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MEMÓRIA DE REUNIÃO
Aos 27 dias do mês de
agosto do ano de dois mil e
treze, às 10h, reuniram-se
no Centro de Convenções
de Tucuruí-PA as seguintes
pessoas: 1) PAULO
RUBENS C. MARQUES
(PROCURADOR DA
REPÚBLICA); 2) FELÍCIO
PONTES (PROCURADOR
DA REPÚBLICA); 3)
MARIANA BÓGEA DE
SOUZA (SEMA ESTADUAL); 4) JOSÉ SEBASTIÃO MONTEIRO JUNIOR
(COMANDANTE DO BATALHÃO DE POLÍCIA AMBIENTAL); 5) ANDRÉ LUIS
FONSECA FONTANA (SEMA DE TUCURUÍ); 6) SANCLER FERREIRA (PREFEITO
MUNICIPAL E PRESIDENTE DA AMAT); 7) FRANCISCO CHARLES PACHECO
TEIXEIRA (PROMOTOR DE JUSTIÇA); 8) EDEVAR SOVETE (IBAMA/MARABÁ); 9)
GILVAN RIBEIRO DOS REIS (INCRA-TUCURUÍ), 10) MARCELO MATOS
BARRETO (PRESIDENTE DA SECCIONAL DA OAB EM TUCURUÍ); 11)
FLORISVAL NUNES LIMA (PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE TUCURUÍ);
12) PEDRO PAULO BARATA (CORONEL DA POLÍCIA MILITAR); 13)
WANDENKOLK GONÇALVES (DEPUTADO FEDERAL), bem como as pessoas
mencionadas nas listas de presenças anexas, totalizando algo em torno de 350
pessoas.
O início do evento ocorreu com a contextualização do tema por
parte do procurador da República Paulo Marques, que expôs aos presentes que há
grandes possibilidades do IBAMA desativar a unidade descentralizada da autarquia
94 3787-2869 - www.prpa.mpf.gov.brAvenida Lauro Sodré, nº 726, Centro, CEP: 68458-832 - Tucuruí/PA
em Tucuruí, advertindo sobre os eventuais prejuízos de tal atitude para a sociedade. Em
seguida, informou a todos a existência do Inquérito Civil Público nº
1.23.007.000006/2013-90, em trâmite na PRM de Tucuruí, no bojo do qual restou expedida
uma Recomendação direcionada à entidade, solicitando a continuidade das atividades do
IBAMA na municipalidade, bem como indicando que eventual desativação da unidade
esteja condicionada à realização de estudos técnicos que comprovem que não haverá
retrocesso na proteção ambiental da região.
Na sequência, a palavra foi franqueada aos integrantes da mesa, da
forma abaixo descrita:
REPRESENTANTE DO IBAMA – Não possui muito
conhecimento da realidade da região de Tucuruí e
adjacências, mas tentará contribuir para o debate da melhor
maneira.
PREFEITO DE TUCURUÍ: Ressaltou a importância do IBAMA
em Tucuruí, pois fechar as portas do instituto no local da
maior hidrelétrica genuinamente nacional revelaria um
verdadeiro retrocesso.
PRESIDENTE DA OAB - SECCIONAL TUCURUÍ-PA:
Enfatizou a importância do escritório do IBAMA, não somente
pela importância ambiental, mas também pelo lado social, no
qual o acesso restará completamente dificultado, e, porque
não dizer, impossibilitado. Assim, a instituição está de braços
dados com o MPF para manter o escritório do IBAMA no
município.
PROMOTOR DE JUSTIÇA: Asseverou as dificuldades
sociais da população de Tucuruí-PA, que será por demais
prejudicada acaso haja a concretização do intento do IBAMA
em fechar as portas. Finalizou, parabenizando a iniciativa do
MPF, pois o Parquet, como representante da população na
defesa dos direitos indisponíveis, faz reverberar a voz dessas
pessoas, por vezes mudas socialmente.
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BPA: Afirmou que o BPA somente fazia o acompanhamento
do IBAMA para fazer a segurança, sendo que caberia à
autarquia efetivar o auto de infração. Com o encerramento
das atividades do IBAMA, consequentemente, os autos de
infração deixarão de ser lavrados. Por fim, disse que a
educação ambiental nas escolas é instrumento de base e
fundamental para que discussões da espécie aconteçam de
forma democrática e eficiente.
