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RENATA PAES | CARUARU, DEZ 2017 MEMÓRIA GRÁFICA DA ARQUI_ TETURA DE OLINDA

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Renata Paes | caRuaRu, dez 2017

MEMÓRIAGRÁFICAda aRQuI_tetuRade OLINDA

MEMÓRIAGRÁFICA da aRQuI_tetuRade OLINDA

MEMÓRIAGRÁFICA da aRQuI_tetuRade OLINDA

Renata Paes | caRuaRu, dez 2017

Projeto apresentado como pré-requisito parcial

para a conclusão do Curso de Design, da Universidade

Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do

Agreste, orientada pela Profa. Paula Valadares.

esse catálogo é dedicado a antenor e nazaré,

por terem me contagiado com o olhar sensível da

preservação desde pequena.

agradeço imensamente a amélia, por ter sido

meu alicerce nesse caminho. a Bruna pelo apoio

total e absoluto, a Pedro e diana pelo apoio

carinhoso de sempre, a Gil e clara pelas revisões

incansáveis noite a dentro, a Lorena pela visão

afetuosa de socióloga, a Gabriel pelo carinho e

afago, a thiago pelo olhar carinhoso, a Lorena

Gallery pela ajuda apesar da distância e a Paula

Valadares, por ter encararado esse desafio

pessoal comigo e me encorajado sempre.

AGRADE_CIMENTOS

apresentação

mapa

mapeamento afetivos

gradil

cobogó

azulejo

ladrilhos hidráulico

vetores

índice de figuras

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10

11

13

30

48

60

72

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SUMÁRIO

10

este catálogo é resultado de um trabalho de

conclusão do curso de design da universidade

Federal de Pernambuco, no centro acadêmico

do agreste, sobre a memória gráfica da

arquitetura de Olinda. ao longo da pesquisa,

reconhecemos quatro elementos gráficos mais

representativos desse universo, que se tornaram

o foco de nosso estudo, sendo eles: cobogós,

ladrilhos hidráulicos, azulejos e gradis. Para

isso, realizamos dois mapeamentos afetivos

percorrendo 15 ruas da cidade e registramos

233 fotografias.

Os caminhos foram traçados a partir da

sensibilidade, de memórias de infância e da

vivencia diária da pesquisadora como moradora

da cidade. esses trajetos foram inspirados na

cartografia afetiva – processo proposto por

Gilles deleuze e Félix Guattari (1995) onde os

pesquisadores fazem parte dos movimentos

que analisam e passam a cartografar relações

enquanto se relacionam com elas, construindo

o conhecimento através dos encontros onde o

sujeito e o objeto de pesquisa são extremamente

relacionais.

Para compor este catálogo, evidenciamos 52

fotografias representativas dos 4 grupos de

artefatos estudados. são elementos da arquitetura

trazidos aqui para o âmbito da discussão sobre

design. como resultado, ao final de nosso projeto

escolhemos alguns deles que foram vetorizados

e disponibilizados para uso público.

Os elementos gráficos encontrados na

arquitetura, fazem parte do cotidiano de seus

moradores e da memória gráfica da cidade. são

também símbolos que contam aos visitantes um

panorama de sua história. a memória gráfica é

um campo de pesquisa recente no Brasil e surgiu

APRESEN_TAÇÃO

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com o intuito de resgatar, valorizar e preservar os

objetos gráficos encontrados no cotidiano das

pessoas. Os autores que se dedicam a estudar

esse tema se debruçam sobre objetos que vão

de impressos, imagens que compõem a

paisagem urbana, até as relações de afeto que as

pessoas desenvolvem com esses objetos, através

de sua memória afetiva.

O sítio Histórico de Olinda é tombado e

reconhecido como Patrimônio cultural

da Humanidade pela unesco desde 1982.

apesar disso, passa por um processo de

descaracterização alarmante, em parte pelo

descaso político e de seu plano de preservação

e fiscalização ineficientes, como também

pelas construções/reformas clandestinas.

Isso contribuiu, nos últimos anos, para

o desaparecimento de alguns elementos

decorativos e construtivos da arquitetura que

fazem parte do nosso patrimônio cultural.

consideramos, afinal, que, ao revelar e catalogar

os elementos da memória gráfica de Olinda,

ressaltando a sua importância na construção

imagética da cidade, podemos ajudar a

protegê-los. O resultado desse levantamento

pode contribuir para intensificar a cultura de

preservação da cidade e, de posse dessas

informações, seus moradores podem tornar-se

guardiões da riqueza desses elementos e de sua

própria história.

com esse trabalho, pretendemos contribuir

para a divulgação, sensibilização da população

principalmente para a preservação da memória

gráfica da arquitetura de Olinda. acreditamos

que a perspectiva do design nesse estudo aponta

importantes valores dos elementos decorativos

da arquitetura, estabelecendo dessa forma uma

maior relação entre os dois campos.

