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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ESTARREJA Geologia 12ºC/D - 2009/2010 MEMÓRIA DESCRITIVA DA SAÍDA DE CAMPO (saída de campo realizada no dia 28/04/2010) Professor orientador: Rui Soares Realizado por: Raquel Ribeiro, nº23

memoria discritiva Saída de Campo de Geologia Estarreja da Raquel

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ESCOLA SECUNDÁRIA DE ESTARREJA

Geologia 12ºC/D - 2009/2010

MEMÓRIA DESCRITIVA DA SAÍDA DE CAMPO

(saída de campo realizada no dia 28/04/2010)

Professor orientador:

Rui Soares

Realizado por:

Raquel Ribeiro, nº23

INTRODUÇÃO TEÓRICA

A última unidade estudada em geologia pretendia responder à

questão - problema “Qual a história geológica da região onde

a escola se insere?”. Para isso houve aulas destinadas ao

estudo de cartas geológicas como por exemplo, como

interpretar os seus conteúdos ou como elaborar um perfil

topográfico a partir de um segmento traçado nas cartas.

Elaborou-se pequenas experiências laboratoriais, por exemplo

a recolha de micro fósseis em rochas detríticas, que serviu de base caso após a saída fosse preciso

realizar.

Nas aulas anteriores à saída de campo analisou-se a

carta geológica 13-C de Ovar, particularmente em

Estarreja. Localizou-se a escola e qual o percurso que

se iria efectuar. Não aprofundando muito, sabia-se,

por trabalhos realizados anteriormente, que na nossa

região predominavam os xistos de Aradas, depósitos

de praias antigas e aluviões actuais (do mais antigo ao

mais recente). Por isso é que a maioria dos terrenos

agrícolas se situa em zonas mais baixas onde

predominam os aluviões e os depósitos de praias antigas de baixa altitude, pois estes apresentam

grande risco de inundação.

O percurso da saída de campo já era conhecido pelos alunos logo foi mais fácil a interpretação de dados

geológicos existentes no terreno.

Conhecendo melhor um pouco a região avançou-se com a preparação da saída de campo. Esta tinha

como objectivo responder às seguintes questões – problema:

· Há vestígios na região da interacção de placas tectónicas no passado?

· Em que ambientes se formaram as unidades geológicas regionais?

· Quais são as principais unidades litológicas regionais? Como se organizam no espaço e no tempo?

· Há vestígios de fósseis em rochas regionais?

· Que impactos tem o homem na geologia da região?

Imagem 1 - Estudo de cartas geológicas

Imagem 2 - Norte de Estarreja localizado na folha 13-C de Ovar

Após se estabelecer a questões – problema, teceu-se hipóteses do que se esperava encontrar na saída:

Observar se as rochas foram deformadas; As unidades geológicas formaram-se em ambiente aquático

(marinho ou fluvial); Os xistos provêem de ambientes sedimentares e de metamorfismo; os xistos

encontram-se sob ou sobre os depósitos sedimentares; os materiais geológicos foram extraídos para a

construção e para a formação de solos para a agricultura; existência de água subterrânea que é extraída

em reservatórios (ex: poços).

Analisou-se quais os recursos disponíveis, o dia e horário foram marcados e…

…chegou o dia!

DESENVOLVIMENTO

TRABALHO DE CAMPO

A saída de campo realizou-se no dia 28 de Abril de 2010 das 8h30 até às 11h.

Reuniu-se o material necessário já seleccionado pelo professor: martelos de geólogos, máquina

fotográfica, pequenos recipientes de plástico (cerca de 11), sacos de plástico e o roteiro da saída de

campo. Cada aluno ficou responsável pelo seu roteiro e pelas anotações que lá tinha que tomar.

A primeira estação foi a escarpa de xisto do Caminho das Ribeiras (Salreu).

A escarpa de xisto pertence à formação de xistos de Aradas. Este afloramento

encontra-se dobrado sendo a sua estratificação quase vertical e a sua xistosidade,

clivagem ardosífera, vertical.

A escarpa podia ser divida em três partes, cada uma

com direcções diferentes. Segundo este pequeno

esquema a escarpa 1 tem direcção NO-SE e inclinação

90°Sul, a escarpa 2, N-S e 80°-90°O, e a escarpa 3, NE-

SO e 90°N.

Observou-se escorrência de água pela escarpa 3 contornando as outras

escarpas o que mostrou a existência de água subterrânea. A escarpa 3 tinha

um maior coberto vegetal em relação às outras, constituída essencialmente

por fetos.

Neste local o professor explicou detalhadamente cada assunto já exposto em cima dando também

referências de como seria aquele local antes de haver actividade

antrópica, o que ajudou na visualização do local e do que

possivelmente terá acontecido lá ao longo do tempo: os xistos

foram originados da deposição de sedimentos que

posteriormente foram metamorfizados e erodidos.

Nesta estação foi possível verificar que os xistos eram utilizados

essencialmente para a construção civil. Localmente, eram

utilizados para a construção de muros e paredes de casas.