PRESIDENTE DA CÂMARA: Discorda do fechamento do
IBAMA em Tucuruí. Aduz que a solução seria melhorar os
trabalhos. O encerramento das atividades da autarquia na
região caracteriza um retrocesso a todos os esforços
envidados até o momento. Solicita o embargo do intento do
IBAMA. Exemplificou o caso do matadouro, que se encontra
com uma série de problemas, e o órgão ambiental omite-se
em fiscalizar.
Por sua vez, o PROCURADOR DA
REPÚBLICA FELÍCIO PONTES manifestou-se
no sentido de que a realização da Audiência
Pública é sim um passo muito importante, mas é
somente uma das medidas para que possamos
ter uma variedade de informações, a fim de que
tenhamos base técnica e social para refutar os
argumentos em contrário apresentados.
Continuou, partindo da premissa apresentada
pelo IBAMA de que fechará suas portas em
Tucuruí porque houve a redução do
desmatamento. Entretanto, aduz que as
atribuições do IBAMA não se resumem à
fiscalização do desmatamento. Há problemas à
montante e à jusante da hidrelétrica
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genuinamente nacional. Finalizou esta etapa do debate sufragando o entendimento de que
esses são apenas alguns exemplos da necessidade de se manter as atividades do órgão
de fiscalização ambiental.
Após, houve a inscrição dos presentes para manifestar-se, desde que
fosse observado o tempo máximo de 5 (cinco) minutos, o que foi devidamente obedecido
pelos inscritos:
DANIEL GUIMARANS LIMA (UNISOL): Contextualizou
afirmando que no passado era muito difícil, trabalhou na
usina e acabou ficando em Tucuruí. Aduz que necessita, em
caráter de urgência, na cidade, de alguém os represente,
pois a burocracia impede a efetividade na resolução de seus
problemas. No seu caso particular, que é deficiente visual,
tem que pagar uma passagem de 50, 60 reais até Marabá,
para poder fazer meras solicitações de serviços, o que não
considera razoável. Há pessoas que precisam de apoio, pois
os peixes estão escassos. Nesse sentido, a licença de
muitas pessoas estão com as vencidas e não há quem as
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renove, já que o IBAMA dificulta a solução da necessidade.
Por fim, pediu respeito a si, como cidadão.
ADEMAR RIBEIRO (ASSOCIAÇÃO MANGAL): Iniciou
contando a estória própria de vida, sua e de seus
companheiros de atividade, dizendo que o bairro do Mangal
fica à margem da jusante. Antes de viverem da pesca, viviam
da extração. A construção da barragem acabou com a
população de peixes. Pede uma solução efetiva e imediata:
convocar a Eletronorte para trazer um projeto sustentável
para o ribeirinho, para que eles, os ribeirinhos, não infrinjam
a lei.
AGUINALDO MENDES OU BARROSO (PESCADOR):
Contou que já foram extintos vários tipos de peixe em virtude
da barragem. Os projetos de psicultura não saíram por parte
da Eletronorte. Relatou episódio em que o IBAMA, ao invés
de realizar uma fiscalização mais efetiva e direcionada, tinha
incinerado mais de 500 redes de pescas dos ribeirinhos.
MARCOS FURTADO NUNES (ASSOCIAÇÃO
MORADORES BEIRA RIO): Sufragou que o IBAMA, como
órgão federal, tem a obrigação de zelar pela integridade do
nosso patrimônio natural. Solicita, mais uma vez, na
qualidade de pescador, que o IBAMA não interrompa suas
atividades na municipalidade.
ALICE DE ALMEIDA RODRIGUES (ASSOCIAÇÃO DE
MULHERES DE NAZARÉ DOS PATOS – BREU BRANCO):
Relatou que a violência das águas foi tão grande depois da
UHE Tucuruí, que eles tiveram que se locomover para Breu
Branco. Fundou a Associação de Mulheres, em que pede a
ajuda das autoridades para auxiliar os ribeirinhos, já que
muitos estão até passando fome.