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igreja do bonfim

pousada dos

quatro cantos

mercado da ribeira

igrejada sé

academia santagertrudes

caixa d’aguade olinda

seminárionossa senhoradas graças

biblioteca municipal

igrejado carmo

sítio deseu reis

colégio de são bento

prefeitura municipalde olinda

mosteiro desão bendode olinda

câmara municipal de olinda

cine duarte coelho

clube atlântico

cineolinda

praça do carmo

capela daboa hora

igrejadoamparo

percurso dos mapeamentosafetivos

rua do bonfim

rua prudente de moraes

rua

do

am

par

o

rua 7 de setembro

lade

ira d

a sé

rua do bonfim

lade

ira d

a sé

rua da bertioga

avenida liberdade

rua d

e são

be

nto

rua 13 de maio

rua

13 d

e m

aio

rua da boa hora

rua

coro

ne

l jo

aqu

i cav

alca

nti

rua da bica dos quatro cantos

rua do amparo

rua saldanha marinho rua bispo coutinho

rua bispo coutinho rua bispo coutinho

rua

de

são

fra

nci

sco

rua 10 de novembro

av. joaq

uim

nab

uco

rua

he

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qu

e d

ias

rua

henr

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dia

s

rua 15 de novembro

rua co

ron

el joaq

ui cavalcan

ti

rua

coro

nel joão

lapa

avenid

a sigism

undo gonçalve

s

rua b

ernard

o vieira d

e melo

lade

ira

da m

iser

icó

rdia

rua 27 d

e janeiro

13

Fizemos uso da cartografia afetiva como

direcionante nos caminhos percorridos ao longo

dessa pesquisa. esses trajetos foram refeitos e

observados com minúcia e atenção, para poder

estabelecer um panorama da memória gráfica

das construções arquitetônicas da cidade e

coletar os dados dessa pesquisa. utilizamos a

vivência e memória da autora como ponto de

partida, mas também o percurso que é usual

entre os turistas, combinando o olhar afetivo de

moradora ao olhar primeiro de um visitante.

“Saí da rua onde morava, e onde funciona a sede da

Agremiação Carnavalesca Pitombeira dos Quatro

Cantos, meu bloco de carnaval do coração e onde

moram o casal de amigos com quem trabalho, Bruna

e Rodrigo, na rua 27 de Janeiro. Segui para a Rua

do Bonfim, onde moravam duas grandes amigas,

Maíra e Camila. Desci para a Ladeira da Misericórdia,

primeira rua onde morei na cidade, em 2011. Subi

pela rua onde moro recentemente, e onde funciona

na esquina o Bar de Peneira, local muito conhecido

pelos boêmios da cidade. Depois, pelas ruas Bernardo

Vieira de Melo e São Bento, passando pela frente da

prefeitura da cidade, onde trabalha minha mãe Nazaré

e trabalhou meu pai, Antenor (...)” trecho de diário

da pesquisadora.

MAPEA_ MENTOSafetivos

1514

GRadIL

a fisionomia dos gradis olindenses é originária

do século XVII, do ideal artístico barroco. Por

isso, suas formas, curvilíneas, têm a aparência de

mobilidade, de circuito contínuo. sua feitura em

Olinda, no entanto, é produto da circunstância.

Por demandas de saúde pública, d. João VI

ordenou a substituição das treliças de madeira,

únicas, até então, que recebiam a permissão de

serem produzidas na colônia.

daí em diante, as fundições brasileiras iniciaram

a produção dessas peças de duas maneiras

distintas: com ferro fundido ou com ferro

forjado. Os gradis cumprem dupla função, ornar

e proteger as casas. defendidas por sua beleza,

abrem, generosamente, passagem ao vento.

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3332

cOBOGÓ

cO-imbra, BO-eckmann, GÓ-es: coBoGó.

acrônimo tipicamente brasileiro: porque nascido

da miscigenação entre os nomes de seus três

criadores; porque nascido da aclimatação

arquitetônica; porque arquitetura solar. É uma

solução múltipla. traz luminosidade, ventilação,

é anteparo ao sol, divide ambientes. sua

concepção foi inspirada no elemento muxarabi,

de origem árabe.

Primeiro fabricado em concreto, sua popularidade

fê-lo ser adaptado a outros materiais: louça,

barro, cerâmica. sua primeira utilização é

legitimamente olindense. Foi implantado, pelo

arquiteto Luís nunes, no projeto modernista da

caixa d’água de Olinda, no alto da sé, antecipando

o vasto uso do elemento em construções

modernistas de todo o país.

