 103 0:59 1:5624 0:42 2:05 64 0:58 1:53 104 0:51 2:3425 0:54 2:32 65 0:44 1:55 105 0:33 2:2126 1:01 2:26 66 1:05 2:36 106 0:50 2:1127 1:02 2:27 67 0:58 1:57 107 0:56 2:1928 0:50 2:03 68 0:45 2:25 108 0:45 2:2929 0:54 2:20 69 1:03 2:00 109 0:50 2:0730 0:36 2:08 70 0:55 2:15 110 0:51 1:5731 1:03 1:54 71 0:50 2:51 111 0:42 2:2432 1:04 2:02 72 1:01 1:50 112 0:36 2:1533 0:46 2:07 73 0:53 2:24 113 1:04 2:1234 0:54 2:23 74 0:44 2:09 114 0:54 1:5935 1:00 2:09 75 0:55 2:11 115 0:55 2:0236 1:18 1:43 76 0:35 1:55 116 0:48 1:5737 0:58 1:56 77 1:09 2:16 117 1:15 2:2338 0:52 2:02 78 0:41 2:06 118 0:56 1:5639 0:41 1:42 79 1:14 1:57 119 0:42 1:5740 0:54 1:53 80 0:50 1:54 120 0:58 1:44

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# medição Ativ. 19 Ativ. 20 # medição Ativ. 19 Ativ. 20 # medição Ativ. 19 Ativ. 20121 0:36 2:54 161 0:50 2:35 201 0:53 2:46122 1:04 2:44 162 1:01 2:25 202 0:40 2:34123 0:49 2:33 163 0:53 2:40 203 0:51 2:45124 1:08 2:39 164 0:56 2:20 204 1:02 2:59125 0:50 2:32 165 0:32 2:49 205 0:36 2:38126 0:56 2:45 166 0:58 2:35 206 0:51 2:59127 0:37 2:34 167 1:10 2:52 207 1:03 2:53128 1:06 2:36 168 0:52 2:30 208 0:46 3:06129 0:49 2:37 169 1:01 2:43 209 0:52 2:48130 1:03 2:52 170 0:40 2:37 210 0:54 2:33131 0:55 2:40 171 0:33 2:21 211 1:05 2:43132 0:56 2:39 172 0:51 2:39 212 0:45 2:54133 0:51 2:47 173 0:58 2:35 213 0:52 2:37134 1:15 2:47 174 1:00 2:33 214 0:57 2:39135 0:43 2:44 175 0:49 2:37 215 1:00 2:53136 0:53 2:21 176 1:02 2:25 216 0:43 2:37137 1:01 2:35 177 0:51 2:26 217 0:55 2:44138 0:57 2:23 178 1:06 2:09 218 1:01 2:51139 0:57 2:18 179 0:57 2:18 219 0:56 2:33140 0:56 2:09 180 0:50 2:19 220 0:50 2:18141 1:09 2:23 181 0:45 2:25 221 0:47 2:00142 0:49 2:18 182 0:55 2:16 222 1:08 2:07143 0:45 2:27 183 0:36 2:13 223 0:53 2:13144 0:50 1:57 184 0:51 2:02 224 0:42 2:01145 1:03 2:15 185 1:07 2:13 225 0:54 2:11146 0:54 1:59 186 0:40 1:54 226 1:06 2:08147 0:52 1:54 187 0:40 2:02 227 1:09 2:15148 0:50 2:03 188 0:51 2:13 228 0:54 1:54149 1:07 2:00 189 1:08 1:52 229 0:31 2:00150 0:44 2:02 190 0:53 2:04 230 0:43 2:18151 0:37 1:53 191 1:08 2:07 231 0:34 2:17152 0:57 2:34 192 1:06 1:59 232 0:50 1:59153 0:54 2:09 193 0:47 1:52 233 1:05 2:06154 0:51 1:58 194 1:05 2:12 234 0:58 1:50155 1:02 2:07 195 0:55 2:13 235 0:46 2:06156 0:44 2:19 196 1:02 1:42 236 1:09 2:16157 0:52 2:04 197 0:42 2:12 237 0:57 1:56158 1:08 1:53 198 0:58 1:55 238 0:40 2:08159 0:55 1:49 199 0:46 1:40 239 0:47 1:55160 0:58 1:37 200 0:53 1:55 240 0:50 1:42