RAIMUNDO ALBUQUERQUE: Afirmou que a Eletronorte
não está aqui presente na Audiência Pública porque não
respeita o povo e nem a lei, demonstrando desrespeito com
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a população. Asseverou o desrespeito à lei e ao meio
ambiente, de modo que o fechamento do IBAMA interessa
somente a meia dúzia de pessoas. A Eletronorte teria
“roubado” o dinheiro dos idosos que ali estavam.
Neste momento, o mestre de cerimônias, o SERVIDOR DO MPF
PAULO RABELO, oportunizou a palavra à representante da Eletronorte, que se fazia
presente ao evento. Com a negativa da preposta em manifestar-se sobre as declarações
dos cidadãos, a Audiência Pública retomou o rumo que vinha traçando desde o início. Com
a palavra, a população.
NILTON DE SOUZA AFONSO: É a favor da continuidade
das atividades do IBAMA em Tucuruí, desde que haja a
mudança da equipe que hoje compõe a unidade, com a
renovação das pessoas periodicamente. Asseverou que dos
2600 tanques que deveriam ser instalados no lago de
Tucuruí para a sustentabilidade dos pescadores da região,
nenhum foi instalado. É a favor de um projeto para os
pescadores e ribeirinhos, desde que haja sustentabilidade.
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WELINGTON HUGES (ASSOCIAÇÃO DE MORADORES
DA LIGA ESPORTIVA): Hoje, necessitam que não só o
IBAMA funcione, mas que todos os órgãos funcionem, pois
não se sabe qual entidade fiscaliza o meio ambiente na
região, há incertezas nesse particular. Asseverou a
impunidade dos desmatadores contumazes e a punição dos
pequenos ribeirinhos.
GISELE RAMOS (SEC. MUN. MEIO AMBIENTE DE NOVO
REPARTIMENTO): Para sair da lista de desmatadores e
obter créditos, os municípios da região necessitam do
IBAMA. Logo, é uma contradição o fechamento das portas
do IBAMA. Só o município sozinho não consegue fazer
frente à devastação.
ANTÔNIO MORAES DA COSTA (SOCIEDADE CIVIL): A
retirada da vegetação ciliar acarreta o assoreamento dos
rios. O defeso se aproxima e o IBAMA quer retirar o
escritório de Tucuruí-PA. Afirma que os pescadores possuem
consciência, pois a preservação dessas espécies garante a
futura alimentação da população ribeirinha. Por fim, pede um
apelo às autoridades que se unam para reestruturar o
IBAMA, e não mera e simplesmente permitir a solução de
continuidade das atividades da autarquia na região.
A partir deste momento, a palavra voltou para os componentes da
mesa:
ANTÔNIO MORAES PEREIRA (PREFEITO DE PACAJÁ):
Parabenizou o MPF pela iniciativa em convocar a audiência
pública, o que demonstra respeito à população. Afirmou que
não possui nada contra o IBAMA. Solicita ao MPF a
fiscalização do recurso referente ao Fundo Amazônico.
DEPUTADO FEDERAL WANDENKOLK GONÇALVES:
Agradeceu a presença do MPF na região, que se configura
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uma garantia de que as ações efetivamente acontecerão na
região. SEM IBAMA, SEM LEI! E quem necessita da lei são
os mais humildes, carentes. Criticou o sistema, pois temos
que lutar para conseguir o óbvio. Basicamente todas as
questões passam pelo IBAMA, por isso a necessidade
imperativa da presença da autarquia na região. A hidrelétrica
impactará os ribeirinhos, pescadores, rios. Logo,
necessitamos minimizar os impactos decorrentes dessa
medida, consubstanciados pelo licenciamento, de atribuição
do IBAMA. Asseverou que a energia de Tucuruí é a mais
cara do Brasil, o que se configura uma contradição, em
virtude da existência da usina genuinamente nacional na
região.