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5150

AZULEJO

trazidos ao Brasil nos séculos XVII e XVIII, os

azulejos coloniais eram embarcados como

lastro, isto é, sustentavam, com seu peso, as

embarcações. Quando aqui chegavam, eram

tornados elementos de decoração das fachadas

do casario, assim como ajudavam a mitigar a

ação do clima dos trópicos. saíam, portanto,

do peso à leveza.

Os azulejos compõem parte significativa do

padrão visual de Olinda, pois estão à mostra

tanto nas fachadas das casas quanto no interior

das igrejas. têm a finalidade mundana da

amplidão. têm a dignidade sagrada do claustro.

em sua utilização, predominam o azul e o

branco, e, em menor grau, o amarelo. de suas

poucas cores, pode-se, no entanto, criar variadas

combinações geométricas.

52 53

54 55

56 57

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6362

LADRILHO HIDRÁU_ LICO

O ladrilho hidráulico chegou o Brasil no século

XIX como substitutivo à pedra do mármore.

Geralmente, é encontrado no piso das casas do

sítio Histórico de Olinda. sua feitura é resultado

de uma combinação de materiais naturais, como

areia, pó de pedra e água. É considerado como

uma alternativa de baixo impacto ambiental, e,

por isso, é uma construção acessível.

Quando surgiu, entretanto, o ladrilho hidráulico

podia ser visto tanto nas casas populares como

também naquelas pertencentes às camadas

sociais mais abastadas, diferenciando-se, o preço,

pela complexidade de seus padrões. O processo

produtivo do ladrilho hidráulico tem a vocação do

artesanato: não requer o fogo, mas o descanso da

secagem e a espera da cura na água.

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VETORESGRADES

AZULEJOS

COBOGÓS

LADRILHOS HIDRÁULICOS

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ÍNDICE

página 13 Rua do Amparo, no 106.

página 17Rua 15 de novembro, no 163.

página 22Rua 15 de novembro, sem némero.

página 14Rua 15 de novembro, no 371.

página 18Rua 15 de novembro, no 126.

página 23Rua 15 de novembro, sem número.

página 19Rua 15 de novembro, no 113.

página 15Rua 13 de maio, no 25.

página 26Rua 15 de novembro, no 125.

página 16Rua 15 de novembro, no 225.

página 20 e 21Rua 15 de novembro, sem número.

página 24Rua de São Bento, no 317.

página 27Rua 27 de janeiro, no 101.

página 28 e 29Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, no 79.

página 25Rua Bernardo Vieira de Melo, no 34.

página 31Rua 13 de maio, no 193.

página 32Rua 13 de maio, no 193.

página 35Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, no 393.

página 36Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, no 254.

página 37Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, no 275.

página 32Rua 15 de novembro, sem número.

página 34Rua 15 de novembro, no 126.

página 38 e 39Rua Coronel Joaquim Cavalcanti, no 275.

página 40 e 41Av. Liberdade, no 76.

página 42Av. Liberdade, no 5.

página 49Praça João Lapa.

página 52Rua de São Bento, no 301.

página 50Rua 15 de novembro, sem número.

página 43Av. Liberdade, no 5.

página 44 e 45Rua de São Francisco, sem número.

página 46 e 47Caixa D’agua de Olinda, Alto da Sé.

página 51Av. Liberdade, no 76.

78 79

página 53Rua prudente de Moraes, no 405.

página 56Rua do Amparo, no 83.

página 53Rua prudente de Moraes, no 405.

página 53Rua 15 de novembro,sem número.

página 62Rua 13 de maio, no 208.

página 66Ladeira da Misericórdia.

página 65Rua do Amparo, no 212.

página 58 e 59Rua Bernardo Vieira de Melo,no 127.

página 63Rua de São Bento, no 153.

página 64Rua Henrique Dias, no 160.

página 61Rua 27 de janeiro, no 65.

página 57Rua de São Bento, no 309.

página 54 e 55Rua prudente de Moraes, no 312.

página 53Rua prudente de Moraes, no 312.

página 65Rua 27 de janeiro, no 132.

página 64Rua 27 de janeiro, no 65.

página 67Ladeira da Misericórdia.

página 68Rua de São Bento, no 153.

página 69Rua de São Bento, no 153.

página 70 e 71Rua 27 de janeiro, no 65.

80

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ORGANIZAÇÃO, PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO & CAPÍTULOS: Renata Paes

REVISÃO DE TEXTO: Gilberto Neto

FOTOGRAFIA: Thiago Duarte

Paes, Renata.

Memória Gráfica da Arquitetura de Olinda

Total de folhas: 80

Orientador: Paula Valadares

Monografia - Universidade Federal de Pernambuco

- Campus Acadêmico do Agreste

1. Memória gráfica 2. Memória afetiva 3. Olinda

este catálogo foi composto em Museo sans. O miolo foi impresso em papel couchê fosco 150g/m2 e a capa em cartão duodesign 300g/m2 pela Gráfica e editora MXM.