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# medição Ativ. 19 Ativ. 20 # medição Ativ. 19 Ativ. 20241 0:54 3:18 284 1:08 3:21242 0:46 3:17 285 0:50 3:19243 0:53 3:24 286 0:49 3:16244 1:07 3:21 287 0:54 3:22245 0:31 3:14 288 0:58 3:12246 1:03 3:16 289 0:42 3:21247 0:56 3:08 290 0:54 3:15248 0:54 3:17 291 0:34 3:22249 0:43 3:23 292 0:50 3:14250 1:00 3:13 293 0:52 3:02251 0:51 3:15 294 0:43 3:24252 0:58 3:16 295 0:53 3:13253 0:48 3:21 296 1:07 3:20254 0:59 2:59 297 0:35 3:17255 0:58 3:02 298 0:50 3:08256 0:47 3:07 299 0:51 3:02257 0:51 3:02 300 0:56 3:04258 0:31 3:09 301 0:42 3:06259 0:56 2:54 302 1:05 3:00260 1:07 2:52 303 0:53 2:59261 0:56 3:06 304 0:57 3:06262 0:48 3:03 305 0:42 2:56263 1:06 2:54 306 0:55 2:53264 1:11 2:55 307 0:54 2:51265 0:39 2:59 308 0:47 2:54266 0:59 2:44 309 1:09 2:50267 0:51 2:47 310 0:51 2:46268 0:48 3:05 311 0:46 2:43269 0:51 2:47 312 0:52 2:48270 0:56 2:52 313 1:09 2:41271 0:56 2:43 314 0:53 2:40272 0:44 2:31 315 0:31 2:32273 1:09 2:49 316 0:50 2:31274 0:32 2:54 317 0:49 2:29275 0:43 2:55 318 0:50 2:22276 0:57 2:20 319 0:43 2:19277 0:56 2:09 320 0:49 2:01278 0:59 1:59 321 0:48 2:07279 0:38 2:03 322 0:58 2:03280 0:40 1:54 323 0:42 1:56281 0:36 1:52 324 0:49 2:02282 0:48 1:55 325 0:33 2:06283 0:53 1:47 326 0:47 1:53

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111 APÊNDICE C – Dados de cronometragem do teste realizado

# medição Ativ. 20 # medição Ativ. 20 # medição Ativ. 201 2:11 41 2:27 81 2:162 2:26 42 2:12 82 2:233 2:25 43 2:12 83 2:184 2:13 44 2:20 84 2:005 2:28 45 2:05 85 2:236 2:17 46 2:03 86 2:187 2:22 47 2:26 87 2:038 2:13 48 2:03 88 2:159 2:09 49 2:06 89 2:1210 2:13 50 2:10 90 2:0011 2:12 51 2:06 91 2:1612 2:03 52 2:10 92 2:0013 2:19 53 2:03 93 2:1014 2:01 54 2:19 94 2:0515 2:18 55 2:06 95 2:0516 2:03 56 2:17 96 2:0817 1:57 57 1:54 97 1:5918 2:06 58 2:05 98 2:1919 2:02 59 2:00 99 2:0520 1:54 60 1:59 100 2:0721 1:54 61 2:03 101 1:5522 1:50 62 1:58 102 2:0423 2:02 63 2:03 103 2:0024 2:05 64 1:55 104 2:0025 1:52 65 1:54 105 1:5026 2:00 66 2:04 106 2:0827 1:50 67 2:04 107 2:0328 1:58 68 2:06 108 2:0729 1:54 69 1:59 109 1:5930 2:53 70 2:06 110 1:5131 2:04 71 2:58 111 2:0732 1:57 72 1:58 112 2:1433 1:48 73 1:56 113 2:0634 1:57 74 1:45 114 2:5035 1:55 75 1:57 115 2:0636 1:48 76 1:47 116 1:5037 1:58 77 1:46 117 1:4438 1:40 78 1:33 118 1:5139 1:46 79 1:33 119 1:5840 1:34 80 1:40 120 1:48

121 1:35122 1:20123 1:31