EDEVAR SOVETE: Ressaltou que há a necessidade de, no
tocante a irregularidades, haver a formalização de denúncia
formal. A pesca no lago da usina hidrelétrica, sua
fiscalização, é feita de maneira supletiva pelo IBAMA, sendo
realizada pela SEMA-PARÁ com primazia. Acerca da
escassez de peixe no lago, afirmou que tal consequência é
decorrência de pesca predatória. Logo, mesmo se o Ibama
continuar na região, e se atuar 24 horas por dia no lago, o
problema persistirá. Concorda na afirmativa de que seria
produtivo o rodízio de pessoal com pessoas externas à
região, na unidade de Tucuruí, a fim de dificultar pressões
em virtude de “amizades” pessoais. *Distinguiu a
competência da Sema Estadual e Sema Municipal, no
sentido de cada uma assumir seus deveres. *Desmatamento
de madeira: compete à Sema Municipal e Estadual.
*Desmatar não é proibido, desde que licenciado.
PRESIDENTE DA OAB - SECCIONAL TUCURUÍ-PA: a
retirada do escritório regional do IBAMA só vai prejudicar o
cidadão que pretende trabalhar na legalidade. Ressaltou as
peculiaridades da região, que é uma cidade que comporta
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um lago em torno e em virtude do qual se desenvolvem
diversas atividades.
O PROCURADOR DA REPÚBLICA PAULO MARQUES afirmou ser
óbvia a impossibilidade de realizar a fiscalização em todo o lago durante 24 horas por dia.
No entanto, também é óbvia a constatação de que o atendimento a denúncias de
irregularidades é muito mais eficiente se feito diretamente por uma equipe em Tucuruí e
não por servidores de Marabá, principalmente tendo-se em vista dificuldades
administrativas, como o pagamento de diárias, e o tempo de deslocamento dos fiscais. “É
melhor termos uma equipe que possa fazer fiscalizações imediatas e ações preventivas ou
uma equipe que só possa fazer a repressão tardia às irregularidades?”, questionou.
Sobre a alegação do Ibama de que a unidade será
desativada por apresentar deficiências no alcance das
metas estabelecidas, o procurador da República informou
que foi enviado ofício à presidência do instituto com
questionamento sobre quais medidas foram adotadas para
corrigir tais deficiências. O ofício não foi satisfatoriamente
respondido pela autarquia. “O MPF considera que a
constatação da deficiência não pode ser suprida com a
drástica medida da extinção do órgão”, criticou. “O momento
é de chegada de órgãos federais na região, e não de saída”,
disse, citando a recente instalação de unidades da Justiça Federal e do MPF em Tucuruí.
A representante da Eletronorte manifestou-se acerca das palavras do
procurador da República PAULO MARQUES:
CARMEM ROCHA – ELETRONORTE: Com relação à
colocação do Dr. Paulo Marques, a Eletronorte não está se
configurando como fator preponderante de saída do
escritório regional do IBAMA de Tucuruí-PA. O Convênio
entre a Eletronorte e o IBAMA venceu em 2009, de modo
que o IBAMA não demonstrou interesse em manter-se em
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Tucuruí. Assim, afirma que a Eletronorte tentou diversas
vezes refazer o convênio, com ausência de êxito.
A palavra foi franqueada para a plateia:
ISMAEL SIQUEIRA (PRESIDENTE DA APOVO): Afirmou
que o Convênio entre a Eletronorte e o IBAMA, vencido em
2009, não seria uma favor, e sim uma obrigação, já que as
condicionantes não estão sendo obedecidas. A Eletronorte
configura o maior o acúmulo dos crimes ambientais, sendo a
principal responsável pela degradação na região. As Usinas
de Belo Monte e Jirau ocasionaram a “deserção” de 40%
dos jovens de Tucuruí-PA, em virtude da ausência de
empregos. Desafia a demonstração de ocorrência de
alguma multa em face da Eletronorte. A necessidade do
IBAMA em Tucuruí é da população, mas a vontade da
Eletronorte seria mesmo a saída da autarquia da região. Há
de se mencionar que a APOVO deixou um material gráfico
(encadernado e DVD), denunciando o PROSET (Programa
Social dos Expropriados da Primeira Etapa da UHE Tucuruí).
CLEUTON MARQUES (VEREADOR DE TUCURUÍ):
Parabenizou ao Dr. Paulo Marques a iniciativa da audiência
pública. Afirma que o IBAMA possui, sim, a possibilidade
manter o escritório regional em Tucuruí-PA. Mencionou que
a retirada do órgão, se concretizada, dificilmente poderá ser
revertida. Exemplificou com a retirada da 2ª Vara do
Trabalho de Tucuruí, o que tem prejudicado os trabalhadores
que buscam a Justiça Especializada.