Procedeu-se ao registo fotográfico da zona.

Imagem 4 - Esquema simples da primeira estação

Imagem 3 - Escarpa numerada como 3 no

gráfico

Imagem 5 - Muro feito com xisto

A segunda estação foi os depósitos sedimentares do Caminho da Lavoura (Salreu).

Estes depósitos sedimentares são depósitos de praias antigas

que se situam sobre os xistos, logo são mais recentes.

Formaram-se numa bacia de sedimentação aquática. A sua

inclinação é sub-horizontal.

É a zona de recarga do aquífero livre. O seu coberto vegetal

inclui Giestas das Vassouras, eucaliptos, carvalhos, pinheiros

e sobreiros o que permite reduzir a erosão superficial e

ajudar a infiltração de água.

Em cotas mais elevadas estes depósitos são constituídos maioritariamente por areias e conglomerados

enquanto em cotas mais baixas são constituídos maioritariamente por areias e argilas.

Nesta estação foi localizado um poço para extracção de água

subterrânea.

Estes depósitos foram explorados para fazer argamassa (argila

vermelha) que une os xistos nos muros e para o solo dos

terrenos envolventes.

Procedeu-se à recolha de fotos do local e gravação de algumas das

explicações do professor. Também se recolheu clastos (10 por

aluno) na zona mais elevada e amostras de sedimentos numa zona

mais intermédia.

Assim deu-se por terminado a saída de campo e o grupo seguiu

para a escola para guardar aquilo que recolheu para

posteriormente estudar.

Imagem 6 - Explicações do professor em relação ao local visitado

Imagem 7 - Poço

Imagem 8 - Recolha de amostras geológicas

TRABALHO NO LABORATÓRIO

Após a saída de campo procedeu-se à discussão daquilo que se

observou.

Em laboratório organizou-se três actividades laboratoriais para

estudar as amostras que foram recolhidas na saída.

A primeira actividade envolveu os clastos recolhidos por cada aluno

na segunda estação. Mediu-se o diâmetro máximo, médio e mínimo

de cada clasto e o menor raio de curvatura para calcular o

achatamento e o arredondamento. Esta actividade teve como

objectivo descobrir qual a origem daqueles clastos combinando o

achatamento médio e o arredondamento médio.

Nas medições feitas concluiu-se que os clastos tiveram origem

marinha.

A segunda actividade laboratorial teve como objectivo saber a composição dos sedimentos recolhidos

também na estação 2. As amostras foram crivadas e depois pesadas consoante o crivo a que

pertenciam. No final fez-se uma visão geral da sua constituição.

GRUPOS CRIVOS (mm) MASSAS (g) %

G1 2 36,545 7,07

1 298,234 57,76

G2 0,6 157,988 30,57

0,3 23,619 4,57

G3 0,125 0,456 0,09

0.075 0,019 0,003

BALASTROS – 7% AREIAS – 93%

Por fim, a terceira actividade laboratorial foi elaborada para saber se os

depósitos Q2a continham micro fósseis ou não. Esta experiência já tinha sido

anteriormente realizada antes da saída de campo por isso foi mais fácil

torná-la a fazer: colocou-se o sedimento numa panela com sal até à ebulição

para extrair as argilas; lavou-se o depósito e este foi secado na estufa.

Crivou-se e analisou-se o conteúdo das fracções granulométricas à lupa. Os

resultados indicaram a inexistência de fósseis. Alguns minerais foram

identificados tais como mica branca e quartzo.

Imagem 9 - Medição dos clastos

Imagem 10 - Observação dos sedimentos à lupa

CONCLUSÕES

Após a saída de campo e as actividades laboratoriais resultantes pode-se concluir:

· As principais unidades litológicas regionais são os Xistos de Aradas, os depósitos de praias antigas e os

aluviões actuais;

· Os Xistos de Aradas encontram-se sob os depósitos de praias antigas;

· Os xistos encontram-se deformados;

· Os xistos formaram-se por deposição de sedimentos (ambiente sedimentar) e posteriormente foram

metamorfizados;

· Os depósitos de praias antigas tiveram origem numa bacia de sedimentação marinha;

· Os xistos foram utilizados para a construção de muros e casas e os depósitos de praias antigas eram

explorados para fazer argamassa que unia os xistos;

· Existe circulação de água subterrânea que é explorada pelo Homem;

· Não há vestígios fósseis nos depósitos Q2a;

· Não há vestígios de interacções de placas tectónicas na região.

COMENTÁRIOS FINAIS

Sinto que esta última unidade estudada foi muito útil para o meu futuro.

Achei-a interessante e gostei de poder visualizar acontecimentos passados na região com base em

pequenas observações geológicas.

A saída de campo ajudou a consolidar toda a matéria dada até à altura e permitiu-me ter outra visão

daquilo que me rodeia.

Apesar de ainda ter algumas dúvidas penso que o importante sobre cartografia geológica está

aprendido.