DIANA TEIXEIRA (ASSOCIAÇÃO DE BAIÃO): Reafirmou
que o maior interessado em retirar o IBAMA da região é a
Eletronorte. Diz que os ribeirinhos estão carentes de peixes
inclusive para consumo próprio, havendo a necessidade de
irem pescar em Nazaré dos Patos. Os peixes não chegam a
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desovar. Mostrou um livro escrito pela Eletronorte no qual
consta que os peixes, de fato, estão em extinção. Criticou
que ocorrerá a barragem no rio sem ao menos realizarem
uma única audiência pública.
ELIAS GOMES (RESEX DE BAIÃO): Como pescador
artesanal, solicita a permanência do Ibama na região.
Ressaltou que, por reclamar atos de vandalismo na
Resex, foi ameaçado de morte. Diz que estão vivendo
atualmente na miséria, pois não há mais peixes pra pescar:
Pirapitinga, Pratiqueira e outros. Os referidos peixes foram
simplesmente extintos. Denuncia que no mês de março os
peixes estão ovados, com consentimento de que os mesmos
sejam capturados. Ocorre que, pelo fato de estarem ovados,
deveria ser decretado o defeso. Protocolou um documento
denominado Ofício nº 047/2013.
NARCISO VIEIRA (ASSOCIAÇÃO DE QUILOMBOLAS DE
BAIÃO): Acha contraditório a exterminação do escritório do
IBAMA em Tucuruí-PA, pois o momento mundial é de
proteção ao meio ambiente. A terra, na verdade, está ficando
nua, desmatada. Os ribeirinhos só aguentaram
consequências negativas em virtude das ações da
Eletronorte, de modo que a eles são negadas quaisquer
tipos de informações pormenorizadas. Requesta a
realização de uma audiência pública em Baião, pois, na
verdade, encontram-se abandonados, dizimados.
EDILSON BRAGA (EX-SECRETÁRIO MUNICIPAL DE
MEIO AMBIENTE DE TUCURUÍ): O IBAMA necessita
permanecer: é algo óbvio. Estamos discutindo o indiscutível.
Temos, aqui, uma Usina hidrelétrica que, por si só, já requer
a presença de um órgão ambiental federal para a
fiscalização. Ressaltou as demais atribuições do IBAMA
além daquela clássica de fiscalizar, que se caracteriza na
educação ambiental. Afirmou que pode inexistir interesse na
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permanência do IBAMA na região, e não falta de
necessidade. Finalizou, refletindo: exatamente no ano em
que a Justiça Federal foi instalada em Tucuruí, há o
encerramento das atividades do IBAMA na região.
ONEILTON MONTEIRO (COLÔNIA DE PESCADORES):
Perguntou: já que o IBAMA não seria responsável pela
fiscalização, por que incinerou milhares de redes de pesca
dos pescadores? Quem ressarciria os pescadores de todo
prejuízo causado? É a favor da permanência do IBAMA em
Tucuruí-PA, desde que haja a reestruturação do órgão. Não
entende os motivos pelos quais um órgão será desativado
exatamente porque atingiu seus objetivos: diminuiu a
devastação. Ora, já que o objetivo foi atingido, a autarquia
deveria continuar na região, para, também, auxiliar a Sema
Estadual e Municipal.
JENILER (ALUNO IFPA): Asseverou que o encerramento
das atividades do IBAMA em Tucuruí-PA levaria suas
atribuições para Marabá, que desconhece as peculiaridades
aqui da região. E também, não haveria garantias de que a
unidade de Marabá não seria encerrada. Ao final, ponderou
que a consequência mediata da medida seria o
distanciamento sempre maior da unidade responsável pela
fiscalização.
Em seguida, a palavra retornou aos integrantes da mesa, na pessoa do
procurador da República FELÍCIO PONTES, o qual procedeu à leitura de vários
questionamentos feitos pela forma escrita, os quais estão anexos a presente Memória de
Reunião, após o que foi franqueada a palavra aos integrantes da mesa, para finalização:
EDEVAR SOVETE: Repetiu que o encerramento das
atividades advém de decisão superior, sendo que somente
acata ordens superiores. A fiscalização ambiental de
empreendimentos licenciados pelo município e pelo Estado
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é de competência dos entes respectivos, apenas
supletivamente o IBAMA atua na espécie específica.
PROMOTOR DE JUSTIÇA DE TUCURUÍ-PA: Ressaltou
que a audiência foi chamada para discutir a saída do IBAMA
de Tucuruí, porém a sua saída é inimaginável, razão pela
qual o foco da discussão passou a girar em torno da
reestruturação da Regional do IBAMA neste município. A
Regional do IBAMA deve ser a mais estruturada do país,
bem como a sociedade não aceitará jamais o argumento da
chefia da autarquia de que a presença do Ibama na região é
desnecessária. Pode ser até que sua saída seja conveniente
para alguns interesses, mas necessária, não!
GILVAN REIS (INCRA-TUCURUÍ): Foi tentada a extinção da
Unidade Avançada do INCRA em Tucuruí, mas a própria
Administração, ao examinar as ponderações e documentos
apresentados pelos servidores à época, mudou de ideia,
reconhecendo a importância da unidade descentralizada
para a região.
CORONEL BARATA (COMANDANTE DA PM): A saída do
IBAMA de Tucuruí-PA não foi uma decisão efetivada após
estudos técnicos, e sim uma imposição, que mais se
configura como uma discriminação ao Estado do Pará.
REPRESENTANTE DA SEMA MUNICIPAL DE TUCURUÍ:
Os dois grandes problemas ambientais da região são
desmatamento e pesca. Desmatamento em Tucuruí não
existe mais, não porque deixaram de desmatar, mas sim
porque a terra, em virtude de ações pretéritas, encontra-se
praticamente nua. Desse modo, a pesca, por si, já justificaria
a presença do Ibama na região.
REPRESENTANTE DA SEMA ESTADUAL DE TUCURUÍ: A
Sema Estadual está em processo de reformulação, e prevê
a implantação de oito regionais, entre elas, Tucuruí. A saída
do IBAMA é inaceitável e enfraquece a proteção ambiental.
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PREFEITO DE TUCURUÍ-PA: Afirmou que a desativação da
unidade do Ibama em Tucuruí-PA revela unicamente uma
visão monetarista, em nada se relacionando com o
atingimento máximo das atribuições de cada entidade,
caracterizando, assim, enorme contradição.
Finalizando o evento, o procurador da República PAULO MARQUES
agradeceu a presença de todos, que, de uma maneira ou outra, certamente contribuirão
para a solução da controvérsia. Aduziu que o MPF utilizará todas as suas frentes de
trabalhos para que a decisão do IBAMA em retirar-se de Tucuruí-PA seja revista, inclusive
com o ajuizamento de ação judicial, se necessário for. Registrou que o momento é de
andar para frente, especialmente no que toca à proteção ambiental, haja vista a incidência
do princípio da proibição do retrocesso. Considerando os documentos constantes dos
autos, bem como a manifestação dos cidadãos e o pronunciamento dos órgãos e entidades
que se fizeram presentes, consignou que, no que depender da atuação do MPF, o Ibama
não sairá de Tucuruí-PA.
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Ao final, foram indicadas as providências concretas a serem adotadas:
1. Foi solicitado que as Secretarias Municipais de Meio Ambiente dos
município afetados encaminhem ao MPF uma singela comunicação se posicionando sobre
a pretendida saída do IBAMA de Tucuruí-PA;
2. Informou-se que cópia da presente Memória de Reunião serão
encaminhada à Presidência e à Superintendência do IBAMA no Pará, oportunizando seja
revista a decisão administrativa de desativar a unidade de Tucuruí-PA;
3. Na hipótese de o IBAMA não rever sua decisão de encerrar as
atividades do IBAMA na região, o MPF poderá ajuizar ação judicial, com pedido de liminar.
Em nada mais havendo a ser declarado, deu-se por encerrada a
reunião.
PAULO RUBENS CARVALHO MARQUES
Procurador da República
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